AVM FACULDADE INTEGRADA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ALLAN FERRAZ DE OLIVEIRA JUNIOR PRESSUPOSTOS PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHOUMA REVIÃO DE LITERATURA. Niterói 2010 ALLAN FERRAZ DE OLIVEIRA JUNIOR PRESSUPOSTOS PARA A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHOUMA REVIÃO DE LITERATURA. Monografia apresentada ao Instituto a Vez do Mestre como requisito parcial para conclusão do curso de Pós de Graduação em Gestão de Recursos Humanos, orientada pela Professora Adelia Araújo. Niterói, 2010 Dedico este trabalho a minha orientadora Adelia Araújo, a minha família em especial a Roseli Brasil, Angela Cortês, Tatiane Oliveira, Luize Brasil e Roberta Brasil e a todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para conclusão do mesmo. RESUMO A empresa necessita dos seus trabalhadores com cada vez mais aptidões humanas e, por isso, precisa rever a sua forma de gerir as relações com seus empregados de forma a permitir e criar condições para que estes se desenvolvam. O que se pode perceber é que o comportamento e o perfil do colaborador mudaram muito nessa transição de instituição para negócio. Os subordinados, mesmo o operacional conhecido como chão de fábrica, praticam hoje uma relação adulta de subordinação, uma relação igual, orientada para conseguir os objetivos, manter um bom ambiente e não para o simples cumprimento de ordens.É possível encontrar na literatura modelos variados de Qualidade de Vida no Trabalho que focam aspectos da valorização humana sob pontos de vista diferenciados, no entanto, estes modelos apresentam em comum a necessidade de perceber a organização e as pessoas de forma sistêmica onde se complementam e buscam esta satisfação recíproca. Diante de toda história da evolução do trabalho e do trabalhador, bem como das formas de administrar, esta pesquisa se justifica pelo fato dos estudos acerca da qualidade de vida no trabalho serem de extrema relevância. METODOLOGIA No desenvolvimento da pesquisa usarei como base para exploração do tema fonte de coleta de dados, material bibliográfico com base em material publicado em livros, revistas, material eletrônico e outras dissertações, artigos e teses que tratam sobre a temática proposta, qualidade de vida no trabalho, contudo os principais autores que me basearei são eles; Ana Cristina LimongiFrança, conselheira e membro fundador da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, psicóloga e professora livre-docente da Universidade de São Paulo, que tem como principais linhas de pesquisa qualidade de vida no trabalho e aspectos comportamentais da qualidade e produtividade e Liliana Andolpho Magalhães Guimarães professora-pesquisadora do NUFOR – Núcleo de Psicologia e Psiquiatria Forense, setor de psicologia e psiquiatria do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, desenvolve projetos com apoio do CNPq e atua nas seguintes áreas de trabalho: Psicologia da Sáude, Psicologia da Saúde Ocupacional, Saúde Ocupacional, Saúde Mental do trabalhador entre outros. SUMÁRIO INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------------07 Capitulo I – A EVOLUÇÂO OCORRIDA NAS ORGANIZAÇÔES DEVIDO A REVOLUÇÂO INDUSTRIAL -------------------------------------------------09 Capitulo II – QUALIDADE DE VIDA E SUA IMPORTÂNCIA NAS EMPRESAS E SEUS COLABORADORES 2.1 – Evolução E QUALIDADE DE VIDA----------------------------------------11 2.2 – Qualidade DE VIDA E ALGUNS CONCEITOS (QVT)----------------15 2.3 – Qualidade DE VIDA COMO UM PROPOSTA INOVADORA NUMA VISÂO BIOPSICOSOCIAL------------------------------------------------------------------19 Capítulo III - INVESTIR OU NÂO INVESTIR NA PROMOÇÃO DE SAÙDE NO AMBIENTE DE TRABALHO 3.1 – Desvantagens do não investir em QVT.----------------------------------27 3.2 – A Vantagem do Investir em QVT------------------------------------------29 CONCLUSÂO –------------------------------------------------------------------------37 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA -------------------------------------------------40 7 INTRODUÇÃO Vivemos numa sociedade em mudanças e num momento excitante para as organizações. A sociedade percebe que a Qualidade de Vida e a Saúde são ativos importantes, envolvendo dimensões física,intelectual, emocional, profissional, espiritual e social. Práticas inadequadas no ambiente de trabalho geram impacto negativo na saúde física e emocional dos empregados e na saúde financeira das empresas. Baixa motivação, falta de atenção, diminuição de produtividade e alta rotatividade criam uma energia negativa que repercute na família, na sociedade e no sistema médico Logo percebemos que a qualidade de vida do trabalho, ultimamente representa, uma condição estratégica de rivalidade das empresas no mercado global, vez que a produtividade dos empregados associa-se a um nível satisfatório de qualidade de vida em seu ambiente de trabalho, pois vários interesses econômicos são alcançados quando se tem colaboradores felizes e saudáveis, pois acaba por diminuir níveis de absenteísmo, licenças médicas, aposentadorias por doença e acidentes de trabalho, sendo assim se justifica-se cada vez mais buscarmos o equilíbrio entre empresa, colaborador e Ser Humano. Com a chegada da sociedade de novos conhecimentos se descobriu que pouco a pouco o reconhecimento da influência que o trabalho exerce sobre a saúde do trabalhador e o quanto estas condições podem afetar a produtividade e competitividade das organizações. Sendo assim verifica-se que com a modernização e a implantação de novas tecnologias na produção industrial acarretam grandes transformações no desenvolvimento e nas condições de trabalho, ocasionando mudanças significativas no plano social e também no comportamento individual. Com o tempo, foi se delineando e reconhecendo uma relação de influência da atividade ocupacional sobre o bem estar emocional do trabalhador. 8 Os efeitos desumanizadores do homem oriundos da Revolução Industrial foram difundidos por séculos e este se viu aprisionado na busca acirrada pela previsibilidade de comportamentos e atitudes, perdendo muito de sua principal característica: a capacidade de criação. Sem a sua individualidade, submergida pela cultura em massa, perdeu sua identidade e tornou-se pouco criativo e por muitas vezes infeliz com seu trabalho. Com o advento da sociedade do conhecimento se descortinou o que pouco a pouco se delineava através da história: o reconhecimento da influência que o trabalho exerce sobre a saúde do trabalhador e o quanto estas condições podem afetar a produtividade e competitividade das organizações. Percebe-se que com a modernização e a implantação de novas tecnologias na produção industrial ocorreram grandes transformações no desenvolvimento e nas condições de trabalho, acarretando mudanças significativas no plano social e também no comportamento individual. A relação entre organização e trabalhador é uma via de mão dupla onde há uma troca e se deve buscar a solução de ganho recíproco. Ou seja, as interações entre os indivíduos e uma organização é um processo de intercambio dinâmico e bidirecional. Num sentido amplo ambos os lados participam nessa relação somente por aquilo que cada um espera obter em troca do seu envolvimento. Portanto, o modelo de gestão organizacional deve buscar pela compatibilidade entre bem-estar dos colaboradores, desempenho funcional e missão institucional onde o homem oferece suas competências à organização e a empresa o “ajuda” a buscar sua realização pessoal. Mas, para que o trabalhador consiga se desenvolver e deixe transparecer estas tão importantes competências humanas, é preciso que seja tratado de forma diferente. Proporcionar um ambiente sadio tanto do ponto de vista físico quanto psicológico, parece ser uma obrigação para toda organização que deseja sobreviver e se sobressair perante o mercado. O grau 9 de satisfação do trabalhador e seu nível de qualidade de vida são fatores determinantes para uma produtividade e organização eficazes. Como objetivo o presente trabalho visa criar uma reflexão sobre a submissão do ser humano ao trabalho, pois tais condições, criadas pelas modernas tecnologias incorporadas nas organizações, em vez de libertarem o homem, acabam por lhe exigir maior tempo para se dedicar a atividades relacionadas ao trabalho, uma vez que necessita acompanhar o ritmo cada vez mais acelerado que lhe é imposto. Entender conceitos pertinentes ao entendimento da temática QVT, buscando relacionar a significação do trabalho para os indivíduos, as transformações no modo de administrar e o novo papel do homem neste contexto Refletir alternativas para a promoção de saúde no ambiente de trabalho Capitulo I – A evolução ocorrida nas organizações devido a Revolução Industrial O crescer de máquinas e preconizando a divisão do trabalho, ampliando a rede de transportes e estreitando as comunicações, empregando um massivo exército industrial de mão de obra e reduzindo os custos de produção, a Revolução Industrial lançou a base de um novo tempo, transformando não só o mundo das organizações, mas toda a sociedade (FERREIRA; REIS & PEREIRA, 1997, p.13). Surgindo novas máquinas e preconizando a divisão do trabalho, ampliando a rede de transportes e estreitando as comunicações, empregando um enorme exército industrial de mão de obra e reduzindo os custos de produção, a Revolução Industrial fez surgir um novo tempo, transformando não só o mundo das organizações, mas toda a sociedade (FERREIRA; REIS & PEREIRA, 1997, p.13). 