UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES AMANDA CESPEDE PROETTI VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA EDUCOMUNICAÇÃO SÃO PAULO 2011 AMANDA CESPEDE PROETTI VIRAÇÃO: EXPERIÊNCIA EPISTEMOLÓGICA DA EDUCOMUNICAÇÃO Trabalho de conclusão desenvolvido sob a orientação do Prof.° Dr.° Ismar de Oliveira Soares e apresentado como instrumento pré-requisitado para obtenção do título de especialista em Gestcom - Gestão da Comunicação: Políticas, Educação e Cultura. 1 VOLUME UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES ORIENTADOR: PROF.° DR.° ISMAR DE OLIVEIRA SOARES SÃO PAULO 2011 BANCA EXAMINADORA MEMBROS: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2 RESUMO Desenvolvida junto à organização não governamental Viração Educomunicação, a pesquisa acadêmica a seguir se propõe a analisar as práticas fomentadas pela ONG sob o viés do campo de intervenção sócio-educativa denominado Educomunicação, apontando fragilidades no que se atém à gestão de tais práticas, assim como possíveis caminhos de resolução. Para tanto, nos valemos de pesquisa qualitativa composta de observaçãoparticipativa, entrevistas, além de pesquisa bibliográfica e documental. Palavras-chave: Comunicação. Educomunicação, Epistemologia, Gestão, Produção Participativa, 3 ABSTRACT Developed with the non-governmental organization Viração Educomunicação, this issue proposes to examine the practices promoted by the NGO from the point of socio-educational intervention called Educommunication, pointing out management‟s weaknesses of such practices, as well as possible resolutions. Thus, we make use of qualitative research, consisted of observation-participation, interviews, literature research and documents. Key words: Educommunication, Epistemology, Management, Participatory Production, Communication. 4 DEDICATÓRIA Em meio a tantos agradecimentos, eu não poderia dedicar essa conquista a outra pessoa que não à minha mãe, Marli Cespede Proetti, inspiradora do maior amor de que sou capaz. A mulher que fez de mim o que eu sou hoje e a responsável por quem eu serei sempre. Bem certo como ela já não está entre nós é que o Gestcom foi a primeira de outras pseudorecompensas que se insinuam à dor da partida e à perda significativa da pessoa mais importante da minha vida, indubitavelmente. 5 AGRADECIMENTOS À coordenação do Gestcom pelo voto de confiança que se traduziu na bolsa de estudos que me propiciou integrar a Turma 26 do curso. Ao professor Ismar de Oliveira Soares, não só pela orientação, pela referência, pelo brilhantismo e pelo legado literário quando o assunto é Educomunicação, mas também pela militância incansável pelo reconhecimento do campo que resultou em tantos frutos sendo eu mesma um deles. À Viração por ter mudado o curso da minha história profissional, pra não dizer da pessoal, sendo a responsável pela constituição de valores e ideologias que fazem de mim um ser humano um pouquinho mais bonito. Sem contar ainda o despontar da vida acadêmica que também se deu por meio deste encontro “iluminado” e os amigos de alma que eu fiz ali. Meus amorosos agradecimentos a Vicente de Paulo Lima, uma das maiores referências de ser humano pra mim e uma das cabeças mais brilhantes que já tive a oportunidade de conhecer. Desta admiração faço um guia prático pessoal. À Máquina da Notícia, empresa da qual sou colaboradora, e que desenhou, nos últimos quatro anos, o cenário propício para a realização desta especialização. Em especial, meus agradecimentos à pessoa de Marcelo Diego, meu diretor e grande apoiador no que tange aos arranjos práticos necessários para o desenvolvimento deste trabalho conciliado às minhas atividades profissionais. Agradecimentos especiais a Camila Caringe, revisora e inspiradora deste trabalho, e a Ana Paula Marques, pela colaboração na parte visual e também na articulação necessária para o alcance de contribuições finais. À minha família, nas pessoas de meu pai, Milton Roberto Proetti, de minha irmã, Aline Cespede Proetti, e de minha tia, Marcia Cespede Silva e família. Pelo amor, pelo muito incentivo e credibilidade e pelo sempre presente porto seguro. Amo vocês! Ao meu namorado, Jeomark Roberto, maior inspirador e parceiro em todas as coisas que aconteciam, concomitantemente, na minha vida durante o último semestre do Gestcom, período de desenvolvimento da etapa final deste trabalho. Aos meus amigos e às minhas amigas pelo carinho que se faz sempre suporte imprescindível e insubstituível. 6 SUMÁRIO Apresentação .............................................................................................. Pág. 7 Introdução .............................................................................................. Pág. 8 1. Viração: História e Identidade .......................................................... Pág. 12 1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens) ............................................... Pág. 14 2. Educomunicação: Referencial Teórico ............................................... Pág. 23 3. Viração: Fenômeno Epistemológico da Educomunicação ........... Pág. 29 3.1 Os Projetos .................................................................................. Pág. 29 3.2 A Prática Social .................................................................................. Pág. 41 4. Problema: Gestão Educomunicativa 5. Pesquisa ............................................... Pág. 44 .............................................................................................. Pág. 50 6. Proposta de Intervenção ...................................................................... Pág. 72 7. Considerações Finais ...................................................................... Pág. 74 Referências Bibliográficas ...................................................................... Pág. 77 Anexos .............................................................................................. Pág. 78 7 APRESENTAÇÃO Nas páginas a seguir, o leitor encontrará o desenrolar de uma pesquisa acadêmica que, como o próprio título diz, se propõe a uma experiência epistemológica da Educomunicação, tomada esta como campo de intervenção sócio-educativa ressemantizado e referendado pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE/ECA/USP). A introdução ao referido objeto se atém a apresentar e referenciar a missão do trabalho, bem como esboçar o problema de gestão da comunicação a ser apontado por meio de diagnóstico indiciário embasado por pesquisa de campo, documental e bibliográfica. O primeiro capítulo, por sua vez, assume a função apresentar o cenário onde se dão as práticas estudadas, ou seja, o objeto da pesquisa, a saber, a organização não governamental Viração Educomunicação. O capítulo seguinte tem por objetivo referenciar a experiência epistemológica com conteúdo teórico acerca do campo da Educomunicação, fazendo um breve passeio por sua história e desdobramentos contemporâneos, sua natureza e aplicação prática. O terceiro capítulo retoma a ONG apresentando, efetivamente, seus projetos e práticas, além de dar início à trajetória narrativa que se encaminhará ao problema a ser trabalhado a seguir. O quarto e o quinto capítulo são destinados ao problema, especificamente, sendo o primeiro o responsável por destrinchá-lo, e o último, por atestá-lo por meio de relatos dos atores envolvidos no cenário traçado pela pesquisa, público este escolhido para a última etapa da presente pesquisa, constituída de aplicação de questionário. Os capítulos finais se dedicam à proposta interventiva a fim de propor caminhos de resolução para o problema em questão e considerações finais, inclusive acerca do papel que cumpre o gestor da comunicação. 8 INTRODUÇÃO Maria Immacolata Vassallo de Lopes afirma, em Pesquisa em Comunicação, que a instância epistemológica da pesquisa propõe regras de compreensão e legitimidade conceitual, uma vez que avalia a consistência lógica da teoria e sua coesão factual. “[...] A reflexão epistemológica desenvolve-se internamente à prática da pesquisa, encarregando-se de renovar continuamente uma série de operações que asseguram a cientificidade dessa prática.” (2005, p. 121). Em linha com o pensamento da autora, o intuito do presente trabalho é apresentar a organização não governamental (ONG) Viração Educomunicação como legitimadora do conceito teórico dado ao campo da Educomunicação pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE/ECA/USP)1, apontando-a como fenômeno prático referencial. Além disso, este instrumento também se propõe a apontar caminhos para possível solução do problema de gestão da comunicação diagnosticado por meio de pesquisa bibliográfica e documental, bem como de pesquisa qualitativa composta de observação-participativa de processos e práticas, além de entrevistas. A Viração Educomunicação nasceu com a proposta de uma revista que não fosse apenas voltada para o público adolescente e juvenil - fórmula corriqueira no mercado editorial - mas que fosse produzida por eles2 próprios, sob a diretriz do campo de intervenção social denominado Educomunicação, que propõe a construção de “ecossistemas comunicativos”3 que levem em conta todos os sujeitos envolvidos nas práticas educativas, tomando-os, simultaneamente, enquanto produtores, emissores, receptores e gestores de uma comunicação 1 A palavra “Educomunicação” se refere aqui a um conceito novo, ressignificado, em 1999, pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP, a partir da conclusão de pesquisa patrocinada pela FAPESP em torno dos fenômenos que ocorrem na relação comunicação/educação na América Latina. Diz respeito à sistematização de práticas sociais com uma perspectiva alternativa às que ocorrem nos âmbitos da comunicação e da educação tradicionais (SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação. Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74.). A palavra “educomunicação” se refere somente à união das práticas comunicativas e educativas e, como ambas são grafadas com letra minúscula, será também com letra minúscula a palavra que delas deriva como interface somente, não enquanto conceito maior academicamente firmado. 2 Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “eles” ou “ele”, leia-se também “elas” ou “ela”, assim como em outros casos de pronomes e substantivos sujeitos a variação de masculino e feminino. 3 Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio entre os elementos que constituem um determinado espaço físico em permanente mutação, analogia que nos permite entender a natureza relacional e dialética do convívio humano em determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura, ou no mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a conviver sob regras que se estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto sistemas abertos e ricos de vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e criativa de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a reconhecer a legitimidade do diálogo como metodologia para a aprendizagem e convivência. (SOARES, 2009, p. 23). 9 participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo como um todo, fortalecido em suas demandas e atuações. Para tanto, o conteúdo da Revista Viração e da Agência Jovem de Notícias4 é produzido a partir dos Conselhos Jovens, denominados Virajovens5, espalhados por todo o território nacional, em torno de uma metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da comunicação. A partir do momento em que esses adolescentes e jovens discutem e aprofundam um determinado assunto e depois escrevem, entrevistam pessoas, fotografam ou produzem vídeo ou áudio sobre o assunto, eles se apropriam dos temas e, enquanto se apropriam, se transformam.6 Fundador da Viração, o jornalista Paulo Lima ilustra tal observação com o exemplo clássico do menino que, enquanto faz um vídeo ou uma matéria sobre Reciclagem, toma consciência do quão importante é o cuidado com a natureza, a despeito de já ter lido muito sobre o assunto, ou mesmo ter visto propagandas na TV e no Rádio. A tomada de consciência dele se torna muito maior ao produzir comunicação sobre determinado assunto. E o processo de produção da notícia, que vai para a revista ou para a agência on-line ou para qualquer outra plataforma é um processo acompanhado de uma formação crítica da opinião. Segundo Paulo Lima, a prática da Viração ao longo desses oito anos propiciou tal atestação: “A ideia é que todo esse modelo de produção de comunicação e de mobilização a partir da comunicação se torne ação social, política, na última página. É a ideia do „saber fazer‟.” À luz de Paulo Freire, que nos convidava a ler o mundo com outros olhos, criando assim um novo mundo7, o jornalista constata: “O que a gente quer é a formação de sujeitos autônomos, conscientes dos seus direitos e críticos. E a gente não quer só que eles opinem, mas que eles decidam. Sujeitos produtores de muito mais que o feedback. Queremos que o outro polo seja também produtor, emissor, num movimento dialético, não linear.” Esse processo participativo da produção da notícia, no entanto, encontra embates e incongruências em relação à própria natureza do conceito norteador das práticas da ONG - a Educomunicação - que propõe um ecossistema comunicativo aberto, participativo, anti4 http://www.agenciajovem.org/wp/ Diferenciaremos o termo “Virajovem” do similar “virajovem”, usando o primeiro, com letra maiúscula, quando nos referirmos ao “Conselho Jovem”, e o segundo, quando estivermos falando dos jovens participantes. 6 Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho. 7 FREIRE, 1992. 5 10 hierárquico, desverticalizado, inclusivo, democrático e dialógico. Observa-se, por exemplo, um gargalo no cotidiano de tais práticas que opõe o modo de produção de conteúdo com vistas aos moldes industriais (cumprimento de prazos e metas) - já que a revista funciona sob os padrões operacionais de qualquer outro veículo de comunicação - à “participação” dos adolescentes a partir dos Virajovens em linha com preceitos educomunicativos no que se refere a uma participação aberta, criativa e democrática, preceitos estes, norteadores das práticas a que se propõe a própria organização. Soma-se a isso a nova etapa do processo de expansão vivenciado pela Viração, que passou a abarcar uma série de projetos, ao longo dos últimos anos, incluindo a articulação de uma Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadores (RNAJC), que visa garantir o direito fundamental à expressão. A ideia é ampliar o viés da mobilização social juvenil para além das paredes da Viração e dos próprios Virajovens, promovendo assim uma disseminação da temática e dos processos da Educomunicação e uma maior articulação política com as demais redes de juventudes. Como garantir os preceitos educomunicativos como os anteriormente citados sem impor aos virajovens o molde de “produção industrial” próprio da prática editorial tradicional? Olhando para o movimento juvenil que começa a se esboçar a partir desta plataforma, ou melhor, desta rede formada pelos Conselhos Jovens, perguntamos: um adolescente não poderia, por ventura, integrar um Virajovem sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e a agência on-line, atendo-se, desta forma, somente à militância? Se isso é plausível, como garantir a manutenção destes veículos, que necessitam cumprir pautas e prazos, além de uma série de outros compromissos inerentes a qualquer processo de produção massificada? A partir do exemplo relatado, é possível visualizar um problema de fundo que presumivelmente estaria opondo o discurso e a prática da organização em mais de um nível. A hipótese que levantamos é a de que tais incongruências poderiam estar configurando fragilidades no que concerne à gestão da instituição, já que estamos falando de práticas de uma organização que se propõe a salvaguardar preceitos da Educomunicação, a partir do significado que lhe foi emprestado pelo NCE-USP. É nosso objetivo trazer tais questões à consciência da ONG por meio de uma dissertação embasada por elementos indiciários, para 11 então, traçar uma proposta interventiva no sentido de buscar caminhos que nos levem a possível solução para os problemas e incoerências apontados. 12 1 VIRAÇÃO: HISTÓRIA E IDENTIDADE É costume dizer que as árvores nascem das sementes. Mas como poderia uma sementezinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por exemplo? As sementes não contêm os recursos necessários ao crescimento de uma árvore. Esses recursos devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente em que foi gerada a Viração foi muito fecundo. Estávamos embalados pela grande novidade que representou o Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo primeiro governo Lula. Era março de 2003. Três de três. Note bem: o três ou seu múltiplo acompanham a caminhada da Viração desde o princípio. O ambiente em que nasceu a Viração era propício. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo Lima). A Revista Viração nasceu, em 2003, sob a guarda jurídica da Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé (AAMM), permanecendo assim até o final de 2009 quando, então, se tornou uma organização judicialmente autônoma sem fins lucrativos. À época, Paulo Lima era diretor de redação da revista Sem Fronteiras, de propriedade dos Missionários Combonianos, detentores também da Alô Mundo, publicação católica e missionária voltada ao público infanto-juvenil. A Viração surgiu da ideia de elaborar um projeto editorial de relançamento da Alô Mundo - numa versão mais laica e voltada para o público das escolas – que, em meio a intempéries financeiras, foi encerrada aos 16 anos de existência. Estimulado pelo título de “Jornalista Amigo da Criança”8, Paulo Lima resolveu fazer daquele projeto editorial um ponto de partida para um projeto maior de Educomunicação, com base nos pressupostos defendidos pelo NEC-USP que, além de pesquisar o conceito, desenvolvia, naquele momento, um projeto pioneiro para levar a comunicação participativa, através da linguagem radiofônica, a todas as escolas da rede municipal de educação de São Paulo.9 Desde então, a Revista Viração passou a ser produzida a partir de grupos de adolescentes e jovens espalhados pelo território nacional - capitais e outros municípios denominados “Conselhos Jovens” ou “Virajovens”, ampliando, desta forma, os objetivos da 8 Título concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Fundação Abrinq, em novembro de 2002, pela trabalho desenvolvido, na época, na revista Sem Fronteiras. 9 O projeto Educom.rádio - Educomunicação pelas Ondas do Rádio, eleito pela Prefeitura de São Paulo para dar sustentação a um vasto programa de combate à violência, foi desenvolvido de 2001 a 2004 pela Secretaria Municipal de Educação e pelo NCE/ECA/USP e capacitou cerca de 12 mil pessoas, entre estudantes, professores e membros da comunidade escolar, levando a linguagem radiofônica a 455 escolas públicas de Ensino Fundamental. 13 missão de colaborar para a formação das juventudes por meio de um processo de educação não formal centrada no conceito de gestão colaborativa da expressão comunicativa grupal. A participação das pessoas na produção e transmissão das mensagens, nos mecanismos de planejamento e na gestão do veículo de comunicação comunitária contribui para que elas se tornem sujeitos, se sintam capazes de fazer aquilo que estão acostumadas a receber pronto, se tornam protagonistas da comunicação e não somente receptores.10 Como resultado deste trabalho articulado a ONG produz, mensalmente, para distribuição nacional, tanto a revista impressa como o conteúdo online veiculado pela Agência Jovem de Notícias, que está hoje em pleno processo de reestruturação. Para tanto, conta com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, integrantes dos 42 Conselhos Jovens atuais presentes em 22 Estados e no Distrito Federal. 10 http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm 14 Legenda: Novo layout da Agência Jovem de Notícias. Fonte: Acervo Viração 15 Acreditando-se inerente ao conceito da educomunicação a prática de parcerias com instituições que mantêm as mesmas perspectivas de ação, a Viração desenvolve projetos colaborativos com mais de 20 entidades não governamentais. Esses projetos colaborativos permanentes apresentam-se como a base de sustentação para o funcionamento dos Conselhos Jovens. Em São Paulo, por exemplo, uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) permitem o desenvolvimento de projetos formativos em educomunicação junto a 40 comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista. 1.1 Os Conselhos Jovens (Virajovens) Estruturados em diferentes fases, os 42 Virajovens encontram-se presentes nas seguintes cidades: 16 Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens pelo território brasileiro. Fonte: Ana Paula Marques Legenda: Distribuição dos Conselhos Jovens por Estado. Fonte: Ana Paula Marques 17 Formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais, bem como por estudantes de escolas públicas e particulares, o Virajovem é instituído à base do voluntariado com o apoio de uma organização não-governamental parceira que cede seu espaço - preferencialmente com localização central na cidade, para o fácil acesso - e infraestrutura para as reuniões mensais (alguns Virajovens se reúnem até mais de uma vez por mês). Os adolescentes e jovens participam com sugestões de pautas, apuração de matérias, redação de textos e produção de imagens e dão sugestões quanto à gestão, diagramação, vendas e publicidade da revista. Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao editorial da revista ou mesmo debate, palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e/ou organização de alguma ação de mobilização. A ideia é que os participantes colaborem para que se redesenhe um novo discurso jornalístico sobre e para as juventudes. Cada Virajovem possui um facilitador, chamado “midiador”11, que, em muitos casos casos, é um jornalista ou estudante de jornalismo, ou ainda um agente ou educador da organização de apoio. Este agente é orientado e acompanhado pela equipe da sede da Viração, em São Paulo, por meio de contatos telefônicos, virtuais e, periodicamente, pessoalmente, por meio do Encontro Nacional dos Virajovens, quando, então, os midiadores de todos os Conselhos se reúnem para um momento de avaliação e formação para fins de reciclagem e estruturação das próximas ações de cada Virajovem. Além dos encontros presenciais, os integrantes de cada Virajovem participam de uma lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o andamento da edição do mês, entre outros assuntos. Até mesmo a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é avaliada por meio de tal lista. As pautas de cada edição são discutidas por meio de chat nacional, promovidos no início de cada mês, e desenvolvidas, colaborativamente, por mais de um Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para tanto, a discussão acontece via troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet. 11 O termo sofreu variação proposital oriunda da miscigenação entre as palavras “mediador” - aquele que possui o papel de mediar - e “mídia” - suporte de difusão de informações -, dando origem ao neologismo que define a figura responsável pela mobilização e/ou facilitação de cada Conselho Jovem. 18 Legenda: Capas das últimas edições da Revista Viração. Fonte: Acervo Viração São essas as instituições parceiras nos respectivos Estados de constituição dos Conselhos Jovens: ● Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca/ Rede Sou de Atitude – São Luís (MA); ● Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS); ● Agência Uga-Uga – Manaus (AM); ● Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Interfaces – Belo Horizonte (MG); ● Bemfam – Recife (PE); ● Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO); ● Catavento Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE); ● Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) – Curitiba (PR); ● Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL); ● Centro Cultural Bájò Ayò – João Pessoa (PB); ● Centro de Referência da Juventude/ Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos – Vitória (ES); ● Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) – Salvador (BA); ● Companhia Terramar – Natal (RN); ● Cuca/ UNE – Teresina (PI) ● Cufa – Cuiabá (MT); ● Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF); ● Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e Adolescência – Campo Grande (MS); ● Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ); ● Tv Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC); 19 “Contação da Viração Dizia o pintor Pablo Picasso que o difícil era o primeiro ponto. Um ponto, um desenho, uma obra de arte. No caso da Viração: uma palavra, uma página, uma revista. Tudo começou por aqui, por um projeto social impresso. Uma proposta de revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens de todo o Brasil, e não apenas do eixo Rio-São Paulo. E essas primeiras palavras encarnadas no projeto ganharam vida em março de 2003 a partir do slogan: mudança, atitude e ousadia jovem. Outro Paulo, desta vez brasileiro, dizia que “primeiro a gente faz, depois dá o nome”. Sim, Paulo Freire, uma das fontes de nossa inspiração, tinha razão. Fomos fazendo, sem saber ao certo onde chegar. Viração nasceu como minha iniciativa pessoal e, aos poucos e logo logo, foi se tornando obra coletiva. Primeiro, como revista, com o apoio jurídico dos Missionários Combonianos e da Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Depois, o projeto foi crescendo, várias organizações foram pedindo para gente ir irradiando nosso jeito de fazer educomunicação em outras paradas: consórcio social da juventude, escolas, ONGs, Igrejas, secretarias de governos e ministérios. Os “Virajovens” foram se espalhando como “Maria-Sem-Vergonha” num jardim. Nesse processo, sempre acreditamos na força do “colaborativo” e do “cooperativo”. Por isso, fomos tecendo parcerias com outras organizações que também assumiam a causa de uma comunicação livre. Podemos melhor entender os primeiros momentos da Vira com uma analogia do ambiente vegetal. É costume dizer que as árvores nascem das sementes. Mas como poderia uma sementinha gerar uma árvore enorme, uma mangueira, por exemplo? Pois bem, as sementes não contêm os recursos necessários ao crescimento de uma árvore. Esses recursos devem vir do ambiente onde ela nasce. O ambiente em que foi gerada Viração foi muito fecundo. Estávamos embalados pela grande novidade que representou o Fórum Social Mundial. Estávamos embalados pelo primeiro governo Lula. Era março de 2003. O ambiente em que nasceu Viração era propício. Mas não foi nada fácil chegar até aqui. Ouvimos muitos “nãos”. Foram muitos os tempos de vacas magras. Lembro que apresentava a Viração para potenciais financiadores e inscrevia projetos de sustentabilidade em diversos editais. A cada negativa, comprava um vaso de plantas ou flores para amenizar a frustração e transmutar o sentimento deixado pela porta fechada. Mas, as portas e janelas, aos poucos, foram se abrindo. A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no Brasil e no exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a democratização da cultura e da comunicação. Essa pequena história de vida faz jus à própria palavra “Viração, que quer dizer, entre tantos significados, justamente: “vira ação”, “sobreviver de forma aguerrida”, “dar certo”. E vale ressaltar que, depois de quase oito anos, continuamos sendo um processo indefinido, inacabado, em constante movimento de renovação e inovação. Paulo Lima” O texto acima faz parte da apostila produzida para o IV Encontro Nacional dos Virajovens, realizado em 2010, e resume, em poucas linhas, a história de vida da Viração, hoje com oito anos de idade. 20 É interessante perceber, no breve relato do jornalista, a característica auto referencial da organização, explicitada por meio de auto-conceitos, palavras-chave e neologismos como “projeto social impresso”, “revista feita para, com e a partir de adolescentes e jovens”, “mudança, atitude e ousadia jovem”, “primeiro a gente faz, depois dá o nome (Paulo Freire)”, “nosso jeito de fazer educomunicação”, e outros. Juntamente com os documentos da ONG, a começar pela razão social - Viração Educomunicação -, tais expressões vão construindo a identidade particular de uma instituição que, para militar pela transformação social no bojo de uma comunicação mais livre, de forma confessa por meio de carta de princípios e valores, assume o referencial teórico da Educomunicação referendado pelo NCE. 21 Legenda: IV Encontro Nacional dos Virajovens (out/2010). Fonte: Acervo Viração 22 Ao nos debruçar sobre os referidos documentos, nos deparamos com a “autoconsciência” da Viração Educomunicação, que ao mesmo tempo em que se preocupa o tempo todo em justificar cada escolha, seja por conceito, prática ou referencial teórico, também se intitula e se coloca como fenômeno epistemológico reconhecido do conceito de Educomunicação, como no trecho a seguir: “A gente foi sendo conhecido e reconhecido, no Brasil e no exterior; no ambiente acadêmico e no movimento social que defende a democratização da cultura e da comunicação.” Registrada em carta de princípios e valores, a missão da Viração contempla, pois, o caráter aberto e prático do referencial teórico da Educomunicação: “fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação socioambiental”. Mas, afinal, o que é Educomunicação? 23 Legenda: Assembleia da Viração Educomunicação (ago/2009). Fonte: Acervo Viração 24 2 EDUCOMUNICAÇÃO: REFERENCIAL TEÓRICO “[...] a comunicação é um ato pedagógico e a educação é um ato comunicativo [...]” Paulo Freire A massificação da comunicação com a proliferação e o abrangente crescimento do papel dos meios de comunicação na atual sociedade se configura como ponto de partida dos estudos acadêmicos em torno do binômio Comunicação e Educação, binômio este que se atém a pensar os processos e os sistemas comunicacionais e de conhecimento nos últimos anos e seus desdobramentos práticos no que tange ao papel que exerce a Comunicação sobre este processo social denominado Educação. Nome reconhecidamente notável dentro deste processo, Paulo Freire, visionariamente, observou: “Educação é Comunicação”12. E ao fazer tal apontamento, é claro, o professor não se limitava a tratar a comunicação massiva, midiática, tão somente. Assim também, concordamos com o entendimento de que “a Educomunicação é compatível com todas as modalidades da educação: a formal (escolar, curricular), a não formal (popular, não sistemática) e a informal (midiática, esporádica)”.13 Por espaço educativo entende-se, portanto, todo ambiente onde existe intencionalidade de promover a formação humana, como a família, a escola, um centro cultural, uma emissora de TV ou de rádio, um centro produtor de materiais educativos analógicos e digitais, um núcleo promotor de educação à distância ou mediados por tecnologias, entre outros.14 Transformar, mudar, deslocar, empoderar-se de, trazer para si, fazer com que algo que me era estranho passe a fazer parte do meu universo, das minhas relações, das minhas necessidades, da minha consciência. O termo „educare‟, conceito central da pedagogia freiriana, sintetiza tal amplitude. Pensar a Educação e a Comunicação juntas faz-se, então, uma demanda social. Falar em Comunicação ao remeter Educação é refletir sobre os processos de conhecimento que foram se alterando frente a uma reorganização dos circuitos de cultura. Neste contexto, a mídia se coloca como mediadora que dialoga com tal reorganização do conhecimento que promove então outras expectativas de cultura. Sendo assim, falar em Comunicação é falar em processo, em dispositivos comunicacionais. 12 13 14 FREIRE, 1979, p. 69. SOARES, 2009, p. 162. SOARES, 2009, p. 169 e 171. 25 Ao manipular os instrumentos de produção, imediatamente, alteram-se as relações de produção e, consequentemente, as relações sociais. É nesta linha de raciocínio que se inserem tais dispositivos (TV, Rádio, Internet, etc.). E os estudos acadêmicos têm avançado em descobrir as muitas possibilidades do ponto de vista da Comunicação por meio destes instrumentos de produção. De autoria do NCE, o conceito de Educomunicação como sendo o “conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e participativos, e a ampliar os espaços de expressão na sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da comunicação” chega para romper com uma prática de comunicação unidirecional em prol do circuito dialógico, propondo, em lugar da comunicação massiva, uma contra hegemonia. Trata-se de um ecossistema comunicativo que leva em conta todos os sujeitos como produtores, emissores e receptores e gestores de uma comunicação participativa, construtiva e efetiva, onde não só o indivíduo seja protagonista, mas o grupo, especialmente, se fortaleça nas suas demandas e atuação, “sob a perspectiva da gestão compartilhada e democrática dos recursos da informação.” (SOARES, 2009, p. 162). Aferimos a expressão “ecossistema comunicativo” do conceito que define o equilíbrio entre os elementos que constituem um determinado espaço físico em permanente mutação.15 “Tomando a ideia proveniente do esforço que vem sendo feito, hoje em dia, para manter uma relação equilibrada entre o homem e a natureza, a Educomunicação entende ser necessário a criação de "ecossistemas comunicativos" nos espaços educativos, que cuide da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os grupos humanos, bem como do acesso de todos ao uso adequado das tecnologias da informação.”16 Tal analogia nos permite entender a natureza relacional e dialética do convívio humano em determinado espaço. Os relacionamentos interpessoais numa escola, num centro de cultura ou no mesmo espaço cibernético, se deparam com moldes de ecossistemas. Passam, então, a conviver sob regras que se estabelecem, conformando uma dada cultura comunicativa. No 15 16 SOARES, 2009, p. 23. http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf 26 meio físico, existem tanto sistemas áridos e fechados, quanto sistemas abertos e ricos de vitalidade. A Educomunicação faz sua opção pela construção de uma modalidade aberta e criativa de relacionamento, contribuindo para que as normas que regem o convívio passem a reconhecer a legitimidade do diálogo como metodologia para a aprendizagem e convivência.17 “Aqui, a comunicação é feita para socializar e criar consensos.”18 Assim, num contexto dialético do exercício do diálogo com o outro – pessoal e institucional – propõe-se que o conceito da Educomunicação seja usado para promover articulações coletivas, multiculturais e midiáticas em função do uso dos processos e ferramentas da comunicação em proveito da construção tanto dos indivíduos como das comunidades. (SOARES, 2009, p. 24). Usualmente empregado, de forma restrita, pela Unesco e por pesquisadores como Mario Kaplún, para designar a prática da educação ante os efeitos da mídia, o termo foi, como já adiantamos, ressemantizado ao final de um trabalho de pesquisa realizado pelo NCE/ECA/USP, entre 1997 e 1999, junto a especialistas de doze países da América Latina, bem como países da Península Ibérica, para saber o que pensavam os coordenadores de projetos na área e qual o perfil dos profissionais que trabalham nesta inter-relação.19 A prática que originou o conceito surgiu nas décadas de 1960 e 1970, em ambientes não formais (“educação popular” e “comunicação alternativa”), nos embates da luta social por novos e mais franqueados espaços de comunicação e expressão. Nos anos 1980, o procedimento chegou à esfera pública e começou a ser notado no ambiente escolar.20 Em novembro de 1999, após tomar conhecimento dos resultados da pesquisa do NCE/ECA/USP, o Ministério da Educação (MEC) incorporou-os ao documento final do encontro Mídia e Educação - que reunira, em São Paulo, 150 empresários, produtores e autoridades dos campos da Comunicação Social e da Educação de todo o país - afirmando: “Reconhecemos a inter-relação entre Comunicação e Educação como um novo campo de intervenção social e de atuação profissional, considerando que a informação é um fator fundamental para a Educação.” (SOARES, 2009, p. 163). 