UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOENGENHARIA LAYANA PACHÊCO DE ARAÚJO ALGORITMO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM A NEONATO PORTADOR DE HIPERBILIRRUBINEMIA SUBMETIDO À FOTOTERAPIA: UMA PROPOSTA São José dos Campos, SP 2013 LAYANA PACHECO DE ARAÚJO ALGORITMO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM A NEONATO PORTADOR DE HIPERBILIRRUBINEMIA SUBMETIDO À FOTOTERAPIA: UMA PROPOSTA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraíba, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica Orientadora: Profª. Dra. Maria Belén Salazar Posso Co-orientador: Prof. Dr. Milton Beltrame Júnior São José dos Campos, SP 2013 LAYANA PACHÊCO DE ARAÚJO ALGORITMO DE CUIDADO DE ENFERMAGEM A NEONATO PORTADOR DE HIPERBILIRRUBINEMIA SUBMETIDO À FOTOTERAPIA: UMA PROPOSTA Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Bioengenharia, do Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca examinadora: Profª. Dra. FERNANDA PUPIO SILVA LIMA (UNIVAP) _______________________ Profª. Dra. ANA MARIA BARBOSA (ANHANGUERA) ________________________ Profª. Dra. MARIA BELÉN SALAZAR POSSO (UNIVAP) _____________________ Prof. Dr. MILTON BELTRAME JÚNIOR (UNIVAP) ___________________________ Prof. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa Diretora do IP&D Univap São José dos Campos, 5 de julho de 2013. Dedico este trabalho a minha família (mãe, pai, irmãos, tios, avós, primos e afilhados) que me apóiam plenamente nas minhas escolhas. O incentivo, a credibilidade e o orgulho que se referem a minha profissão alimentam minha alma, dando força para seguir essa árdua caminhada. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro por permitirem que meus sonhos se tornem realidade e por iluminarem meu caminho, transbordando meu coração de fé, esperança e muita felicidade. Ao Magnífico Reitor da Universidade do Vale do Paraíba prof. Dr. Jair Cândido de Melo por junto ao corpo docente fazer desta instituição de ensino uma das melhores do país. A Diretora do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Prof.ª Dr.ª Sandra Maria Fonseca da Costa pelo apoio prestado a nossa turma durante os dois anos de curso. A Coordenadora do Programa de Mestrado em Bioengenharia Prof.ª Dr.ª Fernanda Pupio Silva Lima pelo trabalho que vem desenvolvendo com competência e pela disposição em ouvir os alunos. A eterna e consagrada orientadora Dr.ª Maria Belén Salazar Posso, profissional e mulher exemplo de sabedoria. Mais que orientadora, ela foi uma mãe e uma grande amiga durante essa jornada, por toda sua paciência, preocupação, dedicação e humildade. Só ela para tranquilizar-me, só ela para compreender-me, só ela para tornar esse momento único e prazeroso, porque caminhar ao lado de uma grande doutora que acredita no seu trabalho faz toda a diferença. Obrigada por tudo! À minha mãe, pela imensidão do seu amor e por sua amizade. Pelo orgulho que fala do meu trabalho, e por acreditar e apoiar os meus planos de vida. Amo-te! A meu pai, homem que batalhou e que enfrentou muitas dificuldades para oferecer sempre a melhor educação para os filhos. Reconheço e serei eternamente grata a seu amor. Amo-te! A meu noivo e muito em breve futuro marido. Obrigada meu amor por compreender minha profissão, por querer apenas ficar ao meu lado enquanto estudava, por sua amizade e companheirismo em todos os momentos da minha vida. Que nosso amor seja eterno... Amo-te! A meus irmãos, Léo e Lucas, pela torcida de cada conquista, pela preocupação e interesse que demonstram comigo. Amo vocês. A meu padrasto, Ângelo, e madrasta, Ana, pelo apoio e incentivo desde o dia que passaram a fazer parte da minha vida. Junto a eles, os “irmãos” Bruno, Lucival, Luana, Nádia e Naiara. Vocês são muito especiais! A minha Tia Jaciara, minha segunda mãe, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, confiando e acreditando plenamente no meu trabalho. Amo muito! A minha cunhada, Amanda, por vibrar comigo cada conquista e por fazer meu irmão imensamente feliz. A minha futura sogra, Aline, e cunhadas Morgana e Solygardia, pela torcida, apoio e amizade. A minhas primas, em especial a Milena, Lígia, Thauana, Adriana, Luana e Larissa, essa vitória é nossa! As minhas eternas amigas, Jardene e Mirna, que apesar da distância, o elo de amizade manteve-se presente nos momentos mais difíceis e felizes. Amo como irmãs. À minha querida Rochelly. Amiga linda, obrigada por fazer parte da minha vida. Obrigada pela lealdade da nossa amizade e por tanta luz e energia boa que transmite. Você é parte da minha história, só você para me entender tão bem. A Lívia, minha parceira de estudo e amiga de todas as horas. Obrigada pelo incentivo e por dividir a angústia de cada dia. Agora é só alegria... Conseguimos! Sinto-me muito feliz de compartilhar esse momento com você. A Kelvya, Cinthya, Maria e Andréia Lago pelas palavras de incentivo e por nossa linda amizade. A turma inesquecível de Bioengenharia: Natália, Eliel, Lívia, Priscila, Andréa, Mônica, Chichico, Marcos, Maria Helena, Miriane, Adeslane, Joelma e Indira. Nossa, como foi maravilhoso esses 2 anos de vivência com pessoas tão diferentes, uma em cada região do país, unidos por um objetivo comum. Foram tantas gargalhadas, discussões, brincadeiras, angústias... E agora, cada um segue seu caminho. Que Deus abençoe a vida de vocês! A minha eterna aluna Nytale. Obrigada por sua dedicação na concretização deste trabalho. Seu apoio foi fundamental. Hoje, sou eu que te agradeço... Muito obrigada! Aos docentes do curso de Bioengenharia, obrigada por enriquecer-me de conhecimento. Em especial, a doutora Renata Amadei Nicolau por instigar minha curiosidade e interesse pelo tema desta dissertação e ao doutor Milton Beltrame Júnior pelos momentos dedicados a este trabalho. A Dona Ivone, funcionária do IP&D que sempre com seu jeitinho doce se manteve disposta a ajudar. Ao Hospital da Criança (São Luís-MA), diretamente as minhas gerentes Olívia e Lidiane, que na reta final deste trabalho compreenderam minha ausência e apoiaram meus estudos. E muito especialmente a minha chefa e amiga Lisandra por sua amizade e palavras de força que não me deixaram desistir deste sonho. A coordenação do Programa Saúde da Família (Caxias-MA), pelo apoio durante todo o mestrado, permitindo meu afastamento para deslocamento e investimento nos estudos. Aos profissionais que permitiram o acesso ao local da pesquisa e contribuíram direta e indiretamente para a realização deste estudo. “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê” (Arthur Schopenhauer) RESUMO A icterícia é uma patologia bastante comum, atingindo 50 a 70% dos neonatos nos primeiros dias de vida. Caracteriza-se pela coloração amarelada da pele, mucosa e esclera ocular do RN que pode ser detectada quando os níveis séricos de bilirrubina total encontram-se acima de 5-7mg/dl, determinando um quadro de hiperbilirrubinemia. A fototerapia é o tratamento indicado para a hiperbilirrubinemia, a qual consiste na colocação do neonato sob uma fonte de luz. No entanto sua efetividade dependerá da intensidade e do comprimento da onda de luz, da área de superfície corporal exposta do RN, da distância entre a fonte e a pele, e da concentração inicial da bilirrubina. O presente estudo teve como objetivo propor algoritmo de cuidado de enfermagem a neonatos portadores de hiperbilirrubinemia submetidos à fototerapia. O estudo foi realizado em dois momentos. No primeiro momento realizou-se um levantamento na literatura nacional e internacional sobre a fototerapia na icterícia neonatal e aquisição dos manuais dos diferentes tipos de equipamentos fototerápicos: Biliberço®, Octofoto®, Bilispot® e Bilitron®, disponíveis em uma UTIN do interior do estado do Maranhão. No segundo momento foi realizada a proposta do algoritmo, elaborados conforme a descrição das principais características e especificações técnicas de cada equipamento fototerápico, finalizando com as ações de enfermagem prestadas ao RN ictérico. Conhecer e saber manipular os equipamentos eletromédicos fototerápicos é de suma importância ao profissional que trabalha na UTIN, que precisa ser habilitado e capacitado para aplicar a luz ao RNI. É imprescindível o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre os principais cuidados prestados ao RNI de forma a ofertar um tratamento fototerápico adequado de forma pragmática. A proposta de algoritmo pretende ser um instrumento facilitador do cuidado de enfermagem ao neonato ictérico. Conclui-se assim que o algoritmo proposto abordou o cuidado de enfermagem ao neonato ictérico submetido à fototerapia de forma padronizada e sistematizada oferecendo à equipe a instrumentalização para executar de forma eficiente e eficaz as ações direcionadas ao manejo da hiperbilirrubinemia podendo contribuir significativamente para o tratamento resolutivo do neonato em um menor intervalo de tempo. Palavras-chave: hiperbilirrubinemia; neonato; fototerapia; cuidado. ABSTRACT Jaundice is a very common pathology, affecting 50 to 70% of newborns in the first days of life. It is characterized by yellowing of the skin, mucosa and eye sclera of RN that can be detected when the serum total bilirubin levels are above 5-7mg/dl, determining a clinical hyperbilirubinemia. Phototherapy is the treatment recommended for hyperbilirubinemia, which consists of placing the newborn under a light source. However its effectiveness will depend on the intensity and wavelength of light, body surface area exposed to RN, from distance between the source and the skin, and the initial concentration of bilirubin. This study aimed to propose algorithm nursing care for newborns with hyperbilirubinemia undergoing phototherapy. The study was conducted in two phases. At the first moment, it made a survey on the national and international literature on phototherapy for neonatal jaundice, and acquisition of manuals of different types of phototherapy equipment: Biliberço®, Octofoto®, Bilispot® and Bilitron®, available in a UTIN in the state of Maranhão. In the second time, was executed a proposal of the algorithm, developed as a description of the main features and technical specifications of each equipment phototherapic, ending with nursing actions given to jaundiced newborns. Knowing and can manipulate the phototherapic eletromedical equipments is much importance to professional that works in the UTIN, which must be able and willing to apply light to the RNI. It is essential the knowledge of the nursing professionals on the main care to RNI in order to provide an appropriate phototherapic treatment pragmatically. The proposed algorithm aims to be a facilitator of nursing care to newborn jaundice. It concluded that, the proposed algorithm addressed the nursing care of the newborn jaundice undergoing phototherapy in a standardized and systematic form giving the team the instrumentation to perform efficiently and effectively the actions directed towards management of hyperbilirubinemia may contribute significantly to the treatment resolving the newborn in a shorter time interval. Keywords: hyperbilirubinemia; newborns; phototherapy; care LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Aparelho de fototerapia do tipo Biliberço®. .......................................................... 28 Figura 2 - Aparelho de fototerapia do tipo Octofoto®. ........................................................... 29 Figura 3 - Aparelho de fototerapia do tipo Octofoto®. ........................................................... 30 Figura 4 - Aparelho de Fototerapia do tipo Bilispot®. ............................................................ 31 Figura 5 - Aparelho de Fototerapia do tipo Bilispot® acoplado à incubadora. ....................... 