UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
AMANDA CESPEDE PROETTI
VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA
EDUCOMUNICAÇÃO
SÃO PAULO
2011
AMANDA CESPEDE PROETTI
VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA
EDUCOMUNICAÇÃO
Trabalho de conclusão desenvolvido sob a orientação do Prof.° Dr.° Ismar de
Oliveira Soares e apresentado como instrumento pré-requisitado para obtenção do
título de especialista em Gestcom - Gestão da Comunicação: Políticas, Educação e
Cultura.
1 VOLUME
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
ORIENTADOR: PROF.° DR.° ISMAR DE OLIVEIRA SOARES
SÃO PAULO
2011
BANCA EXAMINADORA
MEMBROS:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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2
RESUMO
Desenvolvida junto à organização não governamental Viração Educomunicação, a
pesquisa acadêmica a seguir se propõe a analisar as práticas fomentadas pela ONG sob o viés
do campo de intervenção sócio-educativa denominado Educomunicação, apontando
fragilidades no que se atém à gestão de tais práticas, assim como possíveis caminhos de
resolução. Para tanto, nos valemos de pesquisa qualitativa composta de observaçãoparticipativa, entrevistas, além de pesquisa bibliográfica e documental.
Palavras-chave:
Comunicação.
Educomunicação,
Epistemologia,
Gestão,
Produção
Participativa,
3
ABSTRACT
Developed with the non-governmental organization Viração Educomunicação, this issue
proposes to examine the practices promoted by the NGO from the point of socio-educational
intervention called Educommunication, pointing out management‟s weaknesses of such
practices, as well as possible resolutions. Thus, we make use of qualitative research, consisted
of observation-participation, interviews, literature research and documents.
Key words: Educommunication, Epistemology, Management, Participatory Production,
Communication.
4
DEDICATÓRIA
Em meio a tantos agradecimentos, eu não poderia dedicar essa conquista a outra
pessoa que não à minha mãe, Marli Cespede Proetti, inspiradora do maior amor de que sou
capaz. A mulher que fez de mim o que eu sou hoje e a responsável por quem eu serei sempre.
Bem certo como ela já não está entre nós é que o Gestcom foi a primeira de outras pseudorecompensas que se insinuam à dor da partida e à perda significativa da pessoa mais
importante da minha vida, indubitavelmente.
5
AGRADECIMENTOS
À coordenação do Gestcom pelo voto de confiança que se traduziu na bolsa de estudos
que me propiciou integrar a Turma 26 do curso.
Ao professor Ismar de Oliveira Soares, não só pela orientação, pela referência, pelo
brilhantismo e pelo legado literário quando o assunto é Educomunicação, mas também pela
militância incansável pelo reconhecimento do campo que resultou em tantos frutos sendo eu
mesma um deles.
À Viração por ter mudado o curso da minha história profissional, pra não dizer da
pessoal, sendo a responsável pela constituição de valores e ideologias que fazem de mim um
ser humano um pouquinho mais bonito. Sem contar ainda o despontar da vida acadêmica que
também se deu por meio deste encontro “iluminado” e os amigos de alma que eu fiz ali.
Meus amorosos agradecimentos a Vicente de Paulo Lima, uma das maiores referências
de ser humano pra mim e uma das cabeças mais brilhantes que já tive a oportunidade de
conhecer. Desta admiração faço um guia prático pessoal.
À Máquina da Notícia, empresa da qual sou colaboradora, e que desenhou, nos últimos
quatro anos, o cenário propício para a realização desta especialização. Em especial, meus
agradecimentos à pessoa de Marcelo Diego, meu diretor e grande apoiador no que tange aos
arranjos práticos necessários para o desenvolvimento deste trabalho conciliado às minhas
atividades profissionais.
Agradecimentos especiais a Camila Caringe, revisora e inspiradora deste trabalho, e a
Ana Paula Marques, pela colaboração na parte visual e também na articulação necessária para
o alcance de contribuições finais.
À minha família, nas pessoas de meu pai, Milton Roberto Proetti, de minha irmã,
Aline Cespede Proetti, e de minha tia, Marcia Cespede Silva e família. Pelo amor, pelo muito
incentivo e credibilidade e pelo sempre presente porto seguro. Amo vocês!
Ao meu namorado, Jeomark Roberto, maior inspirador e parceiro em todas as coisas
que aconteciam, concomitantemente, na minha vida durante o último semestre do Gestcom,
período de desenvolvimento da etapa final deste trabalho.
Aos meus amigos e às minhas amigas pelo carinho que se faz sempre suporte
imprescindível e insubstituível.
6
SUMÁRIO
Apresentação .............................................................................................. Pág. 7
Introdução
.............................................................................................. Pág. 8
1. Viração: História e Identidade
.......................................................... Pág. 12
1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens)
............................................... Pág. 14
2. Educomunicação: Referencial Teórico
............................................... Pág. 23
3. Viração: Fenômeno Epistemológico da Educomunicação
........... Pág. 29
3.1 Os Projetos
.................................................................................. Pág. 29
3.2 A Prática Social .................................................................................. Pág. 41
4. Problema: Gestão Educomunicativa
5. Pesquisa
............................................... Pág. 44
.............................................................................................. Pág. 50
6. Proposta de Intervenção
...................................................................... Pág. 72
7. Considerações Finais
...................................................................... Pág. 74
Referências Bibliográficas ...................................................................... Pág. 77
Anexos
.............................................................................................. Pág. 78
7
APRESENTAÇÃO
Nas páginas a seguir, o leitor encontrará o desenrolar de uma pesquisa acadêmica que,
como o próprio título diz, se propõe a uma experiência epistemológica da Educomunicação,
tomada esta como campo de intervenção sócio-educativa ressemantizado e referendado pelo
Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo (NCE/ECA/USP).
A introdução ao referido objeto se atém a apresentar e referenciar a missão do
trabalho, bem como esboçar o problema de gestão da comunicação a ser apontado por meio
de diagnóstico indiciário embasado por pesquisa de campo, documental e bibliográfica.
O primeiro capítulo, por sua vez, assume a função apresentar o cenário onde se dão as
práticas estudadas, ou seja, o objeto da pesquisa, a saber, a organização não governamental
Viração Educomunicação.
O capítulo seguinte tem por objetivo referenciar a experiência epistemológica com
conteúdo teórico acerca do campo da Educomunicação, fazendo um breve passeio por sua
história e desdobramentos contemporâneos, sua natureza e aplicação prática.
O terceiro capítulo retoma a ONG apresentando, efetivamente, seus projetos e práticas,
além de dar início à trajetória narrativa que se encaminhará ao problema a ser trabalhado a
seguir.
O quarto e o quinto capítulo são destinados ao problema, especificamente, sendo o
primeiro o responsável por destrinchá-lo, e o último, por atestá-lo por meio de relatos dos
atores envolvidos no cenário traçado pela pesquisa, público este escolhido para a última etapa
da presente pesquisa, constituída de aplicação de questionário.
Os capítulos finais se dedicam à proposta interventiva a fim de propor caminhos de
resolução para o problema em questão e considerações finais, inclusive acerca do papel que
cumpre o gestor da comunicação.
8
INTRODUÇÃO
Maria Immacolata Vassallo de Lopes afirma, em Pesquisa em Comunicação, que a
instância epistemológica da pesquisa propõe regras de compreensão e legitimidade conceitual,
uma vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão factual. “[...] A reflexão
epistemológica desenvolve-se internamente à prática da pesquisa, encarregando-se de renovar
continuamente uma série de operações que asseguram a cientificidade dessa prática.” (2005,
p. 121).
Em linha com o pensamento da autora, o intuito do presente trabalho é apresentar a
organização não governamental (ONG) Viração Educomunicação como legitimadora do
conceito teórico dado ao campo da Educomunicação pelo Núcleo de Comunicação e
Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
(NCE/ECA/USP)1, apontando-a como fenômeno prático referencial. Além disso, este
instrumento também se propõe a apontar caminhos para possível solução do problema de
gestão da comunicação diagnosticado por meio de pesquisa bibliográfica e documental, bem
como de pesquisa qualitativa composta de observação-participativa de processos e práticas,
além de entrevistas.
A Viração Educomunicação nasceu com a proposta de uma revista que não fosse
apenas voltada para o público adolescente e juvenil - fórmula corriqueira no mercado editorial
- mas que fosse produzida por eles2 próprios, sob a diretriz do campo de intervenção social
denominado Educomunicação, que propõe a construção de “ecossistemas comunicativos”3
que levem em conta todos os sujeitos envolvidos nas práticas educativas, tomando-os,
simultaneamente, enquanto produtores, emissores, receptores e gestores de uma comunicação
1
A palavra “Educomunicação” se refere aqui a um conceito novo, ressignificado, em 1999, pelo Núcleo de
Comunicação e Educação da USP, a partir da conclusão de pesquisa patrocinada pela FAPESP em torno dos fenômenos que
ocorrem na relação comunicação/educação na América Latina. Diz respeito à sistematização de práticas sociais com uma
perspectiva alternativa às que ocorrem nos âmbitos da comunicação e da educação tradicionais (SOARES, Ismar de Oliveira.
“Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de
comunicação, arte e educação. Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74.). A palavra “educomunicação” se refere
somente à união das práticas comunicativas e educativas e, como ambas são grafadas com letra minúscula, será também com
letra minúscula a palavra que delas deriva como interface somente, não enquanto conceito maior academicamente firmado.
2
Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “eles” ou “ele”, leia-se
também “elas” ou “ela”, assim como em outros casos de pronomes e substantivos sujeitos a variação de masculino e feminino.
3
Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio entre os elementos que constituem um
determinado espaço físico em permanente mutação, analogia que nos permite entender a natureza relacional e dialética do
convívio humano em determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura, ou no
mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a conviver sob regras que se
estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto
sistemas abertos e ricos de vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e criativa
de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a reconhecer a legitimidade do diálogo
como metodologia para a aprendizagem e convivência. (SOARES, 2009, p. 23).
9
participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo
como um todo, fortalecido em suas demandas e atuações. Para tanto, o conteúdo da Revista
Viração e da Agência Jovem de Notícias4 é produzido a partir dos Conselhos Jovens,
denominados Virajovens5, espalhados por todo o território nacional, em torno de uma
metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da comunicação.
A partir do momento em que esses adolescentes e jovens discutem e aprofundam um
determinado assunto e depois escrevem, entrevistam pessoas, fotografam ou
produzem vídeo ou áudio sobre o assunto, eles se apropriam dos temas e, enquanto
se apropriam, se transformam.6
Fundador da Viração, o jornalista Paulo Lima ilustra tal observação com o exemplo
clássico do menino que, enquanto faz um vídeo ou uma matéria sobre Reciclagem, toma
consciência do quão importante é o cuidado com a natureza, a despeito de já ter lido muito
sobre o assunto, ou mesmo ter visto propagandas na TV e no Rádio. A tomada de consciência
dele se torna muito maior ao produzir comunicação sobre determinado assunto. E o processo
de produção da notícia, que vai para a revista ou para a agência on-line ou para qualquer outra
plataforma é um processo acompanhado de uma formação crítica da opinião. Segundo Paulo
Lima, a prática da Viração ao longo desses oito anos propiciou tal atestação: “A ideia é que
todo esse modelo de produção de comunicação e de mobilização a partir da comunicação se
torne ação social, política, na última página. É a ideia do „saber fazer‟.”
À luz de Paulo Freire, que nos convidava a ler o mundo com outros olhos, criando
assim um novo mundo7, o jornalista constata: “O que a gente quer é a formação de sujeitos
autônomos, conscientes dos seus direitos e críticos. E a gente não quer só que eles opinem,
mas que eles decidam. Sujeitos produtores de muito mais que o feedback. Queremos que o
outro polo seja também produtor, emissor, num movimento dialético, não linear.”
Esse processo participativo da produção da notícia, no entanto, encontra embates e
incongruências em relação à própria natureza do conceito norteador das práticas da ONG - a
Educomunicação - que propõe um ecossistema comunicativo aberto, participativo, anti4
http://www.agenciajovem.org/wp/
Diferenciaremos o termo “Virajovem” do similar “virajovem”, usando o primeiro, com letra maiúscula, quando nos
referirmos ao “Conselho Jovem”, e o segundo, quando estivermos falando dos jovens participantes.
6
Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho.
7
FREIRE, 1992.
5
10
hierárquico, desverticalizado, inclusivo, democrático e dialógico. Observa-se, por exemplo,
um gargalo no cotidiano de tais práticas que opõe o modo de produção de conteúdo com
vistas aos moldes industriais (cumprimento de prazos e metas) - já que a revista funciona sob
os padrões operacionais de qualquer outro veículo de comunicação - à “participação” dos
adolescentes a partir dos Virajovens em linha com preceitos educomunicativos no que se
refere a uma participação aberta, criativa e democrática, preceitos estes, norteadores das
práticas a que se propõe a própria organização.
Soma-se a isso a nova etapa do processo de expansão vivenciado pela Viração, que
passou a abarcar uma série de projetos, ao longo dos últimos anos, incluindo a articulação de
uma Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (RNAJC), que visa garantir o
direito fundamental à expressão. A ideia é ampliar o viés da mobilização social juvenil para
além das paredes da Viração e dos próprios Virajovens, promovendo assim uma disseminação
da temática e dos processos da Educomunicação e uma maior articulação política com as
demais redes de juventudes.
Como garantir os preceitos educomunicativos como os anteriormente citados sem
impor aos virajovens o molde de “produção industrial” próprio da prática editorial
tradicional? Olhando para o movimento juvenil que começa a se esboçar a partir desta
plataforma, ou melhor, desta rede formada pelos Conselhos Jovens, perguntamos: um
adolescente não poderia, por ventura, integrar um Virajovem sem ter que se comprometer
com a produção de conteúdo para a revista e a agência on-line, atendo-se, desta forma,
somente à militância? Se isso é plausível, como garantir a manutenção destes veículos, que
necessitam cumprir pautas e prazos, além de uma série de outros compromissos inerentes a
qualquer processo de produção massificada?
A partir do exemplo relatado, é possível visualizar um problema de fundo que
presumivelmente estaria opondo o discurso e a prática da organização em mais de um nível. A
hipótese que levantamos é a de que tais incongruências poderiam estar configurando
fragilidades no que concerne à gestão da instituição, já que estamos falando de práticas de
uma organização que se propõe a salvaguardar preceitos da Educomunicação, a partir do
significado que lhe foi emprestado pelo NCE-USP. É nosso objetivo trazer tais questões à
consciência da ONG por meio de uma dissertação embasada por elementos indiciários, para
11
então, traçar uma proposta interventiva no sentido de buscar caminhos que nos levem a
possível solução para os problemas e incoerências apontados.
12
1
VIRAÇÃO: HISTÓRIA E IDENTIDADE
É costume dizer que as árvores nascem das sementes. Mas como poderia uma
sementezinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por exemplo? As sementes
não contêm os recursos necessários ao crescimento de uma árvore. Esses recursos
devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente em que foi gerada a Viração foi
muito fecundo. Estávamos embalados pela grande novidade que representou o
Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo primeiro governo Lula. Era
março de 2003. Três de três. Note bem: o três ou seu múltiplo acompanham a
caminhada da Viração desde o princípio. O ambiente em que nasceu a Viração era
propício. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo
Lima).
A Revista Viração nasceu, em 2003, sob a guarda jurídica da Associação de Apoio às
Meninas e Meninos da Região Sé (AAMM), permanecendo assim até o final de 2009 quando,
então, se tornou uma organização judicialmente autônoma sem fins lucrativos. À época, Paulo
Lima era diretor de redação da revista Sem Fronteiras, de propriedade dos Missionários
Combonianos, detentores também da Alô Mundo, publicação católica e missionária voltada ao
público infanto-juvenil. A Viração surgiu da ideia de elaborar um projeto editorial de
relançamento da Alô Mundo - numa versão mais laica e voltada para o público das escolas –
que, em meio a intempéries financeiras, foi encerrada aos 16 anos de existência. Estimulado
pelo título de “Jornalista Amigo da Criança”8, Paulo Lima resolveu fazer daquele projeto
editorial um ponto de partida para um projeto maior de Educomunicação, com base nos
pressupostos defendidos pelo NEC-USP que, além de pesquisar o conceito, desenvolvia,
naquele momento, um projeto pioneiro para levar a comunicação participativa, através da
linguagem radiofônica, a todas as escolas da rede municipal de educação de São Paulo.9
Desde então, a Revista Viração passou a ser produzida a partir de grupos de
adolescentes e jovens espalhados pelo território nacional - capitais e outros municípios denominados “Conselhos Jovens” ou “Virajovens”, ampliando, desta forma, os objetivos da
8
Título concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), pelo Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) e pela Fundação Abrinq, em novembro de 2002, pela trabalho desenvolvido, na época, na revista Sem
Fronteiras.
9
O projeto Educom.rádio - Educomunicação pelas Ondas do Rádio, eleito pela Prefeitura de São Paulo para dar
sustentação a um vasto programa de combate à violência, foi desenvolvido de 2001 a 2004 pela Secretaria Municipal de
Educação e pelo NCE/ECA/USP e capacitou cerca de 12 mil pessoas, entre estudantes, professores e membros da
comunidade escolar, levando a linguagem radiofônica a 455 escolas públicas de Ensino Fundamental.
13
missão de colaborar para a formação das juventudes por meio de um processo de educação
não formal centrada no conceito de gestão colaborativa da expressão comunicativa grupal.
A participação das pessoas na produção e transmissão das mensagens, nos
mecanismos de planejamento e na gestão do veículo de comunicação comunitária
contribui para que elas se tornem sujeitos, se sintam capazes de fazer aquilo que
estão acostumadas a receber pronto, se tornam protagonistas da comunicação e não
somente receptores.10
Como resultado deste trabalho articulado a ONG produz, mensalmente, para
distribuição nacional, tanto a revista impressa como o conteúdo online veiculado pela
Agência Jovem de Notícias, que está hoje em pleno processo de reestruturação. Para tanto,
conta com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, integrantes dos 42 Conselhos
Jovens atuais presentes em 22 Estados e no Distrito Federal.
10
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm
14
Legenda: Novo layout da Agência Jovem de Notícias. Fonte: Acervo Viração
15
Acreditando-se inerente ao conceito da educomunicação a prática de parcerias com
instituições que mantêm as mesmas perspectivas de ação, a Viração desenvolve projetos
colaborativos com mais de 20 entidades não governamentais. Esses projetos colaborativos
permanentes apresentam-se como a base de sustentação para o funcionamento dos Conselhos
Jovens. Em São Paulo, por exemplo, uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) permitem o desenvolvimento de projetos formativos em educomunicação junto a 40
comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista.
1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens)
Estruturados em diferentes fases, os 42 Virajovens encontram-se presentes nas
seguintes cidades:
16
Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens pelo território brasileiro. Fonte: Ana Paula Marques
Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens por Estado. Fonte: Ana Paula Marques
17
Formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais,
bem como por estudantes de escolas públicas e particulares, o Virajovem é instituído à base
do voluntariado com o apoio de uma organização não-governamental parceira que cede seu
espaço - preferencialmente com localização central na cidade, para o fácil acesso - e
infraestrutura para as reuniões mensais (alguns Virajovens se reúnem até mais de uma vez por
mês). Os adolescentes e jovens participam com sugestões de pautas, apuração de matérias,
redação de textos e produção de imagens e dão sugestões quanto à gestão, diagramação,
vendas e publicidade da revista. Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há
oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao editorial da revista ou mesmo debate,
palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e/ou organização de alguma ação de
mobilização. A ideia é que os participantes colaborem para que se redesenhe um novo
discurso jornalístico sobre e para as juventudes.
Cada Virajovem possui um facilitador, chamado “midiador”11, que, em muitos casos
casos, é um jornalista ou estudante de jornalismo, ou ainda um agente ou educador da
organização de apoio. Este agente é orientado e acompanhado pela equipe da sede da Viração,
em São Paulo, por meio de contatos telefônicos, virtuais e, periodicamente, pessoalmente, por
meio do Encontro Nacional dos Virajovens, quando, então, os midiadores de todos os
Conselhos se reúnem para um momento de avaliação e formação para fins de reciclagem e
estruturação das próximas ações de cada Virajovem.
Além dos encontros presenciais, os integrantes de cada Virajovem participam de uma
lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o andamento da edição do mês, entre
outros assuntos. Até mesmo a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é avaliada
por meio de tal lista. As pautas de cada edição são discutidas por meio de chat nacional,
promovidos no início de cada mês, e desenvolvidas, colaborativamente, por mais de um
Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para tanto, a discussão acontece via
troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet.
11
O termo sofreu variação proposital oriunda da miscigenação entre as palavras “mediador” - aquele que possui o
papel de mediar - e “mídia” - suporte de difusão de informações -, dando origem ao neologismo que define a figura responsável
pela mobilização e/ou facilitação de cada Conselho Jovem.
18
Legenda: Capas das últimas edições da Revista Viração. Fonte: Acervo Viração
São essas as instituições parceiras nos respectivos Estados de constituição dos
Conselhos Jovens:
● Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca/ Rede Sou de
Atitude – São Luís (MA);
● Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS);
● Agência Uga-Uga – Manaus (AM);
● Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Interfaces – Belo Horizonte (MG);
● Bemfam – Recife (PE);
● Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO);
● Catavento Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE);
● Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) – Curitiba (PR);
● Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL);
● Centro Cultural Bájò Ayò – João Pessoa (PB);
● Centro de Referência da Juventude/ Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos – Vitória
(ES);
● Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) –
Salvador (BA);
● Companhia Terramar – Natal (RN);
● Cuca/ UNE – Teresina (PI)
● Cufa – Cuiabá (MT);
● Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF);
● Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e Adolescência – Campo Grande (MS);
● Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ);
● Tv Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC);
19
“Contação da Viração
Dizia o pintor Pablo Picasso que o difícil era o primeiro ponto. Um ponto,
um desenho, uma obra de arte. No caso da Viração: uma palavra, uma página, uma
revista. Tudo começou por aqui, por um projeto social impresso. Uma proposta de
revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens de todo o Brasil, e não
apenas do eixo Rio-São Paulo. E essas primeiras palavras encarnadas no projeto
ganharam vida em março de 2003 a partir do slogan: mudança, atitude e ousadia
jovem. Outro Paulo, desta vez brasileiro, dizia que “primeiro a gente faz, depois dá o
nome”. Sim, Paulo Freire, uma das fontes de nossa inspiração, tinha razão. Fomos
fazendo, sem saber ao certo onde chegar. Viração nasceu como minha iniciativa
pessoal e, aos poucos e logo logo, foi se tornando obra coletiva. Primeiro, como
revista, com o apoio jurídico dos Missionários Combonianos e da Associação de
Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Depois, o projeto foi crescendo, várias
organizações foram pedindo para gente ir irradiando nosso jeito de fazer
educomunicação em outras paradas: consórcio social da juventude, escolas, ONGs,
Igrejas, secretarias de governos e ministérios. Os “Virajovens” foram se espalhando
como “Maria-Sem-Vergonha” num jardim. Nesse processo, sempre acreditamos na
força do “colaborativo” e do “cooperativo”. Por isso, fomos tecendo parcerias com
outras organizações que também assumiam a causa de uma comunicação livre.
Podemos melhor entender os primeiros momentos da Vira com uma
analogia do ambiente vegetal. É costume dizer que as árvores nascem das sementes.
Mas como poderia uma sementinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por
exemplo? Pois bem, as sementes não contêm os recursos necessários ao crescimento
de uma árvore. Esses recursos devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente
em que foi gerada Viração foi muito fecundo. Estávamos embalados pela grande
novidade que representou o Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo
primeiro governo Lula. Era março de 2003. O ambiente em que nasceu Viração era
propício.
Mas não foi nada fácil chegar até aqui. Ouvimos muitos “nãos”. Foram
muitos os tempos de vacas magras. Lembro que apresentava a Viração para
potenciais financiadores e inscrevia projetos de sustentabilidade em diversos editais.
A cada negativa, comprava um vaso de plantas ou flores para amenizar a frustração
e transmutar o sentimento deixado pela porta fechada. Mas, as portas e janelas, aos
poucos, foram se abrindo. A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no Brasil e no
exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a
democratização da cultura e da comunicação.
Essa pequena história de vida faz jus à própria palavra “Viração, que quer
dizer, entre tantos significados, justamente: “vira ação”, “sobreviver de forma
aguerrida”, “dar certo”.
E vale ressaltar que, depois de quase oito anos, continuamos sendo um
processo indefinido, inacabado, em constante movimento de renovação e inovação.
Paulo Lima”
O texto acima faz parte da apostila produzida para o IV Encontro Nacional dos
Virajovens, realizado em 2010, e resume, em poucas linhas, a história de vida da Viração,
hoje com oito anos de idade.
20
É interessante perceber, no breve relato do jornalista, a característica auto referencial
da organização, explicitada por meio de auto-conceitos, palavras-chave e neologismos como
“projeto social impresso”, “revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens”,
“mudança, atitude e ousadia jovem”, “primeiro a gente faz, depois dá o nome (Paulo Freire)”,
“nosso jeito de fazer educomunicação”, e outros. Juntamente com os documentos da ONG, a
começar pela razão social - Viração Educomunicação -, tais expressões vão construindo a
identidade particular de uma instituição que, para militar pela transformação social no bojo de
uma comunicação mais livre, de forma confessa por meio de carta de princípios e valores,
assume o referencial teórico da Educomunicação referendado pelo NCE.
21
Legenda: IV Encontro Nacional dos Virajovens (out/2010). Fonte: Acervo
Viração
22
Ao nos debruçar sobre os referidos documentos, nos deparamos com a
“autoconsciência” da Viração Educomunicação, que ao mesmo tempo em que se preocupa o
tempo todo em justificar cada escolha, seja por conceito, prática ou referencial teórico,
também se intitula e se coloca como fenômeno epistemológico reconhecido do conceito de
Educomunicação, como no trecho a seguir: “A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no
Brasil e no exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a
democratização da cultura e da comunicação.”
Registrada em carta de princípios e valores, a missão da Viração contempla, pois, o
caráter aberto e prático do referencial teórico da Educomunicação: “fomentar e divulgar
processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e
educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação
socioambiental”.
Mas, afinal, o que é Educomunicação?
23
Legenda: Assembleia da Viração Educomunicação (ago/2009). Fonte: Acervo Viração
24
2
EDUCOMUNICAÇÃO: REFERENCIAL TEÓRICO
“[...] a comunicação é um ato pedagógico e a educação é um ato comunicativo [...]”
Paulo Freire
A massificação da comunicação com a proliferação e o abrangente crescimento do
papel dos meios de comunicação na atual sociedade se configura como ponto de partida dos
estudos acadêmicos em torno do binômio Comunicação e Educação, binômio este que se atém
a pensar os processos e os sistemas comunicacionais e de conhecimento nos últimos anos e
seus desdobramentos práticos no que tange ao papel que exerce a Comunicação sobre este
processo social denominado Educação.
Nome reconhecidamente notável dentro deste processo, Paulo Freire, visionariamente,
observou: “Educação é Comunicação”12. E ao fazer tal apontamento, é claro, o professor não
se limitava a tratar a comunicação massiva, midiática, tão somente. Assim também,
concordamos com o entendimento de que “a Educomunicação é compatível com todas as
modalidades da educação: a formal (escolar, curricular), a não formal (popular, não
sistemática) e a informal (midiática, esporádica)”.13 Por espaço educativo entende-se,
portanto, todo ambiente onde existe intencionalidade de promover a formação humana, como
a família, a escola, um centro cultural, uma emissora de TV ou de rádio, um centro produtor
de materiais educativos analógicos e digitais, um núcleo promotor de educação à distância ou
mediados por tecnologias, entre outros.14 Transformar, mudar, deslocar, empoderar-se de,
trazer para si, fazer com que algo que me era estranho passe a fazer parte do meu universo,
das minhas relações, das minhas necessidades, da minha consciência. O termo „educare‟,
conceito central da pedagogia freiriana, sintetiza tal amplitude. Pensar a Educação e a
Comunicação juntas faz-se, então, uma demanda social.
Falar em Comunicação ao remeter Educação é refletir sobre os processos de
conhecimento que foram se alterando frente a uma reorganização dos circuitos de cultura.
Neste contexto, a mídia se coloca como mediadora que dialoga com tal reorganização do
conhecimento que promove então outras expectativas de cultura. Sendo assim, falar em
Comunicação é falar em processo, em dispositivos comunicacionais.
12
13
14
FREIRE, 1979, p. 69.
SOARES, 2009, p. 162.
SOARES, 2009, p. 169 e 171.
25
Ao manipular os instrumentos de produção, imediatamente, alteram-se as relações de
produção e, consequentemente, as relações sociais. É nesta linha de raciocínio que se inserem
tais dispositivos (TV, Rádio, Internet, etc.). E os estudos acadêmicos têm avançado em
descobrir as muitas possibilidades do ponto de vista da Comunicação por meio destes
instrumentos de produção.
De autoria do NCE, o conceito de Educomunicação como sendo o “conjunto das ações
inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos
destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e
participativos, e a ampliar os espaços de expressão na sociedade através de uma gestão
democrática dos recursos da comunicação” chega para romper com uma prática de
comunicação unidirecional em prol do circuito dialógico, propondo, em lugar da comunicação
massiva, uma contra hegemonia. Trata-se de um ecossistema comunicativo que leva em conta
todos os sujeitos como produtores, emissores e receptores e gestores de uma comunicação
participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo,
especialmente, se fortaleça nas suas demandas e atuação, “sob a perspectiva da gestão
compartilhada e democrática dos recursos da informação.” (SOARES, 2009, p. 162).
Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio
entre os elementos que constituem um determinado espaço físico em permanente mutação.15
“Tomando a ideia proveniente do esforço que vem sendo feito, hoje em dia, para
manter uma relação equilibrada entre o homem e a natureza, a Educomunicação
entende ser necessário a criação de "ecossistemas comunicativos" nos espaços
educativos, que cuide da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os
grupos humanos, bem como do acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da
informação.”16
Tal analogia nos permite entender a natureza relacional e dialética do convívio humano em
determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura ou
no mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a
conviver sob regras que se estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No
15
16
SOARES, 2009, p. 23.
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf
26
meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto sistemas abertos e ricos de
vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e
criativa de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a
reconhecer a legitimidade do diálogo como metodologia para a aprendizagem e convivência.17
“Aqui, a comunicação é feita para socializar e criar consensos.”18
Assim, num contexto dialético do exercício do diálogo com o outro – pessoal e
institucional – propõe-se que o conceito da Educomunicação seja usado para
promover articulações coletivas, multiculturais e midiáticas em função do uso dos
processos e ferramentas da comunicação em proveito da construção tanto dos
indivíduos como das comunidades. (SOARES, 2009, p. 24).
Usualmente empregado, de forma restrita, pela Unesco e por pesquisadores como
Mario Kaplún, para designar a prática da educação ante os efeitos da mídia, o termo foi, como
já adiantamos, ressemantizado ao final de um trabalho de pesquisa realizado pelo
NCE/ECA/USP, entre 1997 e 1999, junto a especialistas de doze países da América Latina,
bem como países da Península Ibérica, para saber o que pensavam os coordenadores de
projetos na área e qual o perfil dos profissionais que trabalham nesta inter-relação.19 A prática
que originou o conceito surgiu nas décadas de 1960 e 1970, em ambientes não formais
(“educação popular” e “comunicação alternativa”), nos embates da luta social por novos e
mais franqueados espaços de comunicação e expressão.
Nos anos 1980, o procedimento chegou à esfera pública e começou a ser notado no
ambiente escolar.20 Em novembro de 1999, após tomar conhecimento dos resultados da
pesquisa do NCE/ECA/USP, o Ministério da Educação (MEC) incorporou-os ao documento
final do encontro Mídia e Educação - que reunira, em São Paulo, 150 empresários, produtores
e autoridades dos campos da Comunicação Social e da Educação de todo o país - afirmando:
“Reconhecemos a inter-relação entre Comunicação e Educação como um novo campo de
intervenção social e de atuação profissional, considerando que a informação é um fator
fundamental para a Educação.” (SOARES, 2009, p. 163).
17
18
19
20
SOARES, 2009, p. 23.
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf
SOARES, 2009, p. 165.
Idem.
27
Ao longo dos anos posteriores, o NCE/ECA/USP protagonizou diretamente algumas
ações, tais como o Educom.rádio, anteriormente mencionado; o Educom.TV, projeto
vinculado à proposta da Secretaria de Educação a Distância do MEC que tinha o objetivo de
discutir o uso da linguagem audiovisual na prática didática a partir de uma perspectiva da
ação educomunicativa e que alcançou 1.024 escolas (2002); o Educom.rádio Centro-Oeste,
que levou a Educomunicação para os Estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul
(2005-2006), a implementação da Educomunicação na Fundação Helio Augusto de Souza
(Fundhas) (2006-2001), bem como ações com o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio
do projeto Geração Cidadã (2006), com o Ministério do Meio Ambiente, através do Programa
de Educação Socioambiental, e com o MEC, com o programa de educação continuada Mídias
na Educação (a partir de 2006). A adoção do conceito como política pública, contudo, envolve
um número significativo de instituições pelo Brasil afora.21
A sistematização dessas experiências por pesquisas independentes, possíveis graças à
academia e seus programas de pós-graduação, é o que vem permitindo, finalmente, que estas
práticas deixem o espaço restrito das ONGs para transformar-se em políticas públicas de
Educomunicação. Diante de tal cenário, a resposta da academia foi o desenho de uma
Licenciatura em Educomunicação, inaugurada neste ano de 2011, passando a figurar entre os
cursos oferecidos pela ECA/USP.22 Como bem observa o coordenador-geral do
NCE/ECA/USP, Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, “[...] a definição fala em “conjunto de
ações” e não de ações isoladas, o que faz lembrar um sistema articulado de intenções e de
práticas de formação. Uma articulação comunicativa (“ecossistema”) [...]”. (SOARES, 2010).
“A Educomunicação vai além de ações pontuais; ela trabalha com políticas públicas, para não
beneficiar apenas uma minoria e, sim, atingir a população, criando verdadeiros ecossistemas.
O objetivo é mudar o processo.”23
Durante o desenvolvimento deste trabalho, minha irmã, Aline Proetti, desenvolvia
também um trabalho de conclusão de curso por ocasião do término de sua graduação em
Design e me relatou o projeto que estava sendo elaborado por seu grupo: desenvolver,
para/junto a uma ONG que realiza um trabalho com crianças, adolescentes e jovens, produtos
de marketing com, inclusive, a criação da logomarca. Para tanto, o grupo pensou que seria
interessante envolver a participação das próprias crianças, adolescentes e jovens. Resolveram,
21
22
23
SOARES, 2009, p. 165.
SOARES, 2009, p. 169 e 171.
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf
28
então, abrir espaço para que eles criassem a logo da instituição. Assim, o trabalho do designer
seria feito com base nas sugestões deste público, que teria espaço para expressar suas ideias.
Ao ouvir o relato acima, identifiquei ali uma prática educomunicativa. A promoção de
ecossistemas comunicativos abertos começa com a abertura à participação. Neste caso, ainda,
as crianças, adolescentes e jovens estavam sendo colocadas em nível igualitário, assumindo
até mesmo o papel do próprio designer que estaria cedendo seu poder de escolha a elas. A
desverticalização também fazia parte do cenário que eu enxergava naquela experiência.
Perguntei a minha irmã se alguém do grupo conhecia o conceito de Educomunicação e ela me
disse que não. Sugeri a ela que lessem a respeito, indiquei textos e livros e acrescentei
elementos à proposta.
[...] é possível visualizar que a Educomunicação se apresenta como abordagem
fundamental, num contexto em que a aprendizagem, a interação social, a
participação na sociedade e, portanto, a cidadania, dependem essencialmente de
capacidades de comunicação e de diálogo bem desenvolvidas pelas pessoas.
(ISMAR, 2010, p. 16).
O relato desta minha experiência pessoal reafirma a presença da Educomunicação no
dia a dia. E, assim como o olhar apurado de um jornalista que enxerga histórias, de um
cineasta que vê cenas ou de um fotógrafo que detecta imagens e cores, o olhar do
educomunicador pode identificar essa presença em qualquer lugar, já que a comunicação
permeia todos os espaços e todas as relações, e pode ser mais livre e democrática, bastando
para isso, que o processo seja pensado para o protagonismo coletivo, e não o individual.
Reflexões acerca dos fundamentos epistemológicos do campo da Educomunicação nos
estimula a pensar sobre a complexidade no que concerne às condições para a “preparação das
novas gerações para a vida num cenário representado por uma sociedade em mudanças
mediada pelo fenômeno da comunicação e as tecnologias da informação”.24 A proposta da
Educomunicação se atém a princípios e valores muito bem delimitados, ao contrário de suas
práticas que, por se configurarem em “processos”, mantêm uma natureza aberta e não
cronológica, ou seja, sem começo, meio e fim. Em outras palavras, para garantir um
“ecossistema comunicativo aberto, democrático e participativo”, muitas vezes, para não dizer
24
SOARES, 2009, p. 2.
29
sempre, as ações desenvolvidas sob as diretrizes do campo educomunicativo não cabem
dentro de cronogramas e/ou fórmulas fechadas.
Alia-se a isso a definição associada por Ismar Soares a tal conjunto de ações: “sistema
articulado de intenções e práticas”, que traduz a natureza “em construção”, infinita e mutável
de tais processos e práticas. “Entendemos o “ecossistema comunicativo” não como algo dado
(igual a um fenômeno que aparece estratégico e preexiste ao indivíduo, tal qual o próprio
ecossistema verde, ambiental), mas como um espaço social a ser construído (ou que pode ser
construído), intencionalmente, a partir da vontade política das pessoas nele envolvidas”.25 “O
conceito de ecossistema comunicativo paira, portanto, como uma meta conceitual e prática,
iluminando as ações que vão sendo planejadas e revisadas, envolvendo todo o cotidiano
escolar” (SOARES, 2010).
De autoria do professor Ismar de Oliveira Soares, o artigo acadêmico intitulado
“Caminhos da gestão comunicativa como prática da Educomunicação”
26
nos oferece
subsídios para compreender a natureza da “gestão comunicativa enquanto uma das áreas de
intervenção do campo da Educomunicação”. “O profissional direcionado a formar esses
ecossistemas é o gestor, que deve saber negociar e conhecer os limites, para evitar rejeições,
pois a prática educomunicativa deve ser feita dentro dos limites possíveis.27 “Em outras
palavras, a comunicação precisa ser planejada, administrada e avaliada, permanentemente.”28
A missão do campo de intervenção sócio-educativa no que se atém a “ampliar os
espaços de expressão na sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da
comunicação” vai ao encontro também da missão do presente trabalho que se resume em
apontar um problema de gestão da comunicação. O ecossistema comunicativo escolhido,
neste caso, é a ONG Viração Educomunicação, e o referido problema está, justamente,
atrelado à gestão educomunicativa de um de seus processos mais centrais: a metodologia de
produção de conteúdo participativo-colaborativa entre adolescentes e jovens para seu
principal canal: a Revista Viração.
25
26
27
28
SOARES, 2009, p. 174.
SOARES, 2009, P. 161 A 188.
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf
30
3
VIRAÇÃO: FENÔMENO EPISTEMOLÓGICO DA EDUCOMUNICAÇÃO
“Mas foi tudo crescendo. Desta semente e árvore chamada Revista Viração foram
nascendo, aos poucos, diversos frutos chamados, depois, de projetos. Tudo em
Movimento”. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo
Lima).
Em sua mais recente publicação, Ismar Soares observa:
[...] a Educomunicação não emerge espontaneamente num dado ambiente, levando
em conta, por um lado, a tradição hierarquizante dos processos tradicionais de
ensino e, por outro, a hegemônica verticalidade dos processos comunicativos. A
construção deste novo ecossistema educomunicativo requer, portanto, uma
racionalidade estruturante: exige clareza conceitual, planejamento, acompanhamento
e avaliação. No caso, exige, sobretudo, uma pedagogia específica para sua própria
disseminação: uma pedagogia de projetos que permita a experimentação”
(SOARES, 2010).
Paradigma que se afirma na prática e que tem na ONG Viração um fenômeno neste
sentido.
3.1 Os Projetos
Ao longo dos últimos anos, a Revista Viração deixou de ser a única prática
educomunicativa da organização, que passou a abarcar uma série de projetos que hoje
compõem um encarte de produtos e mais do que isso: configuram a ONG como espaço de
práticas educomunicativas diversas e articuladas. Foram 29 projetos desde a fundação, em
2003. São eles:
● Projeto Geração Cidadã
Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, a Viração coordenou a comunicação
do Consórcio Social da Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de
Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e
Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em R$ 97.000,00
31
(agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, a organização contou com o trabalho de
mais de 10 profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores. O
Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa
Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
que tem por objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de 30 dos 2 mil jovens
atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da
parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um
jornal impresso mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com
atualização diária), uma revista de conclusão do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4
mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet, além de criar formas
alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estavam com uma equipe
remunerada formada por três jornalistas.
● Projeto Revista Viração e Jornal Mural na Escola
Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou
mais de 500 estudantes e professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio
da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva, seus próprios meios de comunicação, a
partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações sociais e
culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma
periodicidade quinzenal nas escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente
255 mil pessoas, entre estudantes, professores, funcionários e familiares. Em 2009, o
Projeto Jornal Mural na Escola atuou em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de
São Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto
Jornal Mural na Escola está sendo implementado em outras capitais, como Campo
Grande, Maceió e Curitiba.
● Projeto Jornal Mural Literário
Projeto realizado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo com 12
escolas públicas de São Paulo. Após um percurso de 28 horas de oficinas de produção de
jornal mural com foco em textos literários, foram elaborados dois jornais murais
impressos em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares cada.
● Projeto Jornal Mural pelo Ambiente
32
Projeto realizado em parceria com Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e
a Secretaria Municipal do Ambiente do município de São Paulo. Após formação de
produção de jornal mural a partir de temáticas relacionadas às questões ambientais, jovens
de escolas públicas de Parelheiros realizaram um jornal mural impresso em formato pôster
que teve uma tiragem de 5 mil exemplares.
● Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh!
Desenvolvido em parceira com o Unicef desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para
a Vida pretende contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com
HIV/aids por meio de práticas de Educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30
jovens de diversas regiões do Brasil produz a Escuta Soh!, revista especial do Encontro
Nacional de Jovens Vivendo com HIV/aids, e o conteúdo de um site homônimo
(http://www.escutasoh.org/). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição
com uma tiragem de cinco mil exemplares em português, inglês e espanhol.
● Projeto Galera em Movimento
O livro Galera em Movimento – Uma Turma que Agita a Transformação do Brasil é
fruto de uma parceria entre Projeto/Revista Viração, Programa Aprendiz Comgás (PAC) e
Ministério da Cultura (Minc), em 2007. De autoria das jornalistas Daniele Próspero e
Laura Giannecchini, teve uma tiragem de 3 mil exemplares e distribuição gratuita para as
escolas públicas de São Paulo, o livro conta as histórias de vida de 11 adolescentes
engajados em movimentos juvenis que têm modificado significativamente a vida de
muitos jovens em situação conflituosa.
● Projeto Jornal Mural 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
Projeto realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário,
em 2008. Foram 20 oficinas de produção de jornal mural com 60 jovens e adolescentes da
região de Sapopemba e Parelheiros da cidade de São Paulo. O resultado final é um jornal
mural impresso em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares que foram
distribuídos para as escolas públicas e associações de bairro.
● Projeto Voz Ativa
Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e a
Identitá. Colégio Emilie de Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um
33
projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas da comunicação de sua escola.
O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se tornem
cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que
vivem, construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de
comunicação. A ideia não é trabalhar uma oficina ou um produto de comunicação, mas
ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e sistêmica. É toda a
escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de
Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na
construção de uma nova comunicação da escola.
● Projeto Mudando sua escola e comunidade, melhorando o mundo
Projeto em parceria com a Rede Comunicação Educação e Participação e UNICEF com apoio
da British Telecom por meio do Comitê Britânico do UNICEF. Foi desenvolvido entre 2008 e
2010 em escolas públicas de cinco diferentes grandes cidades brasileiras. Em São Paulo,
atuamos em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz nas escolas dos bairros de
Grajaú, Heliópolis e Barra Funda. Os estudantes experimentaram a utilização de vários
instrumentos de comunicação durante as oficinas de mobilização e elaboraram projetos como
jornal mural, boletins, vídeos, fanzines, fotografia e outros.
● Projeto Movimento Nossa São Paulo
Desde março de 2008, em parceria com o Unicef, a Viração mobiliza crianças e
adolescentes para que criem propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da
vida pública da cidade. As propostas criadas pelo público infanto- juvenil, relativas a
temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, foram
apresentadas a todos os candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito
eleito. Para aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e
adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram realizados fóruns de adolescentes em
diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”, espaços de
encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas
regiões e trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Um guia sobre “Como
montar um “cidadelo” foi desenvolvido divulgado pela cidade.
● Projeto Congresso de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes
34
Fruto da parceira entre a Viração e o Unicef de Brasília e de Nova Iorque, o Stop
Explotation é uma plataforma virtual (http://www.stopx.org/) que reúne jovens e
adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração sexual de crianças e
adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008,
no Rio de Janeiro. Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço
Adolescente, área multimídia de 600 metros quadrados, onde foram realizadas oficinas de
rádio, produção de vídeos, notícias, jornal mural e jogos cooperativos. Participaram da
iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da
plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países.
● Projeto Cartilhas Temáticas da I Conferência Nacional da Juventude
Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e Instituo Paulo Freire, o projeto
consistiu na produção de conteúdo da 13 cartilhas temáticas que alimentaram o processo
nacional da I Conferência Nacional de Juventude nos Estados, em 2008. As cartilhas
tiveram uma tiragem de aproximadamente 1 milhão de cópias.
● Projeto de Assessoria em Comunicação para o Conselho Nacional da Juventude e a
Secretaria Nacional da Juventude
Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude,
o projeto consistiu na assessoria para a criação do site juventude.gov, produção de pressreleases, reportagens e clippings relacionados à juventude, durante 2008 e 2009..
● Projeto Guia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos dos Adolescentes
Em parceria com Projeto Tecer o Futuro da Associação Nossa Senhora do Bom Parto e o
Unicef, o projeto consistiu na elaboração do projeto gráfico e na produção de textos para 4
cartilhas temáticas, em 2008.
● Projeto de diagramação do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para
Educação entre Pares
Em parceria com o Ministério da Saúde e Unicef, o projeto consistiu na assessoria e
produção gráfica do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para Educação
entre Pares, em 2008.
35
● Projeto Mostra Mídia e Religião
Projeto realizado em 2009 em parceria com a Mostra Internacional de Cinema e Religião
de São Paulo, Festival Internazionale di Cinema delle Religioni Religion Today e
Associazione Jangada, ambas de Trento, norte da Itália. O projeto consistiu em oficinas de
produção de vídeo de 3 minutos e concurso envolvendo Conselhos Jovens da Viração em
22 Estados e Distrito Federal.
● Projeto de assessoria para produção de revista da ONG Ação Comunitária
Projeto que consistiu em oficinas para adolescentes, jovens e educadores da ONG Ação
Comunitária e parceiros para a produção de uma revista da organização a partir de uma
metodologia educomunicativa, em 2010.
Atualmente estão em andamento 12 projetos:
● Projeto Revista Viração
Carro-chefe da instituição, a Revista Viração é mensal, com uma tiragem média de 8 mil
exemplares e distribuição nacional. Seu conteúdo é produzido pelos Conselhos Jovens
(Virajovens) com uma metodologia de participação inovadora que procura aglutinar e
favorecer a comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito
localizadas na comunidade, no bairro, na cidade.
● Projeto Quarto Mundo
Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa de TV diferente na
frente e atrás das câmeras. Sua equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com
origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a juventude não está perdida. Em
2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação
de câmeras, produção, pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação.
Também foram feitos debates sobre a história da TV, papel das TVs públicas e comerciais
e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas emissoras em geral.
Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens
entrevistaram pessoas capazes de provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do
grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios nas equipes permitiram que todos
experimentassem diferentes funções em TV. Cada temporada de gravação trouxe
novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e contribuindo
36
para a diversidade do programa. Em 2008, os jovens fizeram gravações de reportagens em
externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para aquele ano. Na última
temporada, os adolescentes e jovens decidiram criar uma série de ficção que trata de
assuntos da vida cotidiana da escola pública, gravada por eles, encenada por eles e com
um roteiro criado por eles. Com a cara jovem, marca registrada do Quarto Mundo!, a série
conta com cinco episódios e a cada exibição os participantes voltam para o estúdio a fim
de debater como a surgiu a ideia do episódio, curiosidades, a origem dos temas e muito
mais. Os programas vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segundafeira, às 19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da
NET, 71 da TVA ou 187 da TVA Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13
adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e sistematizadas no blog:
http://www.quartomundotvusp.blogspot.com/.