17 18 19 20 SOARES, 2009, p. 23. http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf SOARES, 2009, p. 165. Idem. 27 Ao longo dos anos posteriores, o NCE/ECA/USP protagonizou diretamente algumas ações, tais como o Educom.rádio, anteriormente mencionado; o Educom.TV, projeto vinculado à proposta da Secretaria de Educação a Distância do MEC que tinha o objetivo de discutir o uso da linguagem audiovisual na prática didática a partir de uma perspectiva da ação educomunicativa e que alcançou 1.024 escolas (2002); o Educom.rádio Centro-Oeste, que levou a Educomunicação para os Estados do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul (2005-2006), a implementação da Educomunicação na Fundação Helio Augusto de Souza (Fundhas) (2006-2001), bem como ações com o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio do projeto Geração Cidadã (2006), com o Ministério do Meio Ambiente, através do Programa de Educação Socioambiental, e com o MEC, com o programa de educação continuada Mídias na Educação (a partir de 2006). A adoção do conceito como política pública, contudo, envolve um número significativo de instituições pelo Brasil afora.21 A sistematização dessas experiências por pesquisas independentes, possíveis graças à academia e seus programas de pós-graduação, é o que vem permitindo, finalmente, que estas práticas deixem o espaço restrito das ONGs para transformar-se em políticas públicas de Educomunicação. Diante de tal cenário, a resposta da academia foi o desenho de uma Licenciatura em Educomunicação, inaugurada neste ano de 2011, passando a figurar entre os cursos oferecidos pela ECA/USP.22 Como bem observa o coordenador-geral do NCE/ECA/USP, Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, “[...] a definição fala em “conjunto de ações” e não de ações isoladas, o que faz lembrar um sistema articulado de intenções e de práticas de formação. Uma articulação comunicativa (“ecossistema”) [...]”. (SOARES, 2010). “A Educomunicação vai além de ações pontuais; ela trabalha com políticas públicas, para não beneficiar apenas uma minoria e, sim, atingir a população, criando verdadeiros ecossistemas. O objetivo é mudar o processo.”23 Durante o desenvolvimento deste trabalho, minha irmã, Aline Proetti, desenvolvia também um trabalho de conclusão de curso por ocasião do término de sua graduação em Design e me relatou o projeto que estava sendo elaborado por seu grupo: desenvolver, para/junto a uma ONG que realiza um trabalho com crianças, adolescentes e jovens, produtos de marketing com, inclusive, a criação da logomarca. Para tanto, o grupo pensou que seria interessante envolver a participação das próprias crianças, adolescentes e jovens. Resolveram, 21 22 23 SOARES, 2009, p. 165. SOARES, 2009, p. 169 e 171. http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf 28 então, abrir espaço para que eles criassem a logo da instituição. Assim, o trabalho do designer seria feito com base nas sugestões deste público, que teria espaço para expressar suas ideias. Ao ouvir o relato acima, identifiquei ali uma prática educomunicativa. A promoção de ecossistemas comunicativos abertos começa com a abertura à participação. Neste caso, ainda, as crianças, adolescentes e jovens estavam sendo colocadas em nível igualitário, assumindo até mesmo o papel do próprio designer que estaria cedendo seu poder de escolha a elas. A desverticalização também fazia parte do cenário que eu enxergava naquela experiência. Perguntei a minha irmã se alguém do grupo conhecia o conceito de Educomunicação e ela me disse que não. Sugeri a ela que lessem a respeito, indiquei textos e livros e acrescentei elementos à proposta. [...] é possível visualizar que a Educomunicação se apresenta como abordagem fundamental, num contexto em que a aprendizagem, a interação social, a participação na sociedade e, portanto, a cidadania, dependem essencialmente de capacidades de comunicação e de diálogo bem desenvolvidas pelas pessoas. (ISMAR, 2010, p. 16). O relato desta minha experiência pessoal reafirma a presença da Educomunicação no dia a dia. E, assim como o olhar apurado de um jornalista que enxerga histórias, de um cineasta que vê cenas ou de um fotógrafo que detecta imagens e cores, o olhar do educomunicador pode identificar essa presença em qualquer lugar, já que a comunicação permeia todos os espaços e todas as relações, e pode ser mais livre e democrática, bastando para isso, que o processo seja pensado para o protagonismo coletivo, e não o individual. Reflexões acerca dos fundamentos epistemológicos do campo da Educomunicação nos estimula a pensar sobre a complexidade no que concerne às condições para a “preparação das novas gerações para a vida num cenário representado por uma sociedade em mudanças mediada pelo fenômeno da comunicação e as tecnologias da informação”.24 A proposta da Educomunicação se atém a princípios e valores muito bem delimitados, ao contrário de suas práticas que, por se configurarem em “processos”, mantêm uma natureza aberta e não cronológica, ou seja, sem começo, meio e fim. Em outras palavras, para garantir um “ecossistema comunicativo aberto, democrático e participativo”, muitas vezes, para não dizer 24 SOARES, 2009, p. 2. 29 sempre, as ações desenvolvidas sob as diretrizes do campo educomunicativo não cabem dentro de cronogramas e/ou fórmulas fechadas. Alia-se a isso a definição associada por Ismar Soares a tal conjunto de ações: “sistema articulado de intenções e práticas”, que traduz a natureza “em construção”, infinita e mutável de tais processos e práticas. “Entendemos o “ecossistema comunicativo” não como algo dado (igual a um fenômeno que aparece estratégico e preexiste ao indivíduo, tal qual o próprio ecossistema verde, ambiental), mas como um espaço social a ser construído (ou que pode ser construído), intencionalmente, a partir da vontade política das pessoas nele envolvidas”.25 “O conceito de ecossistema comunicativo paira, portanto, como uma meta conceitual e prática, iluminando as ações que vão sendo planejadas e revisadas, envolvendo todo o cotidiano escolar” (SOARES, 2010). De autoria do professor Ismar de Oliveira Soares, o artigo acadêmico intitulado “Caminhos da gestão comunicativa como prática da Educomunicação” 26 nos oferece subsídios para compreender a natureza da “gestão comunicativa enquanto uma das áreas de intervenção do campo da Educomunicação”. “O profissional direcionado a formar esses ecossistemas é o gestor, que deve saber negociar e conhecer os limites, para evitar rejeições, pois a prática educomunicativa deve ser feita dentro dos limites possíveis.27 “Em outras palavras, a comunicação precisa ser planejada, administrada e avaliada, permanentemente.”28 A missão do campo de intervenção sócio-educativa no que se atém a “ampliar os espaços de expressão na sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da comunicação” vai ao encontro também da missão do presente trabalho que se resume em apontar um problema de gestão da comunicação. O ecossistema comunicativo escolhido, neste caso, é a ONG Viração Educomunicação, e o referido problema está, justamente, atrelado à gestão educomunicativa de um de seus processos mais centrais: a metodologia de produção de conteúdo participativo-colaborativa entre adolescentes e jovens para seu principal canal: a Revista Viração. 25 26 27 28 SOARES, 2009, p. 174. SOARES, 2009, P. 161 A 188. http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf 30 3 VIRAÇÃO: FENÔMENO EPISTEMOLÓGICO DA EDUCOMUNICAÇÃO “Mas foi tudo crescendo. Desta semente e árvore chamada Revista Viração foram nascendo, aos poucos, diversos frutos chamados, depois, de projetos. Tudo em Movimento”. (Trecho de histórico da ONG composto por seu fundador, Paulo Lima). Em sua mais recente publicação, Ismar Soares observa: [...] a Educomunicação não emerge espontaneamente num dado ambiente, levando em conta, por um lado, a tradição hierarquizante dos processos tradicionais de ensino e, por outro, a hegemônica verticalidade dos processos comunicativos. A construção deste novo ecossistema educomunicativo requer, portanto, uma racionalidade estruturante: exige clareza conceitual, planejamento, acompanhamento e avaliação. No caso, exige, sobretudo, uma pedagogia específica para sua própria disseminação: uma pedagogia de projetos que permita a experimentação” (SOARES, 2010). Paradigma que se afirma na prática e que tem na ONG Viração um fenômeno neste sentido. 3.1 Os Projetos Ao longo dos últimos anos, a Revista Viração deixou de ser a única prática educomunicativa da organização, que passou a abarcar uma série de projetos que hoje compõem um encarte de produtos e mais do que isso: configuram a ONG como espaço de práticas educomunicativas diversas e articuladas. Foram 29 projetos desde a fundação, em 2003. São eles: ● Projeto Geração Cidadã Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, a Viração coordenou a comunicação do Consórcio Social da Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em R$ 97.000,00 31 (agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, a organização contou com o trabalho de mais de 10 profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores. O Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tem por objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de 30 dos 2 mil jovens atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um jornal impresso mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com atualização diária), uma revista de conclusão do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4 mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet, além de criar formas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estavam com uma equipe remunerada formada por três jornalistas. ● Projeto Revista Viração e Jornal Mural na Escola Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou mais de 500 estudantes e professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva, seus próprios meios de comunicação, a partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações sociais e culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma periodicidade quinzenal nas escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente 255 mil pessoas, entre estudantes, professores, funcionários e familiares. Em 2009, o Projeto Jornal Mural na Escola atuou em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de São Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto Jornal Mural na Escola está sendo implementado em outras capitais, como Campo Grande, Maceió e Curitiba. ● Projeto Jornal Mural Literário Projeto realizado em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo com 12 escolas públicas de São Paulo. Após um percurso de 28 horas de oficinas de produção de jornal mural com foco em textos literários, foram elaborados dois jornais murais impressos em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares cada. ● Projeto Jornal Mural pelo Ambiente 32 Projeto realizado em parceria com Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário e a Secretaria Municipal do Ambiente do município de São Paulo. Após formação de produção de jornal mural a partir de temáticas relacionadas às questões ambientais, jovens de escolas públicas de Parelheiros realizaram um jornal mural impresso em formato pôster que teve uma tiragem de 5 mil exemplares. ● Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh! Desenvolvido em parceira com o Unicef desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para a Vida pretende contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com HIV/aids por meio de práticas de Educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30 jovens de diversas regiões do Brasil produz a Escuta Soh!, revista especial do Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV/aids, e o conteúdo de um site homônimo (http://www.escutasoh.org/). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição com uma tiragem de cinco mil exemplares em português, inglês e espanhol. ● Projeto Galera em Movimento O livro Galera em Movimento – Uma Turma que Agita a Transformação do Brasil é fruto de uma parceria entre Projeto/Revista Viração, Programa Aprendiz Comgás (PAC) e Ministério da Cultura (Minc), em 2007. De autoria das jornalistas Daniele Próspero e Laura Giannecchini, teve uma tiragem de 3 mil exemplares e distribuição gratuita para as escolas públicas de São Paulo, o livro conta as histórias de vida de 11 adolescentes engajados em movimentos juvenis que têm modificado significativamente a vida de muitos jovens em situação conflituosa. ● Projeto Jornal Mural 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos Projeto realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, em 2008. Foram 20 oficinas de produção de jornal mural com 60 jovens e adolescentes da região de Sapopemba e Parelheiros da cidade de São Paulo. O resultado final é um jornal mural impresso em formato pôster com uma tiragem de 5 mil exemplares que foram distribuídos para as escolas públicas e associações de bairro. ● Projeto Voz Ativa Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e a Identitá. Colégio Emilie de Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um 33 projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas da comunicação de sua escola. O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se tornem cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que vivem, construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de comunicação. A ideia não é trabalhar uma oficina ou um produto de comunicação, mas ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e sistêmica. É toda a escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na construção de uma nova comunicação da escola. ● Projeto Mudando sua escola e comunidade, melhorando o mundo Projeto em parceria com a Rede Comunicação Educação e Participação e UNICEF com apoio da British Telecom por meio do Comitê Britânico do UNICEF. Foi desenvolvido entre 2008 e 2010 em escolas públicas de cinco diferentes grandes cidades brasileiras. Em São Paulo, atuamos em parceria com a Associação Cidade Escola Aprendiz nas escolas dos bairros de Grajaú, Heliópolis e Barra Funda. Os estudantes experimentaram a utilização de vários instrumentos de comunicação durante as oficinas de mobilização e elaboraram projetos como jornal mural, boletins, vídeos, fanzines, fotografia e outros. ● Projeto Movimento Nossa São Paulo Desde março de 2008, em parceria com o Unicef, a Viração mobiliza crianças e adolescentes para que criem propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da vida pública da cidade. As propostas criadas pelo público infanto- juvenil, relativas a temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, foram apresentadas a todos os candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito eleito. Para aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram realizados fóruns de adolescentes em diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”, espaços de encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas regiões e trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Um guia sobre “Como montar um “cidadelo” foi desenvolvido divulgado pela cidade. ● Projeto Congresso de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 34 Fruto da parceira entre a Viração e o Unicef de Brasília e de Nova Iorque, o Stop Explotation é uma plataforma virtual (http://www.stopx.org/) que reúne jovens e adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008, no Rio de Janeiro. Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço Adolescente, área multimídia de 600 metros quadrados, onde foram realizadas oficinas de rádio, produção de vídeos, notícias, jornal mural e jogos cooperativos. Participaram da iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países. ● Projeto Cartilhas Temáticas da I Conferência Nacional da Juventude Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e Instituo Paulo Freire, o projeto consistiu na produção de conteúdo da 13 cartilhas temáticas que alimentaram o processo nacional da I Conferência Nacional de Juventude nos Estados, em 2008. As cartilhas tiveram uma tiragem de aproximadamente 1 milhão de cópias. ● Projeto de Assessoria em Comunicação para o Conselho Nacional da Juventude e a Secretaria Nacional da Juventude Em parceria com a Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude, o projeto consistiu na assessoria para a criação do site juventude.gov, produção de pressreleases, reportagens e clippings relacionados à juventude, durante 2008 e 2009.. ● Projeto Guia dos Direitos Sexuais e Reprodutivos dos Adolescentes Em parceria com Projeto Tecer o Futuro da Associação Nossa Senhora do Bom Parto e o Unicef, o projeto consistiu na elaboração do projeto gráfico e na produção de textos para 4 cartilhas temáticas, em 2008. ● Projeto de diagramação do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para Educação entre Pares Em parceria com o Ministério da Saúde e Unicef, o projeto consistiu na assessoria e produção gráfica do Guia de Formação do Saúde Prevenção na Escola para Educação entre Pares, em 2008. 35 ● Projeto Mostra Mídia e Religião Projeto realizado em 2009 em parceria com a Mostra Internacional de Cinema e Religião de São Paulo, Festival Internazionale di Cinema delle Religioni Religion Today e Associazione Jangada, ambas de Trento, norte da Itália. O projeto consistiu em oficinas de produção de vídeo de 3 minutos e concurso envolvendo Conselhos Jovens da Viração em 22 Estados e Distrito Federal. ● Projeto de assessoria para produção de revista da ONG Ação Comunitária Projeto que consistiu em oficinas para adolescentes, jovens e educadores da ONG Ação Comunitária e parceiros para a produção de uma revista da organização a partir de uma metodologia educomunicativa, em 2010. Atualmente estão em andamento 12 projetos: ● Projeto Revista Viração Carro-chefe da instituição, a Revista Viração é mensal, com uma tiragem média de 8 mil exemplares e distribuição nacional. Seu conteúdo é produzido pelos Conselhos Jovens (Virajovens) com uma metodologia de participação inovadora que procura aglutinar e favorecer a comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito localizadas na comunidade, no bairro, na cidade. ● Projeto Quarto Mundo Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa de TV diferente na frente e atrás das câmeras. Sua equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a juventude não está perdida. Em 2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação de câmeras, produção, pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação. Também foram feitos debates sobre a história da TV, papel das TVs públicas e comerciais e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas emissoras em geral. Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens entrevistaram pessoas capazes de provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios nas equipes permitiram que todos experimentassem diferentes funções em TV. Cada temporada de gravação trouxe novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e contribuindo 36 para a diversidade do programa. Em 2008, os jovens fizeram gravações de reportagens em externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para aquele ano. Na última temporada, os adolescentes e jovens decidiram criar uma série de ficção que trata de assuntos da vida cotidiana da escola pública, gravada por eles, encenada por eles e com um roteiro criado por eles. Com a cara jovem, marca registrada do Quarto Mundo!, a série conta com cinco episódios e a cada exibição os participantes voltam para o estúdio a fim de debater como a surgiu a ideia do episódio, curiosidades, a origem dos temas e muito mais. Os programas vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segundafeira, às 19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da NET, 71 da TVA ou 187 da TVA Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13 adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e sistematizadas no blog: http://www.quartomundotvusp.blogspot.com/. ● Projeto Agência Jovem de Notícias A Agência Jovem de Notícias é uma iniciativa colaborativa da Viração Educomunicação e parceiros e se constituiu numa articulação de núcleos de adolescentes e jovens de organizações sociais e escolas do Ensino Fundamental e Médio que produzem e disseminam informação de interesse comunitário, por meio de formatos da web 2.0, utilizando os princípios e técnicas do jornalismo social, comunitário e colaborativo. A iniciativa teve origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS), quando a Revista Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), promoveram a cobertura jovem do evento. Consiste em uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as práticas da Educomunicação, e produzir notícias, diariamente, sobre os diversos temas ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses jovens enxergam e que está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado especialmente para o evento e hospedado no portal Viração. A equipe preparada pela Viração promove, diariamente, oficinas de Educomunicação entre os grupos de participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e inovadora, protagonista dos acontecimentos que eles mesmos estão presenciando. De janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos nacionais e internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de 1200 jovens e adolescentes participantes diretamente. 37 ● Projeto Pontão de Cultura Outras Palavras O projeto Outras Palavras é desenvolvido em parceria com a Associação Outras Palavras e financiado pelo Ministério da Cultura. Prevê formação e pesquisa em mídias livres em nível nacional de 2010 a 2013. ● Projeto Plataforma dos Centros Urbanos A Viração é parceira técnica do Unicef para a implementação da Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo e Itaquaquecetuba. A ONG está desenvolvendo a formação em Educomunicação de 126 adolescentes comunicadores e dos educadores sociais de 63 comunidades. Para a realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações da sociedade civil organizada; escolas públicas de Ensino Fundamental; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, movimentos, ONGs, meios de comunicação e associações comunitárias. A proposta de trabalho, em última instância, é influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e mobilização. ● Projeto Movimento Virajovem/ Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma iniciativa que está sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em Brasília, houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados do Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações. Uma delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no processo da Conferência Nacional da Comunicação. ● Projeto de assessoria em comunicação Jovens Urbanos – CENPEC Projeto realizado em parceria com a ONG Cenpec de São Paulo desde 2008. Atuamos com formação em educomunicação jovem e mobilização social para jovens participantes do Programa Jovens Urbanos realizado na região de Guaianazes, em São Paulo. ● Projeto Ponto de Leitura 38 Em parceria com o Ministério da Cultura, o projeto funciona desde 2009 como uma biblioteca comunitária que dispõe ao público atendido pela Viração ou não cerca de 1 mil títulos de livros ligados à mobilização juvenil, educomunicação e literatura. ● Projeto Segurança Humana Projeto realizado em parceria com a Unesco, o Unicef e outras agências das Nações Unidas desde 2009 em escolas do município de São Paulo. Tem como objetivo promover a cultura de paz e reduzir a violência por meio de ações integradas nas áreas da educação, ação comunitária e saúde. ● Projeto Plataforma virtual Phyrtual Em novembro de 2010, Viração firmou um Termo de Cooperação Internacional com a Fundazione Mondo Digitale, de Roma. Uma das principais iniciativa em comum é o desenvolvimento, manutenção e expansão do Phyrtual, plataforma virtual para inovadores sociais. Em resumo, trata-se de um ambiente de inovação virtual que se integra a ambientes de inovação físicos (físico & virtual= Phyrtual), dando impulso aos movimentos do Phyrtual dedicados a projetos sociais de inovação, programas e iniciativas para um mundo melhor. Phyrtual busca ser um ambiente que favoreça o crescimento individual e coletivo de traços humanos positivos para o fortalecimento de uma sociedade baseada na justiça, na igualdade de direitos e na fraternidade. É um ambiente para empoderamento e unidade na ação. A Viração se encarrega da tradução de todo o conteúdo das ferramentas para o português e será ponto focal no Brasil para a expansão da plataforma seja por meio de parcerias que por meio do desenvolvimento de novas ferramentas virtuais para potencializar a plataforma. ● Projeto Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta na Itália Como contrapartida ao financiamento do projeto Agência Jovem de Notícias, o governo da Província de Trento solicitou uma intervenção local por parte da Viração. Estamos desenvolvendo um projeto de educomunicação ambiental no Liceu Bertrand Russel, de Cles, região do Trentino. Aqui, um grupo de 20 estudantes com no máximo 15 anos e 4 professores de diversas disciplinas estão desenvolvendo um projeto na escola e se constituiu como Grupo Green Team. O grupo começou suas atividades em setembro de 2010, dando continuidade às atividades locais que foram realizadas no âmbito da Conferência Internacional Vamos Cuidar do Planeta, promovida pelo governo brasileiro e 39 realizada em Brasília em junho de 2010. O principal objetivo de Green Team é sensibilizar o maior número possível de jovens na escola e na comunidade, sobretudo por meio de duas grandes campanhas de mobilização para que os jovens e suas famílias possam usar produtos com menos embalagens e fazerem coletiva seletiva. Também pensam em colocar uma máquina de distribuição de merenda com produtos biológicos no pátio da escola. A iniciativa ganhou o Prêmio Euregio Ambiente 2010, como melhor projeto ambiental entre as escolas da região, entre quase cem inscritos. O prêmio é promovido pelos governos das regiões do Trentino, Alto Adige e Tirolo. As experiências e os relatórios mensais do projeto estão disponíveis no blog: www.greenteam.tk). ● Projeto Empreendedorismo Virajovens - Geração MudaMundo Projeto em parceria com o Programa Geração MudaMundo da Ashoka Empreendedores Sociais. Iniciado em 2010, o projeto integra o Programa Geração MudaMundo para um Futuro Ideal, que prevê investimento nos Conselhos Jovens da Viração por meio de um concurso de projetos de empreendedorismo no campo da comunicação. 40 Legenda: Ação do projeto Plataforma dos Centros Urbanos. Fonte: Acervo Viração 41 Hoje, compõem a equipe 22 profissionais de diferentes áreas do conhecimento (Comunicação, Ciências Sociais, Psicologia, Pedagogia). Legenda: Organograma organizacional. Fonte: Acervo Viração 42 3.2 A Prática Social A prática social da Viração Educomunicação supõe uma teoria da ação comunicativa que privilegie o conceito de comunicação dialógica; uma ética de responsabilidade social por parte de seus produtores culturais; a promoção de uma recepção ativa e criativa por parte das audiências; a implementação de uma política de uso dos recursos da informação de acordo com os interesses dos polos envolvidos no processo de comunicação, especialmente o adolescente e o jovem29, e, finalmente, uma política de educação e de formação dos membros da sociedade, notadamente os professores, gestores públicos e os estudantes das escolas brasileiras, para o exercício de seus direitos de produção de mensagens através de todos os recursos e tecnologias disponíveis. As pessoas, ao participarem de uma práxis cotidiana voltada para os interesses e as necessidades dos próprios grupos a que pertencem ou ao participarem de organizações e movimentos comprometidos com interesses sociais mais amplos, acabam inseridas num processo de educação informal que contribui para a elaboração-reelaboração das culturas populares e a formação para a cidadania. 30 Nesse sentido, a organização - resultado do esforço conjunto de um grupo de instituições e de profissionais do jornalismo preocupados em ampliar os espaços de expressão das novas gerações -, tem em seu destinatário, o adolescente e o jovem, sua principal fonte de inspiração, abrindo-se, em conseqüência, para o exercício comunicativo de suas lideranças, através da formação de núcleos de comunicação jovem, que se constituem, simultaneamente, em espaços de aprendizagem e de exercício da comunicação solidária e cidadã, em linha com o pensamento de Cicilia Peruzzo: A participação na comunicação é um mecanismo facilitador da ampliação da cidadania, uma vez que possibilita a pessoa tornar-se sujeito de atividades de ação comunitária e dos meios de comunicação ali forjados, o que resulta num processo educativo, sem se estar nos bancos escolares. A pessoa inserida nesse processo tende a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar-se com ele. Tende a agregar novos elementos à sua cultura.31 29 Para garantir a igualdade entre os gêneros na linguagem do presente instrumento, onde se lê “o jovem” ou “os jovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”, assim como em outros casos de substantivos sujeitos a variação de masculino e feminino. 30 http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm 31 http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm 43 Legenda: Ação do projeto Quarto Mundo. Fonte: Acervo Viração 44 A Viração não se apoia na hierarquia, mas promove e se beneficia das relações horizontais, começando por sua própria organicidade interna. Assim, a ONG não só prega este valor, como o põe em prática, primeiramente, experimentando todos os prós e contras deste método de relacionamento interpessoal e institucional. Tomadas de decisões, elaboração e execução de planos de ações, prestação de contas e outros momentos do dia-a-dia são inseridos dentro de uma política participativa e coletiva, privilegiando, desta forma - como bem disse Eric Silva, integrante da equipe de educomunicadores da ONG -, o protagonismo do grupo, que está além do protagonismo individual.32 No desenvolvimento de suas atividades, a Viração Educomunicação não faz qualquer discriminação de idade, orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade, profissão, crença, política ou de qualquer natureza. Princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos permeiam a política promovida e vivenciada interinamente pela Viração e seus colaboradores. Tal política agrega alguns outros valores como informalidade, espontaneidade, pluralidade. É claro que administrar estes processos e ideologias na vida cotidiana esbarra muitas vezes em dificuldades de alinhamento entre discurso e prática, e fatores como tempo, sustentabilidade, prazos, etc., podem interferir. Ressaltamos, no entanto, que isso não tira o mérito da construção coletiva de uma ideologia, de processos e práticas e de fluxos e ecossistemas comunicacionais que querem contemplar tais valores. É por isso que o presente objeto pretende pensar um ecossistema educomunicativo que contemple a reestruturação ou a criação de uma plataforma que atenda à necessidade dos Virajovens de subsidiar novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos diferentes Estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a diversidade, ação política, articulação e diálogo dos Conselhos com outras redes de comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes. 32 Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010. 45 4 PROBLEMA: GESTÃO EDUCOMUNICATIVA “Me lembro de uma reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em Brasília, em junho de 2009. Discutíamos pela enésima vez o fato de que o Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista. Pela enésima vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista, mas um projeto e, agora, uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a ele que estávamos com núcleos em 28 Estados e que estávamos funcionando como uma rede, um grande movimento de voluntários jovens que trabalham nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí o Mario Volpi me jogou na cara: “Pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar”. Ele analisou e disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que viemos fazendo até hoje para, quem sabe, lançar as bases de um movimento social de adolescentes comunicadores. Compartilhei tudo isso com a equipe e todo mundo ficou ainda mais entusiasta e com um grande desafio à frente: passar da revista ao movimento, passar do projeto à organização, e um novo tipo de organização.” Paulo Lima O trecho acima faz parte de uma das entrevistas que fizemos com o fundador da Viração. A conversa com o gerente de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mario Volpi, a que se refere Paulo Lima, foi abordada também pela coordenadora executiva da ONG, Lilian Romão, em conversa informal, e parece ter sido o “tiro de largada” para um projeto que contempla demandas e teorizações que são produtos de oito anos de trajetória. A criação de uma Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores é uma iniciativa que estava sendo promovida pela Viração desde a Conferência Nacional de Juventude, em abril de 2008, em Brasília, quando houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados do Brasil. E neste aspecto, os Virajovens deram partida nesse processo por meio de sua atuação em conferências de juventude livres, locais, municipais, estaduais, etc. A Rede está em processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações, tendo sido a mobilização de adolescentes e jovens para uma participação qualificada no processo da Conferência Nacional da Comunicação, que aconteceu em dezembro de 2009, seu primeiro grande desafio. 