10 Assim, as principais conseqüências deste processo foram a divisão do trabalho, a produção em série e a urbanização. Com isto, o trabalhador que já estava acostumado com a manufatura onde conhecia e entendia o todo do processo e era o criador da unidade completa, passa a se especializar e executar apenas uma única parte da produção sempre da mesma forma, perdendo a noção do todo e realizando a tarefa mecanicamente e com ausência de significado. Segundo Petta & Ojeda (1999, p.115), o trabalhador passa a exercer um papel muito diferente: nas oficinas ele é o centro da produção, na fábrica o centro da produção é a máquina. A revolução industrial fez mexer de forma substancial na vida do trabalhador braçal, o trabalhador se deslocava do campo para a cidade onde acabava por provocar grandes concentrações urbanas, onde acabava por criar condições precárias e péssimas condições de higienes, onde geralmente viviam em cortiços e chegavam a ter carga horário de trabalho de 80 horas por semana com salários desumanos para os homens e principalmente para mulheres e crianças. (LIMA, 2007). Segundo Michel (2005, p. 01) “Nas décadas de 60 e 70 uma, das qualificações mais valorizadas num funcionário era o conhecimento especializado para uma determinada função. Nessa fase, o Brasil começava a investir pesado em industrialização”. A vida do trabalhador na sociedade industrial caracterizou-se, unicamente, pela produção dentro do sistema de linha de montagem, repetição e especialização do trabalho. Este passou a adotar uma conduta repetitiva, fechada, quase robótica. Ao realizar um trabalho fragmentado e vazio de significado perdia também sua identidade, diversidade e valor. Sem noção do todo e incapaz de criticar, este homem se coisificou, sendo visto apenas mais uma parte desta engrenagem maior. Capitulo II – QUALIDADE DE VIDA E SUA IMPORTÂNCIA NAS EMPRESAS E SEUS COLABORADORES 11 2.1 – Evolução e a Qualidade de Vida Em quase todos os idiomas o vocábulo trabalho provém de uma raiz que indica algo penoso ao homem. Desta forma, assumiu para si uma conotação negativa sendo relacionado por muito tempo ao sofrimento, padecimento ou castigo. O que compreendemos na atualidade por trabalho está localizado dentro de um contexto sócio-histórico determinado (SARRIERA et al., 2004, p.115). Assim, ao longo do processo evolutivo que veio com o tempo, sofreu mutações na sua representação e significado, como, por exemplo, na pré-história, o trabalho era visto de forma isolada, estando ligado somente ao extrativismo de matérias primas da natureza que era a atividade desempenhada pelo homem para manter a sobrevivência da espécie. Já na Antiguidade trabalhar era encarado como uma ação desprezível, desempenhada, principalmente, por escravos. Era considerado nobre apenas o trabalho intelectual dos filósofos. Na idade média havia a predominância do regime de servidão, onde não havia preocupação com a produtividade e o trabalho era realizado de forma familiar sem divisões hierárquicas. A Revolução Industrial trouxe a produção em larga escala e consigo a especialização e divisão do trabalho. Conforme o apresentado no capítulo anterior, a padronização dos comportamentos e ausência de autonomia são características marcantes que nasceram neste período. A vida do trabalhador na sociedade industrial caracterizou-se, basicamente, pela produção dentro do sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. Este passou a adotar uma conduta repetitiva, fechada, quase robótica. Ao realizar um trabalho fragmentado e vazio de significado perdia também sua identidade, diversidade e valor. Sem noção do todo e incapaz de criticar, este homem ficou sendo visto apenas mais uma parte desta engrenagem maior. May (1982, p.47) aponta a despersonificação 12 das pessoas como raiz das doenças e ainda afirma que se trata da perda do sentido de valor e dignidade do ser humano. As condições das fábricas, principalmente no inicio da revolução, eram precárias e sem o menor conforto, submetendo os trabalhadores a um ambiente sujo, massacrante e adoecedor. Assim, ao mesmo tempo em que aumentava a produtividade do trabalho, podia-se observar um extraordinário crescimento nas fileiras do proletariado, submetido a dramáticas condições de vida. O trabalho feminino e infantil passou a ser explorado intensamente, impondo a todos o tempo da maquina, que passou a ser o tempo dos homens. (MARQUES; BERUTTI & FARIA, 2005, p.27). Logo no início do século XX nasceu a escola Clássica da administração que se formou através das contribuições de grupos, pesquisadores e estudiosos, dentre eles quatro pensadores de áreas distintas: Frederick Taylor, Henry Ford, Henri Fayol, Max Weber. Para estes pensadores a preocupação básica é o desempenho dos recursos e processos, de uma tarefa ou de toda empresa. As pessoas não são negligenciadas. No entanto, são consideradas primariamente como recursos de produção. No início do século XX, essas proposições dos integrantes da escola clássica eram um reflexo da orientação que vinha da Revolução Industrial. A prioridade era a eficiência da produção, naquele momento de expansão industrial, quando o importante era aproveitar as oportunidades do mercado. (MAXIMIANO, 2000, p.65). Esta desvalorização do homem manteve-se predominante até o início do século XX e, ainda que deixe resquícios até os dias atuais, sofreu grandes mudanças a partir do século XXI onde outros valores e necessidades passaram a ocupar local de destaque nas organizações. . É a Era da Informação e do conhecimento onde a nova riqueza organizacional é o capital humano, as pessoas são agentes do processo e não assistem mais passivas e inertes ao que acontece ao seu redor. De acordo com Martins (2007, p.15). 13 Na modernidade as formas tradicionais de administrar começam a não proporcionar mais os resultados esperados e necessários para as organizações. Surge a terceira Revolução Industrial, também conhecida como revolução da informática, onde o trabalho braçal vai cedendo espaço para o cognitivo. Como observou Mongruel (2008, p.18). Verifica-se que o sentido de trabalho como algo duro e penoso foi mudando ao longo dos anos e assim a preocupação com o comportamento humano no trabalho foi ganhando relevância, até como fonte de diferencial competitivo entre as empresas e ganhos de produtividade. A Era da Informação começou no início da década de 1990. Nesta nova Era percebe-se, então, que as transformações que se processam no mundo do trabalho evidenciam um novo paradigma de organização das relações econômicas, sociais e políticas. Esse paradigma com diferentes denominações: mundialização, globalização, terceira revolução industrial e tecnológica se apóia, fundamentalmente, na conjugação de abertura de mercados e no desenvolvimento acelerado da tecnologia microeletrônica. (ABRAHÃO E PINHO, 2002, p.45). Desta forma, na era da informação o conhecimento humano passa a ser mais valorizado e almejado a cada dia e isto estabelece a busca constante do trabalhador por mais qualificação. Além disso, as empresas passam por rápidas mudanças, reflexos da globalização, não oferecendo mais a certeza do emprego. “Para muitos empregados a demanda pela inovação e adaptação é estressante, e eles não estão preparados para novos níveis de cooperação e responsabilidade pessoal” (SALLES e FEDERIGUI, 2006, p.267). Neste contexto, onde o trabalho é extremamente disputado e, permeado por crescentes cobranças, fica claro observar os fortes reflexos que estabelece no comportamento de cada individuo, sendo capaz de influenciar positiva ou negativamente na vida das pessoas em todas as suas dimensões. Logo se percebe que a qualidade do produto depende da qualidade de vida das pessoas que estão envolvidas com as atividades relacionadas aos produtos, 14 tornando o gerenciamento da qualidade de vida no trabalho um instrumento importante para alcançar os objetivos da Qualidade e da empresa como um todo (JULIÃO, 2001, p.5). Existem habilidades pessoais almejáveis no profissional do século XXI, sendo, até mesmo, mais estimadas do que o próprio conhecimento técnico ou a informação. Fica evidente que para vingar no novo milênio, a empresa terá que cuidar muito bem do seu capital humano, aumentando-lhe a competência profissional em todos os níveis, e considerar tal fato o seu bem mais valioso, o seu ativo principal, reconhecendo-o como fator decisivo no sistema produtivo. (RITZ, 2000, p.2) Dentre as principais características aspiradas pelas organizações a fim de aumentar a competência profissional humana estão: a flexibilidade, ou seja, a capacidade de perceber e acomodar as mudanças ao seu redor; a criatividade que chama a capacidade de usar a informação disponível de forma inovadora; a informação no sentido de buscar sempre a educação continuada e reciclagem de conhecimentos; a comunicação indicando a desenvoltura de expressar-se