● Projeto Agência Jovem de Notícias
A Agência Jovem de Notícias é uma iniciativa colaborativa da Viração Educomunicação e
parceiros e se constituiu numa articulação de núcleos de adolescentes e jovens de
organizações sociais e escolas do Ensino Fundamental e Médio que produzem e
disseminam informação de interesse comunitário, por meio de formatos da web 2.0,
utilizando os princípios e técnicas do jornalismo social, comunitário e colaborativo. A
iniciativa teve origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre
(RS), quando a Revista Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), promoveram a cobertura jovem do
evento. Consiste em uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as
práticas da Educomunicação, e produzir notícias, diariamente, sobre os diversos temas
ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses jovens enxergam e que
está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo
multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado
especialmente para o evento e hospedado no portal Viração. A equipe preparada pela
Viração promove, diariamente, oficinas de Educomunicação entre os grupos de
participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e
inovadora, protagonista dos acontecimentos que eles mesmos estão presenciando. De
janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos
nacionais e internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de
1200 jovens e adolescentes participantes diretamente.
37
● Projeto Pontão de Cultura Outras Palavras
O projeto Outras Palavras é desenvolvido em parceria com a Associação Outras Palavras
e financiado pelo Ministério da Cultura. Prevê formação e pesquisa em mídias livres em
nível nacional de 2010 a 2013.
● Projeto Plataforma dos Centros Urbanos
A Viração é parceira técnica do Unicef para a implementação da Plataforma dos Centros
Urbanos em São Paulo e Itaquaquecetuba. A ONG está desenvolvendo a formação em
Educomunicação de 126 adolescentes comunicadores e dos educadores sociais de 63
comunidades. Para a realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações
da sociedade civil organizada; escolas públicas de Ensino Fundamental; Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, movimentos, ONGs, meios de
comunicação e associações comunitárias. A proposta de trabalho, em última instância, é
influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a garantia dos direitos
de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e
mobilização.
● Projeto Movimento Virajovem/ Rede Nacional de Adolescentes e Jovens
Comunicadoras e Comunicadores
A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma
iniciativa que está sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em
Brasília, houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes de 30
organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados do
Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e
ações. Uma delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no
processo da Conferência Nacional da Comunicação.
● Projeto de assessoria em comunicação Jovens Urbanos – CENPEC
Projeto realizado em parceria com a ONG Cenpec de São Paulo desde 2008. Atuamos
com formação em educomunicação jovem e mobilização social para jovens participantes
do Programa Jovens Urbanos realizado na região de Guaianazes, em São Paulo.
● Projeto Ponto de Leitura
38
Em parceria com o Ministério da Cultura, o projeto funciona desde 2009 como uma
biblioteca comunitária que dispõe ao público atendido pela Viração ou não cerca de 1 mil
títulos de livros ligados à mobilização juvenil, educomunicação e literatura.
● Projeto Segurança Humana
Projeto realizado em parceria com a Unesco, o Unicef e outras agências das Nações
Unidas desde 2009 em escolas do município de São Paulo. Tem como objetivo promover
a cultura de paz e reduzir a violência por meio de ações integradas nas áreas da educação,
ação comunitária e saúde.
● Projeto Plataforma virtual Phyrtual
Em novembro de 2010, Viração firmou um Termo de Cooperação Internacional com a
Fundazione Mondo Digitale, de Roma. Uma das principais iniciativa em comum é o
desenvolvimento, manutenção e expansão do Phyrtual, plataforma virtual para inovadores
sociais. Em resumo, trata-se de um ambiente de inovação virtual que se integra a
ambientes de inovação físicos (físico & virtual= Phyrtual), dando impulso aos
movimentos do Phyrtual dedicados a projetos sociais de inovação, programas e iniciativas
para um mundo melhor. Phyrtual busca ser um ambiente que favoreça o crescimento
individual e coletivo de traços humanos positivos para o fortalecimento de uma sociedade
baseada na justiça, na igualdade de direitos e na fraternidade. É um ambiente para
empoderamento e unidade na ação. A Viração se encarrega da tradução de todo o
conteúdo das ferramentas para o português e será ponto focal no Brasil para a expansão
da plataforma seja por meio de parcerias que por meio do desenvolvimento de novas
ferramentas virtuais para potencializar a plataforma.
● Projeto Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta na Itália
Como contrapartida ao financiamento do projeto Agência Jovem de Notícias, o governo
da Província de Trento solicitou uma intervenção local por parte da Viração. Estamos
desenvolvendo um projeto de educomunicação ambiental no Liceu Bertrand Russel, de
Cles, região do Trentino. Aqui, um grupo de 20 estudantes com no máximo 15 anos e 4
professores de diversas disciplinas estão desenvolvendo um projeto na escola e se
constituiu como Grupo Green Team. O grupo começou suas atividades em setembro de
2010, dando continuidade às atividades locais que foram realizadas no âmbito da
Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta, promovida pelo governo brasileiro e
39
realizada em Brasília em junho de 2010.
O principal objetivo de Green Team é
sensibilizar o maior número possível de jovens na escola e na comunidade, sobretudo por
meio de duas grandes campanhas de mobilização para que os jovens e suas famílias
possam usar produtos com menos embalagens e fazerem coletiva seletiva. Também
pensam em colocar uma máquina de distribuição de merenda com produtos biológicos no
pátio da escola. A iniciativa ganhou o Prêmio Euregio Ambiente 2010, como melhor
projeto ambiental entre as escolas da região, entre quase cem inscritos. O prêmio é
promovido pelos governos das regiões do Trentino, Alto Adige e Tirolo. As experiências e
os relatórios mensais do projeto estão disponíveis no blog: www.greenteam.tk).
● Projeto Empreendedorismo Virajovens - Geração MudaMundo
Projeto em parceria com o Programa Geração MudaMundo da Ashoka Empreendedores
Sociais. Iniciado em 2010, o projeto integra o Programa Geração MudaMundo para um
Futuro Ideal, que prevê investimento nos Conselhos Jovens da Viração por meio de um
concurso de projetos de empreendedorismo no campo da comunicação.
40
Legenda: Ação do projeto Plataforma dos Centros Urbanos. Fonte: Acervo Viração
41
Hoje, compõem a equipe 22 profissionais de diferentes áreas do conhecimento
(Comunicação, Ciências Sociais, Psicologia, Pedagogia).
Legenda: Organograma organizacional. Fonte: Acervo Viração
42
3.2 A Prática Social
A prática social da Viração Educomunicação supõe uma teoria da ação comunicativa
que privilegie o conceito de comunicação dialógica; uma ética de responsabilidade social por
parte de seus produtores culturais; a promoção de uma recepção ativa e criativa por parte das
audiências; a implementação de uma política de uso dos recursos da informação de acordo
com os interesses dos polos envolvidos no processo de comunicação, especialmente o
adolescente e o jovem29, e, finalmente, uma política de educação e de formação dos membros
da sociedade, notadamente os professores, gestores públicos e os estudantes das escolas
brasileiras, para o exercício de seus direitos de produção de mensagens através de todos os
recursos e tecnologias disponíveis.
As pessoas, ao participarem de uma práxis cotidiana voltada para os interesses e as
necessidades dos próprios grupos a que pertencem ou ao participarem de
organizações e movimentos comprometidos com interesses sociais mais amplos,
acabam inseridas num processo de educação informal que contribui para a
elaboração-reelaboração das culturas populares e a formação para a cidadania. 30
Nesse sentido, a organização - resultado do esforço conjunto de um grupo de
instituições e de profissionais do jornalismo preocupados em ampliar os espaços de expressão
das novas gerações -, tem em seu destinatário, o adolescente e o jovem, sua principal fonte de
inspiração, abrindo-se, em conseqüência, para o exercício comunicativo de suas lideranças,
através da formação de núcleos de comunicação jovem, que se constituem, simultaneamente,
em espaços de aprendizagem e de exercício da comunicação solidária e cidadã, em linha com
o pensamento de Cicilia Peruzzo:
A participação na comunicação é um mecanismo facilitador da ampliação da
cidadania, uma vez que possibilita a pessoa tornar-se sujeito de atividades de ação
comunitária e dos meios de comunicação ali forjados, o que resulta num processo
educativo, sem se estar nos bancos escolares. A pessoa inserida nesse processo tende
a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar-se com ele. Tende a agregar
novos elementos à sua cultura.31
29
Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “o jovem” ou “os
jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como em outros casos de substantivos sujeitos a variação de
masculino e feminino.
30
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm
31
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm
43
Legenda: Ação do projeto Quarto Mundo. Fonte: Acervo Viração
44
A Viração não se apoia na hierarquia, mas promove e se beneficia das relações
horizontais, começando por sua própria organicidade interna. Assim, a ONG não só prega este
valor, como o põe em prática, primeiramente, experimentando todos os prós e contras deste
método de relacionamento interpessoal e institucional. Tomadas de decisões, elaboração e
execução de planos de ações, prestação de contas e outros momentos do dia-a-dia são
inseridos dentro de uma política participativa e coletiva, privilegiando, desta forma - como
bem disse Eric Silva, integrante da equipe de educomunicadores da ONG -, o protagonismo
do grupo, que está além do protagonismo individual.32
No desenvolvimento de suas atividades, a Viração Educomunicação não faz qualquer
discriminação de idade, orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social,
nacionalidade, profissão, crença, política ou de qualquer natureza. Princípios como a defesa dos
direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos permeiam a política
promovida e vivenciada interinamente pela Viração e seus colaboradores. Tal política agrega alguns
outros valores como informalidade, espontaneidade, pluralidade.
É claro que administrar estes processos e ideologias na vida cotidiana esbarra muitas
vezes em dificuldades de alinhamento entre discurso e prática, e fatores como tempo,
sustentabilidade, prazos, etc., podem interferir. Ressaltamos, no entanto, que isso não tira o
mérito da construção coletiva de uma ideologia, de processos e práticas e de fluxos e
ecossistemas comunicacionais que querem contemplar tais valores.
É por isso que o presente objeto pretende pensar um ecossistema educomunicativo que
contemple a reestruturação ou a criação de uma plataforma que atenda à necessidade dos
Virajovens de subsidiar novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e
organizações sociais nos diferentes Estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a
diversidade, ação política, articulação e diálogo dos Conselhos com outras redes de
comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes.
32
Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010.
45
4
PROBLEMA: GESTÃO EDUCOMUNICATIVA
“Me lembro de uma reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em
Brasília, em junho de 2009. Discutíamos pela enésima vez o fato de que o
Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista. Pela enésima
vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista, mas um projeto e,
agora, uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a
ele que estávamos com núcleos em 28 Estados e que estávamos funcionando
como uma rede, um grande movimento de voluntários jovens que trabalham
nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí o Mario Volpi me
jogou na cara: “Pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar”. Ele analisou
e disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que viemos fazendo
até hoje para, quem sabe, lançar as bases de um movimento social de
adolescentes comunicadores. Compartilhei tudo isso com a equipe e todo
mundo ficou ainda mais entusiasta e com um grande desafio à frente: passar
da revista ao movimento, passar do projeto à organização, e um novo tipo de
organização.”
Paulo Lima
O trecho acima faz parte de uma das entrevistas que fizemos com o fundador da
Viração. A conversa com o gerente de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), Mario Volpi, a que se refere Paulo Lima, foi abordada também pela coordenadora
executiva da ONG, Lilian Romão, em conversa informal, e parece ter sido o “tiro de largada”
para um projeto que contempla demandas e teorizações que são produtos de oito anos de
trajetória.
A criação de uma Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores é uma iniciativa que
estava sendo promovida pela Viração desde a Conferência Nacional de Juventude, em abril de
2008, em Brasília, quando houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes
de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados
do Brasil. E neste aspecto, os Virajovens deram partida nesse processo por meio de sua
atuação em conferências de juventude livres, locais, municipais, estaduais, etc.
A Rede está em processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações,
tendo sido a mobilização de adolescentes e jovens para uma participação qualificada no
processo da Conferência Nacional da Comunicação, que aconteceu em dezembro de 2009, seu
primeiro grande desafio.
46
Ao lado da percepção da necessidade de envolvimento dessas práticas com a
articulação política por meio da construção de políticas públicas mais definidas no campo da
juventude, esses processos contribuíram para que a Viração fosse a fomentadora e grande
incentivadora desta Rede, cujo principal objetivo é fazer o monitoramento de políticas
públicas no campo da juventude e da comunicação. Para isso, a ONG busca, desde o começo,
se unir a entidades que atuam diretamente com comunicação, com criação e monitoramento
de políticas públicas de comunicação aportando nessa relação o foco com juventudes e
adolescências, como é o caso do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, uma
organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação.
Em reunião de avaliação do primeiro semestre do projeto Viração: Movimento de
Adolescentes e Jovens Comunicadores, em 28/07/2010, o professor Mário Volpi, Oficial de
Projetos do Unicef Brasil, defendeu de maneira contundente o viés político da proposta.
Enaltecendo a necessidade do fortalecimento dos direitos da criança e do adolescente na
sociedade brasileira, Volpi destacou a importância da mobilização no Congresso para a
construção de uma política pública que de fato garanta o direito de participação destes
adolescentes e jovens e cunhou essa árdua tarefa a esse movimento nacional que se articula
por meio da Viração com o apoio do Unicef e que prevê uma reestruturação das práticas
promovidas pela ONG em algumas frentes, tais como, articulação entre os Virajovens, bem
como formação em Educomunicação.
O Oficial enfatizou ali a não formalidade desse direito, ou seja, a participação dos
adolescentes, o direito de se expressar, não é algo formalmente reconhecido, não possui cunho
jurídico como o direito à saúde ou à educação. E a rede oferece um campo para a construção
desse marco legal. Para Volpi, uma rede desse tipo deve ser financiada pelo poder público e,
por isso, a necessidade da construção da política pública.
“A mobilização e articulação política de adolescentes e jovens necessita de uma
agenda exclusiva que contemple aquilo que diz respeito as suas demandas, as sua realidades.
É um erro manipular o movimento social adolescente para fortalecer uma agenda adulta”.
Este foi outro apontamento feito pelo Oficial de Projetos do Unicef. Todas as iniciativas hoje
existentes no sentido desse movimento são frágeis justamente porque elas dependem do
financiamento de algum apoiador para terem começo, meio e fim, enquanto que as crianças de
47
hoje se tornarão os adolescentes e jovens de amanhã. Trata, portanto, de uma demanda
permanente.
Com base no conhecimento prático e cotidiano que tenho da ONG33, é possível
observar que o projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores vem a
atender a uma demanda que tem se pronunciado já há algum tempo. Especialmente no que se
atém à criação de uma nova plataforma em razão da necessidade de uma reestruturação que se
pronuncia no dia-a-dia da dinâmica que envolve a participação e a atuação dos Conselhos
Jovens (Virajovens) de modo efetivo, participativo e protagonista.
Nosso desafio é, portanto, pensar uma reestruturação dos Conselhos Jovens
(Virajovens) por meio da criação de uma plataforma organizativa que fomente uma
participação mais efetivamente horizontal e protagonista que aporte soluções para a
independência da produção de conteúdo por parte dos Virajovens e de sua articulação como
movimento nacional de adolescentes e jovens comunicadores.
Sendo assim, podemos dizer que a parte que nos cabe de toda esta proposta se atém a
“pensar a comunicação” que se faz necessária a este novo desenho da organização e de seus
novos objetivos, mais especificamente no que diz respeito ao diferencial deste ecossistema
comunicativo, que são os Virajovens, a fim de lhe dar subsídios para esta transição de projeto
a movimento, haja vista sua complexidade.
Endossamos, portanto, a ideia construída por Paulo Lima:
O desafio agora é como criar um sistema educomunicativo que possa responder às
novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e
participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um
ecossistema comunicativo. Se crescemos, temos que desenvolver novas ferramentas
e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja integral.34
33
A autora atuou como colaboradora formal da ONG no período entre dezembro de 2006 e dezembro de 2008, além de
atuar como colaborada voluntária, permanentemente. Também desenvolveu junto à instituição processo indiciário proposto
para a construção de um diagnóstico, requisitado no primeiro módulo do Gestcom, por meio de entrevistas e conversas
informais.
34
Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho.
48
A partir desta análise, é possível elencar alguns pontos problemáticos nos fluxos
comunicacionais entre Virajovens e Virajovens, entre Virajovens e Viração Educomunicação,
e ainda entre Virajovens, Viração Educomunicação e adolescentes, jovens e educadores. São
eles:
● Déficit do nível de consciência dos sujeitos envolvidos nos fluxos de comunicação
no que diz respeito à essência da proposta educomunicativa para a transformação
social da ONG. Para Paulo Lima, o aprofundamento deste nível de consciência é um
processo gradual que necessariamente deve contemplar os diferentes graus de
“compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade econômica”,
por exemplo;
● Relação/comunicação entre os Virajovens e a equipe responsável pela gestão da
produção de conteúdo para a Revista Viração (autoritarismo, moldes operacionais com
vistas aos industriais (cobrança de prazos e metas), etc.;
● Extensão do primeiro e do segundo pontos que resulta na comunicação emitida pela
ONG por meios dos Virajovens, especialmente o Virajovem São Paulo, no sentido de
adolescentes e jovens que não fazem parte dos Conselhos, ou seja, uma comunicação
externa equivocada;
● Conceito de “protagonismo”, falhas no processo de “empoderamento” (disputa,
“hierarquização”, etc.) entre os virajovens;
● Questão financeira, sustentabilidade dos Virajovens;
● Articulação política e mobilização.
Podemos atribuir estes vários pontos problemáticos a uma questão mais genérica que
se refere justamente a falhas na gestão das práticas educomunicativas a que se propõe a ONG.
Percebe-se, portanto, incoerências entre discurso e prática.
49
Eric Silva, 20 anos, midiador do Virajovem São Paulo durante o ano de 2008 e
integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, apontou uma destas incoerências.35
Na contramão da proposta educomunicativa que circunda a formação e a atuação dos
Conselhos Jovens, o que se percebe, muitas vezes, é uma disputa por cargo dentro do próprio
Conselho, opinião compartilhada por Douglas Lima, 22 anos, educomunicador e um dos
primeiros virajovens. Eric ressalta a falta de apego do próprio fundador a despeito do apego
dos midiadores por tal colocação. “O Paulo nunca teve isso. O cara que construiu a ideia, que
seria um líder, não tinha esse apego, essa coisa “minha”, “a viração é minha”, “o Virajovem é
meu”, “a Revista é minha”, “o que eu não gosto não vai entrar”...”.
Eric alerta ainda para uma segunda incoerência que se dá entre a essência fundamental
do papel do Conselho Jovem, instituído com o intuito de mobilizar adolescentes e jovens em
torno da participação social por meio da comunicação, e sua real participação, como fonte de
produção de conteúdo pura e simplesmente. Para ele, isso ocorre por conta da falta de
consciência das origens e da essência da proposta educomunicativa que deveria permear a
todos os envolvidos. “O processo educomunicativo, de construção coletiva, se perde porque
as pessoas não têm essa essência no nível de consciência”. Podemos aferir do ponto de vista
de Eric uma primeira medida que merece atenção: formação destes adolescentes no que
concerne ao conceito de Educomunicação e gestão da multiplicação de tal referencial teórico
como diretriz.
Hábitos do cotidiano, até mesmo como a forma de identificar-se ao telefone - “Revista
Viração” ou “Redação” ou, ainda, “Editor” - também são pontuados pelo jovem como forma
de demonstrar as incongruências impostas ao dia-a-dia das práticas sustentadas pela
organização. Eric chega a relatar experiências envolvendo falta de informação dentro da
própria equipe e critica a pretensão de se querer replicar para fora o que não se pratica
internamente.
Um dos pontos do projeto Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores é
criar uma plataforma para dar organicidade aos Conselhos Jovens. Um projeto que prevê uma
reestruturação parte do princípio de que há algo a ser reestruturado, modificado, repensado
porque não está obtendo total êxito. Mesmo assim, com base em inúmeros documentos da
35
Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010.
50
ONG a que tivemos acesso36, é possível perceber que até hoje não há um planejamento neste
sentido, a despeito de tantos outros que se atêm a pensar estratégias em prol de outras metas.
Exemplo disso é a reestruturação do conselho pedagógico pensada para este ano e que já
contabiliza uma das quatro reuniões previstas ao longo de 2011. Falaremos mais
detalhadamente adiante.
O jovem atribui ainda ao grande índice de rotatividade verificado entre os integrantes
dos Conselhos um processo de “deslumbramento” que “cai na rotina” e então “vira cobrança”
por cumprimento de pautas e prazos. Sobre este cenário, Eric chega a fazer a seguinte
analogia: “a Viração como pauteira e um monte de repórteres pelo Brasil.”
As fragilidades apontadas pelo educomunicador foram atestadas pelo próprios
virajovens na última edição do Encontro Nacional dos Virajovens, realizada em outubro de
2010.37 Questões como falhas na articulação e no monitoramento dos Conselhos, o que sugere
problemas com a plataforma atual, bem como a questão financeira, que remete aos problemas
de sustentabilidade do negócio enfrentados pela ONG, foram apontados pelos participantes
durante o evento. Os adolescentes e jovens também sintetizaram em uma lista denominada
pela expressão “O que queremos” os objetivos dos virajovens:
● fortalecimento e articulação política entre redes de juventudes;
● liberdade de expressão e participação;
● protagonismo/conscientização;
● mudança de realidade local;
● articulação/intercâmbio/troca entre os Conselhos/maior participação;
● formação em produção jornalística;
● “revolução comunicativa”;
● militância por sonhos e ideais;
● atrair mais jovens.
36
Ver anexos.
O IV Encontro Nacional dos Virajovens se propôs a construir, por meio da Educomunicação, as bases de um
movimento nacional de adolescentes e jovens, para promover a participação política das adolescências e juventudes para a
transformação socioambiental e a efetivação do direito humano à Comunicação.
37
51
5
PESQUISA
A fim de reunir elementos capazes de referendar o problema de gestão apontado no
capítulo anterior, além das conversas informais e entrevistas realizadas junto a atores que
compõem o cenário traçado até aqui, nos propomos à sistematização de pesquisa qualitativa
realizada por meio de questionários pensados para avaliar de que forma é feita a gestão das
práticas educomunicativas da Viração. As quatro categorias distintas em que foram divididas
as fontes são contempladas da seguinte maneira: 4 gestores, 4 educomunicadores, 5
integrantes do núcleo de conteúdo e 11 virajovens. Entrevistamos membros atuais e exintegrantes das referidas categorias, procurando mapear as ações recorrentes nos últimos
quatro anos, aproximadamente. Esta pesquisa assume um compromisso de sigilo e
confidencialidade e, para tanto, sempre que mencionadas, as fontes, que não terão seus nomes
revelados - com exceção dos gestores - serão identificadas pela categoria a que correspondem
seguida do número de ordem. Ex.: Educomunicador 4, Conteúdo 3, Midiador 2, etc. Os
membros que já não configuram o elenco atual serão designados por “ex”. Ex.: Ex-Midiador
1.
A Educomunicação é o fio condutor de nossa reflexão acerca do problema de gestão
da comunicação apontado por esta pesquisa, assim como da busca por possíveis soluções para
tal problema. Isso fica claro se organizarmos pontos de observação em eixos de trabalho. O
primeiro deles seria a “Gestão Educomunicativa” em si. Integram este eixo: a análise de como
e por quem se dá tal gestão; o levantamento de indicadores capazes de avaliar os impactos ou
resultados alcançados e, ainda, a detecção de fragilidades e êxitos da mesma.
Um segundo eixo seria a “Produção Educomunicativa”. Acerca deste, nossa proposta é
avaliar os embates entre moldes operacionais e preceitos educomunicativos travados em razão
de incoerências ideológicas e práticas, além de incongruências que se esboçam diante do
nascedouro de uma rede nacional de adolescentes e jovens comunicadores a partir de uma
rede já existente que se configura nos próprios Conselhos Jovens. O simples fato de ambas se
objetivarem a fins distintos pode ser tomado como tensão que pede a reestruturação da
plataforma por meio da qual a agenda dos Virajovens se concretiza. Concluímos que ambos
os eixos cabem dentro de um tema central bastante genérico: incongruências entre discurso e
prática.
52
Uma sistematização rápida nos mune de fragilidades e êxitos apontados pelo públicoalvo da referida pesquisa na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração. São eles:
FRAGILIDADES
● Centralização das decisões na figura do fundador Paulo Lima (2)38;
● Distinção quanto a salário e carga horária em ocasião de mesma função executada (1);
● Ações pontuais por interesse puramente político (1);
● Relacionamento/Vínculo pouco fortalecido da Viração com os Conselhos Jovens/Relação
de cobrança de produção, apenas (3);
● Sustentabilidade financeira (4);
● Gestão compartilhada (1);
● Atividades afetadas por decisões de ordem administrativa (1);
● Expansão do número de Conselhos (1);
● “Idolatria” ao fundador, Paulo Lima (1);
● Sobrecarga de tarefas/impossibilidade de uma atuação mais ampla, em outros projetos da
própria Viração (2);
● Centralização em SP (1);
● Baixo foco e investimento na equipe de conteúdo (2);
● Baixa infraestrutura (equipamentos audiovisuais) (1);
● Rotatividade da equipe por motivo de baixos salários (2);
● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2);
● Mobilização e sustentabilidade financeira dos Conselhos (1);
● Posturas conservadoras a despeito da diretriz educomunicativa (1);
● Pouco cuidado com e espaço e o equipamento de trabalho (1);
● Pouca propriedade individual com o controle de despesas;
ÊXITOS
● Despertar de senso crítico de adolescentes e jovens (1);
● Profissionais comprometidos e alinhados com a missão da Viração (3);
● Qualidade na execução de projetos (1);
38
Os números entre parêntese pontuam o número de respostas similares.
53
● Gestão compartilhada (2);
● Autonomia das equipes e colaboradores (2);
● Processos horizontais/construção coletiva (2);
● Espaço para criatividade (1);
● Projetos e produtos consistentes e com impacto no dia a dia do público alcançado (1);
● Mobilização juvenil (1);
● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2);
● Ampla atuação da ONG a despeito dos pontos frágeis (1);
● Fortalecimento da dimensão multidisciplinar (1);
● Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o
fluxo de informações (1);
● Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratégico e
participativo anual (1);
● Ações integrantes e interconexas entre os vários projetos (1);
É interessante, em um primeiro momento, denotar a presença de apontamentos em
ambas as listas. Desta forma, fica fácil perceber que a Educomunicação impõe desafios
ideológicos a ambas as práticas em análise, seja à gestão em diversos níveis (global, de
projetos, da produção de conteúdo participativa ou dos Conselhos Jovens), seja à produção,
em si, no que se refere à plataforma ou aos moldes operacionais por meio dos quais ela
acontece, ou mesmo à missão dos Virajovens – verdadeiras unidades que, juntas, são a
própria Viração – que se confunde entre a mobilização/militância juvenil e a proposta de uma
prática comunicativa participativa.
O questionário aplicado na etapa final da pesquisa instituída por este trabalho se
propôs à avaliação da gestão das práticas educomunicativas da Viração em quatro níveis
(gestão institucional, gestão de projetos, gestão da produção de conteúdo participativa e
gestão dos Virajovens). De acordo com o fundador da ONG, Paulo Lima, “a gestão das
práticas educomunicativas se dá por meio da gestão das próprias atividades, ações, processos,
áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são os
respectivos coordenadores de projetos junto às suas respectivas equipes”. Explicação
compartilhada pela maioria dos entrevistados.
54
Educomunicadora da equipe da Viração, Gisella Hiche menciona a coordenação
colegiada, composta por ela mesma ao lado de Paulo Lima e da coordenadora executiva Lilian
Romão - integrantes da diretoria executiva da ONG -, como responsável pelos momentos de
planejamento coletivo aos quais ela atribui a gestão das práticas educomunicativas angariadas
pela organização. “Menos que uma hierarquia, essas funções atuam como responsabilidades
diferentes que se complementam”, explica ex-integrante da equipe de educomunicadores.
Um destes momentos são as chamadas reuniões de equipe. Uma das pessoas
entrevistadas dentro da categoria dos educomunicadores, atuais e ex-integrantes, do
Laboratório de Educação Comunitária (LEC)39, o Ex-Educomunicador 3 o menciona como
exemplo de processo que tem sua gestão feita por todas as pessoas que dele participam. É
assim que ela relata ser feita a gestão das práticas educomunicativas da ONG, “de maneira
responsável e coletiva”:
Faço questão de ressaltar este exemplo para mostrar que as práticas
educomunicativas na Viração não se restringem ao trabalho realizado diretamente
com os jovens. Essa gestão educomunicativa é desempenhada por todos aqueles que
integram aquele ecossistema comunicativo na realização das mais diversas
atividades. No entanto, é preciso ponderar que, como estamos inseridos em uma
sociedade que não está acostumada com este tipo de modelo de gestão, os processos
podem levar mais tempo que o normal. Muitos questionamentos surgem, pois há a
participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis.
Gisella Hiche elenca as ferramentas por meio das quais a gestão se dá, segundo ela,
via “organização e planejamento das atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano”:
● Planejamento estratégico, gestado pela Ashoka em parceria com voluntários da Mckinsey
(através desta ferramenta foi possível elaborar o texto para a missão e visão da Viração, bem
como um plano de metas para o período de 2009 a 2013);
● Planejamento estratégico anual feito com mediação externa, oferecida pela FES (nesses
momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados,
operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na
organização);
39
Assim é denominado o núcleo responsável pelas práticas educomunicativas promovidas pela organização, bem
como por seus projetos.
55
● Avaliação do planejamento anual (realizada na metade do ano, para adaptações de prazos,
operações, etc., a fim de garantir que o planejamento dialogue com a realidade);
● Avaliação em dois planos: pessoal e coletivo (realizado no final do ano em vários níveis individual, por projeto, por núcleo e global - a atividade serve como pano de fundo para o
planejamento estratégico anual).
E reflete: “Ao usar metodologias de avaliação e planejamento coletivos, é muito mais
fácil gerar entre todos comprometimento, motivação e uma capacidade de saber o quanto
daremos conta.”
Um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo - responsável pela produção da revista e
da agência on-line -, Ex-Conteúdo 4 reforça a coletividade impregnada ao processo de gestão:
“Não creio que seja „responsabilidade‟ de apenas uma equipe, já que a essência da Viração é a
Educomunicação. Ela está presente em todas as áreas da Viração, desde as atividades
realizadas na sede até no que recomendamos aos Conselhos de todo o Brasil.”
Outro ex-integrante do núcleo de conteúdo, por sua vez, Ex-Conteúdo 2 afirma que “a
Vira passou a se preocupar com a gestão das práticas educomunicativas no início da
Plataforma dos Centros Urbanos” - projeto desenvolvido em parceria com o Unicef. Ele
explica que o projeto contava com uma figura da área pedagógica, como forma de garantir a
inserção educacional nas atividades realizadas, já que a equipe era formada somente por
comunicadores. “A partir disso, a organização incluiu em suas pautas um olhar mais
cuidadoso, no sentido multidisciplinar, em todas as ações realizadas dali em diante”, afirma.
A fonte refere-se ao pedagogo e primeiro-secretário da ONG, Eduardo Peterle, que assinala a
necessidade de “destacar que os principais responsáveis por tal gestão são os próprios
educomunicadores que, necessariamente fazem esse percurso de planejar, agir, refletir e
registrar.”
Assim como muitas outras, a fonte também menciona o Planejamento Estratégico
realizado pela equipe da ONG anualmente. Ao contrário de seus colegas, que elencam o
evento como uma das ferramentas da gestão das práticas educomunicativas, ele afirma:
56
Em 2010, durante o Planejamento Estratégico da equipe da Viração, foi pensada
uma forma de sistematizar as práticas educomunicativas já realizadas pela
organização desde 2003, e as que viriam a seguir, pois não existia, até então, uma
gestão dessas práticas. Essa ação também foi compartilhada no IV Encontro
Nacional dos Virajovens, onde eles puderam incluir suas contribuições.
Para a presidente da organização, a jornalista Juliana Rocha Barroso:
[...] esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se
incorporando como rotina, especialmente com a integração da educomunicadora
Gisella Hiche à equipe, e passou a ser um processo institucional com a constituição
do que chamamos de LEC - Laboratório de Educomunicação Comunitária, área
responsável por essas sistematizações e por trabalhar com a equipe o
desenvolvimento da competência de sistematização, de forma que todos registrem as
práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro de
atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na
Viração, sempre vivos e em constante desenvolvimento.”
Relatos de dois ex-integrantes da equipe, no entanto, dão conta de uma realidade
diferente desta, retratada com vistas às práticas mais atuais. Ex-Educomunicador 1 afirma,
com base em sua vivência passada, que tal gestão “é realizada a partir das diretrizes traçadas
pelo Paulo Lima”. “Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a
induzir que o processo é participativo e coletivo”. Opinião similar é expressada por ExConteúdo 3 por meio de uma das fragilidades no processo de gestão apontada pela mesma:
“não descentralizar as decisões, deixando tudo a cargo do diretor, Paulo Lima.”
Ambos têm o mesmo posicionamento também no que se refere à política de captações
e parcerias instituída pela ONG. “O que mais me irritava na política da Viração era todo o
discurso educativo, colaborativo, comunicativo, de vestir a camisa, acreditar, ter ideologia ser
propagado centenas de vezes em reuniões intermináveis e acabar em pizza após um
telefonema de um cliente (eufemisticamente chamado de parceiro) ao Paulo Lima”, afirma
Ex-Conteúdo 3. Ao que se assemelha o seguinte relato:
Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das
práticas ser alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga
manda” que, mesmo sendo velada, era uma das características marcantes da Viração,
57
principalmente na gestão Paulo Lima, relata Ex-Educomunicador 1. Ao que
acrescenta: “A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar
entre suas verdades ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana
venceu. Algumas vezes a ideologia foi mais forte. Quando isso acontecia, era
transformado em propaganda, vide a “famosa” situação da recusa do apoio do
Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo mais”. Para um dos ex-integrantes do
núcleo de conteúdo que responderam ao questionário, “tudo, no fim, pode ser
resumido por incompatibilidade entre discurso e prática.
Ex-Midiador 4 também atesta o fenômeno: “Os educomunicadores e virajovens
possuem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa com fundamentação
política”. Ele explica que:
A Viração possui uma forte articulação estabelecida com outras organizações de
renome mundial e nacional e, por isso, como em toda e qualquer sociedade regida
por interesses, suas ações, em alguns momentos, se adequam às expectativas de
algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação mais forte
entre elas.
A mesma fonte entende como as ações que resumem as prioridades tidas pela gestão
das práticas da ONG e as ações decorrentes de tais prioridades:
[...] fortalecer uma articulação nacional entre movimentos sociais para uma gestão
democrática da comunicação no país com participação de jovens e adolescentes,
garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por intermédio
da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas
educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e
utilizá-lo para transformar realidades.
Ex-Educomunicador 2, por sua vez, acredita que existe “a busca por uma gestão
democrática e participativa, ou seja, educomunicativa”. “Como é algo que não aprendemos e
estamos co-criando, existem escorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o
compromisso claro em viver uma gestão educomunicativa”, afirma.
Há uma preocupação forte com a compreensão de quais são os reais objetivos de
uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de quantificar e também
qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que invariavelmente de pessoas
58
e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir suas visões á partir de
vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação, partindo de sua
própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um
relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura
dogmática, onde aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite
envolver por ele, e faz leituras precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas
que li, e com frequência ouço. Acho lamentável que posturas corporativistas,
mercadológicas, posicionamentos restritos e estruturas de trabalho não
questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da funcionalidade
dessas e de outras metodologias. (Relato de um dos primeiros virajovens e
integrante da equipe Viração até os dias atuais).
O trecho acima faz parte da resposta dada a uma das questões que compõem o
questionário da pesquisa qualitativa a que nos empreitamos que se propõe a monitorar
indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração, bem
como sua confiabilidade. Algumas vezes, nos deparamos com respostas que negam ou não
detêm certeza com relação à existência de tais indicadores. Muitas outras, no entanto, as
fontes atribuem a mensuração do impacto social destas práticas às histórias individuais de
adolescentes, jovens e, consequentemente, familiares e comunidades alcançadas pelos
projetos e atividades promovidas pela ONG. É o caso de Ex-Educomunicador 3, para quem “é
muito gratificante ler nas Redes Sociais os diferentes depoimentos de jovens que agradecem à
Viração e seus projetos por terem "aberto" seu olhar para um outro mundo.”
Muitos destes jovens que viviam em situação de extrema vulnerabilidade social,
hoje ingressaram em uma universidade, ou estão empregados e até envolvidos em
diferentes iniciativas do Movimento Social. Em vez de somarem pontos para as
estatísticas de delinquência, crime, eles contribuem diretamente para a melhoria da
qualidade de vida de muitas outras crianças, jovens e pessoas de suas comunidades.
A fonte acrescenta ainda “a credibilidade da Viração junto aos espaços de participação
política como conferências, eventos do Governo e da Sociedade Civil em que a Viração é
apontada e convidada como referência.”
Membro da equipe responsável pela coordenação colegiada da instituição, Gisella
Hiche também menciona tal reconhecimento. Para ela, no entanto, “ainda não há nenhum
indicador cem por cento confiável”, “mesmo porque estamos trabalhando com processos que
lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em processos políticos
relacionados com a luta pela transformação socioambiental”, justifica.
59
Creio que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça
social para todos, é baixo, mas eu aposto na micropolítica e vejo que a Viração, com
a estrutura que tem e princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com
alta capacidade de multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida
de cada um que se envolve com a Vira, nas escolas, em comunidades e grupos
espalhados por cerca de 24 Estados do país.
Ex-Midiador 1 referenda tal posicionamento: “Quando vejo aqueles jovens, no início
tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seus direitos, isso é o que me faz
perceber que estamos no caminho certo.”
“Esse reconhecimento é algo que se repete nas falas em nossos encontros presenciais,
afirma Ex-Midiador 5. Apesar de julgar que “seria interessante ver sistematizadas todas as
coisas que conseguimos fazer em formas quantitativas e qualitativas”, para a fonte, são
também indicadores capazes de denotar o impacto das práticas promovidas pela Viração:
[...] o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da comunicação e
organizações espalhadas por mais de 20 Estados brasileiros, bem como as produções
coletivas que surgem a partir desse envolvimento, além da organização, intervenção
e participação em eventos importantes na formulação de políticas públicas em
comunicação e juventudes.
Paulo Lima aposta nas avaliações coletiva e individual realizadas a cada atividade
como forma de sistematizar tais indicadores. Entretanto, juntamente com o relato de
experiências pessoais para medir transformações de caráter comportamental, o fundador da
organização elenca ainda outros: número de adolescentes e jovens que participam das
atividades, frequência, número de ações, processos e produtos educomunicativos elaborados e
disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas atividades, grau de
conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das atividades,
observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de facilidade para com os
conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos.
Para Eduardo Peterle:
60
Não existem indicadores seguros. O que existe é a prática de avaliação sistemática
dos processos e produtos realizados, mas sempre com caráter interno. A Viração e a
Revista não sabem qual é o seu impacto social de médio e longo prazo. Existem
apenas avaliações de meio e final de processos específicos que fornecem elementos
para novos projetos/matérias. Este é o maior desafio da Viração e da Revista para os
próximos anos: Quem lê?, Por que lê?, Pensa o quê?, Faz o quê com a Revista?,
Chega a quem?, etc.
“A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi
se desenvolvendo ao lado da Educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem
independência institucional, houve a preocupação de fazer com que todos os espaços
físicos e virtuais fossem parcialmente auto-gestionados, no sentido de que não havia
necessidade de formatar uma metodologia de mediação engessada, imutável, mas
que compreendesse as reais necessidades, inclusive do processo de adaptação das
ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos e também
administrativos. A gestão, por si, é parte deste ambiente educomunicativo, mais que
uma mera representação da realidade esperada por uma organização, como
geralmente é colocado por empresas e outras instituições com diferentes métodos de
gestão”. (Relato de um dos primeiros virajovens e integrante da equipe Viração até
os dias atuais).
No que concerne aos Conselhos Jovens, essa gestão é “feita de forma intuitiva e
dissociada da equipe”. O relato é de autoria de Ex-Conteúdo 1. A fonte relata que no período
em que atuou junto à ONG, “a gestão de um Conselho era responsabilidade dele próprio,
cabendo à equipe da revista somente inspirar pautas e assuntos para debate e posterior
material jornalístico”. Tendo atuado junto à equipe de conteúdo há mais de dois anos, a fonte
atesta:
O contato com os Conselhos servia somente para garantir a participação de todos os
Estados na produção da Revista, o que era de sucesso duvidoso, uma vez que a
relação que se estabelecia com os jovens era de cobrança e prazos. O processo de
produção, via de regra, não era acompanhado nem valorizado e a prioridade era que
a Revista saísse, não que o jovem entendesse sua própria prática educomunicativa.
Tanto assim que, em algumas oportunidades, perguntei a jovens integrantes do
Conselho de São Paulo sobre suas práticas educomunicativas e eles não se
reconheceram nelas. Isto porque, mais do que uma explicação teórica, faltava-lhes o
básico sobre a proposta do projeto.
A mesma pessoa também afirma que esteve de acordo com as prioridades teóricas da
equipe de gestão da ONG, que giravam em torno de processos educomunicativos, à época em
que atuou junto ao núcleo de conteúdo.
61
Na prática, interferências de ordem administrativa e/ou financeira redirecionavam as
prioridades cotidianas e, embora não ferissem necessariamente o ideal maior do
projeto, comprometiam bastante o desenvolvimento de processos de qualidade no
que concerne ao conteúdo.
Ex-Educomunicador 1 relata dinâmica similar à época de sua atuação junto à equipe:
Basicamente, a pessoa responsável pelo contato com os Conselhos é pressionada
para que a matéria saia. Esse responsável pressiona a pessoa responsável pelo
Virajovem, no caso, o midiador. Se por algum motivo a matéria não for produzida a
tempo, parte-se para opções emergenciais: o midiador procura outra pessoa para
fazer a matéria; o midiador escreve a matéria; a matéria é passada para outro
Conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da própria equipe de conteúdo
escreve a matéria, às vezes, com apoio de um jovem, ou sozinho mesmo. Tudo isso
em prazos para lá de vencidos.
Para a fonte, “os Virajovens atuavam como executores das ações apenas”. “Essa
situação pode ou não mudar, depende do interesse político e financeiro da diretoria da
Viração. Eu penso que vai continuar essa bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro”
forte (cheio da grana) defina que isso é a principal prioridade.”
A problemática atestada pelas falas anteriores se confirma no relato de um dos
integrantes da equipe que facilita atualmente a produção de conteúdo participativa feita pelos
adolescentes e jovens dos Conselhos. A proposta de Conteúdo 1 para sanar tal dificuldade é a
escalação de uma pessoa para trabalhar especificamente com a mobilização dos Virajovens.
“Atualmente, os Conselhos são compostos por poucas pessoas e se este leque estivesse mais
aberto, certamente, além de pessoas focadas na participação política, também teríamos mais
jovens interessados em contribuir com conteúdo”, explica.
A colocação traz à tona o segundo eixo que compõe o problema de gestão da
comunicação diagnosticado por este instrumento: como garantir a metodologia de produção
participativa feita a partir dos Virajovens em detrimento da Rede de Adolescentes e Jovens
Comunicadores, que se esboça também a partir dos Conselhos, sem ferir preceitos
educomunicativos como a livre forma de participação e expressão?
62
A mesma fonte referenda a permanência da fragilidade - detectada, inicialmente, com
vistas ao período de atuação da autora que vos fala junto à equipe, há cerca de dois anos -, ao
elencar as prioridades da equipe atual: “estar sempre em contato com os Conselhos
Virajovens” para discussão de pautas, acompanhamento do processo de desenvolvimento das
matérias e monitoramento para o cumprimento de prazos”. De acordo com a fonte, “a
prioridade está na qualidade do produto final, sem que se perca o processo educomunicativo”.
A pergunta que fica é: como se evita tal perda?
Atual midiador de um dos Virajovens, Midiador 1 relata que os componentes do
Conselho recebem todas as informações e são convidados a participar de todos os chats e
discussões.
Desta maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa do Conselho,
o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o
pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente
exigido por mim, o que torna tudo um tanto cansativo.
O midiador acrescenta ainda que “o índice de participação nas reuniões nem sempre é
o esperado ou o necessário”. O relato denota um dos desafios pontuados pelos próprios
integrantes dos Conselhos nas edições do Encontro Nacional dos Virajovens: a mobilização
para atrair os adolescentes.
No período em que estive na Viração, pude presenciar jovens que centralizavam o
processo de trabalho de alguns Conselhos. Esse envolvimento grande é muito rico,
mas para potencializar esse trabalho, a Viração precisa investir em formação em
Educomunicação para tornar esses jovens aptos a realizarem uma mediação dos
Conselhos priorizando a busca de mais jovens para integrar todo esse rico processo.
Mostrar a eles que, assim como a Viração, a partir da educomunicação, despertou
neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicação para um
número maior de jovens.
O relato acima, de autoria de Ex-Educomunicador 3, expõe um desafio anteriormente
abordado pelo educomunicador Eric Silva: a disputa hierárquica dentro do próprio Conselho
Jovem. Questionada acerca dos moldes operacionais de produção - semelhantes, como
63
percebemos a partir dos inúmeros relatos, aos moldes do processo industrial -, a fonte
personifica o desafio:
Imagine que o midiador não conseguiu formar um grupo para produzir a matéria.
Ele tem que trabalhar, estudar e o pessoal do núcleo de conteúdo, em São Paulo,
reservou duas páginas para a história deste determinado Estado. Caso o processo
falhe, o jovem vai ser pressionado para escrever sozinho e mandar a notícia. Ou São
Paulo pode dizer que, se é educomunicativo, não há necessidade desta pressão e
esforço. Porém, haverá uma corrida para o preenchimento das duas páginas. Isso
dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo de jovens
bem mediado localmente. Sei que são diversos os fatores que impactam no processo
produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formação em Educomunicação é
fundamental para o bom funcionamento dos Conselhos.
A conclusão vai ao encontro da intervenção a que este estudo se propõe. Ou se
configura em, pelo menos, um dos caminhos que a presente pesquisa vislumbra apontar para a
reconfiguração de uma plataforma por meio da qual se dá a atuação de adolescentes e jovens
em torno de uma metodologia de produção de conteúdo participativa.
O educador Eduardo Peterle discorda do apontamento feito por esta pesquisa acerca
dos referidos moldes operacionais de produção de conteúdo.
Não acho que ocorre nos moldes do processo industrial. Aliás, longe disso! As
etapas podem até ter o mesmo nome, mas o sentido é totalmente outro, pois se cobra
o prazo para envio da matéria de maneira solidária, com compromisso social,
responsabilidade para com as ações assumidas coletivamente visando a garantia da
qualidade de processo, ou seja, a cobrança não é autoritária, mas uma ação
necessária de autoridade ao interesse coletivo.
Gisella Hiche compartilha da opinião de Peterle:
Acho complicado dizer que o processo é semelhante ao processo industrial, pois na
indústria, as pessoas estão ali por uma questão de sobrevivência, trabalhando por
necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto de seu trabalho, entre
outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a Viração, a
relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de
um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas
quem resolve participar vai trilhar junto um caminho em que acordos são feitos,
prazos ajudam a organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja,
64
procedimentos, ou "moldes operacionais" são necessários para que exista
movimento, principalmente se estamos atuando em conjunto.
Conteúdo 1, no entanto, relata: “Trabalhamos focados para que isso não aconteça, mas
temos prazos a cumprir e responsabilidade com parceiros e apoiadores. Assim, quando o
prazo começa a ficar comprometido, acionamos o “plano B” e isso infelizmente afeta na
garantia do processo educomunicativo”. De acordo com a fonte, “quando falta conteúdo para
a Revista, é produzido na Redação de acordo com as pautas sugeridas em chat”. “Isso tem
acontecido com freqüência, mas pensamos não ser o ideal. Ainda não foi discutida uma forma
de sustentar a metodologia participativa, caso a maioria dos jovens decidam não mais
contribuir com produção de conteúdo. Acredito que é urgente esse estudo”, defende.
Para o fundador e atual diretor executivo, a questão “é dialética, ou seja em contínua
relação de forças e de atenção”. Ele defende a busca contínua pelo respeito aos preceitos
educomunicativos e pela criação de “mecanismos, metodologias de participação, que
respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo tempo
em que respeitem um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios
Virajovens”. “Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de
construção, de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e
intenção para casar essas duas dimensões.”