46 Ao lado da percepção da necessidade de envolvimento dessas práticas com a articulação política por meio da construção de políticas públicas mais definidas no campo da juventude, esses processos contribuíram para que a Viração fosse a fomentadora e grande incentivadora desta Rede, cujo principal objetivo é fazer o monitoramento de políticas públicas no campo da juventude e da comunicação. Para isso, a ONG busca, desde o começo, se unir a entidades que atuam diretamente com comunicação, com criação e monitoramento de políticas públicas de comunicação aportando nessa relação o foco com juventudes e adolescências, como é o caso do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, uma organização que trabalha pela efetivação do direito humano à comunicação. Em reunião de avaliação do primeiro semestre do projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores, em 28/07/2010, o professor Mário Volpi, Oficial de Projetos do Unicef Brasil, defendeu de maneira contundente o viés político da proposta. Enaltecendo a necessidade do fortalecimento dos direitos da criança e do adolescente na sociedade brasileira, Volpi destacou a importância da mobilização no Congresso para a construção de uma política pública que de fato garanta o direito de participação destes adolescentes e jovens e cunhou essa árdua tarefa a esse movimento nacional que se articula por meio da Viração com o apoio do Unicef e que prevê uma reestruturação das práticas promovidas pela ONG em algumas frentes, tais como, articulação entre os Virajovens, bem como formação em Educomunicação. O Oficial enfatizou ali a não formalidade desse direito, ou seja, a participação dos adolescentes, o direito de se expressar, não é algo formalmente reconhecido, não possui cunho jurídico como o direito à saúde ou à educação. E a rede oferece um campo para a construção desse marco legal. Para Volpi, uma rede desse tipo deve ser financiada pelo poder público e, por isso, a necessidade da construção da política pública. “A mobilização e articulação política de adolescentes e jovens necessita de uma agenda exclusiva que contemple aquilo que diz respeito as suas demandas, as sua realidades. É um erro manipular o movimento social adolescente para fortalecer uma agenda adulta”. Este foi outro apontamento feito pelo Oficial de Projetos do Unicef. Todas as iniciativas hoje existentes no sentido desse movimento são frágeis justamente porque elas dependem do financiamento de algum apoiador para terem começo, meio e fim, enquanto que as crianças de 47 hoje se tornarão os adolescentes e jovens de amanhã. Trata, portanto, de uma demanda permanente. Com base no conhecimento prático e cotidiano que tenho da ONG33, é possível observar que o projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores vem a atender a uma demanda que tem se pronunciado já há algum tempo. Especialmente no que se atém à criação de uma nova plataforma em razão da necessidade de uma reestruturação que se pronuncia no dia-a-dia da dinâmica que envolve a participação e a atuação dos Conselhos Jovens (Virajovens) de modo efetivo, participativo e protagonista. Nosso desafio é, portanto, pensar uma reestruturação dos Conselhos Jovens (Virajovens) por meio da criação de uma plataforma organizativa que fomente uma participação mais efetivamente horizontal e protagonista que aporte soluções para a independência da produção de conteúdo por parte dos Virajovens e de sua articulação como movimento nacional de adolescentes e jovens comunicadores. Sendo assim, podemos dizer que a parte que nos cabe de toda esta proposta se atém a “pensar a comunicação” que se faz necessária a este novo desenho da organização e de seus novos objetivos, mais especificamente no que diz respeito ao diferencial deste ecossistema comunicativo, que são os Virajovens, a fim de lhe dar subsídios para esta transição de projeto a movimento, haja vista sua complexidade. Endossamos, portanto, a ideia construída por Paulo Lima: O desafio agora é como criar um sistema educomunicativo que possa responder às novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um ecossistema comunicativo. Se crescemos, temos que desenvolver novas ferramentas e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja integral.34 33 A autora atuou como colaboradora formal da ONG no período entre dezembro de 2006 e dezembro de 2008, além de atuar como colaborada voluntária, permanentemente. Também desenvolveu junto à instituição processo indiciário proposto para a construção de um diagnóstico, requisitado no primeiro módulo do Gestcom, por meio de entrevistas e conversas informais. 34 Em entrevista concedida à autora para o presente trabalho. 48 A partir desta análise, é possível elencar alguns pontos problemáticos nos fluxos comunicacionais entre Virajovens e Virajovens, entre Virajovens e Viração Educomunicação, e ainda entre Virajovens, Viração Educomunicação e adolescentes, jovens e educadores. São eles: ● Déficit do nível de consciência dos sujeitos envolvidos nos fluxos de comunicação no que diz respeito à essência da proposta educomunicativa para a transformação social da ONG. Para Paulo Lima, o aprofundamento deste nível de consciência é um processo gradual que necessariamente deve contemplar os diferentes graus de “compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade econômica”, por exemplo; ● Relação/comunicação entre os Virajovens e a equipe responsável pela gestão da produção de conteúdo para a Revista Viração (autoritarismo, moldes operacionais com vistas aos industriais (cobrança de prazos e metas), etc.; ● Extensão do primeiro e do segundo pontos que resulta na comunicação emitida pela ONG por meios dos Virajovens, especialmente o Virajovem São Paulo, no sentido de adolescentes e jovens que não fazem parte dos Conselhos, ou seja, uma comunicação externa equivocada; ● Conceito de “protagonismo”, falhas no processo de “empoderamento” (disputa, “hierarquização”, etc.) entre os virajovens; ● Questão financeira, sustentabilidade dos Virajovens; ● Articulação política e mobilização. Podemos atribuir estes vários pontos problemáticos a uma questão mais genérica que se refere justamente a falhas na gestão das práticas educomunicativas a que se propõe a ONG. Percebe-se, portanto, incoerências entre discurso e prática. 49 Eric Silva, 20 anos, midiador do Virajovem São Paulo durante o ano de 2008 e integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, apontou uma destas incoerências.35 Na contramão da proposta educomunicativa que circunda a formação e a atuação dos Conselhos Jovens, o que se percebe, muitas vezes, é uma disputa por cargo dentro do próprio Conselho, opinião compartilhada por Douglas Lima, 22 anos, educomunicador e um dos primeiros virajovens. Eric ressalta a falta de apego do próprio fundador a despeito do apego dos midiadores por tal colocação. “O Paulo nunca teve isso. O cara que construiu a ideia, que seria um líder, não tinha esse apego, essa coisa “minha”, “a viração é minha”, “o Virajovem é meu”, “a Revista é minha”, “o que eu não gosto não vai entrar”...”. Eric alerta ainda para uma segunda incoerência que se dá entre a essência fundamental do papel do Conselho Jovem, instituído com o intuito de mobilizar adolescentes e jovens em torno da participação social por meio da comunicação, e sua real participação, como fonte de produção de conteúdo pura e simplesmente. Para ele, isso ocorre por conta da falta de consciência das origens e da essência da proposta educomunicativa que deveria permear a todos os envolvidos. “O processo educomunicativo, de construção coletiva, se perde porque as pessoas não têm essa essência no nível de consciência”. Podemos aferir do ponto de vista de Eric uma primeira medida que merece atenção: formação destes adolescentes no que concerne ao conceito de Educomunicação e gestão da multiplicação de tal referencial teórico como diretriz. Hábitos do cotidiano, até mesmo como a forma de identificar-se ao telefone - “Revista Viração” ou “Redação” ou, ainda, “Editor” - também são pontuados pelo jovem como forma de demonstrar as incongruências impostas ao dia-a-dia das práticas sustentadas pela organização. Eric chega a relatar experiências envolvendo falta de informação dentro da própria equipe e critica a pretensão de se querer replicar para fora o que não se pratica internamente. Um dos pontos do projeto Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores é criar uma plataforma para dar organicidade aos Conselhos Jovens. Um projeto que prevê uma reestruturação parte do princípio de que há algo a ser reestruturado, modificado, repensado porque não está obtendo total êxito. Mesmo assim, com base em inúmeros documentos da 35 Durante entrevista concedida à autora, em maio de 2010. 50 ONG a que tivemos acesso36, é possível perceber que até hoje não há um planejamento neste sentido, a despeito de tantos outros que se atêm a pensar estratégias em prol de outras metas. Exemplo disso é a reestruturação do conselho pedagógico pensada para este ano e que já contabiliza uma das quatro reuniões previstas ao longo de 2011. Falaremos mais detalhadamente adiante. O jovem atribui ainda ao grande índice de rotatividade verificado entre os integrantes dos Conselhos um processo de “deslumbramento” que “cai na rotina” e então “vira cobrança” por cumprimento de pautas e prazos. Sobre este cenário, Eric chega a fazer a seguinte analogia: “a Viração como pauteira e um monte de repórteres pelo Brasil.” As fragilidades apontadas pelo educomunicador foram atestadas pelo próprios virajovens na última edição do Encontro Nacional dos Virajovens, realizada em outubro de 2010.37 Questões como falhas na articulação e no monitoramento dos Conselhos, o que sugere problemas com a plataforma atual, bem como a questão financeira, que remete aos problemas de sustentabilidade do negócio enfrentados pela ONG, foram apontados pelos participantes durante o evento. Os adolescentes e jovens também sintetizaram em uma lista denominada pela expressão “O que queremos” os objetivos dos virajovens: ● fortalecimento e articulação política entre redes de juventudes; ● liberdade de expressão e participação; ● protagonismo/conscientização; ● mudança de realidade local; ● articulação/intercâmbio/troca entre os Conselhos/maior participação; ● formação em produção jornalística; ● “revolução comunicativa”; ● militância por sonhos e ideais; ● atrair mais jovens. 36 Ver anexos. O IV Encontro Nacional dos Virajovens se propôs a construir, por meio da Educomunicação, as bases de um movimento nacional de adolescentes e jovens, para promover a participação política das adolescências e juventudes para a transformação socioambiental e a efetivação do direito humano à Comunicação. 37 51 5 PESQUISA A fim de reunir elementos capazes de referendar o problema de gestão apontado no capítulo anterior, além das conversas informais e entrevistas realizadas junto a atores que compõem o cenário traçado até aqui, nos propomos à sistematização de pesquisa qualitativa realizada por meio de questionários pensados para avaliar de que forma é feita a gestão das práticas educomunicativas da Viração. As quatro categorias distintas em que foram divididas as fontes são contempladas da seguinte maneira: 4 gestores, 4 educomunicadores, 5 integrantes do núcleo de conteúdo e 11 virajovens. Entrevistamos membros atuais e exintegrantes das referidas categorias, procurando mapear as ações recorrentes nos últimos quatro anos, aproximadamente. Esta pesquisa assume um compromisso de sigilo e confidencialidade e, para tanto, sempre que mencionadas, as fontes, que não terão seus nomes revelados - com exceção dos gestores - serão identificadas pela categoria a que correspondem seguida do número de ordem. Ex.: Educomunicador 4, Conteúdo 3, Midiador 2, etc. Os membros que já não configuram o elenco atual serão designados por “ex”. Ex.: Ex-Midiador 1. A Educomunicação é o fio condutor de nossa reflexão acerca do problema de gestão da comunicação apontado por esta pesquisa, assim como da busca por possíveis soluções para tal problema. Isso fica claro se organizarmos pontos de observação em eixos de trabalho. O primeiro deles seria a “Gestão Educomunicativa” em si. Integram este eixo: a análise de como e por quem se dá tal gestão; o levantamento de indicadores capazes de avaliar os impactos ou resultados alcançados e, ainda, a detecção de fragilidades e êxitos da mesma. Um segundo eixo seria a “Produção Educomunicativa”. Acerca deste, nossa proposta é avaliar os embates entre moldes operacionais e preceitos educomunicativos travados em razão de incoerências ideológicas e práticas, além de incongruências que se esboçam diante do nascedouro de uma rede nacional de adolescentes e jovens comunicadores a partir de uma rede já existente que se configura nos próprios Conselhos Jovens. O simples fato de ambas se objetivarem a fins distintos pode ser tomado como tensão que pede a reestruturação da plataforma por meio da qual a agenda dos Virajovens se concretiza. Concluímos que ambos os eixos cabem dentro de um tema central bastante genérico: incongruências entre discurso e prática. 52 Uma sistematização rápida nos mune de fragilidades e êxitos apontados pelo públicoalvo da referida pesquisa na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração. São eles: FRAGILIDADES ● Centralização das decisões na figura do fundador Paulo Lima (2)38; ● Distinção quanto a salário e carga horária em ocasião de mesma função executada (1); ● Ações pontuais por interesse puramente político (1); ● Relacionamento/Vínculo pouco fortalecido da Viração com os Conselhos Jovens/Relação de cobrança de produção, apenas (3); ● Sustentabilidade financeira (4); ● Gestão compartilhada (1); ● Atividades afetadas por decisões de ordem administrativa (1); ● Expansão do número de Conselhos (1); ● “Idolatria” ao fundador, Paulo Lima (1); ● Sobrecarga de tarefas/impossibilidade de uma atuação mais ampla, em outros projetos da própria Viração (2); ● Centralização em SP (1); ● Baixo foco e investimento na equipe de conteúdo (2); ● Baixa infraestrutura (equipamentos audiovisuais) (1); ● Rotatividade da equipe por motivo de baixos salários (2); ● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2); ● Mobilização e sustentabilidade financeira dos Conselhos (1); ● Posturas conservadoras a despeito da diretriz educomunicativa (1); ● Pouco cuidado com e espaço e o equipamento de trabalho (1); ● Pouca propriedade individual com o controle de despesas; ÊXITOS ● Despertar de senso crítico de adolescentes e jovens (1); ● Profissionais comprometidos e alinhados com a missão da Viração (3); ● Qualidade na execução de projetos (1); 38 Os números entre parêntese pontuam o número de respostas similares. 53 ● Gestão compartilhada (2); ● Autonomia das equipes e colaboradores (2); ● Processos horizontais/construção coletiva (2); ● Espaço para criatividade (1); ● Projetos e produtos consistentes e com impacto no dia a dia do público alcançado (1); ● Mobilização juvenil (1); ● Processos educomunicativos orgânicos/em construção/questões ideológicas/paradoxos (2); ● Ampla atuação da ONG a despeito dos pontos frágeis (1); ● Fortalecimento da dimensão multidisciplinar (1); ● Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o fluxo de informações (1); ● Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratégico e participativo anual (1); ● Ações integrantes e interconexas entre os vários projetos (1); É interessante, em um primeiro momento, denotar a presença de apontamentos em ambas as listas. Desta forma, fica fácil perceber que a Educomunicação impõe desafios ideológicos a ambas as práticas em análise, seja à gestão em diversos níveis (global, de projetos, da produção de conteúdo participativa ou dos Conselhos Jovens), seja à produção, em si, no que se refere à plataforma ou aos moldes operacionais por meio dos quais ela acontece, ou mesmo à missão dos Virajovens – verdadeiras unidades que, juntas, são a própria Viração – que se confunde entre a mobilização/militância juvenil e a proposta de uma prática comunicativa participativa. O questionário aplicado na etapa final da pesquisa instituída por este trabalho se propôs à avaliação da gestão das práticas educomunicativas da Viração em quatro níveis (gestão institucional, gestão de projetos, gestão da produção de conteúdo participativa e gestão dos Virajovens). De acordo com o fundador da ONG, Paulo Lima, “a gestão das práticas educomunicativas se dá por meio da gestão das próprias atividades, ações, processos, áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são os respectivos coordenadores de projetos junto às suas respectivas equipes”. Explicação compartilhada pela maioria dos entrevistados. 54 Educomunicadora da equipe da Viração, Gisella Hiche menciona a coordenação colegiada, composta por ela mesma ao lado de Paulo Lima e da coordenadora executiva Lilian Romão - integrantes da diretoria executiva da ONG -, como responsável pelos momentos de planejamento coletivo aos quais ela atribui a gestão das práticas educomunicativas angariadas pela organização. “Menos que uma hierarquia, essas funções atuam como responsabilidades diferentes que se complementam”, explica ex-integrante da equipe de educomunicadores. Um destes momentos são as chamadas reuniões de equipe. Uma das pessoas entrevistadas dentro da categoria dos educomunicadores, atuais e ex-integrantes, do Laboratório de Educação Comunitária (LEC)39, o Ex-Educomunicador 3 o menciona como exemplo de processo que tem sua gestão feita por todas as pessoas que dele participam. É assim que ela relata ser feita a gestão das práticas educomunicativas da ONG, “de maneira responsável e coletiva”: Faço questão de ressaltar este exemplo para mostrar que as práticas educomunicativas na Viração não se restringem ao trabalho realizado diretamente com os jovens. Essa gestão educomunicativa é desempenhada por todos aqueles que integram aquele ecossistema comunicativo na realização das mais diversas atividades. No entanto, é preciso ponderar que, como estamos inseridos em uma sociedade que não está acostumada com este tipo de modelo de gestão, os processos podem levar mais tempo que o normal. Muitos questionamentos surgem, pois há a participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis. Gisella Hiche elenca as ferramentas por meio das quais a gestão se dá, segundo ela, via “organização e planejamento das atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano”: ● Planejamento estratégico, gestado pela Ashoka em parceria com voluntários da Mckinsey (através desta ferramenta foi possível elaborar o texto para a missão e visão da Viração, bem como um plano de metas para o período de 2009 a 2013); ● Planejamento estratégico anual feito com mediação externa, oferecida pela FES (nesses momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados, operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na organização); 39 Assim é denominado o núcleo responsável pelas práticas educomunicativas promovidas pela organização, bem como por seus projetos. 55 ● Avaliação do planejamento anual (realizada na metade do ano, para adaptações de prazos, operações, etc., a fim de garantir que o planejamento dialogue com a realidade); ● Avaliação em dois planos: pessoal e coletivo (realizado no final do ano em vários níveis individual, por projeto, por núcleo e global - a atividade serve como pano de fundo para o planejamento estratégico anual). E reflete: “Ao usar metodologias de avaliação e planejamento coletivos, é muito mais fácil gerar entre todos comprometimento, motivação e uma capacidade de saber o quanto daremos conta.” Um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo - responsável pela produção da revista e da agência on-line -, Ex-Conteúdo 4 reforça a coletividade impregnada ao processo de gestão: “Não creio que seja „responsabilidade‟ de apenas uma equipe, já que a essência da Viração é a Educomunicação. Ela está presente em todas as áreas da Viração, desde as atividades realizadas na sede até no que recomendamos aos Conselhos de todo o Brasil.” Outro ex-integrante do núcleo de conteúdo, por sua vez, Ex-Conteúdo 2 afirma que “a Vira passou a se preocupar com a gestão das práticas educomunicativas no início da Plataforma dos Centros Urbanos” - projeto desenvolvido em parceria com o Unicef. Ele explica que o projeto contava com uma figura da área pedagógica, como forma de garantir a inserção educacional nas atividades realizadas, já que a equipe era formada somente por comunicadores. “A partir disso, a organização incluiu em suas pautas um olhar mais cuidadoso, no sentido multidisciplinar, em todas as ações realizadas dali em diante”, afirma. A fonte refere-se ao pedagogo e primeiro-secretário da ONG, Eduardo Peterle, que assinala a necessidade de “destacar que os principais responsáveis por tal gestão são os próprios educomunicadores que, necessariamente fazem esse percurso de planejar, agir, refletir e registrar.” Assim como muitas outras, a fonte também menciona o Planejamento Estratégico realizado pela equipe da ONG anualmente. Ao contrário de seus colegas, que elencam o evento como uma das ferramentas da gestão das práticas educomunicativas, ele afirma: 56 Em 2010, durante o Planejamento Estratégico da equipe da Viração, foi pensada uma forma de sistematizar as práticas educomunicativas já realizadas pela organização desde 2003, e as que viriam a seguir, pois não existia, até então, uma gestão dessas práticas. Essa ação também foi compartilhada no IV Encontro Nacional dos Virajovens, onde eles puderam incluir suas contribuições. Para a presidente da organização, a jornalista Juliana Rocha Barroso: [...] esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se incorporando como rotina, especialmente com a integração da educomunicadora Gisella Hiche à equipe, e passou a ser um processo institucional com a constituição do que chamamos de LEC - Laboratório de Educomunicação Comunitária, área responsável por essas sistematizações e por trabalhar com a equipe o desenvolvimento da competência de sistematização, de forma que todos registrem as práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro de atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na Viração, sempre vivos e em constante desenvolvimento.” Relatos de dois ex-integrantes da equipe, no entanto, dão conta de uma realidade diferente desta, retratada com vistas às práticas mais atuais. Ex-Educomunicador 1 afirma, com base em sua vivência passada, que tal gestão “é realizada a partir das diretrizes traçadas pelo Paulo Lima”. “Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a induzir que o processo é participativo e coletivo”. Opinião similar é expressada por ExConteúdo 3 por meio de uma das fragilidades no processo de gestão apontada pela mesma: “não descentralizar as decisões, deixando tudo a cargo do diretor, Paulo Lima.” Ambos têm o mesmo posicionamento também no que se refere à política de captações e parcerias instituída pela ONG. “O que mais me irritava na política da Viração era todo o discurso educativo, colaborativo, comunicativo, de vestir a camisa, acreditar, ter ideologia ser propagado centenas de vezes em reuniões intermináveis e acabar em pizza após um telefonema de um cliente (eufemisticamente chamado de parceiro) ao Paulo Lima”, afirma Ex-Conteúdo 3. Ao que se assemelha o seguinte relato: Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das práticas ser alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga manda” que, mesmo sendo velada, era uma das características marcantes da Viração, 57 principalmente na gestão Paulo Lima, relata Ex-Educomunicador 1. Ao que acrescenta: “A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar entre suas verdades ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana venceu. Algumas vezes a ideologia foi mais forte. Quando isso acontecia, era transformado em propaganda, vide a “famosa” situação da recusa do apoio do Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo mais”. Para um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo que responderam ao questionário, “tudo, no fim, pode ser resumido por incompatibilidade entre discurso e prática. Ex-Midiador 4 também atesta o fenômeno: “Os educomunicadores e virajovens possuem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa com fundamentação política”. Ele explica que: A Viração possui uma forte articulação estabelecida com outras organizações de renome mundial e nacional e, por isso, como em toda e qualquer sociedade regida por interesses, suas ações, em alguns momentos, se adequam às expectativas de algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação mais forte entre elas. A mesma fonte entende como as ações que resumem as prioridades tidas pela gestão das práticas da ONG e as ações decorrentes de tais prioridades: [...] fortalecer uma articulação nacional entre movimentos sociais para uma gestão democrática da comunicação no país com participação de jovens e adolescentes, garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por intermédio da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e utilizá-lo para transformar realidades. Ex-Educomunicador 2, por sua vez, acredita que existe “a busca por uma gestão democrática e participativa, ou seja, educomunicativa”. “Como é algo que não aprendemos e estamos co-criando, existem escorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o compromisso claro em viver uma gestão educomunicativa”, afirma. Há uma preocupação forte com a compreensão de quais são os reais objetivos de uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de quantificar e também qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que invariavelmente de pessoas 58 e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir suas visões á partir de vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação, partindo de sua própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura dogmática, onde aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite envolver por ele, e faz leituras precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas que li, e com frequência ouço. Acho lamentável que posturas corporativistas, mercadológicas, posicionamentos restritos e estruturas de trabalho não questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da funcionalidade dessas e de outras metodologias. (Relato de um dos primeiros virajovens e integrante da equipe Viração até os dias atuais). O trecho acima faz parte da resposta dada a uma das questões que compõem o questionário da pesquisa qualitativa a que nos empreitamos que se propõe a monitorar indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração, bem como sua confiabilidade. Algumas vezes, nos deparamos com respostas que negam ou não detêm certeza com relação à existência de tais indicadores. Muitas outras, no entanto, as fontes atribuem a mensuração do impacto social destas práticas às histórias individuais de adolescentes, jovens e, consequentemente, familiares e comunidades alcançadas pelos projetos e atividades promovidas pela ONG. É o caso de Ex-Educomunicador 3, para quem “é muito gratificante ler nas Redes Sociais os diferentes depoimentos de jovens que agradecem à Viração e seus projetos por terem "aberto" seu olhar para um outro mundo.” Muitos destes jovens que viviam em situação de extrema vulnerabilidade social, hoje ingressaram em uma universidade, ou estão empregados e até envolvidos em diferentes iniciativas do Movimento Social. Em vez de somarem pontos para as estatísticas de delinquência, crime, eles contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida de muitas outras crianças, jovens e pessoas de suas comunidades. A fonte acrescenta ainda “a credibilidade da Viração junto aos espaços de participação política como conferências, eventos do Governo e da Sociedade Civil em que a Viração é apontada e convidada como referência.” Membro da equipe responsável pela coordenação colegiada da instituição, Gisella Hiche também menciona tal reconhecimento. Para ela, no entanto, “ainda não há nenhum indicador cem por cento confiável”, “mesmo porque estamos trabalhando com processos que lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em processos políticos relacionados com a luta pela transformação socioambiental”, justifica. 59 Creio que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça social para todos, é baixo, mas eu aposto na micropolítica e vejo que a Viração, com a estrutura que tem e princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com alta capacidade de multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida de cada um que se envolve com a Vira, nas escolas, em comunidades e grupos espalhados por cerca de 24 Estados do país. Ex-Midiador 1 referenda tal posicionamento: “Quando vejo aqueles jovens, no início tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seus direitos, isso é o que me faz perceber que estamos no caminho certo.” “Esse reconhecimento é algo que se repete nas falas em nossos encontros presenciais, afirma Ex-Midiador 5. Apesar de julgar que “seria interessante ver sistematizadas todas as coisas que conseguimos fazer em formas quantitativas e qualitativas”, para a fonte, são também indicadores capazes de denotar o impacto das práticas promovidas pela Viração: [...] o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da comunicação e organizações espalhadas por mais de 20 Estados brasileiros, bem como as produções coletivas que surgem a partir desse envolvimento, além da organização, intervenção e participação em eventos importantes na formulação de políticas públicas em comunicação e juventudes. Paulo Lima aposta nas avaliações coletiva e individual realizadas a cada atividade como forma de sistematizar tais indicadores. Entretanto, juntamente com o relato de experiências pessoais para medir transformações de caráter comportamental, o fundador da organização elenca ainda outros: número de adolescentes e jovens que participam das atividades, frequência, número de ações, processos e produtos educomunicativos elaborados e disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas atividades, grau de conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das atividades, observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de facilidade para com os conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos. Para Eduardo Peterle: 60 Não existem indicadores seguros. O que existe é a prática de avaliação sistemática dos processos e produtos realizados, mas sempre com caráter interno. A Viração e a Revista não sabem qual é o seu impacto social de médio e longo prazo. Existem apenas avaliações de meio e final de processos específicos que fornecem elementos para novos projetos/matérias. Este é o maior desafio da Viração e da Revista para os próximos anos: Quem lê?, Por que lê?, Pensa o quê?, Faz o quê com a Revista?, Chega a quem?, etc. “A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi se desenvolvendo ao lado da Educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem independência institucional, houve a preocupação de fazer com que todos os espaços físicos e virtuais fossem parcialmente auto-gestionados, no sentido de que não havia necessidade de formatar uma metodologia de mediação engessada, imutável, mas que compreendesse as reais necessidades, inclusive do processo de adaptação das ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos e também administrativos. A gestão, por si, é parte deste ambiente educomunicativo, mais que uma mera representação da realidade esperada por uma organização, como geralmente é colocado por empresas e outras instituições com diferentes métodos de gestão”. (Relato de um dos primeiros virajovens e integrante da equipe Viração até os dias atuais). No que concerne aos Conselhos Jovens, essa gestão é “feita de forma intuitiva e dissociada da equipe”. O relato é de autoria de Ex-Conteúdo 1. A fonte relata que no período em que atuou junto à ONG, “a gestão de um Conselho era responsabilidade dele próprio, cabendo à equipe da revista somente inspirar pautas e assuntos para debate e posterior material jornalístico”. Tendo atuado junto à equipe de conteúdo há mais de dois anos, a fonte atesta: O contato com os Conselhos servia somente para garantir a participação de todos os Estados na produção da Revista, o que era de sucesso duvidoso, uma vez que a relação que se estabelecia com os jovens era de cobrança e prazos. O processo de produção, via de regra, não era acompanhado nem valorizado e a prioridade era que a Revista saísse, não que o jovem entendesse sua própria prática educomunicativa. Tanto assim que, em algumas oportunidades, perguntei a jovens integrantes do Conselho de São Paulo sobre suas práticas educomunicativas e eles não se reconheceram nelas. Isto porque, mais do que uma explicação teórica, faltava-lhes o básico sobre a proposta do projeto. A mesma pessoa também afirma que esteve de acordo com as prioridades teóricas da equipe de gestão da ONG, que giravam em torno de processos educomunicativos, à época em que atuou junto ao núcleo de conteúdo. 61 Na prática, interferências de ordem administrativa e/ou financeira redirecionavam as prioridades cotidianas e, embora não ferissem necessariamente o ideal maior do projeto, comprometiam bastante o desenvolvimento de processos de qualidade no que concerne ao conteúdo. Ex-Educomunicador 1 relata dinâmica similar à época de sua atuação junto à equipe: Basicamente, a pessoa responsável pelo contato com os Conselhos é pressionada para que a matéria saia. Esse responsável pressiona a pessoa responsável pelo Virajovem, no caso, o midiador. Se por algum motivo a matéria não for produzida a tempo, parte-se para opções emergenciais: o midiador procura outra pessoa para fazer a matéria; o midiador escreve a matéria; a matéria é passada para outro Conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da própria equipe de conteúdo escreve a matéria, às vezes, com apoio de um jovem, ou sozinho mesmo. Tudo isso em prazos para lá de vencidos. Para a fonte, “os Virajovens atuavam como executores das ações apenas”. “Essa situação pode ou não mudar, depende do interesse político e financeiro da diretoria da Viração. Eu penso que vai continuar essa bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro” forte (cheio da grana) defina que isso é a principal prioridade.” A problemática atestada pelas falas anteriores se confirma no relato de um dos integrantes da equipe que facilita atualmente a produção de conteúdo participativa feita pelos adolescentes e jovens dos Conselhos. A proposta de Conteúdo 1 para sanar tal dificuldade é a escalação de uma pessoa para trabalhar especificamente com a mobilização dos Virajovens. “Atualmente, os Conselhos são compostos por poucas pessoas e se este leque estivesse mais aberto, certamente, além de pessoas focadas na participação política, também teríamos mais jovens interessados em contribuir com conteúdo”, explica. A colocação traz à tona o segundo eixo que compõe o problema de gestão da comunicação diagnosticado por este instrumento: como garantir a metodologia de produção participativa feita a partir dos Virajovens em detrimento da Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores, que se esboça também a partir dos Conselhos, sem ferir preceitos educomunicativos como a livre forma de participação e expressão? 