e ser entendido adequadamente, além de boa interação como as pessoas, ou seja, o relacionamento interpessoal. E ainda, a responsabilidade onde o ser humano é dono de seus atos e assume as conseqüências de suas ações; o empreendedorismo significando autonomia e ousadia aliadas à capacidade de inovação e busca de melhorias para o mundo; sociabilizarão no sentido de saber viver dentre as diversidades e respeitar as culturas alheias; e, finalmente, a tecnologia, ou seja, a capacidade de adaptar-se às evoluções tecnológicas e usá-las para otimizar o trabalho. Desta forma, “se procura, através do processo de agregar pessoas, a obtenção de novas aptidões e capacidades que permitam à organização realizar sua missão e conseguir os objetivos globais em um mundo em transformação” (CHIAVENATO, 2004, p.99). Para captar e ater o trabalhador qualificado, os processos de seleção vêm aplicando um número maior de avaliações de caráter psicológico do que 15 técnico, com faceta mais voltada aos comportamentos do que ao conhecimento acumulado. Além disso, esta aposta no capital humano faz com que a organização acometa na qualidade de vida do seu trabalhador para que este tenha condições favoráveis para se desenvolver e traga o resultado almejado para a organização. Chiavento (2004, p.54) ainda afirma que “se o contexto é favorável e incentivador, os talentos podem se desenvolver e crescer. Se o contexto não é adequado, os talentos fogem ou ficam amarrados.” Desta forma, o modelo atual de gestão de pessoas nos conduz a idéia de desenvolvimento mútuo, pelo qual as organizações, ao se desenvolverem, desenvolvem as pessoas e vice-versa, obtendo conseqüentemente uma maior participação das pessoas no sucesso do negócio ou da empresa. (BARBAIS E SILVA, 2004, p.5). Sendo assim, entende-se a relação entre organização e trabalhador como uma via de mão dupla onde há uma troca e se deve buscar a solução ganha-ganha. Pois colaborador, em geral, tem hoje em media melhor nível de educação, mais maturidade e principalmente consciência profissional que permite essa moderna relação. (CABRERA, 2002, p.52). 2.2 – Qualidade de Vida e Alguns Conceitos de QVT Apesar da Qualidade de Vida ser um tema muito debatido na atualidade, ainda trata-se de uma expressão marcada pela subjetividade que é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiências da vida social e cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no campo comum da objetividade social. Esta síntese “é o mundo de idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas 16 relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica”.(BOCK; FURTADO & TEIXEIRA,1999, p.24). Logo, a Qualidade de Vida não oferece um único conceito norteador e é interpretada e valorizada por cada pessoa conforme a sua identidade e particularidade em compreender o mundo. Assim, “pelo menos duas realidades são importantes e devem ser consideradas no estudo da qualidade de vida: a vida social e familiar, e a realidade do trabalho de cada pessoa em particular”. (MAGRI & KLUTHCOVSKY, 2007, p.88). A palavra Qualidade, de um modo geral, pode oferecer definições bem determinadas quando pesquisada no dicionário. No entanto, é uma dimensão muito subjetiva. A qualidade de vida é vista e vivida por cada pessoa de forma diferente, de acordo com suas características pessoais, de vida e ambientais. Por isto a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) representa um, no Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (1999), encontra-se a definição de trabalho como: [Dev. de trabalhar.]S.m. 1. Aplicação de forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. 2. Atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa. 3. O exercício dessa atividade como ocupação, ofício, profissão, etc. 4. Trabalho (2) remunerado ou assalariado; serviço. 6. Qualquer obra realizada. 7. Maneira de trabalhar a matéria, com manejo ou a utilização dos instrumentos de trabalho. 8. Esforço incomum; luta, faina, lida, lide. 9. Tarefa para ser cumprida; serviço. 14. Tarefa, obrigação, responsabilidade. 15. Biol. Fenômeno ou conjunto de fenômenos que ocorrem num organismo e de algum modo lhe alteram a natureza ou a forma. Uns dos conceitos utilizados para definir QVT diz que nas empresas se faz necessário ressarcimento justa e adequada, condições de trabalho seguras e saudáveis, oportunidades imediatas para crescer e usar as aptidões humanas, oportunidades futuras para crescer de modo permanente e a garantia do emprego, interação social nas empresas, trabalho e espaço total na 17 vida do individuo e importancia social no trabalho. (LIMONGE-FRANÇA, 2010, p.34). Tentando expressar sua significação de uma forma bem ampla, O Grupo de Qualidade de Vida, da Divisão de Saúde Mental, da Organização Mundial da Saúde - OMS definiu qualidade de vida como sendo “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.” Chiavenato (2004, p.449) traz uma idéia de QVT voltada designadamente para o trabalho e suas particularidades, afirmando que envolve uma série de fatores como a satisfação com o trabalho executado; as possibilidades de futuro na organização; o reconhecimento pelos resultados alcançados; o salário percebido; os benefícios auferidos; o relacionamento humano dentro do grupo e da organização; o ambiente psicológico e físico de trabalho; a liberdade e responsabilidade de tomar decisões e ainda, as possibilidades de participar efetivamente. Arellano (2004, p.30) apresenta a seguinte definição que justifica a busca pela QVT, ressaltando seus objetivos: “Qualidade de Vida no Trabalho tem como objetivo principal a busca do equilíbrio psíquico, físico e social dos empregados, dentro do contexto organizacional, considerando as pessoas como seres integrados nessas três dimensões, através de ações que refletem em aumento na produtividade e na melhoria da imagem da empresa tanto no contexto interno, como externamente, levando ao crescimento pessoal e organizacional.” O modelo de Hackman & Oldham (1975) tem seu foco na satisfação e motivação, segundo Mongruel (2008, p.48), “baseia-se na idéia de que o trabalho possa gerar mais satisfação e comprometimento através do enriquecimento do cargo.” Este modelo se sustenta principalmente, nas características objetivas do trabalho que são avaliadas quanto a cinco fatores 18 básicos que expressam a percepção do trabalhador, são eles: variedade de habilidades; identidade de tarefa; significância de tarefa; nível de autonomia e feedback. É importante destacar que segundo este modelo, os cinco fatores básicos estarão presentes apenas quando existir significância percebida; responsabilidade percebida e conhecimento dos resultados do trabalho. Na realidade, seriam estados psicológicos que necessitariam ser satisfeitos por meio do trabalho e, como resultado, proporcionariam grande motivação interna, alta satisfação, qualidade no desempenho e baixa rotatividade e absenteísmo (HACKMAN & OLDHAM, 1983 apud ROCHA, 1998). Já o modelo de Westley (1979) identifica quatro problemas que afetam a QVT; o político, o econômico, o sociológico e o psicológico. Considerados problemas oriundos, respectivamente, da insegurança, alienação, injustiça e ausência de leis e regulamentos. Werther e Davis (1983) consideram os níveis organizacional, ambiental e comportamental, além da avaliação do cargo em seu modelo. Os seguintes fatores apresentam-se determinantes para a QVT: Fatores Ambientais: o projeto de cargo deve considerar as perspectivas sociais e as habilidades e disponibilidade de empregados potenciais. No entanto, o cargo não poderá ser tão complexo ao ponto de a organização necessitar fazer novas contratações e, ao mesmo tempo, não poderá ser muito simples, de maneira a não gerar desconforto quando a mão-de-obra for mais instruída (LIMA, 1995 apud ROCHA,1998). Fatores Organizacionais: procura identificar a eficiência com a qual os cargos são projetados. Parte-se do preceito que um colaborador altamente motivado apresente o máximo de rendimento. Devem ser identificadas as tarefas exigidas pelo cargo, bem como o fluxo e as práticas de trabalho, buscando equilíbrio e coerência entre elas. (PEDROSO; PILATTI & CANTORANI, 2009). Fatores comportamentais: a qualidade de vida no trabalho é afetada, ainda por elementos comportamentais que dizem respeito ás necessidades 19 humanas, aos modos de comportamentos individuais no ambiente de trabalho, que são de alta importância, tais como : autonomia, variedade, identidade de tarefa, retroinformação, etc. (FERNANDES, 1996). Estes autores ainda ressaltam a importância do desenho de cargos oferecer a possibilidade de apresentar uma evolução contínua e coerente às capacitações e ao desenvolvimento do trabalhador. De acordo com Nadler & Lawer (1983) apud Chiavenato (1999, p.392), a QVT está fundamentada em quatro aspectos que quando incorporados à empresa, levam a uma positiva evolução da QVT; são eles, participação do colaborador nas decisões, reestruturação do trabalho através do enriquecimento de tarefas, inovação nas recompensas para o colaborador para melhorar o clima organizacional e sempre melhorar o ambiente de trabalho tanto na parte fisica como psicológica. Portanto, para estes autores, a qualidade de vida no trabalho é vista como uma maneira de refletir a respeito das pessoas, trabalho e organizaçãoǁ (NADLER & LAWER, 1983 apud FERNANDES & GUITIERREZ, 1988, p.31) e de entendê-las como um todo. Conte (2003, p.33), afirma que podemos entender QVT como um programa que visa promover e satisfazer as necessidades do trabalhador ao ampliar suas atividades na organização, tendo como idéia básica o fato de que as pessoas são mais produtivas quanto mais estiverem contentes e submergidas com o próprio trabalho Mesmo identificando a promoção da qualidade de vida para os funcionários como uma necessidade para a sobrevivência da organização, ainda são impostas barreiras e oposições acerca da implantação de programas de QVT em muitas empresas pelo fato de demandar despesas e investimentos iniciais. 