31 Figura 6 - Aparelho de fototerapia do tipo Bilitron®............................................................... 33 Figura 7 - Aparelho de fototerapia do tipo Bilitron®............................................................... 33 Figura 8 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Biliberço® ....................... 43 Figura 9 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico 006-OFL Octofoto® ........ 45 Figura 10 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Bilispot® 006-BP e 006-BB ............................................................................................................................................ 47 Figura 11 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Bilitron® 3006 ............... 49 Figura 12 - Algoritmo de cuidados de enfermagem ao RN portador de Hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia. .................................................................................... 52 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BTS - Bilirrubina Total Sérica CCIH - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar HG - Hiperbilirrubinemia Grave PDL - Program Design Language RN - Recém-Nascido RNI – Recém- nascido ictérico SNC - Sistema Nervoso Central UTIN - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 15 2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17 3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 18 3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 18 3.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 18 4 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................ 19 4.1 Considerações gerais sobre a Icterícia ou Hiperbilirrubinemia ................................... 19 4.2 Tipos de Icterícia ........................................................................................................ 21 4.3 Formas de Tratamento ............................................................................................... 22 4.4 Fototerapia Neonatal .................................................................................................. 24 4.5 Tipos de equipamentos utilizados em fototerapia neonatal ........................................ 25 4.5.1 Biliberço® ............................................................................................................. 27 4.5.2 Octofoto® ............................................................................................................ 29 4.5.3. Bilispot® ............................................................................................................. 30 4.5.4. Bilitron® .............................................................................................................. 32 4.6 Cuidados de enfermagem ao RN portador de Hiperbilirrubinemia .............................. 33 4.7 Algoritmo e Fluxograma ............................................................................................. 38 5 METODOLOGIA............................................................................................................... 41 5.1 Proposta dos algoritmos de manuseio de equipamentos para o tratamento da hiperbilirrubinemia ............................................................................................................ 41 5.1.1 Biliberço ® ........................................................................................................... 42 5.1.2 Octofoto ® ........................................................................................................... 44 5.1.3 Bilispot® .............................................................................................................. 46 5.1.4 Bilitron® ............................................................................................................... 48 5.2 Proposta do algoritmo de cuidados de enfermagem a neonato portador de hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia ...................................................................... 50 6 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 53 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 61 7.1 Perspectivas Futuras .................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 63 APÊNDICE A – PROPOSTA DE ALGORITMO PARA ESCOLHA DO TRATAMENTO AO RN ICTÉRICO ..................................................................................................................... 70 APÊNDICE B – PROPOSTA DE ALGORITMO PARA VERIFICAÇÃO DE FUNCIONALIDADE DOS EQUIPAMENTOS FOTOTERÁPICOS ....................................... 71 ANEXO A – PARTES, PEÇAS E ACESSÓRIOS DO EQUIPAMENTO FOTOTERÁPICO BILIBERÇO® MODELO 006-FB ......................................................................................... 73 ANEXO B – PARTES, PEÇAS E ACESSÓRIOS DO EQUIPAMENTO FOTOTERÁPICO 006-OFL OCTOFOTO®....................................................................................................... 74 ANEXO C - PARTES, PEÇAS E ACESSÓRIOS DO EQUIPAMENTO FOTOTERÁPICO BILISPOT® MODELOS 006-BP e 006-BB.......................................................................... 75 ANEXO D – APRESENTAÇÕES DO EQUIPAMENTO FOTOTERÁPICO BILITRON® MODELO 3006 .................................................................................................................... 76 ANEXO E – PROCEDIMENTO DE TROCA DO MÓDULO FONTE DO EQUIPAMENTO FOTOTERÁPICO BILITRON® MODELO 3006 ................................................................... 77 15 1 INTRODUÇÃO No decorrer dos anos de experiência profissional em um hospital infantil foi possível observar que a espera de um filho, geralmente, é permeada por sonhos, expectativas e sentimentos de apreensão pela chegada do novo integrante ao seio familiar. Para a mãe, em especial, que almeja o momento de poder receber seu filho, acariciá-lo e levá-lo para casa perfeitamente saudável, essa chegada é mais angustiante, ainda mais, quando esse momento é adiado em decorrência de uma internação hospitalar para tratamento patológico. Uma patologia bastante comum, a qual atinge de 50 a 70% dos recémnascidos (RN) nos primeiros dias é a icterícia neonatal, provocada pelo aumento da bilirrubina no sangue (PETROVA et al., 2006). Entretanto, as crianças nessa faixa apresentam bilirrubina plasmática mais alta que os adultos. Normalmente, a bilirrubina aumenta durante alguns dias, mas até o final da primeira semana de vida ocorre um decréscimo e a icterícia clínica desaparece (SILVA et al., 2008). A hiperbilirrubinemia resulta da predisposição da produção de bilirrubina nos RN e em sua habilidade de excretá-la (SILVA et al., 2008). Uma das causas específicas mais frequentes para a hiperbilirrubinemia inclui os extravasamentos sanguíneos, seja por hematomas extensos em membros superiores e inferiores devido a parto traumático, seja por hemorragia intraperiventricular, especialmente naqueles com idade gestacional inferior a 34 semanas (DANI et al., 2011). A fototerapia é o tratamento indicado para a hiperbilirrubinemia, a qual consiste na colocação do neonato sob uma fonte de luz. Desde sua descoberta, vários modelos têm sido propostos para o mecanismo de ação da luz incidindo sobre a pele. Aceita-se que a luz absorvida degrada a bilirrubina impregnada na pele, transformando-a em derivados hidrossolúveis que serão eliminados do organismo sem a necessidade prévia de conjugação hepática (LOPEZ; CAMPOS JUNIOR, 2009). A eficácia do tratamento pela fototerapia depende da intensidade da luz emitida pelos aparelhos, de ter espectro de emissão próximo ao da absorção da 16 bilirrubina, da idade pós-natal do RN, da idade gestacional, do peso de nascimento, da causa de icterícia e do valor de bilirrubinemia no início do tratamento (VIEIRA et al., 2004). Desta forma, fica evidente a importância dos profissionais de saúde, que manejam a fototerapia, serem constantemente informados das normas e rotinas existentes, conscientizados da necessidade de adesão às mesmas, habilitados especificamente para sua aplicação, além de estarem preparados para avaliarem regularmente a eficácia dessa modalidade terapêutica. Nesta perspectiva, pelas experiências vivenciadas e fundamentadas nos conhecimentos adquiridos no Curso de Mestrado em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) de São José do Campos-SP, sentiu-se o estímulo de buscar na literatura Nacional e Internacional, fundamentação para propor algoritmos de cuidado de enfermagem a neonato portador de hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia, com o intuito de favorecer, instrumentalizar e padronizar de forma sistematizada, as intervenções de enfermagem e dos demais profissionais para a utilização correta dos equipamentos de fototerapia além de promover a eficácia do tratamento de RN ictérico (RNI) portadores de hiperbilirrubinemia consequentemente ofertar uma melhor qualidade na assistência. e 17 2 JUSTIFICATIVA Na prática clínica foi possível perceber que durante a assistência de enfermagem prestada a RNI não existe um critério de elegibilidade na escolha do equipamento para a fototerapia, sendo colocados de acordo com a disponibilidade do aparelho no momento da admissão. Além de não existir uma rotina dentro da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) para manuseio dos equipamentos e controle rigoroso das lâmpadas utilizadas, da cor da fonte, irradiância do aparelho e da distância mínima para o RN, fatores estes indispensáveis para eficácia do tratamento. Sendo assim, acredita-se que uma proposta de algoritmo de cuidado de enfermagem a neonato portador de hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia parece oportuna para contribuir com a padronização dos cuidados prestados ao RNI, desde a avaliação da funcionalidade do aparelho, passando pelas particularidades e características de cada fonte de luz até os cuidados com o paciente exposto. Entende-se que esta pesquisa seja relevante porque pretende contribuir para a identificação de possíveis limitações no processo de trabalho dos profissionais de saúde, favorecendo o adequado manejo do equipamento eletromédico e assistência ao RN em tratamento fototerápico, mediante um algoritmo. 18 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Propor algoritmo de cuidado de enfermagem para neonatos portadores de hiperbilirrubinemia submetidos ao tratamento de fototerapia. 3.2 Objetivos Específicos Construir e descrever algoritmo para manuseio dos diferentes tipos de fototerapia disponíveis em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN): Biliberço®, Octofoto®, Bilitron® e Bilispot®; Sistematizar em algoritmo as ações de enfermagem a RN portadores de hiperbilirrubinemia a ser submetido à fototerapia. 