62 A mesma fonte referenda a permanência da fragilidade - detectada, inicialmente, com vistas ao período de atuação da autora que vos fala junto à equipe, há cerca de dois anos -, ao elencar as prioridades da equipe atual: “estar sempre em contato com os Conselhos Virajovens” para discussão de pautas, acompanhamento do processo de desenvolvimento das matérias e monitoramento para o cumprimento de prazos”. De acordo com a fonte, “a prioridade está na qualidade do produto final, sem que se perca o processo educomunicativo”. A pergunta que fica é: como se evita tal perda? Atual midiador de um dos Virajovens, Midiador 1 relata que os componentes do Conselho recebem todas as informações e são convidados a participar de todos os chats e discussões. Desta maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa do Conselho, o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente exigido por mim, o que torna tudo um tanto cansativo. O midiador acrescenta ainda que “o índice de participação nas reuniões nem sempre é o esperado ou o necessário”. O relato denota um dos desafios pontuados pelos próprios integrantes dos Conselhos nas edições do Encontro Nacional dos Virajovens: a mobilização para atrair os adolescentes. No período em que estive na Viração, pude presenciar jovens que centralizavam o processo de trabalho de alguns Conselhos. Esse envolvimento grande é muito rico, mas para potencializar esse trabalho, a Viração precisa investir em formação em Educomunicação para tornar esses jovens aptos a realizarem uma mediação dos Conselhos priorizando a busca de mais jovens para integrar todo esse rico processo. Mostrar a eles que, assim como a Viração, a partir da educomunicação, despertou neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicação para um número maior de jovens. O relato acima, de autoria de Ex-Educomunicador 3, expõe um desafio anteriormente abordado pelo educomunicador Eric Silva: a disputa hierárquica dentro do próprio Conselho Jovem. Questionada acerca dos moldes operacionais de produção - semelhantes, como 63 percebemos a partir dos inúmeros relatos, aos moldes do processo industrial -, a fonte personifica o desafio: Imagine que o midiador não conseguiu formar um grupo para produzir a matéria. Ele tem que trabalhar, estudar e o pessoal do núcleo de conteúdo, em São Paulo, reservou duas páginas para a história deste determinado Estado. Caso o processo falhe, o jovem vai ser pressionado para escrever sozinho e mandar a notícia. Ou São Paulo pode dizer que, se é educomunicativo, não há necessidade desta pressão e esforço. Porém, haverá uma corrida para o preenchimento das duas páginas. Isso dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo de jovens bem mediado localmente. Sei que são diversos os fatores que impactam no processo produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formação em Educomunicação é fundamental para o bom funcionamento dos Conselhos. A conclusão vai ao encontro da intervenção a que este estudo se propõe. Ou se configura em, pelo menos, um dos caminhos que a presente pesquisa vislumbra apontar para a reconfiguração de uma plataforma por meio da qual se dá a atuação de adolescentes e jovens em torno de uma metodologia de produção de conteúdo participativa. O educador Eduardo Peterle discorda do apontamento feito por esta pesquisa acerca dos referidos moldes operacionais de produção de conteúdo. Não acho que ocorre nos moldes do processo industrial. Aliás, longe disso! As etapas podem até ter o mesmo nome, mas o sentido é totalmente outro, pois se cobra o prazo para envio da matéria de maneira solidária, com compromisso social, responsabilidade para com as ações assumidas coletivamente visando a garantia da qualidade de processo, ou seja, a cobrança não é autoritária, mas uma ação necessária de autoridade ao interesse coletivo. Gisella Hiche compartilha da opinião de Peterle: Acho complicado dizer que o processo é semelhante ao processo industrial, pois na indústria, as pessoas estão ali por uma questão de sobrevivência, trabalhando por necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto de seu trabalho, entre outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a Viração, a relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas quem resolve participar vai trilhar junto um caminho em que acordos são feitos, prazos ajudam a organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja, 64 procedimentos, ou "moldes operacionais" são necessários para que exista movimento, principalmente se estamos atuando em conjunto. Conteúdo 1, no entanto, relata: “Trabalhamos focados para que isso não aconteça, mas temos prazos a cumprir e responsabilidade com parceiros e apoiadores. Assim, quando o prazo começa a ficar comprometido, acionamos o “plano B” e isso infelizmente afeta na garantia do processo educomunicativo”. De acordo com a fonte, “quando falta conteúdo para a Revista, é produzido na Redação de acordo com as pautas sugeridas em chat”. “Isso tem acontecido com freqüência, mas pensamos não ser o ideal. Ainda não foi discutida uma forma de sustentar a metodologia participativa, caso a maioria dos jovens decidam não mais contribuir com produção de conteúdo. Acredito que é urgente esse estudo”, defende. Para o fundador e atual diretor executivo, a questão “é dialética, ou seja em contínua relação de forças e de atenção”. Ele defende a busca contínua pelo respeito aos preceitos educomunicativos e pela criação de “mecanismos, metodologias de participação, que respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo tempo em que respeitem um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios Virajovens”. “Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de construção, de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e intenção para casar essas duas dimensões.” Ex-Conteúdo 2 afirma crer “que seja muito difícil garantir um processo educomunicativo completo com prazos tão curtos para execução e entrega de reportagens”. “É claro que perseguimos isso, buscando mobilizá-los para que tenham um tempo maior, que planejem as pautas com dois meses de antecedência, por exemplo, mas nem sempre isso acontece, por dificuldades inerentes a cada Conselho (falta de equipamentos ou infraestrutura básica (gravadores e máquinas fotográficas, acesso à internet, etc.)”, explica. Para a coordenadora executiva da organização, trata-se de algo “comum quando se atua com grupos que têm interesses similares e divergentes”. “Os conceitos educomunicativos da Viração procuram respeitar formatos e tempos, mas também consideram aspectos de planejamento em conjunto, de produção de conteúdos e de publicação que são fundamentais para os objetivos a serem alcançados”, observa. 65 Integrante da equipe atual de educomunicadores da ONG, Educomunicador 1 reconhece que “existem limitações”, mas defende que “o processo continua sendo educomunicativo”. “A operação dentro dos moldes industriais acontece apenas em parte, uma vez que o fato de os próprios jovens produzirem a Revista já é um diferencial em relação ao processo convencional.” Três midiadores atuais que participaram da pesquisa demonstraram satisfação em relação aos moldes em discussão. Dois deles defendem com veemência a existência de prazos e metas a cumprir, num movimento contrário à orientação da reflexão proposta. “Os prazos são fundamentais, pois temos que estar com a Revista pronta todo mês nas mãos dos leitores e, com isso, aprendemos que temos que ter responsabilidade. Não é por sermos jovens que temos que ser irresponsáveis, afirma Midiador 4” O terceiro componente do referido grupo, Midiador 1 acredita que “da maneira como acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a publicação da Revista impressa”. Com uma equipe fixa em São Paulo, a Redação é que “segura a peteca”. Isso porque São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem. Eles têm uma sede com pessoal qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos outros Estados ou são organizações que direcionam parte de seus esforços (em geral uma parte pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem nenhuma estrutura ou apoio mas que mesmo assim fazem o Virajovem acontecer. Uma das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos Conselhos, pois há muitos custos envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada participante e isso prejudica, pois os membros precisam descobrir formas de se sustentar e acabam não tendo tempo para a Viração. O público alvo da presente pesquisa foi questionado acerca do grau de importância ocupado pela proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes e jovens para a Revista e a agência de notícias on-line em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração. A intenção da pergunta foi perceber a existência da possibilidade de tal proposta ser desvinculada das práticas dos Conselhos Jovens garantindolhes autonomia para o exercício da livre participação expressão. De acordo com Paulo Lima: 66 A produção de conteúdo é tão importante quanto a promoção e o monitoramento de políticas públicas de juventude e comunicação”, prioridade conferida à Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadores. Questionado se um adolescente, hoje, pode integrar um dos Virajovens apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem a necessidade do compromisso com a produção de conteúdo para a Revista e a agência, e, sendo assim, como a Viração garante, operacionalmente falando, a manutenção de tais veículos sob a mesma metodologia de produção participativa de adolescentes e jovens, o fundador da ONG constata que o assunto ainda não foi pensado e cogita “uma reestruturação dos Conselhos Jovens”. “Alguns podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por um determinado período de tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação. O que vem ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas respectivas cidades e Estados. A percepção se assemelha à do Ex-Midiador 4: “Acredito que o ideal é que os Virajovens fizessem uma reflexão de caráter existencial a fim de se auto classificarem como Conselhos de produção, Conselhos de mobilização social ou Conselhos mistos”, opina. Para o jovem, “não é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os Conselhos, já que o diferencial da organização é exatamente esse”. “Entretanto, nem todos os Conselhos possuem interesse por essa ação”, defende. “Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros apenas mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que propomos é que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do movimento ao mesmo tempo”, argumenta Paulo Lima. Ao que a fonte contrapõe: Sei que na teoria é característico dos Conselhos fazerem as duas atividades e que elas se complementam, no entanto, a realidade sentida é outra. Os Conselhos possuem expertises, desejos e atividades completamente diferentes uns dos outros. Logo, eles, mais do que ninguém, devem conhecer o próprio perfil. Para o Ex-Midiador 4, “a partir deste mapeamento, a organização poderia ter em mãos grupos mais engajados em determinadas áreas por não precisarem se comprometer com outras ações que não fazem parte de seu perfil”. “Existem grupos que não fazem mais parte dos Conselhos, mas a organização insiste em manter tais vínculos que desperdiçam tempo e 67 esforços. A partir do momento em que se enxergar a realidade sem a pressão do ideal, os processos poderão ser repensados pelos Conselhos e pela própria organização.” Ex-Conteúdo 2 reforça o posicionamento: O meu trabalho era justamente o de tentar fortalecer a ideia de que a comunicação é uma ferramenta fundamental como ação política. Cabia a mim, ou a quem estivesse cuidando da Revista, fazer contato com essas pessoas e trabalhar formas de garantir, ainda que uma pequena nota, informações para os produtos editoriais. Por isso a importância de o Conselho ser formado por pessoas com diferentes afinidades. Assim, podemos garantir a participação de uma delas na Revista, enquanto a outra atua na militância. Paulo defende, no entanto, que a mobilização “vira pauta de conteúdo seja para a revista impressa que para a agência jovem de noticias e também gera ação de promoção e monitoramento de política pública.” Para Lilian Romão, “a produção de notícias, informação e conteúdos pelos adolescentes e jovens é também uma forma de intervenção política”. “Por isso dizemos que tão importante quanto o produto, é o processo pelo qual ele é desenvolvido”. A coordenadora executiva da ONG defende que “a Viração facilita, mas não estipula formatos de ação”. A proposta do Movimento é incentivar todas as formas possíveis de participação dos adolescentes. Contudo, é importante enfatizar que a ação da Viração está diretamente relacionada ao processo de construção das políticas públicas de comunicação e o acesso e exercício, pela juventude, do direito humano à comunicação. Para Gisella Hiche, “a produção de conteúdo é uma das experiências mais desafiadoras para experimentarmos as possibilidades de ação em rede”. “Acredito que se a Vira quiser manter a Revista, ela terá que investir cada vez mais em mobilização, formação e redes.” Ex-Conteúdo 1, por sua vez, defende que a forma de gerir a participação dos Conselhos está equivocada. 68 É bonito colocar na contracapa que a Revista está presente em x Estados, quando na prática, seis ou oito Conselhos funcionam adequadamente (produzem conteúdo). O ideal seria que a equipe visitasse os Conselhos de tempos em tempos, criasse materiais (folders, vídeos) que versassem sobre a forma educomunicativa de interferência social, que desse explicações básicas aos jovens sobre o conceitos que norteiam essas práticas e que fomentassem neles o interesse e a consciência do processo ao qual estão se propondo. Há quem defenda que não é necessário saber sobre conceitos para atuar. Mas Paulo Freire nos lembra de que reflexão sem prática é palavrório, mas prática sem reflexão é ativismo. Há, sim, que se educar e dar suporte aos jovens dos Conselhos para que eles entendam porque, inclusive, devem cumprir prazos. Isso faz parte de um compromisso assumido, não de uma cobrança sistemática vazia. Exemplo utilizado por um Midiador 1 reforça a necessidade de atenção para com a plataforma que sustenta a produção participativa promovida pela organização: “É frequente acontecer de Estados que estão escalados para uma pauta sumirem, não atenderem ao telefone, não responderem e-mails, “furar” com sua parte, o que gera estresse para os demais”. A mesma fonte expressa visão que privilegia “a produção das matérias e a participação na Revista como a porta de entrada para a Viração, o lado mais atraente e chamativo, a partir do qual, o adolescente e o jovem se integra às dinâmicas, percebendo outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e processos.” Para Ex-Midiador 2: Essa proposta [rede de adolescentes e jovens comunicadores] tem muito que mudar, se adaptar e desenvolver novas iniciativas, que eventualmente substituam ou, ao menos complementem a força que os Virajovens dão para a produção da Revista e da agência. Se essa configuração for alterada, é necessário e de extrema importância ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão muito otimista de grande parte das pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos práticos, de maneira objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de estarmos vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse Movimento, quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em todos os processos. Além das ações e ferramentas pontuadas pelas fontes da presente pesquisa no que se refere à gestão das práticas educomunicativas da ONG, o jornalista Paulo Lima elenca ação mencionada também por um dos ex-integrantes do núcleo de conteúdo: a reformulação 69 do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes. Segundo o diretor executivo da organização, trata-se de uma das três prioridades definidas no planejamento estratégico para o ano de 2011 e geridas pela coordenação colegiada, juntamente com outras duas propostas: reelaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica e elaboração de projeto para nova sede. Nos ateremos à primeira pelo fato de ser esta uma proposta de ação relacionada à metodologia de produção de conteúdo participativa feita por adolescentes e jovens que norteia a proposta pedagógica da Viração, sendo as demais inerentes à sustentabilidade financeira da ONG. No que concerne ao objetivo do presente estudo de refletir acerca de fragilidades no âmbito da gestão da comunicação das práticas promovidas pela Viração, é importante notar que a proposta de reformulação do Conselho Pedagógico não prevê nenhuma ação que vise à busca de soluções para tais pontos frágeis, o que denota a necessidade de trazer à consciência da ONG as referidas problemáticas, referendadas pelos relatos coletados pela pesquisa desenvolvida. De acordo com documento memorial da ONG, o Conselho Pedagógico “faz parte do próprio DNA da Viração”, que desde o começo se configura como um projeto multi e transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber, da pedagogia à comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição deste Conselho foi a realização de um trabalho com grupos focais para avaliação da necessidade de se criar uma revista produzida com jovens e pelos jovens, e, posteriormente, para avaliar o número zero da publicação. Inicialmente, o grupo era formado por duas pedagogas, duas sociólogas e alguns integrantes do conselho editorial da Revista Viração. As reuniões aconteciam a cada três ou quatro meses. Entretanto, em razão das agendas dos conselheiros, a dinâmica funcionava mais efetivamente à base de troca de mensagens eletrônicas ou consultas por telefone. O grupo tem por funções: ● sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da Revista e de edições especiais; 70 ● contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria sustentabilidade institucional; ● assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais; ● assessorar equipes dos projetos da Viração na elaboração de laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação; ● contribuir para criar canais inovadores de participação, seja de estudantes, seja de educadores, na Revista e na organização como um todo. Na explicação dada por um ex-integrante do núcleo de conteúdo, tal reformulação “objetiva acompanhar e orientar as atividades dos projetos da Vira e o processo de produção da revista e da agência on-line”. Com base em análise feita a partir de documentos e resultados oriundos da primeira de quatro reuniões previstas para o ano de 2011, disponibilizados por Paulo Lima nos remete a conclusão um pouco distinta. O norte da ação é a elaboração de proposta pedagógica de mediação de leitura a ser utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes, professores, educadores sociais), dentro e fora da escola. Tal diretriz presume a existência de um processo pedagógico para a produção da Revista Viração, que é exatamente a metodologia educomunicativa com a proposta de uma produção participativa. Quatro eixos estratégicos denotam o alvo principal da ação: o professor. São eles: ● promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; ● promoção de uma relação próxima entre educadores e a produção, de forma que possam dialogar com os editores sobre pautas e se colocar também como co-produtores; ● promoção de uma relação próxima com adolescentes e jovens, a partir de estratégias específicas de distribuição da Revista e por meio dos canais de participação nos espaços em que estes adolescentes e jovens efetivamente estão, incluindo a escola; 71 ● criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que estes possam acessar metodologias educomunicativas, documentos, além de trocar experiências sobre o uso da revista por meio de fórum de discussão. Na primeira reunião do grupo, realizada em março deste ano, o debate principal se concentrou no levantamento de estratégias para aproximar a Revista Viração dos professores e educadores, sem descaracterizá-la, sendo a mesma uma revista feita por, com e para adolescentes e jovens. Outro ponto destacado pela documentação é a postura defendida pelos conselheiros com relação à não criação de manuais com instruções de como utilizar a Viração em sala de aula ou em encontros com jovens. Ao contrário disso, defende-se a ideia de dar visibilidade às experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. A reformulação do grupo, no entanto, abre espaço para uma reflexão acerca do assunto, considerando a possibilidade de que tal posição seja revista. Vale ressaltar posicionamento defendido por um dos integrantes da nova formação do Conselho Pedagógico da Viração no que se atém ao objetivo central do grupo que é articular a formação de uma rede de mediadores de leitura entre educadores do sistema educacional municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens, através de uma proposta pedagógica para fins de aproximar educador e publicação, consequentemente, promovendo também uma maior aproximação com os próprios adolescentes e jovens. Alexsandro Santos pensa que: A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe, sim, a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da „censura‟ (seja ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da revista pela e na Escola. Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos discursos das políticas educacionais oficiais nem transformá-la em „manual didático‟ ou „guia de uso‟ para aulas. É possível construir essa aproximação defendendo um projeto editorial progressista feito por e para jovens, com foco na construção de uma educação crítica para as mídias e encontrar espaços específicos para que sua circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola. Santos afirma ainda que: 72 Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; b) a promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como co-produtores; c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola. O que nos cabe inferir do cenário construído a partir da contextualização anterior é que a necessidade de um fortalecimento do vínculo entre Viração e Virajovens não está previsto e nem se quer é mencionado pela abrangente proposta do Conselho em sua nova forma de atuação. E denotando-se o âmbito pedagógico de tal ação, não identificamos um momento ou lugar melhor para a criação, reconfiguração, reestruturação, reforma, ou seja lá qual palavra melhor defina tal necessidade, da plataforma por meio da qual se dá a produção de conteúdo participativa pelo adolescentes e jovens, sendo esta a espinha dorsal da proposta pedagógica e do diferencial da Revista Viração. Tal constatação reforça o propósito desta pesquisa que se resume na sistematização dos diversos olhares comportados pelo processo educomunicativo na direção de identificar fragilidades, e, coletivamente, achar caminhos para contorná-las. 73 6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Os princípios que norteiam as práticas educomunicativas podem ser respostas à necessidade de se gerar espaços em que a juventude de fato se reconheça e alveje promover mudanças. (ISMAR, 2010, p. 38). Podemos aferir dos relatos apresentados no capítulo anterior a existência de pontos de vistas conflitantes no que diz respeito aos preceitos educomunicativos essenciais norteadores da proposta ideológica e metodológica da Viração Educomunicação. Uma possível fragilidade no que concerne à consciência ou à apreensão de tais preceitos por parte dos virajovens e até mesmo de membros da equipe, muitas vezes, parece ser um dos pontos mais latentes dentro do problema de gestão da comunicação apontado pelo presente instrumento. O que nos remete a um dos eixos de nossa proposta de intervenção: o fortalecimento das ações de formação com foco nos virajovens, na equipe e em outras pessoas que participam das ações propostas e fomentadas pela Viração, ou seja, que constituem este amplo “ecossistema comunicativo”. Um segundo eixo a ser trabalhado seria a plataforma por meio da qual se dá, hoje, a dinâmica dos Conselhos Jovens. Assim sendo, propomos a criação, ou mesmo a reestruturação desta plataforma, no bojo da necessidade avistada de alinhar paralelamente ou integrar produção de conteúdo e mobilização política, no intuito de encontrar um caminho consensual que permita a convivência entre o fazer comunicação e as ações de mobilização juvenil no âmbito coletivo e democrático que é a Rede, configuração máxima das práticas promovidas pela organização. Endossamos a ideia que se desenhou nas falas de alguns dos atores participantes deste processo indiciário acerca da necessidade de uma figura que represente uma espécie de “articulador dos midiadores” e que desenvolva um trabalho mais próximo, para não dizer mais íntimo, dos Conselhos Jovens. Trabalhando junto ao núcleo de conteúdo, “colado” à equipe, tal agente - claramente um educomunicador que personifique os preceitos inerentes ao referencial teórico - assumiria a responsabilidade pela gestão da metodologia participativa de produção, com direito a todas as etapas e demandas inerentes a tal gestão (planejamento, avaliação, sistematização e registro). Sob o norte de trabalhar uma mobilização mais pungente 74 em torno da plataforma que hoje orienta a participação dos Virajovens na produção de conteúdo para a Revista Viração e para a Agência Jovem de Notícias, este novo ator demandaria uma agenda que possa abraçar mais comunicação, ou seja, mais encontros presenciais, mais contato via meios de comunicação eletrônicos e virtuais, etc., e, consequentemente, um projeto que abarque sustentabilidade financeira. A despeito de sua função soar um tanto quanto centralizadora, a ideia é que esta pessoa seja uma espécie de “cuidador” e de “animador” dos Conselhos e que, consequentemente, seja aquele que irá proporcionar condições para a atuação dos mesmos junto à organização. O primeiro eixo de nossa proposta interventiva, com vistas à formação em Educomunicação, entraria na alça de responsabilidade desta figura. No entanto, as ações de formação pedem uma gestão paralela já que abarcam um público mais amplo que não somente os virajovens. Há que se reforçar a ampliação e exteriorização dos momentos de formação que já acontecem na dinâmica da ONG, permeando, inclusive, a agenda do novo agente responsável pela plataforma dos Conselhos, que poderia, por exemplo, promover imersões, planejamentos estratégicos e reuniões de equipe, na figura de facilitador, junto aos Virajovens. Um terceiro criou vida na trajetória desta pesquisa e refere-se à sustentabilidade financeira dos Conselhos Virajovens. Optamos, no entanto, por não destrinchá-lo por não considerarmos viável do ponto de vista da pesquisa acadêmica alinhar à gestão da comunicação uma estratégia de negócio. É de extrema importância, contudo, ressaltar o papel de tal proposta, que imersa no universo teórico e epistemológico do campo da Educomunicação, jamais poderia apontar um ou mais caminhos ideais de maneira unidirecional. Em vez disso, ela se presta ao papel de apresentar elementos que podem, ou não, ser utilizados em debate aberto, criativo e democrático que angarie ainda outros novos. “Todo planejamento deve ser participativo envolvendo todas as pessoas envolvidas como agentes ou beneficiárias das ações.”40 40 http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf 75 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ismar Soares nos lembra que: “cabe ao gestor de comunicação, compromissado com o direito que a sociedade tem a um bom serviço na área, subverter a norma vigente em pelo menos dois aspectos: primeiro, que, ao planejar, tenha como referência a própria sociedade e suas necessidades à luz daquilo que o debate público em torno da realidade permite perceber; e, segundo, que crie mecanismos que lhe permitam ouvir as audiências, garantindo uma maior participação possível dos interessados tanto na produção quanto na recepção das mensagens ou dos resultados de seu trabalho.” (SOARES, 2009, p. 37 e 38). Com base no pensamento do autor, julgamos conveniente agregar à etapa conclusiva da presente pesquisa acadêmica uma reflexão acerca do papel da mesma e de sua autora, que se atém a, nada mais, nada menos, do que a sistematização de diversos pontos de vista sob o intuito de oferecer à consciência da ONG Viração Educomunicação elementos que refletem os ecos de suas próprias práticas. “Estamos falando a partir de uma concepção que admite a importância e a necessidade de ampliar as mediações sociais no ato de comunicar.” (SOARES, 2009, p. 37 e 38). Dito isso, optamos por apresentar a seguir material oriundo deste trabalho de coleta e sistematização de dados, de fatos, de olhares e de sonhos. Nossa intenção é aplaudir uma iniciativa que consideramos louvável a despeito de fragilidades, vulnerabilidades, ou apenas indefinições. “Acredito que a revista tenha sua razão de ser e acredito nessa importância, sinceramente.” Ex-Conteúdo 1 “[...] a Viração é mais do que o espaço da ONG, em São Paulo, e se estende por todo o Brasil pela sensação de pertencimento que todos/as têm.” 76 Ex-Midiador 5 “São poucas as organizações que ousam em quase tudo, como se propõe ousar a Viração [...]” Ex-Midiador 2 “[...] a Viração me permite sonhar com uma comunicação diferente aqui e agora, como algo possível, concreto e já acontecendo. Essa articulação nacional engrandece os nossos braços [...]” Midiador 1 “As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas na Viração possuem um poder transformador, recuperam a dignidade, acentuam o aprendizado da língua portuguesa e de conhecimentos gerais e jornalísticos, e abrem percepções de mundo que provavelmente seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes.” Ex-Midiador 4 “E toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais variadas origens, jeitos, formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois é uma experiência muito rica.” Midiador 1 “Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas nossas comunidades. Sem falar dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das juventudes. Minha reflexão é que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas, mas o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o mundo sozinho, basta querer mudá-lo para melhor, isso já significa muito.” Ex-Midiador 6 “[...] a comunicação que fazemos se estende muito além dos muros de nossa cidade e estado, ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de que estamos conectados com uma quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e sonham o mesmo que nós e que estamos juntos.” 77 Midiador 1 “[...] temos muito que fazer e caminhar. O importante é não deixar de dar pequenos passos, basta acreditar em seus sonhos e lutar para que o mesmo se torne realidade, pois sozinha não pode se mudar nada. Deixo de ser só, pra ser o todo!!! Vocês são a minha força para continuar...” Midiador 2 “[...] são oito anos de lutas para que os jovens estejam presentes 100% na Viração. Mesmo estando a quilômetros de distância da sede, nos sentimos muito importantes e presentes. Mesmo estando tão longe nos sentimos tão perto.” Midiador 3 “[...] aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando bem devagar.” Midiador 2 “[...] somos o presente construindo o futuro.” Midiador 1 Neste ponto, atingimos o justo diferencial do ideário educomunicativo frente às demais visões que esclarecem a natureza da relação Comunicação/Educação: entendemos que é na gestão – em sua qualidade integralizada de envolver conhecimento, emoção e vontade (e não hegemonicamente inteligência e conhecimento) – que se faz presente a totalidade da proposta educomunicativa. (SOARES, 2009, p. 24). 78 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In. A importância do ato de ler. São Paulo. Cortez, 1992, pp. 11-24. FREIRE, Paulo. (1979). Educação como prática da liberdade. 17.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São Paulo, Editora Paulinas, 2011. SOARES, Ismar de Oliveira. “Caminhos da gestão comunicativa como prática da Educomunicação”, in BACCEGA, Maria Aparecida e COSTA, Maria Cristina. Gestão da Comunicação: Epistemologia e Pesquisa Teórica, São Paulo, Paulinas, 2009, pg. 161 a 188. SOARES, Ismar de Oliveira. “Comunicação/educação: a emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais”, In: Contato: revista brasileira de comunicação, arte e educação. Brasília, Ano 1 (jan. / mar. 1999), n. 2. p. 19-74 TEXTOS ON-LINE PERUZZO, Cicilia. Comunicação comunitária e educação para a cidadania (Publicado na Revista do Pensamento Comunicacional Latino-Americano - PCLA. São Bernardo do Campo: Cátedra UNESCO de Comunicação da UMESP/ALAIC, vl. 4, n. 1, out./nov./dez. 2002. Versão on-line disponível em: http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista13/artigos%2013-3.htm). RODRIGUES, Gabriela F. É Educomunicação? A descoberta do termo e de elementos educomunicativos. Versão on-line disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/148.pdf. SOARES, Ismar de Oliveira. Mas, afinal, o que é Educomunicação? Versão on-line disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/27.pdf. SOARES, Ismar de Oliveira. Ecossistemas Comunicativos. Versão on-line disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/28.pdf. 79 ANEXOS I - DOCUMENTOS VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO ● Estatuto Social ● Carta de Princípios e Valores ● Regimento Interno ● Planejamento Estratégico McKinsey ● Projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores II - ENTREVISTAS ● Paulo Lima (21.05.2010) ● Eric Silva (05.2010) - em áudio III – PESQUISA/QUESTIONÁRIO GESTORES ● Paulo Lima ● Lilian Romão ● Gisella Riche ● Juliana Rocha ● Eduardo Peterle EDUCOMUNICADORES ● Educomunicador 1 ● Ex-Educomunicador 1 ● Ex-Educomunicador 2 ● Ex-Educomunicador 3 MIDIADORES ● Midiador 1 ● Midiador 2 ● Midiador 3 ● Midiador 4 ● Ex-Midiador 1 ● Ex-Midiador 2 ● Ex-Midiador 3 ● Ex-Midiador 4 ● Ex-Midiador 5 ● Ex-Midiador 6 ● Ex-Midiador 7 CONTEÚDO 80 ● Conteúdo 1 ● Ex-Conteúdo 1 ● Ex-Conteúdo 2 ● Ex-Conteúdo 3 ● Ex-Conteúdo 4 81 ESTATUTO SOCIAL DA VIRAÇÃO CAPÍTULO I DENOMINAÇÃO, SEDE, FINALIDADE E DURAÇÃO Artigo 1° A VIRAÇÃO é uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação sem fins lucrativos e econômicos, regida por este estatuto social, regimento interno e a legislação pertinente Parágrafo Único Poderá a VIRAÇÃO, adotar um Regimento Interno, aprovado pela Assembléia Geral, com a finalidade de regular e detalhar as disposições contidas neste Estatuto. Artigo 2° A VIRAÇÃO tem sede na Rua Augusta, 1239, conj. 11, Consolação, São Paulo, Estado de São Paulo, CEP: 01305-100. Artigo 3° A VIRAÇÃO tem como finalidades fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para o efetivo cumprimento do direito humano à comunicação e transformação social, tendo em vista: 8. Promover e realizar publicações, pesquisas, fóruns, conferências, editorações, seminários, cursos e ciclos de debates, objetivando a prevenção, educação e comunicação, inclusive em convênio com outras entidades, visando a defesa de direitos da pessoa e do exercício do direito humano à comunicação; 9. Trabalhar para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e se transforme em instrumento indispensável à construção de uma verdadeira ordem democrática; 10. Instituir e manter órgãos e veículos de comunicação impressa, radiofônica, televisiva, cinematográfica, literária, de dados e eletrônica, bem como de produção e publicação de periódicos, produção teatral, fotográfica, cultural, esportiva, ambiental, social e de lazer; 11. Apoiar, estimular, desenvolver, sistematizar e divulgar atividades de promoção humana, social, cultural e educacional, em especial junto a crianças, adolescentes e jovens; 12. Desenvolver mecanismos e formas de difusão das experiências dos que atuam junto aos movimentos de defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens, ou ainda daqueles que possam contribuir com seu conhecimento àqueles movimentos; 13. Articular-se ou filiar-se a entidades ou organizações nacionais e/ou internacionais com objetivos afins; 14. Implantar e manter unidades que desenvolvam projetos e ações educomunicativas junto a crianças, adolescentes e jovens. 