2.3 – Qualidade de vida como uma proposta inovadora numa visão biopsicossocial. 20 De acordo com Limongi-FRANÇA (2007) a palavra biopsicossocial tem sua origem na Medicina Psicossomática, que propõe uma visão integral e holística do ser humano, em contraposição à visão cartesiana que o divide em partes. Nesse conceito, toda pessoa possui potencialidades biológicas, psicológicas e sociais que respondem simultaneamente às condições de vida, sendo assim um ser complexo. Como seqüência natural para esta abordagem, a mesma autora define o fator biopsicossocial que encerra em uma palavra aspectos relevantes responsáveis pela maior abrangência nos estudos de QVT. A visão biopsicossocial de acordo com Limongi-FRANÇA (2007) está assim fundamentada: dimensão biológica que está relacionada às questões físicas e genéticas; dimensão psicológica que está relacionada aos processos afetivos, emocionais e de raciocínio, conscientes ou inconscientes, assim formando a personalidade de cada pessoa diante de suas vivências e dimensão social que está direcionada a valores socioeconômicos, à cultura e às crenças o papel da família e outras formas de organização social no contexto organizacional e no dia-a-dia. As variáveis biopsicossociais podem ser independentes e dependestes, sendo agrupadas de acordo coma visão biopsicossocial, com a finalidade de conduzir o estudo dentro de uma situação proposta. Limongi-FRANÇA (2007) considera que a idéia de criar as Escolas de Pensamento em QVT, as quais integraram e localizaram as demandas de qualidade de vida dentro das empresas, podem vir a ser um avanço importante em direção à consolidação de uma nova competência gerencial identificada em QVT (2004). As dimensões socioeconômicas, organizacionais e de condições humanas no trabalho poderão possibilitar a definição de critérios, procedimentos metodológicos e novos esforços e práticas organizacionais que viabilizem a QVT nas empresas. 21 Diante da abordagem biopsicossocial classifica-se o sujeito como um todo, pois muitos fatores os envolvem no seu dia a dia no ambiente de trabalho ou qualquer ambiente que este sujeito esteja inserido. De acordo com o autor RODRIGUES (1994): “Os empregados que possuem uma vida familiar satisfatória têm o trabalho como único ou maior meio para obter a satisfação de muitas de suas necessidades, principalmente, as sociais.” (p:93) A preocupação de relacionar a Qualidade de Vida no trabalho numa visão biopsicossocial é de grande amplitude sobre a definição do ser, pois, realmente, não é possível pensar no ser isolado, mas interagindo em grupo. Os seres humanos são biopsicossociais e isso não têm como serem isolados do ambiente de trabalho. O salário é citado como maior motivo para se trabalhar que é resultado da mão-de-obra de cada um na organização, portanto o salário é uma recompensa direcionada pela produtividade de cada indivíduo pela organização, mas manter-se num ambiente, por muito tempo, onde ocorre pouca satisfação pessoal resulta em desmotivação, afastando o indivíduo do objetivo principal da organização que é o mais alto nível de desenvolvimento. Precisa-se de um ambiente acolhedor onde o nível de satisfação exista para qe o sujeito permaneça produzindo continuamente. Viver com qualidade de vida no trabalho é ter sensibilidade às reais necessidades para satisfazer aqueles que formam o ambiente organizacional, mas é importante que a responsabilidade seja dividida por partes, partes estas que formam organização, que são os funcionários e aqueles que se encontram responsáveis diretamente pelas decisões da empresa, porque nem sempre as necessidades de um funcionário são as reais necessidades de todos por mais 22 que uma empresa ofereça uma oferta, programa de melhoria e mudanças no ambiente organizacional não é possível ocorrer sem ter um planejamento que todos, realmente, queiram mudar, pois ninguém muda comportamento se não houver necessidade daquele que está recebendo a proposta. Pensar em QVT é pensar em relações interpessoais que são as múltiplas interações humanas e trocas de valores e crenças, pois cada empresa possui séries de valores partilhados por aqueles que nela atuam. Pensar em Q.V.T(Qualidade de Vida no Trabalho) numa visão humanística é pensar numa proposta inovadora e refletir sobre o bem estar pessoal nas três dimensões da escola humana que são classificadas em biológica, psicológica e social, que se insere na qualidade de vida no ambiente de trabalho, também, pois e exatamente neste ambiente que o ser humano investe todo o seu tempo maior. O trabalho e uma atividade que define o estilo de vida das pessoas, porque e neste ambiente organizacional que o ser se desenvolve ao longo do tempo. Muitas empresas ainda investem pouco na qualidade de vida dos seus funcionários e não pensam na auto-realização profissional dos mesmos, pois estas empresas esquecem que o maior investimento a ser realizado e nos seus funcionários para que em seguida consiga uma realização com seus clientes, pois a satisfação interna resultara a satisfação externa ao mesmo tempo, isso e o reflexo da satisfação. O sentido de Q.V.T está relacionado ao trabalho humano, que vincula trabalho com auto-realização e sobrevivência humana, pois se o ser humano precisa satisfação pra sua existência. A saúde dos trabalhadores está diretamente relacionado a todo processo da empresa também, pois se o funcionário não esta saudável, resulta prejuízo para o crescimento da organização. Giles Balbinotti narra que a Dra. e pesquisadora do PPGEP/UFSC, Leila Amaral GONTIJO, 23 “O estudo ergonômico do trabalho visa a manutenção de uma saúde física e mental do trabalhador, além de uma melhor produtividade através de análises detalhadas. Fazendo uma abordagem sobre a ótica da ergonomia, produtividade elevada significa motivação, dignidade e maior participação pessoal no projeto e performance do trabalho, e isso implica em uma abordagem integrada à qualidade de vida no trabalho. A correspondência entre produtividade e qualidade de vida é biunívoca e diretamente proporcional, isto é, qualidade de vida alta, valores de produtividade também altos, baixa qualidade de vida provocará baixos índices de produtividade.” (www.rh.com.br - A saúde das pessoas afeta as empresas. Janeiro - 2008 ) Diante da citação da Dra. Leila percebe-se a importância entre a correspondência entre produtividade e qualidade de vida no trabalho, pois são duas variáveis importantes para âmbito organizacional. O ser humano está sempre a buscar mais naquilo que o causa bem estar isso é da natureza humana, pois a visão de qualidade de vida é a percepção que a pessoa tem sobre sua satisfação pessoal. Precisa está harmoniosa a vida e o trabalho para que o ambiente de trabalho torne-se um ambiente satisfatório e produtivo também. Ultimamente, muitas empresas percebem o valor da satisfação humana no ambiente de trabalho e que não se pode pensar no ser isolado e neutro, mas em um ser movido de emoções. A seguir uma citação prática implantada na empresa Apdata em 2002. De acordo com Luiza NIZOLI (2008), diretora executiva da Apdata: 24 “A filosofia “Feng Shui” foi escolhida para que a organização tivesse um ambiente de trabalho totalmente diferenciado, ou seja, onde pudesse ocorrer a perfeita integração entre o ser humano e o meio corporativo. “A razão que levou a Apdata a adotar essa prática inovadora era ter ganhos de produtividades e manter a sustentabilidade do crescimento da empresa de forma alegre, despojada e, acima de tudo, mantendo o firme propósito de se conquistar tudo isso com leveza, beleza e aconchego. O resultado foi surpreendente”, afirma com entusiasmo. A Apdata é uma empresa especializada em tecnologia para a área de RH e está localizada na zona lesta da cidade de São Paulo. Atualmente, a organização conta com cerca de 200 colaboradores. E quando o assunto é qualidade de vida dos profissionais, a organização foi mais além e investiu em alternativas diferenciadas. Lá, por exemplo, o colaborador conta com a Sala de Cromoterapia que usa as cores do espectro solar para equilibrar o ser humano e promover uma melhora na sua saúde integral. Os princípios da cromoterapia eram conhecidos no Antigo Egito, na Grécia, além da medicina tradicional chinesa e da medicina ayurvédica (indiana)(www.rh.com.br-Equilíbrio entre o homem e o trabalho.janeiro-2008).” Percebe-se que essa mudança já acontece