Ex-Conteúdo 2 afirma crer “que seja muito difícil garantir um processo
educomunicativo completo com prazos tão curtos para execução e entrega de reportagens”. “É
claro que perseguimos isso, buscando mobilizá-los para que tenham um tempo maior, que
planejem as pautas com dois meses de antecedência, por exemplo, mas nem sempre isso
acontece, por dificuldades inerentes a cada Conselho (falta de equipamentos ou infraestrutura
básica (gravadores e máquinas fotográficas, acesso à internet, etc.)”, explica.
Para a coordenadora executiva da organização, trata-se de algo “comum quando se
atua com grupos que têm interesses similares e divergentes”. “Os conceitos educomunicativos
da Viração procuram respeitar formatos e tempos, mas também consideram aspectos de
planejamento em conjunto, de produção de conteúdos e de publicação que são fundamentais
para os objetivos a serem alcançados”, observa.
65
Integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, Educomunicador 1
reconhece que “existem limitações”, mas defende que “o processo continua sendo
educomunicativo”. “A operação dentro dos moldes industriais acontece apenas em parte, uma
vez que o fato de os próprios jovens produzirem a Revista já é um diferencial em relação ao
processo convencional.”
Três midiadores atuais que participaram da pesquisa demonstraram satisfação em
relação aos moldes em discussão. Dois deles defendem com veemência a existência de prazos
e metas a cumprir, num movimento contrário à orientação da reflexão proposta. “Os prazos
são fundamentais, pois temos que estar com a Revista pronta todo mês nas mãos dos leitores
e, com isso, aprendemos que temos que ter responsabilidade. Não é por sermos jovens que
temos que ser irresponsáveis, afirma Midiador 4”
O terceiro componente do referido grupo, Midiador 1 acredita que “da maneira como
acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a publicação da Revista impressa”.
Com uma equipe fixa em São Paulo, a Redação é que “segura a peteca”. Isso porque
São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem. Eles têm uma sede com pessoal
qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos
outros Estados ou são organizações que direcionam parte de seus esforços (em geral
uma parte pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem
nenhuma estrutura ou apoio mas que mesmo assim fazem o Virajovem acontecer.
Uma das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos Conselhos, pois há
muitos custos envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada
participante e isso prejudica, pois os membros precisam descobrir formas de se
sustentar e acabam não tendo tempo para a Viração.
O público alvo da presente pesquisa foi questionado acerca do grau de importância
ocupado pela proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos
adolescentes e jovens para a Revista e a agência de notícias on-line em relação aos outros
projetos desenvolvidos pela Viração. A intenção da pergunta foi perceber a existência da
possibilidade de tal proposta ser desvinculada das práticas dos Conselhos Jovens garantindolhes autonomia para o exercício da livre participação expressão.
De acordo com Paulo Lima:
66
A produção de conteúdo é tão importante quanto a promoção e o monitoramento de
políticas públicas de juventude e comunicação”, prioridade conferida à Rede de
Adolescentes e Jovens Comunicadores. Questionado se um adolescente, hoje, pode
integrar um dos Virajovens apenas politicamente, participando no âmbito da
mobilização, sem a necessidade do compromisso com a produção de conteúdo para
a Revista e a agência, e, sendo assim, como a Viração garante, operacionalmente
falando, a manutenção de tais veículos sob a mesma metodologia de produção
participativa de adolescentes e jovens, o fundador da ONG constata que o assunto
ainda não foi pensado e cogita “uma reestruturação dos Conselhos Jovens”. “Alguns
podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por um determinado período de
tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação. O que vem
ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de
promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas
respectivas cidades e Estados.
A percepção se assemelha à do Ex-Midiador 4: “Acredito que o ideal é que os
Virajovens fizessem uma reflexão de caráter existencial a fim de se auto classificarem como
Conselhos de produção, Conselhos de mobilização social ou Conselhos mistos”, opina. Para o
jovem, “não é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os Conselhos, já que o
diferencial da organização é exatamente esse”. “Entretanto, nem todos os Conselhos possuem
interesse por essa ação”, defende.
“Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros apenas
mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que propomos é
que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do movimento ao mesmo
tempo”, argumenta Paulo Lima. Ao que a fonte contrapõe:
Sei que na teoria é característico dos Conselhos fazerem as duas atividades e que
elas se complementam, no entanto, a realidade sentida é outra. Os Conselhos
possuem expertises, desejos e atividades completamente diferentes uns dos outros.
Logo, eles, mais do que ninguém, devem conhecer o próprio perfil.
Para o Ex-Midiador 4, “a partir deste mapeamento, a organização poderia ter em mãos
grupos mais engajados em determinadas áreas por não precisarem se comprometer com outras
ações que não fazem parte de seu perfil”. “Existem grupos que não fazem mais parte dos
Conselhos, mas a organização insiste em manter tais vínculos que desperdiçam tempo e
67
esforços. A partir do momento em que se enxergar a realidade sem a pressão do ideal, os
processos poderão ser repensados pelos Conselhos e pela própria organização.”
Ex-Conteúdo 2 reforça o posicionamento:
O meu trabalho era justamente o de tentar fortalecer a ideia de que a comunicação é
uma ferramenta fundamental como ação política. Cabia a mim, ou a quem estivesse
cuidando da Revista, fazer contato com essas pessoas e trabalhar formas de garantir,
ainda que uma pequena nota, informações para os produtos editoriais. Por isso a
importância de o Conselho ser formado por pessoas com diferentes afinidades.
Assim, podemos garantir a participação de uma delas na Revista, enquanto a outra
atua na militância.
Paulo defende, no entanto, que a mobilização “vira pauta de conteúdo seja para a
revista impressa que para a agência jovem de noticias e também gera ação de promoção e
monitoramento de política pública.”
Para Lilian Romão, “a produção de notícias, informação e conteúdos pelos
adolescentes e jovens é também uma forma de intervenção política”. “Por isso dizemos que
tão importante quanto o produto, é o processo pelo qual ele é desenvolvido”. A coordenadora
executiva da ONG defende que “a Viração facilita, mas não estipula formatos de ação”.
A proposta do Movimento é incentivar todas as formas possíveis de participação dos
adolescentes. Contudo, é importante enfatizar que a ação da Viração está
diretamente relacionada ao processo de construção das políticas públicas de
comunicação e o acesso e exercício, pela juventude, do direito humano à
comunicação.
Para Gisella Hiche, “a produção de conteúdo é uma das experiências mais
desafiadoras para experimentarmos as possibilidades de ação em rede”. “Acredito que se a
Vira quiser manter a Revista, ela terá que investir cada vez mais em mobilização, formação e
redes.”
Ex-Conteúdo 1, por sua vez, defende que a forma de gerir a participação dos
Conselhos está equivocada.
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É bonito colocar na contracapa que a Revista está presente em x Estados, quando na
prática, seis ou oito Conselhos funcionam adequadamente (produzem conteúdo). O
ideal seria que a equipe visitasse os Conselhos de tempos em tempos, criasse
materiais (folders, vídeos) que versassem sobre a forma educomunicativa de
interferência social, que desse explicações básicas aos jovens sobre o conceitos que
norteiam essas práticas e que fomentassem neles o interesse e a consciência do
processo ao qual estão se propondo. Há quem defenda que não é necessário saber
sobre conceitos para atuar. Mas Paulo Freire nos lembra de que reflexão sem prática
é palavrório, mas prática sem reflexão é ativismo. Há, sim, que se educar e dar
suporte aos jovens dos Conselhos para que eles entendam porque, inclusive, devem
cumprir prazos. Isso faz parte de um compromisso assumido, não de uma cobrança
sistemática vazia.
Exemplo utilizado por um Midiador 1 reforça a necessidade de atenção para com a
plataforma que sustenta a produção participativa promovida pela organização: “É frequente
acontecer de Estados que estão escalados para uma pauta sumirem, não atenderem ao
telefone, não responderem e-mails, “furar” com sua parte, o que gera estresse para os
demais”. A mesma fonte expressa visão que privilegia “a produção das matérias e a
participação na Revista como a porta de entrada para a Viração, o lado mais atraente e
chamativo, a partir do qual, o adolescente e o jovem se integra às dinâmicas, percebendo
outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e processos.”
Para Ex-Midiador 2:
Essa proposta [rede de adolescentes e jovens comunicadores] tem muito que mudar,
se adaptar e desenvolver novas iniciativas, que eventualmente substituam ou, ao
menos complementem a força que os Virajovens dão para a produção da Revista e
da agência. Se essa configuração for alterada, é necessário e de extrema importância
ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão muito otimista de grande parte das
pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos práticos, de maneira
objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de estarmos
vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma
corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse
Movimento, quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em
todos os processos.
Além das ações e ferramentas pontuadas pelas fontes da presente pesquisa no
que se refere à gestão das práticas educomunicativas da ONG, o jornalista Paulo Lima elenca
ação mencionada também por um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo: a reformulação
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do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes. Segundo o diretor executivo da
organização, trata-se de uma das três prioridades definidas no planejamento estratégico para o
ano de 2011 e geridas pela coordenação colegiada, juntamente com outras duas propostas:
reelaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica e elaboração de projeto
para nova sede.
Nos ateremos à primeira pelo fato de ser esta uma proposta de ação relacionada
à metodologia de produção de conteúdo participativa feita por adolescentes e jovens que
norteia a proposta pedagógica da Viração, sendo as demais inerentes à sustentabilidade
financeira da ONG. No que concerne ao objetivo do presente estudo de refletir acerca de
fragilidades no âmbito da gestão da comunicação das práticas promovidas pela Viração, é
importante notar que a proposta de reformulação do Conselho Pedagógico não prevê nenhuma
ação que vise à busca de soluções para tais pontos frágeis, o que denota a necessidade de
trazer à consciência da ONG as referidas problemáticas, referendadas pelos relatos coletados
pela pesquisa desenvolvida.
De acordo com documento memorial da ONG, o Conselho Pedagógico “faz parte do
próprio DNA da Viração”, que desde o começo se configura como um projeto multi e
transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber, da pedagogia à
comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição deste Conselho foi a
realização de um trabalho com grupos focais para avaliação da necessidade de se criar uma
revista produzida com jovens e pelos jovens, e, posteriormente, para avaliar o número zero da
publicação.
Inicialmente, o grupo era formado por duas pedagogas, duas sociólogas e alguns
integrantes do conselho editorial da Revista Viração. As reuniões aconteciam a cada três ou
quatro meses. Entretanto, em razão das agendas dos conselheiros, a dinâmica funcionava mais
efetivamente à base de troca de mensagens eletrônicas ou consultas por telefone. O grupo tem
por funções:
● sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da Revista e de edições
especiais;
70
● contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria
sustentabilidade institucional;
● assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais;
●
assessorar
equipes
dos
projetos
da
Viração
na
elaboração
de
laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação;
● contribuir para criar canais inovadores de participação, seja de estudantes, seja de
educadores, na Revista e na organização como um todo.
Na explicação dada por um ex-integrante do núcleo de conteúdo, tal reformulação
“objetiva acompanhar e orientar as atividades dos projetos da Vira e o processo de produção
da revista e da agência on-line”. Com base em análise feita a partir de documentos e
resultados oriundos da primeira de quatro reuniões previstas para o ano de 2011,
disponibilizados por Paulo Lima nos remete a conclusão um pouco distinta.
O norte da ação é a elaboração de proposta pedagógica de mediação de leitura a ser
utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes, professores, educadores sociais), dentro
e fora da escola. Tal diretriz presume a existência de um processo pedagógico para a produção
da Revista Viração, que é exatamente a metodologia educomunicativa com a proposta de uma
produção participativa. Quatro eixos estratégicos denotam o alvo principal da ação: o
professor. São eles:
● promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta
editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e
estrutura;
● promoção de uma relação próxima entre educadores e a produção, de forma que possam
dialogar com os editores sobre pautas e se colocar também como co-produtores;
● promoção de uma relação próxima com adolescentes e jovens, a partir de estratégias
específicas de distribuição da Revista e por meio dos canais de participação nos espaços em
que estes adolescentes e jovens efetivamente estão, incluindo a escola;
71
● criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que estes
possam acessar metodologias educomunicativas, documentos, além de trocar experiências
sobre o uso da revista por meio de fórum de discussão.
Na primeira reunião do grupo, realizada em março deste ano, o debate principal se
concentrou no levantamento de estratégias para aproximar a Revista Viração dos professores
e educadores, sem descaracterizá-la, sendo a mesma uma revista feita por, com e para
adolescentes e jovens.
Outro ponto destacado pela documentação é a postura defendida pelos conselheiros
com relação à não criação de manuais com instruções de como utilizar a Viração em sala de
aula ou em encontros com jovens. Ao contrário disso, defende-se a ideia de dar visibilidade às
experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. A reformulação do grupo, no
entanto, abre espaço para uma reflexão acerca do assunto, considerando a possibilidade de
que tal posição seja revista.
Vale ressaltar posicionamento defendido por um dos integrantes da nova formação do
Conselho Pedagógico da Viração no que se atém ao objetivo central do grupo que é articular a
formação de uma rede de mediadores de leitura entre educadores do sistema educacional
municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens, através de uma proposta
pedagógica para fins de aproximar educador e publicação, consequentemente, promovendo
também uma maior aproximação com os próprios adolescentes e jovens. Alexsandro Santos
pensa que:
A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe,
sim, a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da
„censura‟ (seja ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da
revista pela e na Escola. Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos
discursos das políticas educacionais oficiais nem transformá-la em „manual didático‟
ou „guia de uso‟ para aulas. É possível construir essa aproximação defendendo um
projeto editorial progressista feito por e para jovens, com foco na construção de uma
educação crítica para as mídias e encontrar espaços específicos para que sua
circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola.
Santos afirma ainda que:
72
Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a
promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a
proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de
seus conteúdos e estrutura; b) a promoção de uma relação próxima entre esses
educadores e a produção, em que possam dialogar com os editores sobre as pautas e
em que possam se colocar também como co-produtores; c) a promoção de uma
relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias específicas de
distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os jovens e
adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.
O que nos cabe inferir do cenário construído a partir da contextualização anterior é que
a necessidade de um fortalecimento do vínculo entre Viração e Virajovens não está previsto e
nem se quer é mencionado pela abrangente proposta do Conselho em sua nova forma de
atuação. E denotando-se o âmbito pedagógico de tal ação, não identificamos um momento ou
lugar melhor para a criação, reconfiguração, reestruturação, reforma, ou seja lá qual palavra
melhor defina tal necessidade, da plataforma por meio da qual se dá a produção de conteúdo
participativa pelo adolescentes e jovens, sendo esta a espinha dorsal da proposta pedagógica e
do diferencial da Revista Viração. Tal constatação reforça o propósito desta pesquisa que se
resume na sistematização dos diversos olhares comportados pelo processo educomunicativo
na direção de identificar fragilidades, e, coletivamente, achar caminhos para contorná-las.
73
6
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Os princípios que norteiam as práticas educomunicativas podem ser respostas à
necessidade de se gerar espaços em que a juventude de fato se reconheça e alveje
promover mudanças. (ISMAR, 2010, p. 38).
Podemos aferir dos relatos apresentados no capítulo anterior a existência de pontos de
vistas conflitantes no que diz respeito aos preceitos educomunicativos essenciais norteadores
da proposta ideológica e metodológica da Viração Educomunicação. Uma possível fragilidade
no que concerne à consciência ou à apreensão de tais preceitos por parte dos virajovens e até
mesmo de membros da equipe, muitas vezes, parece ser um dos pontos mais latentes dentro
do problema de gestão da comunicação apontado pelo presente instrumento. O que nos remete
a um dos eixos de nossa proposta de intervenção: o fortalecimento das ações de formação
com foco nos virajovens, na equipe e em outras pessoas que participam das ações propostas e
fomentadas pela Viração, ou seja, que constituem este amplo “ecossistema comunicativo”.
Um segundo eixo a ser trabalhado seria a plataforma por meio da qual se dá, hoje, a
dinâmica dos Conselhos Jovens. Assim sendo, propomos a criação, ou mesmo a
reestruturação desta plataforma, no bojo da necessidade avistada de alinhar paralelamente ou
integrar produção de conteúdo e mobilização política, no intuito de encontrar um caminho
consensual que permita a convivência entre o fazer comunicação e as ações de mobilização
juvenil no âmbito coletivo e democrático que é a Rede, configuração máxima das práticas
promovidas pela organização.
Endossamos a ideia que se desenhou nas falas de alguns dos atores participantes deste
processo indiciário acerca da necessidade de uma figura que represente uma espécie de
“articulador dos midiadores” e que desenvolva um trabalho mais próximo, para não dizer
mais íntimo, dos Conselhos Jovens. Trabalhando junto ao núcleo de conteúdo, “colado” à
equipe, tal agente - claramente um educomunicador que personifique os preceitos inerentes ao
referencial teórico - assumiria a responsabilidade pela gestão da metodologia participativa de
produção, com direito a todas as etapas e demandas inerentes a tal gestão (planejamento,
avaliação, sistematização e registro). Sob o norte de trabalhar uma mobilização mais pungente
74
em torno da plataforma que hoje orienta a participação dos Virajovens na produção de
conteúdo para a Revista Viração e para a Agência Jovem de Notícias, este novo ator
demandaria uma agenda que possa abraçar mais comunicação, ou seja, mais encontros
presenciais, mais contato via meios de comunicação eletrônicos e virtuais, etc., e,
consequentemente, um projeto que abarque sustentabilidade financeira. A despeito de sua
função soar um tanto quanto centralizadora, a ideia é que esta pessoa seja uma espécie de
“cuidador” e de “animador” dos Conselhos e que, consequentemente, seja aquele que irá
proporcionar condições para a atuação dos mesmos junto à organização.
O primeiro eixo de nossa proposta interventiva, com vistas à formação em
Educomunicação, entraria na alça de responsabilidade desta figura. No entanto, as ações de
formação pedem uma gestão paralela já que abarcam um público mais amplo que não
somente os virajovens. Há que se reforçar a ampliação e exteriorização dos momentos de
formação que já acontecem na dinâmica da ONG, permeando, inclusive, a agenda do novo
agente responsável pela plataforma dos Conselhos, que poderia, por exemplo, promover
imersões, planejamentos estratégicos e reuniões de equipe, na figura de facilitador, junto aos
Virajovens.
Um terceiro criou vida na trajetória desta pesquisa e refere-se à sustentabilidade
financeira dos Conselhos Virajovens. Optamos, no entanto, por não destrinchá-lo por não
considerarmos viável do ponto de vista da pesquisa acadêmica alinhar à gestão da
comunicação uma estratégia de negócio.
É de extrema importância, contudo, ressaltar o papel de tal proposta, que imersa no universo
teórico e epistemológico do campo da Educomunicação, jamais poderia apontar um ou mais
caminhos ideais de maneira unidirecional. Em vez disso, ela se presta ao papel de apresentar
elementos que podem, ou não, ser utilizados em debate aberto, criativo e democrático que
angarie ainda outros novos. “Todo planejamento deve ser participativo envolvendo todas as
pessoas envolvidas como agentes ou beneficiárias das ações.”40
40
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf
75
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ismar Soares nos lembra que:
“cabe ao gestor de comunicação, compromissado com o direito que a sociedade tem
a um bom serviço na área, subverter a norma vigente em pelo menos dois aspectos:
primeiro, que, ao planejar, tenha como referência a própria sociedade e suas
necessidades à luz daquilo que o debate público em torno da realidade permite
perceber; e, segundo, que crie mecanismos que lhe permitam ouvir as audiências,
garantindo uma maior participação possível dos interessados tanto na produção
quanto na recepção das mensagens ou dos resultados de seu trabalho.” (SOARES,
2009, p. 37 e 38).
Com base no pensamento do autor, julgamos conveniente agregar à etapa conclusiva
da presente pesquisa acadêmica uma reflexão acerca do papel da mesma e de sua autora, que
se atém a, nada mais, nada menos, do que a sistematização de diversos pontos de vista sob o
intuito de oferecer à consciência da ONG Viração Educomunicação elementos que refletem
os ecos de suas próprias práticas. “Estamos falando a partir de uma concepção que admite a
importância e a necessidade de ampliar as mediações sociais no ato de comunicar.”
(SOARES, 2009, p. 37 e 38).
Dito isso, optamos por apresentar a seguir material oriundo deste trabalho de coleta e
sistematização de dados, de fatos, de olhares e de sonhos. Nossa intenção é aplaudir uma
iniciativa que consideramos louvável a despeito de fragilidades, vulnerabilidades, ou apenas
indefinições.
“Acredito que a revista tenha sua razão de ser e acredito nessa importância, sinceramente.”
Ex-Conteúdo 1
“[...] a Viração é mais do que o espaço da ONG, em São Paulo, e se estende por todo o Brasil
pela sensação de pertencimento que todos/as têm.”
76
Ex-Midiador 5
“São poucas as organizações que ousam em quase tudo, como se propõe ousar a Viração [...]”
Ex-Midiador 2
“[...] a Viração me permite sonhar com uma comunicação diferente aqui e agora, como algo
possível, concreto e já acontecendo. Essa articulação nacional engrandece os nossos braços
[...]”
Midiador 1
“As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas na Viração possuem um poder
transformador, recuperam a dignidade, acentuam o aprendizado da língua portuguesa e de
conhecimentos gerais e jornalísticos, e abrem percepções de mundo que provavelmente
seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes.”
Ex-Midiador 4
“E toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais variadas origens, jeitos,
formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois é uma experiência muito
rica.”
Midiador 1
“Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de
alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas
nossas comunidades. Sem falar dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do
fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das
juventudes. Minha reflexão é que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas, mas
o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o mundo
sozinho, basta querer mudá-lo para melhor, isso já significa muito.”
Ex-Midiador 6
“[...] a comunicação que fazemos se estende muito além dos muros de nossa cidade e estado,
ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de que estamos conectados com uma
quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e sonham o mesmo que nós e que
estamos juntos.”
77
Midiador 1
“[...] temos muito que fazer e caminhar. O importante é não deixar de dar pequenos passos,
basta acreditar em seus sonhos e lutar para que o mesmo se torne realidade, pois sozinha não
pode se mudar nada. Deixo de ser só, pra ser o todo!!! Vocês são a minha força para
continuar...”
Midiador 2
“[...] são oito anos de lutas para que os jovens estejam presentes 100% na Viração. Mesmo
estando a quilômetros de distância da sede, nos sentimos muito importantes e presentes.
Mesmo estando tão longe nos sentimos tão perto.”
Midiador 3
“[...] aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando
bem devagar.”
Midiador 2
“[...] somos o presente construindo o futuro.”
Midiador 1
Neste ponto, atingimos o justo diferencial do ideário educomunicativo frente às
demais visões que esclarecem a natureza da relação Comunicação/Educação:
entendemos que é na gestão – em sua qualidade integralizada de envolver
conhecimento, emoção e vontade (e não hegemonicamente inteligência e
conhecimento) – que se faz presente a totalidade da proposta educomunicativa.
(SOARES, 2009, p. 24).
78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In. A importância do ato de ler. São Paulo.
Cortez, 1992, pp. 11-24.
FREIRE, Paulo. (1979). Educação como prática da liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e
Terra.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São
Paulo, Editora Paulinas, 2011.
SOARES, Ismar de Oliveira. “Caminhos da gestão comunicativa como prática da
Educomunicação”, in BACCEGA, Maria Aparecida e COSTA, Maria Cristina. Gestão da
Comunicação: Epistemologia e Pesquisa Teórica, São Paulo, Paulinas, 2009, pg. 161 a 188.
SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o
perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação.
Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74
TEXTOS ON-LINE
PERUZZO, Cicilia. Comunicação comunitária e educação para a cidadania (Publicado na
Revista do Pensamento Comunicacional Latino-Americano - PCLA. São Bernardo do
Campo: Cátedra UNESCO de Comunicação da UMESP/ALAIC, vl. 4, n. 1, out./nov./dez.
2002.
Versão
on-line
disponível
em:
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm).
RODRIGUES, Gabriela F. É Educomunicação? A descoberta do termo e de elementos
educomunicativos.
Versão
on-line
disponível
em:
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf.
SOARES, Ismar de Oliveira. Mas, afinal, o que é Educomunicação? Versão on-line
disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf.
SOARES, Ismar de Oliveira. Ecossistemas Comunicativos. Versão on-line disponível em:
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf.
79
ANEXOS
I - DOCUMENTOS VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO
● Estatuto Social
● Carta de Princípios e Valores
● Regimento Interno
● Planejamento Estratégico McKinsey
● Projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores
II - ENTREVISTAS
● Paulo Lima (21.05.2010)
● Eric Silva (05.2010) - em áudio
III – PESQUISA/QUESTIONÁRIO
GESTORES
● Paulo Lima
● Lilian Romão
● Gisella Riche
● Juliana Rocha
● Eduardo Peterle
EDUCOMUNICADORES
● Educomunicador 1
● Ex-Educomunicador 1
● Ex-Educomunicador 2
● Ex-Educomunicador 3
MIDIADORES
● Midiador 1
● Midiador 2
● Midiador 3
● Midiador 4
● Ex-Midiador 1
● Ex-Midiador 2
● Ex-Midiador 3
● Ex-Midiador 4
● Ex-Midiador 5
● Ex-Midiador 6
● Ex-Midiador 7
CONTEÚDO
80
● Conteúdo 1
● Ex-Conteúdo 1
● Ex-Conteúdo 2
● Ex-Conteúdo 3
● Ex-Conteúdo 4
81
ESTATUTO SOCIAL DA VIRAÇÃO
CAPÍTULO I
DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADE E DURAÇÃO
Artigo 1°
A VIRAÇÃO é uma pessoa jurídica de direito
privado, sob a forma de associação sem fins lucrativos e econômicos, regida por
este estatuto social, regimento interno e a legislação pertinente
Parágrafo Único
Poderá a VIRAÇÃO, adotar um
Regimento Interno, aprovado pela Assembléia Geral, com a finalidade de regular
e detalhar as disposições contidas neste Estatuto.
Artigo 2°
A VIRAÇÃO tem sede na Rua Augusta, 1239,
conj. 11, Consolação, São Paulo, Estado de São Paulo, CEP: 01305-100.
Artigo 3°
A VIRAÇÃO tem como finalidades fomentar e
divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens,
adolescentes e educadores para o efetivo cumprimento do direito humano à
comunicação e transformação social, tendo em vista:
8. Promover e realizar publicações, pesquisas, fóruns, conferências,
editorações, seminários, cursos e ciclos de debates, objetivando a
prevenção, educação e comunicação, inclusive em convênio com outras
entidades, visando a defesa de direitos da pessoa e do exercício do
direito humano à comunicação;
9. Trabalhar para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e
se transforme em instrumento indispensável à construção de uma
verdadeira ordem democrática;
10. Instituir e manter órgãos e veículos de comunicação impressa,
radiofônica, televisiva, cinematográfica, literária, de dados e eletrônica,
bem como de produção e publicação de periódicos, produção teatral,
fotográfica, cultural, esportiva, ambiental, social e de lazer;
11. Apoiar, estimular, desenvolver, sistematizar e divulgar atividades de
promoção humana, social, cultural e educacional, em especial junto a
crianças, adolescentes e jovens;
12. Desenvolver mecanismos e formas de difusão das experiências dos que
atuam junto aos movimentos de defesa dos direitos de crianças,
adolescentes e jovens, ou ainda daqueles que possam contribuir com
seu conhecimento àqueles movimentos;
13. Articular-se ou filiar-se a entidades ou organizações nacionais e/ou
internacionais com objetivos afins;
14. Implantar e manter unidades que desenvolvam projetos e ações
educomunicativas junto a crianças, adolescentes e jovens.
15. Contribuir para a formação política dos cidadãos, disseminando valores
da democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência,
da solidariedade entre os povos, do respeito à diversidade étnico/racial,
de gênero, sexual, cultural, ambiental e religiosa.
16. Contribuir com a promoção do saber intelectual, técnico e científico,
em todas as áreas do conhecimento humano;
82
17. Realizar a propositura de ações e intervenções civis públicas e demais
ações coletivas;
18. Idealizar, conceber, instituir, organizar e incrementar sob sua égide
prêmios, ordens honoríficas, medalhas, troféus, comendas, colares e
láureas, certificados territorial nacional ou internacional, oficializandoas ou não perante os poderes e órgãos constituídos e outorgando aos
agraciados em solenidades cívicas;
19. Promover o desenvolvimento de empreendimentos voltados à
divulgação dos valores de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e
cidadã, inclusive utilizando-se da legislação federal, estadual, distrital e
municipal para financiamento dessas atividades.
Parágrafo Primeiro
Para cumprir suas finalidades sociais, a
VIRAÇÃO organizar-se-á em tantas unidades quantas se fizerem necessárias, em
todo o território nacional ou no exterior, temporária ou permanentemente,
mediante decisão da Diretoria, e se regerão pelas disposições contidas neste
estatuto.
Parágrafo Segundo
No desenvolvimento de suas atividades, a
VIRAÇÃO não fará qualquer discriminação de idade, orientação sexual,
deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade, profissão,
crença, política ou de qualquer natureza.
Parágrafo Terceiro
A VIRAÇÃO não distribui ou distribuirá,
entre seus associados, conselheiros, diretores, colaboradores, voluntários ou
doadores eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos,
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o
exercício de suas atividades, e os aplica integralmente na consecução de seu
objetivo social.
Artigo 4°
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
h.
i.
j.
k.
São princípios da VIRAÇÃO:
Participação efetiva e qualificada de adolescentes e jovens;
Valorização das potencialidades e habilidades de adolescentes e
jovens;
Respeito às diversidades humanas;
Fomento da dignidade do ser humano;
Defesa da justiça social;
Respeito ao ambiente em defesa de um desenvolvimento integral, justo
e solidário;
Promoção de ações e projetos colaborativos e cooperativos;
Defesa e valorização da esfera pública;
Autodeterminação dos povos;
Percepção de uma comunicação integral e integradora;
Valorização de uma cultura institucional holística e sinérgica e do
desenvolvimento integral de seus colaboradores e públicos envolvidos.
Artigo 5º
A existência da VIRAÇÃO é indeterminada, podendo ser
dissolvida a qualquer tempo, observadas as disposições deste Estatuto e da
legislação vigente.
83
Artigo 6º
A critério da Diretoria, a Organização poderá firmar
convênios, intercâmbios, promover iniciativas conjuntas com outras associações,
fundações e entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras.
CAPÍTULO II
DO PATRIMÔNIO SOCIAL E DAS RECEITAS
Artigo 7°
O patrimônio da organização será constituído por
bens móveis, imóveis, veículos, semoventes, ações e títulos da dívida pública e
todos os bens que vierem ser acrescidos ao patrimônio da VIRAÇÃO.
Artigo 8°
constituídas por:
As fontes de recursos da VIRAÇÃO serão
5
Doações, dotações, heranças, subsídios, bens,
direitos e créditos oriundos de qualquer pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os rendimentos
produzidos por esses bens;
6
Receitas provenientes dos serviços prestados, da
venda de publicações, da venda de anúncios veiculados em suas
publicações e as receitas patrimoniais;
7
Acordos, contratos, convênios, termo de
cooperação celebrado com pessoas físicas, jurídicas, públicas ou
privadas;
8
Valores obtidos pela realização de eventos e
atividades, desde que revertidos totalmente em beneficio da associação;
9
Rendimentos financeiros e outras rendas
eventuais;
10
Quaisquer outros atos lícitos e compatíveis com
o objeto social da VIRAÇÃO e com os termos deste Estatuto.
Parágrafo Primeiro
Será integralmente empregado, no território
nacional, e na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, o
patrimônio, as rendas, os recursos e eventual resultado operacional da
VIRAÇÃO.
Parágrafo Segundo
Todas as despesas
VIRAÇÃO deverão estar estritamente relacionadas com seu objeto social.
da
CAPÍTULO III
DA ADMISSÃO, EXCLUSÃO, DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS
ASSOCIADOS
Artigo 9°
Os associados da VIRAÇÃO são pessoas físicas
que se identificam e contribuem para a consecução de suas finalidades e
satisfaçam as condições de admissão estabelecidas neste Estatuto.
Parágrafo Único
A VIRAÇÃO é constituída
por número ilimitado de associados que compartilham os objetivos e princípios
84
da Organização.
Artigo 10
Os associados são divididos em duas categorias:
1.
Fundadores: são os que estiveram presentes na assembléia de
fundação da VIRAÇÃO, assinando a respectiva ata e
comprometendo-se com suas finalidades;
2.
Efetivos: são aqueles que desejam colaborar com a finalidade da
VIRAÇÃO, incorporados pela aprovação da Assembléia Geral.
Parágrafo Primeiro
Os novos associados farão parte da
Viração por indicação de associados fundadores ou efetivos ou por pedido
enviado por carta formal solicitando filiação e dirigida à Diretoria.
Parágrafo Segundo
Os associados não responderão, nem
mesmo subsidiariamente, pelos encargos da VIRAÇÃO, não podendo falar em
seu nome, salvo se expressamente autorizados pela Diretoria.
Artigo 11
São deveres dos associados:
a.
Cumprir e fazer cumprir este estatuto social e o
regimento interno;
b.
Respeitar e cumprir as decisões da Assembléia
Geral;
c.
Zelar pelo bom nome e pelo fiel cumprimento
dos objetivos da VIRAÇÃO;
d.
Auxiliar na formação e conservação do
patrimônio e interesses da VIRAÇÃO; e
e.
Não utilizar o nome da VIRAÇÃO para fins
alheios.
Artigo 12
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
São direitos dos associados:
Comparecer e participar, com direito a voz e
voto, de toda Assembléia Geral;
Votar e ser votado para os cargos eletivos da
VIRAÇÃO, na forma prevista neste estatuto;
Propor modificações no Estatuto da VIRAÇÃO;
Propor diretrizes de ação para a VIRAÇÃO;
Participar de todas as atividades organizadas;
Frequentar a sede social da VIRAÇÃO; e
Desligar-se do quadro social, enviando o seu
pedido a Diretoria Executiva, quando não seja mais de seu interesse
participar da VIRAÇÃO.
Artigo 13
A perda da qualidade de associado determinada
pela Diretoria, será admissível somente havendo justa causa, assim reconhecida
85
em procedimento disciplinar, em que fique assegurado o direito da ampla defesa,
quando ficar comprovada a ocorrência de:
a.
b.
Violação do estatuto social;
Difamação da VIRAÇÃO, de seus membros ou
de seus associados;
c.
Atividades contrárias às decisões das assembléias
gerais;
d.
Prática de atos incompatíveis com os princípios
defendidos pela VIRAÇÃO.
Parágrafo Primeiro
A decisão de exclusão de
associado será tomada pela maioria dos membros da Diretoria.
Parágrafo Segundo
Da decisão da Diretoria, de exclusão de associado,
caberá recurso à Assembléia Geral.
CAPÍTULO IV
DA ASSEMBLÉIA GERAL
Artigo 14
A Assembléia Geral, o órgão supremo
VIRAÇÃO, será constituída pela totalidade dos associados.
da
Parágrafo Primeiro
A Assembléia Geral reunir-se-á, ordinariamente,
uma vez por ano, até o quarto mês de cada exercício da Organização, e,
extraordinariamente, a qualquer tempo.
Parágrafo Segundo
A Assembléia Geral poderá ser convocada pelo
Presidente da Diretoria, ou igualmente mediante solicitação formulada por dois
integrantes do Conselho Fiscal ou por requerimento de 1/5 (um quinto), no
mínimo, dos associados. Nas duas últimas situações, o Presidente deverá
providenciar a convocação, na forma prevista neste estatuto, no prazo de 15
(quinze) dias, a partir do recebimento da solicitação.
Artigo 15
Compete à Assembléia Geral:
a.
b.
c.
Indicar e eleger e os membros da Diretoria,;
Destituir os membros da Diretoria;
Indicar e eleger os membros do Conselho
Fiscal;
d.
e.
Destituir os membros do Conselho Fiscal;
Apreciar e aprovar, anualmente, as contas dos
administradores, examinar e deliberar sobre as demonstrações
financeiras, bem como os relatórios e pareceres apresentados pela
Diretoria e pelo Conselho Fiscal;
f.
Alterar o Estatuto Social;
g.
Aprovar o Regimento Interno, quando
elaborado;
h.
Ratificar a admissão de associados;
86
i.
Deliberar sobre recurso contra a exclusão de
associado, nos termos do artigo 13, supra;
j.
Aprovar a dissolução da VIRAÇÃO e deliberar
sobre a liquidação de seus ativos;
k.
Autorizar a aquisição, compra, venda, permuta,
transferência ou qualquer forma de alienação de bens imóveis da
VIRAÇÃO;
l.
Apreciar qualquer matéria requerida por
associado, ainda que não expressamente prevista neste Estatuto.
Artigo 16
A Assembléia Geral deverá ser convocada por meio
de edital, afixado na sede da VIRAÇÃO ou por correspondência, correio
eletrônico, ou por qualquer outro meio eficiente, enviado a todos os associados,
com antecedência mínima de (10) dez dias, e deverá incluir a data, hora, o local
de realização e a ordem do dia.
Artigo 17
A Assembléia Geral deverá ser instalada em
primeira convocação, com a presença de pelo menos a maioria absoluta dos
associados e, em segunda convocação, meia hora depois, com qualquer número.
Parágrafo Primeiro
da Diretoria.
A Assembléia Geral será presidida pelo presidente
Parágrafo Segundo
O Presidente da Assembléia Geral deverá convocar
um associado presente para secretariar a mesa de trabalho, na ausência do
Secretário.
Parágrafo Terceiro
As decisões serão aprovadas pela maioria simples
dos votos dos associados presentes, salvo as exceções previstas no presente
estatuto. Em caso de empate, caberá ao Presidente da Assembléia Geral o voto de
qualidade.
Parágrafo Quarto
Para
as
deliberações
referentes a alterações estatutárias, destituição de membros da Diretoria e do
Conselho Fiscal e dissolução da VIRAÇÃO, exigir-se-á o voto de 2/3 (dois
terços) dos presentes à Assembléia Geral, que deverá ser especialmente
convocada para esse fim. A Assembléia instalar-se-á, em primeira convocação,
com a presença da maioria absoluta dos associados da Organização, e em segunda
convocação, com pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos associados da
VIRAÇÃO.
Parágrafo Quinto
As
deliberações
da
Assembléia Geral deverão constar de atas que serão registradas em livro próprio a
ser mantido na sede social da VIRAÇÃO.
CAPÍTULO V
DOS ORGÃOS ADMINISTRATIVOS DA ORGANIZAÇÃO
Artigo 18
São órgãos administrativos da Organização:
87
Diretoria;
Conselho Consultivo; e
Conselho Fiscal.
Parágrafo Único
Não percebem seus diretores, conselheiros, associados,
instituidores, benfeitores ou equivalentes remuneração, vantagens ou benefícios,
direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências,
funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos
constitutivos.
Os integrantes dos órgãos administrativos da VIRAÇÃO desempenharão suas
funções e atribuições sem remuneração, podendo, no entanto, receber reembolso
de despesas realizadas no exercício de suas funções, mediante comprovação.
excluir
Artigo 19
A Diretoria da VIRAÇÃO será constituída por 03
(três) diretores, os quais ocuparão os cargos de Presidente, Vice-presidente e
Secretário, com mandato de 4 (quatro) anos, admitindo-se a reeleição para o
mesmo cargo.
Seção I
DIRETORIA
Artigo 20
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
h.
i.
Compete à Diretoria:
Elaborar programa anual de atividades da
VIRAÇÃO e acompanhar sua execução;
Apresentar ao Conselho Consultivo o relatório
anual das atividades, bem como encaminhá-lo aos órgãos competentes;
Resolver questões relativas à admissão e
demissão de colaboradores;
Apreciar e aprovar as previsões orçamentárias da
Organização;
Zelar pelo patrimônio da Organização;
Autorizar a compra, venda ou doação de bens
móveis e imóveis;
Decidir sobre a criação e extinção de filiais ou
projetos de atendimento, comunicando oportunamente aos órgãos
competentes;
Nomear o coordenador das filiais ou projetos de
atendimento;
Resolver os casos omissos no presente Estatuto
"ad referendum" da Assembléia Geral.
Parágrafo Único
A Diretoria reunir-se-á sempre que for
necessário, por convocação do Presidente.
Artigo 21
Compete ao Presidente:
88
1. Convocar e presidir as reuniões da Diretoria e as Assembléias Gerais;
2. Representar a VIRAÇÃO, ativa, passiva, judicial e extrajudicialmente
e, em geral, em suas relações com terceiros, podendo delegar
procuração, caso por caso, a outro integrante da Diretoria ou a
integrante da Coordenação Executiva da Organização;
3. Realizar superintendência das atividades da Secretaria;
4. Delegar poderes a terceiros, em nome da VIRAÇÃO, mediante
outorga de procurações para fins específicos e por prazos
determinados;
5. Resolver os negócios urgentes, dando ciência à Diretoria ou ao
Conselho Consultivo na primeira reunião que houver;
6. Autorizar pagamentos, mantendo e movimentando contas bancárias,
sacando e endossando cheques e títulos de crédito em geral;
7. Ouvida a Diretoria, firmar convênios com órgãos dos poderes públicos
federais, estaduais e municipais, e também com entidades particulares;
e
8. Receber doações ou legados de particulares e subvenções dos poderes
públicos.
Artigo 22
Compete ao Vice-Presidente auxiliar o Presidente em suas
atribuições e substituí-lo em suas faltas e impedimentos temporários.
Parágrafo Único
Em caso de substituição, terá todos os
poderes do Presidente, expressos no artigo 21.
Artigo 23
Compete ao Secretário:
2 Redigir e manter, em dia, transcrição das atas das Assembléias Gerais e
das reuniões da Diretoria Executiva;
3 Redigir e providenciar correspondência dos órgãos Administrativos da
VIRAÇÃO; e
4 Manter e ter sob sua guarda o arquivo da Organização.
Artigo 24
A eleição da Diretoria será realizada a cada 04 (quatro) anos,
mediante proposta de chapas apresentadas pela diretoria anterior ao Conselho
Consultivo, que deverá ser eleita, por maioria absoluta de seus membros,
presentes em Assembléia Geral especialmente convocada.
Parágrafo Único
No caso de rejeição, a Diretoria deverá
apresentar novas chapas de composição, quantas vezes forem necessárias para sua
aprovação.
Artigo 25
A Diretoria ou qualquer de seus membros poderá a qualquer
tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em
Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de
acordo com a previsão estatutária.
Parágrafo Único
Em caso de destituição da Diretoria ou de
algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os diretores interinos,
89
sendo vedado o acúmulo de cargos, para o restante do mandato do (s) destituído
(s).
Artigo 26
Em caso de vacância do cargo de presidente, assume em seu
lugar o vice-presidente. Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele
preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos
associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias.
Seção II
DO CONSELHO CONSULTIVO
Artigo 27
O Conselho Consultivo será composto por um
número indeterminado de associados fundadores ou/e efetivos ou pessoas
reconhecidas e que realizem serviços relevantes que possam contribuir com as
finalidades da VIRAÇÃO, respeitando a proporção de que pelo menos 30%
(trinta por cento) dos seus integrantes deverão ser adolescentes e/ou jovens na
faixa etária de 16 (dezesseis) a 29 (vinte e nove) anos e que não exerçam
atividades e/ou componham a equipe de trabalho da Viração.
Parágrafo Primeiro
O Conselho Consultivo será constituído
por meio de indicação da Diretoria ou pelos seus integrantes e deverão ser
aprovados, pela maioria simples, pelo próprio Conselho.
Parágrafo Segundo
O integrante do Conselho Consultivo
poderá pedir desligamento da função mediante comunicação escrita endereça ao
Conselho Consultivo.
Artigo 28
Compete ao Conselho Consultivo:
a. Subsidiar e propor meios e indicativos para a consecução de seus
objetivos; e
b. Contribuir para a construção e sistematização de metodologias
das atividades;
Parágrafo Único
Qualquer um dos integrantes do Conselho
Consultivo poderá ser consultado, a qualquer momento, para auxílio no
desenvolvimento das atividades da organização.
Artigo 29
O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente uma vez por
ano, em data consensualmente determinada, com o objetivo de cumprir o descrito
no artigo 28 supra.
Parágrafo Único
As reuniões do Conselho Consultivo, que serão
presididas pelo Presidente da Diretoria, serão realizadas com qualquer número de
conselheiros presentes.
Seção III
DO CONSELHO FISCAL
90
Artigo 30
O Conselho Fiscal será composto de três membros, eleitos por
Assembléia Geral, com mandato de 4 (quatro) anos, coincidindo com o da
Diretoria, podendo ser reeleitos para o cargo.
Parágrafo Único
As atividades dos integrantes do Conselho Fiscal
serão exercidas gratuitamente, sendo-lhes vedado o recebimento de qualquer
remuneração, bonificação ou vantagem.
Artigo 31
Compete ao Conselho Fiscal:
4 Examinar os livros de escrituração da VIRAÇÃO;
5 Analisar anualmente os balanços e relatórios de desempenho financeiro
e contábil e as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres
para os organismos superiores da VIRAÇÃO;
6 Oferecer representação para a Assembléia Geral sobre qualquer
irregularidade verificada nas contas da VIRAÇÃO;
7 Requisitar à Diretoria, a qualquer tempo, documentação comprobatória
das operações econômico-financeiras realizadas pela VIRAÇÃO;
8 Zelar pela aplicação adequada dos recursos orçamentários da
VIRAÇÃO.
Artigo 32
O Conselho Fiscal ou qualquer de seus membros poderá a
qualquer tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em
Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de
acordo com a previsão estatutária.
Parágrafo Único
Em caso de destituição do Conselho
Fiscal ou de algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os substitutos
para o restante do mandato do (s) destituído (s).
Artigo 33
Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele
preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos
associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias.
CAPÍTULO VI
DA ADMINISTRAÇÃO DAS FILIAIS E PROJETOS
Artigo 34
Em época determinada pelo Presidente, cada filial ou projeto
apresentará a previsão orçamentária, submetendo-a à aprovação da diretoria.
Parágrafo Primeiro
A
contratação
de
colaboradores,
assessoria especial ou qualquer iniciativa que implique em despesas exigirá
prévia consulta à diretoria da Viração e dependerá de sua aprovação.
Parágrafo Segundo
Todas as reformas ou aquisições devem
ser solicitadas por escrito à diretoria da Viração.
91
Parágrafo Terceiro
As determinações contidas nos parágrafos
1º e 2º aplicam-se a matriz, todas as filiais e projetos.
Artigo 35
O pedido de subvenção ou outro tipo de recurso financeiro para
qualquer filial ou projeto será feito para o Presidente.
Artigo 36
Mensalmente, cada filial ou projeto de atendimento enviará à
Diretoria a relação das despesas e receitas, acompanhada dos respectivos
comprovantes, para confecção dos balancetes e do balanço anual consolidado.
Artigo 37
Anualmente cada filial ou projeto enviará à Diretoria da
VIRAÇÃO relatório de suas atividades.
CAPÍTULO VII
DO EXERCÍCIO SOCIAL, DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E DE
PRESTAÇÃO DE CONTAS
Artigo 38
O exercício social terá início em 1º de janeiro e
encerrar-se-á em 31 de dezembro de cada ano.
Artigo 39
Ao fim de cada exercício será levantado o Balanço
Geral, serão elaboradas as demonstrações financeiras e preparados os relatórios
da Diretoria, inclusive o relatório anual de execução de atividades, referente às
importâncias recebidas e despendidas no decorrer do exercício, a serem
submetidos à apreciação da Assembléia Geral Ordinária e do Conselho Fiscal.
Parágrafo Primeiro
As demonstrações financeiras e os relatórios de
atividades referentes a cada exercício social observarão plenamente os princípios
fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Parágrafo Segundo
Será dada publicidade por qualquer meio eficaz às
demonstrações financeiras, aos relatórios de atividades da VIRAÇÃO referentes
a cada exercício social e às certidões negativas de débito perante o Instituto
Nacional de Seguridade Social – INSS e o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço - FGTS, colocando-os também a disposição para exame de qualquer
cidadão.
Parágrafo Terceiro
As demonstrações financeiras da VIRAÇÃO
poderão ser auditadas – inclusive por auditores externos independentes, se for o
caso.
Artigo 40
A prestação de contas da VIRAÇÃO será realizada
sobre a totalidade de suas operações patrimoniais e de seus resultados,
observando-se o disposto na legislação aplicável.
CAPíTULO VIII
DA DISSOLUÇÃO E DA LIQUIDAÇÃO
Artigo 41
A VIRAÇÃO poderá ser dissolvido, a qualquer
tempo, uma vez constatada a impossibilidade de sua sobrevivência, face à
92
impossibilidade da manutenção de seus objetivos sociais, ou desvirtuamento de
suas finalidades estatutárias ou, ainda, por carência de recursos financeiros e
humanos, mediante deliberação de Assembléia Geral Extraordinária,
especialmente convocada para este fim.