19 4 REVISÃO DA LITERATURA 4.1 Considerações gerais sobre a Icterícia ou Hiperbilirrubinemia A icterícia é caracterizada pela coloração amarelada da pele, mucosa e esclera ocular do RN que pode ser detectada quando os níveis séricos de bilirrubina total encontram-se acima de 5-7mg/dl (FERREIRA; NASCIMENTO; VERÍSSIMO, 2009). Anualmente, no Brasil, a icterícia acomete 1,5 milhões de RN, aproximadamente, nos seus primeiros dias de vida, sendo que 250 mil em estado grave, com risco de neurotoxicidade, Kernicterus e óbito (LOPEZ; CAMPOS JUNIOR, 2009). Apesar da maioria dos RN com icterícia serem saudáveis, necessita monitorização, pois a bilirrubina possui efeito potencialmente tóxico para o Sistema Nervoso Central (SNC), decorrente da sua excessiva formação, já que o organismo do neonato não consegue conjugá-la e eliminá-la rapidamente do sangue (NUDELMAN; KAMEI, 2010). Segundo Lopez e Campos Junior (2009), a icterícia é uma patologia bastante comum na primeira semana de vida, acometendo 60% dos RN a termo e 80% dos prematuros tardios e permanecendo por 30 dias ou mais em cerca de 10% dos bebês em aleitamento materno. Alguns autores (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010) referem ainda que é possível determinar as regiões acometidas, quantificando os níveis séricos de Bilirrubina Total Sérica (BTS) no sangue. Quando a coloração amarelada da pele está presente na face e tronco, os níveis séricos de bilirrubina total estão até 12 mg/dl, já níveis acima de 15mg/dl se fazem presentes em pés e mãos. A bilirrubina é um pigmento amarelado que normalmente se encontra em pequena quantidade no organismo, tendo como principal fonte a hemoglobina resultante da quebra dos eritrócitos maduros (SEBBE et al., 2009). Uma pequena proporção é proveniente da destruição prematura da medula óssea ou no baço de eritrócitos recém-formados. A sua concentração na corrente sanguínea é composta 20 de fração direta (conjugada) e indireta (não conjugada) e depende do equilíbrio entre a sua produção e excreção (SEBBE et al., 2009). A hiperbilirrubinemia (aumento excessivo de bilirrubina no sangue) é associada à sobrevida diminuída de grande quantidade de glóbulos vermelhos, ao aumento da circulação êntero-hepática da bilirrubina e a deficiência na conjugação hepática da mesma (ALMEIDA, 2004). Rodrigues, Silveira e Campos (2007) relacionam a hiperbilirrubinemia ainda com as doenças hemolíticas, como a incompatibilidade sanguínea materno-fetal (Rh-ABO), cefalematomas e policetemias. Barrington e Sankaran (2007) destacam também os fatores de risco para hiperbilirrubinemia grave (HG) (valores de BTS≥ 20 mg/dL) como a gestação menor que 38 semanas, irmão anterior com HG, equimoses visíveis, cefalo-hematoma, sexo masculino, idade materna maior que 25 anos, etnia asiática, desidratação, hiperosmolaridade, desconforto respiratório, hidropsia, prematuridade, acidose, hipoalbuminemia, hipoxia e convulsões. Assim, neonatos submetidos a cuidados intensivos podem apresentar associação de fatores que facilitam a impregnação bilirrubínica em nível cerebral, como hipoxemia, acidose, hipotermia, hipoalbunemia, hipercapnia, entre outros (ALMEIDA, 2004). As concentrações elevadas do pigmento atravessam a barreira hemato-encefálica, ocasionando o Kernicterus ou encefalopatia bilirrubínica aguda com sequelas neurológicas (AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, 2004). A hiperbilirrubinemia pode acarretar em consequências graves para o RN tais como: esferocitose, eliptocitose, infecções bacterianas ou virais, hemorragia intracraniana, pulmonar, gastrintestinal, hipotireoidismo congênito, síndrome de Gilbert (NUDELMAN; KAMEI, 2010). Para evitar que a icterícia passe despercebida, dada a importância do seu acompanhamento, Paganini, Ferreira e Galacci (2009) chamam a atenção em sua pesquisa para a compreensão dos profissionais da saúde do risco para hiperbilirrubinemia tardia ser multifatorial, além da necessidade destes adotarem critérios rigorosos para a alta hospitalar, onde os RN após a alta devem ser 21 incentivados ao aleitamento exclusivo, tendo como enfoque a importância do número de mamadas por dia. Facchini et al. (2007) enfatizam, em sua pesquisa, que quanto mais precoce a alta, sem adequado acompanhamento ambulatorial, maior a probabilidade de que icterícias acentuadas passem desapercebidas pelos familiares, os quais não possuem, na maior parte das vezes, habilidade para avaliar esta complicação. Desta forma, um pequeno número de neonatos desenvolverá hiperbilirrubinemias muito importantes que, se não tratadas a tempo, podem evoluir para sequelas graves. 4.2 Tipos de Icterícia Considerando a causa do aparecimento e a época em que surge a icterícia neonatal pode ser classificada em: icterícia fisiológica ou icterícia própria do recém-nascido; icterícias tóxico-infecciosas ou hepatocelulares, icterícias obstrutivas ou pós-hepáticas; icterícia; e icterícia por doença hemolítica do recém-nascido, também chamada de patológica (SILVA; NASCIMENTO, 2006). Geralmente, a icterícia é fisiológica cede nos primeiros dias após o nascimento. No entanto, a equipe de saúde precisa estar atenta, pois o crescimento exagerado dos níveis séricos de bilirrubina pode acarretar complicações para o RN (WATSON, 2009). Segundo Tamez e Silva (2006) a icterícia fisiológica ocorre em RN de termo quando ocorre o aumento de bilirrubina nos primeiros 3 dias até 6-8 mg/dl, estando dentro dos limites fisiológicos se inferior a 12 mg/dl. Já no RN pós-termo ocorre quando o valor máximo de bilirrubina pode ser de 10-12 mg/dl no 5º dia, podendo atingir 15 mg/dl sem nenhuma anomalia no metabolismo. A icterícia hemolítica ou pré-hepática ocorre por uma destruição excessiva de eritrócitos, resultando num aumento do complexo bilirrubina-albumina no sangue, excedendo a capacidade excretora do fígado. O mesmo efeito pode ser causado por outros agentes: bactérias, anticorpos produzidos pelas transfusões de sangue (sangue incompatível) ou durante a gravidez (a incompatibilidade entre o 22 sangue do feto e o da mãe, ou também, em algumas doenças autoimunes (FACCHINI et al., 2007). Já a icterícia obstrutiva ou pós-hepática caracteriza-se por uma obstrução pós-hepática, impedindo o fluxo normal da bile. Retida em qualquer local nas vias biliares, grande parte dela é reabsorvida na corrente sanguínea (TAMEZ; SILVA, 2006). Porém, quando há obstrução dos canalículos biliares por hepatócitos tumefatos; dos ductos por parasitas como os Fascíolas, Cestóides fimbriados (thysanosoma actinioides), ou Ascarídeos; pela compressão dos ductos intrahepáticos pelo tecido fibroso da cirrose biliar; por colangite, em que ocorre tumefação das paredes dos ductos; por cálculos biliares; pela pressão em qualquer parte do sistema ductal por neoplasias, granulomas, ou abscessos; ou pela pressão do edema inflamatório sobre o orifício inclinado do ducto biliar em seu ponto de entrada no duodeno, na papila duodenal, a icterícia se instala (NELSON, 2005). Segundo Leite e Facchini (2004), os prematuros, particularmente, estão mais expostos a essa patologia devido a vários fatores orgânicos, tais como: baixos níveis de albumina; ligação bilirrubina-albumina menos estável; glucuronização hepática reduzida-6; barreira hematoliquórica imatura; a própria hiperbilirrubinemia, ou ainda, a patologias associadas, como asfixia, infecções, hipercarbia e hiperosmolaridade, que aumentam a permeabilidade da barreira e a metabolização da bilirrubina no SNC via oxidação que está pouco desenvolvida nos prematuros. 4.3 Formas de Tratamento Segundo Carvalho (2001), não se pode negligenciar os fatores etiológicos da icterícia antes que a terapêutica seja instituída em RNI. De início é importante que a história obstétrica materna seja analisada, assim como o parto visando a identificação de fatores causadores da hiperbilirrubinemia, tais como drogas maternas utilizadas (diazepínicos, ocitócitos), tipo de parto (fórceps, pélvico, cesáreo), retardo no clampeamento do cordão umbilical, grupo sanguíneo, fator Rh e Coombs materno. A história neonatal deve ser investigada cuidadosamente. 23 Em seguida, é necessário verificar se o RN já eliminou mecônio, se esta eliminação foi precoce ou tardia. Caso o RN esteja sendo amamentado no seio, deve-se verificar como esta amamentação está ocorrendo. Posteriormente, deve-se colher sangue do RN para a análise laboratorial hematológica. Basicamente os exames laboratoriais solicitados são os seguintes: 1) concentração sérica de bilirrubina – total e frações; 2) grupo sanguíneo, fator Rh e Coombs direto; 3) hematócrito ou hemoglobina. Os resultados advindos da análise laboratorial indicarão se a hiperbilirrubinemia é do tipo fisiológico ou patológico (CARVALHO, 2001). Segundo Gomes, Texeira e Barichello (2010) a escolha do tratamento dependerá também de algumas variáveis, como: nível sérico de bilirrubina, peso, co-morbidades associadas, idade cronológica, incompatibilidade sanguínea, idade gestacional e tipo de icterícia. Desta forma, a fototerapia, a exsanguíneotransfusão e a utilização de drogas capazes de acelerar o metabolismo, tais como: metalo-porfirinas inibidoras da heme-oxigenase, fenobarbital e imunoglobulina endovenosa, fazem parte das opções de tratamento para icterícia. A técnica da exsanguíneotransfusão consiste na substituição de 85% das hemácias do sangue para remover o excesso de bilirrubina, que corresponde a duas vezes a volemia do sangue do recém-nascido (CARVALHO, 2001). No entanto, apresenta como complicações o tromboembolismo, enterite necrosante, perfuração vascular, hemorragias, distúrbios eletrolíticos, metabólicos e ácidos-básicos e infecção (WATSON, 2009). Segundo Martínez (2005), a exsanguineotransfusão, historicamente, representa a terapêutica de maior utilização no passado, provavelmente devido a fototerapias ineficazes, aumentando o risco de morbi-mortalidade em tal procedimento, que variava de acordo com os serviços e experiência dos neonatologistas. No tratamento farmacológico, estudos recentes têm demonstrado que o uso da imunoglobulina endovenosa é efetivo na modificação da hiperbilirrubinemia na maioria dos casos de doença hemolítica com Coombs direto positivo. Os barbitúricos podem ser indicados em icterícias prolongadas por carências ou 24 deficiências enzimáticas e nas icterícias colestáticas, isto é, que apresentam taxas de bilirrubina direta entre 8 a 10mg/dl (PETROVA et al., 2006). 4.4 Fototerapia Neonatal A fototerapia é, modernamente, a modalidade terapêutica mais utilizada na hiperbilirrubinemia do RNI, não só, por sua característica não invasiva, mas também pelo alto impacto da luz na diminuição dos níveis de bilirrubina plasmática, independente da maturidade do neonato, presença ou não de hemólise, ou do grau de pigmentação cutânea (FERREIRA; NASCIMENTO; VERISSÍMO, 2009). A fototerapia pode ser empregada de forma profilática, também denominada de precoce, sendo instituída nas primeiras 12 a 24 horas de vida, e terapêutica ou tardia, quando se inicia a partir de um determinado nível de bilirrubinemia (FACCHINI et al., 2007). A fototerapia profilática iniciada precocemente, segundo Watson (2009), evita maiores elevações de bilirrubina sérica, diminuindo a necessidade de exsanguíneotransfusão. Por outro lado, a utilização da fototerapia terapêutica com hiperbilirrubinemia indireta já deflagrada, parece se basear em que a eficácia da fototerapia aumenta quando introduzida com níveis mais altos de bilirrubinemia. No entanto, o ato de expor o RNI à luz não garante o sucesso da fototerapia. Esta terapêutica só deve ser iniciada após anamnese criteriosa e realização de exames laboratoriais, cujos resultados indicarão a escolha correta da fototerapia, cuja efetividade dependerá da intensidade e do comprimento da onda de luz, da área de superfície corporal exposta do RN, da distância entre a fonte e a pele, e da concentração inicial da bilirrubina (GOMES, TEXEIRA; BARICHELLO, 2010). Segundo Ferreira, Nascimento e Veríssimo (2009), a eficácia do tratamento também depende da quantidade de energia emitida pela luz, considerando que a irradiância diminui à medida que se distancia do foco central. A foto-isomerização da bilirrubina acontece quando o comprimento de luz encontra-se na faixa de 400-500nm, que irá variar de acordo com a luz utilizada. A 25 luz do dia e a fluorescente apresentam pico principal entre 550-660nm, a luz azul entre 425-475nm, a luz azul especial entre 420-480nm e a luz verde próximo de 500nm. A intensidade luminosa nesses comprimentos de onda isomeriza a bilirrubina não-conjugada transformando-a em formas hidrossolúveis, no entanto, quanto mais próximo o pico de absorção máxima de bilirrubina, maior a fotodegradação (SILVA; NASCIMENTO, 2006). É importante mencionar, também, que as lâmpadas utilizadas na fototerapia requerem alguns cuidados, tais como: distância ideal, verificar se não estão escurecidas, se acendem, se estão com proteção da placa de acrílico para filtrar os raios ultravioletas e infravermelhos (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010). Devem, essas lâmpadas, serem substituídas quando atingirem o tempo de uso determinado ou quando a irradiância for inferior ao mínimo ideal estabelecido pelo fabricante. 