e possui resultados de melhoria no ambiente organizacional como apresentado na empresa Apdata 25 que propõe uma prática inovadora para aos seus funcionários resultando em maior índice de produtividade e desenvolvimento da própria empresa. Uma empresa que investe nos colaboradores apresenta um grande diferencial no processo de gestão, pois possui um olhar diferencial e avançado das mesmas que não investem no bem-estar dos seus próprios funcionários. Qualidade de Vida é um fator de excelência pessoal e organizacional que pode trazer inúmeros benefícios às pessoas e às empresas, porém, é necessário saber implementá-la. Falar de qualidade de vida é sempre muito gratificante. O tema é uma fonte inesgotável de princípios teóricos e práticos que tem contribuído muito ao desenvolvimento humano, profissional e organizacional. Não é uma novidade dizer que a prática de atividades de qualidade de vida, em qualquer ambiente, traz inúmeros benefícios para o bem-estar das pessoas e uma maior produtividade para as empresas. No entanto, ainda se percebem dificuldades para conseguir que as pessoas sensibilizem-se quanto à importância da adoção de hábitos de vida saudáveis, e nas empresas, o problema é levar os funcionários à adoção dos princípios da qualidade de vida como uma filosofia de trabalho. O sucesso da implementação de programas de qualidade de vida depende, por um lado, do comprometimento dos colaboradores em fazer boas escolhas quanto aos hábitos saudáveis e às atitudes de enfrentamento à adversidade. Por outro lado, a empresa pode fornecer condições necessárias para que essas escolhas aconteçam. Implementar ações de qualidade de vida não é tarefa fácil, se for considerado que as pessoas estão permanentemente expostas a fatores que causam estresse e que podem afetar a saúde. O estresse é um componente da vida moderna presente em qualquer ambiente, não escolhendo a quem atingir. Isto justifica plenamente a criação de programas de qualidade de vida para lidar com os fatores de risco à saúde e para minimizar a exposição das pessoas a eles. 26 Segundo ROSSI, Ana Maria; PERREWÉ, Pamela e SAUTER, Steven (2005): “O estresse ocupacional tornou-se uma preocupação mundial. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos mostram de forma consciente que de um quarto a um terço dos trabalhadores relatam altos níveis de estresse ocupacional e a situação é bastante parecida na Europa. Embora não haja uma contabilização completa e precisa dos custos e dos ônus à sociedade causados por níveis tão elevados de estresse ocupacional, os indícios disponíveis são alarmantes.” (p:xix) O trabalho é uma atividade na vida das pessoas que muitas vezes tornase o organizador do seu estilo de vida, podendo ser, para uns uma fonte de prazer e, para outros, de desprazer. Assim sendo, cabe-se questionar sobre o quanto as empresas estão se preocupando e investindo na qualidade de vida dos seus colaboradores. Muitas empresas que aderiram às atividades de qualidade de vida vivenciam benefícios que elas trazem à saúde e ao bem-estar dos seus colaboradores. Com certeza elas ganharam produtividade através do maior envolvimento das pessoas, e estas, por sua vez, ganharam uma fonte de prazer no trabalho. Para que um programa de qualidade de vida seja bem sucedido, ele deve favorecer a criação de espaços de apoio à tomada de decisões das pessoas, quanto à responsabilidade pessoal pela saúde e pela adoção de estilos de vida que favoreçam o seu bem-estar. Deve também abordar temas de desenvolvimento de forma global, considerando os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais do ser humano. 27 Qualidade de vida é a percepção que a própria pessoa tem sobre o seu bem-estar, sendo este o parâmetro para avaliar a eficácia das ações dos programas de qualidade de vida. Capitulo III – INVESTIR OU NÂO INVESTIR NA PROMOÇÃO DE SAÙDE NO AMBIENTE DE TRABALHO 3.1 – Desvantagens do não investir em QVT. Quando não entendemos que as empresas são compostas por pessoas, patologias que diminuem a produtividade e a lucratividade começam a surgir tais como: Burnout, termo que foi desenvolvido na década de setenta nos Estados Unidos por Freunderberger (1974), de acordo com Maslach (2001) citados por GUIMARÂES e GRUBITS “assinala que esgotamento emocional representa a dimensão de tensão básica da Síndrome de Burnout; a despersonalização expressa o contexto interpessoal onde se desenvolve o trabalho do sujeito...”. Entre os fatores visivelmente coligados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout está a limitada independência no desempenho profissional, problemas com as chefias, problemas de relacionamento com colegas de trabalho ou clientes, falta de união da equipe e sentimento de desqualificação, sendo assim a Síndrome de Burnout é uma possível responsável por falta de motivação que sofrem os profissionais e que também é um provável responsável pelas taxas de absenteísmo ocupacional ( BALLONE, 2009). Em sua pesquisa sobre Síndrome de Burnout LEITHER e MASLACH (2009 p.15) concluem que existe uma relação longitudinal da exaustão com medidas objetivas de lesões no local do trabalho, onde fica claro que a síndrome acarreta um desempenho pior dos colaboradores e uma maior possibilidade a danos. 28 No Japão existe uma palavra para definir morte por excesso de trabalho e o nome é Karoshi, que significa Karo de excesso de trabalho e Shi morte. Segundo Yoneyama e Nathan (1998) de acordo com GUIMARÃES e GRUBITS (2004) o primeiro caso de Karoshi foi narrado em 1969, onde ocorreu a morte de um trabalhador do sexo masculino, que atuava no setor de transporte da maior empresa japonesa do ramo de jornalismo. O Karoshi surgi como uma nova patologia que agrava cada vez mais as empresas e os colaboradores dos mesmos e geralmente se manifesta por alguns fatores tais como, trabalhadores que visem em constante estado de ameaça imediata e prazos a serem cumpridos e longas horas de trabalho e poucas férias, todavia o fenômeno já esteja sendo discutido e já se tenha literatura acadêmica muito se tem a ser pesquisado. (GUIMARÃES e GRUBITS 2004a p.91). Outra maneira que o ser humano por vezes utiliza para fugir e aliviar os males que assombram o cotidiano é o uso de bebidas alcoólicas, o álcool no corpo humano é metabolizado por oxidação, onde em condições normais e de acordo com a pessoa que utiliza e seu estado de saúde, podem ser queimados diariamente de cinco a quinze gramas de álcool, por volta de 90% da oxidação ocorre no fígado, entre os males produzidos destacam-se problemas circulatórios, alterações no sistema nervoso central e órgãos internos como fígado, estômago, esôfago e pâncreas são fortemente atingidos. (Moraes e Pilatti 2004). Para( Moraes e Pilatti 2004a p.08) “No século em que estamos as empresas estão sendo julgadas por seus compromissos éticos, pela ampliação do leque de benefícios espontâneos.” Ou seja as empresas que criam, organizam e enfrentam o problema de alcoolismo nas empresas além de ser bem vista pela sociedade atual acaba por ter um colaborador por vezes eternamente grato como todos os seus familiares. Para Ballone ( 2007a p 01) 29 “Quando a pessoa experimenta altos níveis de ansiedade, durante tempo prolongado, seu bem estar psicológico se encontra seriamente prejudicado, seus sistemas fisiológicos podem se alterar por excesso de solicitação, seu sistema imunológico pode ser incapaz de defender seu organismo, seus processos cognitivos podem estar prejudicados provocando uma diminuição do rendimento e, finalmente, a evitação das situações que provocam essas reações ansiosas pode comprometer sua vida sócio-ocupacional.” Em uma empresa em que os colaboradores estão sempre ansiosos podem desenvolver uma enorme gama de doenças entre eles os transtornos cardiovasculares, digestivos, cefaléias, síndrome pré-menstrual, asma, transtornos dermatológicos, transtornos sexuais, dependências químicas, transtornos alimentares, debilidades do sistema imune entre outros. 