Artigo 42
Em caso de dissolução ou extinção da
VIRAÇÃO, seu patrimônio será destinado, em Assembléia Geral, nos termos
deste estatuto, a entidade congênere registrada no Conselho Nacional Assistência
Social – CNAS ou a entidade pública.
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Artigo 43
O associado que se retirar ou for excluído da
Organização não fará jus a qualquer restituição ou reembolso de contribuições ou
doações que tenha feito à entidade, de cujo patrimônio não participam os
associados.
São Paulo, 31 de agosto de 2009
___________________________
_______________________________
Vicente de Paulo Pereira Lima
Presidente da Assembléia
Lilian Cristina Ribeiro Romão
Secretária da Assembléia
Advogada
Ana Lopez Prieto
OAB/SP 120.272
93
Carta de Princípios e Valores da Viração Educomunicação
Viração tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e
mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à
comunicação e para a transformação socio-ambiental.
Viração adota o referencial teórico do campo de intervenção sócio-educativa denominado
“educomunicação”, definida pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de
São Paulo como o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação
de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas
comunicativos abertos, democráticos e participativos, e a ampliar os espaços de expressão na
sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da comunicação.
Viração promove, por meio de suas ações, projetos e processos de educomunicação, um
espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias,
a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de
adolescentes e jovens organizados ou não institucionalmente.
Viração trabalha para desenvolver metodologias para que adolescentes e jovens possam
participar e coordenar, com o apoio de outros jovens e adultos facilitadores e por meio da
Educação entre Pares, projetos de comunicação nas escolas e nas suas comunidades;
contribuir para o monitoramento e a incidência política nas políticas públicas de comunicação
em uma perspectiva dos adolescentes e jovens; contribuir com processos de participação
sustentáveis e continuados de adolescentes e jovens nas instâncias de decisão, na família, na
comunidade, nas escolas e nas políticas públicas, por meio de processos, ações e produtos de
educomunicação.
Viração acredita que adolescentes e jovens são ricos em criatividade e em desenvolver
mecanismos para a defesa da própria cultura, o que se comprova nos modos de convivência,
nas linguagens desenvolvidas, nos códigos de valores éticos e morais, nas redes de
solidariedade e manifestações culturais e artísticas que compõem a diversidade das
adolescências e das juventudes brasileiras.
Viração trabalha para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e se transforme
em instrumento indispensável à construção de uma verdadeira ordem democrática.
Viração promove o desenvolvimento de empreendimentos voltados à divulgação dos valores
de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e cidadã, inclusive utilizando-se da legislação
federal, estadual, distrital e municipal para financiamento dessas atividades.
Viração apóia, estimula, desenvolve, sistematiza e divulga atividades de promoção humana,
social, cultural e educacional, em especial junto a crianças, adolescentes e jovens.
Viração desenvolve mecanismos e formas de difusão das experiências dos que atuam junto
aos movimentos de defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens, ou ainda daqueles
que possam contribuir com seu conhecimento àqueles movimentos.
Viração contribui para a formação política dos cidadãos, disseminando valores da
democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência, da solidariedade entre os
94
povos, do respeito à diversidade étnico/racial, de gênero, sexual, cultural, ambiental e
religiosa.
No desenvolvimento de nossas atividades, Viração não faz qualquer discriminação de idade,
orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade,
profissão, crença, política ou de qualquer natureza.
Viração é apartidária e areligiosa. O trabalho está disponível para o público
independentemente de qualquer filiação partidária ou seguimento de qualquer religião.
Viração não aceita contribuições que impliquem posicionamento predeterminado diante de
qualquer tema ou outro procedimento que de alguma forma comprometa a integridade moral e
intelectual de seus trabalhos. Sua agenda não é ditada ou comprometida com qualquer fonte
financiadora, que a torne representante de qualquer interesse de doador ou empresa.
Viração, por meio de sua diretoria executiva, fará alianças, parcerias e buscará fontes
financiadoras junto a governos e instituições que respeitam os direitos humanos, as leis
trabalhistas, os direitos de crianças, adolescentes e jovens garantidos no Estatuto da Criança e
do Adolescentes e na Convenção Internacional dos Direitos da Infância, e o ecossistema
socio-ambiental.
95
REGIMENTO INTERNO DA VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO
Art. 1º. BASE CONCEITUAL
Trata-se de um conjunto de normas, procedimentos práticos e aspectos do dia a dia da Viração
Educomunicação para regulamentar o seu funcionamento. Para efeito de transparência e
participação ativa e responsável de todas e todos, uma cópia desse regulamento interno será
entregue a cada um dos/as colaboradores/as da Viração mediante recibo, ou seja, mediante um
comprovante de seu recebimento e de sua leitura, como sinal de reconhecimento, tomada de
consciência e aprovação acerca desses acordos compartilhados.
Art. 2º PREMISSA
Este Regimento Interno é fruto de um processo iniciado em março de 2003, quando da criação
da Viração Educomunicação, e se apresenta como uma tentativa de criar condições reais,
práticas e concretas para que a entidade desenvolva suas atividades de acordo com seus
objetivos e princípios buscando ampla participação democrática com qualidade e
representatividade, debate aberto, transparência e definição de propostas e encaminhamentos
concretos.
Art. 3º DOS TIPOS DE COLABORAÇÃO NA VIRAÇÃO
Existem três formas de colaborar individualmente com a Viração Educomunicação: como
colaborador/a voluntário/a, colaborador/a estagiário/a e colaborador/a remunerado/a.
1) Colaborador/a Voluntario/a
A Viração Educomunicação aceitará a prestação de serviços voluntários, não remunerados, de
acordo com suas demandas, necessidades e conforme dispõe a lei do Voluntariado n.º
9.608/1998.
O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a Viração
e o colaborador/a voluntário/a, constanto, necessariamente, os detalhes da atividade a serem
desenvolvidas na sede ou à distância, por meio das novas tecnologias da informação e da
comunicação, bem como o período da atividade.
O/a colaborador/a voluntário poderá ser ressarcido/a pelas despesas de transporte e refeição
que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. As despesas a
serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela diretoria executiva da Viração
Educomunicação, pagas pelo departamento de pessoal e serão previstas no orçamento de
acordo com as possibilidades da entidade. As demais despesas serão analisadas previamente
caso a caso pela diretoria executiva da Viração Educomunicação e pelo departamento de
pessoal.
Também está previsto para o colaborador/a voluntário/a uma formação de 4 horas sobre
histórico, valores, princípios e os projetos desenvolvidos pela Viração. Esta formação será
realizada durante o primeiro dia de atividade do/a voluntário/a sob responsabilidade de
integrantes da diretoria executiva e/ou coordenadores de área de projetos, por meio de
palestra/ conversa e leitura de documentos (Estatuto, Regimento Interno e Revista) da Viração
Educomunicação.
O termo de voluntariado deve ser assinado por todos/as os/as colaboradores/as voluntários/as
e presidente da Viração Educomunicação.
96
2) Colaborador/a Estagiário/a
Em comum acordo com a diretoria da Viração Educomunicação, cada projeto da Viração
Educomunicação deve avaliar a necessidade e a oportunidade de contar com a colaboração de
estagiários/as, até porque desde o seu início, a entidade busca valorizar o estágio como
oportunidade e espaço de formação profissional e de crescimento individual e coletivo.
De acordo com a lei do estágio nº 11.788/2008, seguem requisitos que devem ser respeitados
pela Viração para a contratação de estagiários:
11 Celebrar Termo de Compromisso entre o estagiário, a Viração Educomunicação e a
instituição de ensino, prevendo as condições de adequação do estágio à proposta
pedagógica do curso, à etapa e modalidade da forma escolar do estudante e ao horário
e calendário escolar;
12 Ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao estagiário atividades de
aprendizagem social, profissional e cultural, observando o estabelecido na legislação
relacionada à saude e segurança no trabalho;
13 Indicar funcionário do quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional
na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e
supervisionar até 10 estagiários simultaneamente, que será o responsável pelo Projeto
no qual o estagiário fará parte;
14 Contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja
compatível com valores de mercado;
15 Enviar à instituição de ensino de 6 em 6 meses, relatório de atividades, com vista
obrigatória do estagiário;
16 A duração da jornada diária de estágio, deverá ser compatível com as atividades
escolares e respeitar os seguintes limites:
20. 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação
especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional
de educação de jovens e adultos;
21. 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino
superior, da educação profissional de nível médio e do ensino medio regular;
22. 8 horas diárias e 40 horas semanais, no caso de cursos que alternam
teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais,
desde que esteja prevista no projeto pedagógico do curso e da instituição de
ensino.
17 O prazo de duração do estágio, será de até 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de
estagiário portador de deficiência;
18 Para o estágio não obrigatório é compulsória a concessão de bolsa ou outra forma de
contraprestação que venha a ser acordada, bem como o auxilio- transporte,porém
para o estágio obrigatório, a concessão de bolsa ou outra forma de contraprestação e
auxílio transporte é facultativa. A remuneração do/a estagiário/a será definida
anualmente, pela Diretoria Executiva, com base em dois patamares, um de
estagiários do Ensino Médio e outro do Ensino Superior.
19
Dentro de cada período de 12 meses o estagiário deverá ter um recesso de 30 dias,
que poderá ser concedido em período contínuo ou fracionado, conforme estabelecido
no termo de compromisso;
20 Quando se tratar de estudantes de ensino médio não profissionalizante, de escolas
especiais e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da
97
educação de jovens e adultos, o número máximo de estagiários por estabelecimento
concedente será calculado em relação ao quadro de pessoal da Viração
Educomunicação nas seguintes proporções:
5
De 1 a 5 empregados: um estagiário;
6
De 6 a 10 empregados: ate 2 estagiários;
7
De 11 a 25 empregados: ate 5 estagiários; e
8
Acima de 25 empregados, ate 20% de estagiários.
Para a seleção de novos estagiários, a Diretoria Executiva da Viração Educomunicação junto
com os responsáveis pelos projetos deverão lançar um edital público postado no site
institucional da Viração Educomunicação e demais sites da instituição e de parcerios. Tal
edital deve conter uma breve apresentação da Viração, requisitos básicos, habilidades, carga
horária, remuneração prevista e prazo de inscrição de no mínimo 15 dias.
3) Colaboradores/as remunerados/as
O/A colaborador/a remunerado/a que integra a equipe é registrado/a em regime de CLT e
adquire aumento salarial de acordo com o dissídio estipulado anualmente pelo Sindicato dos
Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas de São Paulo ao qual
Viração Educomunicação está filiada. Outros aumentos salariais serão realizados de acordo
com as possibilidades financeiras da entidade. Tal decisão deverá passar por um processo de
discussão durante as reuniões de equipe e reuniões das diretorias executiva e institucional.
O/A colaborador/a remunerado/a será incentivado/a a realizar ação voluntária quando
necessário, ficando a seu critério a decisão e em comum acordo com toda a equipe.
O pagamento do salário será efetuado, como previsto por Lei, até o quinto dia útil do mês
imediatamente posterior aos serviços prestados, por meio de cheque nominal.
Cada equipe se compromete a cumprir as metas estabelecidas para a semana, conforme
acordado com suas/seus coordenadoras/es previamente.
9. A Viração Educomunicação adota procedimentos pré-demissionais e demissionais
definidos com base em seu estatuto e às leis trabalhistas. São advertidos colaboradores
que:
10. não justificam faltas, atrasos e mudanças de horários: a terceira ocorrência deve ser
comunicada ao Administrativo, para descontos proporcionais na folha de pagamento;
11. não cumprem acordos e planos de trabalhos conjuntos e não apresentam justificativas
aos seus gestores, estabelecidos com as equipes executoras dos projetos e atividades
da Viração Educomunicação;
12. mantêm posturas, interna e externamente, não compatíveis com a missão, valores e
princípios estabelecidos no Estatuto de Viração Educomunicação.
A Viração Educomunicação, em cada situação, adotará três etapas de sinalização para a
responsabilidade do/a colaborador/a: a primeira representa uma conversa inicial para acertar
procedimentos. A segunda consiste em um momento de advertência sobre a continuidade do
comportamento. A terceira é a última sinalização antes do procedimento de demissão.
Cada colaborador/a cumprirá suas horas de trabalho conforme acordado, no ato da admissão,
com a diretoria executiva e responsáveis pelos projetos. Avisar um dia antes se for chegar
mais tarde ou sair mais cedo do previsto. A tolerância da flexibilidade do horário é de no
máximo 1 (uma) hora. Caso o/a colaborador/a não cumprir o acordado, será advertido pela
diretoria executiva. A repetição por mais de 3 (três) vezes do não cumprimento de tal acordo
pode levar à demissão por justa causa.
98
O horário de funcionamento da Viração Educomunicação é das 09h às 18h, de segunda-feira
a quinta-feira e das 09h as 13h de sexta-feira, somando 36 horas semanais. Qualquer alteração
deverá ser acordada com a equipe e diretoria executiva.
4) Acordo de Compensação de Horas
De acordo o parágrafo 2º do artigo 59 da CLT, poderá ser dispensado o acréscimo de salário
(hora extra) se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em
um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não
exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho
previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. Sendo analisado caso a
caso de acordo com a função exercida pelo colaborador contratado e seu respectivo sindicato.
Quando de cobertura/ trabalho fora do horário de trabalho, seguiremos os seguintes
procedimentos:
3. Em caso de (horas extras) saída à noite, o/a colaborador/a pode chegar mais tarde ou
sair mais cedo no dia seguinte ao local de trabalho, cobrindo as horas extras que
passou no evento, em comum acordo com a diretoria executiva e os coordenadores do
projeto em que o/a colaborador/a está inserido/a.
4. Em caso de participação integral na cobertura de evento que acontece no sábado e no
domingo ou em feriado, a pessoa folga dois dias alternados ao longo do mês em que se
realizou o evento. Quando evento durar um dia ou menos, a pessoa folga um dia ou o
equivalente de horas. Cada coordenador/a se responsabiliza em enviar um e-mail para
a diretoria executiva, informando sobre as datas de folga dos integrantes de suas
equipes.
Situações especiais poderão ser acordadas com as equipes dos projetos, equipe geral e
diretoria executiva da Viração Educomunicação. Comunicados prévios deverão ser
feitos à diretoria executiva e ao departamento de pessoal.
5) Férias
Todos os/as colaboradores/as da Viração Educomunicação seguem seus respectivos acordos
garantidos pelas leis vigentes (Lei do Voluntariado, Lei do Estágio e CLT) e de comum
acordo com a diretoria da Viração.
9 Viração Educomunicação não compra férias de seus colaboradores porque considera
importante o descanso.
Os assuntos referentes a férias deverão ser tratados previamente com os/as coordenadores dos
projetos e aprovados pela diretoria executiva e departamento de pessoal.
Art. 4º DA ORGANIZAÇÃO DA EQUIPE DE COLABORADORES/AS
1) Reunião de Equipe
A equipe de colaboradores/as (voluntários/as, estagiários/as e remunerados/as) que atua na
sede da Viração Educomunicação fará reunião mensal com data e horários de duração a ser
combinados por todos e todas, sendo que a reunião de equipe deverá ter um/a facilitador/a e
um/a secretário/a, escolhidos pela equipe e com função de mobilizar, coordenar a atividade e
redigir a ata.
99
A pauta de cada reunião de equipe será definida por todas e todos 2 dias antes e compartilhada
via e-mail ou outra tecnologia da informação e comunicação. Em caso de discordância com a
pauta, o/a integrante da equipe deve expor sua motivação e seus argumentos via e-mail a toda
equipe.
Quando não for possível a presença de todos os integrantes das equipes de projetos, será
necessário, pelo menos, um representante por projeto na reunião de equipe;
A reunião acontecerá sempre por um período mínimo de 3 horas, ou de acordo com a
necessidade da equipe. E deverá ocorrer sempre no período de horário de trabalho, com
preferência pela tarde.
A reunião de equipe terá três momentos principais:
Momento sonhalista, dedicado à leitura de um texto significativo ou uma dinâmica
participativa ou uma dança; enfim algo envolvente para trabalhar a percepção e a
emoção do grupo como um todo. Este momento será coordenado pelo/a facilitador/a e
secretário/a da reunião de equipe e participação de outros integrantes da equipe.
Momento de discussão e resolução de assuntos relacionados ao dia-a-dia da Viração
que constarão na pauta decidida antecipadamente;
Momento de compartilhamento de informações sobre os projetos em andamento.
2) Formação continuada da Equipe
Viração Educomunicação acredita na importância de investir no processo de formação
permanente de seus/suas colaboradores/as. Por isso, proporcionará momentos de formação de
toda a equipe com carga horária a ser definida em reunião de equipe. O principal objetivo è
aprofundar conceitos e práticas de educomunicação e temas afins aos objetivos e princípios da
entidade. O calendário, a periodicidade e o formato dos dias de formação serão definidos
durante o planejamento estratégico anual ou durante a avaliação semestral deste.
O Planejamento estratégico terá a seguinte metodologia: avaliação das atividades realizadas
no ano anterior, elaboração de um plano de projetos e ações concretas a serem realizadas para
cada área da entidade, com prazos e responsáveis. Após seis meses, tal planejamento deve
passar por uma avaliação e redefinição de ações e cronogramas.
Art. 5º DO USO DO ESPAÇO E DOS EQUIPAMENTOS
1) Para os/ as colaboradores/as
Os integrantes de cada projeto devem se responsabilizar pela limpeza e ordem do espaço e o
bom funcionamento dos equipamentos utilizados durante as atividades realizadas dentro e
fora da sede, como computadores de mesa e portáteis, tela e projetor, máquinas fotográficas e
de vídeo, gravadores etc.
Outras recomendações importantes:
- Ao deixar a redação, lavar xícaras e copos que utilizou;
- O último a sair da redação deve deixar as janelas abertas, fechar todas as portas, desligar
todas as luzes;
- Todos que saem depois das 18h são responsáveis por descer com o lixo;
- O almoço deve durar 1 hora – sem horário fixo, mas deve ocorrer um rodízio para garantir a
presença na sede.
- É função dos/as colaboradores/as cuidar da manutenção dos equipamentos e materiais de
trabalho, exceto computadores, que exigem manutenção especifica.
100
2) Para os/as parceiros/as
O/a parceiro/a que estiver interessado/a em usar o espaço, ou os equipamentos da Viração
Educomunicação só poderá fazê-lo quando os mesmo forem utilizados na sede da Viração
Educomunicação. A solicitação deverá ser feita por escrito e enviada por e-mail para a
diretoria da entidade: [email protected]. Em caso de avaria de equipamentos, o/a
parceiro/a deverá providenciar o conserto ou ressarcimento em no máximo 15 dias. Este e
outros procedimentos constarão em um contrato para o uso do espaço e equipamentos da
Viração Educomunicação, assinado pelos representantes legais de ambas as entidades.
Quanto ao uso do espaço, o/a parceiro/a deve deixá-lo nas condições de limpeza e ordem que
encontrou antes do uso. Em se tratando de um curso, será cobrada uma taxa a ser calculada
pela diretoria executiva da Viração, previamente a ser acordada com o/a parceiro/a para cobrir
despesas de administração. O pagamento da taxa deverá ser efetuado 2 (dois) dias após a
realização da atividade.
Art. 6º DA RESPONSABILIDADE FINANCEIRA E FISCAL
Cada colaborador/a da Viração Educomunicação deve solicitar pelo menos três orçamentos
antes de realizar qualquer compra ou pedir serviço para seus respectivos projetos. Também
deve exigir nota fiscal na compra de quaisquer bens ou serviços para seus respectivos
projetos, tendo à mão dados fiscais da Viração Educomunicação. Só através de tais
procedimentos é que a entidade realizará prestação de contas e ressarcimento de despesas.
Em casos excepcionais, tais como: ter que cubrir algum custo extra do próprio bolso
(gasolina, transporte, alimentação etc) em saídas, o/a colaborador/a deve pedir a autorização
da diretoria executiva por telefone e apresentar um relatório com descritivos das despesas e
valores e cupons/ notas fiscais anexas na última semana do mês para a equipe de
departamento pessoal.
Viração Educomunicação não reembolsa despesas apresentadas sem cupons/ notas fiscais,
sendo que toda compra deverá ser autorizada por escrito previamente pela diretoria executiva
e administrativo. Tal reembolso ao/à colaborador/a deve ocorrer até no máximo 5 (sete) dias
úteis e efetuado pelo departamento de pessoal.
Art. 7º SOBRE O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO
Os/As colaboradores/as devem olhar com frequência diária as mensagens enviadas ao e-mail
da equipe. Cada colaborador/a deve ser ético e responsável com relação ao uso pessoal do
MSN, Skype e outras ferramentas de comunicação instantânea via internet em horário de
trabalho. A Viração Educomunicação não limita a utilização dessas ferramentas para fins de
trabalho. Caso o/a colaborador/a sentir necessidade de usar essas tecnologias para uso pessoal
(ex.: atualização de blogs ou páginas pessoais de redes sociais, deverá pedir a autorização da
diretoria executiva em comum acordo com os/as coordenadores/as do projeto em que está
inserido/a.
Art. 8º DAS DOAÇÕES, PATROCÍNIO, ALIANÇAS E PARCERIAS
Viração Educomunicação adota princípios claros para receber doação, patrocínio ou instaurar
parcerias e alianças estratégicas com o governo em todas as suas esferas, empresas e entidades
101
da sociedade civil organizada. São esses os princípios e valores contemplados em nossa Carta
de Princípios e Valores:
102
Projeto/ Revista
Mudança, Atitude e Ousadia Jovem
CNPJ: 74121880/0003-52
Inscrição Estadual: 116.773.830.119
Inscrição Municipal: 3.308.838-1
Razão Social: ASSOCIAÇÃO DE APOIO A MENINAS E MENINOS DA REGIÃO SÉ
Rua Augusta, 1239, conj. 11 – Consolação – 01305-100 São Paulo (SP)
Tel.: (11) 3237-4091/ 9946-6073
PLANO ESTRATÉGICO 2009 - 2013
1. SUMÁRIO EXECUTIVO
Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre
adolescentes, jovens e educadores, filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e
Meninos da Região Sé. Criado em março de 2003, o Projeto impactou na vida de mais de 3,5
milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por
meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos.
O Projeto Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em
processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade
para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento,
gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implantação e
implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no
desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de
crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do
Adolescente.
O carro-chefe é a Revista Viração, uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a
comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito localizadas na
comunidade, no bairro, na cidade. A inovação vem de uma metodologia de participação social
de adolescentes e jovens por meio de tradicionais e novas tecnologias da informação e da
comunicação de forma independente, colaborativa, desterritorializada e respeitando a
diversidade regional e cultural do País. A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em
torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a
solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da comunicação.
Para os próximos cinco anos, o Projeto Viração definiu como opção estratégica o
fortalecimento da Revista tanto sob o ponto de vista editorial e gráfico quanto de sua
sustentabilidade financeira. Tal escolha se deve, antes de tudo, à percepção do enorme
potencial de mercado. Existem 180 mil escolas de Ensino Fundamental e Médio, freqüentadas
por 40 milhões de adolescentes e jovens e por 1,7 milhões de professores. A publicação tem
um grande potencial de venda visto a atual conjuntura educacional e cultural. Ministérios e
secretarias de Educação e Cultura estão investindo na compra de materiais pedagógicos para
as mais de 20 mil escolas públicas do Ensino Médio e cerca de 10 mil Pontos de Cultura.
Também se deve ao fato de que os governos, nas mais variadas esferas, estão solicitando
material de apoio para a formação e informação de jovens e criando secretarias,
coordenadorias e outros órgãos e iniciativas voltadas às juventudes.
103
Diante deste contexto, definimos como objetivo principal de nosso planejamento estratégico
passar dos 2 mil assinantes atuais (a maioria cortesia) para 10 mil assinantes pagantes até
2013 distribuídos em todo pais. Isso vai garantir a sustentabilidade financeira da própria
Revista e de eventuais projetos especiais que poderão ser desenvolvidos. Para isso, vamos nos
valer de diversas estratégias de captação e fortalecimento da carteira de assinantes, que vão
desde venda de assinaturas avulsas e venda de pacotes de assinaturas para instituições
governamentais até venda de anúncios com previsão de parte dos recursos serem revertidos
para assinaturas para empresas que desenvolvem ações sociais, até incorporação da assinatura
da Revista nos custos de projetos especiais que venham a ser desenvolvidos pelo Projeto
Viração.
Para atingir esse objetivo, o Projeto Viração elegeu como prioridades as seguintes macroiniciativas, visto que entre os principais desafios enfrentados está o da fragilidade econômica,
falta de uma organização forte sob o ponto de vista administrativo e a demanda de um novo
modelo de governança e identidade jurídica própria:
21 desenvolvimento de um plano de marketing para vendas de anúncios e assinaturas e
construção de parcerias;
22 reformulação editorial e gráfica da Revista Viração e do Portal Viração na internet;
23 fortalecimento institucional, incorporando novos colaboradores em sua equipe e
adquirindo uma identidade jurídica própria;
24 consolidação de uma agência de notícias permanente, a Agência Jovem de Notícias.
104
2. ORGANIZAÇÃO
O Projeto Viração é uma organização não-governamental, filial da ONG matriz Associação de
Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Possui atuação local e nacional e sua situação
jurídica está plenamente regularizada, em conformidade com as leis brasileiras e todos os 20
colaboradores fixos estão em regime de CLT
O Projeto Viração tem a chancela e conta com o apoio institucional de importantes
organismos nacionais e internacionais:
Ashoka Empreendedores Sociais.
9 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
10 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO)
11 Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi)
12 Agência Internacional pela Paz (IPAZ)
13 Núcleo de Educação e Comunicação da Universidade de São Paulo (USP).
No seu atual estágio, o projeto viração conta com mais de 10 projetos sendo incubados, e
acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de
parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades
não-governamentais em 21 Estados. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para
o funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração. Por meio de um Termo de
Cooperação, essas colocam à disposição da Viração um educador social ou estagiário de
Comunicação, responsável pela mobilização dos integrantes do Conselho Jovem da Revista.
Além dessas parcerias permanentes, o Projeto Viração desenvolve projetos temporários, com
duração de até 1 ano, como por exemplo, o Programa de TV Quarto Mundo, em parceria com
a TV USP e ações de mobilização por meio do site A Voz dos Adolescentes
(www.vozdosadolescentes.org.br), em parceria com o Instituto Internacional para o
Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC).
Missão
Fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens,
adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a
transformação social.
Visão: Tornar-se um referencial nacional em mídia jovem, conquistando novos espaços e
públicos e ampliando a nossa área de abrangência para toda a sociedade.
3. LINHAS DE ATUAÇÃO
Para realizar sua missão e alcançar sua visão, o Projeto Viração combina diferentes linhas de
atuação:
13. Produção da Revista Viração,
De jovem para jovem, com planos de marketing, de divulgação, de captação de assinaturas e
de distribuição nacional bem definidos para passar dos atuais 2 mil assinantes a 10 mil em
cinco anos; com ação local e experimentação educomunicadora; formação e capacitação de
adolescentes, jovens e educadores; fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos,
articulação e participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional; promoção
de campanhas de sensibilização e mobilização; difusão de informações e conhecimentos;
promoção de debates e intercâmbio e produção de materiais educomunicativos
105
14. Produção da Agência Jovem de Notícias, Iniciativa itinerante que capacita jovens de
diferentes realidades para a produção de materiais jornalísticos, como notícias e
entrevistas com jovens e especialistas, durante toda a duração do evento.
15. Desenvolvimento de Projetos Especiais de Educomunicação:
1. Prestação de serviços nas áreas de produção editorial, educação e mobilização
de escolas e grupos juvenis e comunidades;
2. fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos, articulação e
participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional;
3. promoção de campanhas de sensibilização e mobilização;
4. assessoria a órgãos públicos, advocacy junto aos poderes executivo, legislativo
e judiciário.
106
4 – ESTRATÉGIAS
O maior desafio da Viração é garantir sua sustentabilidade financeira a partir do negócio
principal, a Revista Viração. O objetivo é conseguir 10.000 assinaturas pagantes, e para isso,
segmentarmos os possíveis públicos-alvos da Viração, e estabelecemos as seguintes
estratégias para cada um deles:
23. Assinaturas para o governo:
30% (3 mil assinaturas) captadas via editais junto aos ministérios da
Educação e da Cultura e campanha de assinaturas coletivas para secretarias
de Educação, de Cultura e de Juventude dos Estados e Municípios.
24. Assinaturas via projetos
20% (2 mil assinaturas) incluídas dentro dos custos dos projetos, pois a
Revista Viração será utilizada como subsídio pedagógico nas atividades de
formação em educomunicação e mobilização social
25. Assinaturas via anúncios:
30% (4 mil assinaturas) serão obtidas via patrocínio de anunciantes
(empresas, governo, ONGs)
26. Assinaturas avulsas:
10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de
mobilização junto a ex-assinantes, atuais assinantes e novos assinantes
27. Doação de colaboradores:
107
10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de doação
para assinantes sem condições financeiras de pagar uma assinatura anual
108
5. PÚBLICO
A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos do Projeto Viração está
entre 14 e 22 anos. O Projeto também desenvolve atividades junto a educadores e professores,
que atuam em escolas públicas. Esses jovens, adolescentes e educadores, na maioria das
vezes, vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e
de concentração populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a
insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e
subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda significativa nos níveis de qualidade
de vida.
Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de
forma clara na lógica de ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela
crescente especulação imobiliária e pelo processo de exclusão social, as populações
empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de estruturas
básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza
urbana, bem como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura,
educação e saúde. Tal segregação resulta em dramática fragmentação social e territorial da
urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências contra jovens e adolescentes.
A discriminação desse público com que o Projeto/ Revista Viração trabalha e o fortalecimento
de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo processo de globalização, geram a
perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento.
Por outro lado, esses jovens, adolescentes e educadores populares têm energia, vitalidade,
criatividade, produtividade e cultura próprias, que são elementos dinamizadores da vida e da
sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas arquiteturas, a modos de
convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e
manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira.
O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100
estudantes que entram no ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão
escolar e a falta às aulas ocorrem por diferentes razões, incluindo violência e gravidez na
adolescência. Em 2003, 340 mil adolescentes tornaram-se mães.
6. EQUIPE RESPONSÁVEL (GOVERNANÇA)
A equipe do Projeto Viração é multidisciplinar, formada por profissionais das áreas de
Comunicação, Educação, Sociologia, Psicologia e Assistência Social.
Há a figura de um coordenador geral da Revista, responsável pela captação de recursos,
representação legal e facilitação de decisões do cotidiano, tomadas em reuniões de equipe
semanais com participação do pessoal das áreas (Administração, Marketing, Conteúdo,
Conselhos Jovens, Escola e Comunidade). Há a instância para tomadas de decisões
estratégicas e de planejamento da organização: o Conselho de Administração, com reuniões
quadrimestrais, formado por um representantes de cada área. Também contamos com o
Conselho Editorial, formado por profissionais que atuam nas áreas de Comunicação e
Educação Social, que ajudam na tomada de decisões editoriais estratégicas e na manutenção
da proposta editorial; e o Conselho Pedagógico, multidisciplinar, que colabora na construção
de propostas pedagógicas para o conteúdo e as oficinas de produção de conteúdo. O Conselho
Jovem tem tanta importância - ou mais - para a revista do que o Conselho Editorial tradicional
porque tem poder de decisão e para sugerir mudanças. Para mais detalhes, ver anexo 02.
7. GESTÃO FINANCEIRA
A gestão financeira é feita pelo coordenador geral, os responsáveis pela administração e
contabilidade e o coordenador de cada área, sendo a captação de recursos sob a
responsabilidade do coordenador geral da organização.
109
A captação de recursos financeiros se dá por meio de assinaturas anuais da revista impressa,
venda de anúncios publicitários institucionais e projetos especiais de prestação de serviço,
desenvolvidos em parceria com instituições nacionais e internacionais, como o UNICEF, ou
por meio de convênios com órgãos governamentais, como a Secretaria de Direitos Humanos
da Presidência da República e o Ministério da Educação.
Para a organização ter sustentabilidade financeira em 5 anos, é preciso fazer com que a revista
gere receita por meio do aumento do número de assinantes pagantes e venda de anúncios.
(Veja planilha anexa)
8. RISCOS E OPORTUNIDADES
Riscos
Entre os riscos que antevemos, destacamos a possível mudança de gestores públicos, visto
que o plano de assinaturas prevê, entre outras ações, venda de revistas para secretarias de
governos e ministérios, nas áreas de juventude, educação e cultura.
Também ressaltamos as dificuldades de distribuição das revistas via correios, uma vez que os
atrasos nas entregas e extravio são freqüentes.
A crise financeira é outra preocupação, já que vem afetando também o setor de publicações
editoriais, seja pela diminuição de anunciantes seja pelo aumento dos custos de papel e
insumos gráficos.
Com relação ao conteúdo, ele pode não ser adequado aos compradores, uma vez que o novo
projeto editorial e gráfico buscará focar mais em assuntos ligados à educação e
comportamento, tornando a revista mais acessível a jovens e adolescentes que não atuam em
projetos e movimentos sociais.
Corremos o risco de depender de apenas uma única fonte para a captação de recursos, como
por exemplo, via assinaturas ou via prestação de serviço.
Quanto à concorrência da Revista Viração, a maioria é editada por grandes empresas de
comunicação, que dispõem de maiores possibilidades de investimento e produtos
diferenciados.
Oportunidades
Uma grande oportunidade será ampliar parcerias com entidades governamentais nas diversas
instâncias, sobretudo ligadas às áreas de juventude, educação e cultura e redes, uma vez que a
revista já construiu uma trajetória de sucesso ao longo de seis anos.
Também destaca-se a inserção da educomunicação na agenda das principais organizações. A
metodologia da Viração está despertando crescente interesse em diversas áreas do
conhecimento e de atuação social, por parte do setor privado, da sociedade civil organizada e
de governos.
A presença na mídia deve aumentar por meio de parcerias de conteúdo com TVs comunitárias
e grandes portais de informação na internet.
Outra oportunidade é aumentar a visibilidade internacional, favorecida pela participação e o
trabalho da Viração em fóruns internacionais, como o Congresso Mundial de Enfrentamento
da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes.
A chance de ganhar concursos e prêmios, que contribuem para aumentar o grau de satisfação
e a própria consolidação da equipe, para a visibilidade e, em alguns casos, para a
sustentabilidade financeira da organização. Em seis anos, ganhamos 9 prêmios nacionais e
internacionais.
O projeto terá potencial de sustentabilidade da ação pela própria ação. A temática do direito à
comunicação e a própria realização de uma Conferência Nacional de Comunicação em 2009,
110
estão contribuindo para a consolidação de projetos especiais de comunicação, como a
Viração.
9. Resultados e Fortalezas
Pesquisas de opinião com os públicos atingidos diretamente, realizada em duas ocasiões ao
longo dos seis anos, revela que a revista contribui para elevar a auto-estima de jovens e
adolescentes, a pensar os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e
valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas em mutirão.
amanda, infelizmente não temos essas pesquisas sistematizadas
foram fruto de avaliações em finais de oficinas, encontros, seminários
A participação dos adolescentes e jovens nos conselhos jovens tem levado eles a sentir
orgulho de suas comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de
mídia, ao fortalecimento da curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior
justiça social; ao interesse por uma sociedade mais democrática. Isso porque a participação
levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela comunidade local, inspirando ações
coletivas.
Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas
habilidades de comunicação. Dizem ter desenvolvido competências em trabalho em grupo,
negociação de conflitos e planejamento de projetos, melhorado o desempenho escolar, entre
outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação surgem grêmios estudantis, novas
ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de trabalho, grupos juvenis de
intervenção comunitária e produção de periódicos.
Ao longo de seis anos, conquistamos os seguintes prêmios:
5. Maio de 2009, Prêmio Huellas América Latina e Caribe, concedido pelo Unicef
América Latina
6. Maio de 2009, Prêmio Mídia Livre Nacional, concedido pelo Ministério da
CulturaJaneiro de 2009, Prêmio Ponto de Leitura, concedido pelo Ministério da
Cultura.
7. Agosto de 2008, Prêmio de Investigação Jornalística TIM Lopes, concedido pela
Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi).
8. Junho de 2008, Prêmio Visibilidade em Políticas Sociais, concedido pelo Conselho
Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro.
9. Dezembro de 2007, Prêmio Projeto de Incentivo à Literatura (PAC), concedido
pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
10. Dezembro de 2005, ganhou o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela
Comunidade Bahá‟í do Brasil.
11. Junho de 2005, segundo Relatório Mídia Jovem, da Agência de Notícias dos Direitos
da Infância (Andi), Viração é a primeira no ranking entre as revistas voltadas para
jovens, seguida da MTV, Capricho, Todateen e Atrevida.
12. Junho de 2004, ganhou o Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma,
concedido pela Associazione Cuore Amico e a Agência de Notícias Misna.
13. Abril de 2004, foi semifinalista do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo,
concorrendo com gigantes do mercado editorial voltado para jovens, como a
Capricho, Revista da MTV e encartes juvenis do jornal Folha de São Paulo e Correio
Braziliense.
14. Janeiro de 2004, Viração ganhou o Prêmio de valorização de Iniciativas Culturais,
da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, entre mais de 600 projetos
concorrentes.
111
10. PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO - PRINCIPAIS INICIATIVAS
10 As 4 macro-iniciativas abaixo citadas levarão o Projeto/ Revista Viração a alcançar a
visão almejada porque a sustentabilidade (tanto em termos de potencial financeiro
quanto potencial humano) é o principal desafio de nosa organização. Portanto, para
atingi-la precisamos de um plano estruturado de marketing e vendas para captar mais
assinaturas por diferentes canais, de um produto atrativo (reformulação editorial da
revista impresaa e do portal na internet), e de uma organização forte (menos
dependente de seu líder e criador) e de uma agência de notícias que tanto pode
alimentar o conteúdo editorial da revista impressa e do portal de notícias quando pode
gerar receitas via projetos de cobertura jornalística. (ver detalhamento anexo)
10.1. Reposicionamento da Revista Viração
Ação
Data
Reformulação editorial e gráfica
Abril de 2009
Reformulação portal na internet
Setembro de 2009
Produção de newsletter
Setembro de 2009
Cartilha Mão na Roda
Fevereiro de 2010
Expansão países América do Sul, África e Julho de 2012
Europa
10.2. Plano de Marketing
Ação
Data
Elaboração Plano de Marketing
Maio de 2009
Venda de anúncios
Maio de 2009
Plano de assinaturas
Junho de 2009
Plano de mídia
Agosto de 2009
Pesquisa qualitativa
Abril de 2010
10.3. Fortalecimento Institucional
Ação
Data
Criação fundo de reserva
Maio de 2009
Elaboração plano de governança
Agosto de 2009
Sistematização metodologia Projeto/
Revista Viração
Janeiro de 2011
10.4. Agência Jovem de Notícias
Ação
Data
112
Sistematização metodologia
Agosto de 2009
Plano editorial e de funcionamento
Maio de 2011
Plano de sustentabilidade
Maio de 2011
113
ROTEIRO DE PROJETO
Título do projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores
Número
1. Dados sobre a instituição
Nome
completo
Viração Educomunicação
(conforme CNPJ)
Nome
Fantasia Viração
(conforme CNPJ)
2003 CNPJ
11.228.471/0001-78 Registro no CMDCAAno de fundação
Data
Endereço
Rua Augusta , 1239, conj. 11
Cidade
São Paulo
UF SP
CEP 01305-100
Telefone
(11) 3237-4091
Fax 3237-4091
(11) 3237-4091
e-mail
[email protected]
Página web
www.revistaviracao.org.br
Tipo de instituição Organização Não Governamental
(Org
governamental,
Org
não
governamental,
Universidade, etc.)
2. Descrição da instituição
Breve Histórico
Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e
educadores. Até agosto de 2009, era filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região
Sé. Criado em março de 2003, Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por
meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de
seis anos.
Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de
educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes
naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na
implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento
de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e
histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente.
A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que precisa ser considerado em
sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas
que representa uma grande oportunidade de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para
si próprios. Além de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na
implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o ponto de vista tecnológico
e instrumental.
Até então, o carro-chefe da organização era a Revista e o Portal de notícias homônimos, produzidos a partir dos
Conselhos Jovens (Virajovens) com uma metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da
comunicação. Uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a comunicação entre outras experiências do
mesmo tipo, até então muito localizadas na comunidade, no bairro, na cidade.
114
A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos,
a educação para a paz e a solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da
comunicação e mobilização social.
Cada Virajovem é montado à base do voluntariado, possui um mobilizador que recebe uma formação específica e
acompanhamento. Esta formação e este acompanhamento acontecem por meio de encontro pessoal com a equipe
da Viração, com sede em São Paulo, frequentes contatos telefônicos e via internet (correio eletrônico ou troca de
mensagens simultâneas). Para ajudar nesse processo de formação e consolidação de um Virajovem, existe um guia
com um passo-a-passo.
O Virajovem conta com o apoio de uma organização não-governamental e tem reuniões presenciais (alguns até
mais de uma vez por mês) em espaços cedidos por alguma instituição que tenha localização central na cidade para
o fácil acesso. Nessas reuniões fica claro o caráter comunitário de produção. Nelas, há participação constante dos
adolescentes e jovens na sugestão de pautas, apuração de matérias e redação de textos e produção de imagens; bem
como sugestões quanto à administração, diagramação, vendas e publicidade da revista. Os participantes colaboram
para que se redesenhe um novo discurso jornalístico sobre a juventude e para a juventude.
Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao
editorial da revista ou mesmo debate, palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e organização de
alguma ação de mobilização.
Os Virajovens dispõem de plena autonomia para o seu funcionamento e reaplicam uma proposta básica de reunião
oferecida pela Viração:
1. Dinâmica de integração: leitura de uma poesia, um texto sagrado, uma música cantada ou recitada, seguido
de um momento de partilha. A idéia é nutrir os sonhos por meio de um ritual simples, envolvente.
2. Avaliação da revista e das iniciativas de mobilização: os mobilizadores apresentam as novidades em
relação ao dia-a-dia da revista (editorial, administrativa, projetos, campanhas de mobilização etc); avaliação
do visual, conteúdo e linguagem da edição do mês anterior, para apontar os erros, sugerir soluções.
Momento para sugestões de pautas e distribuição de tarefas por duplas, trios ou em grupo, para estimular o
trabalho em equipe.
3. Formação: Momento para discutir um assunto com especialistas, seguido de trabalho em grupo e plenária.
Os temas de aprofundamento são relacionados com a produção jornalística comunitária, leitura crítica da
comunicação, democratização da comunicação, mobilização, cidadania, adolescência e juventude, cultura,
política da atualidade.
O Virajovem é formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais, estudantes de
escolas públicas e particulares. Em alguns Virajovens, há participação efetiva de adolescentes em medida sócioeducativa ou jovens com deficiência. Também colaboram para o funcionamento do Virajovem profissionais de
educação e comunicação na qualidade de mediadores, facilitadores (geralmente é integrante dos quadros da
organização parceira).
A Viração utiliza os aparatos próprios da globalização como a internet para promover a integração entre jovens
participantes dos Conselhos Jovens e o acesso democrático às informações. Além das reuniões presenciais, os
integrantes de cada Virajovem participam de uma lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o
115
andamento da edição do mês, entre outros assuntos. Até a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é
avaliada por meio dessa lista de discussão. As pautas de cada edição são discutidas em um chat nacional, no início
de cada mês, e desenvolvidas por mais de um Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para isso, a
discussão acontece via troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet.
Entre os principais objetivos do Virajovem, estão:
– Promover o acesso democrático dos cidadãos à produção e difusão da informação e do conhecimento;
– Identificar como o mundo é editado nos meios;
– Facilitar o processo de ensino-aprendizagem através do uso criativo dos meios de comunicação;
– Promover o intercâmbio entre jovens e adolescentes que desenvolvem atividades de comunicação nas escolas e
comunidades.
Para o funcionamento do Virajovem, a Viração conta com o apoio de uma entidade parceira em cada Estado, que
coloca à disposição um jovem educador ou estagiário de Comunicação, responsável pela mobilização dos
integrantes do Virajovem. Com essa entidade, Viração assina um Termo de Cooperação que prevê, entre outras
coisas: oferecimento por parte da Viração de suporte teórico e técnico para as organizações parceiras viabilizarem
o funcionamento dos conselhos jovens (cartilhas, manual de comunicação, cartazes, folders, adesivos, 30
exemplares gratuitos de 10 edições durante um ano), como também acompanhamento semanal à distância via
novas tecnologias de comunicação (mensagens instantâneas, lista de discussão, telefonemas via sistema voip),
permuta de espaços nas publicações para dar visibilidade aos parceiros; no caso de captação de assinaturas, 20%
do preço total permanecem para as entidades parceiras para ajudar a cobrir os custos de funcionamento dos
conselhos jovens.
São essas as instituições parceiras atualmente: Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Entreface – Belo
Horizonte (MG); Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF); Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e
Adolescência – Campo Grande (MS); Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) –
Curitiba ((PR); TV Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC); Catavento
Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE); Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO);
ONG Amazona – João Pessoa (PB); Centro Acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal
(RN); Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) – Salvador (BA);
Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL); Grupo de Jovens Vivendo e Convivendo
con HIV/Aids – Aracaju/SE; Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS);
Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ); Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca e
Rede Sou de Atitude – São Luís (MA); Centro de Referência da Juventude – Vitória (ES); Bemfam – Recife (PE);
Cufa – Cuiabá (MT); Escola de Lutheria da Amazônia – Manaus (AM); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e
Prevenção nas Escolas – Teresina (PI); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Rio Branco
(AC); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Porto Velho (RO); Grupo Makunaima – Boa
Vista (RR); Coordenadoria da Juventude – Serra do Navio (AP)
Produção e edição de textos e imagens: Para a produção de textos e fotos, o Virajovem procura incentivar o
trabalho em duplas, trios ou mesmo em grupo ao longo do mês, com o acompanhamento do mobilizador da
entidade parceira da Viração no Estado. Já no momento da discussão da pauta, o mobilizador vê juntamente com
os virajovens sugestões sobre como deve ser feita a diagramação de seu texto.
Uma vez finalizado o texto, o mobilizador faz uma primeira edição juntamente com os autores do texto e das
imagens, e envia uma primeira versão para a sede da revista, com as dicas de uso de imagens e de diagramação. Os
textos passarão por mais uma edição final na Redação. Depois disso, é enviado de volta para o mobilizador, para
que veja e aprove as mudanças.
Quando aprovado pelo Virajovem, o texto é passa por uma revisão final e é enviado para a diagramação. Cada
116
produção diagramada é enviada de volta para o respectivo Virajovem responsável em forma de arquivo em PDF,
para revisão e aprovação.
Iniciativas Realizadas:
Agência Jovem de Notícias
A iniciativa tem origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS), quando a Revista
Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS),
promoveram a cobertura jovem do evento.
A idéia é uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as práticas da Educomunicação produzir
notícias diariamente sobre os diversos temas ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses
jovens enxergam e que está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo
multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado especialmente para o evento
e
hospedado
no
portal
Viração.
A equipe preparada pela Viração promove, diariamente, oficinas de educomunicação entre os grupos de
participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e inovadora, protagonista dos
acontecimentos que eles mesmos estão presenciando.
De janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos nacionais e
internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de 1200 jovens e adolescentes
participantes diretamente.
Geração Cidadã
Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, coordenamos a comunicação do Consórcio Social da
Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da
Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em
R$ 97.000,00 (agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, contamos com o trabalho de mais de 10
profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores.
O Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa Nacional de Estímulo
ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tem por objetivo inserir o jovem no mundo
do trabalho.
Cerca de 30 dos 2 mil jovens atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação,
fruto da parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um jornal impresso
mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com atualização diária), uma revista de conclusão
do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4 mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet,
além de criar formas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estávamos com uma equipe
remunerada formada por três jornalistas.
Edições especiais
Ao longo de seis anos, produzimos também edições especiais temáticas da Viração com diversos parceiros e com
distribuição para escolas públicas do Ensino Médio: Edição especial sobre Aids e Juventude, em parceria com o
UNICEF e o Ministério da Saúde, com uma tiragem de 60 mil exemplares e distribuição; Edição especial
Educação em Direitos Humanos, com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República,
com tiragem de 40 mil exemplares; Edição especial sobre Sexualidade, em parceria com o Ministério da Educação,
com tiragem de 20 mil exemplares; Edição especial sobre Empreendedorismo Social Juvenil, em parceira com o
Programa Geração MudaMundo, da Ashoka Empreendedores Sociais, com tiragem de 30 mil exemplares; Edição
especial sobre Racismo, em parceria com o UNICEF, com uma tiragem de 40 mil exemplares.
Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh!