15. Contribuir para a formação política dos cidadãos, disseminando valores da democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência, da solidariedade entre os povos, do respeito à diversidade étnico/racial, de gênero, sexual, cultural, ambiental e religiosa. 16. Contribuir com a promoção do saber intelectual, técnico e científico, em todas as áreas do conhecimento humano; 82 17. Realizar a propositura de ações e intervenções civis públicas e demais ações coletivas; 18. Idealizar, conceber, instituir, organizar e incrementar sob sua égide prêmios, ordens honoríficas, medalhas, troféus, comendas, colares e láureas, certificados territorial nacional ou internacional, oficializandoas ou não perante os poderes e órgãos constituídos e outorgando aos agraciados em solenidades cívicas; 19. Promover o desenvolvimento de empreendimentos voltados à divulgação dos valores de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e cidadã, inclusive utilizando-se da legislação federal, estadual, distrital e municipal para financiamento dessas atividades. Parágrafo Primeiro Para cumprir suas finalidades sociais, a VIRAÇÃO organizar-se-á em tantas unidades quantas se fizerem necessárias, em todo o território nacional ou no exterior, temporária ou permanentemente, mediante decisão da Diretoria, e se regerão pelas disposições contidas neste estatuto. Parágrafo Segundo No desenvolvimento de suas atividades, a VIRAÇÃO não fará qualquer discriminação de idade, orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade, profissão, crença, política ou de qualquer natureza. Parágrafo Terceiro A VIRAÇÃO não distribui ou distribuirá, entre seus associados, conselheiros, diretores, colaboradores, voluntários ou doadores eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e os aplica integralmente na consecução de seu objetivo social. Artigo 4° a. b. c. d. e. f. g. h. i. j. k. São princípios da VIRAÇÃO: Participação efetiva e qualificada de adolescentes e jovens; Valorização das potencialidades e habilidades de adolescentes e jovens; Respeito às diversidades humanas; Fomento da dignidade do ser humano; Defesa da justiça social; Respeito ao ambiente em defesa de um desenvolvimento integral, justo e solidário; Promoção de ações e projetos colaborativos e cooperativos; Defesa e valorização da esfera pública; Autodeterminação dos povos; Percepção de uma comunicação integral e integradora; Valorização de uma cultura institucional holística e sinérgica e do desenvolvimento integral de seus colaboradores e públicos envolvidos. Artigo 5º A existência da VIRAÇÃO é indeterminada, podendo ser dissolvida a qualquer tempo, observadas as disposições deste Estatuto e da legislação vigente. 83 Artigo 6º A critério da Diretoria, a Organização poderá firmar convênios, intercâmbios, promover iniciativas conjuntas com outras associações, fundações e entidades públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras. CAPÍTULO II DO PATRIMÔNIO SOCIAL E DAS RECEITAS Artigo 7° O patrimônio da organização será constituído por bens móveis, imóveis, veículos, semoventes, ações e títulos da dívida pública e todos os bens que vierem ser acrescidos ao patrimônio da VIRAÇÃO. Artigo 8° constituídas por: As fontes de recursos da VIRAÇÃO serão 5 Doações, dotações, heranças, subsídios, bens, direitos e créditos oriundos de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os rendimentos produzidos por esses bens; 6 Receitas provenientes dos serviços prestados, da venda de publicações, da venda de anúncios veiculados em suas publicações e as receitas patrimoniais; 7 Acordos, contratos, convênios, termo de cooperação celebrado com pessoas físicas, jurídicas, públicas ou privadas; 8 Valores obtidos pela realização de eventos e atividades, desde que revertidos totalmente em beneficio da associação; 9 Rendimentos financeiros e outras rendas eventuais; 10 Quaisquer outros atos lícitos e compatíveis com o objeto social da VIRAÇÃO e com os termos deste Estatuto. Parágrafo Primeiro Será integralmente empregado, no território nacional, e na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, o patrimônio, as rendas, os recursos e eventual resultado operacional da VIRAÇÃO. Parágrafo Segundo Todas as despesas VIRAÇÃO deverão estar estritamente relacionadas com seu objeto social. da CAPÍTULO III DA ADMISSÃO, EXCLUSÃO, DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS ASSOCIADOS Artigo 9° Os associados da VIRAÇÃO são pessoas físicas que se identificam e contribuem para a consecução de suas finalidades e satisfaçam as condições de admissão estabelecidas neste Estatuto. Parágrafo Único A VIRAÇÃO é constituída por número ilimitado de associados que compartilham os objetivos e princípios 84 da Organização. Artigo 10 Os associados são divididos em duas categorias: 1. Fundadores: são os que estiveram presentes na assembléia de fundação da VIRAÇÃO, assinando a respectiva ata e comprometendo-se com suas finalidades; 2. Efetivos: são aqueles que desejam colaborar com a finalidade da VIRAÇÃO, incorporados pela aprovação da Assembléia Geral. Parágrafo Primeiro Os novos associados farão parte da Viração por indicação de associados fundadores ou efetivos ou por pedido enviado por carta formal solicitando filiação e dirigida à Diretoria. Parágrafo Segundo Os associados não responderão, nem mesmo subsidiariamente, pelos encargos da VIRAÇÃO, não podendo falar em seu nome, salvo se expressamente autorizados pela Diretoria. Artigo 11 São deveres dos associados: a. Cumprir e fazer cumprir este estatuto social e o regimento interno; b. Respeitar e cumprir as decisões da Assembléia Geral; c. Zelar pelo bom nome e pelo fiel cumprimento dos objetivos da VIRAÇÃO; d. Auxiliar na formação e conservação do patrimônio e interesses da VIRAÇÃO; e e. Não utilizar o nome da VIRAÇÃO para fins alheios. Artigo 12 a. b. c. d. e. f. g. São direitos dos associados: Comparecer e participar, com direito a voz e voto, de toda Assembléia Geral; Votar e ser votado para os cargos eletivos da VIRAÇÃO, na forma prevista neste estatuto; Propor modificações no Estatuto da VIRAÇÃO; Propor diretrizes de ação para a VIRAÇÃO; Participar de todas as atividades organizadas; Frequentar a sede social da VIRAÇÃO; e Desligar-se do quadro social, enviando o seu pedido a Diretoria Executiva, quando não seja mais de seu interesse participar da VIRAÇÃO. Artigo 13 A perda da qualidade de associado determinada pela Diretoria, será admissível somente havendo justa causa, assim reconhecida 85 em procedimento disciplinar, em que fique assegurado o direito da ampla defesa, quando ficar comprovada a ocorrência de: a. b. Violação do estatuto social; Difamação da VIRAÇÃO, de seus membros ou de seus associados; c. Atividades contrárias às decisões das assembléias gerais; d. Prática de atos incompatíveis com os princípios defendidos pela VIRAÇÃO. Parágrafo Primeiro A decisão de exclusão de associado será tomada pela maioria dos membros da Diretoria. Parágrafo Segundo Da decisão da Diretoria, de exclusão de associado, caberá recurso à Assembléia Geral. CAPÍTULO IV DA ASSEMBLÉIA GERAL Artigo 14 A Assembléia Geral, o órgão supremo VIRAÇÃO, será constituída pela totalidade dos associados. da Parágrafo Primeiro A Assembléia Geral reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por ano, até o quarto mês de cada exercício da Organização, e, extraordinariamente, a qualquer tempo. Parágrafo Segundo A Assembléia Geral poderá ser convocada pelo Presidente da Diretoria, ou igualmente mediante solicitação formulada por dois integrantes do Conselho Fiscal ou por requerimento de 1/5 (um quinto), no mínimo, dos associados. Nas duas últimas situações, o Presidente deverá providenciar a convocação, na forma prevista neste estatuto, no prazo de 15 (quinze) dias, a partir do recebimento da solicitação. Artigo 15 Compete à Assembléia Geral: a. b. c. Indicar e eleger e os membros da Diretoria,; Destituir os membros da Diretoria; Indicar e eleger os membros do Conselho Fiscal; d. e. Destituir os membros do Conselho Fiscal; Apreciar e aprovar, anualmente, as contas dos administradores, examinar e deliberar sobre as demonstrações financeiras, bem como os relatórios e pareceres apresentados pela Diretoria e pelo Conselho Fiscal; f. Alterar o Estatuto Social; g. Aprovar o Regimento Interno, quando elaborado; h. Ratificar a admissão de associados; 86 i. Deliberar sobre recurso contra a exclusão de associado, nos termos do artigo 13, supra; j. Aprovar a dissolução da VIRAÇÃO e deliberar sobre a liquidação de seus ativos; k. Autorizar a aquisição, compra, venda, permuta, transferência ou qualquer forma de alienação de bens imóveis da VIRAÇÃO; l. Apreciar qualquer matéria requerida por associado, ainda que não expressamente prevista neste Estatuto. Artigo 16 A Assembléia Geral deverá ser convocada por meio de edital, afixado na sede da VIRAÇÃO ou por correspondência, correio eletrônico, ou por qualquer outro meio eficiente, enviado a todos os associados, com antecedência mínima de (10) dez dias, e deverá incluir a data, hora, o local de realização e a ordem do dia. Artigo 17 A Assembléia Geral deverá ser instalada em primeira convocação, com a presença de pelo menos a maioria absoluta dos associados e, em segunda convocação, meia hora depois, com qualquer número. Parágrafo Primeiro da Diretoria. A Assembléia Geral será presidida pelo presidente Parágrafo Segundo O Presidente da Assembléia Geral deverá convocar um associado presente para secretariar a mesa de trabalho, na ausência do Secretário. Parágrafo Terceiro As decisões serão aprovadas pela maioria simples dos votos dos associados presentes, salvo as exceções previstas no presente estatuto. Em caso de empate, caberá ao Presidente da Assembléia Geral o voto de qualidade. Parágrafo Quarto Para as deliberações referentes a alterações estatutárias, destituição de membros da Diretoria e do Conselho Fiscal e dissolução da VIRAÇÃO, exigir-se-á o voto de 2/3 (dois terços) dos presentes à Assembléia Geral, que deverá ser especialmente convocada para esse fim. A Assembléia instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença da maioria absoluta dos associados da Organização, e em segunda convocação, com pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos associados da VIRAÇÃO. Parágrafo Quinto As deliberações da Assembléia Geral deverão constar de atas que serão registradas em livro próprio a ser mantido na sede social da VIRAÇÃO. CAPÍTULO V DOS ORGÃOS ADMINISTRATIVOS DA ORGANIZAÇÃO Artigo 18 São órgãos administrativos da Organização: 87 Diretoria; Conselho Consultivo; e Conselho Fiscal. Parágrafo Único Não percebem seus diretores, conselheiros, associados, instituidores, benfeitores ou equivalentes remuneração, vantagens ou benefícios, direta ou indiretamente, por qualquer forma ou título, em razão das competências, funções ou atividades que lhes sejam atribuídas pelos respectivos atos constitutivos. Os integrantes dos órgãos administrativos da VIRAÇÃO desempenharão suas funções e atribuições sem remuneração, podendo, no entanto, receber reembolso de despesas realizadas no exercício de suas funções, mediante comprovação. excluir Artigo 19 A Diretoria da VIRAÇÃO será constituída por 03 (três) diretores, os quais ocuparão os cargos de Presidente, Vice-presidente e Secretário, com mandato de 4 (quatro) anos, admitindo-se a reeleição para o mesmo cargo. Seção I DIRETORIA Artigo 20 a. b. c. d. e. f. g. h. i. Compete à Diretoria: Elaborar programa anual de atividades da VIRAÇÃO e acompanhar sua execução; Apresentar ao Conselho Consultivo o relatório anual das atividades, bem como encaminhá-lo aos órgãos competentes; Resolver questões relativas à admissão e demissão de colaboradores; Apreciar e aprovar as previsões orçamentárias da Organização; Zelar pelo patrimônio da Organização; Autorizar a compra, venda ou doação de bens móveis e imóveis; Decidir sobre a criação e extinção de filiais ou projetos de atendimento, comunicando oportunamente aos órgãos competentes; Nomear o coordenador das filiais ou projetos de atendimento; Resolver os casos omissos no presente Estatuto "ad referendum" da Assembléia Geral. Parágrafo Único A Diretoria reunir-se-á sempre que for necessário, por convocação do Presidente. Artigo 21 Compete ao Presidente: 88 1. Convocar e presidir as reuniões da Diretoria e as Assembléias Gerais; 2. Representar a VIRAÇÃO, ativa, passiva, judicial e extrajudicialmente e, em geral, em suas relações com terceiros, podendo delegar procuração, caso por caso, a outro integrante da Diretoria ou a integrante da Coordenação Executiva da Organização; 3. Realizar superintendência das atividades da Secretaria; 4. Delegar poderes a terceiros, em nome da VIRAÇÃO, mediante outorga de procurações para fins específicos e por prazos determinados; 5. Resolver os negócios urgentes, dando ciência à Diretoria ou ao Conselho Consultivo na primeira reunião que houver; 6. Autorizar pagamentos, mantendo e movimentando contas bancárias, sacando e endossando cheques e títulos de crédito em geral; 7. Ouvida a Diretoria, firmar convênios com órgãos dos poderes públicos federais, estaduais e municipais, e também com entidades particulares; e 8. Receber doações ou legados de particulares e subvenções dos poderes públicos. Artigo 22 Compete ao Vice-Presidente auxiliar o Presidente em suas atribuições e substituí-lo em suas faltas e impedimentos temporários. Parágrafo Único Em caso de substituição, terá todos os poderes do Presidente, expressos no artigo 21. Artigo 23 Compete ao Secretário: 2 Redigir e manter, em dia, transcrição das atas das Assembléias Gerais e das reuniões da Diretoria Executiva; 3 Redigir e providenciar correspondência dos órgãos Administrativos da VIRAÇÃO; e 4 Manter e ter sob sua guarda o arquivo da Organização. Artigo 24 A eleição da Diretoria será realizada a cada 04 (quatro) anos, mediante proposta de chapas apresentadas pela diretoria anterior ao Conselho Consultivo, que deverá ser eleita, por maioria absoluta de seus membros, presentes em Assembléia Geral especialmente convocada. Parágrafo Único No caso de rejeição, a Diretoria deverá apresentar novas chapas de composição, quantas vezes forem necessárias para sua aprovação. Artigo 25 A Diretoria ou qualquer de seus membros poderá a qualquer tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de acordo com a previsão estatutária. Parágrafo Único Em caso de destituição da Diretoria ou de algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os diretores interinos, 89 sendo vedado o acúmulo de cargos, para o restante do mandato do (s) destituído (s). Artigo 26 Em caso de vacância do cargo de presidente, assume em seu lugar o vice-presidente. Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. Seção II DO CONSELHO CONSULTIVO Artigo 27 O Conselho Consultivo será composto por um número indeterminado de associados fundadores ou/e efetivos ou pessoas reconhecidas e que realizem serviços relevantes que possam contribuir com as finalidades da VIRAÇÃO, respeitando a proporção de que pelo menos 30% (trinta por cento) dos seus integrantes deverão ser adolescentes e/ou jovens na faixa etária de 16 (dezesseis) a 29 (vinte e nove) anos e que não exerçam atividades e/ou componham a equipe de trabalho da Viração. Parágrafo Primeiro O Conselho Consultivo será constituído por meio de indicação da Diretoria ou pelos seus integrantes e deverão ser aprovados, pela maioria simples, pelo próprio Conselho. Parágrafo Segundo O integrante do Conselho Consultivo poderá pedir desligamento da função mediante comunicação escrita endereça ao Conselho Consultivo. Artigo 28 Compete ao Conselho Consultivo: a. Subsidiar e propor meios e indicativos para a consecução de seus objetivos; e b. Contribuir para a construção e sistematização de metodologias das atividades; Parágrafo Único Qualquer um dos integrantes do Conselho Consultivo poderá ser consultado, a qualquer momento, para auxílio no desenvolvimento das atividades da organização. Artigo 29 O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente uma vez por ano, em data consensualmente determinada, com o objetivo de cumprir o descrito no artigo 28 supra. Parágrafo Único As reuniões do Conselho Consultivo, que serão presididas pelo Presidente da Diretoria, serão realizadas com qualquer número de conselheiros presentes. Seção III DO CONSELHO FISCAL 90 Artigo 30 O Conselho Fiscal será composto de três membros, eleitos por Assembléia Geral, com mandato de 4 (quatro) anos, coincidindo com o da Diretoria, podendo ser reeleitos para o cargo. Parágrafo Único As atividades dos integrantes do Conselho Fiscal serão exercidas gratuitamente, sendo-lhes vedado o recebimento de qualquer remuneração, bonificação ou vantagem. Artigo 31 Compete ao Conselho Fiscal: 4 Examinar os livros de escrituração da VIRAÇÃO; 5 Analisar anualmente os balanços e relatórios de desempenho financeiro e contábil e as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da VIRAÇÃO; 6 Oferecer representação para a Assembléia Geral sobre qualquer irregularidade verificada nas contas da VIRAÇÃO; 7 Requisitar à Diretoria, a qualquer tempo, documentação comprobatória das operações econômico-financeiras realizadas pela VIRAÇÃO; 8 Zelar pela aplicação adequada dos recursos orçamentários da VIRAÇÃO. Artigo 32 O Conselho Fiscal ou qualquer de seus membros poderá a qualquer tempo ser destituída por decisão de dois terços (2/3) dos associados em Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para esse fim, de acordo com a previsão estatutária. Parágrafo Único Em caso de destituição do Conselho Fiscal ou de algum de seus membros, a Assembléia Geral indicará os substitutos para o restante do mandato do (s) destituído (s). Artigo 33 Em caso de vacância de qualquer outro cargo, será ele preenchido por indicação da Diretoria remanescente, após aprovação pelos associados presentes na Assembléia Geral, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias. CAPÍTULO VI DA ADMINISTRAÇÃO DAS FILIAIS E PROJETOS Artigo 34 Em época determinada pelo Presidente, cada filial ou projeto apresentará a previsão orçamentária, submetendo-a à aprovação da diretoria. Parágrafo Primeiro A contratação de colaboradores, assessoria especial ou qualquer iniciativa que implique em despesas exigirá prévia consulta à diretoria da Viração e dependerá de sua aprovação. Parágrafo Segundo Todas as reformas ou aquisições devem ser solicitadas por escrito à diretoria da Viração. 91 Parágrafo Terceiro As determinações contidas nos parágrafos 1º e 2º aplicam-se a matriz, todas as filiais e projetos. Artigo 35 O pedido de subvenção ou outro tipo de recurso financeiro para qualquer filial ou projeto será feito para o Presidente. Artigo 36 Mensalmente, cada filial ou projeto de atendimento enviará à Diretoria a relação das despesas e receitas, acompanhada dos respectivos comprovantes, para confecção dos balancetes e do balanço anual consolidado. Artigo 37 Anualmente cada filial ou projeto enviará à Diretoria da VIRAÇÃO relatório de suas atividades. CAPÍTULO VII DO EXERCÍCIO SOCIAL, DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E DE PRESTAÇÃO DE CONTAS Artigo 38 O exercício social terá início em 1º de janeiro e encerrar-se-á em 31 de dezembro de cada ano. Artigo 39 Ao fim de cada exercício será levantado o Balanço Geral, serão elaboradas as demonstrações financeiras e preparados os relatórios da Diretoria, inclusive o relatório anual de execução de atividades, referente às importâncias recebidas e despendidas no decorrer do exercício, a serem submetidos à apreciação da Assembléia Geral Ordinária e do Conselho Fiscal. Parágrafo Primeiro As demonstrações financeiras e os relatórios de atividades referentes a cada exercício social observarão plenamente os princípios fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Parágrafo Segundo Será dada publicidade por qualquer meio eficaz às demonstrações financeiras, aos relatórios de atividades da VIRAÇÃO referentes a cada exercício social e às certidões negativas de débito perante o Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS, colocando-os também a disposição para exame de qualquer cidadão. Parágrafo Terceiro As demonstrações financeiras da VIRAÇÃO poderão ser auditadas – inclusive por auditores externos independentes, se for o caso. Artigo 40 A prestação de contas da VIRAÇÃO será realizada sobre a totalidade de suas operações patrimoniais e de seus resultados, observando-se o disposto na legislação aplicável. CAPíTULO VIII DA DISSOLUÇÃO E DA LIQUIDAÇÃO Artigo 41 A VIRAÇÃO poderá ser dissolvido, a qualquer tempo, uma vez constatada a impossibilidade de sua sobrevivência, face à 92 impossibilidade da manutenção de seus objetivos sociais, ou desvirtuamento de suas finalidades estatutárias ou, ainda, por carência de recursos financeiros e humanos, mediante deliberação de Assembléia Geral Extraordinária, especialmente convocada para este fim. Artigo 42 Em caso de dissolução ou extinção da VIRAÇÃO, seu patrimônio será destinado, em Assembléia Geral, nos termos deste estatuto, a entidade congênere registrada no Conselho Nacional Assistência Social – CNAS ou a entidade pública. CAPÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Artigo 43 O associado que se retirar ou for excluído da Organização não fará jus a qualquer restituição ou reembolso de contribuições ou doações que tenha feito à entidade, de cujo patrimônio não participam os associados. São Paulo, 31 de agosto de 2009 ___________________________ _______________________________ Vicente de Paulo Pereira Lima Presidente da Assembléia Lilian Cristina Ribeiro Romão Secretária da Assembléia Advogada Ana Lopez Prieto OAB/SP 120.272 93 Carta de Princípios e Valores da Viração Educomunicação Viração tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação socio-ambiental. Viração adota o referencial teórico do campo de intervenção sócio-educativa denominado “educomunicação”, definida pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo como o conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e participativos, e a ampliar os espaços de expressão na sociedade através de uma gestão democrática dos recursos da comunicação. Viração promove, por meio de suas ações, projetos e processos de educomunicação, um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de adolescentes e jovens organizados ou não institucionalmente. Viração trabalha para desenvolver metodologias para que adolescentes e jovens possam participar e coordenar, com o apoio de outros jovens e adultos facilitadores e por meio da Educação entre Pares, projetos de comunicação nas escolas e nas suas comunidades; contribuir para o monitoramento e a incidência política nas políticas públicas de comunicação em uma perspectiva dos adolescentes e jovens; contribuir com processos de participação sustentáveis e continuados de adolescentes e jovens nas instâncias de decisão, na família, na comunidade, nas escolas e nas políticas públicas, por meio de processos, ações e produtos de educomunicação. Viração acredita que adolescentes e jovens são ricos em criatividade e em desenvolver mecanismos para a defesa da própria cultura, o que se comprova nos modos de convivência, nas linguagens desenvolvidas, nos códigos de valores éticos e morais, nas redes de solidariedade e manifestações culturais e artísticas que compõem a diversidade das adolescências e das juventudes brasileiras. Viração trabalha para que a Comunicação seja um direito exercido por todos e se transforme em instrumento indispensável à construção de uma verdadeira ordem democrática. Viração promove o desenvolvimento de empreendimentos voltados à divulgação dos valores de uma mídia livre, colaborativa, libertadora e cidadã, inclusive utilizando-se da legislação federal, estadual, distrital e municipal para financiamento dessas atividades. Viração apóia, estimula, desenvolve, sistematiza e divulga atividades de promoção humana, social, cultural e educacional, em especial junto a crianças, adolescentes e jovens. Viração desenvolve mecanismos e formas de difusão das experiências dos que atuam junto aos movimentos de defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens, ou ainda daqueles que possam contribuir com seu conhecimento àqueles movimentos. Viração contribui para a formação política dos cidadãos, disseminando valores da democracia, dos direitos sociais, da educação à paz e não violência, da solidariedade entre os 94 povos, do respeito à diversidade étnico/racial, de gênero, sexual, cultural, ambiental e religiosa. No desenvolvimento de nossas atividades, Viração não faz qualquer discriminação de idade, orientação sexual, deficiência, raça/etnia, idioma, gênero, condição social, nacionalidade, profissão, crença, política ou de qualquer natureza. Viração é apartidária e areligiosa. O trabalho está disponível para o público independentemente de qualquer filiação partidária ou seguimento de qualquer religião. Viração não aceita contribuições que impliquem posicionamento predeterminado diante de qualquer tema ou outro procedimento que de alguma forma comprometa a integridade moral e intelectual de seus trabalhos. Sua agenda não é ditada ou comprometida com qualquer fonte financiadora, que a torne representante de qualquer interesse de doador ou empresa. Viração, por meio de sua diretoria executiva, fará alianças, parcerias e buscará fontes financiadoras junto a governos e instituições que respeitam os direitos humanos, as leis trabalhistas, os direitos de crianças, adolescentes e jovens garantidos no Estatuto da Criança e do Adolescentes e na Convenção Internacional dos Direitos da Infância, e o ecossistema socio-ambiental. 95 REGIMENTO INTERNO DA VIRAÇÃO EDUCOMUNICAÇÃO Art. 1º. BASE CONCEITUAL Trata-se de um conjunto de normas, procedimentos práticos e aspectos do dia a dia da Viração Educomunicação para regulamentar o seu funcionamento. Para efeito de transparência e participação ativa e responsável de todas e todos, uma cópia desse regulamento interno será entregue a cada um dos/as colaboradores/as da Viração mediante recibo, ou seja, mediante um comprovante de seu recebimento e de sua leitura, como sinal de reconhecimento, tomada de consciência e aprovação acerca desses acordos compartilhados. Art. 2º PREMISSA Este Regimento Interno é fruto de um processo iniciado em março de 2003, quando da criação da Viração Educomunicação, e se apresenta como uma tentativa de criar condições reais, práticas e concretas para que a entidade desenvolva suas atividades de acordo com seus objetivos e princípios buscando ampla participação democrática com qualidade e representatividade, debate aberto, transparência e definição de propostas e encaminhamentos concretos. Art. 3º DOS TIPOS DE COLABORAÇÃO NA VIRAÇÃO Existem três formas de colaborar individualmente com a Viração Educomunicação: como colaborador/a voluntário/a, colaborador/a estagiário/a e colaborador/a remunerado/a. 1) Colaborador/a Voluntario/a A Viração Educomunicação aceitará a prestação de serviços voluntários, não remunerados, de acordo com suas demandas, necessidades e conforme dispõe a lei do Voluntariado n.º 9.608/1998. O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a Viração e o colaborador/a voluntário/a, constanto, necessariamente, os detalhes da atividade a serem desenvolvidas na sede ou à distância, por meio das novas tecnologias da informação e da comunicação, bem como o período da atividade. O/a colaborador/a voluntário poderá ser ressarcido/a pelas despesas de transporte e refeição que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela diretoria executiva da Viração Educomunicação, pagas pelo departamento de pessoal e serão previstas no orçamento de acordo com as possibilidades da entidade. As demais despesas serão analisadas previamente caso a caso pela diretoria executiva da Viração Educomunicação e pelo departamento de pessoal. Também está previsto para o colaborador/a voluntário/a uma formação de 4 horas sobre histórico, valores, princípios e os projetos desenvolvidos pela Viração. Esta formação será realizada durante o primeiro dia de atividade do/a voluntário/a sob responsabilidade de integrantes da diretoria executiva e/ou coordenadores de área de projetos, por meio de palestra/ conversa e leitura de documentos (Estatuto, Regimento Interno e Revista) da Viração Educomunicação. O termo de voluntariado deve ser assinado por todos/as os/as colaboradores/as voluntários/as e presidente da Viração Educomunicação. 96 2) Colaborador/a Estagiário/a Em comum acordo com a diretoria da Viração Educomunicação, cada projeto da Viração Educomunicação deve avaliar a necessidade e a oportunidade de contar com a colaboração de estagiários/as, até porque desde o seu início, a entidade busca valorizar o estágio como oportunidade e espaço de formação profissional e de crescimento individual e coletivo. De acordo com a lei do estágio nº 11.788/2008, seguem requisitos que devem ser respeitados pela Viração para a contratação de estagiários: 11 Celebrar Termo de Compromisso entre o estagiário, a Viração Educomunicação e a instituição de ensino, prevendo as condições de adequação do estágio à proposta pedagógica do curso, à etapa e modalidade da forma escolar do estudante e ao horário e calendário escolar; 12 Ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao estagiário atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, observando o estabelecido na legislação relacionada à saude e segurança no trabalho; 13 Indicar funcionário do quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 estagiários simultaneamente, que será o responsável pelo Projeto no qual o estagiário fará parte; 14 Contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado; 15 Enviar à instituição de ensino de 6 em 6 meses, relatório de atividades, com vista obrigatória do estagiário; 16 A duração da jornada diária de estágio, deverá ser compatível com as atividades escolares e respeitar os seguintes limites: 20. 4 horas diárias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos; 21. 6 horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino medio regular; 22. 8 horas diárias e 40 horas semanais, no caso de cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, desde que esteja prevista no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino. 17 O prazo de duração do estágio, será de até 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência; 18 Para o estágio não obrigatório é compulsória a concessão de bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, bem como o auxilio- transporte,porém para o estágio obrigatório, a concessão de bolsa ou outra forma de contraprestação e auxílio transporte é facultativa. A remuneração do/a estagiário/a será definida anualmente, pela Diretoria Executiva, com base em dois patamares, um de estagiários do Ensino Médio e outro do Ensino Superior. 19 Dentro de cada período de 12 meses o estagiário deverá ter um recesso de 30 dias, que poderá ser concedido em período contínuo ou fracionado, conforme estabelecido no termo de compromisso; 20 Quando se tratar de estudantes de ensino médio não profissionalizante, de escolas especiais e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da 97 educação de jovens e adultos, o número máximo de estagiários por estabelecimento concedente será calculado em relação ao quadro de pessoal da Viração Educomunicação nas seguintes proporções: 5 De 1 a 5 empregados: um estagiário; 6 De 6 a 10 empregados: ate 2 estagiários; 7 De 11 a 25 empregados: ate 5 estagiários; e 8 Acima de 25 empregados, ate 20% de estagiários. Para a seleção de novos estagiários, a Diretoria Executiva da Viração Educomunicação junto com os responsáveis pelos projetos deverão lançar um edital público postado no site institucional da Viração Educomunicação e demais sites da instituição e de parcerios. Tal edital deve conter uma breve apresentação da Viração, requisitos básicos, habilidades, carga horária, remuneração prevista e prazo de inscrição de no mínimo 15 dias. 3) Colaboradores/as remunerados/as O/A colaborador/a remunerado/a que integra a equipe é registrado/a em regime de CLT e adquire aumento salarial de acordo com o dissídio estipulado anualmente pelo Sindicato dos Empregados em Instituições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas de São Paulo ao qual Viração Educomunicação está filiada. Outros aumentos salariais serão realizados de acordo com as possibilidades financeiras da entidade. Tal decisão deverá passar por um processo de discussão durante as reuniões de equipe e reuniões das diretorias executiva e institucional. O/A colaborador/a remunerado/a será incentivado/a a realizar ação voluntária quando necessário, ficando a seu critério a decisão e em comum acordo com toda a equipe. O pagamento do salário será efetuado, como previsto por Lei, até o quinto dia útil do mês imediatamente posterior aos serviços prestados, por meio de cheque nominal. Cada equipe se compromete a cumprir as metas estabelecidas para a semana, conforme acordado com suas/seus coordenadoras/es previamente. 9. A Viração Educomunicação adota procedimentos pré-demissionais e demissionais definidos com base em seu estatuto e às leis trabalhistas. São advertidos colaboradores que: 10. não justificam faltas, atrasos e mudanças de horários: a terceira ocorrência deve ser comunicada ao Administrativo, para descontos proporcionais na folha de pagamento; 11. não cumprem acordos e planos de trabalhos conjuntos e não apresentam justificativas aos seus gestores, estabelecidos com as equipes executoras dos projetos e atividades da Viração Educomunicação; 12. mantêm posturas, interna e externamente, não compatíveis com a missão, valores e princípios estabelecidos no Estatuto de Viração Educomunicação. A Viração Educomunicação, em cada situação, adotará três etapas de sinalização para a responsabilidade do/a colaborador/a: a primeira representa uma conversa inicial para acertar procedimentos. A segunda consiste em um momento de advertência sobre a continuidade do comportamento. A terceira é a última sinalização antes do procedimento de demissão. Cada colaborador/a cumprirá suas horas de trabalho conforme acordado, no ato da admissão, com a diretoria executiva e responsáveis pelos projetos. Avisar um dia antes se for chegar mais tarde ou sair mais cedo do previsto. A tolerância da flexibilidade do horário é de no máximo 1 (uma) hora. Caso o/a colaborador/a não cumprir o acordado, será advertido pela diretoria executiva. A repetição por mais de 3 (três) vezes do não cumprimento de tal acordo pode levar à demissão por justa causa. 98 O horário de funcionamento da Viração Educomunicação é das 09h às 18h, de segunda-feira a quinta-feira e das 09h as 13h de sexta-feira, somando 36 horas semanais. Qualquer alteração deverá ser acordada com a equipe e diretoria executiva. 