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ISSN - 2317-1871 | VOL 01 – 1º Semestre – JAN – JUN 2012
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O MAL-ESTAR DOCENTE ENTRE OS PROFESSORES DAS ESCOLAS ESTADUAIS
DE NOVA ANDRADINA - MS: UM DESAFIO À DEMOCRACIA NA ESCOLA.
Alaíde Pereira Japecanga Aredes1
UEMS -Nova Andradina
Ednalva Regina Oliveira Alves2
UEMS - Nova Andradina
Resumo
Este artigo traz resultados de uma pesquisa realizada durante os anos de 2006 e 2007 nas escolas públicas
estaduais do município de Nova Andradina – MS e teve o objetivo de mostrar as causas do mal-estar
docente. Ao que parece esse mal pode ter se transformado na Síndrome de Burnout. Nesta pesquisa
procurou-se verificar os aspectos básicos das causas e conseqüências do mal-estar e conseqüentemente do
Burnout presente nos professores, através de aprofundamento teórico e pesquisa de campo. Percebemos
que a situação é mais grave do que parece. Professores cada vez mais jovens queixam-se dos sintomas
relacionados à síndrome acima citada. Notou-se também que há uma baixa estima por parte dos
professores, que por sua vez reclamam da desvalorização por parte da sociedade com a profissão-professor
e da indisciplina escolar que atrapalha cada vez mais o trabalho docente. Um outro objetivo que
perseguimos foi apontar que se as relações de trabalho fossem baseadas na democracia, talvez esse
problema amenizasse. Afirmamos, portanto, que nas escolas públicas pesquisadas não há qualquer indício
de democracia e isso é um componente a ser analisado, tendo em vista que o Sistema sul-matogrossesense
adota a eleição direta para gestores escolares.
Palavras-chave: Síndrome do Burnout, mal-estar docente, democracia, escola pública.
1
Professora Adjunta da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS, CEP 79750-000, Nova Andradina,
Mato Grosso do Sul, Brasil.
2
Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, CEP 79750-000, Nova
Andradina, Mato Grosso do Sul, Brasil.
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The malaise teacher training schools among the state of New Andradina - MS: a challenge
to democracy in school.
Abstract
This article brings results of a survey conducted during the years 2006 and 2007 elementary public
schools in the municipality of New Andradina - MS and aimed to show the causes of the malaise teacher.
It seems that evil may have been transformed in Burnout Syndrome. This research tried to verify the basic
aspects of the causes and consequences of malaise and consequently the teachers in this Burnout, through
deepening theoretical and field research. I noticed that the situation is more serious than it seems.
Teachers increasingly young people complain about the symptoms related to the aforementioned
syndrome. It was noted also that there is a low esteem by teachers, who in turn claim the devaluation by
the company with the occupation-teacher and school indiscipline which impairs the increasingly teaching.
Another objective we pursue that point was whether the employment relations were based on democracy,
it might ease this problem. We say therefore that in public schools surveyed there is no sign of democracy
and that is a component to be examined, since the South matogrossesense system adopts the direct election
for school administrators.
Key Words: Syndrome of Burnout, malaise teacher, democracy, public school
Introdução
A pesquisa em questão teve como principal objetivo mostrar que existe no momento
nas escolas públicas de Nova Andradina, de modo geral, um mal-estar docente. Esta idéia já vem
sendo trabalhada por uma equipe de psicólogos e pedagogos da Universidade de Brasília, desde
os anos de 1990. Tais profissionais caracterizam-no como a Síndrome de Burnout. Tal síndrome
é entendida como uma composição de burn=queima e out=exterior, aludindo que a pessoa com
esse tipo de estresse desequilibra-se física e emocionalmente, passando a apresentar um
comportamento hostil e nervoso. A Síndrome de Burnout geralmente agrupa sentimentos de
frustração. Seus principais identificadores são: cansaço físico e emocional, apatia e falta de
efetivação do eu, desmotivação, insatisfação ocupacional, deterioração do rendimento, perda de
responsabilidade. Quando se fala em burnout, três fatores parecem estar integrados:
despersonalização, caracterizando “não quero mais”, esgotamento emocional envolvendo “não
posso mais” e baixa implicação subjetiva ao trabalho individualizando o “não se importar”.
Freudenberger (1974, p. 67), afirma que,
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O Burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pela atividade de
trabalho que surge nas profissões que trabalham em contato direto com pessoas em
prestação de serviço como conseqüência desse contato diário no seu trabalho.