Desenvolvido em parceira com o UNICEF desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para a Vida pretende
117
contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com HIV por meio de práticas de
educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30 jovens de diversas regiões do Brasil produzem a Escuta Soh!,
revista especial do Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV, e o conteúdo de um site homônimo
(www.escutasoh.org). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição um tiragem de 5 mil exemplares
em português, inglês e espanhol.
Projeto Jornal Mural na Escola
Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou mais de 500 estudantes e
professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva,
seus próprios meios de comunicação, a partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações
sociais e culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma periodicidade quinzenal nas
escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente 255 mil pessoas, entre estudantes, professores,
funcionários e familiares).
Em 2009, o Projeto Jornal Mural na Escola está atuando em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de São
Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto Jornal Mural na Escola está
sendo implementado em outras capitais, como Campo Grande, Maceió e Curitiba.
Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores
A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma iniciativa que está
sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em Brasília, houve um primeiro encontro reunindo
cerca de 60 representantes de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os
Estados do Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações. Uma
delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no processo da Conferência Nacional da
Comunicação.
Stop X
Fruto da parceira entre a Viração e o UNICEF de Brasília e de Nova Iorque, o Stop Explotation é uma plataforma
virtual (www.stopx.org) que reúne jovens e adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração
sexual de crianças e adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008, no Rio de Janeiro.
Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço Adolescente, área multimídia de 600 metros
quadrados, onde foram realizadas oficinas de rádio, produção de vídeo, notícias, jornal mural e jogos cooperativos.
Participaram da iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da
plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países.
Programa de TV Quarto Mundo
Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa diferente na frente e atrás das câmeras. Sua
equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a
juventude não está perdida.
Em 2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação de câmeras, produção,
pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação. Também foram feitos debates sobre a história da
TV, papel das TVs públicas e comerciais e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas
emissoras em geral.
Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens entrevistaram pessoas capazes de
provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios
nas equipes permitiram que todos experimentassem diferentes funções em TV.
Cada temporada de gravação trouxe novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e
contribuindo para a diversidade do programa. Na última temporada, os jovens fizeram gravações de reportagens
em externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para 2008. Até agora foram produzidos 8 programas com
duração de 28 minutos cada, que vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segunda-feira, às
118
19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da NET, 71 da TVA ou 187 da TVA
Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13 adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e
sistematizadas no blog: www.quartomundotvusp.blogspot.com.
Plataforma dos Centros Urbanos
Somos parceiros técnicos do UNICEF para a implementação da Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo e
Itaquaquecetuba. Viração está desenvolvendo a formação em educomunicação de 126 adolescentes comunicadores
e dos educadores sociais de 63 comunidades.
Para realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações da sociedade civil organizada; escolas
públicas de Ensino Fundamental; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes, movimentos,
ONGs, meios de comunicação e associações comunitárias.
A proposta do trabalho, em última instância, é influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a
garantia dos direitos de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e
mobilização.
Redes e articulação política
A Viração participa das seguintes redes e articulações políticas: Rede de Empreendedores Sociais da Ashoka, Rede
Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura; Rede Juventude e Trabalho; Pacto pelo Semi-Árido;
Pacto pela Juventude, do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude; Articulação de
Defesa do Ensino Médio; Comitê Pró-Conferência Nacional da Comunicação; Fórum Mundial de Mídia Livre.
Políticas públicas
Além do mais, é preciso ressaltar mudanças já ocorridas a partir da intervenção do projeto ao longo desses seis
anos de existência. Isso se dá de forma clara na promoção de políticas públicas na cidade de São Paulo e em
articulações políticas, construídas a partir da influência da Viração.
Por iniciativa da vereadora do Partido dos Trabalhadores Tita Dias, foi aprovado pela Câmara dos Vereadores de
São Paulo a Lei 13.795, que institui 31 de outubro como o Dia do Saci na cidade de São Paulo. A vereadora se
engajou e tomou conhecimento da campanha em defesa do Saci pelas páginas da Viração, que trouxe a reportagem
“A Vez do Saci” como capa da edição 6, em outubro de 2004. Colocamos a vereadora em contato com os
organizadores de uma campanha nacional e a organização Sosaci.
Outra lei municipal criada a partir de experiências de educomunicação e com o apoio da Viração é a Lei 556/02,
apresentada pelo vereador do PT Carlos Neder. O projeto foi aprovado em primeira votação, pela Câmara dos
Vereadores de São Paulo. A lei institui o programa Educomunicação pelas Ondas do Rádio e também a promoção
de práticas de educação e comunicação no âmbito da administração municipal, tudo sendo a cargo da Prefeitura de
São Paulo.
Movimento Nossa São Paulo
Desde março de 2008, a Viração, em parceria com o UNICEF, mobiliza crianças e adolescentes para que criem
propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da vida pública da cidade. As propostas criadas pelo
público infanto- juvenil, relativas a temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte entre
outros, foram apresentados a todos candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito eleito. Para
aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram
realizados fóruns de adolescentes em diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”,
espaços de encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas regiões e
trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Em2009, a Viração segue com o trabalho de mobilização,
no âmbito da Plataforma dos Centros Urbanos, do UNICEF. Um guia sobre “Como montar um cidadelo” foi
desenvolvido e será divulgado pela cidade.
Projeto Voz Ativa
Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e Identitá. Colégio Emilie de
119
Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas
da comunicação de sua escola. O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se
tornem cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que vivem,
construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de comunicação. A idéia não é trabalhar uma
oficina ou um produto de comunicação, mas ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e
sistêmica. É toda a escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de
Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na construção de uma nova
comunicação da escola.
3. Responsáveis pelo Projeto
Nome
do Juliana Rocha Barroso
representante legal
da instituição
Data da última Agosto/2009
eleição e posse da
Diretoria
Responsável pela Lilian Romão
coordenação
do
projeto
Principal
Vicente de Paulo Pereira Lima
responsável
pela
elaboração
do
projeto
Oficial do UNICEF Mario Volpi
responsável
Escritório
do Brasília
UNICEF
responsável
4. Dados sobre o Projeto
Cargo
Presidente
Período de vigência da 04 anos
Diretoria eleita
Cargo
Coordenador executivo
Cargo
Coordenador executivo
Duração do projeto 12 meses (dezembro de 2009 a dezembro de 2010)
Financiador
projeto
do UNICEF
O UNICEF já vem Tipo de apoio, desde quando?
apoiando o projeto
sem repasse de
fundos?
Sim, indiretamente, por meio do Projeto Comunicação para a Vida, voltado para
jovens e adolescentes vivendo com o HIV/Aids, e da Plataforma dos Centros
120
Urbanos
Área geográfica de Nacional
abrangência
do
projeto
5. Classificação do Projeto (Campos a serem preenchidos pelo Oficial Responsável do UNICEF)
Documentação
Cópia do Estatuto da Instituição
mantida no arquivo
do
Oficial
Responsável
Cópia da última ata nomeando o responsável legal pela instituição
Cópia do CNPJ atualizado
Anexos
Orçamento total do projeto por fonte de financiamento
Cronograma de desembolso com memória de cálculo
Relação de equipamentos duráveis, caso previsto no projeto
Quais
são
os
Objetivos
do
Milênio
(ODM)
1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome
para os quais o
Projeto contribui?
X
X
X
X
X
20%
2. Inclusão Universal à Educação Básica
40%
3. Promover a Igualdade de Gênero
30%
4. Reduzir a Mortalidade Infantil
10%
5. Melhorar a Saúde Materna
6. Combater HIV/AIDS, Malária e Outras 30%
Doenças
7. Assegurar Sustentabilidade Ambiental
20%
8. Desenvolver Alianças Globais para o 10%
Desenvolvimento
20%
Outras formas de
violações
dos
direitos das crianças
1. Exploração Econômica e Trabalho Infantil
e
adolescentes
contra as quais o
projeto contribui.
2. Exploração Sexual
3. Privação de Liberdade
4. Abuso e Maus Tratos
5. Seqüestro, Venda e Tráfico de Crianças
6. Emergência e Ajuda Humanitária
7. Outra
Prioridades Temáticas
1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil
20%
10%
10%
%
121
2. Alfabetização e inclusão escolar
60%
3. HIV-AIDS
10%
4. Crescer sem Violência
20%
5. Raça e Etnia
10%
Eixos Transversais
%
1. Sistema de Garantia de Direito
30%
2. Gênero
10%
3. Raça e Etnia
10%
4. Jovens/Adolescentes
40%
5. Selo UNICEF Município Aprovado – Semi-árido
6. Planejamento, Monitoramento e Avaliação
7. Comunicação Institucional
10%
Fases do ciclo de vida que o projeto aborda
%
1. Primeira infância
2. Idade escolar
3. Adolescência
100%
Prioridades de meio termo que o projeto aborda (MTSP)
%
1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil
2. Educação básica e igualdade de gênero
70%
3. Crianças e HIV-AIDS
10%
4. Proteção: prevenção e resposta à violência, exploração e abuso
10%
5. As Crianças nas Políticas, Legislação e Orçamento
10%
Área geográfica prioritária
%
Amazônia
25%
Centros Urbanos
50%
Semi-Árido
25%
Fronteiras
Outros:
Endereço no ProMS
PBAs (Project Budget Allotment)
6. Cobertura do Projeto e Atores Principais
Quadro resumo dos
Previsto
Características
predominantes
Sujeitos
e
(número)
(socioeconômicas, gênero, raça,
Responsáveis
etc).
Sujeitos
Crianças de 0–1 --ano
Crianças de 0-6 --anos
Crianças de 7 – 11 --anos
Adolescentes de 240
Estudantes
do
ensino
12 – 18 anos
fundamental e médio de escolas
incompletos
públicas, que participam ou não
de projetos sociais e culturais de
empoderamento no campo da
comunicação e da mobilização
social
122
Responsáveis
Famílias
Gestores
240
240
Educadores
240
vivem nas capitais
são gestores municipais, estaduais
e federais
equipe das áreas da educação,
comunicação, direitos humanos
Atores
Atores
Papel principal destes atores
(instituições,
agências,
associações,
conselhos, líderes,
redes, etc) que
atuam no projeto
desenvolvendo
atividades
ou
apoiando
de
diversas formas o
projeto
Adolescentes e Jovens de escolas Oferta de espaço para participação, produção de
públicas
conteúdo e mobilização social
UNICEF
Suporte técnico, político e financeiro nas ações
propostas pelo projeto
Grupos e organizações da sociedade Acompanhamento e proposição de políticas públicas
civil que atuam na defesa do direito voltadas para adolescentes e jovens
humano à comunicação
7. Resumo Executivo do Projeto
O projeto “Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores” pretende criar uma plataforma
estrutural e organizativa para o pleno funcionamento dos Conselhos Jovens (Virajovens) para atuar como
movimento social.
Estes são os principais objetivos do projeto:
Promover uma reestruturação organizativa dos Virajovens de forma a favorecer uma participação ativa
e efetiva em todas as instâncias e tomadas de decisão, por meio de encontros presenciais, troca de
mensagens eletrônicas, telefonemas, newsletters e vídeo-conferências;
Contribuir para tornar as escolas do Ensino Médio ecossisistemas educomunicativos, por meio de ações
de mobilização de estudantes e educadores para a formação de Virajovens;
Desenvolver uma metodologia para que adolescentes participem e coordenem, com apoio de jovens
monitores, projetos de comunicação para seu engajamento e de outros adolescentes e para informação e
mobilização de suas escolas e comunidades;
Ampliar a participação de jovens e adolescentes no processo da democratização da comunicação no
Brasil;
123
Incentivar e fortalecer a produção e difusão da comunicação feita por jovens e adolescentes;
Contribuir com o monitoramento e incidência política nas políticas públicas de comunicação numa
perspectiva de adolescentes e jovens;
Facilitar a comunicação entre diferentes adolescentes ou grupos de adolescentes para compartilhar
experiências, produtos de comunicação (vídeos, música, textos, blogs) e outros produtos de
comunicação desenvolvidos por eles, por meio de ferramentas colaborativas presentes em uma
plataforma virtual que permitirá a publicação por parte dos próprios adolescentes;
Favorecer a participação dos Virajovens na Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e
Comunicadores, que tem como objetivo geral ampliar a participação de jovens e adolescentes no
processo da democratização da comunicação no Brasil por meio da incidência política e de espaços de
diálogo e atuação em torno das políticas públicas de comunicação para adolescentes e jovens;
Desconstruir a imagem negativa dos adolescentes na sociedade em geral e na mídia, e promover a
adolescência com uma fase essencialmente de oportunidades;
Contribuir com processos de participação sustentáveis e continuados de adolescentes nas instâncias de
decisão, na família, na comunidade, nas escolas e nas políticas públicas;
Promover o direito à identidade étnico-racial dos adolescentes e a sua comunicação entre pares visando
sua conectividade com as redes de participação existentes;
8. Antecedentes e justificativa do projeto
Ao analisar o cenário de meios de comunicação (institucionais ou não) voltados para adolescentes e jovens
constata-se a falta de um canal de comunicação não apenas para o adolescente e o jovem, mas sobretudo feito com
eles e a partir deles, sendo um processo de construção coletiva e participativa. Em geral, os produtos de
comunicação voltados para este público exercem uma comunicação verticalizada, não horizontal, com base na
participação. Daí surge a necessidade de produtos de mídia que falem diretamente e tratem, de fato, dos problemas
por que passam os adolescentes e jovens. Além disso, há ainda a constatação de que o domínio das linguagens e da
língua é condição para a tão desejada vivência plena e participação social.
A sociedade brasileira reconhece a educação como promotora dos valores humanos universais e demanda um
ensino de qualidade que “garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e
participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na
qual esperam verem atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas”, conforme as
diretrizes gerais do Ministério da Educação (MEC).
Normalmente tem mais voz na mídia voltada à educação, de maneira hierárquica, o diretor da escola, depois os
professores e poucas vezes outros profissionais. Mais grave é a ausência das opiniões dos estudantes. De acordo
com pesquisa realizada em 2001 pela Agência Cidade Futura, de Florianópolis (SC), crianças estudantes são
ouvidas em 0,9% das vezes e alunos adolescentes em somente 0,3%. Importante destacar que os números são
praticamente os mesmo em todo o país, segundo outras pesquisas realizadas pela Agência de Notícias dos Direitos
da Infância (Andi) junto aos jornais e revistas do território.
A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos dos Virajovens está entre 15 e 22 anos. Eles
vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e de concentração
populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a insuficiência de oportunidades de
inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda
significativa nos níveis de qualidade de vida.
Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de forma clara na lógica de
124
ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela crescente especulação imobiliária e pelo processo de
exclusão social, as populações empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de
estruturas básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza urbana, bem
como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura, educação e saúde. Tal segregação
resulta em dramática fragmentação social e territorial da urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências
contra jovens e adolescentes.
A discriminação desse público e o fortalecimento de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo
processo de globalização, geram a perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento.
Por outro lado, esses adolescentes e jovens têm energia, vitalidade, criatividade, produtividade e cultura próprias,
que são elementos dinamizadores da vida e da sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas
arquiteturas, a modos de convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e
manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira.
O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100 estudantes que entram no
ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão escolar e a falta às aulas ocorrem por
diferentes razões, incluindo falta de espaço para desenvolver as competências e habilidades dos estudantes,
violência e gravidez não planejada na adolescência.
Diante dessa análise, o projeto Virajovens: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores a que se
apresenta quer justamente levar os adolescentes e jovens a assumirem a dianteira do processo de
ensinamento, da comunicação juvenil e de sua cidadania ativa.
Pesquisas de opinião e avaliação com os mobilizadores dos Virajovens, realizadas em várias ocasiões ao longo dos
seis anos, revela que a Revista Viração, produzida por eles por meio de uma metodologia colaborativa, contribui
para elevar a auto-estima não só de quem a produz, mas também de outros adolescentes e jovens leitores, a pensar
os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas
em grupos.
A experiência nos Virajovens tem levado esse os adolescentes e jovens produtores a sentir orgulho de suas
comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de mídia, ao fortalecimento da
curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior justiça social; ao interesse por uma sociedade mais
democrática. Isso porque a participação levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela escola e
comunidade local, inspirando ações coletivas.
Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas habilidades de
comunicação, desenvolvido competências colaborativas, negociação de conflitos e planejamento de projetos,
melhorado o desempenho escolar, entre outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação por meio da
comunicação surgem grêmios estudantis, novas ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de
trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária e produção de periódicos.
Portanto, trata-se de uma experiência a ser expandida e consolidada porque porta não só à elaboração de ações,
processos e produtos de comunicação, mas também de ações de mobilização social por meio da comunicação.
Adolescentes e jovens dos Conselhos da Viração
9. Resultados esperados: impacto e efeitos
Qual
é
a
contribuição que o
projeto espera fazer
na
vida
das
crianças
e
adolescentes que
têm seus direitos
violados ou não
realizados?
Impacto
125
Fortelecer a ação política da adolescência e juventude frente à conquista ao direito humano à
comunicação, intensificando e qualificando o debate, desenvolvendo estruturas e aprimorando
propostas de participação real da juventude diante de temas relevantes na busca da cidadania.
Com que mudanças
o Projeto pretende
contribuir para o
impacto desejado
na realização dos
direitos
das
crianças
e
adolescentes?
Efeito - Mudança 1
Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas da
adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação, reforçando
ações de avaliação e gestão.
Efeito - Mudança 2
Virajovens formados em educomunicação e cidadania participativa para produção de conteúdo
e ações de mobilização social.
Efeito - Mudança 3
Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e
organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a
diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de
comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na
temática de ensino médio.
10. Resultados esperados: Produtos
Quais serviços ou
produtos o projeto
tem que produzir
para alcançar as
mudanças
ou
efeitos desejados e
assim contribuir da
melhor forma para
a proteção, respeito
e garantia dos
direitos
das
crianças
e
adolescentes
(impacto)?
Produtos necessários e suficientes para o Efeito 1
Efeito 1: Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas
da adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação,
reforçando ações de avaliação e gestão.
Produto 1.1 Elaboração de um projeto de reestruturação dos Virajovens
Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São
Produto 1.2 Paulo, Ceará e Pará) para criação de novos Virajovens
Produtos necessários e suficientes para o Efeito 2
126
Efeito 2: Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Virajovens por meio da
formação em educomunciação e temas relacionados diretamente ao direito humano à
comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a participação da adolescência e
juventude em atividades e ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e
juventude.
Ações de formação em educomunicação implementadas localmente,
regionalmente e nacionalmente, por meio de ferramentas educomunicativas
Produto 2.1
presenciais e de educação à distância, com conteúdos definidos e planejados
pelos integrantes dos Conselhos.
Promoção de um canal de chat na internet com especialistas e adolescentes
Produto 2.2
Produtos necessários e suficientes para o Efeito
Efeito 3: Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes,
jovens e organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a
diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de
comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na
temática de ensino médio.
Virajovens e adolescentes comunicadores integrando redes de ação política e
fortalecendo o debate sobre comunicação nesses espaços e o diálogo entre redes e
Produto 3.1 articulações que atuam com comunicação e a adolescência e juventude, com
parcerias locais e regionais fortalecidas e novos modelos de sustentabilidade
institucional.
11. Estratégias do Projeto
O projeto estabeleceu uma linha de ação focada no fortalecimento de ações já desenvolvidas ao longo dos anos
pela Revista Viração em todo o país. Dessa forma, o projeto estabeleceu três eixos estratégicos prioritários, que em
alguns momentos do projeto irão delimitar inclusive cronologicamente as ações. É importante ressaltar que os
eixos aqui apresentados são frutos de debates, primeiramente, com parceiros que vêm acompanhando a trajetória
da Viração, como o próprio Unicef. Também há contribuições da equipe da Viração em São Paulo e de Virajovens
que ao longo dos anos vêm acompanhando o envolvimento da juventude e adolescência em ações de
educomunicação. Algumas perguntas funcionaram como geradoras das propostas e estratégias de ação como: como
ir além dos mobilizadores de Virajovens e envolver os adolescentes e jovens da comunidade?, como pensaremos a
renovação da rede virajovens?, como construírmos a acolhida dos novos adolescentes que chegam e querem
formar Virajovens?, como garantir a formação em educomunicação?, como aprimorar o papel das organizações
parceiras nos Estados?, como garantir a diversidade nos e dos conselhos?, onde está a demanda de formação de
movimento? o que envolve a gestão de uma rede? Como garantir organicidade também dentro da equipe?, como
garantir coletivos temáticos para lidar com os diversos temas da adolescência e juventude?
O primeiro eixo estratégico construído diz respeito à avaliação e gestão dos Virajovens. A proposta consiste em
desenvolver uma pesquisa junto a esses Conselhos (adolescentes, jovens, organizações e parceiros) para levantar
suas vulnerabilidades e fortalezas relacionados à ação política da adolescência e juventude na, com e pela
comunicação. Essa pesquisa tem a proposta de retratar a realidade dos Conselhos, suas ações, suas estruturas e
planejar ações conjuntas e articuladas para serem implementadas durante 2010. A idéia é que a pesquisa tenha
como produto uma publicação sobre a história, mas que também direcione ações de fortalecimento da ação política
da juventude em comunicação por meio do movimento Viração. O lançamento dessa pesquisa caracterizaria o
Encontro Nacional dos Virajovens, nos quais seriam apresentados resultados e já planejadas ações seguintes. Para
esse encontro, os Virajovens já devem ter desenvolvido propostas de ação local de fortalecimento da ação da
juventude (em comunicação, nas comunidades, e na temática do Ensino Médio). A meta é que o projeto apóie
127
planos de ação local. Nesse primeiro evento serão apresentadas essas propostas e planejadas as ações. Esse plano
de ação deverá incluir metas conjuntas relacionadas à gestão dos Conselhos, no sentido de garantir “organicidade à
ação”.
O segundo eixo estratégico está relacionado à formação, e pretende especificamente qualificar a participação do
adolescentes e do jovens, tanto no que diz respeito à sua ação política no debate sobre direitos, como também
favorecer a própria ação em comunicação e educomunicação. As perguntas geradoras descrevem dúvidas dos
integrantes da equipe com a relação a: como qualificar a cobertura, como aprofundar o debate dos temas junto aos
jovens, como garantir a participação efetiva da adolescência e juventude em espaços de construção de políticas
públicas?. E mais, uma das principais necessidades diz respeito à: como garantir a participação e constante
formação de outros adolescenste e jovens e novas lideranças com formação política. Assim, a meta desse eixo
estratégico é garantir ação de formação aos mobilizadores dos Virajovens, mas também, incentivar propostas de
formação em comunicação junto a outros adolescentes, efetivando e garantindo a participação da adolescência e
juventude pelo, com e para o direito humano à comunicação. A perspectiva é o marco da comunicação para o
desenvolvimento.
O terceiro e último eixo estratégico é integralmente direcionado à articulação. Nele, os principais pontos
levantados no debate estavam relacionados à: como garantir a articulação com outras organizações? como
fortalecer os diálogos entre os diferentes temas da adolescência e juventude por meio da comunicação?, como
garantir uma agenda comum de adolescentes e jovens comunicadoras e comunicadores brasileiras relacionada
comunicação?, como ampliar parcerias estratégicas localmente com impactos nacionais (e internacionais)? Assim,
esse eixo tem a meta de garantir o diálogo constante e estratégico da Viração e dos Conselhos localmente junto ao
poder público, outras redes e alianças, em possíveis parcerias estratégicas. Isso também está relacionado a toda a
sustentabilidade política do Movimento Viração de ação política pelo direito humano da adolescência e juventude
à Comunicação.
Para alcançar os resultados traçados neste projeto, Viração e seus parceiros utilizarão as seguintes estratégias:
Reorganização da Viração como instituição no âmbito do Movimento dos Virajovens, de modo a ter
uma só estrutura organizacional que atue como movimento social prevendo diversas instâncias de
participação para tomadas de decisão.
Criação de oportunidades para que com os atuais mobilizadores dos Virajovens e coordenadores das
organizações parceiras possam contribuir ativamente para a reestruturação dos Virajovens.
Elaboração de um planejamento estratégico e plano de ação para os próximos 5 anos.
Criação de canais privilegiados de comunicação com os mobilizadores dos Virajovens e o uso de novas
tecnologias e de meios tradicionais de comunicação em vista da sua participação ativa: lista de
discussão fechada na Internet, ambiente colaborativo, intercâmbio de mensagens eletrônicas,
telefonemas. Essas ferramentas vão agilizar o processo de consulta e decisão para a reestruturação.
Desenvolvimento de formação básica de educomunicação para Virajovens para garantir o
aprofundamento do conceito da educomunicação, o entendimento do Movimento e a realização de
laboratórios de linguagens midiáticas.
Monitoramento e avaliação permanente do funcionamento dos Virajovens, a partir de metas indutoras e
indicadores de impacto, gestão e participação social previamente definidos.
Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará) para
128
criação de novos núcleos Virajovens. Esses núcleos serão formados em escolas do Ensino Médio (2 de
São Paulo, 2 de um município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém). Esses grupos seriam
selecionados a partir da apresentação, por parte do grupo, da proposta de um projeto comunitário que
trabalhasse com tecnologias digitais, envolvesse a escola, desenvolvesse processos formativos e visasse
à construção de cidadania em seu município. Uma das ações básicas da proposta apresentada pelo
núcleo de estudantes deve ser a realização de campanhas de mobilização comunitária, como, por
exemplo, o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. Os grupos selecionados passariam
por uma formação semipresencial em educomunicação, jornalismo social e tecnologias digitais. O
conteúdo produzido será publicado na Revista Viração e na Agência Jovem de Notícias.
12. Metodologia – Marco Conceitual
Princípios Metodológicos
O projeto trabalhará com seguintes princípios metodológicos:
Cidade educomunicadora: Articulação com agentes/ oficineiros das mais variadas redes e instituições, incluindo
universidades, que lidam em algum grau com os temas relacionados aos direitos de adolescentes e jovens, para que
contribuam no processo de formação permanente dos Virajovens, com saberes e materiais pedagógicos
específicos;
Educomunicação entre pares: Os adolescentes são ao mesmo tempo aprendizes e educadores. Eles serão
responsáveis por multiplicar o que aprenderem na formação para outros jovens de sua escola e comunidade;
Multimídia: Serão usadas as mais diferentes formas de comunicação. O importante é gerar diálogo. Por isso vale
desde a mídia primária (o corpo) e suas extensões: voz, gesto etc até equipamentos da era digital como máquinas
fotográficas e filmadoras digitais. Cabe destacar que também será estimulado expressões artísticas como poesia,
música, cordel e outros.
Intervenção urbana: Serão estimuladas algumas metodologias de ação no espaço público utilizando linguagem
artística a fim de trabalhar a subjetividade de forma mais direta.
Enredamento: Os adolescentes atuarão não apenas em sua cidade, mas com todas as envolvidas pelo Movimento
Virajovens, via redes de produção de conteúdo e mobilização social.
Produção de conteúdo: Durante toda formação, os Virajovens produzirão conteúdo para Revista Viração, Agência
Jovem de Notícias, portais de informação das mais diversas naturezas, peças locais de comunicação.
Educação Democrática: Durante a formação, serão usadas estratégias da educação democrática, como realização
de assembléias para definição de termos de convivência, resolução de conflitos, avaliação participativa etc. Além
disso, conforme o avanço do programa de formação dos Virajovens, os adolescentes serão estimulados a ter uma
participação cada vez mais ativa na elaboração e definição dos conteúdos e das atividades a serem trabalhadas.
Multidisciplinaridade: A metodologia de formação do Virajovem como grupo de adolescentes comunicadores
busca sempre interrelacionar conceitos, disciplinas, e atores, na sua convicção de que a construção de um
conhecimento emancipador deve reconhecer e fortalecer-se na diversidade e integração.
Cultura organizacional holística, baseada no conceito de comunicação integral desenvolvida pela Viração e que
129
prevê a organização como organismo vivo em constante movimento, calcada em valores, costumes e conhecimento
ligados a uma visão não fragmentada.
13. O papel e o valor agregado do UNICEF
e atividades
– Organicidade ao Movimento Viração, como forma de Produto 1.1
aprimorar as ações articuladas da adolescência e juventudes
brasileiras referente ao direito humano à comunicação,
reforçando ações de avaliação e gestão.
Atividades para o produto 1.1
Duração
Início
1º mês
Articulação junto aos adolescentes e jovens mobilizadores
Término
dos Virajovens
12º mês
Início
Construção de um processo de pesquisa/avaliação e
1º mês
sistematização, indicadores, ferramentas, estratégias, formato
Término
para o movimento
5º mês
Início
3º mês
Encontro Nacional dos Mobilizadores de Virajovens
Término
3º mês
– Virajovens fortalecidos em uma nova estrutura Produto 1.2
organizacional e em processos de participação sustentáveis e
continuados nas instâncias de decisão.
Atividades para o produto 1.2
Duração
Início
Formação presencial e à distância em linguagens 3º mês
multimídias e cidadania participativa para novos
núcleos Virajovens formado por até 5 estudantes em
2 escolas do Ensino Médio de São Paulo, 2 de um
município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém
Cobertura eventos sociais e culturais de escolas e 3º mês
comunidade
Encontro de avaliação da experiência e 11º mês
sistematização
Elaboração de um projeto de reestruturação d
Responsável – Quem participa
Responsável: Equipe do Projeto
Quem Participa: Adolescentes,
organizações parceiras
joven
Responsável: Equipe do Projeto
Quem Participa: Adolescentes,
organizações parceiras e Unicef
joven
Responsável: Equipe do Projeto
Quem Participa: Adolescentes,
organizações parceiras e Unicef
joven
Desenvolvimento de experiência-piloto de
Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará)
novos Virajovens
Responsável
Término
12º mês
12º mês
12º mês
– Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Produto 2.1
Virajovens por meio da formação em educomunciação e
temas relacionados diretamente ao direito humano à
comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a
participação da adolescência e juventude em atividades e
ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e
juventude.
Quem particip
Equipe do Projeto e Núcleo Estudantes d
de Comunicação e Educação Ensino Médio
da USP
Estudantes de escolas do Estudantes d
Ensino Médio
Ensino Médio
Equipe do Projeto e Unicef Estudantes d
Ensino Médio
Ações de formação em educomunicação
localmente, regionalmente e nacionalment
ferramentas educomunicativas presenciais
distância, com conteúdos definidos e p
integrantes dos Conselhos.
130
Atividades para o produto 2.1
Duração
Início
Formação presencial e à distância em linguagens
3º mês
multimídias e cidadania ativa
Criação e manutenção do site da Agência Jovem de
1º mês
Notícias para hospedar conteúdo dos Virajovens
Cobertura eventos sociais e culturais ligados aos
3º mês
adolescentes e jovens
Elaborar uma proposta educomunicativa do uso
pedagógico da Revista Viração (em escolas, 6º mês
organizações, grupos de jovens)
Responsável
Término
12º mês
6º mês
Equipe do Projeto e Núcleo
de Comunicação e Educação
Virajovens
da USP
Equipe do Projeto
12º mês
Virajovens
9º mês
Equipe
do
Virajovens
– Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Produto 2.2
Virajovens por meio da formação em educomunciação e
temas relacionados diretamente ao direito humano à
comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a
participação da adolescência e juventude em atividades e
ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e
juventude.
Atividades para o produto 2.2
Duração
Início
Término
Animação do canal de chat e mobilização para a
participação
3º mês
12º mês
Produção uma edição especial da Revista Viração
8º mês
sobre o Ensino Médio.
Quem particip
10º mês
– Desenvolvimento de novos formatos de participação e Produto 3.1
integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos
diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a
diversidade, ação política, articulação e diálogo dos
conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e
outros movimentos das adolescências e juventudes, com
reforço específico na temática de ensino médio.
Atividades para o produto 3.1
Duração
Início
Término
Participação em encontros regionais e nacional da
Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e
1º mês
12º mês
Comunicadores e iniciativas de articulação com
outras redes locais
Desenvolvimento de espaços de compartilhamento
das ações dos conselhos em articulações políticas 1º mês
12º mês
relacionadas ao direito humano da comunicação.
Virajovens
Virajovens
Projeto
e
Virajovens
Temática do ensino médio fortalecido e de
juntos aos conselhos Virajovens e seus
ações específicas planejadas e implementada
públicas e gratuitas nos estados em qu
Virajovens.
Responsável
Quem particip
Equipe do Projeto
Equipe Projeto e Virajovens
Virajovens
Virajovens e
Ensino Médio
Virajovens e adolescentes comunicadores
de ação política e fortalecendo o debate so
nesses espaços e o diálogo entre redes e
atuam com comunicação e a adolescência e
parcerias locais e regionais fortalecidas e n
sustentabilidade institucional.
Responsável
Quem particip
Virajovens
parceiras
e
Virajovens
parceiras
e
organizações
Virajovens
organizações
Virajovens
131
Acompanhamento das ações dos Conselhos
Estaduais de Comunicação, de outros conselhos e
fóruns relacionados a ação política da adolescência e
juventude, para aproximar essas instâncias da 1º mês
temática da comunicação e contribuir, por meio da
comunicação, com a ação política de outros
movimentos.
Articulação de ações e parcerias locais com outras
organizações interessadas em integrar os conselhos
Virajovens e fortalecimento da ação política pelo 1º mês
direito humano da comunicação pela juventude em
outras organizações.
Fortalecer o diálogo com outras redes que atuam
pela democratização da comunicação e direitos da
infância e adolescência, realizando o primeiro
Encontro Nacional de Redes, Adolscência, 1º mês
Juventudes e Comunicação (em conjunto com outras
redes como - Rede ANDI, REDE CEP, Pontos de
Cultura, Sou de Atitude, Rede MAB)
Virajovens
parceiras
e
organizações
12º mês
Virajovens
parceiras
e
organizações
12º mês
12º mês
Virajovens e organizações
Virajovens
parceiras e Unicef
Virajovens
Virajovens
15. Sistema de Medição de Desempenho - Marco Lógico
Hierarquia
de
Resultados
Linha
de
Meios
de
Indicadores
Meta
(transcrever
das
Base
Verificação
seções 8 e 9)
IMPACTO Fortelecer a ação
política
da
Produção de
adolescência
e
conteúdo
juventude frente à Número
de
para
conquista ao direito adolescentes e
Virajovens veículos de
humano
à jovens
atuando em comunicaçã
comunicação,
produtores de
24 Estados o (Viração,
intensificando
e mídia
e
Relatório
do
sem
infra- Agência
qualificando
o promotores de
projeto,
estrutura
Jovem de
debate,
ações
de
número
de
organizativa Notícias,
desenvolvendo
mobilização
produtos
e
e formação blogs...) e
estruturas
e social
de
iniciativas
sistemática e ações
aprimorando
forma
realizados
continuada sociais em
propostas
de sistemática e
escolas
e
participação real da organizada
comunidade
juventude diante de
s
temas relevantes na
busca da cidadania.
132
Efeito
– Organicidade
ao
Mudança 1 Movimento
Número
de
Viração,
como
adolescentes e
24
forma de aprimorar
Virajovens
jovens
Virajovens
as ações articuladas
atuando em
envolvidos no
organizados
da adolescência e
24 Estados
Relatório
do
processo
de
em
um
juventudes
sem
infraprojeto
reestruturação
movimento
brasileiras referente
estrutura
de
forma
social
ao direito humano à
organizativa
efetiva
e
comunicação,
qualificada
reforçando ações de
avaliação e gestão.
Produto 1
Plano de ações
definido para 5
240
anos
adolescente
Virajovens
Nova estrutura
s de 24
atuando em
Elaboração de um organizativa
Estados
24 Estados
Registro blog
projeto
de funcionando
participando
em conexão
do projeto
reestruturação dos com
de
várias
com a sede
Virajovens
participação
instâncias
da Viração
qualificada dos
do
virajovens
movimento
adolescentes
Produto 2
Desenvolvimento de
experiência-piloto
de atuação em 3 Número
de
Estados do país (São adolescentes
Não existe
Paulo, Ceará e Pará) envolvidos
para criação de diretamente
novos Virajovens
30
Relatório
estudantes projeto,
de 6 escolas número
públicas do produtos
Ensino
iniciativas
Média
realizados
do
de
e
Efeito
– Aprimoramento da
Mudança 2 capacidade técnica e
estrutural
dos
Virajovens por meio
240
da formação em
Número
de
adolescente
educomunciação e
adolescentes e
s de 24
temas relacionados
jovens
240
Estados
diretamente
ao
Relatório
do
envolvidos nas adolescentes participante
direito humano à
projeto,
atividades de de
24 s ativamente
comunicação, como
documento
formação
e Estados
da formação
forma
de
fotográfico
educomunicati
e
sensibilizar
e
va
e
de
promovend
mobilizar
a
mobilização
o
ações
participação
da
sociais
adolescência
e
juventude
em
atividades e ações
de comunicação por,
133
pelo, para e com a
adolescência
e
juventude.
Produto 1 Ações de formação
em educomunicação
implementadas
Conteúdo
localmente,
1
chat
publicado na
Número
de
regionalmente
e
mensal para Reportagens Revista
matérias,
nacionalmente, por
discussão de semanais Viração e no
vídeos,
meio de ferramentas
pautas
produzidas site da Agência
documentos
educomunicativas
1 reportagem por
Jovem
de
fotográficos,
presenciais e de
por
Virajovens Notícias
e
áudios
educação
à
Virajovem em
24 outros veículos
produzidos
distância,
com
por mês
Estados
de
conteúdos definidos
comunicação
e planejados pelos
integrantes
dos
Conselhos.
Produto 2 Temática do ensino
médio fortalecido e
debate qualificado
240
juntos
aos
adolescente
Virajovens e seus Número
de
s e jovens Relatório
do
24
integrantes,
com adolescentes,
participante projeto
e
mobilizadore
ações
específicas jovens
e
s
da produção
de
s
de
planejadas
e educadores
produção de edição especial
Virajovens
implementadas
participantes
coneúdo
da
Revista
participantes
junto a escolas
sobre
Viração
públicas e gratuitas
Ensino
nos estados em que
Médio
há
conselhos
Virajovens.
Efeito
– Desenvolvimento de
Mudança 3 novos formatos de
participação
e
integração
de
adolescentes, jovens
Número
de
e
organizações
organizações
sociais
nos
parceiras
e 24
240
diferentes Estados
articulações mobilizadore adolescente
brasileiros,
Relatório
do
políticas
es
de s e jovens
fortalecendo
e
projeto
projetos
Virajovens participante
garantindo
a
colaborativos participantes s
diversidade,
ação
realizados
política, articulação
e
diálogo
dos
conselhos
Virajovens
com
outras redes de
comunicação
e
134
outros movimentos
das adolescências e
juventudes,
com
reforço específico
na
temática
de
ensino médio.
Produto 1 Virajovens
e
adolescentes
comunicadores
integrando redes de
ação
política
e
fortalecendo
o
debate
sobre
comunicação nesses
espaços e o diálogo Número
de 24
240
Relatório dos
entre
redes
e encontro
mobilizadore adolescente
encontros,
articulações
que locais,
s
de s e jovens
registro
atuam
com regionais
e Virajovens participante
fotográfico
comunicação e a nacional
participantes s
adolescência
e
juventude,
com
parcerias locais e
regionais
fortalecidas e novos
modelos
de
sustentabilidade
institucional.
16. Plano de Monitoramento e Avaliação
Período (trimestral, semestral)
Mês/trimestre Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc
ATIVIDADES
/etc
Articulação junto aos
adolescentes e jovens 1º ao 12º mês
mobilizadores
dos
Virajovens
Construção de um 1º ao 5º mês
processo
de
pesquisa/avaliação e
sistematização,
indicadores,
ferramentas,
estratégias, formato
para o movimento
Encontro Nacional 3º mês
dos Mobilizadores de
Virajovens
Formação presencial 3º ao 12º mês
e à distância em
linguagens
135
multimídias
e
cidadania
participativa
Cobertura
eventos 3º ao 12º mês
sociais e culturais de
escolas
e
comunidade
Encontro
de 11º a 12º mês
avaliação
da
experiência
e
sistematização
Formação presencial 3º ao 12º mês
e à distância em
linguagens
multimídias
e
cidadania ativa
Criação do site da 1º ao 6º mês
Agência Jovem de
Notícias
para
hospedar conteúdo
dos Virajovens
Cobertura
eventos 3º ao 12º mês
sociais e culturais
ligados
aos
adolescentes e jovens
Elaborar
uma 7º mês ao 9º
proposta
mês
educomunicativa do
uso pedagógico da
Revista Viração (em
escolas,
organizações, grupos
de jovens)
Animação do canal e 3º ao 12º mês
mobilização para a
participação
Buscar ser um canal
de aprofundamento
Produção uma edição 8º ao 10º mês
especial da Revista
Viração sobre o
Ensino Médio
Participação
em 1º ao 12º mês
encontros regionais e
nacional da Rede de
Adolescentes
e
Jovens
Comunicadoras
e
Comunicadores
e
136
iniciativas
de
articulação
com
outras redes locais
Desenvolvimento de 1º ao 12º mês
espaços
de
compartilhamento
das
ações
dos
conselhos
em
articulações políticas
relacionadas
ao
direito humano da
comunicação.
Acompanhamento 1º ao 12º mês
das
ações
dos
Conselhos Estaduais
de Comunicação, de
de outros conselhos e
fóruns relacionados a
ação política da
adolescência
e
juventude,
para
aproximar
essas
instâncias
da
temática
da
comunicação
e
contribuir, por meio
da
comunicação,
com a ação política
de
outros
movimentos.
Articulação de ações 1º ao 12º mês
e parcerias locais
com
outras
organizações
interessadas
em
integrar os conselhos
Virajovens
e
fortalecimento
da
ação política pelo
direito humano da
comunicação
pela
juventude em outras
organizações.
Fortalecer o diálogo 1º ao 12º mês
com outras redes que
atuam
pela
democratização da
comunicação
e
direitos da infância e
adolescência,
137
realizando o primeiro
Encontro Nacional
de
Redes,
Adolscência,
Juventudes
e
Comunicação (em
conjunto com outras
redes como - Rede
ANDI, REDE CEP,
Pontos de Cultura,
Sou de Atitude, Rede
MAB)
17. Orçamento por Fonte de Recursos e Cronograma de Desembolso
Em anexo
18. Avaliação do Oficial Responsável
19. Assinatura do Oficial Responsável/Coordenador e Parceiro
UNICEF
Parceiro
Oficial Responsável: Mario Volpi
Coordenador (EZ, Programa): GT Adolescent
138
O que vc chama de projeto social impresso. Desenvolver o conceito.
Projeto social impresso. Na verdade essa expressão veio só depois. Primeiro veio a prática. É
como dizia Paulo Freire: “Primeiro a gente faz, depois dá um nome”. E foi assim com a
Viração. Fomos formalizando e idealizando os processos aos poucos. No começo, um muito
de idealização, sobretudo em relação à participação dos adolescentes e jovens. Pensávamos
que seriam algo batido, que bastava chamar e o pessoal vinha. E não foi bem assim. Tivemos
que ir acertando o passo aos poucos no sentido de ir criando, inovando espaços e mecanismos
de participação para que de fato esta fosse efetiva e não idealizada.
Projeto porque se tratava de uma iniciativa com objetivos, metodologias e metas bem
definidas. A dimensão de projeto também prevê experimentação, desobediência mental, como
bem diz o professor Evandro Ouriques, para fugir aos esquemas tradicionais de se fazer
revista apenas por profissionais de comunicação e adultos.
Social porque nossa meta é fazer com que a participação leve a uma transformação social da
realidade de seus sujeitos. Transformação em diversos níveis: local, regionalm nacional e
internacional. Não é por acaso que a última seção da Revista Viração, desde o começo, foi
nessa linha. No começo se chamava “Viração Social”, depois passou a ser “Parada Social”.
Nossa proposta é de discutir e levar a cidadania pela revista.
Impresso: Porque iniciamos como um projeto de incentivo à leitura. Claro, no começo nossa
proposta é iniciar com a leitura de produtos impressos, mas pouco a pouco fomos alargando o
leque e entrando no mundo do audiovisual e também artístico com intervenções urbanas,
como a que realizamos no 1 de Maio de 2005.
No Brasil dos dias atuais, onde se lê menos de dois livros por ano por habitante, cada vez
mais a leitura é essa espécie de senha para que os que têm acesso a ela consigam galgar outras
posições na vida, transformar suas vidas, garantindo a efetivação de seus direitos
fundamentais.
Fale um pouco a respeito desta transição que abrange de projeto a movimento (como se
originou esse processo, de onde partiu a ideia/necessidade/demanda, como foi construído
o projeto, que fatores demandaram essa transição).
Estamos no bojo dessa transição, sem certezas ou definições. Aliás, é assim que eu gosto: de
coisas in-definidas, em movimento, em discussão. Esse momento de transição está nos
ajudando a consolidar conceitos a partir das práticas desses 7 anos. Me lembro de uma
reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em Brasília, em junho de 2009. Discutíamos
pela enésima vez o fato que o Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista.
Pela enésima vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista mas um projeto e agora
uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a ele que estávamos com
núcleos em 24 Estados e que estávamos funcionando como uma rede, um grande movimento
de voluntários jovens que trabalham nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí
o Mario Volpi me jogou na cara: pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar. Eles analisou
e me disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que vimos fazendo até hoje para
quem sabe lançar as bases de um movimento social de adolescentes comunicadores.
Compartilhei tudo isso com a equipe e todo mundo ficou ainda mais entusiasta e com um
grande desafio à frente: passar da revista ao movimento, passar do projeto à organização e um
novo tipo de organização. Acredito que temos agora que sistematizar tudo a partir de outras
palavras geradoras concentradas na palavra AMA (Atuação – Monitoramento – Avaliação).
139
Essas três palavras mágicas daqui para frente nos ajudaram a clarear as ideias quanto à atual
fase de Processo – Organização – Movimento.
Como vc avalia o seu afastamento (físico e administrativo) dentro desse processo sendo a
sua figura não raras vezes e facilmente confundida com a Viração.
Avalio como muito positivo. Costumo brincar que quando a gente começa a criar barriga é
porque é hora de mudar e se mudar. Eu me me identifico muito com a imagem de semeador.
Foi feita a semeadura ao longo de 7 anos e agora a colheita vem sendo realizada por outros
também semeadores. Mas continuo na eterna atividade de semeadura. Claro, se trata de um
processo com base no slogan: A gente sumindo e o povo assumindo. E por ser processo,
estamos ensaiando formas novas de governança e liderança, que vão desde a relação entre as
equipes de trabalho até às relações entre a diretoria executiva e a diretoria institucional e todos
os demais associados. Mesmo quando eu estava à frente da Viração, sempre procurei criar
novas lideranças, potencializar os colaboradores fixos e voluntários para que assumissem suas
responsabilidades e também as da organização. O resultado é o que vemos agora: equipe
comprometida cem por cento com a missão, os objetivos e a visão da Viração. Isso cria um
campo fértil para que eu possa cuidar mais da parte de sistematização de toda essa história de
acúmulos e também ir criando possibilidades para expandir o conceito Viração na Europa e
outras partes do mundo. Inclusive, estou dedicando parte do tempo ao estudo do inglês para
facilitar os intercâmbios internacionais, parte do tempo também para construção de parcerias
com organizações européias afins.
Como se configura hj a sustentabilidade econômica da Viração e como isso está
contemplado no projeto do Movimento?
A sustentabilidade econômica da Viração está baseada em um tripé (ou muitos outros pés)
básico: captação via projetos, captação via assinaturas e captação via anúncios. Nosso desafio
atual é como criar ou experimentar essa fórmula no âmbito do Movimento com todos os
virajovens, de forma que eles se tornem ativos também em relação à sustentabilidade do
movimento. Temos experiências-piloto nesse sentido que deram certo. É o caso do Virajovem
de João Pessoa que conseguiu captar um pacote de 300 assinaturas anuais junto à Secretaria
de Educação do Município, sendo que um percentual foi destinado ao fortalecimento do
Virajovem e utilizado para compra de equipamentos e custeio de despesas várias.
A dimensão desse processo de transição pelo qual passa a Viração está no nível de
consciência de todos os envolvidos com a Vira, inclusive os Virajovens?
Diria que aqui também se trata de um processo que tem que ser gradual. A tomada de
consciência está se dando de forma gradual, seja pela equipe de colaboradores fixos e
voluntários que pelos Virajovens. Primeiro, o projeto aprovado junto ao Unicef foi
compartilhado por todos os mobilizadores jovens de cada Virajovem; depois eles estão
seguindo o assunto e discutindo no Ning. Mas reafirmo que se estamos apenas iniciando o
processo de compartilhamento de assuntos delicados e complexos. Nem todos possuem o
mesmo grau de compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade
econômica, e temos que levar isso em conta.
Além disso, parte da equipe está envolvida com a sistematização de nossas metodologias e
isso gera muita energia que entusiasma os demais. A cada descoberta há um sorriso, um
aplauso, um “estamos no caminho certo!”.