4) Acordo de Compensação de Horas De acordo o parágrafo 2º do artigo 59 da CLT, poderá ser dispensado o acréscimo de salário (hora extra) se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de cento e vinte dias, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. Sendo analisado caso a caso de acordo com a função exercida pelo colaborador contratado e seu respectivo sindicato. Quando de cobertura/ trabalho fora do horário de trabalho, seguiremos os seguintes procedimentos: 3. Em caso de (horas extras) saída à noite, o/a colaborador/a pode chegar mais tarde ou sair mais cedo no dia seguinte ao local de trabalho, cobrindo as horas extras que passou no evento, em comum acordo com a diretoria executiva e os coordenadores do projeto em que o/a colaborador/a está inserido/a. 4. Em caso de participação integral na cobertura de evento que acontece no sábado e no domingo ou em feriado, a pessoa folga dois dias alternados ao longo do mês em que se realizou o evento. Quando evento durar um dia ou menos, a pessoa folga um dia ou o equivalente de horas. Cada coordenador/a se responsabiliza em enviar um e-mail para a diretoria executiva, informando sobre as datas de folga dos integrantes de suas equipes. Situações especiais poderão ser acordadas com as equipes dos projetos, equipe geral e diretoria executiva da Viração Educomunicação. Comunicados prévios deverão ser feitos à diretoria executiva e ao departamento de pessoal. 5) Férias Todos os/as colaboradores/as da Viração Educomunicação seguem seus respectivos acordos garantidos pelas leis vigentes (Lei do Voluntariado, Lei do Estágio e CLT) e de comum acordo com a diretoria da Viração. 9 Viração Educomunicação não compra férias de seus colaboradores porque considera importante o descanso. Os assuntos referentes a férias deverão ser tratados previamente com os/as coordenadores dos projetos e aprovados pela diretoria executiva e departamento de pessoal. Art. 4º DA ORGANIZAÇÃO DA EQUIPE DE COLABORADORES/AS 1) Reunião de Equipe A equipe de colaboradores/as (voluntários/as, estagiários/as e remunerados/as) que atua na sede da Viração Educomunicação fará reunião mensal com data e horários de duração a ser combinados por todos e todas, sendo que a reunião de equipe deverá ter um/a facilitador/a e um/a secretário/a, escolhidos pela equipe e com função de mobilizar, coordenar a atividade e redigir a ata. 99 A pauta de cada reunião de equipe será definida por todas e todos 2 dias antes e compartilhada via e-mail ou outra tecnologia da informação e comunicação. Em caso de discordância com a pauta, o/a integrante da equipe deve expor sua motivação e seus argumentos via e-mail a toda equipe. Quando não for possível a presença de todos os integrantes das equipes de projetos, será necessário, pelo menos, um representante por projeto na reunião de equipe; A reunião acontecerá sempre por um período mínimo de 3 horas, ou de acordo com a necessidade da equipe. E deverá ocorrer sempre no período de horário de trabalho, com preferência pela tarde. A reunião de equipe terá três momentos principais: Momento sonhalista, dedicado à leitura de um texto significativo ou uma dinâmica participativa ou uma dança; enfim algo envolvente para trabalhar a percepção e a emoção do grupo como um todo. Este momento será coordenado pelo/a facilitador/a e secretário/a da reunião de equipe e participação de outros integrantes da equipe. Momento de discussão e resolução de assuntos relacionados ao dia-a-dia da Viração que constarão na pauta decidida antecipadamente; Momento de compartilhamento de informações sobre os projetos em andamento. 2) Formação continuada da Equipe Viração Educomunicação acredita na importância de investir no processo de formação permanente de seus/suas colaboradores/as. Por isso, proporcionará momentos de formação de toda a equipe com carga horária a ser definida em reunião de equipe. O principal objetivo è aprofundar conceitos e práticas de educomunicação e temas afins aos objetivos e princípios da entidade. O calendário, a periodicidade e o formato dos dias de formação serão definidos durante o planejamento estratégico anual ou durante a avaliação semestral deste. O Planejamento estratégico terá a seguinte metodologia: avaliação das atividades realizadas no ano anterior, elaboração de um plano de projetos e ações concretas a serem realizadas para cada área da entidade, com prazos e responsáveis. Após seis meses, tal planejamento deve passar por uma avaliação e redefinição de ações e cronogramas. Art. 5º DO USO DO ESPAÇO E DOS EQUIPAMENTOS 1) Para os/ as colaboradores/as Os integrantes de cada projeto devem se responsabilizar pela limpeza e ordem do espaço e o bom funcionamento dos equipamentos utilizados durante as atividades realizadas dentro e fora da sede, como computadores de mesa e portáteis, tela e projetor, máquinas fotográficas e de vídeo, gravadores etc. Outras recomendações importantes: - Ao deixar a redação, lavar xícaras e copos que utilizou; - O último a sair da redação deve deixar as janelas abertas, fechar todas as portas, desligar todas as luzes; - Todos que saem depois das 18h são responsáveis por descer com o lixo; - O almoço deve durar 1 hora – sem horário fixo, mas deve ocorrer um rodízio para garantir a presença na sede. - É função dos/as colaboradores/as cuidar da manutenção dos equipamentos e materiais de trabalho, exceto computadores, que exigem manutenção especifica. 100 2) Para os/as parceiros/as O/a parceiro/a que estiver interessado/a em usar o espaço, ou os equipamentos da Viração Educomunicação só poderá fazê-lo quando os mesmo forem utilizados na sede da Viração Educomunicação. A solicitação deverá ser feita por escrito e enviada por e-mail para a diretoria da entidade: [email protected]. Em caso de avaria de equipamentos, o/a parceiro/a deverá providenciar o conserto ou ressarcimento em no máximo 15 dias. Este e outros procedimentos constarão em um contrato para o uso do espaço e equipamentos da Viração Educomunicação, assinado pelos representantes legais de ambas as entidades. Quanto ao uso do espaço, o/a parceiro/a deve deixá-lo nas condições de limpeza e ordem que encontrou antes do uso. Em se tratando de um curso, será cobrada uma taxa a ser calculada pela diretoria executiva da Viração, previamente a ser acordada com o/a parceiro/a para cobrir despesas de administração. O pagamento da taxa deverá ser efetuado 2 (dois) dias após a realização da atividade. Art. 6º DA RESPONSABILIDADE FINANCEIRA E FISCAL Cada colaborador/a da Viração Educomunicação deve solicitar pelo menos três orçamentos antes de realizar qualquer compra ou pedir serviço para seus respectivos projetos. Também deve exigir nota fiscal na compra de quaisquer bens ou serviços para seus respectivos projetos, tendo à mão dados fiscais da Viração Educomunicação. Só através de tais procedimentos é que a entidade realizará prestação de contas e ressarcimento de despesas. Em casos excepcionais, tais como: ter que cubrir algum custo extra do próprio bolso (gasolina, transporte, alimentação etc) em saídas, o/a colaborador/a deve pedir a autorização da diretoria executiva por telefone e apresentar um relatório com descritivos das despesas e valores e cupons/ notas fiscais anexas na última semana do mês para a equipe de departamento pessoal. Viração Educomunicação não reembolsa despesas apresentadas sem cupons/ notas fiscais, sendo que toda compra deverá ser autorizada por escrito previamente pela diretoria executiva e administrativo. Tal reembolso ao/à colaborador/a deve ocorrer até no máximo 5 (sete) dias úteis e efetuado pelo departamento de pessoal. Art. 7º SOBRE O USO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO Os/As colaboradores/as devem olhar com frequência diária as mensagens enviadas ao e-mail da equipe. Cada colaborador/a deve ser ético e responsável com relação ao uso pessoal do MSN, Skype e outras ferramentas de comunicação instantânea via internet em horário de trabalho. A Viração Educomunicação não limita a utilização dessas ferramentas para fins de trabalho. Caso o/a colaborador/a sentir necessidade de usar essas tecnologias para uso pessoal (ex.: atualização de blogs ou páginas pessoais de redes sociais, deverá pedir a autorização da diretoria executiva em comum acordo com os/as coordenadores/as do projeto em que está inserido/a. Art. 8º DAS DOAÇÕES, PATROCÍNIO, ALIANÇAS E PARCERIAS Viração Educomunicação adota princípios claros para receber doação, patrocínio ou instaurar parcerias e alianças estratégicas com o governo em todas as suas esferas, empresas e entidades 101 da sociedade civil organizada. São esses os princípios e valores contemplados em nossa Carta de Princípios e Valores: 102 Projeto/ Revista Mudança, Atitude e Ousadia Jovem CNPJ: 74121880/0003-52 Inscrição Estadual: 116.773.830.119 Inscrição Municipal: 3.308.838-1 Razão Social: ASSOCIAÇÃO DE APOIO A MENINAS E MENINOS DA REGIÃO SÉ Rua Augusta, 1239, conj. 11 – Consolação – 01305-100 São Paulo (SP) Tel.: (11) 3237-4091/ 9946-6073 PLANO ESTRATÉGICO 2009 - 2013 1. SUMÁRIO EXECUTIVO Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores, filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Criado em março de 2003, o Projeto impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos. O Projeto Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente. O carro-chefe é a Revista Viração, uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito localizadas na comunidade, no bairro, na cidade. A inovação vem de uma metodologia de participação social de adolescentes e jovens por meio de tradicionais e novas tecnologias da informação e da comunicação de forma independente, colaborativa, desterritorializada e respeitando a diversidade regional e cultural do País. A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da comunicação. Para os próximos cinco anos, o Projeto Viração definiu como opção estratégica o fortalecimento da Revista tanto sob o ponto de vista editorial e gráfico quanto de sua sustentabilidade financeira. Tal escolha se deve, antes de tudo, à percepção do enorme potencial de mercado. Existem 180 mil escolas de Ensino Fundamental e Médio, freqüentadas por 40 milhões de adolescentes e jovens e por 1,7 milhões de professores. A publicação tem um grande potencial de venda visto a atual conjuntura educacional e cultural. Ministérios e secretarias de Educação e Cultura estão investindo na compra de materiais pedagógicos para as mais de 20 mil escolas públicas do Ensino Médio e cerca de 10 mil Pontos de Cultura. Também se deve ao fato de que os governos, nas mais variadas esferas, estão solicitando material de apoio para a formação e informação de jovens e criando secretarias, coordenadorias e outros órgãos e iniciativas voltadas às juventudes. 103 Diante deste contexto, definimos como objetivo principal de nosso planejamento estratégico passar dos 2 mil assinantes atuais (a maioria cortesia) para 10 mil assinantes pagantes até 2013 distribuídos em todo pais. Isso vai garantir a sustentabilidade financeira da própria Revista e de eventuais projetos especiais que poderão ser desenvolvidos. Para isso, vamos nos valer de diversas estratégias de captação e fortalecimento da carteira de assinantes, que vão desde venda de assinaturas avulsas e venda de pacotes de assinaturas para instituições governamentais até venda de anúncios com previsão de parte dos recursos serem revertidos para assinaturas para empresas que desenvolvem ações sociais, até incorporação da assinatura da Revista nos custos de projetos especiais que venham a ser desenvolvidos pelo Projeto Viração. Para atingir esse objetivo, o Projeto Viração elegeu como prioridades as seguintes macroiniciativas, visto que entre os principais desafios enfrentados está o da fragilidade econômica, falta de uma organização forte sob o ponto de vista administrativo e a demanda de um novo modelo de governança e identidade jurídica própria: 21 desenvolvimento de um plano de marketing para vendas de anúncios e assinaturas e construção de parcerias; 22 reformulação editorial e gráfica da Revista Viração e do Portal Viração na internet; 23 fortalecimento institucional, incorporando novos colaboradores em sua equipe e adquirindo uma identidade jurídica própria; 24 consolidação de uma agência de notícias permanente, a Agência Jovem de Notícias. 104 2. ORGANIZAÇÃO O Projeto Viração é uma organização não-governamental, filial da ONG matriz Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Possui atuação local e nacional e sua situação jurídica está plenamente regularizada, em conformidade com as leis brasileiras e todos os 20 colaboradores fixos estão em regime de CLT O Projeto Viração tem a chancela e conta com o apoio institucional de importantes organismos nacionais e internacionais: Ashoka Empreendedores Sociais. 9 Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) 10 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) 11 Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) 12 Agência Internacional pela Paz (IPAZ) 13 Núcleo de Educação e Comunicação da Universidade de São Paulo (USP). No seu atual estágio, o projeto viração conta com mais de 10 projetos sendo incubados, e acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades não-governamentais em 21 Estados. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para o funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração. Por meio de um Termo de Cooperação, essas colocam à disposição da Viração um educador social ou estagiário de Comunicação, responsável pela mobilização dos integrantes do Conselho Jovem da Revista. Além dessas parcerias permanentes, o Projeto Viração desenvolve projetos temporários, com duração de até 1 ano, como por exemplo, o Programa de TV Quarto Mundo, em parceria com a TV USP e ações de mobilização por meio do site A Voz dos Adolescentes (www.vozdosadolescentes.org.br), em parceria com o Instituto Internacional para o Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC). Missão Fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação social. Visão: Tornar-se um referencial nacional em mídia jovem, conquistando novos espaços e públicos e ampliando a nossa área de abrangência para toda a sociedade. 3. LINHAS DE ATUAÇÃO Para realizar sua missão e alcançar sua visão, o Projeto Viração combina diferentes linhas de atuação: 13. Produção da Revista Viração, De jovem para jovem, com planos de marketing, de divulgação, de captação de assinaturas e de distribuição nacional bem definidos para passar dos atuais 2 mil assinantes a 10 mil em cinco anos; com ação local e experimentação educomunicadora; formação e capacitação de adolescentes, jovens e educadores; fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos, articulação e participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional; promoção de campanhas de sensibilização e mobilização; difusão de informações e conhecimentos; promoção de debates e intercâmbio e produção de materiais educomunicativos 105 14. Produção da Agência Jovem de Notícias, Iniciativa itinerante que capacita jovens de diferentes realidades para a produção de materiais jornalísticos, como notícias e entrevistas com jovens e especialistas, durante toda a duração do evento. 15. Desenvolvimento de Projetos Especiais de Educomunicação: 1. Prestação de serviços nas áreas de produção editorial, educação e mobilização de escolas e grupos juvenis e comunidades; 2. fomento à manifestações artísticas e culturais de grupos, articulação e participação em redes e fóruns em âmbito local, regional e nacional; 3. promoção de campanhas de sensibilização e mobilização; 4. assessoria a órgãos públicos, advocacy junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário. 106 4 – ESTRATÉGIAS O maior desafio da Viração é garantir sua sustentabilidade financeira a partir do negócio principal, a Revista Viração. O objetivo é conseguir 10.000 assinaturas pagantes, e para isso, segmentarmos os possíveis públicos-alvos da Viração, e estabelecemos as seguintes estratégias para cada um deles: 23. Assinaturas para o governo: 30% (3 mil assinaturas) captadas via editais junto aos ministérios da Educação e da Cultura e campanha de assinaturas coletivas para secretarias de Educação, de Cultura e de Juventude dos Estados e Municípios. 24. Assinaturas via projetos 20% (2 mil assinaturas) incluídas dentro dos custos dos projetos, pois a Revista Viração será utilizada como subsídio pedagógico nas atividades de formação em educomunicação e mobilização social 25. Assinaturas via anúncios: 30% (4 mil assinaturas) serão obtidas via patrocínio de anunciantes (empresas, governo, ONGs) 26. Assinaturas avulsas: 10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de mobilização junto a ex-assinantes, atuais assinantes e novos assinantes 27. Doação de colaboradores: 107 10% (1 mil assinaturas) serão obtidas por meio de campanhas de doação para assinantes sem condições financeiras de pagar uma assinatura anual 108 5. PÚBLICO A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos do Projeto Viração está entre 14 e 22 anos. O Projeto também desenvolve atividades junto a educadores e professores, que atuam em escolas públicas. Esses jovens, adolescentes e educadores, na maioria das vezes, vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e de concentração populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda significativa nos níveis de qualidade de vida. Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de forma clara na lógica de ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela crescente especulação imobiliária e pelo processo de exclusão social, as populações empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de estruturas básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza urbana, bem como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura, educação e saúde. Tal segregação resulta em dramática fragmentação social e territorial da urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências contra jovens e adolescentes. A discriminação desse público com que o Projeto/ Revista Viração trabalha e o fortalecimento de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo processo de globalização, geram a perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento. Por outro lado, esses jovens, adolescentes e educadores populares têm energia, vitalidade, criatividade, produtividade e cultura próprias, que são elementos dinamizadores da vida e da sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas arquiteturas, a modos de convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira. O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100 estudantes que entram no ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão escolar e a falta às aulas ocorrem por diferentes razões, incluindo violência e gravidez na adolescência. Em 2003, 340 mil adolescentes tornaram-se mães. 6. EQUIPE RESPONSÁVEL (GOVERNANÇA) A equipe do Projeto Viração é multidisciplinar, formada por profissionais das áreas de Comunicação, Educação, Sociologia, Psicologia e Assistência Social. Há a figura de um coordenador geral da Revista, responsável pela captação de recursos, representação legal e facilitação de decisões do cotidiano, tomadas em reuniões de equipe semanais com participação do pessoal das áreas (Administração, Marketing, Conteúdo, Conselhos Jovens, Escola e Comunidade). Há a instância para tomadas de decisões estratégicas e de planejamento da organização: o Conselho de Administração, com reuniões quadrimestrais, formado por um representantes de cada área. Também contamos com o Conselho Editorial, formado por profissionais que atuam nas áreas de Comunicação e Educação Social, que ajudam na tomada de decisões editoriais estratégicas e na manutenção da proposta editorial; e o Conselho Pedagógico, multidisciplinar, que colabora na construção de propostas pedagógicas para o conteúdo e as oficinas de produção de conteúdo. O Conselho Jovem tem tanta importância - ou mais - para a revista do que o Conselho Editorial tradicional porque tem poder de decisão e para sugerir mudanças. Para mais detalhes, ver anexo 02. 7. GESTÃO FINANCEIRA A gestão financeira é feita pelo coordenador geral, os responsáveis pela administração e contabilidade e o coordenador de cada área, sendo a captação de recursos sob a responsabilidade do coordenador geral da organização. 109 A captação de recursos financeiros se dá por meio de assinaturas anuais da revista impressa, venda de anúncios publicitários institucionais e projetos especiais de prestação de serviço, desenvolvidos em parceria com instituições nacionais e internacionais, como o UNICEF, ou por meio de convênios com órgãos governamentais, como a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério da Educação. Para a organização ter sustentabilidade financeira em 5 anos, é preciso fazer com que a revista gere receita por meio do aumento do número de assinantes pagantes e venda de anúncios. (Veja planilha anexa) 8. RISCOS E OPORTUNIDADES Riscos Entre os riscos que antevemos, destacamos a possível mudança de gestores públicos, visto que o plano de assinaturas prevê, entre outras ações, venda de revistas para secretarias de governos e ministérios, nas áreas de juventude, educação e cultura. Também ressaltamos as dificuldades de distribuição das revistas via correios, uma vez que os atrasos nas entregas e extravio são freqüentes. A crise financeira é outra preocupação, já que vem afetando também o setor de publicações editoriais, seja pela diminuição de anunciantes seja pelo aumento dos custos de papel e insumos gráficos. Com relação ao conteúdo, ele pode não ser adequado aos compradores, uma vez que o novo projeto editorial e gráfico buscará focar mais em assuntos ligados à educação e comportamento, tornando a revista mais acessível a jovens e adolescentes que não atuam em projetos e movimentos sociais. Corremos o risco de depender de apenas uma única fonte para a captação de recursos, como por exemplo, via assinaturas ou via prestação de serviço. Quanto à concorrência da Revista Viração, a maioria é editada por grandes empresas de comunicação, que dispõem de maiores possibilidades de investimento e produtos diferenciados. Oportunidades Uma grande oportunidade será ampliar parcerias com entidades governamentais nas diversas instâncias, sobretudo ligadas às áreas de juventude, educação e cultura e redes, uma vez que a revista já construiu uma trajetória de sucesso ao longo de seis anos. Também destaca-se a inserção da educomunicação na agenda das principais organizações. A metodologia da Viração está despertando crescente interesse em diversas áreas do conhecimento e de atuação social, por parte do setor privado, da sociedade civil organizada e de governos. A presença na mídia deve aumentar por meio de parcerias de conteúdo com TVs comunitárias e grandes portais de informação na internet. Outra oportunidade é aumentar a visibilidade internacional, favorecida pela participação e o trabalho da Viração em fóruns internacionais, como o Congresso Mundial de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes. A chance de ganhar concursos e prêmios, que contribuem para aumentar o grau de satisfação e a própria consolidação da equipe, para a visibilidade e, em alguns casos, para a sustentabilidade financeira da organização. Em seis anos, ganhamos 9 prêmios nacionais e internacionais. O projeto terá potencial de sustentabilidade da ação pela própria ação. A temática do direito à comunicação e a própria realização de uma Conferência Nacional de Comunicação em 2009, 110 estão contribuindo para a consolidação de projetos especiais de comunicação, como a Viração. 9. Resultados e Fortalezas Pesquisas de opinião com os públicos atingidos diretamente, realizada em duas ocasiões ao longo dos seis anos, revela que a revista contribui para elevar a auto-estima de jovens e adolescentes, a pensar os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas em mutirão. amanda, infelizmente não temos essas pesquisas sistematizadas foram fruto de avaliações em finais de oficinas, encontros, seminários A participação dos adolescentes e jovens nos conselhos jovens tem levado eles a sentir orgulho de suas comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de mídia, ao fortalecimento da curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior justiça social; ao interesse por uma sociedade mais democrática. Isso porque a participação levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela comunidade local, inspirando ações coletivas. Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas habilidades de comunicação. Dizem ter desenvolvido competências em trabalho em grupo, negociação de conflitos e planejamento de projetos, melhorado o desempenho escolar, entre outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação surgem grêmios estudantis, novas ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária e produção de periódicos. Ao longo de seis anos, conquistamos os seguintes prêmios: 5. Maio de 2009, Prêmio Huellas América Latina e Caribe, concedido pelo Unicef América Latina 6. Maio de 2009, Prêmio Mídia Livre Nacional, concedido pelo Ministério da CulturaJaneiro de 2009, Prêmio Ponto de Leitura, concedido pelo Ministério da Cultura. 7. Agosto de 2008, Prêmio de Investigação Jornalística TIM Lopes, concedido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). 8. Junho de 2008, Prêmio Visibilidade em Políticas Sociais, concedido pelo Conselho Regional de Serviço Social do Rio de Janeiro. 9. Dezembro de 2007, Prêmio Projeto de Incentivo à Literatura (PAC), concedido pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. 10. Dezembro de 2005, ganhou o Prêmio Cidadania Mundial, concedido pela Comunidade Bahá‟í do Brasil. 11. Junho de 2005, segundo Relatório Mídia Jovem, da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi), Viração é a primeira no ranking entre as revistas voltadas para jovens, seguida da MTV, Capricho, Todateen e Atrevida. 12. Junho de 2004, ganhou o Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore, em Roma, concedido pela Associazione Cuore Amico e a Agência de Notícias Misna. 13. Abril de 2004, foi semifinalista do Grande Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo, concorrendo com gigantes do mercado editorial voltado para jovens, como a Capricho, Revista da MTV e encartes juvenis do jornal Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 14. Janeiro de 2004, Viração ganhou o Prêmio de valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, entre mais de 600 projetos concorrentes. 111 10. PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO - PRINCIPAIS INICIATIVAS 10 As 4 macro-iniciativas abaixo citadas levarão o Projeto/ Revista Viração a alcançar a visão almejada porque a sustentabilidade (tanto em termos de potencial financeiro quanto potencial humano) é o principal desafio de nosa organização. Portanto, para atingi-la precisamos de um plano estruturado de marketing e vendas para captar mais assinaturas por diferentes canais, de um produto atrativo (reformulação editorial da revista impresaa e do portal na internet), e de uma organização forte (menos dependente de seu líder e criador) e de uma agência de notícias que tanto pode alimentar o conteúdo editorial da revista impressa e do portal de notícias quando pode gerar receitas via projetos de cobertura jornalística. (ver detalhamento anexo) 10.1. Reposicionamento da Revista Viração Ação Data Reformulação editorial e gráfica Abril de 2009 Reformulação portal na internet Setembro de 2009 Produção de newsletter Setembro de 2009 Cartilha Mão na Roda Fevereiro de 2010 Expansão países América do Sul, África e Julho de 2012 Europa 10.2. Plano de Marketing Ação Data Elaboração Plano de Marketing Maio de 2009 Venda de anúncios Maio de 2009 Plano de assinaturas Junho de 2009 Plano de mídia Agosto de 2009 Pesquisa qualitativa Abril de 2010 10.3. Fortalecimento Institucional Ação Data Criação fundo de reserva Maio de 2009 Elaboração plano de governança Agosto de 2009 Sistematização metodologia Projeto/ Revista Viração Janeiro de 2011 10.4. Agência Jovem de Notícias Ação Data 112 Sistematização metodologia Agosto de 2009 Plano editorial e de funcionamento Maio de 2011 Plano de sustentabilidade Maio de 2011 113 ROTEIRO DE PROJETO Título do projeto Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores Número 1. Dados sobre a instituição Nome completo Viração Educomunicação (conforme CNPJ) Nome Fantasia Viração (conforme CNPJ) 2003 CNPJ 11.228.471/0001-78 Registro no CMDCAAno de fundação Data Endereço Rua Augusta , 1239, conj. 11 Cidade São Paulo UF SP CEP 01305-100 Telefone (11) 3237-4091 Fax 3237-4091 (11) 3237-4091 e-mail [email protected] Página web www.revistaviracao.org.br Tipo de instituição Organização Não Governamental (Org governamental, Org não governamental, Universidade, etc.) 2. Descrição da instituição Breve Histórico Viração é um projeto social de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores. Até agosto de 2009, era filiado juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Criado em março de 2003, Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos. Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente. A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que precisa ser considerado em sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas que representa uma grande oportunidade de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para si próprios. Além de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o ponto de vista tecnológico e instrumental. Até então, o carro-chefe da organização era a Revista e o Portal de notícias homônimos, produzidos a partir dos Conselhos Jovens (Virajovens) com uma metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da comunicação. Uma idéia inovadora que procura aglutinar e favorecer a comunicação entre outras experiências do mesmo tipo, até então muito localizadas na comunidade, no bairro, na cidade. 114 A idéia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em torno de alguns princípios como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil também no campo da comunicação e mobilização social. Cada Virajovem é montado à base do voluntariado, possui um mobilizador que recebe uma formação específica e acompanhamento. Esta formação e este acompanhamento acontecem por meio de encontro pessoal com a equipe da Viração, com sede em São Paulo, frequentes contatos telefônicos e via internet (correio eletrônico ou troca de mensagens simultâneas). Para ajudar nesse processo de formação e consolidação de um Virajovem, existe um guia com um passo-a-passo. O Virajovem conta com o apoio de uma organização não-governamental e tem reuniões presenciais (alguns até mais de uma vez por mês) em espaços cedidos por alguma instituição que tenha localização central na cidade para o fácil acesso. Nessas reuniões fica claro o caráter comunitário de produção. Nelas, há participação constante dos adolescentes e jovens na sugestão de pautas, apuração de matérias e redação de textos e produção de imagens; bem como sugestões quanto à administração, diagramação, vendas e publicidade da revista. Os participantes colaboram para que se redesenhe um novo discurso jornalístico sobre a juventude e para a juventude. Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há oficinas de redação, discussão sobre temas ligados ao editorial da revista ou mesmo debate, palestra de aprofundamento sobre assuntos específicos e organização de alguma ação de mobilização. Os Virajovens dispõem de plena autonomia para o seu funcionamento e reaplicam uma proposta básica de reunião oferecida pela Viração: 1. Dinâmica de integração: leitura de uma poesia, um texto sagrado, uma música cantada ou recitada, seguido de um momento de partilha. A idéia é nutrir os sonhos por meio de um ritual simples, envolvente. 2. Avaliação da revista e das iniciativas de mobilização: os mobilizadores apresentam as novidades em relação ao dia-a-dia da revista (editorial, administrativa, projetos, campanhas de mobilização etc); avaliação do visual, conteúdo e linguagem da edição do mês anterior, para apontar os erros, sugerir soluções. Momento para sugestões de pautas e distribuição de tarefas por duplas, trios ou em grupo, para estimular o trabalho em equipe. 