4.5 Tipos de equipamentos utilizados em fototerapia neonatal A fototerapia constitui-se na modalidade terapêutica, frequentemente, utilizada no tratamento de hiperbilirrubinemia neonatal (ROSSI FILHO, 2006, 2007, 2008). Nas últimas décadas, de acordo com Colvero, Colvero e Fiori (2005), houve um aprimoramento das técnicas fototerápicas, aumentando sua eficácia e diminuindo o número de indicações de exsanguineotransfusão. A fototerapêutica da hiperbilirrubinemia iniciou-se com lâmpadas fluorescentes de baixa intensidade, sendo no decorrer do tempo introduzidas as lâmpadas fluorescentes na faixa espectral do azul, seguidas das lâmpadas halógenas e uma variação com fibras ópticas (ROSSI FILHO, 2006). Posteriormente, os leds, diodos emissores de luz, também foram utilizados nas fototerapias, contudo, sua baixa emissão de luz exigem centenas deles para a obtenção de resultado satisfatório. Para resolver tal problema, surgiu o Super Led que passou a possibilitar a construção de equipamentos com poucos leds, tornando-os menores e mais leves (ROSSI FILHO, 2008). 26 Vale ratificar que a fototerapia convencional ou comum é composta por lâmpadas fluorescentes (branca luz do dia, azul, azul especial, verde), que iluminam uma grande superfície corporal, uma vez que as faces anterior e posterior são irradiadas (OSAKU; LOPES, 2003). Nesse tipo de fototerapia encontra-se de 6 a 8 lâmpadas fluorescentes brancas, onde a irradiância mínima é de 4 µw/cm2/nm. Nos aparelhos com lâmpadas azuis, apenas o comprimento de onda atinge 425-475 nm, com irradiância igual a 22 µw/cm2/nm. Nesses aparelhos, a irradiância emitida é 2 a 3 vezes maior do que a observada em aparelhos com lâmpadas brancas (FERREIRA; NASCIMENTO; VERÍSSIMO, 2009). Com o intuito de melhorar a eficácia deste tipo de fototerapia, Carvalho (2001) recomenda posicionar a fonte do aparelho a cerca de 30 cm do RN, conservando sempre a superfície de acrílico da incubadora e a proteção do dispositivo da fototerapia limpos; ainda sugere que se utilize aparelhos com 7 ou 8 lâmpadas e “se substitua duas lâmpadas fluorescentes brancas por azuis”. Também, deve ser continuamente verificada a irradiância emitida pela fototerapia, pelo uso de radiômetro e sempre que possível deixar o RN despido expondo maior superfície corporal e manter a nutrição enteral (CARVALHO, 2001). Outra modalidade de fototerapia é a aquela em que utiliza lâmpadas halógenas, as quais emitem alta irradiância na faixa azul de 25 a 30 µw/cm2/nm e filtros para radiação infravermelha e ultravioleta, no entanto, sua distribuição é irregular, ao contrário da convencional. Suas lâmpadas devem ser trocadas quando a irradiância for menor que 10 µw/cm2/nm (FERREIRA; NASCIMENTO; VERISSIMO, 2009). Uma outra modalidade é a fototerapia de contato que utiliza como fonte geradora uma lâmpada halógena especial e a luz se propaga por meio de um cabo de fibra óptica (OSAKU; LOPES, 2003). De acordo com Maisels (1996), as vantagens desse sistema, são: dispensa a proteção ocular, e, por conseguinte a obstrução nasal; dimensões menores do equipamento; utilização simultânea à amamentação e com a fototerapia convencional, quando se necessita promover queda de bilirrubina rapidamente. 27 Além das modalidades anteriores há a denominada fototerapia de alta intensidade, mais recente, aparecendo na década de 90 com emissão de alta irradiância abrangendo maior superfície corporal, sendo necessárias 16 lâmpadas azuis especiais que emitiam uma irradiância superior a 100 µw/cm2/nm (OSAKU; LOPES, 2003), porém, foi proposta outra modalidade de fototerapia de alta intensidade, o Biliberço® agora com um conjunto de 7 lâmpadas fluorescentes (CARVALHO; LOPES; BARRETO NETTO, 1999). Partindo do pressuposto de que há variabilidade do tipo de aparelho e do tipo de lâmpadas utilizadas, faz-se necessário conhecer as características específicas dos aparelhos para proporcionar ao RN um tratamento eficaz. Antes do uso de qualquer desses equipamentos é necessário efetuar sua limpeza e desinfecção, observar a tensão da rede elétrica onde o equipamento será conectado está de acordo com a que foi indicada pelo fabricante, além de verificar se o “plug” do cabo de alimentação está instalado em uma tomada aterrada, adequar a temperatura ambiente entre 18º e 28º C e observar a presença e funcionamento do fusível de proteção (ROSSI FILHO, 2006, 2007, 2008). Vale destacar que os equipamentos a seguir descritos fazem parte desta pesquisa e são usados na UTIN estudada. 4.5.1 Biliberço® O Biliberço® modelo 006FB da FANEM® (Figura 1) está composto por um conjunto de sete lâmpadas fluorescentes dispostas em um berço de acrílico frequentemente utilizado em berçários e alojamentos conjuntos de tal maneira que a parede acrílica do berço fique a cerca de 3 a 5 cm das lâmpadas irradiantes (CARVALHO; LOPES; BARRETO NETTO, 1999; ROSSI FILHO, 2006). O sistema fototerápico do Biliberço® modelo 006FB dispõe de três tipos de configurações de distribuição de lâmpadas, ou seja, uma com 3 lâmpadas azuis especiais, centrais e 4 lâmpadas brancas luz do dia, sendo um par em cada 28 extremidade do sistema; outra com 7 lâmpadas azuis especiais e a terceira, com 7 lâmpadas brancas luz do dia (ROSSI FILHO, 2006). A irradiância ocorre por um conjunto de lâmpadas cuja luz atravessa luz a parte inferior do berço e atingindo o RN de baixo para cima. O RN fica acomodado em um colchão de silicone medicinal, cuja finalidade é promover maior conforto ao paciente sem interferir, portanto, na irradiação a ser recebida (CARVALHO; LOPES; BARRETO NETTO, 1999). Quando o equipamento possui arco reflexivo, as lâmpadas brancas atingem uma irradiância de 14 a 16 µw/cm2/nm e as lâmpadas azuis, de 18 a 22 µw/cm2/nm e a irradiância diminui, variando, nas lâmpadas brancas, de 11 a 14 µw/cm2/nm e depois nas lâmpadas Az, de 15 a 19 µw/cm2/nm se o aparelho não possuir arco reflexivo (ROSSI FILHO, 2006). O Biliberço® também é munido de um de sistema de segurança para os casos de possível falta de circulação de ar e superaquecimento (39ºC) do colchão ou, ainda, na obstrução dos ventiladores. Em qualquer um dos casos o funcionamento é interrompido e é acionado um alarme áudio visual (ROSSI FILHO, 2006). Figura 1 - Aparelho de fototerapia do tipo Biliberço®. Fonte: Multimed (2008). 29 4.5.2 Octofoto® O Octofoto 006-OFL® da FANEM® (Figura 2) possui uma chapa de aço, cujas bordas apresentam acabamento de tinta texturizada em epóxi®, o sistema refletor é de material plástico moldado e acoplado em pedestal em “forma de “T” com rodízios giratórios de 2”, que facilita a movimentação e com altura variável e ajustável por travamento por meio de um sistema de pinça (ROSSI FILHO, 2007). Seu sistema refletor permite que as lâmpadas estejam configuradas da seguinte forma: oito lâmpadas fluorescentes azuis; 1 branca / 6 azuis / 1 branca e; 2 brancas / 4 azuis / 2 brancas de 20 W cada, cobertas por uma lâmina acrílica deslizante (ROSSI FILHO, 2007). A configuração deste equipamento com apenas lâmpadas fluorescentes azuis oferece uma irradiância de 18 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 0,40 cm e de 14 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 0,50 cm (ROSSI FILHO, 2007). Quando for provido de lâmpadas brancas e azuis dispostas em branca (1) seguida de azuis (6) e branca (1), sua irradiância passa a ser de 15 µw/cm2/nm (±10%) e de 11 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 0,40 e 0,50cm, respectivamente. Na configuração 2 brancas / 4 azuis / 2 brancas, a irradiância é de 13 µw/cm2/nm (±10%) e de 10 µw/cm2/nm (±10%), no entanto, as distâncias não variam (ROSSI FILHO, 2007). Figura 2 - Aparelho de fototerapia do tipo Octofoto®. Fonte: Medwow (2012). 30 Figura 3 - Aparelho de fototerapia do tipo Octofoto®. Fonte: Fanem (2012) 4.5.3. Bilispot® Bilispot® modelo 006BP FANEM® (Figuras 4 e 5) é o primeiro equipamento do tipo holofote fabricado no Brasil. Composto de um tubo metálico articulado a uma coluna que permite mudança angulares da incidência do feixe luminoso, ao mesmo tempo em que facilita sua aproximação e afastamento do paciente (FACCHINI, 2001). Este equipamento é provido de lâmpada halógena que gera energia radiante projetada como um feixe luminoso depois de filtrado incide sobre o RN (holofotes ou spotlights), também, a luz pode ser emitida por meio grupo de fibras ópticas até um difusor (mantas ópticas) que atingirá a pele do RN (FACCHINI, 2001). Com lâmpadas capazes de uma irradiância de 20 a 32 µw/cm²/nm ± 10% a uma distância de 0,50 cm, resfriadas por um ventilador localizado ao lado delas, o que aumenta sua expectativa de vida (ROSSI FILHO, 2006). 31 Figura 4 - Aparelho de Fototerapia do tipo Bilispot®. Fonte: SP Labor.(2011). Figura 5 - Aparelho de Fototerapia do tipo Bilispot® acoplado à incubadora. Fonte: http://www.fotolog.com.br/oprematuro/4789900/ 32 4.5.4. Bilitron® O Bilitron® da FANEM® (Figuras 6 e 7) já apresenta uma tecnologia baseada em cápsulas (5) “Super Led, um display alfanumérico e um teclado para programação das funções" (ROSSI FILHO, 2008). Este equipamento pode ser montado em três diferentes configurações: o Bilitron® 3006 BTI, o BTB e BTP, utilizados tanto para berços aquecidos como em haste móvel (MARTINS; CARVALHO, 2006; ROSSI FILHO, 2008). Seu espectro luminoso apresenta curva de irradiância de 400 a 500 nm na faixa do ultravioleta e infravermelho, cujo componente eletrônico com irradiação centrado no espectro de 450 nm. Seu consumo de energia elétrica é pequeno, pois reaproveita toda luz produzida para o tratamento (MARTINS; CARVALHO, 2006). O Bilitron® (Figuras 6 e 7) fornece um feixe de luz com intensidade média de 30 µw/cm²/nm a uma distância de 0,50 cm da fonte em seu ponto mais intenso (MARTINS; CARVALHO, 2006). Na distância de 0,30 cm, a irradiância chega a 40 µw/cm²/nm ± 10% (ROSSI FILHO, 2008). A vida média de uma lâmpada Super Led varia de acordo com os autores, assim, para Rossi Filho (2008), a expectativa média dessa lâmpada chega a cerca de 20.000 horas, no entanto para Martins e Carvalho (2006), pode durar até 50.000 horas. Contudo, são unânimes em afirmar a importância de observar as instruções do fabricante em relação às lâmpadas e que seja feito um acompanhamento da sua irradiância constantemente (MARTINS; CARVALHO, 2006; ROSSI FILHO, 2008). 33 Figura 6 - Aparelho de fototerapia do tipo Bilitron®. Fonte: Fanem (2012) Figura 7 - Aparelho de fototerapia do tipo Bilitron®. Fonte: Fanem (2012) 4.6 Cuidados de enfermagem ao RN portador de Hiperbilirrubinemia A submissão do RN à fototerapia gera uma interrupção no vínculo afetivo mãe-filho, pois é um tratamento que exige cuidados e orientações específicos para quem cuida e, especialmente às mães, que são co-participantes de extrema importância nos cuidados do RN (RODRIGUES; SILVEIRA; CAMPOS, 2007). 