140
Como vc avalia a Comunicação q permeia tds as relações da Viração até aqui? Esse
modelo de comunicação cabe nesse novo momento da Viração ou esse processo pede
tbém uma nova comunicação?
A Viração sempre foi vista como um processo e um grande laboratório vivencial. Quem entra
aporta sempre algo novo na forma de olha, trabalhar e se entusiasmar. Quem já estava tem
muito a compartilhar o que aprendeu e a transmitir o vivenciado e experimentado. Nem
sempre há harmonia entre quem estava e quem entra, entre o velho e o novo. Mas vivemos
tudo de forma dialética e é aqui que nos damos conta da importância de sistemas de
informação e comunicação para facilitar todo o processo. Processo dialógico e dialético. Essas
são outras duas palavras mágicas que sempre acompanharam a Viração. Ternura e
corresponsabilidade por todas e todos e que vão desde ao cuidado com a pia (o que eu chamo
da Pedagogia da Pia) até com o cuidado com os adolescentes e jovens que participam de
nossas iniciativas. A partir do momento que já não somos apenas um projeto, mas uma
organização que desenvolve diversos projetos e com um maior número de colaboradores e
beneficiários, não podemos perder de vista a relação e o grau de informação e comunicação
compartilhadas. Teremos que continuar investindo para que o coeficiente comunicativo de
todas e todos os que atuam na Viração possa ser elevado. Estou tranquilo em relação a isso
porque estamos atentos e cuidando muito bem disso. E podemos aumentar o coeficientie
comunicativo da equipe, por xemplo, com momentos informais e descontraídos, que vão
desde um happy-hour (ou melhor nossa “Sexta à Toa) até um cineminha ou uma balada
juntos.
Que importância/papel tem a Comunicação no âmbito da reestruturação/consolidação
dos Conselhos Virajovens e da articulação da Viração junto às redes de juventude?
É de fundamental importância porque a comunicação é o que move tudo. É movimento e
perpassa todas as relações, desde as interpessoais às institucionais. Se crescemos, temos que
desenvolver novas ferramentas e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja
integral. O desafio agora é como criar um sistema de educomunicação que possa responder às
novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e
participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um ecossistema
comunicativo.
141
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
A gestão das práticas educomunicativas acontecem por meio da gestão das atividades, ações,
processos, áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são
os respectivos coordenadores de projetos junto com suas respectivas equipes. Na maioria dos
casos, cada projeto possui um blog de sistematização e monitoramento de suas atividades.
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?
Temos uma coordenação colegiada formada atualmente por: Lilian Romão, Gisella Hiche e
Paulo Lima. As suas funções são as seguintes:
1. Coordenação Colegiada realizará reuniões, presenciais ou virtuais, ordinárias e
extraordinárias, quando a diretoria executiva julgar necessário, ou quando, algum
membro da Coordenação o solicitar.
2. Cabe à Coordenação Colegiada:
3. Animar a equipe de colaboradores, dando apoio moral, emocional e profissional
quando solicitado o considerar necessário;
4. Mediar e buscar soluções para conflitos internos da equipe;
5. Promover a apropriação da missão, carta de valores e princípios e regimento
interno por parte da equipe de colaboradores ;
6. Elaborar projetos de sustentabilidade financeira e institucional;
7. Avaliar e acompanhar projetos e ações previstos no planejamento estratégico
anual;
8. Preparar editais de contratação de novos colaboradores, realizar entrevistas e
contratações;
9. Representar a Viração Educomunicação em quaisquer atos, solenidades e
reuniões com parceiros.
Prioridades: São definidas no planejamento estratégico e participativo realizado por toda a
equipe no começo de cada ano e revisado no final do segundo semestre. Para 2011, são essas
as prioridades:
Prioridade 1: Realaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica:
O ponto de partida e uma das principais ações desta reelaboração é o Plano de Assinaturas.
O maior desafio da Viração Educomunicação é garantir sua sustentabilidade financeira e o
funcionamento dos Virajovens a partir de dois negócios principais: a Revista Viração, que
está em processo de consolidação; e a Agência Jovem de Notícias, que está em processo de
reformulação e para a qual também devemos pensar um Plano de Negócios em um segundo
momento, junto com parceiros.
142
Quanto ao primeiro produto, a Revista, o objetivo que tínhamos definido no planejamento
estratégico para os próximos cinco anos, a partir de 2009, era atingir 10.000 assinaturas
pagantes em 2013. No entanto, este volume já está sendo alcançado em novembro de 2010,
por meio da compra de um lote de 7 mil assinaturas para todos os atuais Pontos de Cultura do
país por parte do Ministério da Cultura. Somando aos cerca de 3 mil atuais chegamos a 10
mil.
Para fidelizar esses assinantes e conquistar outros novos 2 mil em 2011, segmentamos os
possíveis públicos-alvos da Revista Viração e estabelecemos as seguintes estratégias para
cada um deles. Veja anexo.
Prioridade 2: Reformulação do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes,
reuniões quadrimestrais e plano de ação:
São esses os documentos e resultados de uma primeira das quatro reuniões ao ano realizada
pelo Conselho Pedagógico, que tem uma lista de discussão fechada na internet:
DOCUMENTO 1: Proposta de Pauta
Reunião do Conselho Pedagógico da Revista Viração
Data: 15 de março 2011, às 19hs.
Loca: Sede da Viração Educomunicação
1) Breve apresentação dos participantes
2) Breve apresentação da Viração em números e metodologias
Qual a tiragem atual?
Qual o perfil dos assinantes?
Quantos conselhos participam da produção e difusão da Revista?
Como se dá o processo de produção da Revista, da construção e realização de pautas à
gráfica?
3) Reflexão e definição sobre uma proposta pedagógica da Revista Viração
Existe um processo pedagógico para a produção da Revista, mas não uma proposta
pedagógica de mediação de leitura a ser utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes,
professores, educadores sociais), dentro e fora da escola.
Algumas estratégias básica sugeridas pelo Alexsandro Santos e Virajovens:
a) a promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta
editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e
estrutura;
b) a promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam
dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como coprodutores;
143
c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias
específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os
jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.
d) criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que possam
acessar metodologias educomunicativas, acessar documentos e trocar experiências sobre o uso
da revista, com fórum de discussão.
4)Reestruturação do Conselho Pedagógico
Quem participa, como participa e quando participa?
5) Encaminhamentos
DOCUMENTO 2: Memória da 1ª reunião do Conselho Pedagógico da Vira de 2011
Presentes:
Cida Jurado
Leandro Nonato
Bel Santos
Alexsandro Santos
Equipe Vira:
Paulo Lima
Ana Paula Marques
Eduardo Peterle
Douglas Lima
Gisella Giche
Rafael Stemberg
O debate principal foi como aproximar a revista Viração dos professores e educadores, sem
descaracterizá-la como uam revista feita por, com e para jovens.
Foram levantadas algumas estratégias possíveis dentro do município de São Paulo como:
16.
Escrever um edital para convidar professores, diretores e coordenadores para uma
formação de 2 horas aqui na Vira;
17.
Aproximar o corpo docente das 8 escolas de Sampa que têm ensino fundamental e
médio (Alex tem contato);
18.
Dialogar com Carlos Lima do educom.radio para ver como eles podem nos ajudar
nesta divulgação;
19.
Aproximar-se da rede de escdolas técnicas (ETECs), ligadas a Secretaria de Ciência e
Tecnologia
20.
Doação de 20 a 30 revistas por mês para professores ligados à Vira;
21.
Apresentação da Vira em congressos e outras reuniões dos sindicatos de professores
(alex tem contato);
22.
Apresentação da Vira nas reuniões mensais das Diretorias regionais de ensino
Abaixo seguem algumas sugestões relativas a uma aproximação mais direta com os
adolescentes das escolas do Ensino Médio:
Dialogar com rede de grêmios da cidade;
Dialogar com bolsistas monitores da Escola da Família
Estratégias nacionais:
144
- criar um mailing de educadores
Edu resumiu as propostas em 3 eixos:
eixo 1- criação de um canal institucional para troca de experiências e contribuições. Bel
Santos nos apresentou o site www.unidadenadiversidade.com.br que possui um canal de
diálogo com educadores;
eixo 2- espaços de apresentações institucionais da Vira. Houve a proposta de que cada
conselho Virajovem leve a revista para professores que actreditam que podem fazer um
trabalho interessante em sala de aula.
Foi decidido que teremos um e-group do conselho a ser usado com parcimônia.
Próxima reunião: 07 de junho (terça), às 19h.
DOCUMENTO 3 : Conselho Pedagógico da Viração, um pouco de memória
Paulo Lima
O Conselho Pedagógico faz parte do próprio DNA da Viração, pois desde o começo surgimos
como um projeto multi e transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber,
da pedagogia à comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição do
conselho foi propor o trabalho com grupos focais que iriam avaliar a necessidade de se criar
uma revista produzida com jovens e pelos jovens, e também para avaliar o número zero.
O conselho inicialmente reunia a coordenadora pedagógica Aparecida Jurado, a pedagoga
Isabel Santos, as sociólogas Vera Lion e Márcia Cunha. Alguns integrantes do conselho
editorial da Viração também contribuíam com o pedagógico, como o professor Ismar de
Oliveira e as jornalistas Immaculada Lopez e a Izabel Leão.
No começo houve reuniões mais ou menos periódicas, a cada 3, 4 meses. No entanto, o
conselho funcionou mesmo à base da troca de mensagens eletrônicas ou consultas por
telefone. As dificuldades de termos reuniões presenciais com periodicidade foi devido
sobretudo às agendas supercarregadas dos conselheiros.
Sempre que podíamos nas reuniões presenciais participavam alguém da Redação e também do
Virajovem.
Entre as funções que vem exercendo o conselho, estão:
sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da revista e de edições especiais;
contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria
sustentabilidade institucional;
assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais;
assessorar
equipes
dos
projetos
da
Viração
na
elaboração
de
laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação;
contribuir para criar canais inovadores de participação seja de estudantes que de
educadores na revista e na organização como um todo.
Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não deveríamos criar
esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou em encontros com jovens, mas de dar
visibilidade às experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada
uma chamada na página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando
os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola, que a Viração
publicaria. Pena que não houve retorno, ficando só em alguns casos. Mas sabemos que muitos
professores e educadores sociais utilizam a Viração como subsídio pedagógico. Temos é que
estudar uma nova propostas para divulgar essas experiências. Quem sabe seja o caso de aqui e
diante rever nossa posição de não dar tudo pronto pro educador. Ou seja, poderíamos
imaginar um esquema de trabalho em sala de aula ou em grupo de jovem a partir da
145
reportagem de capa, por exemplo; ou mesmo da HQ do Rap Dez e a Turma da Vira; ou de
uma foto publicada na revista; ou ainda de um vídeo da seção Fazedores de Vídeo.
Outra possibilidade, para não descaracterizar a revista é criar um encarte de 4 páginas para os
educadores com esses esquemas de uso da Vira como subsídio pedagógico. Essa é uma ideia
antiga que tem boa receptividade junto ao Instituto Paulo Freire (IPF). Em conversas com a
Salete Gamboa, do IPF, ficamos de aprofundar o assunto, que teve ponta-pé inicial com a
parceria que produziu a edição especial sobre analfabetismo juvenil.
DOCUMENTO 4: Produção e Circulação de Impressos entre Educadores como
Estratégia Cultural: contribuições ao debate
Alexandro Santos
“Não existe nenhum texto fora do suporte que o dá a ler,
não há compreensão de um escrito, qualquer que seja, que não dependa
das formas através das quais ele chega ao seu leitor”
(Roger Chartier, 1990, p. 123)
Inicio esse breve escrito colocando em relevo alguns trechos da Ata da Reunião de
2010 e do registro da memória do Conselho Pedagógico, enviados por Paulo para nós, por
email, como subsídio para esse nosso encontro. E faço isso, especialmente, porque muitas das
questões que identifiquei lendo esses documentos estão em sintonia fina com muitas das
reflexões que venho fazendo, do ponto de vista da história cultural e das políticas de
comunicação. A epígrafe que escolhi delineia em que termos as preocupações do Conselho
Pedagógico e dos jovens produtores da Viração são altamente relevantes para o avanço nas
discussões sobre produção e circulação cultural, dentro e fora da escola, na
contemporaneidade.
Existem modelos de Revista voltadas para o auxílio ao educador em sala de
aula. A Viração tem uma outra proposta.
É mais voltada para educadores com perfil mais progressista (...)
Como o professor terá acesso à Viração?
Questão do monopólio da distribuição.
É necessário considerar o “mediador” de forma mais nítida. Relatos de
experiências de uso capazes de facilitar a ação pedagógica do educador.
(Viração. Ata de Reunião do Conselho Pedagógico, s/d)
Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não
deveríamos criar esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou
em encontros com jovens, mas de dar visibilidade às experiências enviadas
pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada uma chamada na
página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando
os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola,
que a Viração publicaria.
(Paulo Lima. Memória do Conselho Pedagógico da Viração, 2011)
Nos idos de 1980, alguns pesquisadores da área da História e da Sociologia da
Educação no Brasil, sintonizados com algumas reflexões da História Cultural de orientação
francesa e que vinha pesquisando intensivamente a da produção e circulação cultural dentro e
fora das políticas educacionais construíram amplos projetos de pesquisa para mapear quais
146
foram/eram os impressos que circulavam na Escola ou ao redor dela e quais eram as
estratégias que tornavam essa produção e circulação possíveis.
Um dos mais significativos projetos desse tipo esteve sob a coordenação das
professoras Miriam Warde e Marta Chagas de Carvalho e envolveu professores da
Universidade de São Paulo e da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo. Na segunda
instituição, esses estudos estiveram sob o guarda-chuva dos programas de Mestrado e
Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade.
Mas, porque trago essa informação?
Porque as questões que esses programas e projetos de pesquisa pretenderam esclarecer
são muito próximas das questões que este Conselho Pedagógico se colocou em relação ao
Projeto de Produção e Circulação Cultural que Viração coloca na rua.
No que diz respeito à produção e circulação de revistas na Escola, o que essas
pesquisas demonstraram pode ser resumido (de maneira bem esquemática) em quatro pontos
essenciais:
1 – Tanto a produção quanto a circulação de revistas na Escola brasileira, desde o final
do século XIX até os dias atuais esteve ancorada em financiamento público direto ou indireto,
por parte dos órgãos mantenedores do sistema escolar.
No primeiro caso (financiamento direto), trata-se da produção própria ou da
contratação de editoras para a produção de revistas dirigidas pelos próprios órgãos. É o caso,
por exemplo, das “Revista Pedagógica” (publicada ainda no século XIX pela Diretoria de
Instrução Pública do Distrito Federal) e “Revista do Ensino” (publicada pelo Liceu Mineiro,
também no século XIX) ou, para sermos próximos no tempo, da Revista Brasileira de Estudos
Pedagógicos (INEP, desde meados dos anos 1940).
No segundo caso (financiamento indireto), trata-se de programas amplos de compra e
distribuição de revistas que também circulam fora da escola e que encontram no Estado
(especialmente, nos órgãos oficiais do ensino) o seu maior consumidor. Nesta seara, estamos
falando de publicações como a Revista Nova Escola, ou a Revista Pateo, publicadas e
comercializadas por editoras e vendidas tanto para o público direto quanto para os sistemas de
ensino.
2 – A produção e circulação de revistas na Escola tem, historicamente, como público
desejado o professor e essas publicações, de maneira geral, pretendem apresentar ao professor
informações e conteúdos de ordem teórica, didático-metodológica e instrucional, combinando
discursos de legitimação das políticas educacionais, discursos acadêmicos e discursos
prescritivos sobre „como ensinar‟, priorizando de forma mais incisiva os primeiros e os
últimos.
A estratégia de produção e circulação dessas revistas é um braço bastante sério das
políticas educacionais porque esses impressos dão materialidade e legitimidade ás decisões de
ordem política da gestão educacional e aos ensinamentos das chamadas ciências pedagógicas
que os professores devem compreender e seguir. Segundo Bastos (2004), é através da
prescrição de valores, normas e padrões de comportamento que os impressos geram práticas
concretas e submetem o leitor (no caso, o professor), sua consciência e sua conduta, ao
mesmo tempo que consegue controlar o acesso que esse leitor terá em relação ao
conhecimento que o impresso pretende (ou não) disseminar.
Seja quando são produzidos e postos em circulação pelos órgãos de ensino, seja
quando são „escolhidos‟ por esses órgãos para serem comprados e postos em circulação na
escola, os impressos que chegam ao professor por meio dessa estratégia confirmam escolhas
ideológicas, modos de agir e pensar o ensino, a escola e a ação docente e instruções explicitas
a respeito de seu fazer profissional.
Nesse sentido, muitos educadores e estudiosos posicionam-se contrariamente a essas
estratégias de construção e disseminação de hegemonias discursivas; pontuando que, desta
147
forma, há um intenso controle da subjetividade e da prática profissional do professor.
Todavia, é importante assinalar que o que Chartier chama de „ilusão logocêntrica‟; ou seja:
tanto os estudiosos e técnicos conservadores quanto os estudiosos e técnicos progressistas
terminam por associar à produção e circulação de impressos um poder excessivamente maior
do que efetivamente possuem e desconsideram que este professor não é capturado de maneira
absoluta pelas estratégias discursivas e culturais agenciadas para controlá-lo. Também o
professor, por seu turno, tem papel ativo na atribuição (ou não) de sentidos sobre o que lê e
sobre os discursos que pretendem conformá-lo.
3 – Impressos que pretendem, em seus projetos editoriais, chegar às mãos dos
estudantes, nas escolas, passam pelo crivo e precisam convencer os educadores de sua
„pertinência‟ às finalidades e às características da cultura escolar. Há uma censura explicita
operada pelos educadores em relação à disseminação de materiais de leitura para os
estudantes, dentro da escola.
As revistas voltadas às crianças ou aos adolescentes e jovens também entendem ser a
Escola sua principal estratégia de mediação com o leitor. Assim, essas revistas constroem
um forte discurso pedagógico que pretende convencer os educadores de que as crianças e
jovens devem acessá-las e de que esse acesso contribui para a construção e apropriação de
valores considerados positivos pelos educadores e também para incrementar as atividades
dirigidas de ensino. Exemplos de publicações como estas são a “Ciência Hoje para crianças” e
a “Revista Recreio”. Esta segunda, ainda que também circulando fora da escola, tem os
órgãos oficiais de ensino como seu principal consumidor.
Quanto aos adolescentes e jovens, as estratégias editoriais para acessá-lo têm se
concentrado sobretudo fora da escola. Esse desenho de distribuição está intimamente ligado
ao crivo e à censura pedagógica prévios dos educadores e dos técnicos dos órgãos de ensino
que consideram que tais publicações não estão em sintonia com as finalidades e com a cultura
escolar.
Essa censura prévia, em si, já é bastante problemática e mesmo condenável; todavia,
pode-se justificar que os recursos públicos devem se concentrar na consecução dos objetivos
do ensino e, nesse sentido, adquirir e colocar em circulação revistas que, aos olhos dos
educadores, não se enquadram nessa categoria, é defensável. Porém, há uma segunda
dimensão mais nociva no que diz respeito à negativa da escola em permitir a circulação de
impressos voltados aos adolescentes e jovens: ao „fingir‟ que tais impressos não existem
porque não estão na escola, a escola se furta a ajudar os adolescentes e jovens na construção
de estratégias e procedimentos críticos de leitura dessas mídias, abandonando-os à própria
sorte.
4 – As estratégias de produção e circulação de impressos para a juventude se
consolidou sobretudo fora da escola, no âmbito das relações ostensivas de compra e venda de
produtos e na produção/fabricação de uma subjetividade jovem como fatia de mercado.
As mídias impressas para adolescentes e jovens foram se constituindo no âmbito das
estratégias editoriais de mercado na confluência dos discursos de produção/fabricação de uma
subjetividade jovem, estabelecendo modelos, práticas e normas de conduta que definiriam
esse período da vida com uma identidade específica. Tais modelos, práticas e normas de
conduta estão, no discurso hegemônico dessas revistas, articulados aos mecanismos de
compra e venda de produtos (roupas, acessórios, CDs, maquiagem, etc) que funcionariam
como marcas de pertencimento específicas e códigos de representação social.
Embora – como afirmamos acima – a escola estabeleça censuras formais aos produtos
midiáticos para jovens, não opera da mesma maneira quanto aos padrões de subjetivação que
esses produtos midiáticos estabelecem e prescrevem. Assim, mesmo que não permita ou
estimule a circulação das revistas comerciais para jovens na escola, os educadores também
não possibilitam aos jovens oportunidades para discutir e por em xeque os padrões de
148
consumo e comportamento que esses produtos ordenam. Por outro lado, produtos midiáticos
de orientação contra-hegemônica e que poderiam permitir outras formas e caminhos para
compreender a experiência de juventude e possibilitar outros caminhos para a subjetivação e
identificação terminam por não chegar às mãos dos jovens e adolescentes. Nesse aspecto, as
pesquisas demonstram que tanto no que diz respeito a uma educação crítica para as mídias
quanto no que diz respeito a produção e circulação de produtos midiáticos contrahegemônicos, a aproximação da Escola com propostas editoriais menos conservadoras seria
de grande valia.
Algumas proposições
Desta contextualização, gostaria de apresentar algumas proposições a partir das
questões que Paulo recortou e das discussões que pude identificar nessa minha „chegada‟ à
Vira:
É muito recomendável a aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras dos
sistemas de ensino como estratégia específica para a produção e circulação da Revista. Esse é
um caminho muito eficaz, do ponto de vista das dinâmicas sociais, para publicações que
pretendem: a) auxiliar mediadores (educadores) na construção de propostas para uma
educação crítica para as mídias ou b) chegar às mãos dos adolescentes e jovens rompendo o
monopólio hegemônico das revistas comerciais.
A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe, sim,
a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da „censura‟ (seja
ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da revista pela e na Escola.
Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos discursos das políticas educacionais
oficiais nem transformá-la em „manual didático‟ ou „guia de uso‟ para aulas. É possível
construir essa aproximação defendendo um projeto editorial progressista feito por e para
jovens, com foco na construção de uma educação crítica para as mídias e encontrar espaços
específicos para que sua circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola.
Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a promoção
de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da
publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; b) a
promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam
dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como coprodutores; c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de
estratégias específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em
que os jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola.
A proposta de pesquisa que emergiu na reunião do ano passado sobre a circulação da
revista nas escolas (por um lado) e entre os jovens (mesmo que fora da escola) por outro é
essencial e, creio, encontra espaço para o debate sobre seu financiamento e parceria em
intelectuais que estão trabalhando com a temática. Indico o Grupo de Pesquisas “Um dia, Sete
Dias”, sob coordenação do Prof. Dr. José Luis Aidar Prado, no PEPG Comunicação e
Semiótica da PUCSP e o grupo de pesquisas sobre Impressos Pedagógicos: Produção e
Circulação, sob coordenação da Profa. Dra. Maria Rita de Almeida Toledo, do PEPG em
Educação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos).
DOCUMENTO 5: Seminário Educomunicação, Juventudes e Escola
Conselho Pedagógico
1) Apresentação
149
Viração Educomunicação é uma organização social de comunicação, educação e mobilização
social entre adolescentes, jovens e educadores que tem como missão fomentar e divulgar
processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e
educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação
social. Criado em março de 2003, impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no
Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, seja por meio dos vinte projetos
especiais desenvolvidos ao longo de seis anos.
Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos,
projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para
trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento,
gestão, parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da
infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e
cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de
compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente.
Em São Paulo, Viração desenvolve vários projetos que partilham da experiência de
articulação de redes e empoderamento de adolescentes e jovens no campo da educação e
comunicação em 40 comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista.
Entre os parceiros em São Paulo estão O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF)
e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Em nível nacional, produz mensalmente uma revista colaborativa e o conteúdo de um portal
(www.viracao.org) com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, chamados
Virajovens, que integram os Conselhos Jovens, presentes em 22 Estados e Distrito Federal.
Acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de
parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades
não-governamentais. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para o
funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração.
2) Justificativas
Considerando que:
- As gestoras (es) escolares, os Professoras (es) Orientadoras (es) de Sala de Leitura (POSLs)
e os Professoras (es) Orientadoras (es) de Informática Educativa (POIEs) da Rede Municipal
de São Paulo são importantes sujeitos nos processos decisórios sobre a compra de acervos e
sobre a condução de projetos didáticos na área de leitura e de comunicação;
- A rede municipal conta com 08 (oito) Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio
(EMEFM), atendendo cerca de 10 mil estudantes, dos quais quase metade está concentrado na
faixa etária de 12 a 18 anos.
Propomos esta ação para articular e reforçar a formação de uma rede de mediadores de leitura
entre educadoras (es) da Rede Municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens.
3) Objetivos
- Identificar e reconhecer educadoras (es) parceiras (os) para as propostas de mediação de
leitura da Revista Viração entre jovens estudantes da Rede Municipal de São Paulo;
- Apresentar a proposta de Educomunicação da Viração, sobretudo a Revista Viração (e seu
processo de produção).
- Levantar as expectativas e necessidades entre os educadoras (es) no que tange ao acesso e a
circulação da Revista Viração na escola, entre os jovens.
150
4) Estratégias
Preparação do Encontro
Elaboração de uma apresentação (em power point, com cópia para todos os
educadoras (es) presentes), com linguagem e formato voltado aos educadoras (es) da rede
municipal, em que estejam explicitas as: a) diretrizes editoriais da Revista Viração; b)
desenho pedagógico subjacente à proposta de Educomunicação da Revista Viração; c) o
processo de produção da Revista; d) exemplos de matérias produzidas; e) a importância do
trabalho com mídias na Escola e a contribuição que a Viração pode oferecer; uma
demonstração do Site/Portal.
Elaboração de um material (aproximadamente 3 pgs), com características de texto de
formação de professoras (es), que discuta o conceito de Educomunicação, apresente a
experiência da Viração e indique diretrizes pedagógicas para o trabalho com mídias na
Escola.
Convite/Escolha de um convidado para conversar com os professoras (es) sobre o
tema, além da equipe da Viração.
Preparação do café da manhã propriamente dito (alimentação)
Envio de carta-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal de São
Paulo, explicitando a proposta do encontro e encaminhando um ou dois exemplares da revista,
com antecedência de 30 dias.
Envio de e-mail-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal e para
suas Diretorias Regionais de Educação indicando o número de educadoras (es) que a escola
pode trazer/mobilizar e fornecendo informações adicionais de contato; com antecedência de
20 dias, repetir o e-mail quando faltarem 10 dias e repetir o email quando faltarem 5 dias para
o encontro.
Telefonar para a Diretora Pedagógica (ou Diretor Pedagógico) da DRE e para todas as
escolas, falando com a Diretora (ou Diretor) escolar e com a Coordenadora Pedagógica (ou
Coordenador), confirmando o recebimento do email na semana anterior ao encontro e
perguntando quais são os educadoras (es) que participarão.
Telefonar para todas as escolas, falando também com a Professora (ou professor) de
Sala de Leitura e com a Professora (ou professor) de Informática Educativa (se possível).
Divulgação do encontro nos sites dos Sindicatos (SIMPEEN, SINESP, APROFEM)
Elaboração dos Certificados de participação, com carga horária e avaliação (para
contar na evolução funcional)
Pauta do Encontro (no dia)
Abertura: 9h30 (agendar com os educadoras (es) às 9h)
9h30 – 9h50: Atividade cultural (verificar qual e reservar tempo máximo de 20 min)
9h50 – 10h10: Rodada de Apresentações
10h10 – 11h00: Palestra do Convidado
11h00 – 11h30: Apresentação da Vira
11h30 – 12h00: Atividade de Levantamento de Expectativas e Necessidades
12h00 – 12h30: Atividade de encerramento (cultural)
Após o encontro:
- Agendar, com as oito escolas, um dia para ir até o Horário Coletivo (JEIF) dos
professoras (es) que atuam com os adolescentes e jovens apresentar a VIRA
151
- Elaborar, para esse encontro com os professoras (es), uma apresentação semelhante à
que será desenvolvida no Café.
- Verificar se as escolas possuem Grêmio ativo e agendar encontros (na Sede da Vira) com
os Grêmios das escolas.
VERIFICAR
1 – Seria importante realizar esse encontro ainda no primeiro semestre. Considerando o
planejamento necessário, sugiro que ele aconteça, no mais tardar, em maio.
2 – A escolha do palestrante deve ser cuidadosa, para que os educadoras (es) se sintam
“dialogando” com alguém que conhece sua linguagem e seus espaços de trabalho.
3 – Poderíamos reunir até quantos educadoras (es)? Pergunto isso porque pensei de
chamarmos, de cada EMEFM:
- Supervisor Escolar
- Diretor e Assistente (provavelmente virá apenas um dos dois)
- Coordenador Pedagógico (são até 3, mas provavelmente, viria apenas um)
- POIE (um ou dois)
- POSL (um ou dois)
- Seria, aproximadamente, entre 4 e 5 pessoas por escola. Recebemos bem esse número?
DOCUMENTO 6: CARTA AOS PROFESSORES
São Paulo, 08 de abril de 2011
Prezada/o professora/or,
A/o senhora/or está recebendo um kit com as três últimas edições da Revista Viração.
A Revista Viração é uma iniciativa da organização não-governamental Viração
Educomunicação. Ela é produzida mensalmente com a participação de mais de 300
adolescentes e jovens, chamados Virajovens, que integram os Conselhos Jovens,
presentes em 22 Estados e Distrito Federal. São os jovens que coletivamente decidem os
temas, fazem as reportagens, entrevistas e fotos de 70% do conteúdo total da publicação.
Desta forma, a Revista Viração tem a cara da juventude brasileira.
Nós da equipe da Viração acreditamos que esta publicação pode ser usada diretamente
em sala de aula, contribuindo com o trabalho de professoras/es ao dar um panorama
atual da juventude em uma linguagem acessível, trazendo temas de interesse do
adolescente como mundo do trabalho, educação formal e informal, participação social,
cultura, sexualidade e comportamento, entre outros assuntos que podem dialogar com as
diversas disciplinas do Ensino Médio e cotidiano do adolescente.
Em 2011, estamos inaugurando o site da Agência Jovem de Notícias
(www.agenciajovem.org), que também estará aberto para que qualquer adolescente e
jovem comprometido com a transformação social de nosso país possa publicar notícias,
fotos, vídeos, conectando-se com outros jovens do Brasil e acessando conteúdos
produzidos por outras pessoas. Ao realizar uma atividade em sala de aula com a Revista
Viração, a/o professora/or poderá estimular os estudantes a publicar no site da Agência,
alargando os espaços de diálogo do adolescente e expandindo seus contatos junto a
outros adolescentes do país.
A Viração Educomunicação tem um Conselho Pedagógico formado por professores,
educadores sociais, coordenadores de projetos educacionais de educação informal,
educomunicadores e outros especialistas que nos ajudam a pensar na revista como
material pedagógico. A Revista Viração está aberta aos comentários das/dos professoras/
152
es para que possamos melhorar nosso trabalho a cada dia
Se você gostou da Revista, há duas formas para recebê-la:
− Por meio de uma assinatura individual em seu nome, que será entregue em sua
residência mensalmente;
− Por meio de uma ou mais assinaturas da escola em que trabalha, que será
entregue no endereço da instituição.
O valor anual da assinatura nova é R$ 58,00. Para fazê-la é só seguir as instruções no
cupom dentro da Revista (última página).
Grata pela atenção,
Lilian Romão
diretora executiva
Razão Social: Viração Educomunicação
CNPJ 11.228.471/0001-78
Inscrição Municipal: 3.975.955-5
Rua Augusta, 1.239 – Cj. 11 – CEP 01305-100 – São Paulo (SP) – Brasil – Tel 00 55 11
3237-4091
Prioridade 3: Elaboração de um projeto para uma nova sede. Segue abaixo o projeto:
Introdução
Viração é uma organização de comunicação, educação e mobilização social entre
adolescentes, jovens e educadores. Até agosto de 2009, era filiada juridicamente à
Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Criada em março de 2003, a
Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu
carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao
longo de seis anos. Recebe apoio institucional do UNICEF, UNESCO, ANDI, USP e
Ashoka Empreendedores Sociais.
Tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e
mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à
comunicação e para a transformação socio-ambiental.
Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em
processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil;
habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em
planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na
implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude;
experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a
partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os
Direitos da Criança e do Adolescente.
A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que
precisa ser considerado em sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com
potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas que representa uma grande oportunidade
de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para si próprios. Além
de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na
153
implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o
ponto de vista tecnológico e instrumental.
Objetivo geral
Garantir um sede com infra-estrutura adequada para o pleno e eficaz desenvolvimento das
atividades da Viração Educomunicação.
Objetivos específicos
Garantir um novo espaço com acessibilidade para pessoas com deficiência;
Oferecer um ambiente de trabalho em condições que não afetem a saúde dos colaboradores
e dos beneficiários dos projetos;
Promover um ambiente de trabalho seguro seja sob o ponto de vista arquitetônico que da
infra-estrutura e instalações elétricas e sonoras;
Reservar um espaço comum para recolhimento, descanso e meditação;
Projetar um espaço misto sob o punto de vista arquitetônico: aberto - sem paredes ou
divisórias, permitindo um maior nível de integração entre os colaboradores, facilitando o
fluxo rápido das informações, gerando economia de espaços de circulação interna, com o
potencial de ser utilizado para grandes encontros e reuniões ampliadas; panorâmico – alguns
ambientes com divisórias baixas e semi-abertos, permitindo certo nível de privacidade,
organização individualizada do trabalho e segmentação espacial das atividades, sobretudo
para equipe do financeiro e para favorecer o bom andamento de pequenas reuniões de
equipes; Celular – alguns ambientes fechados, com uma ou duas salas individuais,
propiciando alto nível de individualidade, favorecendo o trabalho intelectual isolado, que
pode ajudar, por exemplo, na fase de ideação, projetação e elaboração de projetos.
Promover um ambiente de trabalho acolhedor, confortável e informal;
Ter uma localização central, próxima a estação de metrô e/ ou vias de fácil acesso de linhas
de ônibus.
Justificativa
Acreditamos que o projeto arquitetônico e a ambientação da nova sede influenciam
diretamente o bem-estar físico, mental e social e na produtividade dos colaboradores e
beneficiários da Viração bem como no grau de satisfaçao de toda a equipe.
De acordo com estudo conduzido pela empresa de desgin Gensler com 2.013 funcionários
de todos os escalões em oito setores da economia estadunidense, em 2007, 90% dos
funcionários acreditam que o design do escritório influencia seu humor e sua produtividade,
21% dos entrevistados disseram que seriam mais produtivos num ambiente melhor de
trabalho. Outras conclusões do levantamento:
• 58% dizem ter vergonha de mostrar o local de trabalho a clientes e fornecedores.
• 48% trabalhariam uma hora a mais por dia, com satisfação, se o escritório fosse mais
acolhedor.
• 46% não acreditam que a criação de um ambiente mais produtivo seja prioridade da
empresa.
• 40% dizem que a contenção de gastos é o motivo do layout corrente do escritório.
• 66% crêem no aumento de eficiência no trabalho se os colegas estão mais próximos
fisicamente.
• 30%, contudo, afirmam que o ambiente não propicia a integração.
154
•
20%
classificam
seu
escritório
como
"razoável"
ou
"precário".
• 33% responderam que o ambiente de trabalho não favorece a saúde e o bem-estar, apesar de
os
dois
fatores
serem
vitais
para
a
produtividade.
E
o
que
dizem
os
executivos?
• 90% acham que melhorias no ambiente de trabalho teriam impacto positivo no resultado da
empresa.
• Apesar disso, apenas 20% dizem haver planos para melhoria do layout dos escritórios.
• 80% dos entrevistados defendem salas de diretoria separadas do resto da equipe. Essa
posição contraria a opinião de 62% dos funcionários, que admiram mais o líder que trabalha
em ambiente aberto.
Plano de captação
Existem atualmente quatro possibilidades de captação para uma nova sede. São elas: por
aquisição, por aluguel, por parceria e por criação de um fundo imobiliário.
Para a aquisiçao de uma nova sede, convém inscrever-se em editais nacionais e
internacionais que prevêem o assim chamado fortalecimento institucional. A Diretoria
Executiva buscará essas oportunidades junto a parceiros como a Ashoka Empreendedores
Sociais e outras organizações que conseguiram uma nova sede por este caminho.
Para o aluguel de uma nova sede, é preciso fazer uma pesquisa junto a imobiliárias
próximas à atual sede, na Rua Augusta; bem como percorrer os entornos da atual sede em
busca de oportunidades para aluguel.
Para uma parceira que prevê cessão de espaço para a nova sede junto a uma empresa, uma
secretaria de governo ou outra organização social sem fins lucrativos, a Diretoria Executiva
se encarrega de fazer um inventário de potenciais apoiadores para esta iniciativa, como por
exemplo, a Secretaria de Participação Social do Município de São Paulo, che cedeu espaço
para a realização do Programa NET Comunidade.
A partir do mês de maio, a Viração cria um fundo para doações para a compra da nova sede.
Também colocará à parte mensalmente um valor a ser estabelecido pelas Diretorias
Institucional e Executivas após avaliação da saúde financeira da Viração.
Garantir uma sede com
infra-estrutura adequada
Prazos
Seguiremos os prazos estabelecidos em nosso Plano Estratégico de 2011, de acordo com o
quadro abaixo:
Projeto da nova sede
elaborado
Patrimônio tecnológico
atualizado e bem cuidado
pesquisar parceiros e
procedimentos
Realizar reuniões com
potenciais parceiros e
financiadores
Planejar a
captação/mobilização de
recursos ou doações
(projetos/parcerias)
Levantar equipamentos
existentes e necessidades
da equipe
30/08/11
Lilian + Diretoria
Institucional
a partir de agosto
Lilian + Diretoria
Institucional
30/03/11
Lilian + Paulo + TIC
30/03/11
TIC
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
155
Sim. Os indicadores de avaliação são particularmente contemplados e de acordo com cada
projeto.
A cada atividade, os participantes fazem uma avaliação coletiva do encontro (no formato “que
bom, que pena, que tal” ou Virou, não virou, deu pra virar, virou total,). No final do projeto,
os adolescentes fazem uma avaliação individual, contrastando os resultados finais com as
aspectativas levantadas no primeiro encontro. No encontro nacional dos virajovens, em
outubro de 2010, desenvolvemos uma metodologia própria para avaliação de encontros. Veja
documento anexo.
Eis alguns indicadores de avaliação utilizados pela Viração: número de adolescentes e jovens
que participam das atividades, frequência, número de ações, processoe e produtos de
educomunicativos elaborados e disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas
atividades, grau de conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das
atividades, relato de experiências pessoais para medir transformações de caráter
comportamental, observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de
facilidade para com os conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos.
Além disso, a própria equipe da Viração faz todo final de ano uma avaliação em dois planos:
pessoal e coletivo. Seguem os processos dessa avaliação integral que dura 3 dias, segue várias
etapas e são o pano de fundo do planejamento estratégico e participativo para o ano seguinte:
Avaliação da Vira 2010
Dia 20 (avaliação pessoal e dos projetos)
MANHÃ
Avaliação pessoalResponder avaliação pessoal
Organizar sua área de trabalho física e virtual (faxinão)
Aqui o importante é avaliar sua ação/ contribuição
Descreva sucintamente qual é seu papel principal na Viração.
Descreva sucintamente outras tarefas que realiza na instituição.
2 principais aspectos que te motivam a trabalhar na Viração
2 principais aspectos que te desanimam
2 principais aspectos que ajudaram na sua organização de trabalho
2 principais dificuldades para sua organização de trabalho
Como foi sua relação com seu plano de trabalho? Faça uma avaliação e indique propostas de
como
melhorar este instrumento?
2 principais aprendizados durante 2010 na Vira
2 principais dificuldades/ desafios e sua proposta de solução
2 principais conquistas
2 principais ações/ eventos que fortaleceram sua relação com as pessoas da Viração
2 principais aspectos que dificultaram a relação com as pessoas da Viração
2 principais pontos positivos nas condições/ contrato de trabalho da Viração
2 principais pontos a serem melhorados nas condições/ contrato de trabalho da Viração
2 ações/desejos que tem a ver com sua trajetória (interesses pessoais, profissionais, pesquisas)
e
você gostaria de desenvolver na Vira
156
O que sente falta na Viração? Especifique. (equipamentos, espaço, processos, vivências,
formações)
Como foi sua relação com o planejamento feito na imersão de Monteiro Lobato? Faça uma
avaliação de como este instrumento te ajudou (ou não) durante o ano.
Avalie a incidência de suas opiniõesmento e posicionamentos sobre o caminhar geral da
Viração,
incluindo sua visão sobre você no coletivo.
Sobre sua ação na Vira em 2011, o que gostaria de manter (2 aspectos)?
E o que vai mudar (2 aspectos)?
Outros comentários e/ou aspectos de sua avaliação.
TARDE
Avaliação dos projetos
geral
2 principais aprendizados da equipe no desenvolvimento do projeto
2 principais dificuldades/ desafios no desenvolvimento do projeto
2 principais conquistas
Como seu projeto atualiza a missão da Viração?
Que ações/ articulações/ metodologias deram certo e devem ser mantidas?
O que deve se transformar?
Relação com o administrativo
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Equipe do projeto
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Organização do trabalho
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Coordenação
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Planejamento das ações
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Sistematização
Como foi feita?
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Formação/ reflexão
Cite uma espaço ou momento importante de formação/ reflexão
Sugira uma forma para tornar essa ação mais contínua
Diálogo com outros projetos/ áreas/ núcleos
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
Parcerias
2 pontos positivos da relação com parceiros/ financiadores
2 pontos a serem melhorados
157
Faça um balanço sobre as metas estipuladas no planejamento de Monteiro Lobato e a
contribuição
de seu projeto.
Para 2011, você espera que o projeto em que está envolvido possa alcançar os seguintes 3
resultados principais:
Deixe o aprendizado principal deste projeto para o futuro da Viração:
Outras avaliações e comentários de seu projeto:
Dia 21
MANHÃ
Apresentação das avaliações pessoais + debates e comentários sobre
Início da apresentação por projeto + debates e comentários sobre
TARDE
Seguir com apresentação por projeto + debates e comentários sobre
Dia 22
MANHA
Avaliação geral da Viração Educomunicação
Em grupos de 4, avalie:
1- Planejamento Monteiro Lobato
Como foi organizar as ações da Vira, levando o planejamento em conta?
Que aspectos do processo e produto final do planejamento você transformaria?
Avalie a avaliação do 2º semestre em cima do planejamento.
Outras sugestões:
2- Reuniões de Equipe
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
3- Relação entre instâncias decisórias (coordenação por projeto, por núcleo, coordenação
colegiada e diretoria)
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
4- Comunicação interna
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
5- Comunicação/ relação com parceiros
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
6- Relação geral com público/ adolescentes e jovens
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
7- Participação em eventos
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
8- Posicionamento político
2 pontos positivos
2 pontos a serem melhorados
9-Descreva sua visão sobre o tempo das ações da Viração. (cronogramas, prazos, relação
158
tempo e qualidade)
10- Escolha um dos conceitos-chave da Vira e faça uma pequena avaliação, sugerindo
mudanças para sua melhoria.
11- Para seguir de bem com a Vira em 2011, deixe duas sugestões:
TARDE
Apresentação das avaliações + debates e comentários sobre
Encerramento da avaliação: avaliação da avaliação e expectativas gerais de como cuidaremos
do resultado desse processo em 2011.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação?
Com o processo de discussão e definições iniciado em 2009, estamos percebendo que stamos
criando uma espécie de Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores, formado por
duas grandes iniciativas: a Rede (agora Articulação) Nacional de Adolescentes e Jovens
Comunicadoras e Comunicadores e a Rede de Virajovens. A primeira iniciativa se propõe
especificamente a promover e monitorar políticas públicas de juventude e comunicação; a
segunda iniciativa se propõe a disseminar práticas de produção de conteúdo por adolescentes
e jovens de forma colaborativa e educomunicativa e mobilização social por meio de ações,
processos e produtos de comunicação. A Viração, como instituição, tem assumido um papel
de animação dessas duas iniciativas.
Seja a produção de conteúdo para a revista impressa que para a agência jovem de notícias (e
não mais para o portal da Viração) são tão importantes quanto a promoção e o
monitoramento de políticas públicas de juventude e comunicação.
No último encontro da Rede (Articulação), realizado durante o encontro nacional dos
virajovens, em outubro de 2010, por exemplo, foi decidia uma atuação mais articulada para a
defesa dos Conselhos de Comunicação nos Estados e no nível federal, o acompanhamento do
Conselho Nacional de Juventude no qual a Viração será titular e integra a comissão de
comunicação em 2011 e da participação mais efetiva para garantir as políticas de
comunicação na Conferência Nacional de Juventude, em dezembro de 2011.
Em relação às principais ações da Rede (Articulação) para 2011:
1. Promover formação em incidência política (curso online e encontro presencial com
parceiros da própria rede, como a Caju), com ajuda de outras organizações, como o SEBRAE
e FIEP, e com suporte da Viração e Descolad@s, com a finalidade de construir o guia de
incidência política em comunicação e juventude no Brasil;
2. Criação de estratégia política para intervenção direta no CNJ
3. Articulação com os movimentos de comunicação (regionais, estaduais e nacional), para
intervir na discussão sobre a concessão de TV (utilizando Flash Mob e/ou outras estratégias) e
plano nacional;
4. Realizar o mapeamento da rede, como está o acompanhamento e como fortalecer (criar um
documento para estruturar a ação)
5. Planejar, propor e avaliar a política de comunicação do CONJUVE, intervir para deixar a
pauta da comunicação viva.
159
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em
algum momento?
Isso ainda não foi pensado, mas pode ocorrer com uma reestruturação dos conselhos jovens
da Viração. Ou seja, alguns do conselho podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por
um determinado período de tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação.
O que vem ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de
promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas respectivas
cidades e Estados. Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros
apenas mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que
propomos é que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do
movimento ao mesmo tempo. Em alguns períodos ou mês do ano ou mesmo em algum ano,
certamente algumas dessas dimensões não serão tão marcantes quanto outras. Por exemplo:
este ano temos todo o processo da Conferência Nacional da Juventude, que será marcante para
os Virajovens. Outro exemplo é a semana de democratização da comunicação e da cultura em
outubro, que requer esforços pessoais e coletivos de todos os Virajovens em termos de
mobilização social.
No entanto, isso vira pauta de conteúdo seja para a revista impressa que para a agência jovem
de noticias e também gera ação de promoção e monitoramento de política pública.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
Eu diria que é dialético, ou seja em contínua relação de forças e de atenção. Às vezes
interfere; outras não. O que está se buscando, desde quando a revista impressa foi criada, é de
respeitar os preceitos educomunicativos e criar mecanismos, metodologias de participação
que respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo
tempo que respeite um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios
Virajovens. Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de construção,
de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e intenção para
que casar essas duas dimensões do produto que há prazos a serem cumpridos.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Fragilidades:
Falta de um maior cuidado do espaço e dos equipamentos;
Falta de uma maior propriedade com o controle de despesas em geral;
Êxitos:
Trabalho em sintonia realizado pela diretoria institucional e coordenação colegiada;
Resolução de problemas de ordem pessoal e coletiva;
160
Comunhão de pensamentos e visão de mundo para a defesa dos direitos de crianças,
adolescentes e jovens;
Dimensão empreendedora muito presente em toda a equipe;
Compartilhamento com a carta de princípios e valores e regimento interno;
O fortalecimento da dimensão multidisciplinar;
Compartilhamento de uma visão de educação democrática: todo mundo ensina, todo mundo
aprende; somos educadores e educando ao mesmo tempo, seguindo a linha paulofreiriana;
Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o
fluxo de informações para evitar fofocas e desgaste de equipe;
Toda a equipe se espelha e monitora pessoalmente e coletivamente o plano estratégico e
participativo anual;
Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratético e
participativo anual;
Ações integrantes e interconessas entre os vários projetos;
161
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
SIM, E ESSA GESTÃO ACONTECE POR MEIO DOS PLANEJAMENTOS ANUAIS DA
EQUIPE, NA REALIZAÇÃO DE REUNIÕES SEMANAIS DE PLANEJAMENTO DAS
ATIVIDADES, NA SISTEMATIZAÇÃO PERIÓDICA NOS BLOGS E AVALIAÇÕES
TANTO COM AS/OS ADOLESCENTES E JOVENS, COMO TAMBÉM COM
PARCEIROS E COM A PRÓPRIA EQUIPE.