Inclusive, é válido salientar que Freudenberger (1974), um renomado médico,
psicanalista, foi quem primeiramente utilizou o termo “burnout”
Diante do exposto, percebemos que este mal é um desafio à efetivação da gestão
democrática na Escola. Obviamente que professores desestimulados, com sentimento de fracasso,
não contribuiam para que a gestão da escola seja democrática. Democracia é algo que precisa ser
desejado. E o desejado é algo trabalhoso. Nesse sentido, os docentes contaminados pela
síndrome, não desejarão algo que poderá mexer ainda mais com seu sistema emocional, entre
outros.
O objetivo deste estudo foi mostrar que existe hoje nas escolas públicas de Nova
Andradina, de modo geral, um mal-estar docente. Nesse sentido, realizamos levantamentos sobre
as licenças médicas que ocorreram nos últimos anos, bem como entrevistas com professores que
abandonaram a profissão docente, a fim de descobrir o porquê do abandono, dos
desapontamentos, dos conflitos com a escola, as exigências, os acúmulos de faltas etc.
Nesta investigação procuramos verificar aspectos básicos das causas e conseqüências
da síndrome de Burnout através de aprofundamento teórico e pesquisa de campo. Esta última foi
desenvolvida em duas etapas. A primeira com a coleta de dados junto a Caixa de Assistência dos
Servidores de Mato Grosso do Sul (CASSEMS) para verificar o número de professores que se
afastam de suas atividades para tratamento de saúde e/ou co-relacionados. Num segundo
momento foram entrevistados alguns professores das escolas envolvidas, de preferência quem já
alguma vez tirou licença com o intuito de verificar empiricamente, através de um formulário de
questões objetivas e abertas, o estado dos professores. A análise dos dados foi feita observando a
abordagem qualitativa de pesquisa, sem, no entanto, desconsiderar a análise quantitativa, que,
aliás, num trabalho como este foi indispensável.
Vale ressaltar que uma das hipóteses centrais dessa pesquisa foi a idéia de que os
docentes que não se sentem bem, não se identificam com a profissão de professor, é muito
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provável que não estejam dispostos a lutar por relações de trabalho baseadas na democracia,
simplesmente porque desistiram de ensinar.
A democracia nas escolas públicas de Mato Grosso do Sul: caminhos e descaminhos
Escreve Espinosa (Apud Chauí, 1982) a seguinte frase: “a tristeza é o que sentimos ao
perceber que nossa realidade diminui porque nossa capacidade de agir encontra-se diminuída ou
entravada”.
Chauí (1982, p.56) concorda com Spinosa quando afirma:
A alegria é o que sentimos quando percebemos o aumento de nossa realidade, isto é, de
nossa força interna e capacidade para agir. Aumento de pensamento e de ação, a alegria é
caminho da autonomia individual e política. A tristeza é o que sentimos ao perceber a
diminuição de nossa realidade, de nossa capacidade para agir, o aumento de nossa
impotência e a perda da autonomia. A tristeza é o caminho da servidão individual e
política, sendo suas formas mais costumeiras o ódio e o medo recípocros .
O pensamento de Spinosa e de Chauí (1982) nos remete à ideia de que já faz algum
tempo que o espaço escolar não anda muito bem, angústias, tristezas, decepções, conflitos
negativos, relações de trabalho baseadas no poder, enfim, o espaço escolar foi e está sendo
tomado por sentimentos que nos tornam inertes em pensar soluções imediatas para os problemas
que ele enfrenta. A “Síndrome de Burnout” é hoje, queiram os educadores-pesquisadores ou não,
uma realidade que precisa ser enfrentada a fim de se apontar soluções.
De modo geral, os autores aludidos têm razão, ou seja, na atualidade a capacidade de
agir, a qual se refere Spinosa, torna-se ainda mais diminuída, o mal-estar docente atrela-se ao mal
estar político. As pessoas, de modo especial os educadores, pelo menos a maioria, não acredita no
potencial que tem para a transformação de uma dada realidade. Quando entrevistamos um dos
professores e indagamos sobre a democracia na escola, o mesmo nos responde:
[...] democracia, o que é isto? Não vejo possibilidades de termos democracia na escola,
porém vários motivos, e um deles é que o professor não tem mais autonomia, nem perante
aos alunos, autoridade é coisa do passado, sofremos muito com nossos alunos e quando
chamamos os pais para conversar, sempre dão razão aos seus filhos, não temos crédito, a
profissão-professor está esquecida... (respira fundo e continua) e por todos.