34 Neste sentido, segundo Campos e Cardoso (2004), o papel do enfermeiro no relacionamento interpessoal com a mãe é de suma importância e é uma das suas competências profissionais, informá-las. Ainda, afirmam que o enfermeiro deve desempenhar suas funções embasando-se no seu perfil profissional e, porém, “sem perder a ternura e a docilidade”. Gomes, Teixeira e Barichello (2010) corroboram a assertiva anterior e acrescentam que o RN submetido à fototerapia requer cuidados especiais de equipe multiprofissional e o enfermeiro, por ser o elo dessa equipe, é responsável pelo cuidado nas 24 horas, devendo ser capacitado para diagnosticar as intercorrências e intervir com rapidez e eficiência. Portanto, todos os profissionais de saúde que manuseiam a fototerapia devem estar familiarizados com as normas, rotinas existentes e funcionamento dos equipamentos, conscientizados da necessidade de sua aderência a elas e habilitados para aplicá-las, além de avaliar regularmente a eficiência e eficácia dessa modalidade terapêutica (VIEIRA et al., 2004). Alguns dos cuidados necessários durante o tratamento do RNI são: manter o RN despido e com proteção ocular; realizar mudança de decúbito; realizar balanço hídrico; observar eliminações; verificar irradiância; realizar controle de temperatura e observar alterações na pele devido ao risco de queimaduras (ABREU; NASCIMENTO, 2008). Para Silva e Nascimento (2006), deve-se, também, fazer limpeza e lubrificação ocular três vezes ao dia; não usar óleos, cremes e loções para evitar queimaduras e pesar o RN diariamente. Além desses cuidados, Rosa e Furlanetto (2012) referem que os profissionais devem incentivar a amamentação e verificar se os sinais de hiperbilirrubinemia diminuem e/ou desaparecem. Deve-se, ainda, avaliar as condições de hidratação, observar e registrar eventos adversos e prevenir complicações (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010). Em relação à vestimenta do RN durante a fototerapia, alguns estudos divergem quanto à utilização ou não da fralda. Carvalho (2001) e Colvero, Colvero e Fiori (2005) relatam que a área da superfície corporal do bebê exposta à luz tem correlação direta com a eficácia da fototerapia, devendo-se, portanto, evitar o uso de 35 fraldas, pois estas diminuem a superfície corporal exposta, reduzindo, consequentemente, a eficácia do tratamento. Corroborando o exposto, Vieira et al., (2004) constataram em seu estudo que a maioria dos profissionais não recomenda a utilização de fraldas, porém, ainda existem aqueles que a recomendam de rotina, devido à proteção das gônadas. Quanto à proteção ocular, esta é importante, pois o contato dos olhos com os raios luminosos emitidos pelo equipamento da fototerapia podem ocasionar ressecamento da córnea e favorecer o descolamento da retina (OLIVEIRA et al., 2011). De acordo com Kenner (2001), a proteção ocular deve ser realizada colocando-se uma máscara opaca e adequada sobre os olhos do RN, sem que esta não prejudique a circulação ou pressione o globo ocular do RN. Oliveira et al., (2011) complementam dizendo que é necessário, durante a inserção dos óculos, que o profissional verifique se os olhos do neonato estão fechados, evitando possíveis escoriações e estresse do RN. A cada turno, a proteção deverá ser retirada para higiene ocular com soro fisiológico (MARTÍNEZ et al., 2011). Além disso, pode-se retirá-la durante a amamentação, banho, troca de fraldas e visitas para promover o contato visual e a interação entre os pais e o RN (ABREU; NASCIMENTO, 2008). Cardoso, Lúcio e Campos (2002) constataram em sua pesquisa que na Neonatologia, os cuidados do enfermeiro com a visão do RN a exemplo do exame ocular externo e da estimulação visual são estratégias eficazes para a investigação e detecção precoce de fatores dos quais possam advir problemas oculares, sempre assegurando a relação empática com os pais do neonato. A respeito da mudança de decúbito, esta é considerada um cuidado de enfermagem de fácil realização e de extrema importância, pois se acredita que a manutenção da posição do RN contribui com o bronzeamento ou hiperaquecimento, aumentando o risco de queimaduras (PEREIRA; CARVALHO; BORGES, 2009). Segundo Rosa e Furlanetto (2012), a mudança de decúbito previne complicações, mantendo a integridade da pele e evitando o superaquecimento. 36 Colvero, Colvero e Fiori (2005) afirmam que o RN deverá ser mudado de decúbito, idealmente, a cada duas horas para aumentar a área de exposição. Para Kenner (2001), esta mudança também alivia a pressão sobre os joelhos, quadris e outras articulações, devendo ser realizada sempre que necessário, muitas vezes, antes de 2h. Quanto à necessidade de verificar a temperatura do RN durante a fototerapia, este cuidado deve ser rigoroso, pois os aparelhos fototerápicos podem elevar a temperatura do corpo do RN a níveis indesejados (ROSSI FILHO; 2006, 2007, 2008). A respeito do intervalo de tempo para aferição da temperatura há divergência entre alguns autores. Enquanto Cloherty e Stark (1993), Campos e Cardoso (2004) e Tamez e Silva (2009) indicam que a temperatura deve ser aferida, preferencialmente, na região axilar, a cada 2 horas, Gomes, Teixeira e Barichello (2010) afirmam que ela deve ser verificada a cada 2-4 horas e Simões (2002) descreve que o controle da temperatura deve ser realizado a cada 4 horas ou em intervalos menores, caso seja necessário. Ressalva-se, portanto, diante da importância dessa verificação para a saúde do neonato que a mesma deve ser aferida a cada 2 horas, identificando possíveis alterações térmicas, que poderão sofrer intervenção com mais rapidez, permitindo, assim, uma assistência adequada ao RN. É aconselhado que a verificação seja realizada com o aparelho desligado e com o RN fora do aparelho para evitar erros (OLIVEIRA et al., 2011). Em relação às condições de hidratação, deve-se realizar e registrar balanço hídrico, pesar, avaliar e registrar turgor cutâneo e mucosas, aspecto e quantidade das eliminações fisiológicas e característica das fontanelas (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010). É importante essa avaliação, pois o RN submetido à fototerapia tem risco em desenvolver desidratação, em consequência das perdas insensíveis e diarreia (TAMEZ; SILVA, 2009). Segundo Salgado et al. (2009), a desidratação pode ser classificada em ligeira, moderada e grave, podendo a criança apresentar apatia, irritabilidade, letargia, coma, mucosas secas, pulso diminuído, frequência cardíaca aumentada, respiração profunda, taquipneia, tensão arterial baixa, fontanela deprimida, turgor 37 cutâneo diminuído, olhos encovados, lágrimas diminuídas ou ausentes, extremidades quentes ou frias, débito urinário diminuído ou ausente e sede moderada ou intensa. Para manter uma criança nutrida e hidratada, Simões (2002) diz que o aleitamento materno deve ser estimulado. É necessário que o profissional ajude a mãe na técnica do aleitamento, incentive o aumento da frequência das mamadas de pelo menos oito vezes por dia e certifique-se que o RN toma a quantidade prevista na alimentação artificial (MARTÍNEZ et al., 2011). Caso o RN esteja demasiadamente ictérico e a causa da icterícia for o aleitamento, Cloherty e Stark (1993) relatam que a amamentação deve ser suspensa temporariamente até que os níveis de bilirrubina se normalizem. Durante este período, o RN deverá ser alimentado com fórmula apropriada. Quanto à observação e registro de eventos adversos e prevenção de complicações, é importante que o profissional de enfermagem realize esse cuidado, porque o RN exposto à fototerapia pode apresentar algumas alterações que devem ser prevenidas e detectadas precocemente pela equipe de enfermagem, de forma a proporcionar resultados efetivos e garantindo a eficácia no tratamento. Apesar de seus efeitos benéficos no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal, a fototerapia não é isenta de riscos. Há algumas complicações do seu uso, embora, de menor importância se comparadas àquelas que o neonato apresentaria sem o seu uso, como: a perda insensível de água, o aumento do número de evacuações, alterações das hemácias, letargia, eritemas, diminuição da velocidade do crescimento na 2ª infância, bronzeamento, queimaduras e possibilidade de lesão na retina (CAMPOS; CARDOSO, 2004). Gomes, Teixeira e Barichello (2010) acrescentam outras reações do RN exposto à luz: diarreia; suscetibilidade à hipertermia e à hipotermia devido à exposição direta da fonte de calor ou falta de aquecimento quando em berço comum ou biliberço; erupções cutâneas e eritema; escurecimento da pele chamada de síndrome do bebê bronzeado; queimaduras; hemólise leve; plaquetopenia e danos retinianos. 38 Outras complicações foram mencionadas no estudo de Colovero, Colvero e Fiori (2005): genotoxicidade; instabilidade térmica; rash cutâneo; hipocalcemia; distensão abdominal; aumento da frequência respiratória e cardíaca; irritabilidade e aerofagia devido à oclusão dos olhos. Campos e Cardoso (2004) identificaram em sua pesquisa efeitos adversos também nas mães dos RN, as quais se demonstraram perturbadas ao ver a criança em fototerapia, particularmente pela oclusão ocular. O tratamento pode, ainda, interferir no processo de ligação da díade mãe-filho, quebrando o vínculo e gerando ansiedade. 4.7 Algoritmo e Fluxograma Os algoritmos fazem parte do cotidiano dos indivíduos, podendo ser encontrados, em uma simples receitas de culinária, como em instruções para o uso de medicamentos, manuais de aparelhos eletrônicos, entre outros. Segundo o dicionário Instituto Antonio Houaiss (2009), algoritmo é um “conjunto de regras e procedimentos lógicos perfeitamente definidos que levam à solução de um problema em um número de etapas”. Sendo algoritmo uma “sequência finita de instruções bem definidas e não ambíguas, cada uma das quais pode ser executada mecanicamente num período de tempo finito e com uma quantidade de esforço finita”, seu passo-a-passo deve ser organizado de maneira clara e simples, porém, muito bem definido (RAHIMI; VIMARLUND, 2007) transcrito em um fluxograma que facilita sua visualização. Para a construção de um algoritmo é necessário dividir o problema em três fases fundamentais: entrada, processamento (passos utilizados para chegar ao resultado final) e saída. Essas fases, como foi dito, devem ser simples e objetivas, garantindo que sempre que executado, sob as mesmas condições, alcance o mesmo resultado (CHASE, 2012). Dentre as formas de representação de algoritmos, destacam-se três: a descrição narrativa, o pseudocódigo e o fluxograma convencional (CHASE, 2012). A 39 descrição narrativa expressa os algoritmos em linguagem natural, por exemplo, o passo-a-passo de como desempenhar uma tarefa. O pseudocódigo é uma técnica baseada em uma PDL – “Program Design Language”, que tem por finalidade mostrar uma notação para elaboração de algoritmos em uma linguagem computacional (CHASE, 2012). O fluxograma é a representação gráfica de um processo ou uma sequência de passos necessários para a execução de um processo ou algoritmo qualquer. Em um fluxograma os passos são representados por formas geométricas unidas por setas, permitindo uma visualização global do processo de resolução do problema (PIVA JUNIOR et al., 2011). Utilizam-se setas que são representantes de força, orientação e sentido a ser seguido nas suas origens e que revelam um processo hierárquico na tomada de decisões por quem utiliza esse recurso (RAHIMI; VIMARLUND, 2007). De acordo com Chiavenato (2007), os fluxogramas assumem formas de vários tipos: vertical, horizontal e de blocos. O fluxograma vertical ou gráfico de análise de processo é utilizado para descrever os procedimentos realizados por vários indivíduos que desempenham diferentes tarefas ou para expor a rotina de uma única pessoa (CHIAVENATO, 2007; HOYT, 2009). Utilizando linhas e colunas representativas das atividades, dos funcionários, das tarefas executadas, o espaço percorrido para execução e o tempo despendido. O fluxograma horizontal destaca os procedimentos