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
CHAMAMOS DE EQUIPE PEDAGÓGICA. MAS CONSIDERAMOS QUE A EQUIPE DE
FORMA
GERAL
É
RESPONSÁVEL
POR
DESENVOLVER
PRÁTICAS
EDUCOMUNICATIVAS NO SEU DIA-A-DIA E EM SUAS FUNÇÕES. A VIRAÇÃO
PROCURA ENTENDER A EDUCOMUNICAÇÃO COM UM PROCESSO A SER
DESENVOLVIDO EM TODAS AS SUAS ATIVIDADES, ÁREAS E AÇÕES. OPTAMOS
INCLUSIVE
EM
REGISTRAR
TODOS
OS
COLABORADORES
COMO
EDUCOMUNICADORES. POR EXEMPLO, EDUCOMUNICADOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO, EDUCOMUNICADOR DE ARTES, ETC. AINDA ASSIM, PARA
AS PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS DESENVOLVIDAS COM ADOLESCENTES E
JOVENS EXISTE UMA EQUIPE E UM COORDENADOR, QUE ACOMPANHA
TODAS ESSAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DIRETAMENTE COM O PÚBLICO.
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?
SÃO
PRIORIDADES
ESTABELECIDAS
DURANTE
O
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO DA VIRAÇÃO. ESTÃO RELACIONADAS À CONSTRUÇÃO DE
PROCESSOS DE DECISÃO DEMOCRÁTICOS E COLABORATIVOS, COM A
PARTICIPAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA EQUIPE, ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES
DE FORMA INTEGRADA, EM QUE CADA AÇÃO NÃO SEJA ISOLADA. NA GESTÃO
TAMBÉM A VIRAÇÃO TEM REALIZADO TODO INÍCIO DE ANO SEU
PLANEJAMENTO ANUAL, QUE DEFINE CONJUNTAMENTE OS RUMOS E AÇÕES A
SEREM IMPLEMENTADAS.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles?
INTERNAMENTE, OS INDICADORES ESTÃO RELACIONADOS ÀS METAS
ESTABELECIDAS DURANTE O PLANEJAMENTO. NESSE CASO, CADA AÇÃO TEM
O SEU INDICADOR DEFINIDO DURANTE O PRÓPRIO PLANEJAMENTO. A FORMA
DE AVALIAR ESSE INDICADORES É POR MEIO DE MOMENTOS DE
MONITORAMENTO DAS AÇÕES. HÁ UM MOMENTO NA METADE DO ANO
DEDICADO AO MONITORAMENTO E OUTRO NO FINAL DO ANO DE AVALIAÇÃO
E MONITORAMENTO. A AVALIAÇÃO ACONTECE EM DIFERENTES INSTÂNCIAS:
COM OS PÚBLICOS COM OS QUAIS A VIRAÇÃO ATUA (ADOLESCENTES E
COMUNIDADES, PARCEIROS) E INTERNAMENTE COM A EQUIPE DA VIRAÇÃO.
Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto
social de suas práticas?
162
OS INDICADORES DA VIRAÇÃO SÃ INDICADORES SOCIAIS HUMANOS, ESTÃO
MUITO RELACIONADOS ÀS FALAS E DIZERES DOS INTEGRANTES DAS
ATIVIDADES DESENOLVIDAS. AS PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO GERALMENTE
SÃO
PERGUNTAS
ABERTAS
PARA
INDICAR
MUDANÇAS
NOS
RELACIONAMENTOS, NAS PRÁTICAS DIÁRIAS. MAS EXISTEM MEDIDORES
NUMÉRICOS, PRINCIPALMENTE QUANDO RELACIONADOS AO NÚMERO DE
ADOLESCENTES INTEGRANTES, NÚMEROS DE CONSELHOS, NÚMEROS DE
REVISTAS PÚBLICADAS, ASSUNTOS PUBLICADOS, NÚMEROS DE PARCEIROS
QUE DESENVOLVEM ATIVIDADES CONJUNTAS, NÚMERO DE VISITANTES NO
SITE DA VIRA, NÚMERO DE ASSINANTES DA REVISTA, ENTRE OUTROS.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação?
NÃO, POIS A PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS, INFORMAÇÃO E CONTEÚDOS PELOS
ADOLESCENTS E JOVENS TAMBÉM É UMA FORMA DE INTERVENÇÃO
POLÍTICA. pOR ISSO DIZEMOS QUE PARA A REVISTA, TÃO IMPORTANTE QUATO
O PRODUTO TAMBÉM ´O PROCESSO PELO QUAL ELA É DESENVOLVIDA. OS
CONSELHOS VIRAJOVENS AO LONGO DOS ANOS FORAM SE TORNANDO
ESPAÇO DE PRODUÇÃO E DEBATE QUALIFICADO DE ASSUNTOS DIVERSOS,
ELENCADOS PELOS PRÓPRIOS ADOLESCENTES COMO IMPORTANTES EM SUA
REALIDADE. APROPOSTA DO MOVIMENTO É INCENTIVAR TODAS AS FORMAS
POSSÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO DOS ADOLESCENTES PELA COMUNICAÇÃO E
TAMBÉM EM SUA PRODUÇÃO. CONTUDO, É IMPORTANTE ENFATIZAR QUE A
AÇÃO DA VIRAÇÃO ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA AO PROCSSO DE
CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS DE COMUNICAÇÃO E O ACESSO E EXERCÍCIO,
PELA JUVENTUDE, DO DIREITO HUMANO À COMUNICAÇÃO. AO LONGO DOS
ANOS, OS ADOLESCENTES PASSARAM A DEBATER ESSE DIREITO HUMANO E
DE CERTA FORMA INCLUIR E FORTALECE-LO EM SEUS ESPAÇOS DE AÇÃO. O
MOVIMENTO SURGE A PARTIR DESSA PERSPECTIVA DE JOVENS QUE
PRODUZEM, DEBATEM, EXERCITAM, INTERAGEM DENTRO DE DIVERSOS
ASPECTOS COM A COMUNICAÇÃO.
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
A
VIRAÇÃO
FACILITA,
MAS
NÃO ESTIPULA
FORMATOS
DE
AÇÃO. ATUALMENTE, Á CONSELHOS QUE EXERCEM APENAS UMA DAS
POSSÍVEIS AÇÕES. A PROPOSTA, INCLUSIVE COM O ENCONTRO DOS
VIRAJOVENS, É DE AUXILIAR PARA QUE CADA VEZ MAIS AS AÇÕES E
POSSÍBILIDADES
POSSAM
SER
AMPLICADAS.
AGORA,
POR
EXEMPLO, EXISTEM JOVENS E CONSELHOS QUE POSSUEM UMA GRANDE
CAPACIDADE DE FORMAÇÃO, DE MULTIPLICAR SEUS CONHECIMENTOS, DE
163
DIALOGAR COM OUTROS JOVENS. nAS PRÁTICAS FORMATIVAS NA VIRAÇÃO,
A EDUCAÇÃO ENTRE PARES TEM SIDO UM OBJETIVO CONSTANTE. A
PROPOSTA É QU CADA VEZ MIS, COM MAIS AUTONOMIA, ESSE JOVEM SEJA
CAPAZ DE MOVIMENTAR, DE CRIAR MOVIMENTO, DEINCENTIVAR AÇÕES. MAS
É IMPORTANTE DIZER QUE AÇÃO PARA A REVISTA É UMA AÇÃO COM A QUAL
OS JOVENS SE IDENTIFICAM E TEM MUITA PROXIMIDADE. É LEGAL ESCREVER
PARA UMA REVISTA QUE CIRCULA NO MEIO DE JOVENS E PARA JOVENS. O
FATO DE TER MUITOS CONSELHOS E ACOMPANHAR AS NOVAS DEMANDAS
DOS CONSELHOS (AO FORTALECER A AGENCIA JOVEM DE NOTÍCIAS, POR
EXEMPLO) TAMBÉM É UMA META CONSTANTEDA VIRAÇÃO.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
ACHO QUE REPRESENTAM TAMBÉM FORMAS DE AÇÃO EM CONJUNTO,
ARTICULADA. É ALGO COMUM QUANDO SE ATUA COM GRUPOS, COM
INTERESSES COMUNS E DIVERGENTES. OS CONCEITOS EDUCOMUNICATIVOS
DA VIRAÇÃO PROCURAM RESPEITAR FORMATOS E TEMPOS, MAS TAMBÉM
CONSIDERAM ASPECTOS DE PLANEJAMENTO EM CONJUNTO, DE PRODUÇÃO
DE CONTEÚDOS, DE PUBLICAÇÃO QUE SÃO FUNDAMENTAIS PARA OS
OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS. PRAZOS, MODELOS E FORMATOS SEMPRE
SÃO DEBATIDOS COM OS GRUPOS E CONSELHOS. E ISSO É O PRINCIPAL GAHO
COMO PROCESSO EDUCOMUNICATIVOS DE COMUNICAÇÃO COLABORATIVA E
DEMOCRÁTICA.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
ADAPTABILIDADE, CAPACIDADE DE OUVIR, ARTICULAR, DEBATER, DECIDIR
COJUNTAMENTE, POTENCIAL
DIALÓGICO
SÃO CARACTERÍSTICAS QUE
FORTALECEMAS AÇÕES. FRAGLIDADES É A DIFICULDADE EM DESENVOLVER
NVOS MODELOS DE SUSTENTABILIDADE DAS AÇÕES, RODÍZIO CONSTANTE DE
PROFISSIONAIS, NÍVEL SALARIAL DOS COLABORADORES. MUITAS PRATICAS
ESTÃO EM DESENVOLVIMENTO, A ORGANIZAÇÃO COM CNPJ É RECENTE, E HÁ
MUITAS QUESTÕES BUROCRÁTICAS QUE AINDA ESTÃO EM ANDAMENTO.
O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
PAULO LIMA É UM LÍDER, UMA PESSOA E UM PROFISSIONAL INDISPENSÁVEIS
NA HISTÓRIA E NOS PROCESSOS DA VIRAÇÃO. É FUNDADOR DA VIRAÇÃO
JUNTO COM VÁRIAS OUTRAS PERSONALIDADES QUE CONSTRUIRAM
DIFERENTES PROCESSOS E TROUXERAM DIFERENTES RIQUEZAS PARA A
VIRAÇÃO. NnÃO VEJO PAULO AFASTADO, MAS COM UMA ATUAÇÃO POSSÍVEL
EM UM MUNDO DE TECNOLOGIAS, EM QUE AS CONVESAS SÃO DIARIAS,
PRÓXIMAS, FACILITADAS. O PÓPRIO MODELO DE RECONFIGURAÇÃO TEM
FACILITADO OS PROCEDIMENTOS E MUDANÇAS. É CLARO QUE PAULO LIMA
164
FOI PARA A ITÁLIA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO NOVO CNPJ, MAS VÁRIAS
PRÁTICAS DA VIRAÇÃO ESTÃO FORTALECIDAS JUNTO AOS ADOLESCENTES,
AO MOVIMENTO DA COMUNICAÇÃO. MAS É COMUM A VÁRIAS ORGANIZAÇÃO
QUE O MODELO DE GESTÃO DE SEU LÍDER É FUNDAMENTAL PARA A
SOBREVIVÊNCIA SADIA DE QUALQUER ORGANIZAÇÃO. E PAULO TEM
EXERCIDO UMA LDERANÇA DEMOCRATICA E EDUCOMUNICATIVA.
165
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Sim, ela acontece em várias frentes. Uma delas é a organização e planejamento para as
atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano. Esse planejamento tem se tornado cada
vez mais consistente com algumas ações feitas nos últimos anos:
- Elaboraçaõ de um planejamento estratégico para a Viração, gestado pela Ashoka em
parceria com voluntários da Mckinsey. Durante este processo 4 integrantes da equipe
participarão de uma série de encontros em que foi possível elaborar o texto para a missão e
visão da Viração, bem como um plano de metas para os próximos anos. Entre um encontro e
outro, os 4 colaboradores ficavam responsáveis por apresentar o que já havia sido desenhado
para toda equipe, fazendo as devidas modificações sugeridas pelo coletivo;
- Planejamento anual para a Viração feito com mediação externa, oferecida pela FES. Nesses
momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados,
operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na
organização. Este planejamento se refina a cada ano a partir de avaliações coletivas do
processo. O fato deste planejamento ser coletivo propicia, entre outras coisas, uma visão
global sobre a organização e seus rumos para todos os colaboradores, que também são
convidados a desenhar ações sobre como dialogar e cooperar com as equipes de outros
núcleos...
- No meio do ano, costumamos fazer uma avaliação do planejamento anual para adaptarmos
prazos, operações etc, pois a ideia é que o planejamento dialogue com a realidade.
- No final do ano fazemos uma avaliação que se desdobra em 3 frentes: uma individual, outra
por projeto, outra por núcleo e outra da instituição Viração como um todo. Essas avaliações
são compartilhadas em uma grande roda e seus resultados são sistematizados a fim de gerar
subsídios para o planejamento do ano seguinte.
As ações descritas acima dão conta de relatar parte da gestão das práticas educomunicativas
da Viração no que diz respeito à gestão da própria organização. Ao usar metodologias de
avaliação e planejamento coletivos, é muito mais fácil gerar entre todos comprometimento,
motivação e uma capacidade de saber o quanto daremos conta. Em 2011, por exemplo,
escolhemos que para este ano gostaríamos de fazer as coisas com mais calma e isso faz parte
do como nos organizaremos.
As funções desta equipe é pensar nas etapas para este planejamento, apresentá-la à equipe
para possíveis sugestões e acompanhar o processo como um todo, sistematizá-lo, organizar as
datas, prazos limites etc.
Esta equipe é a coordenação colegiada e outras pessoas que tenham tempo disponível e se
habilitem a ajudar com o processo.
Quanto às prioridades, acredito que elas são decididas a partir de necessidades da
organização, que surgem em reuniões de equipe, avaliações, conversas informais etc.
Entretando, pode ser que outros gestores percebessem junto à equipe outras prioridades...
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Existem alguns indicadores que surgem nas avaliações dos projetos e da instituição (descritos
acima). Também calculamos quantas pessoas a Viração já atingiu, somando o números de
participantes em projetos diversos (desde agências de notícias em eventos, até os projetos de
166
formação e número de revistas distribuídas). Eu pessoalmente gosto muito de usar as
entrevistas que mando em anexo como um tipo de avaliação de impacto social. Eu acredito
que ainda não temos nenhum indicador 100% confiável, mesmo porque estamos trabalhando
com processos que lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em
processos políticos relacionados com a luta pela transformação socio- ambiental etc. Creio
que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça social para todos,
é baixo, mas eu aposto na micro- política e vejo que a Viração, com a estrutura que tem e
princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com alta capacidade de
multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida de cada um que se envolve
com a Vira, com escolas, em comunidades, em grupos espalhadpos em cerca de 24 estados do
país. Temos uma atuação também em esferas mais representacionais como no Conselho
Nacional da Juventude, acompanhando conferências nacionais de diversos setores.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelosadolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação
enquanto educomunicador?
Acredito que as ações ganham seu grau de importância não uma em relação a outra, mas
somadas, no conjunto... Cada vez mais temos feito uma tentativa de integrar as ações da Vira.
Para mim, a produção de conteúdo é uma das experiências mais desafiadoras para
experimentarmos as possibilidades de ação em rede. Creio que nos últimos anos, as
formações em educomunicação com os adolescentes mais a longo prazo ganharam espaço,
mas a revista ainda tem uma centralidade.
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
No meu entendimento sim, isto é totalmente possível, embora não tenhamos uma figura na
sede da Vira que esteja mais concentrada em animar mais politicamente a rede, o que me
parece necessário. Eu acredito que se a Vira quiser manter a revista, ela terá que investir cada
vez mais em mobilização, formação e redes, pois tenho certeza que há muitos adolescentes e
jovens que soubessem que existe este espaço, eles iam querer participar. Isto está sempre
sendo pensado.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
Acho que às vezes sim, mas, ao mesmo tempo, acho complicado dizer que o processo é
semelhante ao processo industrial, pois, na indústria, as pessoas estão ali por uma questão de
sobrevivência, trabalhando por necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto
de seu trabalho, entre outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a
Viração, a relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de
167
um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas quem
resolve participar vai trilhar junto um caminho emq ue acordos são feitos, prazos ajudam a
organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja, procedimentos, ou como você escreveu
"moldes operacionais" são necessários para que exista movimento, principalmente se estamos
atuando em conjunto. Mas é uma linha tênue que merece ser cuidada. Mas eu acho que a
figura do Rafael Stemberg e agora do Bruno Ferreira garantem que os preceitos da
educomunicação sejam cultivados na relação com cada um dos conselhos.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Mais um paradoxo da vida: uma das maiores fragilidades da Viração é também uma de suas
maiores forças. trata-se do fato da Vira ser uma organização em construção e coletiva. São
vertentes que exigem de todos que se envolvem com ela muitas mudanças culturais, muita
responsabilidade e compromisso. O caminho certo não existe, existem os caminhos que
vamos criando juntos. O) fato da Viração ser aberta as vezes causa um desconforto na equipe.
Também acho que muitas vezes o fato de sermos simultaneamente uma organização com um
perfil político e de militância, mas também termos um esquema de trabalho, gera
desentendimentos e graus de compromisso variados. Alguns assumem mais o papel de
"funcionário" outros o de educomunicador... Neste mesmo contexto, aparece a questão
salarial que para o mercado (para um jornalista) é baixo, mas para um militante a relação com
o salário é diferente.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Para mim o Paulo é uma das pessoas que criou e apostou na Viração e segue acreditando e
construindo este projeto. Ele representa uma pessoa que acredita na humanidade, que quer
transformar as coisas para melhor, para outros mundos possíveis, que tem um faro aguçado
para iniciativas e articulações que potencializam a Viração e as parcerias. Outra coisa que me
chama atenção no Paulo é sua disposição para resolver conflitos com uma generosidade
bastante incomum. Eu acredito que a Viração não é do Paulo, é de todos que se envolvem
com ela e que cada um que se envolve com ela é livre para cultivar este projeto no grau e na
distância que lhe for mais possível e desejável naquele momento. entendo que a ida do paulo
à itália tem a ver com um desenho de sua vida, que não é só a Viração, é também sua família,
suas filhas, o fato da Elda ser italiana... Sinto o Paulo muito presente, mas de outro jeito, em
um frente que é bem importante e que tem a ver com articulações internacionais, captações de
recursos, possibilidade de levar a educomunicação para Europa e África. Não entendi o que
quis dizer com "estrutura de autogestão". de qualquer forma, a equipe que está no Brasil tem
toda autonomia para encaminhar o projeto.
168
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
Sim! Esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se incorporando
como rotina especialmente com a integração da educomunicadora Gisella Hiche à equipe e
passou a ser um processo institucional com a constituição do que chamamos de LEC Laboratório de Educomunicação Comunitária, área responsável por essas sistematizações e
por trabalhar com a equipe o desenvolvimento da competência de sistematização, de forma
que todos registrem as práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro
de atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na Viração,
sempre vivos e em constante desenvolvimento.
169
Existeuma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
Bem, não sei se entendodireito o que quer dizer com gestão das práticas educomunicativas.
Entendendocomo gestão, uma coordenação que sistematiza, organiza, cuida da realização
daspráticas educomunicativas, eu acho que existe sim. A gestão é feita pelacoordenação
colegiada, composta por coordenação de área, direção e diretoria.Além disso, há um processo
de sistematização das ações da Vira, dos materiaisproduzidos, dos processos vividos, etc. que
tem sido tocado pela Gisella.
Quais são as funções e asprioridades da equipe de gestão da Viração? Existem
indicadores de avaliaçãoque retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração?
Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a
Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Os indicadores normalmenteestão relacionados ao alcance dos objetivos dos projetos
realizados. Eles sãoavaliados ao final dos ciclos de cada projeto, junto ao público atendido.
Podemser considerados seguros porque são feitos junto com as pessoas queparticiparam do
projeto, com a metodologia mais adequada pra cada público e projeto,assim é possível medir
com alguma segurança os impactos das ações realizadas.
Aproposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação?
A revista é resultado de umou vários processos educomunicativos, além disso ela é o carrochefe daViração, pois é por onde é possível dar maior visibilidade para as ações eproduções
dos virajovens. Nesse sentido ela ocupa um lugar muito especial naVira. Mas ela não é,
necessariamente, mais importante que outros projetos, umavez que as ações desenvolvidas no
âmbito de outros projetos podem e devem secruzar com a produção da revista, para que nela
também apareça, de certa forma,as diversas experiências educomunicativas vividas e
promovidas pela Viração.Não acho que a proposta do movimento seja desvincular os
conselhos da produção deconteúdo, mas reforçar a ideia de que a ação deles transcende isso.
Eles podeme devem fazer muito mais que isso, se inserindo na mobilização para a
pautapolítica da juventude e comunicação e entendendo que a própria produção darevista é
uma ação política.
Umadolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
Sinceramente não acho queessa seja uma questão definida, no sentido de estar totalmente
encerrada. Achoque questões como essa vão aparecendo e sendo refletidas nos
momentosoportunos. Pelo que vejo hoje temos adolescentes que se interessam mais por
170
umaparticipação via produção de conteúdo, o que não deixa de ser uma participaçãopolítica
(afinal produção de comunicação é um dos jeitos da Vira fazerpolítica), mas aqueles que tem
uma atuação política mais incisiva tambémproduzem conteúdo. Não vejo virajovens que só
participem politicamente e não daprodução de conteúdo. Penso que a produção de conteúdo
também acaba fluindonaturalmente da participação política, por isso, acho que é possível
conciliaressas duas vertentes nos conselhos: produção de conteúdo eparticipação/mobilização
política.
Osmoldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
Existem limitações, mas oprocesso da revista continua sendo educomunicativo. A operação
dentro dosmoldes industriais acontece apenas em parte, uma vez que desde o fato de
ospróprios jovens produzirem a revista, já é um diferencial do processo convencional.As
pautas são levantadas, discutidas e distribuídas de forma colaborativa e oprocesso de
produção e edição da revista também, com as limitações do tempo erecursos, claro.
Principalmente pensando na distância física entre a redação (ondeo conteúdo é editado) e os
conselhos.
O que a figura de Paulo Limarepresenta para a ONG? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Bem,o Paulo é, sem dúvida, uma figura importantíssima pra Vira. O idealizador e ogrande
animador de todo esse trabalho. Nesse sentido ele é uma referência paraos profissionais da
Vira. Apesar oafastamento físico, ele é extremamente presente na Vira. Seja por
email,lembrança, telefonema, conferências, enfim... Ele ainda está muito inserido nadinâmica
diária da Vira, pelo menos do lado de cá. Não sei se ele sente assim,mas aqui eu percebo isso.
Agora,sem dúvida, o afastamento físico dele fortalece a autogestão. Acho que isso,inclusive
colaborou para o amadurecimento da equipe, fazendo com que todosestivessem mais
responsáveis pelos rumos da Viração e do seu trabalhoindividual.
171
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Existe uma gestão das práticas realizadas pela Viração. Ela é realizada a partir das diretrizes
traçadas pelo Paulo Lima e passadas para os gestores e deles para o restante da equipe,
(educadores, educomunicadores e profissionais ligados à produção da revista e outros
produtos de mídia). Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a
induzir que o processo é participativo e coletivo). Os gestores tentam organizar as ordens
recebidas, os educadores executam as ações junto ao público alvo. Na quase totalidade das
vezes as práticas eram executadas com escassez de recursos e tempo, e conseqüentemente de
planejamento, o que reverberava de maneiras positivas e negativas.
Posivitamente: as equipes tinham muita liberdade para elaborar as atividades.
Negativamente: Esses processos eram muito cansativos, tanto físico quanto intelectualmente,
e por não serem sistematizados, esses processos, muitas vezes, repetiam etapas já realizadas
em momentos anteriores.
Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das práticas ser
alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga manda” que mesmo
sendo velada era uma das características marcantes da Viração, principalmente na gestão
Paulo Lima.
A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar entre suas verdades
ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana venceu. Algumas vezes a
ideologia foi mais forte, às vezes, quando isso acontecia era transformado em propaganda,
vide a “famosa” situação da recusa do apoio do Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo
mais. Mas, no final das contas, quem tinha a palavra final era o Paulo Lima, de acordo com
seus próprios interesses e visões para a Vira.
Discordo das prioridades da Vira. Optaria por realizar trabalho mais focado e com menos
grupos de jovens, para que se pudesse ter uma ação mais efetiva e atenciosa.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Não existem indicadores de verificação dos conselhos, pois, não existe uma sistematização
para isso. A Vira verifica o “impacto social” de suas práticas por meio das matérias
publicadas, basicamente. Quando de interesse (imediato) da organização (Vira) são feitos
contatos com pessoas responsáveis pelos conselhos, muitas vezes funcionárias das
organizações responsáveis pelos conselhos, para alguma ação pontual, como para produzir
algum material específico. Normalmente, depois de obtido o resultado, informação ou produto
de interesse da Vira, não é feita uma continuidade ou retorno dessas ações junto aos
conselhos. Não raramente dentro desse processo os (vira)jovens atuam apenas como
executores das ações.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
172
desenvolvidos ela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo
Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens
(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal
desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E
na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?
O vínculo “educomunicador/educomunicando” é parte do processo educomunicativo. Se ele
faz parte ele não pode interferir. Porém ele pode se refletir de forma negativa ou prejudicial
para o “educomunicando” se o educomunicador for despreparado e/ou não tiver um suporte
técnico, pedagógico da instituição (Viração).
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
Um adolescente pode participar de um conselho sem escrever uma linha. O controle da
participação fica por conta de cada entidade. E como a supervisão (responsabilidade) da Vira
tem como objetivo, basicamente, tentar que as matérias sejam entregues no prazo, cada
conselho faz o que quiser com quantos jovens puder. Basicamente, a pessoa responsável pelo
contato com os conselhos é pressionada para que a matéria saia, esse responsável pressiona a
pessoa responsável pelo conselho, o mediador ou alguém da organização parceira, para que a
matéria saia. Se por algum motivo a matéria não for produzida parte-se para outras opções
emergenciais: O mediador procura outra pessoa para fazer a matéria; o mediador escreve a
matéria; a matéria passada para outro conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da
própria revista escreve a matéria, as vazes com apoio (pro-forma) de um jovem, ou sozinho
mesmo. Tudo isso em prazos pra lá de vencidos. Essa situação pode ou não mudar, depende
do interesse político e financeiro da diretoria da Viração. Eu penso que vai continuar nessa
bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro” forte (cheio da grana) defina que isso é a
principal prioridade.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?
Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?
Se cumprir acordos, compromissos e contratos fazem parte dos preceitos educomunicativos como penso que devem ser - os moldes operacionais de produção da revista e do portal que,
em teoria, levam em conta esses fatores bem como a situação particular de cada conselho não
são impecilhos para o desenvolvimento do processo. É preciso realizar contratos
(prioritariamente escritos) que efetivamente levem em conta a situação das partes (Viração,
Organização parceira, jovens) e a capacidade de cada um de cumpri-los. Considerando isso, o
descumprimento dos acordos só deve acontecer em último caso e mesmo assim muito bem
marcado e registrado.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Já respondi nas outras perguntas.
173
A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por
decisões de ordem administrativa? De que maneira?
Já respondi nas outras perguntas.
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais
momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Minhas práticas como virajovem foram importantes para minha formação pessoal e
profissional. Encaro como uma fase de aprendizagem, onde aprendi muito sobre educação,
relacionamentos humanos, comunicação, educomunicação e como funciona o mundo e as
relações de poder.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Não tenho acompanhado a Viração nessa etapa “pós Paulo Lima”. Sendo assim: Paulo Lima
sempre foi o DONO da Viração. Relação que muitos outros empreendedores tem com seus
empreendimentos. Enquanto existir uma idolatria ao Paulo Lima e ele se colocar na posição
de indispensável (mesmo que não admitindo isso) para a Vira não vai existir autogestão na
Viração. Buscar autogestão e tentar manter essa idolatria é um contra-senso (mais um pra lista
da Viração) principalmente em se tratando de uma organização que se pretende ser
incentivadora da autonomia e de uma transformação positiva para jovens.
Mas nada disso é novidade. E chovendo no molhado (de novo), só não vê isso quem não quer
ou quem se beneficia com essa situação.
174
Existe uma gestãodas práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
Acredito queexiste a busca por uma gestão democrática e participativa, ou
seja,educomunicativa. Como é algo que não aprendemos e estamos co-criando,
existemescorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o compromisso claroem
viver uma gestão educomunicativa.
- no momento, porestar mais distante não sei como está sendo feito. O que conheço é que tem
a diretoria que acompanha, a direçãoexecutiva, a coordenação dos projetos e as equipes dos
projetos. Menos que umaherarquia essas funções atuam como responsabilidades diferentes
que secomplementam.
Quais são asfunções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?
Existemindicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Manter opropósito, missão e valores da Vira. Cuidar da equipe. Avaliar parcerias emedir
resultados. Avaliação dos peojetos. Na Pcu e no JM, por exemplo, tínhamosalguns materiais
de avaliação durante e após as formações. Os indicadores sãomais qualitativos do que
quantitativos ( apesar de hoje termos mediçãoquantitativa também – ver material PCU com
Vânia). Acredito que são seguros.Uma avaliação externa seria interessante. Não temos isso.
A proposta deprodução de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação?
Acho que nomomento os projetos ganham mais energia na Vira do que a produção de
conteúdo.Acredito que merece mais destaque e cuidados. Acho que já éfeito. Tem jovens que
escrevem que não fazem parte dos conselhos. Mas osconslehos são o cerne. Não consigo ver
desvinculado. Não vejo o Movimento comouma desvinculação. Um consleho editorial jovem
é importante para ter unidade,coerência com a missão, propósti, valores da Vira. Mas um
movimento de jovens émais amplo e têm ações para além da revista que precisam ser
valorizadas eestimuladas. Revista abarca e podecontinuar abarcando tudo que é feito....mas
coisas mais amplas podem ser feitasalém da revista. Transformações sociais incisivs no dia a
dia dos jovens que arevista pode mostrar, contar histórias, conectar.
Um adolescentepode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
Acredito que sim.Não sei como está este ponto.
175
Os moldesoperacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
Sim.
Você pode apontarfragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Êxitos: conversade igual para igual. Construção coletiva. Espaço para criatividade. Produção
dematerial e projetos consistentes com impacto no dia a dia das pessoas. Ações devanguarda.
Viver, experiênciar o que se fala.
Fragilidades:pouco foco e investimento na equipe que cuida da revista. Centralização em
SP.Dificuldade de financiar a parte administrativa e a revista. Muita coisa parase fazer, pouca
equipe = pouco tempo para olhar, refletir, conversar...
O que a figura dePaulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
O criador de toda esta maravilhosa loucura e incentivadorpermanente. Tranquila. Autogestão
significa cada um gestiona a si próprio? Comoa ONG se autogestionaria sem uma pessoa ou
várias? Esta pergunta está confusapara mim. Se significa sem a presença do Paulo, acredito
que sim pq isso jáesta acontecendo..agora precisa de pessoas responsáveis e comprometidas
com opropósito, missão e valores da Vira para gerir...além de rsponsáveis por si próprias.
Para que exista uma auto-gestçao de cadapessoa/integrante/colaborador da Vira e uma gestão
educomunicativa as pessoasprecisam se trabalhar e mudar suas culturas de parternalismo, de
esperar ordense isso tem a ver com um trabalho profundo de cada integrante da ONG – que
circulam– acho que esse é um ponto chave que precisa de atenção. Como as pessoas vão
seauto-gerir se nunca fizeram isso, se por mais que concordam com os conceitos,
nãovivenciam isso no dia a dia? Para ser uma gestão compartilhada é necessárioaprender a
compartilhar, a se responsabilizar, a se conhecer e isso é umtrabalho – repito: profundo- para
cada ser humano. Como a Vira garante isso?
176
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Sim. Na verdade a gestão das praticas educomunicativas da Viração é feita por todos
integrantes dos determinados processos. Um exemplo. Se estamos em uma reunião de equipe,
a qual era realizada mensalmente no periodo em que trabalhei na Viração, todos que
participavam daquela reuniao eram responsavel por gerir educomunicativamente aquele
momento. Mesmo em questoes ligadas aos recursos financeiros, ou ao espaço fisico, por
exemplo, a gestão era feita de forma educomunicativa. A comunicação era dialogica e por se
tratar de um ecossistema comunicativo, todos ali tinha papel fundamental, seja na questao de
levantar os problemas ou até mesmo na realização de comentarios construtivos. Faço questão
de ressaltar este exmplo para mostrar que as praticas educomunicativas na Viraçao nao se
restringem ao trabalho realizado diretamente com os jovens. Essa gestao educomunicativa
desempenhada por todos aqueles que integram aquele ecossistema comunicativo da uma
segurança na realização das mais diversas actividades. No entanto, é preciso ponderar, que
como estamos inseridos em uma sociedade que nao esta acostumada com este tipo de modelo
de gestao, os processos podem levar mais tempo que o normal, muitos questionamentos
surgem, pois ha muita participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis.
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Sabe que talvez ao ter respondido a primeira questao sem ter lido esta segunda, agora me
recordo da existencia de toda uma diretoria e coordenação, no entanto, por ter vivenciado
processos extremamente participativos, sempre acreditei que a gestao da Viração é sim feita
por todos os integrantes daquele ecossistema comunicativo. No entanto, acredito ser
importante existir essa equipe composta por pessoas que nao necessariamente estao no dia-adia para contribuir com uma visao do todo. Vou destacar o exemplo do educomunicador. Por
exemplo, eu atuava diretamente com a iniciativa Plataforma dos Centros Urbanos, o
envolvimento com o trabalho formativo daqueles jovens e toda a atuaçao direta com as
comunidades por muitas vezes me fazia me distrair do todo. Muitas vezes olhava ao meu
redor e via inumeras reunioes as quais nao fazia ideia da tematica que estava sendo abordada.
Nesse sentido, a equipe de gestao faz-se fundamental para garantir a integraçao entre todos
que integram aquele ecossistema. Mas é muito importante destacar que na Viraçao nao havia
hierarquia de cargos, mas sim pessoas que ocupavam diferentes funçoes que se completavam
no todo. Prova disso na pratica é que qualquer integrante da equipe era muito bem preparado
e tinha total aval para falar em nome da Viraçao Educomunicaçao. Seja em uma reuniao com
o Prefeito, seja em uma roda de jovens.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Eu estou distante da Viração ha exatos seis meses. E muito gratificante ler nas redes sociais os
diferentes depoimentos de jovens que agradecem a Viraçao e seus projetos por terem "aberto"
seu olhar para um outro mundo, para o olhar ao proximo. Este tipo de depoimento é comum
em se obter dos diferentes jovens, de diferentes culturas, que participaram de diferentes
projetos educomunicativos da Viraçao. Essa unanimidade de resultados encontrada nos
depoimentos de centenas de jovem para mim é o indicador mais forte. Muitos destes jovens
177
que viviam em situaçao de extrema vulnerabilidade social, hoje ingressaram em uma
universidade, ou estao empregados e ate envolvidos em diferentes iniciativas do Movimento
Social. Em vez de somarem pontos para as estatisticas de deliquencia, crime, contribuem
diretamente para a melhoria da qualidade de vida de muitos outras crianças, jovens e pessoas
das suas comunidade. Porém, ha muitos outros indicadores. Por exemplo, a credibilidade da
Viraçao junto aos espaços de participaçao politica. As conferencias, os eventos do Governo,
da Sociedade Civil, sempre a Viraçao é apontada e convidada como referencia. Mas nao
poderia deixar de destacar que esses resultados tem relaçao direta com a coerencia teorica
adotada pela Viraçao. E justamente esse embasamento que da segurança para que o
ecossistema comunicativo da Viraçao se mantenha ativo e produtivo nas suas mais diferentes
formas de existencia.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação
enquanto educomunicador?
Vou ressaltar novamente. Se estou afirmando que a Viraçao é um ecossistema comunicativo e
que existe sim uma gestao educomunicativa de todas as suas praticas educomunicativas, nao é
possivel mensurar um grau de importancia. Obviamente que no dia-a-dia, se eu educomunicador - estou envolvido com um projeto comunitario, talvez eu possa estar um
pouco distante do processo de producao da Revista. Mas de forma alguma ha um grau de
importancia, pois na verdade, o Movimento de Adolescentes Comunicadores inclui todos.
Aqueles que estao desenvolvendo a comunicaçao comunitaria nos mais diferentes cantos do
Brasil, aqueles que produzem textos para a Revista, aqueles que em sua rua estao integrando
outros jovens em diferentes inicitivas. Aproveito para destacar que é preciso cuidado ao se
usar o termo grau de importancia. Se estamos de fato trabalhando com o conceito de
ecossistema comunicativo, 'apostando' em uma comunicaçao dialogica, todos do todo sao
fundamentais. Defendo que a Revista é a cara, o corpo e a alma da Viraçao Educomunicaçao.
Assim como o Jornal Mural também, assim como as diferentes "oficinas de um dia". O
despertar dos jovens a partir dos processos educomunicativos da Viraçao é o mesmo. E esse
despertar, quando o direito à comunicaçao é garantido, que consiste na vida do Movimento
de Adolescentes Comunicadores.
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
Sim. Pois da mesma forma que um adolescente pode integrar o ambito politico. Um outro
jovem pode integrar apenas o proceso produtivo. O importante é que todos tenham a
consciencia do todo, porem, na minha opiniao, é preciso respeitar as vontades e habilidades
de todos. Por isso que a proposta consiste na criaçao de um Conselho e nao de um
Educomunicador por Estado. No periodo que estive na Viraçao eu pude presenciar que em
alguns Estados alguns jovens centralizavam o processo de trabalho do Conselho. Neste casos,
esse envolvimento grande é muito rico, mas para potencializar esse trabalho, a Viraçao
178
precisa investir em formaçao em Educomunicaçao para tornar esses jovens aptos a realizarem
uma mediaçao dos Conselhos, a priorizar a busca de mais jovens para integrar todo esse rico
processo. Mostrar a eles que assim como a Viraçao a partir da educomunicaçao despertou
neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicaçao para um numero
maior de jovens.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
O molde operacional nao é o problema, mas sim a sobrecarga de alguns membros da equipe
ou até mesmo pressao por prazo ou distancia geografica sao fatores que influenciavam o
processo produtivo, nao era tao qualitativo. Mas volto a dizer que se estamoa falando de um
ecossistema comunicativo, nao é apenas o processo operacional. Mas sim o simples fato de o
jovem do Conselho esta bem formado para mediar processos educomunicativos e garantir a
participaçao de um grupo de jovens na produçao dos conteudos ja resolvesse o problema.
Quando eu digo sobrecarga de alguns membros da equipe me refiro a processos como:
imagine o jovem nao consegiu formar ul grupo para produzir a materia, ele tem de trabalhar,
estudar e o pessoal da Viraçao em Sao Paulo reservou duas paginas para a historia deste
determinado Estado. Caso o processo falhe, o menino vai se pressionar para escrever sozinho
e mandar a noticia. Ou Sao Paulo pode dizer que se nao é educomunicativo nao ha
necessidade desta pressao e esforço. Porem, havera uma corrida para o preenchimento das
duas paginas. Isso dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo
de jovens bem mediado localmente. Sei que sao diversos os fatores que impactam no processo
produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formaçao em educomunicaçao é fundamental
para o bom funcionamento dos conselhos.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Fragilidades. Sobrecarga de tarefas e falta de espaços para a troca de experiencia coletiva com
enfase na Educomunicaçao. Todos querem participar das inumeras atividades, mas pelo
menos na epoca que eu estive por la, viviamos o desafio de participar das atividades dos
projetos que estavamos envolvidos, mas nao restava tempo para acompanhar as outras
iniciativas. E quando digo esse espaço para a troca de experiencia. Digo isso com um tom de
criar um grupo de estudos voltados para a educomunicaçao. Essa ideia ja foi colocada em
pratica, mas nao com frequencia, entao as vezes me via refletindo sobre um processo quando
talvez a Lilian Romao teria experiencia semelhante com a Ciranda para compartilhar, da
mesma forma que a Elis com o abrigo. Nao sei, trago esses exemplos porque quando
tinhamos as reunioes de equipe essa troca era muito rica, mas nao havia tempo para
aprofundamento.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
A figura do Paulo Lima é fundamental porque ele é o educomunicador referencia o qual
sempre priorizou a gestao educomunicativa da Viraçao. O que incluia esse olhar em todos os
processos desde o administraivo ate às atividades com jovens. O afastamento so foi
179
presencial, pois Paulo esteve sempre muito presente em todas as tomadas de decisao e a
estrtutura de autogestao so veio a somar nos esforços desta aposta no ecossistema
comunicativo como gestor de seu todo. Agora o que é muito importante garantir que as
decisoes tomadas pela equipe de gestao sempre sejam claras e cheguem a todos da equipe
para garantir a participaçao de todos.
A equipe de educomunicadores tem suas atividades afetadas por decisões de ordem
administrativa? De que maneira?
Sim, pois se ha uma necessidade de corte de custo as atividades sao afetadas, porem, o grande
diferencial da Viraçao é que mesmo nesses momentos mais dificieis as principais decisoes
contavam com a participaçao de todos. Logico que haviam alguns conflitos no dia a dia, pois
por se tratar de uma estrutura tao complexas, as vezes um educomunicador estava fora em
atividade e quando voltava tinha acesso a alguma informaçao com a qual nao teve
oportunidade de participar. Porem eram casos raros e completamente compreensiveis devido a
complexidade e grande numero de atividades.
180
Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se
sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por
tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por
quais você
primaria?
Falando a respeito do Núcleo da Revista Viração em Natal, que existe desde 2007, mas cujo
grupo atual está trabalhando desde 2010 (já passaram vários grupos diferentes pelo núcleo), é
difícil se falar em uma "gestão das práticas educomunicativas". Eu costumo chamar de
"dinâmicas" do Núcleo que estão abertas a todos os participantes, de maneira a estimular a
participação e a apropriação de cada membro dos processos, informações e decisões do
Núcleo. Atualmente temos três "dinâmicas", a do nosso projeto de educomunicação, o grupo
de Comunicadores e Comunicadores Adolescentes e Jovens da Vila de Ponta Negra (RN), a
organização do I ENFORMAE e a dinâmica de produção de matérias para a revista.
Contextualizando, eu coordeno o Núcleo desde 2009. A partir desse período é que as
informações e decisões passaram a acontecer de forma aberta e transparente para todos. Antes
o Núcleo era ligado à uma Ong, na qual havia uma jornalista responsável e um outro
jornalista que realizava reuniões com o grupo. O que acontecia é que nós não sabíamos nem
recebíamos informações claras sobre o que era a Viração, nem como acontecia, nem o que
estava acontecendo. Atualmente, apesar de eu ser considerado o viramidiador, todos recebem
todas as informações, sejam os e-mails dos viramidiadores, sejam os e-mails da Articulação
Viração Nordeste, seja qualquer outra informação, todos são convidados a participar de todos
os chats e discussões. Dessa maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa
do Núcleo, o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o
pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente exigido por
mim, o que torna tudo um tanto cansativo. Mas, vamos tentando aumentar a iniciativa e a
proativiadde de cada um das mais variadas formas...
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Dentro da equipe não nos dividimos em funções. A priori, todos estão aptos a desenvolverem
todas as funções e o que fazemos é dividir tarefas para cada membro para cada atividade ou
dinâmica. Então, se temos uma pauta, fazemos uma reunião onde dividimos a pauta em
tarefas para cada um, etc. Tudo que é preciso, tentamos distribuir da melhor maneira em
reuniões, o que nem sempre dá certo porque o índice de participação nas reuniões nem sempre
é o esperado ou o necessário. Quanto às prioridades, elas variam conforme as circunstâncias.
Por exemplo, atualmente nossa prioridade número 1 é o ENFORMAE e a número 2 é o Vir-aVila, ou seja, estamos dando um tempo na produção de matérias, porque não temos perna
suficiente para fazer tudo ao mesmo tempo. De maneira geral, em termos de gestão, a
prioridade é promover a maior participação possível de todos os membros, para que as
decisões sejam o mais compartilhadas possível e a percepção do todo e do contexto da
Viração aconteça, de modo que todos entendam quem somos e o que fazemos, para que
possamos pensar o que queremos a cada dia, os novos planos, projetos, etc.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem
verifica o impacto social de suas práticas?
181
Bem, um dos indicadores é a mensuração da nossa participação em nível nacional, em relação
à rede dos núcleos da Viração. Em 2009 até o primeiro semestre, o nosso núcleo era o de
maior produção e participação, perdendo apenas para São Paulo. Esse ano, produzimos 6
matérias, sendo 2 delas matérias de capa, ou seja, maiores e mais complexas, e estamos na
pauta da capa da edição de junho e com mais outra pauta nessa edição, somando 8 matérias ao
total. Acredito que esse é um número bastante elevado, considerando a média de participação
dos demais núcleos. Além do mais, estamos encabeçando, juntamente com a Viração do
Alagoas e do Ceará, a construção do I Encontro Regional da Viração, a partir de uma
iniciativa nossa de mobilizar os núcleos do NE no último Encontro Nacional dos Virajovens e
criar uma rede regional que hoje chamamos de Articulação Viração Nordeste. E, para não
falar que tudo são flores, nesse final de semestre estamos sofrendo novamente (porque em
2009 tivemos esse mesmo problema) sérias dificuldades com evasão do grupo, pois muitos
participantes acabam se sobrecarregando com outras atividades e deixando a Viração em
segundo plano, o que deixa o grupo muito enfraquecido.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades
desenvolvidas pelo Virajovem?
Então, como afirmei anteriormente, nesse momento específico, a produção de matérias não é
nossa prioridade por estarmos direcionando esforços para a organização do Encontro, que
exige muito trabalho e esforço. Mas, de modo geral, nós somos muito participativos, tanto no
chat, com proposição de pautas, produção de matérias, sugestão para capas, chamadas, etc.
Inclusive, já participamos de algumas pautas em parceria com outros estados. Esse trabalho,
no entando, das pautas colaborativas entre vários estados, ainda precisa ser aperfeiçoado de
maneira geral da Viração, pois é frequente acontecer de estados que estão em uma pauta
sumirem, não atenderem telefone, responderem e-mail, nada, e a parte deles na pauta furar e
isso gerar um estresse dos demais. Mas, certamente essa é uma situação que todos os dias o
coletivo de todos os núcleos e a Redação tentam resolver e melhorar. Inclusive, a iniciativa de
articular as regiões visa o fortalecimento de todos os núcleos, de modo que a rede cresça a
partir do apoio mútuo entre os estados próximos uns dos outros.
Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de
atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de
conteúdo para a revista e o portal?
Poder, pode tudo, não temos nenhuma restrição para nada. Mas, na nossa situação específica,
me parece difícil isso acontecer. Eu vejo a produção das matérias e a participação na revista,
ou produções comunicativas de forma geral como a porta de entrada para a Viração, como o
lado mais atraente e chamativo, a partir do qual, o adolescente e jovem vai se integrando com
as dinâmicas, percebendo as outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e
processos. Por exemplo, no nosso Núcleo temos o grupo principal, formado por
universitários, que responsável pela gestão das atividades como um todo, e temos o grupo
recém formado do Vir-a-Vila, composto principalmente por adolescentes entre 11 e 15 anos.
Esse grupo não está inserido na dinâmica de produção da revista. No grupo realizamos
reuniões semanais com oficinas de produção das diversas mídias, zine, jornal, blog, rádio,
vídeo, de modo que eles produzam conteúdos os mais diversos, de acordo com os interesses
deles e assim criem formas de comunicação alternativa no bairro em que estão. Com o tempo
é que veremos se eles terão interesse de integrar o Núcleo mais amplo da Viração Natal.
182
Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal
(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na
sua opinião?
Acredito que da maneira que acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a
publicação da revista impressa e os demais projetos da Viração atualmente, com uma equipe
fixa em São Paulo, a Redação, que, em última instância, segura a peteca de todo o resto. Isso
porque São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem, ou seja, eles tem uma sede, um
pessoal qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos
outros estados ou são organizações que direcionam parte de suas esforços (em geral uma parte
pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem nenhuma estrutura ou
apoio mas que mesmo assim fazer o núcleo da Viração acontecer, como é o nosso caso no
RN. Então, o que se busca ano a ano e isso foi um ponto muito forte no último encontro
nacional é pensar formas de fortalecer os núcleos em cada estado para aumentar a
participação e a partir daí se compartilhar a responsabilidade de forma mais horizontal. Uma
das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos núcleos, pois há muitos custos
envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada participante. Por exemplo, aqui
todos os custos de telefone, transporte, tempo dispendido com o núcleo, é pago do nosso
bolso e não temos nenhum retorno e isso é muito prejudicial para a continuação da equipe,
pois os membros precisam descobrir formas de se sustentar e acabam não tendo tempo para a
Viração.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Como já apontei em algumas outras respostas, as fragilidades fundamentais são a mobilização
dos grupos nos estados e a sustentabilidade dos núcleos. Isso leva à diversas desarticulações e
dificuldades em todas as iniciativas e processos, pois muitos sujeitos importantes acabam se
ausentando por diversas razões ligadas a essas fragilidades. Quanto aos êxitos, eu acredito que
é conseguir realizar tudo o que a Viração realiza, seus avanços, os novos projetos, os êxitos de
cada núcleo nos estados, apesar dessas fragilidades. A Viração consegue ser um sujeito
importante e marcante como movimento social em âmbito nacional, tendo reconhecimento da
Conjuve, Unicef e diversas outras instituições nacionais e internacionais, além de se destacar
em diversos estados também.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?