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Um outro depoimento aponta o seguinte:
Temos até medo de entrar nas salas de aula, a indisciplina é grande, e o diretor não pode
falar de modo autoritário com eles, mesmo porque eles o elegem, então tem que ir
devagar, não pode ser grosseiro, usar termos grosseiros, enfim, acaba fazendo o tal passar
a mão na cabeça. O diretor hoje tem que ser bonzinho.
A fala deixou-nos estarrecidos porque a professora toca na questão da eleição de
diretores. Quando pensamos em eleição direta para diretores, logo vem a idéia de que a
democracia é algo levado a sério. Mas, quando ouvimos este depoimento, percebemos que existe
algo errado. Em uma fala de outra professora isso fica claro “a eleição de diretores aqui parece
eleição de prefeito, governo, é tudo comprado, as pessoas são compradas, não com dinheiro, mas
com promessas”.
A eleição para diretores em Mato Grosso do Sul foi algo implantado via Decreto e não
um projeto de Lei votado na Assembléia Legislativa. Isto é uma indicativa de que as coisas
começam de forma errada. A ideia de Decreto soa autoritarismo, algo que vem de cima para
baixo, sem diálogo, em especial com os sujeitos mais interessados.
Afirmamos que a gestão democrática nas escolas públicas de Nova Andradina é uma
farsa. As relações de trabalho são baseadas apenas no poder. Essa realidade contribui para que o
mal-estar docente seja cada vez maior no interior desse âmbito.
O que os dados revelam
Durante o ano de 2006 e início de 2007 (1º semestre) houve cerca de 552 licenças para
tratamento de saúde. A priori estranhamos o alto número de pedidos e mais ainda quando
identificamos o código para saber quantas destas estavam ligadas aos sintomas da síndrome de
Burnout. Das 552, 412 casos, ou seja, 74,63% estavam diretamente ligadas à síndrome. E todos
os laudos são emitidos pela psiquiatria, ou seja, a especialidade para cuidar destes casos.
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Diante desses dados percebemos que a situação é mais grave do que parece.
Professores cada vez mais jovens queixam-se dos sintomas relacionados à “síndrome de burnout”
sintomas esses que eles próprios se recusam a admitir que possuem. Os sintomas são apatia,
depressão, fadiga, tensão, nervosismo, dificuldade em descansar, transtornos gástricos e dores nas
costas.
O professor em seu trabalho está em contato direto com outros seres humanos,
envolvido numa relação que implica em cuidados e atenções para com seus alunos. Neste contato
muita energia é desprendida, deixando o professor exausto e, infelizmente, esse profissional sente
que apesar de toda sua dedicação, os resultados de seu trabalho não são bons. Quando o professor
se depara com a falta de reconhecimento de seu trabalho, e com resultados pouco animadores, ele
entra num processo de defesa e opta inconscientemente por não mais se envolver
emocionalmente.
Mas, não dá para falar em educação sem afeto, sem envolvimento. Assim, esse
trabalhador já desgastado, sem esperança e forças para mudar essa situação que lhe desagrada,
entra em burnout.
Codo (1999, p. 238) traz a seguinte explicação para a síndrome que ataca professores,
deixando-os cansados, abatidos e sem vontade de ensinar.
Burnout foi o nome escolhido: em português algo como ‘perder o fogo’, ‘perder a
energia’ ou ‘queimar (para fora) completamente’ (numa tradução mais direta). É uma
síndrome através da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de
forma que as coisas já não importam mais e qualquer esforço lhe parece ser inútil.
Segue abaixo a análise dos dados obtidos nas escolas pesquisadas. A investigação se
limitou às escolas estaduais, no total de quatro. A título de esclarecimento, pensando na
preservação da imagem das escolas as denominamos de A, B, C e D. Fizemos apenas sete
questões, por considerar que para aquele momento eram suficientes. Optamos ainda em fazer
quadros para mostrar a idade média dos entrevistados, tempo de trabalho, sexo, carga horária em
sala de aula e carga horária fora da sala de aula.
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Escola A
Idade
De 25 a 50 anos
Tempo de trabalho
De 3 a 33 anos
Sexo
80% feminino e 20% masculino
Atuação apenas no magistério
Carga horária
80% tem carga horária integral de trabalho
Carga horária em sala de aula
80% têm carga horária de 36 horas
semanais e 20% têm carga horária de 20
horas semanais
Tabela I que indica o perfil dos professores da Escola A.