realizados por muitas pessoas, permitindo a visualização da tarefa a ser realizada por cada indivíduo e a comparação da distribuição das tarefas entre os envolvidos para uma possível redistribuição (CHIAVENATO, 2007; HOYT, 2009). O fluxograma em blocos baseiase em uma sequência de blocos encadeados entre si, que apresentam significados próprios. Geralmente, os analistas de sistemas utilizam esse tipo de fluxograma para representar graficamente o fluxo ou sequência das atividades de um sistema qualquer (CHIAVENATO, 2007). Além desses três tipos, Chiavenato (2004) também cita como tipo de fluxograma, a lista de verificação ou check-list, que constitui uma lista de itens que devem, obrigatoriamente, ser considerados em uma rotina de trabalho. Serve como 40 roteiro de todos os passos de uma tarefa sem omissão de qualquer detalhe que possa prejudicar sua realização. É utilizada, frequentemente, em situações de emergência, nos hospitais, oficinas de automóveis e em todas as operações em que todos os detalhes envolvidos no processo são importantes para obtenção do resultado final. Uma das vantagens dos algoritmos é facilitar que os objetivos sejam alcançados rapidamente e mostram-se eficazes e pragmáticos se utilizados como ferramentas para a execução de atividades específicas (SHORTLIFFE, 2006). Os principais elementos de um fluxograma são descritos no quadro a seguir: ELEMENTO (signo) SIGNIFICADO E UTILIZAÇÃO Terminal: demarca os pontos de início e fim de um algoritmo. Entrada ou saída de dados: mostra dados trocados fornecidos) entre (recebidos o algoritmo ou e o ambiente externo. Fluxo: indica o sentido (direção) dos passos do algoritmo. Processo: um passo (operação) do algoritmo. Condição: indica uma situação na qual o algoritmo deve seguir em uma ou outra direção, conforme o resultado de uma condição. Fonte: PIVA JUNIOR, et al., 2011. 41 5 METODOLOGIA O estudo foi realizado em dois momentos. No primeiro momento realizouse um levantamento na literatura nacional e internacional sobre a fototerapia na icterícia neonatal. Além da aquisição dos manuais dos diferentes tipos de equipamentos fototerápicos: Biliberço®, Octofoto®, Bilispot® e Bilitron® disponíveis em uma UTIN de uma cidade do interior do estado do Maranhão utilizados para o tratamento de tal patologia. O levantamento foi realizado mediante uma leitura exploratória, catalogação e organização dos dados relacionados aos objetivos, com posterior análise descritiva visando à caracterização dos diferentes tipos de equipamentos eletromédicos fototerápicos, no período compreendido entre setembro a dezembro de 2012. No segundo momento, janeiro a abril de 2013, foi realizado a proposta do algoritmo de cuidado de enfermagem a neonato portador de hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia, que foi construído abordando primeiramente a descrição das principais características e especificações técnicas de cada equipamento fototerápico (Figuras 8, 9, 10 e 11) referidas nos manuais e na literatura científica, finalizando com o algoritmo de cuidados de enfermagem prestados ao RNI (Figura 12). Os algoritmos que seguem foram desenvolvidos como um recurso visual para mostrar o fluxo dos procedimentos necessários para o correto manuseio e aplicação da fototerapia no RNI. 5.1 Proposta dos algoritmos de manuseio de equipamentos para o tratamento da hiperbilirrubinemia Para a utilização do equipamento deve-se realizar a limpeza e desinfecção com produtos à base de Quaternário de Amônia, conforme 42 recomendação do fabricante. Também é indicada a higienização quando o aparelho estiver fora de uso, ou quando o RN recebe alta médica. Devem-se considerar os procedimentos adotados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Em seguida, conectar o aparelho a rede de energia adequada, de acordo com as especificações de cada local e condições elétricas de tensão e potência indicadas. O plug do cabo de alimentação instalado deverá estar em tomada aterrada, caso contrário o equipamento não deverá ser ligado. Também não é permitida a utilização de extensões ou tomadas múltiplas. Proceder conectando o fusível de proteção e verificando sua funcionalidade. Caso apresente defeito deverá ser substituído. Estando apto a funcionar, a próxima etapa será a verificação das lâmpadas. Não se admite a utilização de lâmpadas que não sejam as originais, sob o risco de alteração dos níveis de irradiância e temperatura determinada para o equipamento. 5.1.1 Biliberço ® O Biliberço® (Figura 8) deverá apresentar 7 lâmpadas fluorescentes de 20 W para então ser ligado. A chave geral localiza-se na parte traseira do equipamento. Após ligá-lo, verificar se as lâmpadas acenderam corretamente. Se sim, adequar a temperatura entre 18 e 28ºC. O radiômetro deverá ser utilizado para checar e assegurar a correta condição de radiação da lâmpada. Quando o Biliberço® encontra-se com o arco refletivo para evitar a dissipação da luz, a irradiância das lâmpadas brancas encontra-se entre 14 a 16µw/cm²/nm, já as lâmpadas azuis entre 18 a 22µw/cm²/nm. Sem o arco refletivo a irradiância cai para 11 a 14µw/cm²/nm e 15 a 19µw/cm²/nm, respectivamente. No entanto, se as lâmpadas não acenderam considerar as seguintes possibilidades: apresenta pontas escurecidas ou oscilação? Se sim, trocar lâmpadas e retomar a etapa de adequação da temperatura. A instalação incorreta das lâmpadas também pode ser uma condição que não permitiu a sua funcionalidade. Proceder então com a retirada do berço de acrílico, em seguida soltar os parafusos da lâmina sobre a lâmpada e fazer a retirada, girar cuidadosamente a lâmpada que não acendeu até que ela acenda. Retornar então a lâmina de acrílico à posição inicial e fixar os parafusos. Após correção, retomar também a etapa de adequação da temperatura e proceder ao fluxo. Assim, o 43 aparelho estará em plena condição de receber o RN, que então será colocado sobre o colchão de silicone e exposto à luz. Figura 8 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Biliberço® 44 5.1.2 Octofoto ® O Octofoto® (Figura 9) deverá apresentar 8 lâmpadas fluorescentes de 20 W para então ser ligado. A chave geral localiza-se na parte traseira do refletor. Após o equipamento ser ligado, verificar se as lâmpadas acenderam corretamente. Se sim, adequar o equipamento a temperatura ambiente, entre 18 e 28º C. A irradiância deverá ser verificada utilizando-se um radiômetro, de forma a garantir a radiação mínima de 4µw/cm²/nm no centro do foco luminoso. As lâmpadas podem apresentarse em 3 configurações: 8 azuis ou 1 branca/6 azuis/1 branca ou 2 brancas/4 azuis/2 brancas. Cada configuração apresentará uma irradiância para uma determinada distância. Na utilização das 8 lâmpadas azuis, termos uma irradiância de 18 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 40 cm e de 14 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 50 cm. Quando a configuração apresentar-se como 1branca/6azuis/1branca, a irradiância será de 15 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 40 cm e, quando colocada a 50 cm, será de 11 µw/cm2/nm (±10%). As lâmpadas dispostas como 2 brancas/4 azuis/2 brancas apresentará irradiância de 13 µw/cm2/nm (±10%) e de 10 µw/cm2/nm (±10%) a uma distância de 40cm e 50cm, respectivamente. Já, quando as lâmpadas não acendem deve-se verificar se estão perfeitamente instaladas ou se apresentam pontas escurecidas e/ou oscilação, indicando estarem queimadas. Para verificar a instalação deve-se remover o protetor de acrílico inferior, deslizando-o para frente; girar, então, cuidadosamente a lâmpada que não acendeu até que ela acenda. Posteriormente, retornar o protetor para a posição inicial. O mesmo procedimento deverá ser realizado para efetuar a troca das lâmpadas quando se apresentam escurecidas e/ou oscilando. Após os ajustes retomar o fluxo dos procedimentos. Posicionar então a fototerapia sobre o RN, ajustando-a conforme o local onde esteja acomodado. 45 Figura 9 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico 006-OFL Octofoto® 46 5.1.3 Bilispot® O Bilispot® (Figura 10) deverá apresentar 1 lâmpada halógena de 75 W para que seja ligada a chave geral na parte traseira do aparelho. Após procedimento, verificar se a lâmpada acendeu. Se sim, adequar o equipamento a uma temperatura entre 18 e 28 ºC. Utilizar, então, um radiômetro para verificar a irradiância emitida. O Bilispot® emite uma irradiância no centro luminoso do foco elíptico de 20 a 32 µw/cm2/nm (±10%) na distância de 50 cm. Lembrar que o mesmo não poderá ser utilizado a uma distância inferior a 40 cm, pois o foco de luz deverá incidir sobre o tronco e raiz das coxas do RN. Quando a lâmpada não acende, considerar 2 possibilidades: encontra-se queimada ou não está conectada corretamente. Diante de tal situação deve-se realizar a troca ou a inspeção da conexão. Através do parafuso localizado na parte traseira do aparelho abrir a porta de acesso e puxar a lâmpada para cima, desconectar então o soquete e retirar a trava da lâmpada para efetuar sua substituição ou ajuste. Restabelecer o fluxo das etapas, finalizando com o posicionamento da fototerapia onde se encontra o RN. É fundamental ajustar a altura e o ângulo de incidência da luz sobre o paciente. 47 Figura 10 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Bilispot® 006-BP e 006BB 5.1.3 48 5.1.4 Bilitron® O Bilitron® deverá conter um módulo com 5 Super Leds para que seja então ligado. A chave localiza-se na parte lateral do equipamento. Prosseguir verificando se as lâmpadas acenderam. Se sim, adequar o aparelho a temperatura ambiente, entre 18 e 28 ºC. Os Superleds emitem uma irradiância de 40 µw/cm2/nm (±10%) a uma distância de 30 cm, que será verificada utilizando-se o radiômetro. Não deverá ser utilizado a uma distância inferior a 30 cm. Caso alguma lâmpada não acenda deve-se verificar a conexão e conectá-la corretamente. A outra possibilidade é que esteja queimada. Para realizar a troca por uma nova, o módulo fonte deve ser substituído. O procedimento consiste em soltar o parafuso da tampa, abri-la pressionando a trava e em seguida remover o módulo fonte, desconectando o cabo do soquete. Em seguida prosseguir com o fluxo e finalizar expondo o RN à luz, posicionando a fototerapia ao local onde ele se encontra. 