Eu tive a oportunidade de conhecer Paulo Lima em 2008, no Encontro Nacional que houve
em Brasília. Acredito que possa essa razão, ele tenha um significado de alguém que provou
que é possível realizar aquilo que acreditamos se tivermos desejo (tesão, nos termos de
Paulo), persistência e trabalho. No caso dos demais participantes do núcleo, que não o
conhecem, não posso dizer o mesmo. Quanto ao afastamento presencial, eu não vejo isso
como um problema, pois acredito que a equipe que garante a operacionalização de tudo não
depende exclusivamente de Paulo, nem de Lilian, da Direção como um todo, pelo menos é
essa imagem que me chega. Nós temos mais contato com Bruno (que está substituindo
Rafael), Eric, Sâmia, Douglas, que são responsáveis pelos processos gerais.
Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da
Viração? De que maneira?
183
Não consigo me lembrar de nenhuma situação em que tenhamos sido "afetados" por alguma
decisão administrativa, além da questão dos deadlines, dos prazos a serem cumpridos, dos
Encontros Nacionais que demandam dos estados quem serão os participantes, coisas assim...
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais
momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Bem, individualmente falando, a Viração me dá uma percepção de que a mídia alternativa,
colaborativa, organizada em rede, tem uma amplitude muito maior do que eu jamais poderia
conceber se não tivesse contato com a Vira, o que, para mim, enquanto (edu)comunicador
(futuro jornalista formado) é algo muito importante, pois me permite sonhar com uma
comunicação diferente aqui e agora, como algo possível, concreto e já acontecendo. Além
disso, essa articulação nacional que existe engrandece os nossos braços, pois dentro da rede,
as possibilidades de ação são muito maiores. Exemplo disso são os muitos contatos em todos
os estados que temos acesso graças a Vira, como exemplo, o caso do prof. Ismar Soares,
coordenador do NEC-USP, que virá pra Natal pro ENFORMAE graças à parceria da ECAUSP com a Viração. E, toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais
variadas origens, jeitos, formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois
é uma experiência muito rica. E tudo isso eu tento passar para os demais participantes do
Núcleo, mostrando para eles que a comunicação que fazemos se estende muito além dos
muros de nossa cidade e estado, que ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de
que estamos conectados com uma quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e
sonham o mesmo que nós e que estamos juntos.
184
1º) Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)?
Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável
por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,
por quais você primaria?
R= Em relaçaõ ao nosso conselho, naõ temos um profissional que nós oriente, que nós ensine,
somosss nós mesmos...
2) Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
R= As prioridades da equipe viração estão relacionadas á construção de processos de decisão
democratico e colaborativo, com a participação de toda a equipe. E todo incio do ano é
realizado o planejamento anual, onde se define em conjunto os rumos e as açoes a serem
implementadas.
3) Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas
dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada
Virajovem verifica o impacto social de suas práticas?
R= O nosso coselho sempre se reune todo final de semana, para fazer uma pequena avaliação
sobre as nossas atividades.Contamos as cartas que recebemos, os convites para participar das
reuniões e vemos quem poderá ir, telefonemas, fazemos pesquizas, enquetes, enfim...
4º) A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos
adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a
outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?
R= Ocupa um grau bem elevado para o nosso conselho. O conselho se empenha bastante para
colaborar com á vira em relação as matérias é á onde todos nós se unimos para fazemos á
matéria.
5º) Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de
atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de
conteúdo para a revista e o portal?
R= Na minha opinião o jovem tem que participar de tudo que é importante em relação a ele,
tanto politicamente ou em mobilizações. Ele tem que está por dentro de tudo o que acontece
pois á informação é muito importante.
6º) Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal
(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na
sua opinião?
R= Concordamos!!! Prá mim está bom. Agora em relação aos chats que acontecem para falar
sobre as matérias onde é divido as seções, essa não participamos por causa do horário é que
nessa hora estou no trabalho e os adolescentes nas escolas. Mas, depois se reunimos para ver
o e-mail prá ver o que foi falado e como ficou divido as seções, sempre damos o jeito de ficar
por dentro do acontece.
185
7º) Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a
dia da Viração? Se sim, quais?
R= Talvez nas mudanças de profissionais da Ong.
8º) O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o
afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto
à ONG?
R= Prá mim em particular é a minha fonte de inspiração! Ele á peça chave da Ong, uma figura
muito importante, o fundador, um sonhador, lutador, enfim... A pessoa que fez á vira virar
realidade, que viu o seu sonho tornar real. E junto com ele surgiram pessoas que acreditaram
nele e assim surgindo as sementes da viração se espalhnado pelo Brasil, vidas que se
encontram, caminhos que se cruzam, com uma missão, com o mesmo objetivo de mudar
alguma coisa, quem sabe o mundo! Como vivemos no mundo cheio de tecnologias não vejo o
Paulo Lima afastado ele sempre está por perto e por dentro de tudo o que acontece graças á
esse grande meio de comunicação que é a internet. Ele sempre está nós ensinando e assim ele
também está aprendendo muito, pois somos eternos aprendizes, vivendo e aprendendo.
9º) Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da
Viração? De que maneira?
R= Não os nossos virajovens daqui não tem suas atividades afetadas. Digo em relação ao
nosso conselho aqui, agora de um modo geral não sei dizer.As nossas atividades são bem
divididas, assim todos podem participar.
10º) Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em
quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
R= Quando recebemos cartas, convintes para particpar de reuniões importantes em relação
aos mesmos, ai o pessoal pedem que a gente particpe, digamos prá fazer uma pequena
cobertura, uma matéria para divugarmos no nosso programa de rádio. Ficamos alegres quando
eles nós procuram especialmente os adloescentes e os jovens! E á minha reflexão sobre isso é
que aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando bem
devagar. É o que costumo dizer quando estou com eles, temos muito que fazer e caminhar. O
importante é não deixar de dar pequenos passos, basta acreditar em seus sonhos e lutar para
que o mesmo se torne realidade. Pois sozinha não pode se mudar nada, deixo de ser só, prá ser
um todo!!! Vocês são á minha força para continuar... Essa é a minha reflexão...
186
1. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos
pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são
eles? Se não, como cada Vira-jovem verifica o impacto social de suas
práticas?
Sim, o principal indicador e as participação na revista, outros são as atividades que os
vira-jovens participam junto os as secretarias do nosso município.
Ex:
representante
adolescente
do
selo
unicef
jovens protagonistas de oficina e articulação jovens no município.
e temos com os impactos sociais jovens mais articulados com as questões politicas voltada
para a juventude, jovens com opiniões formada, visando o melhor para a classe num todo.
2. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelo
adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância
em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?
Tem um grau muito importante, onde temos a oportunidade de mostra a todo o Brasil
e agora ao mundo que nos jovens do interior também temo opinião, uma visão de
mundo,
que
devemos
também
te
voz
e
voto.
já as outras atividades realizadas por nos também tem importância onde a visibilidade
já
e
menos
mas
não
menos
importante.
essa proposta de participação dos núcleos na revista e fundamental, onde e uma
maneira de que nos temos de fala para o mundo estamos aqui e participando, somos
jovens e queremos um mundo melhor
3. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o
afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua
atuação junto à ONG?
Representa um Sonhalista e idealizador de seus sonhos, um jovens de esperito que
acredita nos jovens, uma pessoa que tenho como espelho, que com as grandes
dificuldades encontradas nunca pensou em para, assim a figura do Paulo sempre vem
na minha cabeça nos momentos que acho que não vai dar mais, que penso em desistir,
ao pensar nele as minha forças ser fortalece e volta com todas as forças e começo a
lutar novamente. O afastamento do Paulo e sim sentida, mas e uma afastamento
relativo, pois sempre que ele poder esta lá nas redes sociais no email nos ajudando e
nos dando aquela força, Que nesse momentos me sinto cada vez mais presente na
viração, pelo fato do fundador da viração esta em contado com nos meros virajovens
de um cidadezinha do interior, percebo que tanto para ele quanto para os demais
diretores da viração, somo importante, isso nos motiva de uma maneira que não tem
como
explicar.
4. Os Vira-jovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem
administrativa da Viração? De que maneira?
Temos nossa atividades melhoradas por ajuda da administração. A administração da
viração esta sempre disposta a nos ajuda, nos atividades são desenvolvidas com mais
qualidade pelo fato deles estarem presente junto a nos em nossos movimentos. Agora
atividades afetadas de maneira negativa não têm a relata.
187
5. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em
quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Percebo quando jovens chega ate a mim e fala quero participa posso ?
deixa eu ser um vira-jovem? Parabéns estamos juntos com você!
São e vários momentos que os nosso resultados são visualizados, em reuniões e praça
publica, em eventos que participamos, em oportunidades de mostra nosso trabalho
para a sociedade.
Reflexão: os jovens podem muito basta ter uma oportunidade e um apoio moral, pois o apoio
financeiro coremos atrás todos juntos depois. Que podemos sim mudar o futuro, mas temos
que transforma o nosso presente. Temos uma força que ninguém conseguir explicar, SOMOS
JOVENS, voz , e que nos escuta, ser não nos escuta gritamos assim mesmo ate nos dar
atenção.
188
Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem
(Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as
prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe?
Sim existe, temos um grupo formado por jovens de diferentes escolas, entidades, ong‟s entre
outros que se reúnem quinzenalmente para discutir os rumos do conselho virajove do Acre,
matérias a serem escritas, bem como atividades regionais. Este grupo não tem função definida
a cada um, somente o Leonardo e a Victória que são os cordenadores do núcleo. A equipe é
formada por: Leonardo Nora, Victória Sales, Hanna Chystina, Everton Nogueira, Ramon
Castelo, Joedson Reis, Magliel de Moura e Raiclin Vasconcelos.
Você está
primaria?
de
acordo
com
tais
prioridades?
Se
não,
por
quais
você
Sim
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?
São de coordenação e planejamento estratégico das atividades a serem realizadas em certo
período, trabalhando conjuntamente com os virajovens de cada estado.
Você está
primaria?
de
acordo
com
tais
prioridades?
Se
não,
por
quais
você
Sim, até porque estas prioridades são tiradas em conjunto com os demais conselhos.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos
pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são
eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas
práticas?
Sim,esses levantamentos são feitos regionalmente após cada atividade realizada pelo
conselho, com reuniões ordinárias entre os membros, e também pelo encontro nacional da
viração.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos
adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância
em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem?
50%, pois estas matérias são de extrema relevância, mais outras atividades como cursos,
oficinas, palestras e fóruns também são importantes para o crescimento.
Um
adolescente
pode
integrar
o
Virajovem
apenas
politicamente,
participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se
comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal?
Sim, não devemos fechar e priorizar o grupo com apenas um enfoque, considerando que o
conselho deva realizar outras atividades.
189
Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do
portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não,
como deveria ser, na sua opinião?
Sim, deve-se ter prazos e metas a cumprir.
Você pode apontar fragilidades e êxitos
adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais?
na
gestão
dos
processos
Bom há vários êxitos e fragilidades, mais das quais não consigo identificar de perto pela não
contato pessoal com a gestão da viração.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o
afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de
sua atuação junto à ONG?
Paulo Lima foi o grande fundador, idealizador deste projeto, foi o cara de grande construção
da viração, não tivemos muito contato, pois logo que o Virajovem Acre foi criado ele teve de
ir para a Itália. Acho importante seu novo foco na vira, não seria bom o idealizador deixar de
participar de seu grande projeto, apesar d estar longe.
Os Virajovens têm suas atividades afetadas
administrativa da Viração? De que maneira?
por
decisões
de
ordem
Não, o conselho te total autonomia para fazer suas atividades, desde que sempre informe a
vira.
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem?
Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Quando os jovens passam a discutir e participar deste grande movimento, quando começam a
discutir essas mídias marrons que não trazem conteúdos interessantes aos jovens. Acho que
devemos sempre continuar conscientizando nossos jovens, pois somos o presente construindo
o futuro.
190
Existe uma gestão das práticaseducomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se
sim, como isso é feito? Quais sãoas funções e as prioridades da equipe responsável por
tal gestão?Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,por
quais você primaria?
Então, nós anualmente elaboramos um projeto para inscrição nosprojetos de extensão da
universidade. Independentemente de aprovação ou nãoeste projeto nos guia durante o ano. As
nossas prioridades são a realização de oficinas de educomunicação e produção de
conteúdopara a Vira. A equipe tem um número variável de componentes, mas quatro
sãoresponsáveis pro puxar as reuniões que são: Eu (Alan), Jhonathan, Avanny e
Roberta.Estou de acordo com nossas prioridades.
Quais são as funções e as prioridades da equipe degestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não,por quais você primaria?
Bom, como disse estou de acordo com nossas prioridades. Até porquenem teríamos tempo
para assumir outras.
Existem indicadores de avaliação que retratem osresultados obtidos pelas práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)?Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem
verifica oimpacto social de suas práticas?
Não existem indicadores. O que fazemos é discutir individualmentecom eles sobre a
influência do projeto em suas vidas.
A proposta de produção de conteúdo feita demaneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa quegrau de importância em relação a outras atividades
desenvolvidas peloVirajovem?
O mesmo grau. Compreendemos a participação dos adolescentes naVira tão importante
quanto a participação nas oficinas. Na verdade uma coisainfluencia a outra. Já que muitas
oficinas visam facilitar a produção deconteúdo para a Vira.
Um adolescente pode integrar o Virajovem apenaspoliticamente, participando de
atividades no âmbito damobilização, sem ter que se comprometer com a produção de
conteúdo para arevista e o portal?
Sim. Nós tentamos estimular essaparticipação, mas não como obrigação.
Você concorda com os moldes operacionais deprodução da revista e do portal
(cumprimento de pautas, prazos e outroscompromissos)? Se não, como deveria ser, na
sua opinião?
Concordo.Acho os chat um pouco tumultuado, mas não consigovisualizar outra opção.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestãodos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Olha, até o momento não.
191
O que a figura de Paulo Lima representa para você?Como você entende o afastamento
presencial do fundador da Viração e areconfiguração de sua atuação junto à ONG?
O Paulo é uma verdadeirareferência para nós. A Vira já é uma entidade consolidada. Paulo
percebeu issoe decidiu que podia se dedicar a outros projetos tão importantes quanto a
Vira.Acho bacana como mesmo afastado presencialmente ele sempre se faz presente
emmuitas discussões.
Os Virajovens têm suas atividades afetadas pordecisões de ordem administrativa da
Viração? De que maneira?
Não. Pelo menos não me lembro denada agora.
Como você percebe o resultado das suas práticasenquanto um virajovem?
Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
O nosso principal objetivo é o deestimular os jovens do projeto a perceber a mídia de maneira
mais crítica. Etambém que seja mais atuante em suas comunidades, que façam a diferença e
quese tornem multiplicadores desses valores. Quando vejo que aqueles jovens, noinício eram
tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seusdireitos é que me faz perceber que
estamos no caminho certo.
192
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe?
A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi se desenvolvendo
ao lado da educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem independência institucional,
houve a preocupação de fazer com que todos os espaços físicos e virtuais fossem parcialmente
auto-gestionados, no sentido de que não havia necessidade de formatar uma metodologia de
mediação engessada, imutável, mas que compreendesse as reais necessidades, inclusive do
processo de adaptação das ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos
e também administrativos. Quando então surge a proposta de idealizar um ambiente em que o
indivíduo é parte do todo, as pessoas que estão inseridas em seus diversos âmbito, assumem
funções de forma interdependente, e começa a ser formatada uma conduta institucional,
orientada por esses parâmetros, e por acordos coletivos abertos, questionáveis e aplicáveis aos
processos do dia-a-dia, como forma de garantir a imagem da instituição, seu caráter, suas
prioridades, interesses, realidade, necessidades e compromissos. A gestão por sí é parte deste
ambiente educomunicativo, mais que uma mera representação da realidade esperada para uma
organização, como geralmente é colocado por empresas e outras instrituições com
difeferentes métodos de gestão. As funções são definidas também em uma sistemática
construtivista, em que todas as metas aguardadas para o crescimento e manutenção do projeto,
são conservadas dentro de um planejamento institucional estratégico, desenvolvido em meio a
debates e apontamentos da equipe, a serem executados nas metas então estabelecidas.
Os planos de trabalho individuais são desenhados á partir desse macro planejamento, onde se
avalia o estabelecimento de novas práticas, tecnologias a serem implementadas, metologias a
serem estudadas, e novos caminhos a serem adotados pelo projeto durante a sua execução,
configurando-o como algo mutável, pungente... que sofre alterações e adaptações a todo
momento, e pelas mais variáveis razões. Basicamente entendemos equipe Viração, como o
conjunto de colaboradores, fixos ou esporádicos, voluntários, parceiros e profissionais mais
próximos, que atuam em diversos segmentos, e associados-fundadores, conselhos consultivo,
fiscal e diretoria. Em segundo vem uma estrutura maior, que é formada pelos jovens
participantes dos projetos da organização, que atuam local/globalmente, para mobilizar,
produzir conteúdo, estabelecer parcerias, garantir presença física da Viração em espaços
alternativos aos da redação, essencialmente colaborando com sua divulgação e difusão de seus
conceitos e práticas.
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Existem
indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração?
Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a
Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Tenho total liberdade para responder esse tópico de duas maneiras. Primeiro como um jovem,
que iniciou nesse processo aos 13 anos e meio de idade, e entre a Viração e outras iniciativas
ligadas á comunicação e educação, definiu o início da própria carreira profissional, dentro de
um ambiente ainda sem formato. Dez anos atrás, já hazia uma centena de iniciativas e práticas
educomunicativas, ainda não sistematizadas àquela época. Hoje com poucos cliques na
internet é possível encontrar informações compiladas, consistentes e reais, construídas e
assinadas por profissionais que estão na dianteira e também na retaguarda desses processos
em vários níveis de participação, que registram, personificam e significam a validez dessas
práticas como funcionais e efetivas dentro dos espaços educativos. Além desses profissionais,
dezenas de milhares de histórias de vida de pessoas como eu, podem ser facilmente
193
encontradas em qualquer um desses espaços. Histórias que contam realidades amplamente
pungentes. Que apresentam à sociedade, os diversos aspectos e âmbitos do relacionamento em
realidades diferentes, contrastando pontos de vista, ideias e objetivos, defronte á suas
realidades paupáveis, seus recursos humanos, financeiros, políticos, familiares, educacionais e
sociais. Como associado-fundador, membro da atual equipe e profissional de educomunicação
com passagens em vários projetos com grande alcance, posso observar uma característica
muito específica desses organismos. Há uma preocupação forte com a compreensão de quais
são os reais objetivos de uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de
quantificar e também qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que
invariavelmente de pessoas e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir
suas visões á partir de vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação,
partindo de sua própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um
relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura dogmática, onde
aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite envolver por ele, e faz leituras
precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas que lí, e com frequência ouço. Acho
lamentável que posturas corporativistas, mercadológicas, posicionamentos restritos e
estruturas de trabalho não questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da
funcionalidade dessas e de outras metodologias. São poucas as organizações que ousam em
quase tudo, como se propõe ousar a Viração, embora não consume o fato em sua totalidade.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes
Comunicadores, tal desvinculação?
A revista impressa, sempre foi considerada o “carro-chefe” da Viração. Apesar de exercer
uma força menos intensa que a implementação do conceito educomunicação como atividade
principal no dia-a-dia, ela está diretamente ligada ao funcionamento interdependente de outras
iniciativas locais, e possibilitam o intercâmbio cultural entre adolesdesnces e jovens.
Considero a proposta do Movimento uma ideia ampla, que viria significar os esforços,
sobretudo políticos e ideológicos, de adolescentes e jovens que estão inseridas nesse
ambiente. Já nasceram desse movimento, uma série de ações práticas, que são encaminhadas á
partir dos processos de produção compartilhada e participativa. Não restritos á intervenções
na parte mais técnica do jornalismo, onde a equipe orienta e coordena a participação dos
jovens de várias maneiras, mas também dando a eles a possibilidade de interagir com outros
jovens, de outras localidades, realidades, pontos de vista, opiniões e sensibilidade. Diante da
proposta de articular a juventude envolvida nesse processo direta e indiretamente, surge a
necessidade de seguir promovendo o empoderamento dela por meio da ampliação dos
conhecimentos e mais recentemente, utilizando uma das metodologias utilizadas pelos
educomunicadores da Viração, que chama-se educação entre pares. Imagino que o processo
de criação, produção, gestão e desenvolvimento de uma rede orgânica como essa precise ter
autonomia, para pautar suas agendas em paralelo às da própria Viração, uma vez que nós
representamos a voz dos jovens que estão articulados ao nosso redor. Entretanto essa rede só
vem crescendo de forma muito controlada, para garantir que a quantidade de participantes
e/ou quantidade de grupos, não sobreponha a qualidade do que será produzido. Se realmente
isso acontecer em algum momento, e a juventude brasileira se organizar diante de uma
necessidade de pautar políticamente, e participar das intervenções de todas as maneiras
possíveis. Ainda acredito que essa proposta tem muito o que mudar, se adaptar e desenvolver
novas iniciativas, que eventualmente substituam ou ao menos complementem a força que os
194
virajovens (núcleos) dão para a produção da revista e da Agência. Se essa configuração for
alterada, é necessário, de extrema importância ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão
muito otimista de grande parte das pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos
práticos, de maneira objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de
estarmos vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma
corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse movimento,
quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em todos os processos. Eu
calculo que a interferência e apontamento de fatores externos, como resultados paupáveis
necessários, e intermediação com outras redes e organizações, impute á Viração, praticamente
a obrigatoriedade de concentrar o máximo de energia para fazer a rede acontecer, mas não
desfrutar integralmente dela ao final das contas.
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
momento?
Sinto que isso é sempre pensado. Desde quando sequer tínhamos recursos suficientes para
executar os projetos mais básicos que tínhamos. Em diversos momentos, ainda quando
coordenador do conselho editorial jovem, primeiro nome que foi dado a esse grupo de
virajovens, nós percebíamos que alguns jovens tinham muita facilidade e disponibilidade de
estar nos lugares, e participar através da garantia de presença em momentos importantes.
Muitos desses jovens, apresentam interessantíssimos argumentos de contestação, na
particularidade de cada um, dentro do âmbito de seus conhecimentos, mas sem serem técnicos
ou metódicos... Mas trazendo á luz do debate, questionamentos simples, com palavras
compreensíveis à qualquer pessoa, de forma direta e objetiva, como poucos conseguem fazer.
Chamamos isso também de atuação política, mas que não necessariamente estão inseridos no
contexto político partidário
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos
educomunicativos?
Interferem sim. Mas não necessariamente de forma negativa. Entendemos que alguns
processos são necessários e acaba ficando fora do alcance mexer muito em algumas estruturas
como essa. O relacionamento com as empresas que atendem institucionalmente a Viração,
como prestadores de serviços, gráfica, transportes e tecnologias de web, por exemplo, devem
ter seu espaço criteriosamente respeitado e seus tempos compreendidos e adaptados aos
nossos processos. Como lidamos com várias frentes de trabalho diferentes, é necessário que a
gestão seja compartilhada e colegiada como é feito na Viração. Os integrantes da equipe
integram diversos momentos e com diferentes tipos de participação, sendo que todas as
decisões são disponibilizadas para acompanhamento e observação da equipe. Processo que
muitas vezes não funciona bem, pois algumas pessoas não estão plenamente ambientadas ao
trabalho em equipe e sob demanda, acompanhando com eficiencia discussões online e/ou não
tem pleno domínio de ferramentas eletrônicas de comunicação.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
195
Algumas decisões são compartilhadas com a equipe, porém, como citei antes, as pessoas não
dominam as ferramentas que temos. Então muitas vezes fica complicado contar com os
tempos limite para executar determinadas ações. Ocorre com frequencia, a resposta de emails
com muito atraso, e consequentemente o tempo perdido. Percebo que embora a Viração seja
uma organização disposta a lidar com as dificuldades do relacionamento coletivo de forma
dialógica, participativa, construtiva e integradora, ainda há determinados posicionamentos e
posturas que são conservadoras. Sob todos os aspectos. Isso é triste. Saber que a Viração seja
talvez a única organização não governamental, a se desenvolver em meio ao surgimento de
dois fenômenos chamados Geração X e Geração Y, cujos perfis exigem cada vez mais
autonomia, ousadia, liberdade, confiança, flexibilidade e integração, é realmente estranho.
Determinados aspectos que são verdadeiros exemplos de que é possível assumir outras
posturas mais abertas sem que seja instaurado o caos. Aos poucos percebe-se que muitas
definições são colocadas como necessidade, mas estão apoiadas no fato de que algumas
pessoas tem dinâmicas diferentes, tempos diferentes e participações no dia a dia, que também
são diferentes. Isso é bom e ruim. Bom pois eu acho que esse é o modelo em voga, e quem
não se atualizar vai ficar pra trás.
O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Paulo é aquele que não se pode chamar de gestor. Gestores são aqueles que garantem o
andamento dos processos estabelecidos, e buscam alternativas para sua manutenção enquanto
da execução. Mais que um gestor, Paulo é o empreendedor da Viração. Aquele que pensa,
cria, evoca, desenvolve, propõe e puxa a carroça do piano pra que a banda toque. Hoje com
um membro para cada área na equipe, a gestão ainda que por parte dos empreendedores se
torna simplificada. Desde que a gestão seja efetivamente compartilhada e todos os processos
mantenham-se no campo da transparência, sem decisões individuais, ainda que em função de
ganhar tempo... Não haveria justificativa para tal. Há muito observamos que a presença física
de Paulo Lima na equipe, trazia muita energia e fôlego que são fortes características dele. Mas
que em determinados momentos, os excessos de sua energia sufocavam algumas pessoas que
não conseguem acompanhá-lo. A reconfiguração permitiu que ele mudasse bastante por
conviver, inclusive, com a dificuldade de se relacionar com uma equipe inteira do outro lado
mundo, com outro outro fuso-horário, outra realidade e outras ideias. A ansiedade que havia
antes por ter todos os recursos ao alcance das mãos, fazia com que tudo se transformasse em
urgência, o que não procede.
196
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Vejo que a Viração como um todo tem como prioridade máxima a participação em nível
nacional de adolescentes e jovens de em suas práticas educomunicativas em diversificados
âmbitos, como: na elaboração de metodologias educomunicativas, revista, site, debates sobre
políticas públicas em diversas temáticas (ex: juventude, comunicação, meio ambiente, etc), e
eu concordo plenamente com essa prioridade. Acredito que essa equipe de gestão tem como
principais funções pensar na sustentabilidade da organização e para que os princípios e
valores da Viração sejam sempre preservados e utilizados no dia a dia da organização.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?
Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?
Sempre tive essa preocupação de que os prazos atrapalhassem o processo educomunicativo
dos produtos, mas vejo hoje em dia que isso não acontece. Os conselhos se comprometeram
com os prazos e o mais importante, que as pautas são feitas colaborativamente e pensadas
entre os próprios virajovens. Portanto, concordo com os moldes porque os virajovens
participam na construção dos mesmos tanto virtualmente pelo grupo de e-mail dos virajovens,
quanto presencialmente nos encontros nacionais.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Vejo que êxitos são muitos, mas os essenciais são: a vontade da equipe em todos os seus
níveis, de voluntários a diretoria. O segundo ponto seria a própria participação dos jovens e
adolescentes dos projetos e dos conselhos que acreditam no trabalho e prioridades da
organização. Já a questão de fragilidades acredito que as principais são: A rotatividade da
equipe por conta dos baixos salários e a estrutura de materiais de trabalho (ex: câmeras,
gravadores, etc).
A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por
decisões de ordem administrativa? De que maneira?
Na questão dos virajovens vejo que não tem tanta diferença, já a equipe é bem afetada por
perda de profissionais inesperadas, dificultando os processos cotidianos dos projetos da
organização. Não intendo essas perdas como de ordem administrativa, mas de possibilidades
financeiras da própria Viração.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Ele pra mim representa um tipico ser visionário e que acreditou, apostou na sua vontade de
transformação tirando essas coisas do mundo das ideias e colocando em prática. Acho que o
afastamento presencial não influi tanto no cotidiano, porque sempre estamos em contato por
e-mail e telefone, vejo que a atuação do Paulo continua bem presente e cuidadora como
197
sempre foi. Essa reconfiguração vejo também não tem grandes diferenças, o Paulo sempre
será importante para Viração na questão
da gestão, claro que ela se tornou mais compartilhada por conta da distância e da legalização
da organização, onde se configura uma nova forma de gestão, presidente, vice-presidente, etc.
198
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Acredito que as maiores funções sejam: fortalecer uma articulação nacional em movimentos
sociais para uma gestão democrática da comunicação no país com participação de jovens e
adolescentes, garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por
intermédio da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas
educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e utilizá-lo
para transformar realidades. Dentre estas primaria a articulação com outros movimentos
sociais para uma gestão democrática da comunicação com participação de jovens e
adolescentes, pois é ela que abre as portas para as demais.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem
verifica o impacto social de suas práticas?
Não há uma forma unificada realizada pelos conselhos de qualificar ou quantificar as práticas.
No Conselho Virajovem de São Paulo, por exemplo, nos anos de 2008 e 2009, foram
adotados questionários que eram aplicados para que fosse mapeada as práticas e seus efeitos.
Também nas reuniões do Conselho eram discutidas as ações para que se pudesse chegar a
algum consenso sobre as atividades e a qualidade delas.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo
Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens
(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal
desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E
na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos
adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância
em relação aos outros projetos. A revista é o “carro-chefe” da organização, o cartão de visitas,
o projeto mais antigo e com maior visibilidade e que dá visibilidade aos outros projetos. Não
é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os conselhos, o diferencial dessa
produção é exatamente este, esse processo feito por jovens e adolescentes. Entretanto, nem
todos os conselhos virajovens possuem interesse por essa ação. Não, essa não é a proposta do
Movimento, o Movimento quer fortalecer a participação politica e mobilização social, mas
sem desvincular-se da produção. Na medida que a produção de conteúdo e as ações de
mobilização acontecem de maneira desorganizada tende a prejudicar o educomunicador e o
colaborador que trabalha com a mediação de conteúdo. Quando feita de forma organizada,
não atrapalha como também potencializa ambas ações.
Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas
politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com
a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende
garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma
metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum
199
momento?
Acredito que o ideal é que os conselhos virajovens devessem fazer uma reflexão sobre suas
atividades. Após essa reflexão de caráter bem existencial, os conselhos deveriam se classificar
como conselhos de produção de matéria, conselhos de mobilização social ou conselhos
mistos. Sei que na teoria é característico dos conselhos fazerem as duas atividades e que elas
se complementam na execução de ambas, no entanto a realidade sentida é outra, os conselhos
possuem expertises e desejos e atividades completamente diferentes um dos outros, logo, eles
mais do que ninguém devem conhecer o próprio perfil. A partir deste mapeamento a
organização poderia ter em mãos grupos mais engajados em determinadas áreas por que não
precisam se comprometer com outras ações que não fazem parte do perfil do grupo. Isso não
proibiria de um conselho que atua apenas numa area atuasse na outra, entretanto daria maior
confortabilidade aos virajovens e maior confiabilidade da organização nos conselhos. No
entanto prefere-se manter a teoria de conselhos que façam ambas atividades. Existem grupos
que não fazem mais parte dos conselhos, mas a organização insisti em manter vínculos que
despedição tempo e esforços, a partir do momento em que se enxergue mais a realidade sem
uma pressão do ideal que deveria ser, os processos podem ser repensados pelos conselhos e
pela própria organização.
Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas,
prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos?
Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião?
Acredito que seja o contrário, os moldes das práticas educomunicativas atrapalham a
produção da revista e do portal. Por ser um movimento social as pessoas integram os
conselhos virajovens de forma voluntária e dispõe do tempo livre para produzir de forma
educomunicativa, o que quase sempre não é no mesmo tempo da produção dos meios
comunicativos. Acredito que os métodos educomunicativos precisam ser trabalhados com um
pouco mais de objetividade, precisam ser estipulados processos fixos que cada conselho deve
percorrer para garantir as práticas educomunicativas, mas também dentro dos prazos
necessários para a confecção do produtos. Mas para isso haveria de contar com um nível de
compromisso muito maior que muitos virajovens não conseguem disponibilizar.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
O ponto frágil é exatamente o maior êxito. O processo educomunicativo na Viração é feito de
forma muito orgânica, ao tentar explicar, entender ou modificar este processo surge
problemáticas de todos os tipos, pois fora da Viração se está acostumado com práticas,
hierarquias e processos internos muito mecânicos. O grande diferencial da Viração é essa
forma quase com vida própria que rege as relações e as práticas dentro da organização. Mas
até mesmo esse processo tão orgânico e tão sensitivo que dispensa modificações ou correções
fica muito aéreo, solto, sem um pulso firme, dando a sensação de que nada está sendo feito, o
que gera insegurança para quem o assisti. Este defeito também impera quando observamos
novos colaboradores integrando o quadro de funcionários, até eles se acostumarem com a
forma interna é uma sucessão de construções e remodelações de conceitos e ideias que nem
sempre é feita de forma pacifica.
A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por
decisões de ordem administrativa? De que maneira?
200
Sim, os educomunicadores e virajovens possuem suas atividades afetadas por decisões de
ordem administrativas com fundamentação politica. A Viração possui uma forte articulação
estabelecida com outras organizações de renome mundial e nacional, por isso, como toda e
qualquer sociedade regida por interesses, suas ações em alguns momentos se adequam às
expectativas de algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação
mais forte entre elas.
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais
momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Acredito que seja perceptível os resultados das práticas do virajovem em dois momentos, em
meio a alguma ação de mobilização em uma das reuniões do conselho onde o jovem e o
adolescente sente na pele a ação, e quando alguém que produziu uma matéria para a Revista
Viração segura a revista pronta em suas mãos e possui o orgulho de dizer que aquela
produção é de sua autoria. No entanto, para se chegar a esse resultado muitas vezes o caminho
é mais árduo e complicado do que o esperado. O que desmotiva não só o participante como
aquele que facilita o processo. Contudo, a sensação final de orgulho e realização compensa, é
uma sensação que não tem preço. As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas
na Viração possuem um poder transformador, recupera a dignidade, acentua o aprendizado da
língua portuguesa e de conhecimentos gerais e jornalísticos, e abre percepções de mundo que
provavelmente seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na
sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura
de autogestão?
Paulo Lima é uma figura muito forte, ele exerce muita influência sobre a equipe da Viração,
não só por ser o fundador como por ter exercido papel de liderança do projetos durante anos.
Além disso, ele é muito reconhecido no meio social pela sua experiência na área, tornando a
presença dele muito enriquecedora para quem trabalha diretamente com ele. Recentemente ele
se afastou presencialmente das atividades administrativas da organização, esse processo
garantiu a equipe integrante um aprendizado quanto às formas de organizar as práticas
cotidianas, de trabalhar a relação interpessoal dentro da instituição e também na questão da
autonomia do grupo. No entanto, ainda há uma forte presença dele, seja por telefone ou
tecnologias alternativas, logo, toda e qualquer decisão importante ainda passa por avaliação
dele. É compreensível pelo fato dele ter muita experiência no meio, e conhecer a organização
melhor do que ninguém, mas ele estando distante não possui o olhar interno de como o
cenário se desenha, logo, sua opinião ou decisões muitas vezes tornam se equivocadas ou fora
de contexto, dando a equipe local integrante da organização o trabalho de adequar a realidade
a opinião externa.
201
Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito?
Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa
equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Sim. Na "Vira" existe formal e consensualmente algumas instâncias de gestão. Existe aquela
formal no Estatuto que dá corpo a pessoa jurídica, existe o núcleo/equipe que trabalha naquilo
que podemos nomear de sede (compreendendo aqui que a Viração é mais do que o espaço da
ONG em São paulo e se estende por todo Brasil pela sensação de pertencimento que todos/as
tem), existe a mais ampla que seria a equipe e participantes dos núcleos virajovens por todo
país, e uma quarta que tem surgido mais recentemente que seriam os "facilitadores" (jovens
mais antigos nessa Rede que é a Vira, que são mais ativos nas questões políticas,etc). Neste
sentido, vejo que o grupo formal que assina a Viração Educomunicação tem essa função de
legitimar formalmente as coisas mesmo, nada mais. Já o segundo, a equipe, costuma gerir
mais os projetos, os recursos, executam a maioria das tarefas. A terceira, a Rede, costuma
tomar decisões mais políticas, e pontuais. Digo pontuais, não no sentido de menosprezar isso
por ser uma intervenção que ocorre menos vezes, mas por que a equipe costuma
pensar/debater/refinar as pautas antes de lançar alguns pontos, assim torna mais fácil essa
liberação e gestão. Até por que, não existem tantas possibilidades de executarmos as tarefas
com a mesma agilidade que a redação. Os facilitadores, como disse, tratam de questões mais
políticas, ou conduzem/facilitam uma ou outra discussão, tarefa. Estou de acordo com as
prioridades da Vira por que penso que, embora as falhas que eventualmente ocorre, o que a
Vira se propõe a fazer é muito maior que isso. Não é fácil gerir uma Rede tão grande e tão
densa, em que existem elementos institucionais, políticos e humanos envolvidos. Então você
estáludando tanto com o projeto político de mais de 20 organizações, como também está
lidando com pessoas que gostam de produzir e participar da Vira. E aí vem as motivações
pessoais, etc.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da
Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não,
como a Viração verifica o impacto social de suas práticas?
Certamente existem indicadores para os projetos da Vira, principalmente por que isso é
exigido por financiadores. Estes indicadores devem estar mais visíveis para a equipe em São
Paulo - SP. contudo, claramente consigo vislumbrar alguns, bem como os outros, porque esse
reconhecimento da importância desse espaço é algo que se repete nas falas em nossos
encontros presenciais. Vejamos, o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da
comunicação e organizações espalhados por mais de 20 Estados brasileiros; As produções
coletivas que surgem a partir desse envolvimento, no geral as matérias reúne mais de um
núcleo; a organização, intervenção e participação em eventos importantes na formulação de
políticas públicas em comunicação e juventudes... Enfim, muita coisa. Mas, e isso é uma dica,
seria interessante ver sistematizado todas as coisas que conseguimos fazer em formas
quantitativas e qualitativas, e isso a Vira ainda não consegue fazer.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos
desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo
Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens
(Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal
202
desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E
na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal?
Acho que para a Vira a produção para Revista e o Portal é a principal prioridade. Do
contrário, a Vira não seria o que é. Seria como qualquer outra organização que faz parte dessa
Rede de Virajovens, não que as nossas organizações sejam qualquer uma (hehe), mas essa
difusão pelo Brasil e a proposta colaborativa de produção é o grande e mais importante
desafio para Viração Educomunicação. Para os Virajovens, acho que a produção para revist e
o Portal é a mais importante, mais até que a parte política que acaba sendo transversal à essa
produção. Ocorre que, já para as organizações, não poderia afirmar que os Virajovens sejam
prioridade para elas - tomando como exemplo a BEMFAM de PE que saiu há pouco tempo
por desinteresse. É impossível desvincular a prática colaborativa dos conselhos, e torná-los
exclusivamente políticos, por exemplo. Neste sentido, a Rede de Virajovens e a Rede de
Adolescentes e JOvens Comunicadores/as são complementares. Veja, não é que a rede de
Virajovens não tenha uma atividade política. Tem, e como tem. Mas a Vira tem uma estrutura
de gestão que, embora difusa como demonstrei na resposta anterior, tem uma estrutura de
ONG. Estrutura essa que é dispensada quando pensamos numa Rede Política. Numa rede de
militância. A política está em tudo, está nesse seu trabalho acadêmico,por exemplo. Mas esta
pesquisa não é uma rede,mesmo que envolva diversos atores ligados de alguma forma à ela.
Um Rede, formada por pessoas e organizações, que tem uma relação horizontal, de alguma
forma. A Vira, embora colaborativa, possui formas de gestão que não é horizontal a todo
tempo. Então, na RAJCC a Vira é uma participante importante, mas é uma participante. A
ideia é que as demais organizações, com o tempo, possam estar mais fortalecidas e assumirem
papel e projetos tão importantes politicamente quanto a Vira assume. No Nordeste, por
exemplo, está ocorrendo uma movimentação regional que se organiza enquanto Rede dentro
da RAJCC. Pra isso, não precisamos da atuação das pessoas da Equipe da Vira, ou de
qualquer outra organização que não seja do NE. Não se trata, portanto, da atuação do
educomunicador, mas sim de uma especificidade política que a Vira não daria conta enquanto
ong. Produzir o conteúdo da Revista interfere em toda e qualquer atuação de qualquer
participante da Vira. desde o adolescente do Acre até a coordenadora da equipe em SP. É a
razão de ser da Vira. principal projeto como já tinha dito.
203
Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se
sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por
tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por
quais você primaria?
Não que haja uma gestão, mas nos organizamos de acordo com cada ação que queremos
desenvolver, além das produções para a revista. Cada integrante, uns 10 no total, participa
como pode. Ex.: Se vai rolar uma cobertura, nos organizamos na preparação do material,
equipementos, comunicação com os realizadores e convite a outros jovens a participarem da
cobertura. A nossa prioridade é sempre questões que envolvam o mundo das juventudes de
Fortaleza e do Ceará.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem
verifica o impacto social de suas práticas?
Concretamente, não. O que fazemos é observar a participação dos jovens e comentários sobre
a cobertura e outras ações que desenvolvemos, como o Seminário que realização ano passado,
sobre a juventude nos meios de comunicação, em Fortaleza.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades
desenvolvidas pelo Virajovem?
Priorizamos sempre a produção de conteúdo para a revista e para o site. Tendo sempre a
revista como um meio de reproduzir nossas realizações, além da visão dos jovens sobre
determinado assunto.
Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de
atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de
conteúdo para a revista e o portal?
Com certeza. Priorizamos a participação dos jovens de qualquer forma. Ele/ela não precisa
estar preso a nada. Afinal, defendemos a liberdade e participar como queira já é um começo
para conseguirmos sua participação mais ativamente, uma outra forma de participar. Escrever
para a revista/portal a cada se tornando consequência. Uma otima consequência.
Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal
(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na
sua opinião?
Acho que estar organizado ou não organizado, demanda questões organizacionais. Para
muitos jovens/adolescentes ter que cumprir prazos não é algo legal. Mas, quando você faz o
que gosta e o que quer, esses princípios de organização nos deixa mais comprometido com a
causa. Assim, cada um sabe o que fazer e até quando. Se está ali para participar é preciso ter
um pouco de compromisso e responsabilidade. Duas coisas asvessas aos ouvidos e olhos dos
adultos em relação a juventude.
204
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?
Sim. Por mais que seja uma ferramenta, como todo os meios de comunicação tem lá suas
fragilidades. A questão de estarmos conectados pela revista, não quer dizer que estes jovens
estão realmente participando e em rede. Por que digo isso? Muito simples: Mesmo estando
produzindo as matérias, esses jovens acabam muitas vezes ficando somente no seu cantinho.
Quando vc começa a estimular outras formas de produção de conteúdo que não precisa ser só
a revista, você faz com quer esses jovens possam fazer isso, independente da revista. Ex.:
Realização de oficinas de Fazine, jornal mural, audiovisual. Oficinas nacionais fariam com
que a revista pudesse ser realmente além de papel preenchida de conteúdo. Intercâmbios de
experiências. Enfim, possibilitar e não só estimular. Digo isso por questões como tivemos no
Encontro Nacional de 2010: Fizemos várias atividades, mas muitas só foram legais ali, falta
algo a mais para que elas possam acontecer na real. Muitos jovens querem começar algo
novo, legal. Mas como e por onde começar é a grande questão.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?
Quando vim do interior do Ceará para Fortaleza, por meio de um projeto da ONG Catavento,
vim em busca de meus sonhos ou de novos. Cheguei aqui como todo menino do interior, sem
saber de muita coisa e nem por onde começar a construir as bases para os meus sonhos. Mas,
comecei a buscar e a construir. É aí que chego ao Paulo, um meninão, um sonhador e um cara.
Um cara que saiu do Ceará para correr atraz dos seus sonhos. Saiu do Brasil, para novamente
realizar seus desejos. Enfim, ele representa que, se sonhamos, não podemos ficar sentados,
esperando e nem sonhar sozinho. É preciso lutar, correr e até brigar se for preciso para
conseguir aquilo que queremos. Acho que a Viração perdeu muito com o seu afastamento.
Não digo que a revista perdeu seu teor, sua base. Mas, sentimos muito com a sua saída do
país. Se renovar é preciso, isso demora, mas vamos aprendendo com isso. Espero que a
Viração não deixe de ser um sonho, para se tornar somente uma revista.
Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da
Viração? De que maneira?
Até hoje nunca observi e nem senti isso em nível local. Friso, que não podemos fazer da
revista, deste espaço, algo como as revistas comerciais que somente fazem reuniões de pauta e
as cumpre.
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais
momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de
alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas
nossas comunidades. Sem falar, dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do
fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das
juventudes. Minha é reflexão que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas,
mas o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o
mundo sozinho, basta querer muda-lo para melhor, isso já significa muito.
205
Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se
sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por
tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por
quais você primaria?
Resp.: Eu considero que existe sim uma gestão das práticas educomunicativas. Ela é
desenvolivada com a participação de jovens voluntários que se propõe a contribuir com a
revista, mas que desenvolve o papel de coordenador seria uma das pessoas que editam os
artigos e matérias desenvolvidas, que no caso seria um dos redatores da revista. Como a
revista é voltada para jovens, então a prioridade é que suas opiniões e vontades sejam
expostas mais que tudo. Por isso, eu estou de acordo com prioridades desenvolvidas na
“gestão” da Vira (como é chamada carinhosamente) rs.
Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de
acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria?
Resp.: As funções e prioridades da equipe de gestão da Viração está voltada por traduzir o
olhar e a vontade dos jovens para um artigo, uma matéria que fale sobre os acontecimentos
sociais e mundiais e de como eles estão inseridos em tal contexto. E eu estou de acordo com a
forma com que são desenvolvidas as prioridades e acredito que não há o que mudar de fato,
mas sim, pontos de melhoria como tudo na vida tem.
Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos
Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem
verifica o impacto social de suas práticas?
Resp.: Existem resultados dos Virajovens que se relacionam entre si, ou seja, em
comparativos. De forma que são analisados se deu certo em tal estado, será que daria certo
aqui e assim por diante.
A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes
para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades
desenvolvidas pelo Virajovem?
Resp.: Acredito que não, porque elas agem em conjunto.
Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de
atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de
conteúdo para a revista e o portal?
Resp.: Sim pode. Até porque tem jovens independentes que partiiparm da Vira, sem ser
vinculados a um Virajvem especifico.
Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal
(cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na
sua opinião?
206
Resp.: Em partes. Hoje eu creio que a revista poderia investir um pouco mais em marketing
para ser um pouco mais conhecida e divulgada na mídia. Mas isso, exige “grana” e tempo.
Porém, de forma geral, acredito que forma como as coisas são elaboradas e realizadas para o
padrão da revista, está satisfatório.
Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da
Viração? Se sim, quais?]
Resp.: Hoje não mais porque não estou acompanhando assiduamente a Vira, porém, no tempo
em que participava de forma efetiva uma das fragilidades maiores era, a falta de capital para
desenvolvimento de alguns projetos e os maiores êxitos foram as premiações que a revista
recebeu.
O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento
presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG?
Resp.: Eu encaro como sendo lamentável, pois ninguém terá a mesma dedicação que ele teve
com revista, por mais empenhado que possa ser o novo gestor, foi o Paulo quem correu atrás
de tudo para que ela pudesse exitir. De qalquer forma, não é um afastamento total. Mas fazer
o quê? A vida é composta de ciclos.
Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da
Viração? De que maneira?
Resp.: Acredito que só são impedidas quando se trata de dinheiro, pois aí tem que ser feito um
orçamento dos custos e/ou quando não condiz com a proposta de determinado projeto.
Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem?
Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso?
Resp.: O resultado das minhas práticas enquanto Virajovem, são sempre refletidos nas minha
atuação enquanto cidadã e da minha percepção de mundo. Por crer que sempre em equipe
podemos mais do que sozinhos e não centralizar em mim as tomadas de decisões quando em
algum momento sou líder de algum evento.
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