Em relação à questão Queixas de saúde, as expressões que mais apareceram foram
que cerca de 100% possuem cansaço mental e cerca de 50% sofrem de esquecimento.
No que tange à questão Problemas relacionados à postura corporal, problemas
relacionados ao uso intensivo da voz, problemas relacionados à poeira e pó de giz e outros,
constatamos que cerca de 60% responderam ter alguma queixa, como, por exemplo, dores na
coluna, inchaço nas pernas, dores de garganta, entupimento nasais, sonolência e não ouve bem.
Quando foram indagados sobre o diagnóstico médico (já realizado), os que mais
apareceram foram lesões por esforços repetitivos, calos nas cordas vocais e dermatite.
Em relação ao estresse, cerca de 70% dos entrevistados sentem-se obrigados a ter
sucesso o tempo todo no trabalho; 50% se sentem paralisados em sua carreira; 50% têm
problemas em organizar seu tempo; 50% se vêem produzindo menos que costumavam produzir;
50% estão com o temperamento mais explosivo que o normal; e 50% sentem-se impotentes para
promoverem mudanças no trabalho.
Perguntamos: Quantas vezes na última semana você sentiu dores em alguma
parte do corpo, questões voltadas à memória, ansiedade, irritação etc? Cerca de 75% disse
que a tensão muscular na nuca lhe incomodava e que seu pescoço estava rígido; cerca de 75%
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possuem lapsos de memória de pequenas coisas; cerca de 75% têm sensação de ansiedade, um
receio vago, uma inquietude interior; e cerca de 50% sentiram-se tão irritados que tiveram o
impulso de serem indelicados ou rudes com outras pessoas por pouca provocação.
Em relação às perguntas só para as pessoas do sexo feminino. Cerca de 75%
responderam que a pressão arterial começou a subir de repente, 75% começaram a ter desânimos
e vontade de fugir de tudo, 75% das entrevistadas têm levantado de manhã já cansadas, embora
tendo dormido à noite, 50% estão com irritabilidade o tempo todo, em 50% a vontade de fazer
sexo diminuiu muito e para 50% o mundo perdeu a graça.
No que se refere à síndrome de Burnout no trabalho. As respostas foram: cerca de
75% têm dificuldade de desligar-se do trabalho quando estão fora dele, 75% a exigência e a
perfeição são suas constates companheiras, 75% há mais de dois anos que não tiram férias de
verdade, 75% têm sensação de cansaço ao despertar, 50% têm dificuldade para dormir e 50%
aproveitam o horário do almoço para resolver os assuntos de trabalho.
Escola B
Idade
De 23 a 35 anos
Tempo de trabalho
De 1 a 15 anos
Sexo
100% sexo feminino
Atuação apenas no magistério
Carga horária
100% têm carga integral de trabalho
Carga horária em sala de aula
100% têm carga de 40 horas semanais
Tabela II que indica o perfil dos professores da Escola B .
Em relação à pergunta sobre Queixas de saúde, as expressões que mais apareceram
foram: cerca de 50% possuem nervosismo, 25% possuem cansaço mental e 25% sofrem de
esquecimento.
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Em relação à categoria 3, Problemas relacionados à postura corporal, problemas
relacionados ao uso intensivo da voz, problemas relacionados à poeira e pó de giz e outros,
vemos que cerca de 50% têm alguma queixa, como, por exemplo, dores nas pernas, dores na
coluna, dores de garganta, perda temporária da voz, tosse, redução da visão, queda dos cabelos e
não ouvem bem.
Em relação aos diagnósticos médicos (já realizados) os que mais apareceram foram
gastrites e esofagites.
Em relação ao estresse, cerca de 75% dos entrevistados sentem-se obrigados a terem
sucesso o tempo todo, 75% se vêem produzindo menos que costumavam produzir, 50% sentemse hostis ou irritados no trabalho, 50% estão com o temperamento mais explosivo que o normal.
Indagamos sobre Quantas vezes na última semana sentiram irritação, lapsos de memória,
tensão muscular, etc.? Cerca de 80% estão irritados, inclusive admitiram que ter o impulso de
serem indelicados ou rudes com outras pessoas por pouca provocação, cerca de 75% possuem
lapsos de memória sobre pequenas coisas, 50% tiveram vontade de sumir de tudo e 50% disseram
que a tensão na nuca lhe incomodava e que seu pescoço estava rígido.