3.2 – A Vantagem do Investir em QVT. Hoje se qualquer empresa quer sobreviver no mercado globalizado deve sensibilizar e motivar funcionários e familiares para a organização no trabalho, no lar, saúde, através da segurança no trabalho e hábitos saudáveis, através de modelos de vida saudáveis, autonomia, auto-estima, integração social na empresa, não desperdício, valorização das condições do trabalho e outros. Isso ocorre devido a determinados aspectos serem importantes tanto para a empresa quanto para o país, como é o caso do custo com os dias de afastamento precoce do trabalhador por invalidez e os acidentes de trabalho. Deve ainda ser considerada a relação saúde mental e trabalho, uma vez que tem-se elevado o número de pessoas acometidas, principalmente por distúrbios leves, como ansiedade, tristeza, depressão e stress. A qualidade de vida no trabalho não se abrevia apenas ao funcionamento com sucesso dos subsistemas de RH, é preciso, além disso, 30 oferecer caminhos saudáveis e proporcionar a aquisição de hábitos mais saudáveis por parte dos colaboradores, porém Segundo Castro (2002, p.89), a motivação externa é bastante trabalhada nas organizações, ela é função direta do modelo de gestão adotado, do estilo de liderança e dos mecanismos de seleção, contratação e desenvolvimento de pessoas apesar de existirem outros mecanismos que também podem favorecer a motivação dos mesmos como será visto ao longo destes capitulo. As noções de ergonomia, as práticas de atividades corporais e de exercícios físicos trazem além do bem estar físico, também o bem estar psíquico porque ao se chegar a uma consciência corporal, o homem se aproxima cada vez mais da sua autoconsciência como ser humano. Segundo BERTAZZO (1998, p.34), “ninguém existe sem antes perceber o próprio corpo. Se nosso corpo constitui-se de vários pedaços, o movimento é o fator que nos possibilita juntar essas peças e criar unidade”. Logo, não há mais o suspeitar do quanto às atividades físicas são auxiliares no processo produtivo atenuando o número dos acidentes de trabalho, doenças profissionais, absenteísmo e o estresse. “a prática de atividades físico-esportivas passa a ser mais uma ferramenta para a promoção da saúde, do trabalho e da qualidade de vida.” (GRUNSPAN, 2005, p.151). Segundo Lowen (1982) apud Rosa (2004, p.10) “quanto mais integrado for seu corpo, mais viva e plena a pessoa estará no mundo e assim poderá expressar quem ela realmente é.” Então não basta que satisfaça apenas as suas necessidades básicas que seriam, primeiramente, as fisiológicas e de segurança segundo a Teoria das Necessidades Humanas de Abraham Maslow (1908 - 1970). Segundo este autor, o homem é motivado por necessidades organizadas de forma hierárquica, sendo que, As necessidades básicas estão na base da hierarquia, as pessoas procuram satisfazê-las antes de se preocupar com as de nível mais elevado e uma necessidade em qualquer ponto da hierarquia precisa ser atendida antes que a necessidade de nível seguinte se manifeste. Se uma 31 necessidade não for satisfeita, a pessoa ficará estacionada nesse nível de motivação (MAXIMIANO, 2000, p.350). O que se entende nessa teoria, é que as satisfações das necessidades fisiológicas e de segurança são apenas a base da pirâmide e que, em muitas organizações nem estas são satisfeitas. “As necessidades fisiológicas ocupam o primeiro nível da hierarquia de Maslow [...] as pessoas tentam satisfazê-las antes de quaisquer outras.” (SOTO, 2002, p.142). Ou seja, é uma obrigação e responsabilidade das empresas proporcionarem aos seus colaboradores condições para que tenham um nível mínimo de satisfação para, a partir daí, buscar novos degraus rumo ao seu desenvolvimento e busca de realização. Logo, a organização tem a responsabilidade de oferecer meios para o homem atingir o auge de seus desejos e aspirações, pois se é nas empresas que passamos a maior parte de nossas vidas, natural seria que as convertêssemos em lugares mais agradáveis e saudáveis para a execução do nosso trabalho. Locais onde pudéssemos, de fato, passar algumas horas vivendo, criando e realizando plenamente “ com qualidade de vida, satisfação e alegria.” (VASCONCELOS, 2001, p.34). No entanto, a Era da Informação, trouxe mudanças diárias e a exigência de um trabalhador extremamente ágil, dinâmico e capaz de acompanhar a nova forma acelerada de se trabalhar e viver. Com isso as pessoas reagiram de formas variadas, sendo que a capacidade de suportar as situações adversas depende do equilíbrio entre a pessoa e o seu contexto. Uma preocupação nas organizações gerada por estas constantes situações é o estresse. Segundo Militão (2001, p.10) “o estresse é um aspecto natural da própria vida. As pessoas estão constantemente expostas a estímulos do ambiente tanto externos como internos”. De acordo com RIO (1998) apud POLITO & BERGAMASCHI (2006, p.33), a palavra estresse vem do latim e quer dizer adversidade ou aflição. O estresse é basicamente definido como a resposta fisiológica ou emocional a um estímulo externo, que origina uma ansiedade e tensão que são percebidas 32 como pressões, e que exigem a entrada em ação de mecanismos adaptativos, com capacidade de se ajustarem a essas pressões, propiciando meios adequados à reação e preservação da integridade e do equilíbrio Ou seja, estresse é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental dos indivíduos.. Para Selye, 1956 apud Araldi-Favassa; Armiliato & KALININE (2005, p.86), “o estímulo estressor pode desencadear diferentes respostas em diferentes organismos e dependendo da forma com que o indivíduo responde a este estímulo, pode se transformar num estresse positivo ou negativo.” Neste caso, o estresse positivo recebe a nomenclatura de eustresse e o negativo de distresse. De acordo com Limonge-França &Rodrigues (1997): No eustresse, o esforço de adaptação gera sensação de realização pessoal, bem-estar e satisfação das necessidades, mesmo que decorrente de esforços inesperados, é um esforço sadio na garantia da sobrevivência. Se ocorrer o contrário onde o esforço de adaptação não traz realização pessoal, bem-estar e nem satisfação, gera-se um distresse. Pelo fato de vivermos em um mundo onde tudo acontece com muita rapidez, as ações humanas passaram a ser quase automáticas. De acordo, com Vecchia (2004, p.7). Fomos habituados ao longo dos últimos séculos, com a expansão das ciências, da tecnologia e da revolução industrial, a pensar, organizar, viver e a incorporar um pensamento mecanicista, um pensamento que se desenvolveu a partir da dissociação entre corpo e alma, entre conhecimento e sentimento, entre conhecimento racional e o conhecimento vivencial [...] O homem moderno incorporou essas dissociações de uma forma vivencial, organizacional e as traduziu numa prática ideológica que segue se reproduzindo. O pensamento mecanicista norteia os comportamentos de forma que tornem-se previsíveis e as respostas para as situações praticamente padronizadas. Não somos educados para percebermos a nós mesmos e ao 33 mundo que nos cerca para, a partir daí, tecermos nossa atuação. Segundo Shinyashiki (1984, p.16) “cada vez mais, esquecemo-nos de nós mesmos, cada vez mais, esquecemos de nossas necessidades. Aliás, cada vez mais, passamos a desprezar-nos porque ignoramos...” Por isso, uma situação estressora aparece, na maioria das vezes, como sinônimo de distresse por fazer com que as pessoas abandonem a mesmice e repetição de suas ações, exigindo, ainda, uma resposta espontânea e natural que não sabem mais apresentar. Quanto mais a pessoa estiver presa a estas regras de comportamento e quanto mais seu ambiente for de reprodução ao invés de criação, mais sentirá dificuldade diante da situação estressora o que, conseqüentemente, acarretará nos sintomas do adoecimento. Para que o homem consiga desenvolver tais competências de forma que o estresse não seja motivo de doença e sofrimento (distresse), é preciso se trabalhar a nível individual, principalmente com o fortalecimento da autoconsciência e do comprometimento; assim como a nível organizacional, criando um ambiente favorável ao desenvolvimento humano e não à sua estagnação. Devagar, as organizações que apreciam seu capital intelectual, vêm tentando promover melhorias, nessas organizações o gerenciamento da qualidade de vida no trabalho ocorre através da implantação de programas coletivos e do estímulo às ações individuais voltadas para um estilo de vida que permita viver mais e melhor, não apenas oferecendo recompensas palpáveis aos seus colaboradores, mas educando-os no sentido do autoconhecimento e do crescimento pessoal. No entanto, o homem precisa de outros estímulos para satisfazer plenamente suas necessidades e para sentir-se completo e concretizado. A prática de atividades corporais permite que vá e de modo significativo rumo ao autoconhecimento e, além disso, trata-se de uma necessidade que não pode ser negligenciada pois “a atividade física constitui uma parte integral do 34 homem, e este necessita do mínimo de atividade física para manter-se orgânica e emocionalmente sadio.” (POLITO & BERGAMASCHI, 2006, p.23). A prática regular de atividade física, associada à adoção de outras atitudes saudáveis, é fundamental para o controle dos níveis de estresse e manutenção da saúde física e emocional. Além da prática física como ginástica laboral que para trabalhadores em escritórios, como funções administrativas, como digitadores, secretárias, atendentes e outros, são acometidos por problemas posturais, musculares ou outras patologias a ginástica laboral que tem se mostrado, um bom programa de atividades para estas pessoas onde sem dúvida os ajuda a diminuir lesões e previne ou reabilita os colaboradores de doenças ocupacionais e acidentes no ambiente de trabalho, melhorando a integração entre os empregados e maior satisfação para criar um clima favorável nas organizações não podemos deixar de lembrar de fatores psicossociais. (Limonge-França 2010, p.37) Classifica as ações psicossociais como ações que permitam manter as pessoas saudáveis e classificadas como ações de recuperação que seriam ações de para recuperar a saúde do colaborador já doente, ações de proteção, ou seja que visam evitar a exposição da pessoa do ponto de vista físico e psicológico e social e programas de proteção que visam conscientizar o colaborador a se proteger e evitar agente nocivos, por exemplo utilizando de seus equipamentos de proteção. Uma dos novos conceitos na promoção da QVT é a adoção da prática da Biodança pelas empresas. Esta abordagem corporal foi criada no final da década de 1960 por Rolando Toro, professor e poeta chileno. Oferece efeitos comprovados cientificamente como a melhora da auto-estima, do vínculo afetivo, da qualidade de vida e da saúde do colaborador, reforçando o lado positivo e saudável do mesmo. Baseia-se em um sistema de crescimento e desenvolvimento do potencial humano, aprimorado em vivências integrativas que se utiliza da música, da dança e dos exercícios de comunicação de grupo. 