49 Figura 11 - Algoritmo para manuseio do equipamento fototerápico Bilitron® 3006 50 5.2 Proposta do algoritmo de cuidados de enfermagem a neonato portador de hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia Após a realização da anamnese, exame físico, exame laboratorial, diagnóstico e prescrição de fototerapia para o neonato, o enfermeiro deverá retirar a vestimenta do RN para aumentar a superfície corporal que será exposta à luz. Posteriormente, devem-se fechar os olhos do RN e colocar uma proteção ocular opaca e específica, ajustando o protetor para que não cause lesões na retina. Os olhos devem ser higienizados com soro fisiológico uma vez por turno, sendo, nesse momento, avaliados em busca de secreções e possíveis lesões. A proteção ocular pode ser retirada durante a amamentação, banho e visitas, não podendo o RN permanecer mais de 30 minutos fora da fototerapia. A mudança de decúbito deve ser realizada a cada 2 horas para aumentar a área de exposição, manter a pele íntegra e prevenir complicações, evitando o superaquecimento, que aumenta o risco de queimaduras. Dosar bilirrubina total e frações com Bilicheck® a cada 6 horas, buscando detectar aumento de seu nível sérico, visto que, a bilirrubina possui um efeito tóxico para o SNC e pode causar graves consequências para o RN, como esferocitose, eliptocitose, infecções bacterianas ou virais, hemorragia intracraniana, pulmonar, gastrintestinal, hipotireoidismo congênito e síndrome de Gilbert. Ademais, a quantificação dos níveis séricos de bilirrubina auxiliará na avaliação da resposta do RNI ao tratamento. Verificar a temperatura axilar de 2 em 2 horas, identificando possível hipertermia, permitindo, assim, intervenção com mais rapidez. Verificar os sinais vitais (FR, FC e PA) a cada 6 horas. Avaliar as condições de hidratação, através do registro do balanço hídrico a cada 6 horas, peso do RN, avaliação do turgor cutâneo e mucosas, aspecto e quantidade de eliminações fisiológicas e características das fontanelas. A verificação de sinais vitais também é importante na avaliação da hidratação do RN. A diminuição do turgor cutâneo, afundamento dos olhos e fontanelas, taquicardia, ressecamento das mucosas e diminuição da diurese são sinais de desidratação, sendo necessária intervenção na presença de um ou mais sinais. A amamentação, caso não haja restrição, pode ser utilizada na hidratação do RN, devendo-se, portanto, assegurar a ingesta adequada, incentivando o aleitamento materno, ajudando a mãe na técnica correta e aumentando a frequência da amamentação de pelo menos 8 vezes por dia. Caso o neonato esteja recebendo alimentação artificial, deve-se certificar que o RN está 51 tomando a quantidade prevista. O enfermeiro durante todo o tratamento deve observar e registrar os eventos adversos, como aumento da perda hídrica insensível, exantema máculo-papular, aumento do número de evacuações com fezes amolecidas e esverdeadas, erupções cutâneas, hipertermia, bronzeamento, hipocalcemia, deficiência de riboflavina, irritação na pele e possível lesão na retina e, prevenir possíveis complicações, por exemplo, genotoxicidade, alteração das hemácias, letargia, eritema, queimaduras, efeitos no relacionamento mãe-RN, instabilidade térmica, "rash" cutâneo, hipocalcemia, distensão abdominal, aumento da frequência respiratória e cardíaca, irritabilidade ocular e aerofagia. A detecção precoce desses efeitos adversos e complicações permitirá a rápida intervenção do profissional, permitindo o reestabelecimento do RN de forma eficaz. 52 Figura 12 - Algoritmo de cuidados de enfermagem ao RN portador de Hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia. 53 6 DISCUSSÃO A fototerapia constitui-se na modalidade terapêutica mais utilizada mundialmente, no tratamento da icterícia neonatal. Assim, o conhecimento dos cuidados com o aparelho fototerápico, como o tipo de lâmpada utilizada, a distância adequada entre o RN e a fonte de luz, e o monitoramento da irradiância, bem como o conhecimento acerca dos cuidados ao neonato devem ser uma busca constante da equipe de enfermagem, que necessita ter informações e respaldo técnico e científico na assistência ofertada ao paciente em tratamento. Submeter o RN a uma fototerapia que não atenda todos os parâmetros adequadamente tornará o tratamento ineficaz, interferindo na boa evolução do neonato e, consequentemente, prolongando o seu tempo de internação, podendo colocá-lo em risco de sequelas. Carvalho, Lins e Lopes (1992) ressalta que a eficácia da fototerapia está diretamente relacionada à irradiância emitida por um aparelho fototerápico. No entanto, mesmo que a medição da irradiância seja de suma importância, esta prática não é muito realizada no Brasil. Nesse sentido, Mims et al. (1973) destacam a importância em se verificar a quantidade de energia emitida pelas lâmpadas dos aparelhos, para se ter garantia de sua efetividade terapêutica. Entretanto, de acordo com Carvalho e Lopes (1991), os fotodosímetros utilizados na medição da irradiância, apenas foram lançados no mercado nacional em 1989 e, atualmente, são poucos os serviços que possuem tal tecnologia. Realidade esta constatada, também, por Kliemann e Nohama (2001), que ao realizarem um estudo em onze maternidades de Curitiba-PR, observaram que a maioria dos hospitais não possuía o radiômetro. Além da falta de radiômetros para a medição da efetividade da luz emitida, outros fatores, também, são responsáveis pela baixa irradiância nos aparelhos de fototerapia. Dentre eles, destacam-se: a baixa irradiância emitida pelas lâmpadas fluorescentes brancas produzidas no Brasil; a não substituição das lâmpadas após determinado tempo de uso; a distância muito grande entre as 54 lâmpadas e o RN; o desconhecimento dos vários tipos de lâmpadas e o correto uso dos aparelhos fototerápicos pelos profissionais de saúde (KLIEMANN; NOHAMA, 2001). As lâmpadas fluorescentes brancas produzidas no Brasil apresentam, em média, 5.100 ºK. Essa temperatura de cor aparente é mais baixa, ou seja, emitem menos irradiância na faixa azul (400-480 nm), que os 6.500 ºK encontradas nas lâmpadas produzidas em outros países, logo são mais azuladas. Essa baixa radiância emitida pelas lâmpadas brasileiras interfere diretamente na recuperação do RN (LINS; CARVALHO; LOPES, 1992; KLIEMANN; NOHAMA, 2001). Levando-se em conta que as lâmpadas nacionais não são tão eficazes que as importadas, os RN que as utilizam no tratamento fototerápico tendem a permanecer mais tempo em fototerapia, ficando internado por um maior período, o que resultará no aumento dos custos de internação, além de elevar o risco de infecção e repercutir psicologicamente nos pais desses neonatos, que ficarão distantes de seu filho podendo interferir na recuperação deste, pois o vínculo paisfilho, em qualquer tratamento, é necessário para uma melhor evolução do quadro patológico. No que concerne à verificação da irradiância emitida pelas lâmpadas, a equipe de enfermagem tem um papel substancial na verificação correta da irradiância, devendo, portanto, realizar essa atividade periodicamente. Este cuidado básico levará a melhores respostas dos RN ao tratamento fototerápico. Os profissionais de enfermagem devem estar consciente acerca da importância da verificação da irradiância para o tratamento do RN e que esta não necessita está prescrita pelo médico, devendo fazer parte da rotina do profissional de enfermagem. Além disso, a equipe necessita conhecer os valores da irradiância para cada tipo de aparelho (BERVIAN; DEBIASI, 2009). Vieira e Fontoura (2007) ressaltam que é importante verificar a irradiância antes de utilizar o aparelho fototerápico pela primeira vez, uma vez a cada turno de trabalho e quando o aparelho está em uso e, sempre que o tratamento com o aparelho for encerrado. 55 Essa verificação é necessária, pois se a fototerapia estiver em doses subterapêuticas, o RN poderá ficar por mais tempo internado, além de aumentar o número de infecções cruzadas e de representar um maior sofrimento para os pais (BASSEGIO; SCHACKER, 2005; BERVIAN; DEBIASI, 2009). A equipe de enfermagem, a partir do momento que observa que os valores da irradiância não estão adequados, poderá intervir oferecendo uma dose terapêutica suficiente ao RNI. Para que a equipe de enfermagem possa realizar essa avaliação, deve-se ressaltar que qualquer equipamento eletromédico ao ser introduzido para o cuidar, previamente, os profissionais devem ser habilitados para manuseá-lo, porém, nem sempre esse procedimento é praticado (VIEIRA; FONTOURA, 2007). Dessa forma, o objetivo deste estudo visou facilitar o manuseio dos equipamentos aqui selecionados, pois acredita-se que há necessidade de dominá-lo, para poder cuidar com segurança. Quanto à substituição das lâmpadas, é fundamental que o profissional de enfermagem registre quando for iniciado o uso das lâmpadas e controle o tempo de uso, pois, se ultrapassar o número de horas indicado pelo fabricante, a fototerapia não terá a mesma eficácia, prejudicando o tratamento e recuperação do RN. Ademais, elas, também, terão que ser trocadas quando as lâmpadas apresentarem irradiância abaixo do recomendado pela literatura (VIEIRA; FONTOURA, 2007; BERVIAN; DEBIASI, 2009). A observação e o controle do tempo de uso das lâmpadas são papéis importantes do enfermeiro, pois permitirá que o profissional troque-as no momento adequado, oferecendo ao RN um tratamento contínuo com doses adequadas, proporcionando, por conseguinte, uma evolução mais rápida e satisfatória. Em relação à distância entre as lâmpadas e o RN, faz-se necessário que a equipe de enfermagem saiba exatamente qual a distância correta para cada tipo de aparelho, pois se colocado muito próximo ao RN pode causar lesões como queimadura e superaquecimento e, se colocado muito distante, haverá interferência na eficácia do tratamento, levando, consequentemente, a um maior tempo de internação do RN (BERVIAN; DEBIASI, 2009). 56 No entanto, apesar da importância da distância entre o RN e o foco luminoso ser adequada, Bassegio e Schacker (2005) observaram que enfermeiras de dois hospitais públicos de Vale do Rio dos Sinos não medem a distância entre os equipamentos e pacientes, sendo que as distâncias adequadas encontradas durante o estudo foram mera coincidência. A utilização dos diversos tipos de aparelhos em uma distância apropriada deve ser uma rotina adotada pelo enfermeiro, visto que este é responsável por prestar um cuidado de qualidade aos pacientes, buscando evitar possíveis complicações. Contudo, apesar da importância desse cuidado, observa-se que os profissionais não o realizam de maneira correta, colocando em risco a saúde do RN. Seguindo a mesma linha de pesquisa, Machado, Samico e Braga (2012) com objetivo de avaliar o conhecimento, atitude e prática sobre fototerapia entre profissionais de enfermagem, entrevistaram 111 profissionais de dois hospitais de Recife-PE, sendo 22 profissionais do nível superior. Os autores constataram uma média abaixo de 5,0 na avaliação do conhecimento, de 5,5 a 6,7 na avaliação da atitude e de 6,0 a 7,8 na avaliação da prática dos enfermeiros. Verificaram que menos de 25% dos entrevistados tinham conhecimento a respeito da distância do foco luminoso da fototerapia convencional para o RN. Quando essa distância estava relacionada às fototerapias Bilispot® e Bilitron®, apenas 12,5% dos entrevistados responderam adequadamente. Quanto à irradiância mínima para a troca de lâmpadas, apenas um entrevistado tinha esse conhecimento quando se tratava da fototerapia convencional e nenhum participante do estudo respondeu corretamente a respeito das fototerapias Bilispot® e Bilitron®. É essencial que os profissionais da área da saúde, dentre eles o profissional de enfermagem, tenham conhecimento a respeito do funcionamento dos diversos tipos de aparelhos fototerápicos: Biliberço®, Octofoto®, Bilispot® e Bilitron®. (Figuras 8, 9, 10 e 11). Apesar de cada um apresentar características diferentes, como tipo de lâmpada, irradiância e distância entre o foco luminoso e o RN, alguns cuidados são unânimes, como a realização de limpeza e desinfecção, o uso do aparelho em condições elétricas de tensão e potência adequadas, e a utilização de 57 fusível de proteção. Assim, conhecer essas particularidades é fundamental para uma assistência qualificada (Anexos A, B, C e D). Diante disso, observa-se a importância do uso de algoritmos no tratamento da icterícia neonatal, que padronizará os cuidados prestados ao RN. De acordo com Chanes, Dias e Gutiérrez (2008), os algoritmos fornecem uma visualização global de todo um processo e são como "mapas" do cuidado, servindo de guia para a tomada de decisões, inclusive as mais complexas. O conhecimento acerca dos equipamentos fototerápicos existentes e o seu funcionamento auxiliam o profissional de saúde que atua na área e, consequentemente, permite que o neonato tenha um tratamento mais adequado e eficaz. Além dos aparelhos de fototerapia, o profissional de enfermagem precisa conhecer, também, os cuidados ao recém-nascido durante o tratamento fototerápico. No entanto, estudos mostram que a rotina desses profissionais não tem uma padronização