Em relação às perguntas só para as pessoas do sexo feminino, cerca de 75%
responderam que passaram a terem azia e má digestão, 50% que suas unhas começaram a quebrar
ou a desfolhar, 50% começaram a ter desânimo e vontade de fugir de tudo, 50% têm levantado de
manhã já cansada, embora tendo uma boa noite de sono, 50% sentem que sua irritabilidade esta
alta, e 50% sentem que vão explodir, que não agüentam mais.
Em relação à síndrome de Burnout no trabalho, as respostas mostram que cerca de
75% têm dificuldade de se desligar do trabalho quando estão fora dele, 75% sentem que a
exigência e a perfeição são suas constantes companheiras, 75% sentem-se desconfortáveis ou
com remorsos quando não estão fazendo nada, 50% sentem-se ansiosas e inquietas na maior parte
do tempo, 50% têm dificuldade para dormir, 50% têm sensação de cansaço ao despertar e 50%
vivem irritados com tudo e com todos.
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Escola C
Idade
De 23 a 45 anos
Tempo de trabalho
De 4 a 22 anos
Sexo
60% feminino e 40% masculino
Atuação no magistério
Carga horária
50% têm carga integral de trabalho
Carga horária em sala de aula
50% têm carga de 40 horas semanais
Tabela III que indica o perfil dos professores da Escola C.
Nesta escola em resposta à pergunta sobre Queixas de saúde, as expressões que mais
apareceram foram que cerca de 50% têm cansaço mental e 20% esquecimento.
Sobre os Problemas relacionados à postura corporal, problemas relacionados ao
uso intensivo da voz, problemas relacionados à poeira e pó de giz e outros, constatamos que
cerca de 40% dos entrevistados já tiveram alguma queixa, como, por exemplo, irritações nos
olhos, queda de cabelos, redução da visão e ardor ao urinar.
Em relação a diagnóstico médico (já realizado). Os professores entrevistados não
possuem diagnósticos médicos.
Em relação ao estresse, cerca de 60% dos entrevistados sentem-se cansados no
trabalho, mesmo após uma boa noite de sono; 40% estão com o temperamento mais explosivo
que o normal; e 40% sentem-se obrigados a ter sucesso o tempo todo.
Quando foram indagados em relação a Quantas vezes na última semana sentiram
cansaço, ansiedade etc., os dados mostram que cerca de 80% dos professores sentem cansaço de
manhã como se o corpo estivesse pedindo cama; 40% estão irritados e têm o impulso de serem
indelicados ou rudes com outras pessoas por pouca provocação; e 40% sentiram sensação de
ansiedade, um receio vago e uma inquietude interior.
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As respostas Às perguntas só para as pessoas do sexo feminino mostram que cerca
de 50% das entrevistadas têm levantado de manhã já cansadas, embora tendo dormido à noite e
50% têm tido ansiedade, medo que aconteça algo ruim.
Em relação à síndrome de Burnout no trabalho, as respostas mostram que cerca de
60% possuem sensação de cansaço ao despertar; 60% há mais de dois anos que não tiram férias
de verdade; 40% se sentem inseguros na hora de tomar decisões; e 40% aproveitam o horário do
almoço para resolver os assuntos do trabalho.
Escola D
Idade
De 30 a 50 anos
Tempo de trabalho
De 6 a 20 anos
Sexo
80% feminino e 20% masculino
Atuação apenas no magistério
Carga horária
100% têm carga integral de trabalho
Carga horária em sala de aula
100% têm carga de 36 horas semanais
Tabela IV que indica o perfil dos professores da Escola D.
Nas questões relacionadas a Queixas de saúde, as expressões que mais apareceram
foram que cerca de 75% possuem cansaço mental e 50% possuem nervosismo e insônia.
Nas perguntas relacionadas aos Problemas relacionados à postura corporal,
problemas relacionados ao uso intensivo da voz, problemas relacionados à poeira e pó de
giz e outros, constatamos que cerca de 60% responderam ter alguma queixa, como,
por
exemplo, dores na coluna, dores no ombro, dores de garganta, perda temporária da voz e queda
de cabelos.
Em relação a diagnóstico médico (já realizado) os que mais apareceram foram
hipertensão arterial e varizes em membros inferiores.
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Em relação ao estresse, cerca de 50% dos entrevistados se sentem hostis ou irritados
no trabalho; 50% sentem-se obrigados a ter sucesso o tempo todo; e 25% evitam conscientemente
contatos pessoais mais do que antes.