35 Assim, segundo os autores Lima & Toro (2008, p.304) a Biodança é uma metáfora que significa a Dança da Vida. O orgânico e o psíquico não são mais que dois aspectos de uma mesma realidade, e têm como objetivo principal a integração do ser humano com relação a si mesmo, a seus semelhantes, e ao meio que os cerca. No dias de hoje, “cada vez mais se tem notícia sobre ‗abordagens vivenciais‘ aplicadas ao meio empresarial [...] é preciso que as pessoas se sintam integradas a ponto de confiarem umas nas outras, conseguindo entrar na proposta oferecida” (MACHADO, 2004, p.51). Ou seja, para se utilizar da Biodança é importante que a empresa e as relações de trabalho estejam mais amadurecidas a ponto de tirar total proveito das vivências e do que a técnica tem a oferecer. A partir do ponto de vista do Sistema Biocêntrico, é possível ver as Organizações como sistemas vivos com necessidades, padrões e comportamentos semelhantes a qualquer outro organismo. As técnicas do sistema utilizadas nas empresas fortalecem a equipe, desenvolvem os potenciais criativos, a cooperação, solução de conflitos, combate ao estresse, melhora o clima organizacional, o espírito de luta para enfrentar desafios, associando razão e sentimento com a emoção, aprimorando vínculos saudáveis consigo, com o outro e com o Universo na busca de novas conexões relações, recursos e resultados favoráveis às estratégias organizacionais.(SOUZA, 2005, p.1). Compreende-se que “o ponto de partida do processo educativo, inspirado no Princípio Biocêntrico, é cultivar as funções que regulam a vida humana, permitindo a sua evolução. Assim, o objetivo da Educação Biocêntrica é a vida”. (LIMA & TORO, 2008, p.306). Trabalhando o próprio corpo o homem poderá trazer mudanças importantes e positivas para a organização porque o processo de desenvolvimento das pessoas e dos grupos na organização começa a partir da autopercepção e do autoconhecimento 36 Podemos citar alguns programas para implantação em empresas visando promover a qualidade e saúde do trabalhador tais como, Quikmassage, yoga, acupuntura, ginástica laboral, avaliação e acompanhamento para ganho e perda de peso, programa anti-tabagismo, RPG, psicoterapia breve, arte terapia entre outros, porém na ótica de (Chiavenato, 2002, p. 299) as importâncias das necessidades humanas tende a variar de acordo com a cultura de cada pessoa e organização, ou seja, a qualidade de vida do trabalhador não é determinada somente por características individuais tais como valores e necessidades ou somente por situacionais como estrutura organizacional, tecnologia, sistema de recompensas entre outros mais sim pela atuação sistêmica ou seja mesclada das características individuais e organizacionais, logo não existe uma receita pronta para implantação de programas de qualidade de vida. (TAVEIRA, 2006, p.20). Também expressa a não receita de boto para qualidade de vida pois se uma empresa resolver implantar um programa de qualidade de vida no trabalho, a primeira questão a ser analisada são os valores e as expectativas dos funcionários no que se refere à qualidade de vida no trabalho, e aqueles precisam estar envolvidos, conscientizados e educados do que vem a ser a Qualidade de vida no trabalho, respeitando-se as particularidades daquela cultura organizacional em particular (TAVEIRA, 2006, p.20). Assim, mesmo que lentamente, as empresas estão abrindo suas portas para formas alternativas de promoção da QVT, mais humanizadas e que vislumbrem o ser de forma integral, contemplando todos os seus aspectos. Esta nova forma de abordar a QVT, poderá resultar em mudanças nas práticas do trabalho e do trabalhador e na consolidação de novos paradigmas do processo, o que pode ser de grande valia para a superação de modelos que negligenciam aspectos socioeconômicos, psicológicos e culturais importantes nas ações de promoção, prevenção, tratamento reabilitação e melhoria da qualidade de vida do trabalhador e da qualidade de vida do trabalho 37 Em resumo Oliveira e Limongi-França (2006, p.3) O atual contexto social e econômico caracteriza-se por demandar de grande parte das empresas uma crescente atenção com seus ativos intangíveis. Há algumas décadas, a competitividade de várias organizações estava ligada ao tamanho e complexidade de sua estrutura física. Hoje, aspectos como o conhecimento nelas desenvolvido e mantido, sua marca e valorização no mercado, e as pessoas que nelas trabalham podem se tornar diferenciais competitivos mais importantes do que os aspectos tangíveis. Sendo assim, as organizações estão preocupando-se mais em criar condições para que as pessoas possam se desenvolver utilizando o máximo de suas potencialidades. CONCLUSÃO Sem dúvida nenhuma a qualidade de vida tem sido um dos temas mais debatidos e mais importantes da atualidade e, pelo fato de vivermos a maior parte das nossas vidas dentro do ambiente em que trabalhamos, é de extrema importância para as organizações a busca por compreensão, investimento e aposta nas melhorias da qualidade de vida no trabalho para manter-se competitiva no mercado globalizado. Muitas empresas adotam a QVT sob a forma de programas engessados que são oferecidos aos colaboradores sem que estes sejam ouvidos ou entendam seu envolvimento neste processo. Portanto, a QVT encarada como um modismo não passa de um investimento sem retorno tanto para a empresa, quando os colaborares não são envolvidos em todo o processo. Um programa de Qualidade de Vida no Trabalho que vise o sucesso deve ser capaz de ensinar e não apenas de dar dados materiais para se viver melhor. Neste processo educativo o mais importante é que o colaborador 38 aprenda a cuidar de si e de sua imagem, além de ser capaz de mudar hábitos de vida e de repensar verdadeiramente sobre suas escolhas e decisões. A implantação destes programas deve ser realizada de forma responsável, envolvendo um cuidadoso planejamento e preparação de todos os integrantes da empresa para as novas vivências que terão. Trata-se de uma responsabilidade institucional e de uma tarefa de todos. De acordo com Johnston; Alexander e Robin (1981) apud Nishimura; Spers & Giuliani (2007), um programa de QVT deve seguir as seguintes etapas como sensibilização, preparação, diagnóstico e concepção porém é importante advertir, que as mudanças no ambiente físico e nas condições de trabalho devem vir seguidas de uma mudança na cultura organizacional que siga os princípios de busca pelo bem-estar coletivo, respaldada na prevenção de riscos para a saúde, segurança e conforto dos empregados e que valorize, ainda, o desenvolvimento profissional e a função social da empresa. A comunicação interna, certamente, é um instrumento imprescindível para que esta transformação se viabilize porque é através deste canal que se aumenta a integração entre as pessoas que compõem a empresa e onde se permite a disseminação das informações e conhecimentos entre todos, permitindo que se crie um clima organizacional positivo. De forma geral, a preocupação com a qualidade de vida no trabalho é, também, a preocupação em tratar o trabalhador de forma mais humanizada. Mesmo que seu objetivo inicial tenha sido o de buscar mais produtividade e lucro para as empresas, é inegável a existência de inúmeros benefícios revertidos diretamente na vida das pessoas. Assim, é possível afirmar que a valorização da QVT e a fundação de programas válidos, neste sentido, podem resultar no ganho justo e recíproco entre colaboradores e as empresas. O investimento em programas de QVT que permitam às pessoas o autoconhecimento e o desenvolvimento humano integral reflete benefícios 39 grandiosos não apenas para as organizações, mas para a humanidade como um todo. Hoje podemos ver que ao longo dos anos o homem evoluiu e transformou o tudo ao seu redor, fez descobertas e criações magníficas. Mas, apenas na contemporaneidade as grandes empresas estão reconhecendo o enorme potencial do ser Humano livre, saudável e criativo. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRAHÃO, J. I. ; PINHO, D. L. M. As transformações do trabalho e desafios teórico-metodológicos da Ergonomia. In: Estudos de Psicologia (Natal) vol. 7. número especial, 2002. p. 45 – 52. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413294X2002000300006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt >. Acesso em: 12 Nov. 2010. ARELLANO, E. B. Qualidade de vida no trabalho e os programas premiados – uma pesquisa exploratória. In: SAMPAIO, J. R. (Org.). Qualidade de vida no trabalho e psicologia social. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004, v. 1, p. 139-164. Ballone GJ -Síndrome de Burnout - in. PsiqWeb, Internet, disponível em <www.psiqweb.med.br, revisto em 2005> Acesso em 12 Dez 2010 BARBAIS, J. R. ; SILVA, R. P. Análise da viabilidade de implantação de uma gestão baseada nas competências: um estudo sobre este novo modelo de gerenciamento de pessoas. Cadernos da FACECA, Campinas, v. 13, n. 1, p. 5-12, jan./jun. 2004. Disponível em: <http://www.puccamp.br/centros/cea/sites/revista/conteudo/pdf/vol13_n1 _analise_viabilidade.pdf >. Acesso em: 12 Dez. 2010. BERTAZZO, I. Cidadão corpo – Identidade, autonomia e movimento. 4. ed. São Paulo: Summus, 1998. 117 p. BOCK, A. ; FURTADO, O. ; TEIXEIRA, M. Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia. 13. Ed. São Paulo: Saraiva, 1999. 365 p. 41 BOWDITCH, J. L.; BUONO, A. F. Elementos de comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira, Thomson Learning, 2004. 306 p. CABRERA, L. C. de Q. Visões tradicionais e modernas de empresa, trabalho e pessoas. In: BOOG, G. (Org.). Manual de Gestão de Pessoas e Equipes: estratégias e tendências, vol. 1. – São Paulo: Editora Gente, 2002. Cap. 3.p. 47 – 58. CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 457 p. CONTE, A. L. Qualidade de Vida no Trabalho: Funcionários com qualidade de vida no trabalho são mais felizes e produzem mais. Revista FAE DALLA VECCHIA, Agostinho Mário. Afetividade: convergência entre educação biocêntrica e a educação dialógica de Paulo Freire. Pensamento Biocêntrico, Revista eletrônica, n. 2, p. 11-34. OLIVEIRA, O. J. ; FABRICIO, M. M. (Org.). Gestão da Qualidade: Tópicos avançados. Cengage Learning, 2004. Cap. 7. p.107 – 121. FERNANDES, E. C. Qualidade de Vida no Trabalho: Como medir para melhorar. 2. Ed. Salvador- BA: Casa da Qualidade, 1996. 122 p. FERNANDES, E. C. ; GUTIERREZ, L., QVT - uma experiência brasileira. Revista de Administração, São Paulo, 1988, v. 23, n. 4, p. 29-38. Disponível em: <www.rausp.usp.br/download.asp?file=2304029.pdf >. Acesso em: 05 Dez. 2010. 42 FERREIRA, A. A. ; REIS, A. C. F. ; PEREIRA, M. I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias - evolução e tendências da Moderna Administração de Empresas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1997. 256 p. OK FERREIRA, A. B. de H. Novo Aurélio XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 150 p. OK GUIMARAES, L. A. M. et al. Prevalência de Transtornos Mentais nos ambientes de Trabalho. In: GUIMARÃES, L. A. M.; GRUBIT, S. (Org.). Série Saúde Mental e Trabalho. Vol. 1. - São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. p. 51 – 60. GILES BALBINOTTI. Conteúdo de Qualidade sobre Recursos Humanos.São Paulo/2008 Disponivel em < www.rh.com.br> Acesso em: 10 FEV 2011. HACKMAN, J. R. & OLDHAM, G. R. Development of the job diagnostic survey. IN: Journal of Applied Psychology. v. 60, n. 2, p. 159-170, 1975. JULIAO, Patrícia. Qualidade de Vida no Trabalho: Avaliação em Empresa do setor automobilístico a partir do clima organizacional e do sistema baseado na especificação técnica ISO/TS 16.949. São Paulo/2001: Universidade de São Paulo. Trabalho de conclusão de curso da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/TCC_PatriciaJuliao.pdf>. Acesso em: 17 OUT. 2010. LIMA, M. O. ; SILVA, S. P. da. Avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho dos colaboradores do banco do Brasil s/a da agência 43 Borborema – Campina Grande – PB. Qualit@s - Revista Eletrônica. Universidade Estadual da Paraíba, Vol. 6, No 1, 2007. Disponível em: <http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/viewFile/97/65>. Acesso em: 05 Dez. 2010. LIMONGE-FRANÇA, A C. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras, Revista Brasileira de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, vol. 1, n.º 2, p. 79-83, abr./mai./jun. 1997. LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de vida no trabalho: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. São Paulo: Atlas, 2004. 224 p. LIMONGE-FRANÇA, A. C. ; RODRIGUES, A. L.Stress e Trabalho Guia básico com abordagem psicossomática. São Paulo: Editora Atlas, 1997. 133 p. MACHADO, J. C. V. Vivenciando em Organizações. Revista Pensamento Biocêntrico – Pelotas - Nº 01 - p– 51 - 60 Out/dez 2004. Disponívelem:<http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/edicoes/pens amento_biocentrico_01.pdf>. Acesso em: 12 Dez. 2010. MAGRI, C. ; KLUTHCOVSKY, A. C. G. C. Qualidade de Vida no Trabalho: Uma revisão da produção cientifica. Revista Salus-Guarapuava-PR. jan./jun. 2007; Disponível em: <http://www.unicentro.br/editora/revistas/salus/v1n1/14-p87-94.pdf>. Acesso em: 12 Dez. 2010. 1(1): 87-94. 44 MARQUES, A.; BERUTTI, F. ; FARIA, R. História contemporânea através de textos.11. Ed. São Paulo: Contexto, 2005. 181 p. MARTINS, M. A. P. Gestão Educacional: planejamento estratégico e marketing. Rio de Janeiro: Brasport, 2007. 172 p. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. 546 p. MAY, R. O Homem à procura de si mesmo. 9. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1982. 230 p. MILITÃO, A. G. A influência da ginástica laboral para a saúde dos trabalhadores e sua relação com os profissionais que a orientam. 2001. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001. MONGRUEL, M. F. Qualidade de Vida no Trabalho e seus reflexos motivacionais: um estudo de caso com docentes do programa de mestrado em odontologia da universidade estadual de Ponta Grossa a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Dissertação de mestrado Universidade Estadual de Ponta Grossa, Área Ciências Sociais Aplicadas, Ponta Grossa, 2008. 119 p. Disponível em: <http://www.bicentede.uepg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=228>. Acesso em: 20 SET. 2010. NISHIMURA, A. Z. F. C.; SPERS, E. E.; GIULIANI, A. C. A gestão estratégica da qualidade e vida no trabalho. In: 2º Seminário sobre 45 Sustentabilidade, 2007, Curitiba. Anais do 2º Seminário sobre Sustentabilidade. Curitiba: UNIFAE, 2007. v. 2. p. 1-15. Disponível em: <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/pdf_praticas/praticas_03.pdf >. Acesso em: 05 Dez. 2010. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – OMS – Divisão de Saúde Mental Grupo WHOQOL. Versão em Português dos Instrumentos de Avaliação de Qualidade de Vida (WHOQOL) 1998. Porto Alegre, 2003. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol.html>. Acesso em: 12 Dez. 2010. POLITO E, BERGARMASCHI EC. Ginástica laboral: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. PEDROSO, B. ; PILATTI, L. A. ; CANTORANI, J. R. H. Os elementos do projeto de cargo e a qualidade de vida no trabalho: analogia do modelo de Werther e Davis. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 14, n 136 p. 1-1, 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd136/qualidade-de-vida-no-trabalho-modelo-dewerther-e-davis.htm>. Acesso em: 12 Dez. 2010. PETTA, N. L. de; OJEDA, A. B. História: uma abordagem integrada. São Paulo: Moderna, 1999. 290 p. POLITO, E.; BERGAMASCHI, E. C. Ginástica Laboral: teoria e prática. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2002. 104 p. RITZ, Maria Rita de Cássia. Qualidade de vida no trabalho: construindo, medindo e validando uma pesquisa. Dissertação (Mestrado em 46 Qualidade). Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000. 96 p. Disponível em: <http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000215650>. Acesso em: 03 NOV. 2010. ROCHA, L. R. M. Poesias. Revista Pensamento Biocêntrico – Pelotas Nº 01 - p– 61-66 Out/dez 2004. Disponível em: <http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/edicoes/pensamento_bioce ntrico_01.pdf>. Acesso em 20 ago. 2010. ROCHA, S. K. da. Qualidade de vida no trabalho: um estudo de caso no setor têxtil. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Florianópolis, 1998. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10229/37833>. Acesso em: 10 Ago. 2010. ROSSI, Ana Maria; PERREWÉ, Pámela; SAUTER, Sauter. Stress e Qualidade de vida no trabalho- QVT. São Paulo: Atlas, 2007. SALLES, P. E. M. de.; FEDERIGUI, W. J. Qualidade de Vida no Trabalho (QTV): a visão dos trabalhadores. O Mundo da Saúde. São Paulo: 2006: abr/jun 30 (2): 263-278. Disponível em: <http://www.saocamilosp.br/pdf/mundo_saude/35/qualidade_vida.pdf>. Acesso em: 05 Dez. 2010.. SARRIERA, J. C.; ROCHA, K. B.; PIZZINATO, A. Significado do trabalho e valores organizacionais. In: _____.____.____. Desafios do mundo do trabalho: orientação, inserção e mudanças. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. cap. 3. p.115-127. SELYE, H A tensão da Vida. Sâo Paulo: IBRASA, 1956. 47 TAVEIRA, I. M. R. Qualidade de vida no trabalho e cultura organizacional. Dissertação de Mestrado em Psicologia – Programa de Pós graduação em Psicologia Social. Universidade Estadual do Rio de Janeiro UERJ. Rio de Janeiro, 2006. 332 p. Disponivel em: <http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=99>. Acesso em: 05 Dez. 2010. VASCONCELOS, A. F. Qualidade de Vida no Trabalho: Origem, evolução e perspectivas. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v.08, n. 1, janeiro/março 2001. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cadpesq/arquivos/v08-1art03.pdf>. Acesso em: 14 Nov. 2010.