acerca das ações direcionadas ao RNI. Gomes, Teixeira e Barichello (2010), buscando identificar o conhecimento da equipe de enfermagem acerca dos cuidados, constataram que 53% dos profissionais retiram a fralda do RN durante o tratamento fototerápico. Machado, Samico e Braga (2012), contudo, não obtiveram o mesmo resultado em seu estudo, onde se observou que todos os enfermeiros entrevistados referiram utilizar lençol durante a fototerapia. Desses, 18,1% ainda relataram colocar o RN totalmente despido ou apenas com a fralda. O uso de fraldas e/ou lençóis diminui a superfície corporal do neonato exposto à luz, interferindo na ação do tratamento fototerápico, sendo, portanto, orientado que os profissionais de enfermagem evitem seu uso, para que os RNI sejam beneficiados com uma maior irradiância. Quanto ao uso da proteção ocular, todos os profissionais sabem da importância desse cuidado ao RNI (VIEIRA; FONTOURA, 2007). Todavia, em outro estudo há uma divergência quanto o momento de sua utilização. Enquanto, 31% da equipe de enfermagem afirmam que o protetor ocular deve ser utilizado durante todo 58 o tempo, para 29% este pode ser retirado durante o banho e amamentação (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010). Ademais, observou-se que nenhum profissional referiu realizar avaliação periódica dos olhos (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010) e que apenas 60% dos profissionais consideram ser importante a higiene ocular (VIEIRA; FONTOURA, 2007). A higiene ocular é um cuidado necessário para o RN. Antes de colocar o protetor ocular, o enfermeiro necessita verificar se os olhos do neonato estão fechados. É importante que o profissional utilize um protetor com tamanho adequado para evitar lesões na retina do RN. Além disso, o enfermeiro deve higienizar os olhos e avaliá-los em busca de secreções e possíveis lesões. Bervian e Debiasi (2009) observaram que apesar da equipe de enfermagem realizar adequadamente a mudança de decúbito, nem todos os profissionais tem o conhecimento correto acerca da prática. A maioria da população estudada, o correspondente a 65,4% realizam a mudança de decúbito a cada 2 horas, o que é recomendado pela literatura. Entretanto, alguns profissionais fazem a mudança de hora em hora e até mesmo uma vez ao turno, sendo esta uma prática incorreta. O mesmo foi constatado por Vieira e Fontoura (2007), que houve grande discordância quanto ao intervalo de tempo da realização das mudanças de decúbito, sendo referido intervalos de hora em hora até de 6 em 6 horas, o que mostra a falta de rotina em algumas instituições de saúde. Essa prática é considerada um cuidado de enfermagem de extrema importância para o tratamento do RNI, pois previnem complicações, mantém a pele íntegra, além de proporcionar que o paciente receba a fototerapia de maneira adequada e uniforme em toda a superfície corporal. No que diz respeito à aferição da temperatura, a literatura refere que esta deve ser verificada a cada 2 horas, identificando possíveis alterações térmicas (CLOHERTY, 1993; CAMPOS; CARDOSO, 2004; TAMEZ; SILVA, 2009). No entanto, alguns estudos mostram que alguns profissionais, na prática, não realizam 59 este cuidado da maneira correta. Gomes, Teixeira e Barichello (2010) e Vieira e Fontoura (2007) relatam que houve divergências no intervalo de tempo para verificação de temperatura, variando de hora em hora até em intervalos de 6 em 6 horas. Ainda tiveram profissionais que não tinham conhecimento acerca do intervalo de tempo. Ressalva-se que apesar das divergências encontradas, em ambos os estudos, a maioria dos profissionais realizam esse cuidado corretamente. A monitorização dos sinais vitais, em especial da temperatura axilar do neonato deve ser realizada a cada duas horas, pois a chance de hipertermia é muito alta nesses pacientes, podendo ser causada até mesmo pelas luzes emitidas pelas lâmpadas dos aparelhos de fototerapia. Assim sendo, é necessário que o profissional de enfermagem faça o controle rigoroso, para intervir com mais rapidez, caso seja necessário. Com relação à monitorização dos sinais de desidratação, no trabalho de Gomes, Teixeira e Barichello (2010), 30,7% dos participantes referiram avaliar as condições de hidratação apenas pelo turgor de pele, peso da fralda e peso do RN e; 37% indicaram observar a frequência, o aspecto e a quantidade das eliminações e fazem a anotação de enfermagem. O estudo divergiu da pesquisa realizada por Vieira e Fontoura (2007) que observaram que apenas 20% dos profissionais consideram que essa monitorização é um cuidado de enfermagem. Diante da importância de se monitorizar os sinais de desidratação em um paciente submetido à fototerapia, ressalva-se que é necessário avaliar não apenas o turgor cutâneo, peso e eliminações fisiológicas, mas também, o estado mental, mucosas, sinais vitais (frequência cardíaca, pulso, respiração e pressão arterial), fontanela, olhos, extremidades e sede. Quanto à amamentação, 76,9% dos profissionais consideram que a fototerapia não pode ser descontinuada durante o processo de amamentação do RN, ficando evidente, portanto, o desconhecimento desses profissionais sobre esta questão. É importante que a equipe de enfermagem tenha a informação, pois a amamentação é um momento de se fortalecer o vínculo mãe-RN (BERVIAN; DEBIASI, 2009). 60 O incentivo ao aleitamento materno deve ser praticado pelo enfermeiro, por ser necessário para manter a criança hidratada, uma vez que o RN tem grandes chances de desenvolver desidratação, devido às perdas insensíveis e a diarreia pela exposição à luz. Em relação à responsabilidade pela avaliação dos efeitos colaterais e complicações, mais da metade da equipe de enfermagem, o correspondente a 59,7% indicou que o médico é o profissional responsável por esta avaliação (GOMES; TEIXEIRA; BARICHELLO, 2010). Entretanto, cabe ressaltar que é de suma importância que a equipe de enfermagem, também, conheça e observe os possíveis efeitos colaterais, podendo prevenir complicações e, consequentemente, aumentar a eficácia do tratamento. Verifica-se, pois, que cada profissional aplica a assistência de enfermagem de acordo com seu conhecimento. Em outras palavras, a partir dos estudos referidos, observa-se que as equipes de enfermagem oferecem cuidados sem possuir o conhecimento adequado acerca da fototerapia, levando a atitudes e práticas diferentes, o que pode interferir diretamente na evolução do RN. Os profissionais de enfermagem, responsável pela prestação de cuidados, deve atentar-se para realizar uma assistência humanizada, envolvendo a família no cuidado ao RN, podendo, assim, promover e fortalecer o vínculo pai, mãe e recém-nascido. Vale ressaltar que todos os cuidados com os aparelhos de fototerapia e com o recém-nascido são de suma importância, pois irão auxiliar na prevenção de complicações, além de permitir um tratamento eficaz. Nesse sentido, há necessidade que as instituições de saúde tenham algoritmos de cuidado com os aparelhos de fototerapia e cuidado de enfermagem ao RN, além de receberem capacitação para prestação desses cuidados. Uma padronização nos cuidados ao RNI submetido à fototerapia resultará em uma assistência adequada e colaborará para o reestabelecimento do neonato de forma eficiente. 61 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo se propôs a elaborar algoritmo de cuidado de enfermagem ao RN com hiperbilirrubinemia submetido à fototerapia, onde foi possível construir e descrever o passo a passo para o manejo dos diferentes tipos de equipamentos (Biliberço®, Octofoto®, Bilispot® e Bilitron®) e sistematizar a assistência da enfermagem, enfatizando as ações que são indispensáveis ao RNI. Não há como assistir o paciente/cliente com qualidade desconhecendo-se o material, equipamento e seu funcionamento que se utilizará para execução do cuidar, é uma condição sinequa non para uma assistência de qualidade. Conhecer e saber manipular os equipamentos eletromédicos fototerápicos é de suma importância ao profissional que trabalha na UTIN, que precisa ser habilitado para aplicar a fototerapia. Observou-se que cada equipamento apresenta suas particularidades quanto à irradiância emitida, à distância da luz do RNI, o tipo de lâmpada e a cor da luz, sendo importante que cada uma dessas características seja conhecida pelos profissionais, por serem essenciais para eficácia da fototerapia. A padronização de normas e rotinas para cada tipo de equipamento, como a verificação da irradiância emitida, a distância entre o RN e a fonte de luz e os cuidados com as lâmpadas, precisa se tornar uma prática pelos profissionais de saúde de todo o país, já que a adoção dessas medidas pode minimizar os riscos ao paciente exposto, na medida em que a correta aplicação fototerápica diminui o tempo de internação do paciente. A utilização do algoritmo dos equipamentos fototerápicos permite uma visualização rápida e prática sobre o seu uso, já que geralmente os manuais não se encontram disponíveis e acessíveis aos profissionais que prestam assistência ao RN com hiperbilirrubinemia, além de possuírem uma linguagem técnica que dificulta o entendimento. Os cuidados prestados pela equipe de enfermagem devem ser rigorosamente ofertados e monitorados, na medida em que a fototerapia pode 62 oferecer alguns riscos ao RN, como: desidratação, hipertermia, degeneração da retina, “rash” cutâneo e queimaduras. O algoritmo elaborado de cuidados de enfermagem a neonatos portadores de hiperbilirrubinemia permitiu sistematizar a assistência, já que muitos procedimentos não são adotados pelos profissionais de saúde na rotina ao paciente, até mesmo pela divergência na aplicação de alguns critérios, como: expor o RN totalmente despido à luz? Verificar temperatura com qual frequência? Checar nível de bilirrubina quantas vezes ao dia? Proteção ocular para o RN? Todas essas indagações são plenamente expostas e justificadas com respaldo cientifico. É imprescindível o conhecimento dos profissionais de enfermagem sobre os principais cuidados prestados ao RNI de forma a ofertar um tratamento fototerápico adequado. Conclui-se, assim, que a padronização na aplicação da fototerapia e da assistência oferecida por uma equipe capacitada e habilitada a executar de forma eficaz as ações direcionadas ao manejo da hiperbilirrubinemia poderá contribuir significativamente para o tratamento resolutivo do neonato em um menor intervalo de tempo. 7.1 Perspectivas Futuras Pretende-se num próximo trabalho validar a proposta do algoritmo de cuidados de enfermagem a neonatos com hiperbilirrubinemia submetidos à fototerapia. Esta pretensão já iniciou os primeiros passos aguardando a autorização do Comitê de Ética para proceder, melhor dar continuidade a esta proposta, submetendo a validação de juízes expertos no tema para futura aplicação clínica. Também, sugere-se um estudo comparativo entre os diferentes tipos de fototerapia, no intuito de avaliar a eficácia de cada equipamento. A autora pretende desenvolver trabalhos nessa linha de pesquisa para o Doutorado, pela identificação com a temática e por ser um assunto de grande importância para a saúde pediátrica. 63 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M.F.B. Quando devemos iniciar a fototerapia em recém-nascidos prétermo? Jornal de Pediatria, v. 80, n. 4, p. 256-258, 2004. ABREU, F. M.; NASCIMENTO, M. J. P. A hiperbilirrubinemia neonatal e os cuidados de enfermagem. In: 11º CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: 5ª Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação, Universidade de Santo Amaro, 2008, São Paulo, SP. São Paulo: Universidade de Santo Amaro, 2008. p. 192-195. 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