Em relação a Quantas vezes na última semana sentiram dores musculares,
ansiedade etc., os professores mostram que cerca de 75% sentiram que a tensão muscular na
nuca lhe incomodava e que seu pescoço estava rígido; 50% sentiram sensação de ansiedade, um
receio vago e uma inquietude interior; 25% tiveram lapsos de memória de pequenas coisas.
Em relação às perguntas só para as pessoas do sexo feminino, cerca de 75%
passaram a ter azia e má digestão; 50% a pressão arterial passou a subir de repente; 50% têm tido
ansiedade, medo que aconteça algo ruim.
Em relação à síndrome de Burnout no trabalho, as respostas foram de que cerca de
100% sentem que a exigência e perfeição são constantes companheiras; 75% sentem dores de
cabeça quase todos os dias; 75% têm sensação de cansaço ao despertar; 50% o barulho durante o
trabalho deixa-os irritados; 50% têm dificuldade de desligar-se do trabalho quando esta fora dele;
50% sentem-se desconfortáveis ou com remorsos quando não estão fazendo nada.
Análise dos dados
Para iniciar a discussão nos perguntamos: qual é mesmo a qualidade de vida do
professor em seu local de trabalho? O professor hoje na escola pública tem um local de trabalho
ou locais de trabalho (SILVA JUNIOR, 1993) e como isso influencia a qualidade de vida? Qual é
a identidade do professor, ele se identifica com a escola pública? Qual é a sua formação? Esta
formação foi sua primeira escolha ou a fez por falta de outra? E as relações de trabalho na escola,
como estão? Existe o trabalho coletivo? Ou existe a competitividade negativa? E as relações de
poder como estão? O diálogo na escola é algo existente? E as relações do professor com os
órgãos externos (Secretaria, sistema, decretos, imposições do próprio sistema, progressão
continuada), como os professores se sentem
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Estas são algumas questões que, se respondidas, indicam que a qualidade de vida do
professor na escola pública não anda nada bem. Algumas situações hoje são reais, como, por
exemplo, o stress do professor que, muitas vezes, leva à depressão, fazendo-o abandonar a
profissão ou tirar licenças constantemente. Mas, o que é o stress? Como pode se tornar uma
doença?
O stress em seres humanos tem sido definido de várias maneiras, mas, em essência, é
uma exigência feita às capacidades adaptativas da mente e do corpo. Essa definição implica que o
stress em si mesmo não é nem bom nem mau; ele se torna bom ou mau como consequência
indireta da força do agente estressante e como consequência direta de nossa capacidade
psicofísica de resistência.
Assim, alguns agentes estressantes são desafios estimulantes, outros são pequenas
irritações, e outros são pressões devastadoras. Similarmente, enquanto alguns indivíduos
conseguem enfrentar muitos agentes estressantes, outros são esmagados por eles. Em todos os
casos, o corpo tenta se adaptar a esses agentes; lidará com eles por um intervalo de tempo maior
ou menor dependendo do indivíduo em questão, mas se o estresse for sério e prolongado, acabará
ocorrendo algum tipo de colapso nessa reação. Tipicamente, esse processo de adaptação e
colapso envolve três estágios, identificados por Selye e denominados General Adaptability
Syndrome - Síndrome Geral de Adaptabilidade (GAS): 1. reação de alarme seguida por choque e
resistência diminuída, seguidos por sua vez pela mobilização de mecanismos de defesa e por um
ressurgimento de resistência; 2. estágio de resistência marcado por variáveis graus de adaptação;
3. estágio de exaustão, seguido pelo colapso da resposta adaptativa e por pane física ou
psicológica.
Se o nível de estresse for brando, ou se a pessoa tiver alta resistência natural ou for
hábil em adaptação, o terceiro estágio poderá nunca ser atingido. Alguns indivíduos enfrentam o
estresse com sucesso por longos períodos e afirmam até beneficiar-se com ele. Mas, o estresse
cobra seu tributo e é importante saber o máximo possível sobre ele, para evitá-lo e lidar com ele
com sucesso quando for inevitável. É importante reconhecer seus primeiros estágios (1°e 2°) e
tomar ações corretivas antes que as coisas piorem. Insônia, ataques de pânico, mudanças abruptas
nos padrões de vida estabelecidos, consumo crescente de bebidas alcoólicas, agitação, depressão,
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irritabilidade são sinais de estresse progressivo e devem ser cuidados antes que o problema se
agrave.
Por sua natureza, a profissão do professor é uma ocupação estressante. Pesquisas
mostram, como, por exemplo, a de Farber (1991) que, de uma amostra de professores primários e
secundários no Reino Unido, mais de 72% estão com estresse profissional moderado e 23%
apresentam estresse grave.
Não é difícil encontrar as razões. Os professores enfrentam uma gama constante de
pressões das crianças, dos colegas, dos pais e de políticos e administradores, muitas delas
conflitantes e quase impossíveis de atender. Os professores têm o desafio contínuo de manter o
controle da classe. Não têm limites claros de horário de trabalho. Boa parte de seu trabalho é
levada para casa, o que torna difícil desligar no fim do dia. Estão suscetíveis a críticas de
inspetores, pais, diretores, meios de comunicação e políticos. Não dispõem de recursos e
oportunidades suficientes para reciclagem regular e ampla de seus conhecimentos. Espera-se que
se mantenham atualizados com novos formatos e novos desenvolvimentos em sua matéria de
ensino.
Dependendo do diretor, podem ter pouca voz ativa na administração da escola e na
tomada de decisões. São afetados emocionalmente pelos sucessos e fracassos de seus alunos. E,
acima de tudo, têm seu próprio senso de padrões profissionais e sofrem as frustrações decorrentes
de não conseguir alcançá-los.
Confrontado com esses agentes estressantes, o professor vai seguindo em frente,
muitas vezes com pouca ou nenhuma oportunidade de apoio externo. Trabalhando o dia todo com
crianças e em relativo isolamento de outros adultos, o professor tem um campo limitado para
buscar conselhos ou discutir dificuldades com os colegas. Isso pode soar estranho, mas em vários
aspectos, o ensino é uma profissão muito solitária, com cada professor fechado com seus
problemas do início ao fim de cada aula. O apoio e incentivo de pessoas envolvidas na mesma
tarefa e com um entendimento das dificuldades mútuas podem fazer muito para ajudar os
indivíduos a se adaptarem ao estresse, assim como o pode o auxílio de profissionais
especialmente preparados para aconselhar sobre questões específicas (psicólogos educacionais e
conselheiros de ensino). No mínimo, esse apoio e conselhos ajudam o indivíduo a se sentir menos
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abandonado, menos exposto. Mas, no caso da profissão de professor, os recursos escassos fazem
com que a grande maioria das pessoas tenha de se defender sozinha a maior parte do tempo.
Pesquisas com professores primários e secundários demonstram uma forte correlação
entre neurose e altos níveis de estresse em professores, e também entre introversão e estresse (em
particular em professores do sexo masculino). Essas descobertas indicam que, num ambiente de
múltiplas variáveis como o ensino, uma tendência geral à ansiedade torna as pessoas
especialmente vulneráveis. Revelam também que, para os introvertidos, o ambiente de sala de
aula, com suas interações sociais, atividade, mudanças constantes, barulho e grande quantidade
de estímulos, é mais estressante do que para os extrovertidos. Observamos, porém, que isso não
significa que pontuações mais altas em neurose e introversão levam o indivíduo a ter menos
satisfação profissional em sua ocupação. Outros fatores como afeição pelas crianças, senso de
dedicação, amor pela disciplina lecionada e prazer com as realizações dos alunos também
desempenham importante papel.
Outros estudos mostram que o que chamamos de perfeccionismo também está
associado a níveis altos de estresse para professores, e que pode haver ligações entre estilo
cognitivo e vulnerabilidade a agentes estressantes específicos de sala de aula. Borg e Riding
(2003) descobriram, por exemplo, que professores mais analíticos consideram a indisciplina dos
alunos e as más condições de trabalho os fatores mais estressantes, enquanto professores
holísticos se mostram mais incomodados com relações ruins entre os colegas e pressões no que
tange ao tempo.
Estudos mais gerais do estresse constatam que hostilidade (raiva, agressão,
impaciência com os outros) também pode tornar o indivíduo particularmente propenso aos efeitos
adversos do estresse, e as frustrações e os conflitos amiúde presentes na situação de ensino
parecem claramente ativar esse traço de personalidade em pessoas suscetíveis. Estudos da
Personalidade Tipo A (caracterizada por competitividade extrema, impaciência, insegurança,
irritabilidade e incapacidade de relaxar) indicam que a repressão da raiva, necessidade frequente
na situação de ensino para indivíduos com alta hostilidade (e mesmo para seus colegas mais
passivos), pode ser ainda mais prejudicial do que sua expressão.
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Alguns fatores aumentam o estresse em professores. Citamos o ambiente agressivo e
injusto, com ameaças à segurança; cultura organizacional baseada na ameaça e opressão; falta de
comunicação no ambiente de trabalho; ser cobrado além do que é possível fazer; trabalhar em um
clima de tensão constante; falta de tempo em relação às demandas; restrição ao desenvolvimento
pessoal e da criatividade; oscilação do salário (a cada semestre o número de horas/aulas pode
mudar); falta de plano de carreira; falta de ambiente adequado de trabalho (não ter sala pessoal,
material didático, não ter acesso a publicações importantes relacionadas à área); falta de respeito
dos alunos na sala de aula; falta de preparo dos alunos; competição com outros professores por
questões pessoais ou acadêmicas; não ter reconhecimento profissional.
Por outro lado, alguns fatores podem contribuir para a diminuição do estresse, tais
como: liderança não-coercitiva; apoio social; ambiente físico agradável; satisfação no trabalho;
cultura organizacional positiva; motivação; ter condições para auto-realização; possibilidades
para atualização profissional freqüente; gestão de conflitos adequada; sistema aberto de
administração, com maior participação do professor na tomada de decisões; desenvolver
amizades; material de trabalho adequado; não ser cobrado além do que é possível desenvolver;
possibilidade de desenvolver pesquisas.
Pelo que pudemos perceber, este é um quadro que deve ser conhecido e reconhecido
pelas Secretarias da Educação e pelo MEC, a fim de traçarem políticas públicas que possibilitem
amenizar a situação. Do contrário, veremos aos poucos a falência da educação pública.
Considerações finais
Com a realização deste estudo que ora apresentamos podemos perceber e mostrar
que muitos problemas afligem os professores da escola pública e são estes problemas que os
afastam da sala de aula. Em Nova Andradina esse número é assustador. As estatísticas mostram
que cerca de 80 % dos professores já tiraram licença por motivo de saúde e o médico mais
procurado é o psiquiatra. Os medicamentos ingeridos, geralmente, são os de tarja preta ou
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vermelha, isto é, os controlados, o que não os permitem voltar para a sala de aula por menos de
seis meses, tempo certo para que tais medicamentos ajam com positividade no organismo. Esta
informação é grave. Podemos até questionar: qual é mesmo a qualidade de vida do professor em
seu ambiente de trabalho? Quem é mesmo o professor da escola pública? O que estes pensam
sobre si mesmos e sobre a situação em que se encontram as escolas públicas? Responder estas
questões não é fácil, mas ignorá-las também pode ser perigoso para o futuro da educação pública.
A modernidade trouxe para a humanidade mudanças e inovações no âmbito da
tecnologia e dos mais variados recursos que favorecem a vida das pessoas. Mas, essas mudanças
e inovações trouxeram – e ainda trazem - consigo transformações no modo de vida das pessoas.
O processo de urbanização faz com que o local de moradia e de trabalho seja cada dia mais
concentrado na cidade ou o modo de vida urbano passa a fazer parte do ambiente rural. Nesse
contexto, as pessoas aumentam o ritmo de suas atividades, fazendo com que a vida seja mais
ocupada e atuante, porém tensa, insegura e violenta.
Em conseqüência disto, tem-se enfrentado um dos males do final do século XX e
início do século XXI, o stress, ou seja, uma reação que o organismo emite quando é submetido a
ultrapassar o limite de sua resistência. O stress influencia diretamente no desempenho do
indivíduo em todas as áreas, seja no campo sentimental, emocional, no trabalho, em seus esforços
ou em busca de um condicionamento de vida estável.
O assunto tem se tornado cada vez mais questionado, levando pessoas comuns e
pesquisadores a se aprofundarem no tema, pois se observa um aumento relativo de pessoas
submetidas ao stress e suas demais conseqüências.
Isto posto, obviamente que a questão da democracia fica prejudicada, na medida em
que é algo que deve mobilizar a todos, que são atores importantes neste cenário, de modo
especial os professores, pois são eles que estão cotidianamente com os alunos, a eles é destinada
a tarefa de ensinar. E, como obter tal mobilização em um contexto como esse?
Não queremos transmitir pessimismo, apenas alertar para uma situação que pode ou
não ser um caso isolado, mas que é séria de qualquer forma. Para os pesquisadores (as) que têm
como objeto de estudo a democracia na escola pública básica os dados aqui analisados devem
servir de alerta.
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Referências Bibliográficas
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O mal-estar docente entre os professores das escolas estaduais de