3. Formação: Momento para discutir um assunto com especialistas, seguido de trabalho em grupo e plenária. Os temas de aprofundamento são relacionados com a produção jornalística comunitária, leitura crítica da comunicação, democratização da comunicação, mobilização, cidadania, adolescência e juventude, cultura, política da atualidade. O Virajovem é formado por jovens que participam de ONGs, centros culturais, movimentos sociais, estudantes de escolas públicas e particulares. Em alguns Virajovens, há participação efetiva de adolescentes em medida sócioeducativa ou jovens com deficiência. Também colaboram para o funcionamento do Virajovem profissionais de educação e comunicação na qualidade de mediadores, facilitadores (geralmente é integrante dos quadros da organização parceira). A Viração utiliza os aparatos próprios da globalização como a internet para promover a integração entre jovens participantes dos Conselhos Jovens e o acesso democrático às informações. Além das reuniões presenciais, os integrantes de cada Virajovem participam de uma lista de discussão, onde podem opinar, sugerir e avaliar o 115 andamento da edição do mês, entre outros assuntos. Até a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é avaliada por meio dessa lista de discussão. As pautas de cada edição são discutidas em um chat nacional, no início de cada mês, e desenvolvidas por mais de um Virajovem, muitas vezes de diferentes regiões do Brasil. Para isso, a discussão acontece via troca de mensagens instantâneas, e-mails ou lista de discussão na internet. Entre os principais objetivos do Virajovem, estão: – Promover o acesso democrático dos cidadãos à produção e difusão da informação e do conhecimento; – Identificar como o mundo é editado nos meios; – Facilitar o processo de ensino-aprendizagem através do uso criativo dos meios de comunicação; – Promover o intercâmbio entre jovens e adolescentes que desenvolvem atividades de comunicação nas escolas e comunidades. Para o funcionamento do Virajovem, a Viração conta com o apoio de uma entidade parceira em cada Estado, que coloca à disposição um jovem educador ou estagiário de Comunicação, responsável pela mobilização dos integrantes do Virajovem. Com essa entidade, Viração assina um Termo de Cooperação que prevê, entre outras coisas: oferecimento por parte da Viração de suporte teórico e técnico para as organizações parceiras viabilizarem o funcionamento dos conselhos jovens (cartilhas, manual de comunicação, cartazes, folders, adesivos, 30 exemplares gratuitos de 10 edições durante um ano), como também acompanhamento semanal à distância via novas tecnologias de comunicação (mensagens instantâneas, lista de discussão, telefonemas via sistema voip), permuta de espaços nas publicações para dar visibilidade aos parceiros; no caso de captação de assinaturas, 20% do preço total permanecem para as entidades parceiras para ajudar a cobrir os custos de funcionamento dos conselhos jovens. São essas as instituições parceiras atualmente: Associação Imagem Comunitária (AIC) e Grupo Entreface – Belo Horizonte (MG); Fundação Athos Bulcão – Brasília (DF); Girassolidário - Agência em Defesa da Infância e Adolescência – Campo Grande (MS); Central de Notícias dos Direitos da Infância e Adolescência (Ciranda) – Curitiba ((PR); TV Comunitária Floripa e Centro Cultural Escrava Anastácia – Florianópolis (SC); Catavento Comunicação e Educação Ambiental – Fortaleza (CE); Casa da Juventude Padre Burnier (CAJU) – Goiânia (GO); ONG Amazona – João Pessoa (PB); Centro Acadêmico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Natal (RN); Cipó Comunicação Interativa e Centro de Referência Integral de adolescentes (Cria) – Salvador (BA); Centro Acadêmico da Universidade Federal de Alagoas – Maceió (AL); Grupo de Jovens Vivendo e Convivendo con HIV/Aids – Aracaju/SE; Agência de Notícias dos Direitos dos Adolescentes - Alice – Porto Alegre (RS); Jornal Cidadão – Rio de Janeiro (RJ); Agência de Notícias dos Direitos da Criança e do Adolescentes Matraca e Rede Sou de Atitude – São Luís (MA); Centro de Referência da Juventude – Vitória (ES); Bemfam – Recife (PE); Cufa – Cuiabá (MT); Escola de Lutheria da Amazônia – Manaus (AM); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Teresina (PI); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Rio Branco (AC); Grupo de Jovens do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas – Porto Velho (RO); Grupo Makunaima – Boa Vista (RR); Coordenadoria da Juventude – Serra do Navio (AP) Produção e edição de textos e imagens: Para a produção de textos e fotos, o Virajovem procura incentivar o trabalho em duplas, trios ou mesmo em grupo ao longo do mês, com o acompanhamento do mobilizador da entidade parceira da Viração no Estado. Já no momento da discussão da pauta, o mobilizador vê juntamente com os virajovens sugestões sobre como deve ser feita a diagramação de seu texto. Uma vez finalizado o texto, o mobilizador faz uma primeira edição juntamente com os autores do texto e das imagens, e envia uma primeira versão para a sede da revista, com as dicas de uso de imagens e de diagramação. Os textos passarão por mais uma edição final na Redação. Depois disso, é enviado de volta para o mobilizador, para que veja e aprove as mudanças. Quando aprovado pelo Virajovem, o texto é passa por uma revisão final e é enviado para a diagramação. Cada 116 produção diagramada é enviada de volta para o respectivo Virajovem responsável em forma de arquivo em PDF, para revisão e aprovação. Iniciativas Realizadas: Agência Jovem de Notícias A iniciativa tem origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS), quando a Revista Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), promoveram a cobertura jovem do evento. A idéia é uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as práticas da Educomunicação produzir notícias diariamente sobre os diversos temas ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses jovens enxergam e que está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado especialmente para o evento e hospedado no portal Viração. A equipe preparada pela Viração promove, diariamente, oficinas de educomunicação entre os grupos de participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e inovadora, protagonista dos acontecimentos que eles mesmos estão presenciando. De janeiro de 2005 até fevereiro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 40 eventos nacionais e internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de 1200 jovens e adolescentes participantes diretamente. Geração Cidadã Como projeto, de novembro de 2005 a abril de 2006, coordenamos a comunicação do Consórcio Social da Juventude de “Geração Cidadã”, que abrange os municípios de Embu das Artes, Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Lourenço da Serra e Taboão da Serra (sudoeste de São Paulo). Todo o projeto foi orçado em R$ 97.000,00 (agosto de 2006 a abril de 2007) e para realizá-lo, contamos com o trabalho de mais de 10 profissionais, entre jornalistas, oficineiros, designers gráficos e ilustradores. O Geração Cidadã era um dos 26 consórcios espalhados pelo Brasil, iniciativa do Programa Nacional de Estímulo ao Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) que tem por objetivo inserir o jovem no mundo do trabalho. Cerca de 30 dos 2 mil jovens atendidos pelo Geração Cidadã participaram da Oficina-Escola de Comunicação, fruto da parceria com o Projeto/Revista Viração. Eles foram responsáveis pela produção de um jornal impresso mensal (tiragem média de 5 mil exemplares), um jornal mural (com atualização diária), uma revista de conclusão do curso, com 36 páginas e uma tiragem de 4 mil exemplares, e produção de conteúdo para a página na internet, além de criar formas alternativas de participação de todos os jovens do consórcio. Estávamos com uma equipe remunerada formada por três jornalistas. Edições especiais Ao longo de seis anos, produzimos também edições especiais temáticas da Viração com diversos parceiros e com distribuição para escolas públicas do Ensino Médio: Edição especial sobre Aids e Juventude, em parceria com o UNICEF e o Ministério da Saúde, com uma tiragem de 60 mil exemplares e distribuição; Edição especial Educação em Direitos Humanos, com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, com tiragem de 40 mil exemplares; Edição especial sobre Sexualidade, em parceria com o Ministério da Educação, com tiragem de 20 mil exemplares; Edição especial sobre Empreendedorismo Social Juvenil, em parceira com o Programa Geração MudaMundo, da Ashoka Empreendedores Sociais, com tiragem de 30 mil exemplares; Edição especial sobre Racismo, em parceria com o UNICEF, com uma tiragem de 40 mil exemplares. Projeto Comunicação para a Vida – Revista Escuta Soh! Desenvolvido em parceira com o UNICEF desde maio de 2007, o Projeto Comunicação para a Vida pretende 117 contribuir para o empoderamento de adolescentes e jovens vivendo com HIV por meio de práticas de educomunicação. Um grupo formado por cerca de 30 jovens de diversas regiões do Brasil produzem a Escuta Soh!, revista especial do Encontro Nacional de Jovens Vivendo com HIV, e o conteúdo de um site homônimo (www.escutasoh.org). Atualmente, a revista está indo para a sua terceira edição um tiragem de 5 mil exemplares em português, inglês e espanhol. Projeto Jornal Mural na Escola Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou mais de 500 estudantes e professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva, seus próprios meios de comunicação, a partir de uma proposta básica de jornal mural que ajuda a divulgar ações sociais e culturais de suas comunidades escolares e locais. Os jornais murais têm uma periodicidade quinzenal nas escolas, totalizando um público leitor de aproximadamente 255 mil pessoas, entre estudantes, professores, funcionários e familiares). Em 2009, o Projeto Jornal Mural na Escola está atuando em 12 escolas da região do Jaraguá, zona oeste de São Paulo. Por meio dos Conselhos Jovens da Viração e entidades parceiras, o Projeto Jornal Mural na Escola está sendo implementado em outras capitais, como Campo Grande, Maceió e Curitiba. Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores A criação de uma Rede de Jovens e Adolescentes Comunicadoras e Comunicadores é uma iniciativa que está sendo promovida pela Viração desde abril de 2008, quando em Brasília, houve um primeiro encontro reunindo cerca de 60 representantes de 30 organizações juvenis que atuam com comunicação popular juvenil em todos os Estados do Brasil. A Rede está num processo de articulação e definição de sua missão, objetivos e ações. Uma delas é a mobilização de jovens para uma participação qualificada no processo da Conferência Nacional da Comunicação. Stop X Fruto da parceira entre a Viração e o UNICEF de Brasília e de Nova Iorque, o Stop Explotation é uma plataforma virtual (www.stopx.org) que reúne jovens e adolescentes de todo o mundo que atuam no combate à exploração sexual de crianças e adolescentes em seus respectivos países. Foi lançada durante o III Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em novembro de 2008, no Rio de Janeiro. Durante o Congresso, a Viração organizou e coordenou o Espaço Adolescente, área multimídia de 600 metros quadrados, onde foram realizadas oficinas de rádio, produção de vídeo, notícias, jornal mural e jogos cooperativos. Participaram da iniciativa cerca de 300 adolescentes brasileiros e estrangeiros. Atualmente participam da plataforma virtual mais de 120 jovens e adolescentes de 50 países. Programa de TV Quarto Mundo Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa diferente na frente e atrás das câmeras. Sua equipe é composta por 12 jovens, de 14 a 18 anos, com origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a juventude não está perdida. Em 2008, eles passaram por 27 oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação de câmeras, produção, pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação. Também foram feitos debates sobre a história da TV, papel das TVs públicas e comerciais e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas emissoras em geral. Os programas foram gravados no estúdio da TV USP, onde cinco dos jovens entrevistaram pessoas capazes de provocar mudanças na sociedade. Outros integrantes do grupo fizeram câmeras, switcher e assistência. Rodízios nas equipes permitiram que todos experimentassem diferentes funções em TV. Cada temporada de gravação trouxe novidades e desafios, aumentando a gama de experiências dos adolescentes e contribuindo para a diversidade do programa. Na última temporada, os jovens fizeram gravações de reportagens em externa, encerrando o ciclo de aprendizado proposto para 2008. Até agora foram produzidos 8 programas com duração de 28 minutos cada, que vão ao ar no Canal Universitário e IPTV USP, nos horários: segunda-feira, às 118 19h30; quarta-feira, às 12h30, quinta-feira, às 6h30 (Canal Universitário – 11 da NET, 71 da TVA ou 187 da TVA Digital). Em 2009, estamos com uma nova turma de 13 adolescentes. As experiências estão sendo relatadas e sistematizadas no blog: www.quartomundotvusp.blogspot.com. Plataforma dos Centros Urbanos Somos parceiros técnicos do UNICEF para a implementação da Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo e Itaquaquecetuba. Viração está desenvolvendo a formação em educomunicação de 126 adolescentes comunicadores e dos educadores sociais de 63 comunidades. Para realização do projeto, estão sendo feitas parcerias com organizações da sociedade civil organizada; escolas públicas de Ensino Fundamental; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescentes, movimentos, ONGs, meios de comunicação e associações comunitárias. A proposta do trabalho, em última instância, é influenciar a discussão e implementação de políticas públicas para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes a partir de processos, ações e produtos de comunicação e mobilização. Redes e articulação política A Viração participa das seguintes redes e articulações políticas: Rede de Empreendedores Sociais da Ashoka, Rede Paulista pela Democratização da Comunicação e da Cultura; Rede Juventude e Trabalho; Pacto pelo Semi-Árido; Pacto pela Juventude, do Conselho Nacional de Juventude e da Secretaria Nacional de Juventude; Articulação de Defesa do Ensino Médio; Comitê Pró-Conferência Nacional da Comunicação; Fórum Mundial de Mídia Livre. Políticas públicas Além do mais, é preciso ressaltar mudanças já ocorridas a partir da intervenção do projeto ao longo desses seis anos de existência. Isso se dá de forma clara na promoção de políticas públicas na cidade de São Paulo e em articulações políticas, construídas a partir da influência da Viração. Por iniciativa da vereadora do Partido dos Trabalhadores Tita Dias, foi aprovado pela Câmara dos Vereadores de São Paulo a Lei 13.795, que institui 31 de outubro como o Dia do Saci na cidade de São Paulo. A vereadora se engajou e tomou conhecimento da campanha em defesa do Saci pelas páginas da Viração, que trouxe a reportagem “A Vez do Saci” como capa da edição 6, em outubro de 2004. Colocamos a vereadora em contato com os organizadores de uma campanha nacional e a organização Sosaci. Outra lei municipal criada a partir de experiências de educomunicação e com o apoio da Viração é a Lei 556/02, apresentada pelo vereador do PT Carlos Neder. O projeto foi aprovado em primeira votação, pela Câmara dos Vereadores de São Paulo. A lei institui o programa Educomunicação pelas Ondas do Rádio e também a promoção de práticas de educação e comunicação no âmbito da administração municipal, tudo sendo a cargo da Prefeitura de São Paulo. Movimento Nossa São Paulo Desde março de 2008, a Viração, em parceria com o UNICEF, mobiliza crianças e adolescentes para que criem propostas para o desenvolvimento sustentável e participem da vida pública da cidade. As propostas criadas pelo público infanto- juvenil, relativas a temas como meio-ambiente, educação, saúde, segurança, transporte entre outros, foram apresentados a todos candidatos às eleições municipais e posteriormente ao prefeito eleito. Para aprofundar as estratégias de expansão da participação das crianças e adolescentes, no 2° semestre de 2008, foram realizados fóruns de adolescentes em diversas regiões da cidade a fim de desenvolver a proposta dos “cidadelos”, espaços de encontro para jovens discutirem a cidade, criarem intervenções para melhorias em suas regiões e trabalharem em rede com as redes juvenis de São Paulo. Em2009, a Viração segue com o trabalho de mobilização, no âmbito da Plataforma dos Centros Urbanos, do UNICEF. Um guia sobre “Como montar um cidadelo” foi desenvolvido e será divulgado pela cidade. Projeto Voz Ativa Projeto de Comunicação Voz Ativa é uma parceria entre Projeto/Revista Viração e Identitá. Colégio Emilie de 119 Villeneuve apostou na criação e desenvolvimento de um projeto que coloca as alunas e alunos como protagonistas da comunicação de sua escola. O maior objetivo é que os educandos aprendam por meio da comunicação e se tornem cidadãos comunicativos e comunicadores, criativos e criadores, atuantes no meio em que vivem, construtores de sua própria história. Vai além de oficinas e produtos de comunicação. A idéia não é trabalhar uma oficina ou um produto de comunicação, mas ajudar a escola a trabalhar a comunicação de forma mais estratégica e sistêmica. É toda a escola respirando comunicação. Com três frentes de atuação (Impresso, Assessoria de Comunicação e Portal), o projeto tem por objetivo envolver toda a comunidade escolar na construção de uma nova comunicação da escola. 3. Responsáveis pelo Projeto Nome do Juliana Rocha Barroso representante legal da instituição Data da última Agosto/2009 eleição e posse da Diretoria Responsável pela Lilian Romão coordenação do projeto Principal Vicente de Paulo Pereira Lima responsável pela elaboração do projeto Oficial do UNICEF Mario Volpi responsável Escritório do Brasília UNICEF responsável 4. Dados sobre o Projeto Cargo Presidente Período de vigência da 04 anos Diretoria eleita Cargo Coordenador executivo Cargo Coordenador executivo Duração do projeto 12 meses (dezembro de 2009 a dezembro de 2010) Financiador projeto do UNICEF O UNICEF já vem Tipo de apoio, desde quando? apoiando o projeto sem repasse de fundos? Sim, indiretamente, por meio do Projeto Comunicação para a Vida, voltado para jovens e adolescentes vivendo com o HIV/Aids, e da Plataforma dos Centros 120 Urbanos Área geográfica de Nacional abrangência do projeto 5. Classificação do Projeto (Campos a serem preenchidos pelo Oficial Responsável do UNICEF) Documentação Cópia do Estatuto da Instituição mantida no arquivo do Oficial Responsável Cópia da última ata nomeando o responsável legal pela instituição Cópia do CNPJ atualizado Anexos Orçamento total do projeto por fonte de financiamento Cronograma de desembolso com memória de cálculo Relação de equipamentos duráveis, caso previsto no projeto Quais são os Objetivos do Milênio (ODM) 1. Erradicar a Pobreza Extrema e a Fome para os quais o Projeto contribui? X X X X X 20% 2. Inclusão Universal à Educação Básica 40% 3. Promover a Igualdade de Gênero 30% 4. Reduzir a Mortalidade Infantil 10% 5. Melhorar a Saúde Materna 6. Combater HIV/AIDS, Malária e Outras 30% Doenças 7. Assegurar Sustentabilidade Ambiental 20% 8. Desenvolver Alianças Globais para o 10% Desenvolvimento 20% Outras formas de violações dos direitos das crianças 1. Exploração Econômica e Trabalho Infantil e adolescentes contra as quais o projeto contribui. 2. Exploração Sexual 3. Privação de Liberdade 4. Abuso e Maus Tratos 5. Seqüestro, Venda e Tráfico de Crianças 6. Emergência e Ajuda Humanitária 7. Outra Prioridades Temáticas 1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil 20% 10% 10% % 121 2. Alfabetização e inclusão escolar 60% 3. HIV-AIDS 10% 4. Crescer sem Violência 20% 5. Raça e Etnia 10% Eixos Transversais % 1. Sistema de Garantia de Direito 30% 2. Gênero 10% 3. Raça e Etnia 10% 4. Jovens/Adolescentes 40% 5. Selo UNICEF Município Aprovado – Semi-árido 6. Planejamento, Monitoramento e Avaliação 7. Comunicação Institucional 10% Fases do ciclo de vida que o projeto aborda % 1. Primeira infância 2. Idade escolar 3. Adolescência 100% Prioridades de meio termo que o projeto aborda (MTSP) % 1. Sobrevivência e desenvolvimento infantil 2. Educação básica e igualdade de gênero 70% 3. Crianças e HIV-AIDS 10% 4. Proteção: prevenção e resposta à violência, exploração e abuso 10% 5. As Crianças nas Políticas, Legislação e Orçamento 10% Área geográfica prioritária % Amazônia 25% Centros Urbanos 50% Semi-Árido 25% Fronteiras Outros: Endereço no ProMS PBAs (Project Budget Allotment) 6. Cobertura do Projeto e Atores Principais Quadro resumo dos Previsto Características predominantes Sujeitos e (número) (socioeconômicas, gênero, raça, Responsáveis etc). Sujeitos Crianças de 0–1 --ano Crianças de 0-6 --anos Crianças de 7 – 11 --anos Adolescentes de 240 Estudantes do ensino 12 – 18 anos fundamental e médio de escolas incompletos públicas, que participam ou não de projetos sociais e culturais de empoderamento no campo da comunicação e da mobilização social 122 Responsáveis Famílias Gestores 240 240 Educadores 240 vivem nas capitais são gestores municipais, estaduais e federais equipe das áreas da educação, comunicação, direitos humanos Atores Atores Papel principal destes atores (instituições, agências, associações, conselhos, líderes, redes, etc) que atuam no projeto desenvolvendo atividades ou apoiando de diversas formas o projeto Adolescentes e Jovens de escolas Oferta de espaço para participação, produção de públicas conteúdo e mobilização social UNICEF Suporte técnico, político e financeiro nas ações propostas pelo projeto Grupos e organizações da sociedade Acompanhamento e proposição de políticas públicas civil que atuam na defesa do direito voltadas para adolescentes e jovens humano à comunicação 7. Resumo Executivo do Projeto O projeto “Viração: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores” pretende criar uma plataforma estrutural e organizativa para o pleno funcionamento dos Conselhos Jovens (Virajovens) para atuar como movimento social. Estes são os principais objetivos do projeto: Promover uma reestruturação organizativa dos Virajovens de forma a favorecer uma participação ativa e efetiva em todas as instâncias e tomadas de decisão, por meio de encontros presenciais, troca de mensagens eletrônicas, telefonemas, newsletters e vídeo-conferências; Contribuir para tornar as escolas do Ensino Médio ecossisistemas educomunicativos, por meio de ações de mobilização de estudantes e educadores para a formação de Virajovens; Desenvolver uma metodologia para que adolescentes participem e coordenem, com apoio de jovens monitores, projetos de comunicação para seu engajamento e de outros adolescentes e para informação e mobilização de suas escolas e comunidades; Ampliar a participação de jovens e adolescentes no processo da democratização da comunicação no Brasil; 123 Incentivar e fortalecer a produção e difusão da comunicação feita por jovens e adolescentes; Contribuir com o monitoramento e incidência política nas políticas públicas de comunicação numa perspectiva de adolescentes e jovens; Facilitar a comunicação entre diferentes adolescentes ou grupos de adolescentes para compartilhar experiências, produtos de comunicação (vídeos, música, textos, blogs) e outros produtos de comunicação desenvolvidos por eles, por meio de ferramentas colaborativas presentes em uma plataforma virtual que permitirá a publicação por parte dos próprios adolescentes; Favorecer a participação dos Virajovens na Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores, que tem como objetivo geral ampliar a participação de jovens e adolescentes no processo da democratização da comunicação no Brasil por meio da incidência política e de espaços de diálogo e atuação em torno das políticas públicas de comunicação para adolescentes e jovens; Desconstruir a imagem negativa dos adolescentes na sociedade em geral e na mídia, e promover a adolescência com uma fase essencialmente de oportunidades; Contribuir com processos de participação sustentáveis e continuados de adolescentes nas instâncias de decisão, na família, na comunidade, nas escolas e nas políticas públicas; Promover o direito à identidade étnico-racial dos adolescentes e a sua comunicação entre pares visando sua conectividade com as redes de participação existentes; 8. Antecedentes e justificativa do projeto Ao analisar o cenário de meios de comunicação (institucionais ou não) voltados para adolescentes e jovens constata-se a falta de um canal de comunicação não apenas para o adolescente e o jovem, mas sobretudo feito com eles e a partir deles, sendo um processo de construção coletiva e participativa. Em geral, os produtos de comunicação voltados para este público exercem uma comunicação verticalizada, não horizontal, com base na participação. Daí surge a necessidade de produtos de mídia que falem diretamente e tratem, de fato, dos problemas por que passam os adolescentes e jovens. Além disso, há ainda a constatação de que o domínio das linguagens e da língua é condição para a tão desejada vivência plena e participação social. A sociedade brasileira reconhece a educação como promotora dos valores humanos universais e demanda um ensino de qualidade que “garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadãos autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem e na qual esperam verem atendidas suas necessidades individuais, sociais, políticas e econômicas”, conforme as diretrizes gerais do Ministério da Educação (MEC). Normalmente tem mais voz na mídia voltada à educação, de maneira hierárquica, o diretor da escola, depois os professores e poucas vezes outros profissionais. Mais grave é a ausência das opiniões dos estudantes. De acordo com pesquisa realizada em 2001 pela Agência Cidade Futura, de Florianópolis (SC), crianças estudantes são ouvidas em 0,9% das vezes e alunos adolescentes em somente 0,3%. Importante destacar que os números são praticamente os mesmo em todo o país, segundo outras pesquisas realizadas pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi) junto aos jornais e revistas do território. A faixa etária média dos jovens e adolescentes participantes diretos dos Virajovens está entre 15 e 22 anos. Eles vivem em centros urbanos, que passa por uma aceleração do processo de urbanização e de concentração populacional, o que contribui para a precarização dos serviços públicos, a insuficiência de oportunidades de inserção social e produtiva, o aumento do desemprego e subemprego, a degradação do meio ambiente e a queda significativa nos níveis de qualidade de vida. Eles são vítimas do crescimento das desigualdades socioeconômicas, que se manifesta de forma clara na lógica de 124 ocupação espacial dos territórios urbanos. Pressionadas pela crescente especulação imobiliária e pelo processo de exclusão social, as populações empobrecidas se concentraram nas comunidades populares afetadas pela falta de estruturas básicas, como saneamento, pavimentação, iluminação pública, áreas de lazer e limpeza urbana, bem como pela baixa qualidade de serviços essenciais, como segurança, cultura, educação e saúde. Tal segregação resulta em dramática fragmentação social e territorial da urbe, gerando tensões, preconceitos e novas violências contra jovens e adolescentes. A discriminação desse público e o fortalecimento de uma cultura de massa, cada vez mais influenciada pelo processo de globalização, geram a perda de raízes identitárias, de vínculos sociais e de senso de pertencimento. Por outro lado, esses adolescentes e jovens têm energia, vitalidade, criatividade, produtividade e cultura próprias, que são elementos dinamizadores da vida e da sociedade nas cidades. A riqueza por elas produzida vai de novas arquiteturas, a modos de convivência, linguagens, códigos de valores éticos e morais, redes de solidariedade e manifestações culturais e artísticas, que compõem o patrimônio e a identidade brasileira. O Brasil tem 21 milhões de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. De cada 100 estudantes que entram no ensino fundamental, apenas 40 terminam o ensino médio. A evasão escolar e a falta às aulas ocorrem por diferentes razões, incluindo falta de espaço para desenvolver as competências e habilidades dos estudantes, violência e gravidez não planejada na adolescência. Diante dessa análise, o projeto Virajovens: Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores a que se apresenta quer justamente levar os adolescentes e jovens a assumirem a dianteira do processo de ensinamento, da comunicação juvenil e de sua cidadania ativa. Pesquisas de opinião e avaliação com os mobilizadores dos Virajovens, realizadas em várias ocasiões ao longo dos seis anos, revela que a Revista Viração, produzida por eles por meio de uma metodologia colaborativa, contribui para elevar a auto-estima não só de quem a produz, mas também de outros adolescentes e jovens leitores, a pensar os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas em grupos. A experiência nos Virajovens tem levado esse os adolescentes e jovens produtores a sentir orgulho de suas comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de mídia, ao fortalecimento da curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior justiça social; ao interesse por uma sociedade mais democrática. Isso porque a participação levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela escola e comunidade local, inspirando ações coletivas. Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas habilidades de comunicação, desenvolvido competências colaborativas, negociação de conflitos e planejamento de projetos, melhorado o desempenho escolar, entre outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação por meio da comunicação surgem grêmios estudantis, novas ONGs (Organizações Não-Governamentais), cooperativas de trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária e produção de periódicos. Portanto, trata-se de uma experiência a ser expandida e consolidada porque porta não só à elaboração de ações, processos e produtos de comunicação, mas também de ações de mobilização social por meio da comunicação. Adolescentes e jovens dos Conselhos da Viração 9. Resultados esperados: impacto e efeitos Qual é a contribuição que o projeto espera fazer na vida das crianças e adolescentes que têm seus direitos violados ou não realizados? Impacto 125 Fortelecer a ação política da adolescência e juventude frente à conquista ao direito humano à comunicação, intensificando e qualificando o debate, desenvolvendo estruturas e aprimorando propostas de participação real da juventude diante de temas relevantes na busca da cidadania. Com que mudanças o Projeto pretende contribuir para o impacto desejado na realização dos direitos das crianças e adolescentes? Efeito - Mudança 1 Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas da adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação, reforçando ações de avaliação e gestão. Efeito - Mudança 2 Virajovens formados em educomunicação e cidadania participativa para produção de conteúdo e ações de mobilização social. Efeito - Mudança 3 Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na temática de ensino médio. 10. Resultados esperados: Produtos Quais serviços ou produtos o projeto tem que produzir para alcançar as mudanças ou efeitos desejados e assim contribuir da melhor forma para a proteção, respeito e garantia dos direitos das crianças e adolescentes (impacto)? Produtos necessários e suficientes para o Efeito 1 Efeito 1: Organicidade ao Movimento Viração, como forma de aprimorar as ações articuladas da adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação, reforçando ações de avaliação e gestão. Produto 1.1 Elaboração de um projeto de reestruturação dos Virajovens Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São Produto 1.2 Paulo, Ceará e Pará) para criação de novos Virajovens Produtos necessários e suficientes para o Efeito 2 126 Efeito 2: Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Virajovens por meio da formação em educomunciação e temas relacionados diretamente ao direito humano à comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a participação da adolescência e juventude em atividades e ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e juventude. Ações de formação em educomunicação implementadas localmente, regionalmente e nacionalmente, por meio de ferramentas educomunicativas Produto 2.1 presenciais e de educação à distância, com conteúdos definidos e planejados pelos integrantes dos Conselhos. Promoção de um canal de chat na internet com especialistas e adolescentes Produto 2.2 Produtos necessários e suficientes para o Efeito Efeito 3: Desenvolvimento de novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na temática de ensino médio. Virajovens e adolescentes comunicadores integrando redes de ação política e fortalecendo o debate sobre comunicação nesses espaços e o diálogo entre redes e Produto 3.1 articulações que atuam com comunicação e a adolescência e juventude, com parcerias locais e regionais fortalecidas e novos modelos de sustentabilidade institucional. 11. Estratégias do Projeto O projeto estabeleceu uma linha de ação focada no fortalecimento de ações já desenvolvidas ao longo dos anos pela Revista Viração em todo o país. Dessa forma, o projeto estabeleceu três eixos estratégicos prioritários, que em alguns momentos do projeto irão delimitar inclusive cronologicamente as ações. É importante ressaltar que os eixos aqui apresentados são frutos de debates, primeiramente, com parceiros que vêm acompanhando a trajetória da Viração, como o próprio Unicef. Também há contribuições da equipe da Viração em São Paulo e de Virajovens que ao longo dos anos vêm acompanhando o envolvimento da juventude e adolescência em ações de educomunicação. Algumas perguntas funcionaram como geradoras das propostas e estratégias de ação como: como ir além dos mobilizadores de Virajovens e envolver os adolescentes e jovens da comunidade?, como pensaremos a renovação da rede virajovens?, como construírmos a acolhida dos novos adolescentes que chegam e querem formar Virajovens?, como garantir a formação em educomunicação?, como aprimorar o papel das organizações parceiras nos Estados?, como garantir a diversidade nos e dos conselhos?, onde está a demanda de formação de movimento? o que envolve a gestão de uma rede? Como garantir organicidade também dentro da equipe?, como garantir coletivos temáticos para lidar com os diversos temas da adolescência e juventude? O primeiro eixo estratégico construído diz respeito à avaliação e gestão dos Virajovens. A proposta consiste em desenvolver uma pesquisa junto a esses Conselhos (adolescentes, jovens, organizações e parceiros) para levantar suas vulnerabilidades e fortalezas relacionados à ação política da adolescência e juventude na, com e pela comunicação. Essa pesquisa tem a proposta de retratar a realidade dos Conselhos, suas ações, suas estruturas e planejar ações conjuntas e articuladas para serem implementadas durante 2010. A idéia é que a pesquisa tenha como produto uma publicação sobre a história, mas que também direcione ações de fortalecimento da ação política da juventude em comunicação por meio do movimento Viração. O lançamento dessa pesquisa caracterizaria o Encontro Nacional dos Virajovens, nos quais seriam apresentados resultados e já planejadas ações seguintes. Para esse encontro, os Virajovens já devem ter desenvolvido propostas de ação local de fortalecimento da ação da juventude (em comunicação, nas comunidades, e na temática do Ensino Médio). A meta é que o projeto apóie 127 planos de ação local. Nesse primeiro evento serão apresentadas essas propostas e planejadas as ações. Esse plano de ação deverá incluir metas conjuntas relacionadas à gestão dos Conselhos, no sentido de garantir “organicidade à ação”. O segundo eixo estratégico está relacionado à formação, e pretende especificamente qualificar a participação do adolescentes e do jovens, tanto no que diz respeito à sua ação política no debate sobre direitos, como também favorecer a própria ação em comunicação e educomunicação. As perguntas geradoras descrevem dúvidas dos integrantes da equipe com a relação a: como qualificar a cobertura, como aprofundar o debate dos temas junto aos jovens, como garantir a participação efetiva da adolescência e juventude em espaços de construção de políticas públicas?. E mais, uma das principais necessidades diz respeito à: como garantir a participação e constante formação de outros adolescenste e jovens e novas lideranças com formação política. Assim, a meta desse eixo estratégico é garantir ação de formação aos mobilizadores dos Virajovens, mas também, incentivar propostas de formação em comunicação junto a outros adolescentes, efetivando e garantindo a participação da adolescência e juventude pelo, com e para o direito humano à comunicação. A perspectiva é o marco da comunicação para o desenvolvimento. O terceiro e último eixo estratégico é integralmente direcionado à articulação. Nele, os principais pontos levantados no debate estavam relacionados à: como garantir a articulação com outras organizações? como fortalecer os diálogos entre os diferentes temas da adolescência e juventude por meio da comunicação?, como garantir uma agenda comum de adolescentes e jovens comunicadoras e comunicadores brasileiras relacionada comunicação?, como ampliar parcerias estratégicas localmente com impactos nacionais (e internacionais)? Assim, esse eixo tem a meta de garantir o diálogo constante e estratégico da Viração e dos Conselhos localmente junto ao poder público, outras redes e alianças, em possíveis parcerias estratégicas. Isso também está relacionado a toda a sustentabilidade política do Movimento Viração de ação política pelo direito humano da adolescência e juventude à Comunicação. Para alcançar os resultados traçados neste projeto, Viração e seus parceiros utilizarão as seguintes estratégias: Reorganização da Viração como instituição no âmbito do Movimento dos Virajovens, de modo a ter uma só estrutura organizacional que atue como movimento social prevendo diversas instâncias de participação para tomadas de decisão. Criação de oportunidades para que com os atuais mobilizadores dos Virajovens e coordenadores das organizações parceiras possam contribuir ativamente para a reestruturação dos Virajovens. Elaboração de um planejamento estratégico e plano de ação para os próximos 5 anos. Criação de canais privilegiados de comunicação com os mobilizadores dos Virajovens e o uso de novas tecnologias e de meios tradicionais de comunicação em vista da sua participação ativa: lista de discussão fechada na Internet, ambiente colaborativo, intercâmbio de mensagens eletrônicas, telefonemas. Essas ferramentas vão agilizar o processo de consulta e decisão para a reestruturação. Desenvolvimento de formação básica de educomunicação para Virajovens para garantir o aprofundamento do conceito da educomunicação, o entendimento do Movimento e a realização de laboratórios de linguagens midiáticas. Monitoramento e avaliação permanente do funcionamento dos Virajovens, a partir de metas indutoras e indicadores de impacto, gestão e participação social previamente definidos. Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará) para 128 criação de novos núcleos Virajovens. Esses núcleos serão formados em escolas do Ensino Médio (2 de São Paulo, 2 de um município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém). Esses grupos seriam selecionados a partir da apresentação, por parte do grupo, da proposta de um projeto comunitário que trabalhasse com tecnologias digitais, envolvesse a escola, desenvolvesse processos formativos e visasse à construção de cidadania em seu município. Uma das ações básicas da proposta apresentada pelo núcleo de estudantes deve ser a realização de campanhas de mobilização comunitária, como, por exemplo, o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes. Os grupos selecionados passariam por uma formação semipresencial em educomunicação, jornalismo social e tecnologias digitais. O conteúdo produzido será publicado na Revista Viração e na Agência Jovem de Notícias. 12. Metodologia – Marco Conceitual Princípios Metodológicos O projeto trabalhará com seguintes princípios metodológicos: Cidade educomunicadora: Articulação com agentes/ oficineiros das mais variadas redes e instituições, incluindo universidades, que lidam em algum grau com os temas relacionados aos direitos de adolescentes e jovens, para que contribuam no processo de formação permanente dos Virajovens, com saberes e materiais pedagógicos específicos; Educomunicação entre pares: Os adolescentes são ao mesmo tempo aprendizes e educadores. Eles serão responsáveis por multiplicar o que aprenderem na formação para outros jovens de sua escola e comunidade; Multimídia: Serão usadas as mais diferentes formas de comunicação. O importante é gerar diálogo. Por isso vale desde a mídia primária (o corpo) e suas extensões: voz, gesto etc até equipamentos da era digital como máquinas fotográficas e filmadoras digitais. Cabe destacar que também será estimulado expressões artísticas como poesia, música, cordel e outros. Intervenção urbana: Serão estimuladas algumas metodologias de ação no espaço público utilizando linguagem artística a fim de trabalhar a subjetividade de forma mais direta. Enredamento: Os adolescentes atuarão não apenas em sua cidade, mas com todas as envolvidas pelo Movimento Virajovens, via redes de produção de conteúdo e mobilização social. Produção de conteúdo: Durante toda formação, os Virajovens produzirão conteúdo para Revista Viração, Agência Jovem de Notícias, portais de informação das mais diversas naturezas, peças locais de comunicação. Educação Democrática: Durante a formação, serão usadas estratégias da educação democrática, como realização de assembléias para definição de termos de convivência, resolução de conflitos, avaliação participativa etc. Além disso, conforme o avanço do programa de formação dos Virajovens, os adolescentes serão estimulados a ter uma participação cada vez mais ativa na elaboração e definição dos conteúdos e das atividades a serem trabalhadas. Multidisciplinaridade: A metodologia de formação do Virajovem como grupo de adolescentes comunicadores busca sempre interrelacionar conceitos, disciplinas, e atores, na sua convicção de que a construção de um conhecimento emancipador deve reconhecer e fortalecer-se na diversidade e integração. Cultura organizacional holística, baseada no conceito de comunicação integral desenvolvida pela Viração e que 129 prevê a organização como organismo vivo em constante movimento, calcada em valores, costumes e conhecimento ligados a uma visão não fragmentada. 13. O papel e o valor agregado do UNICEF e atividades – Organicidade ao Movimento Viração, como forma de Produto 1.1 aprimorar as ações articuladas da adolescência e juventudes brasileiras referente ao direito humano à comunicação, reforçando ações de avaliação e gestão. Atividades para o produto 1.1 Duração Início 1º mês Articulação junto aos adolescentes e jovens mobilizadores Término dos Virajovens 12º mês Início Construção de um processo de pesquisa/avaliação e 1º mês sistematização, indicadores, ferramentas, estratégias, formato Término para o movimento 5º mês Início 3º mês Encontro Nacional dos Mobilizadores de Virajovens Término 3º mês – Virajovens fortalecidos em uma nova estrutura Produto 1.2 organizacional e em processos de participação sustentáveis e continuados nas instâncias de decisão. Atividades para o produto 1.2 Duração Início Formação presencial e à distância em linguagens 3º mês multimídias e cidadania participativa para novos núcleos Virajovens formado por até 5 estudantes em 2 escolas do Ensino Médio de São Paulo, 2 de um município de pequeno porte do Ceará e 2 de Belém Cobertura eventos sociais e culturais de escolas e 3º mês comunidade Encontro de avaliação da experiência e 11º mês sistematização Elaboração de um projeto de reestruturação d Responsável – Quem participa Responsável: Equipe do Projeto Quem Participa: Adolescentes, organizações parceiras joven Responsável: Equipe do Projeto Quem Participa: Adolescentes, organizações parceiras e Unicef joven Responsável: Equipe do Projeto Quem Participa: Adolescentes, organizações parceiras e Unicef joven Desenvolvimento de experiência-piloto de Estados do país (São Paulo, Ceará e Pará) novos Virajovens Responsável Término 12º mês 12º mês 12º mês – Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Produto 2.1 Virajovens por meio da formação em educomunciação e temas relacionados diretamente ao direito humano à comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a participação da adolescência e juventude em atividades e ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e juventude. Quem particip Equipe do Projeto e Núcleo Estudantes d de Comunicação e Educação Ensino Médio da USP Estudantes de escolas do Estudantes d Ensino Médio Ensino Médio Equipe do Projeto e Unicef Estudantes d Ensino Médio Ações de formação em educomunicação localmente, regionalmente e nacionalment ferramentas educomunicativas presenciais distância, com conteúdos definidos e p integrantes dos Conselhos. 130 Atividades para o produto 2.1 Duração Início Formação presencial e à distância em linguagens 3º mês multimídias e cidadania ativa Criação e manutenção do site da Agência Jovem de 1º mês Notícias para hospedar conteúdo dos Virajovens Cobertura eventos sociais e culturais ligados aos 3º mês adolescentes e jovens Elaborar uma proposta educomunicativa do uso pedagógico da Revista Viração (em escolas, 6º mês organizações, grupos de jovens) Responsável Término 12º mês 6º mês Equipe do Projeto e Núcleo de Comunicação e Educação Virajovens da USP Equipe do Projeto 12º mês Virajovens 9º mês Equipe do Virajovens – Aprimoramento da capacidade técnica e estrutural dos Produto 2.2 Virajovens por meio da formação em educomunciação e temas relacionados diretamente ao direito humano à comunicação, como forma de sensibilizar e mobilizar a participação da adolescência e juventude em atividades e ações de comunicação por, pelo, para e com a adolescência e juventude. Atividades para o produto 2.2 Duração Início Término Animação do canal de chat e mobilização para a participação 3º mês 12º mês Produção uma edição especial da Revista Viração 8º mês sobre o Ensino Médio. Quem particip 10º mês – Desenvolvimento de novos formatos de participação e Produto 3.1 integração de adolescentes, jovens e organizações sociais nos diferentes estados brasileiros, fortalecendo e garantindo a diversidade, ação política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na temática de ensino médio. Atividades para o produto 3.1 Duração Início Término Participação em encontros regionais e nacional da Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e 1º mês 12º mês Comunicadores e iniciativas de articulação com outras redes locais Desenvolvimento de espaços de compartilhamento das ações dos conselhos em articulações políticas 1º mês 12º mês relacionadas ao direito humano da comunicação. Virajovens Virajovens Projeto e Virajovens Temática do ensino médio fortalecido e de juntos aos conselhos Virajovens e seus ações específicas planejadas e implementada públicas e gratuitas nos estados em qu Virajovens. Responsável Quem particip Equipe do Projeto Equipe Projeto e Virajovens Virajovens Virajovens e Ensino Médio Virajovens e adolescentes comunicadores de ação política e fortalecendo o debate so nesses espaços e o diálogo entre redes e atuam com comunicação e a adolescência e parcerias locais e regionais fortalecidas e n sustentabilidade institucional. Responsável Quem particip Virajovens parceiras e Virajovens parceiras e organizações Virajovens organizações Virajovens 131 Acompanhamento das ações dos Conselhos Estaduais de Comunicação, de outros conselhos e fóruns relacionados a ação política da adolescência e juventude, para aproximar essas instâncias da 1º mês temática da comunicação e contribuir, por meio da comunicação, com a ação política de outros movimentos. Articulação de ações e parcerias locais com outras organizações interessadas em integrar os conselhos Virajovens e fortalecimento da ação política pelo 1º mês direito humano da comunicação pela juventude em outras organizações. Fortalecer o diálogo com outras redes que atuam pela democratização da comunicação e direitos da infância e adolescência, realizando o primeiro Encontro Nacional de Redes, Adolscência, 1º mês Juventudes e Comunicação (em conjunto com outras redes como - Rede ANDI, REDE CEP, Pontos de Cultura, Sou de Atitude, Rede MAB) Virajovens parceiras e organizações 12º mês Virajovens parceiras e organizações 12º mês 12º mês Virajovens e organizações Virajovens parceiras e Unicef Virajovens Virajovens 15. Sistema de Medição de Desempenho - Marco Lógico Hierarquia de Resultados Linha de Meios de Indicadores Meta (transcrever das Base Verificação seções 8 e 9) IMPACTO Fortelecer a ação política da Produção de adolescência e conteúdo juventude frente à Número de para conquista ao direito adolescentes e Virajovens veículos de humano à jovens atuando em comunicaçã comunicação, produtores de 24 Estados o (Viração, intensificando e mídia e Relatório do sem infra- Agência qualificando o promotores de projeto, estrutura Jovem de debate, ações de número de organizativa Notícias, desenvolvendo mobilização produtos e e formação blogs...) e estruturas e social de iniciativas sistemática e ações aprimorando forma realizados continuada sociais em propostas de sistemática e escolas e participação real da organizada comunidade juventude diante de s temas relevantes na busca da cidadania. 132 Efeito – Organicidade ao Mudança 1 Movimento Número de Viração, como adolescentes e 24 forma de aprimorar Virajovens jovens Virajovens as ações articuladas atuando em envolvidos no organizados da adolescência e 24 Estados Relatório do processo de em um juventudes sem infraprojeto reestruturação movimento brasileiras referente estrutura de forma social ao direito humano à organizativa efetiva e comunicação, qualificada reforçando ações de avaliação e gestão. Produto 1 Plano de ações definido para 5 240 anos adolescente Virajovens Nova estrutura s de 24 atuando em Elaboração de um organizativa Estados 24 Estados Registro blog projeto de funcionando participando em conexão do projeto reestruturação dos com de várias com a sede Virajovens participação instâncias da Viração qualificada dos do virajovens movimento adolescentes Produto 2 Desenvolvimento de experiência-piloto de atuação em 3 Número de Estados do país (São adolescentes Não existe Paulo, Ceará e Pará) envolvidos para criação de diretamente novos Virajovens 30 Relatório estudantes projeto, de 6 escolas número públicas do produtos Ensino iniciativas Média realizados do de e Efeito – Aprimoramento da Mudança 2 capacidade técnica e estrutural dos Virajovens por meio 240 da formação em Número de adolescente educomunciação e adolescentes e s de 24 temas relacionados jovens 240 Estados diretamente ao Relatório do envolvidos nas adolescentes participante direito humano à projeto, atividades de de 24 s ativamente comunicação, como documento formação e Estados da formação forma de fotográfico educomunicati e sensibilizar e va e de promovend mobilizar a mobilização o ações participação da sociais adolescência e juventude em atividades e ações de comunicação por, 133 pelo, para e com a adolescência e juventude. Produto 1 Ações de formação em educomunicação implementadas Conteúdo localmente, 1 chat publicado na Número de regionalmente e mensal para Reportagens Revista matérias, nacionalmente, por discussão de semanais Viração e no vídeos, meio de ferramentas pautas produzidas site da Agência documentos educomunicativas 1 reportagem por Jovem de fotográficos, presenciais e de por Virajovens Notícias e áudios educação à Virajovem em 24 outros veículos produzidos distância, com por mês Estados de conteúdos definidos comunicação e planejados pelos integrantes dos Conselhos. Produto 2 Temática do ensino médio fortalecido e debate qualificado 240 juntos aos adolescente Virajovens e seus Número de s e jovens Relatório do 24 integrantes, com adolescentes, participante projeto e mobilizadore ações específicas jovens e s da produção de s de planejadas e educadores produção de edição especial Virajovens implementadas participantes coneúdo da Revista participantes junto a escolas sobre Viração públicas e gratuitas Ensino nos estados em que Médio há conselhos Virajovens. Efeito – Desenvolvimento de Mudança 3 novos formatos de participação e integração de adolescentes, jovens Número de e organizações organizações sociais nos parceiras e 24 240 diferentes Estados articulações mobilizadore adolescente brasileiros, Relatório do políticas es de s e jovens fortalecendo e projeto projetos Virajovens participante garantindo a colaborativos participantes s diversidade, ação realizados política, articulação e diálogo dos conselhos Virajovens com outras redes de comunicação e 134 outros movimentos das adolescências e juventudes, com reforço específico na temática de ensino médio. Produto 1 Virajovens e adolescentes comunicadores integrando redes de ação política e fortalecendo o debate sobre comunicação nesses espaços e o diálogo Número de 24 240 Relatório dos entre redes e encontro mobilizadore adolescente encontros, articulações que locais, s de s e jovens registro atuam com regionais e Virajovens participante fotográfico comunicação e a nacional participantes s adolescência e juventude, com parcerias locais e regionais fortalecidas e novos modelos de sustentabilidade institucional. 16. Plano de Monitoramento e Avaliação Período (trimestral, semestral) Mês/trimestre Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc Mês/trimestre/etc ATIVIDADES /etc Articulação junto aos adolescentes e jovens 1º ao 12º mês mobilizadores dos Virajovens Construção de um 1º ao 5º mês processo de pesquisa/avaliação e sistematização, indicadores, ferramentas, estratégias, formato para o movimento Encontro Nacional 3º mês dos Mobilizadores de Virajovens Formação presencial 3º ao 12º mês e à distância em linguagens 135 multimídias e cidadania participativa Cobertura eventos 3º ao 12º mês sociais e culturais de escolas e comunidade Encontro de 11º a 12º mês avaliação da experiência e sistematização Formação presencial 3º ao 12º mês e à distância em linguagens multimídias e cidadania ativa Criação do site da 1º ao 6º mês Agência Jovem de Notícias para hospedar conteúdo dos Virajovens Cobertura eventos 3º ao 12º mês sociais e culturais ligados aos adolescentes e jovens Elaborar uma 7º mês ao 9º proposta mês educomunicativa do uso pedagógico da Revista Viração (em escolas, organizações, grupos de jovens) Animação do canal e 3º ao 12º mês mobilização para a participação Buscar ser um canal de aprofundamento Produção uma edição 8º ao 10º mês especial da Revista Viração sobre o Ensino Médio Participação em 1º ao 12º mês encontros regionais e nacional da Rede de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores e 136 iniciativas de articulação com outras redes locais Desenvolvimento de 1º ao 12º mês espaços de compartilhamento das ações dos conselhos em articulações políticas relacionadas ao direito humano da comunicação. Acompanhamento 1º ao 12º mês das ações dos Conselhos Estaduais de Comunicação, de de outros conselhos e fóruns relacionados a ação política da adolescência e juventude, para aproximar essas instâncias da temática da comunicação e contribuir, por meio da comunicação, com a ação política de outros movimentos. Articulação de ações 1º ao 12º mês e parcerias locais com outras organizações interessadas em integrar os conselhos Virajovens e fortalecimento da ação política pelo direito humano da comunicação pela juventude em outras organizações. Fortalecer o diálogo 1º ao 12º mês com outras redes que atuam pela democratização da comunicação e direitos da infância e adolescência, 137 realizando o primeiro Encontro Nacional de Redes, Adolscência, Juventudes e Comunicação (em conjunto com outras redes como - Rede ANDI, REDE CEP, Pontos de Cultura, Sou de Atitude, Rede MAB) 17. Orçamento por Fonte de Recursos e Cronograma de Desembolso Em anexo 18. Avaliação do Oficial Responsável 19. Assinatura do Oficial Responsável/Coordenador e Parceiro UNICEF Parceiro Oficial Responsável: Mario Volpi Coordenador (EZ, Programa): GT Adolescent 138 O que vc chama de projeto social impresso. Desenvolver o conceito. Projeto social impresso. Na verdade essa expressão veio só depois. Primeiro veio a prática. É como dizia Paulo Freire: “Primeiro a gente faz, depois dá um nome”. E foi assim com a Viração. Fomos formalizando e idealizando os processos aos poucos. No começo, um muito de idealização, sobretudo em relação à participação dos adolescentes e jovens. Pensávamos que seriam algo batido, que bastava chamar e o pessoal vinha. E não foi bem assim. Tivemos que ir acertando o passo aos poucos no sentido de ir criando, inovando espaços e mecanismos de participação para que de fato esta fosse efetiva e não idealizada. Projeto porque se tratava de uma iniciativa com objetivos, metodologias e metas bem definidas. A dimensão de projeto também prevê experimentação, desobediência mental, como bem diz o professor Evandro Ouriques, para fugir aos esquemas tradicionais de se fazer revista apenas por profissionais de comunicação e adultos. Social porque nossa meta é fazer com que a participação leve a uma transformação social da realidade de seus sujeitos. Transformação em diversos níveis: local, regionalm nacional e internacional. Não é por acaso que a última seção da Revista Viração, desde o começo, foi nessa linha. No começo se chamava “Viração Social”, depois passou a ser “Parada Social”. Nossa proposta é de discutir e levar a cidadania pela revista. Impresso: Porque iniciamos como um projeto de incentivo à leitura. Claro, no começo nossa proposta é iniciar com a leitura de produtos impressos, mas pouco a pouco fomos alargando o leque e entrando no mundo do audiovisual e também artístico com intervenções urbanas, como a que realizamos no 1 de Maio de 2005. No Brasil dos dias atuais, onde se lê menos de dois livros por ano por habitante, cada vez mais a leitura é essa espécie de senha para que os que têm acesso a ela consigam galgar outras posições na vida, transformar suas vidas, garantindo a efetivação de seus direitos fundamentais. Fale um pouco a respeito desta transição que abrange de projeto a movimento (como se originou esse processo, de onde partiu a ideia/necessidade/demanda, como foi construído o projeto, que fatores demandaram essa transição). Estamos no bojo dessa transição, sem certezas ou definições. Aliás, é assim que eu gosto: de coisas in-definidas, em movimento, em discussão. Esse momento de transição está nos ajudando a consolidar conceitos a partir das práticas desses 7 anos. Me lembro de uma reunião que tive com o Mario Volpi, do Unicef, em Brasília, em junho de 2009. Discutíamos pela enésima vez o fato que o Unicef não poderia apoiar a Viração porque era uma revista. Pela enésima vez expliquei a ele que a Viração não era uma revista mas um projeto e agora uma organização social que desenvolve diversos projetos. Expliquei a ele que estávamos com núcleos em 24 Estados e que estávamos funcionando como uma rede, um grande movimento de voluntários jovens que trabalham nas duas pontas: comunicação e mobilização social. Daí o Mario Volpi me jogou na cara: pronto, se é movimento, o Unicef pode apoiar. Eles analisou e me disse que ajudaria para que pudéssemos sistematizar o que vimos fazendo até hoje para quem sabe lançar as bases de um movimento social de adolescentes comunicadores. Compartilhei tudo isso com a equipe e todo mundo ficou ainda mais entusiasta e com um grande desafio à frente: passar da revista ao movimento, passar do projeto à organização e um novo tipo de organização. Acredito que temos agora que sistematizar tudo a partir de outras palavras geradoras concentradas na palavra AMA (Atuação – Monitoramento – Avaliação). 139 Essas três palavras mágicas daqui para frente nos ajudaram a clarear as ideias quanto à atual fase de Processo – Organização – Movimento. Como vc avalia o seu afastamento (físico e administrativo) dentro desse processo sendo a sua figura não raras vezes e facilmente confundida com a Viração. Avalio como muito positivo. Costumo brincar que quando a gente começa a criar barriga é porque é hora de mudar e se mudar. Eu me me identifico muito com a imagem de semeador. Foi feita a semeadura ao longo de 7 anos e agora a colheita vem sendo realizada por outros também semeadores. Mas continuo na eterna atividade de semeadura. Claro, se trata de um processo com base no slogan: A gente sumindo e o povo assumindo. E por ser processo, estamos ensaiando formas novas de governança e liderança, que vão desde a relação entre as equipes de trabalho até às relações entre a diretoria executiva e a diretoria institucional e todos os demais associados. Mesmo quando eu estava à frente da Viração, sempre procurei criar novas lideranças, potencializar os colaboradores fixos e voluntários para que assumissem suas responsabilidades e também as da organização. O resultado é o que vemos agora: equipe comprometida cem por cento com a missão, os objetivos e a visão da Viração. Isso cria um campo fértil para que eu possa cuidar mais da parte de sistematização de toda essa história de acúmulos e também ir criando possibilidades para expandir o conceito Viração na Europa e outras partes do mundo. Inclusive, estou dedicando parte do tempo ao estudo do inglês para facilitar os intercâmbios internacionais, parte do tempo também para construção de parcerias com organizações européias afins. Como se configura hj a sustentabilidade econômica da Viração e como isso está contemplado no projeto do Movimento? A sustentabilidade econômica da Viração está baseada em um tripé (ou muitos outros pés) básico: captação via projetos, captação via assinaturas e captação via anúncios. Nosso desafio atual é como criar ou experimentar essa fórmula no âmbito do Movimento com todos os virajovens, de forma que eles se tornem ativos também em relação à sustentabilidade do movimento. Temos experiências-piloto nesse sentido que deram certo. É o caso do Virajovem de João Pessoa que conseguiu captar um pacote de 300 assinaturas anuais junto à Secretaria de Educação do Município, sendo que um percentual foi destinado ao fortalecimento do Virajovem e utilizado para compra de equipamentos e custeio de despesas várias. A dimensão desse processo de transição pelo qual passa a Viração está no nível de consciência de todos os envolvidos com a Vira, inclusive os Virajovens? Diria que aqui também se trata de um processo que tem que ser gradual. A tomada de consciência está se dando de forma gradual, seja pela equipe de colaboradores fixos e voluntários que pelos Virajovens. Primeiro, o projeto aprovado junto ao Unicef foi compartilhado por todos os mobilizadores jovens de cada Virajovem; depois eles estão seguindo o assunto e discutindo no Ning. Mas reafirmo que se estamos apenas iniciando o processo de compartilhamento de assuntos delicados e complexos. Nem todos possuem o mesmo grau de compreensão a respeito de alguns assuntos, como o da sustentabilidade econômica, e temos que levar isso em conta. Além disso, parte da equipe está envolvida com a sistematização de nossas metodologias e isso gera muita energia que entusiasma os demais. A cada descoberta há um sorriso, um aplauso, um “estamos no caminho certo!”. 140 Como vc avalia a Comunicação q permeia tds as relações da Viração até aqui? Esse modelo de comunicação cabe nesse novo momento da Viração ou esse processo pede tbém uma nova comunicação? A Viração sempre foi vista como um processo e um grande laboratório vivencial. Quem entra aporta sempre algo novo na forma de olha, trabalhar e se entusiasmar. Quem já estava tem muito a compartilhar o que aprendeu e a transmitir o vivenciado e experimentado. Nem sempre há harmonia entre quem estava e quem entra, entre o velho e o novo. Mas vivemos tudo de forma dialética e é aqui que nos damos conta da importância de sistemas de informação e comunicação para facilitar todo o processo. Processo dialógico e dialético. Essas são outras duas palavras mágicas que sempre acompanharam a Viração. Ternura e corresponsabilidade por todas e todos e que vão desde ao cuidado com a pia (o que eu chamo da Pedagogia da Pia) até com o cuidado com os adolescentes e jovens que participam de nossas iniciativas. A partir do momento que já não somos apenas um projeto, mas uma organização que desenvolve diversos projetos e com um maior número de colaboradores e beneficiários, não podemos perder de vista a relação e o grau de informação e comunicação compartilhadas. Teremos que continuar investindo para que o coeficiente comunicativo de todas e todos os que atuam na Viração possa ser elevado. Estou tranquilo em relação a isso porque estamos atentos e cuidando muito bem disso. E podemos aumentar o coeficientie comunicativo da equipe, por xemplo, com momentos informais e descontraídos, que vão desde um happy-hour (ou melhor nossa “Sexta à Toa) até um cineminha ou uma balada juntos. Que importância/papel tem a Comunicação no âmbito da reestruturação/consolidação dos Conselhos Virajovens e da articulação da Viração junto às redes de juventude? É de fundamental importância porque a comunicação é o que move tudo. É movimento e perpassa todas as relações, desde as interpessoais às institucionais. Se crescemos, temos que desenvolver novas ferramentas e mecanismos de comunicação para que este crescimento seja integral. O desafio agora é como criar um sistema de educomunicação que possa responder às novas demandas postas por um movimento, que por essência é de comunicação e participação. O movimento, como a organização Viração Educomunicação, é um ecossistema comunicativo. 141 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? A gestão das práticas educomunicativas acontecem por meio da gestão das atividades, ações, processos, áreas e programas que a Viração realiza. Por isso, os responsáveis pela gestão são os respectivos coordenadores de projetos junto com suas respectivas equipes. Na maioria dos casos, cada projeto possui um blog de sistematização e monitoramento de suas atividades. Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Temos uma coordenação colegiada formada atualmente por: Lilian Romão, Gisella Hiche e Paulo Lima. As suas funções são as seguintes: 1. Coordenação Colegiada realizará reuniões, presenciais ou virtuais, ordinárias e extraordinárias, quando a diretoria executiva julgar necessário, ou quando, algum membro da Coordenação o solicitar. 2. Cabe à Coordenação Colegiada: 3. Animar a equipe de colaboradores, dando apoio moral, emocional e profissional quando solicitado o considerar necessário; 4. Mediar e buscar soluções para conflitos internos da equipe; 5. Promover a apropriação da missão, carta de valores e princípios e regimento interno por parte da equipe de colaboradores ; 6. Elaborar projetos de sustentabilidade financeira e institucional; 7. Avaliar e acompanhar projetos e ações previstos no planejamento estratégico anual; 8. Preparar editais de contratação de novos colaboradores, realizar entrevistas e contratações; 9. Representar a Viração Educomunicação em quaisquer atos, solenidades e reuniões com parceiros. Prioridades: São definidas no planejamento estratégico e participativo realizado por toda a equipe no começo de cada ano e revisado no final do segundo semestre. Para 2011, são essas as prioridades: Prioridade 1: Realaboração de um plano de sustentabilidade financeira e econômica: O ponto de partida e uma das principais ações desta reelaboração é o Plano de Assinaturas. O maior desafio da Viração Educomunicação é garantir sua sustentabilidade financeira e o funcionamento dos Virajovens a partir de dois negócios principais: a Revista Viração, que está em processo de consolidação; e a Agência Jovem de Notícias, que está em processo de reformulação e para a qual também devemos pensar um Plano de Negócios em um segundo momento, junto com parceiros. 142 Quanto ao primeiro produto, a Revista, o objetivo que tínhamos definido no planejamento estratégico para os próximos cinco anos, a partir de 2009, era atingir 10.000 assinaturas pagantes em 2013. No entanto, este volume já está sendo alcançado em novembro de 2010, por meio da compra de um lote de 7 mil assinaturas para todos os atuais Pontos de Cultura do país por parte do Ministério da Cultura. Somando aos cerca de 3 mil atuais chegamos a 10 mil. Para fidelizar esses assinantes e conquistar outros novos 2 mil em 2011, segmentamos os possíveis públicos-alvos da Revista Viração e estabelecemos as seguintes estratégias para cada um deles. Veja anexo. Prioridade 2: Reformulação do Conselho Pedagógico, com novos e antigos integrantes, reuniões quadrimestrais e plano de ação: São esses os documentos e resultados de uma primeira das quatro reuniões ao ano realizada pelo Conselho Pedagógico, que tem uma lista de discussão fechada na internet: DOCUMENTO 1: Proposta de Pauta Reunião do Conselho Pedagógico da Revista Viração Data: 15 de março 2011, às 19hs. Loca: Sede da Viração Educomunicação 1) Breve apresentação dos participantes 2) Breve apresentação da Viração em números e metodologias Qual a tiragem atual? Qual o perfil dos assinantes? Quantos conselhos participam da produção e difusão da Revista? Como se dá o processo de produção da Revista, da construção e realização de pautas à gráfica? 3) Reflexão e definição sobre uma proposta pedagógica da Revista Viração Existe um processo pedagógico para a produção da Revista, mas não uma proposta pedagógica de mediação de leitura a ser utilizada por seus leitores/prossumidores (estudantes, professores, educadores sociais), dentro e fora da escola. Algumas estratégias básica sugeridas pelo Alexsandro Santos e Virajovens: a) a promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; b) a promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como coprodutores; 143 c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola. d) criação de um espaço direcionado para educadores no site da Viração, para que possam acessar metodologias educomunicativas, acessar documentos e trocar experiências sobre o uso da revista, com fórum de discussão. 4)Reestruturação do Conselho Pedagógico Quem participa, como participa e quando participa? 5) Encaminhamentos DOCUMENTO 2: Memória da 1ª reunião do Conselho Pedagógico da Vira de 2011 Presentes: Cida Jurado Leandro Nonato Bel Santos Alexsandro Santos Equipe Vira: Paulo Lima Ana Paula Marques Eduardo Peterle Douglas Lima Gisella Giche Rafael Stemberg O debate principal foi como aproximar a revista Viração dos professores e educadores, sem descaracterizá-la como uam revista feita por, com e para jovens. Foram levantadas algumas estratégias possíveis dentro do município de São Paulo como: 16. Escrever um edital para convidar professores, diretores e coordenadores para uma formação de 2 horas aqui na Vira; 17. Aproximar o corpo docente das 8 escolas de Sampa que têm ensino fundamental e médio (Alex tem contato); 18. Dialogar com Carlos Lima do educom.radio para ver como eles podem nos ajudar nesta divulgação; 19. Aproximar-se da rede de escdolas técnicas (ETECs), ligadas a Secretaria de Ciência e Tecnologia 20. Doação de 20 a 30 revistas por mês para professores ligados à Vira; 21. Apresentação da Vira em congressos e outras reuniões dos sindicatos de professores (alex tem contato); 22. Apresentação da Vira nas reuniões mensais das Diretorias regionais de ensino Abaixo seguem algumas sugestões relativas a uma aproximação mais direta com os adolescentes das escolas do Ensino Médio: Dialogar com rede de grêmios da cidade; Dialogar com bolsistas monitores da Escola da Família Estratégias nacionais: 144 - criar um mailing de educadores Edu resumiu as propostas em 3 eixos: eixo 1- criação de um canal institucional para troca de experiências e contribuições. Bel Santos nos apresentou o site www.unidadenadiversidade.com.br que possui um canal de diálogo com educadores; eixo 2- espaços de apresentações institucionais da Vira. Houve a proposta de que cada conselho Virajovem leve a revista para professores que actreditam que podem fazer um trabalho interessante em sala de aula. Foi decidido que teremos um e-group do conselho a ser usado com parcimônia. Próxima reunião: 07 de junho (terça), às 19h. DOCUMENTO 3 : Conselho Pedagógico da Viração, um pouco de memória Paulo Lima O Conselho Pedagógico faz parte do próprio DNA da Viração, pois desde o começo surgimos como um projeto multi e transdisciplinar, reunindo profissionais de diversas áreas do saber, da pedagogia à comunicação, da sociologia à economia. A primeira grande contribuição do conselho foi propor o trabalho com grupos focais que iriam avaliar a necessidade de se criar uma revista produzida com jovens e pelos jovens, e também para avaliar o número zero. O conselho inicialmente reunia a coordenadora pedagógica Aparecida Jurado, a pedagoga Isabel Santos, as sociólogas Vera Lion e Márcia Cunha. Alguns integrantes do conselho editorial da Viração também contribuíam com o pedagógico, como o professor Ismar de Oliveira e as jornalistas Immaculada Lopez e a Izabel Leão. No começo houve reuniões mais ou menos periódicas, a cada 3, 4 meses. No entanto, o conselho funcionou mesmo à base da troca de mensagens eletrônicas ou consultas por telefone. As dificuldades de termos reuniões presenciais com periodicidade foi devido sobretudo às agendas supercarregadas dos conselheiros. Sempre que podíamos nas reuniões presenciais participavam alguém da Redação e também do Virajovem. Entre as funções que vem exercendo o conselho, estão: sugerir fontes e abordagens para a produção editorial da revista e de edições especiais; contribuir para a reflexão de temas polêmicos no que diz respeito à própria sustentabilidade institucional; assessorar a equipe da Viração na elaboração de projetos educomunicacionais; assessorar equipes dos projetos da Viração na elaboração de laboratórios/cursos/oficinas/ Rodas de conversa de educomunicação; contribuir para criar canais inovadores de participação seja de estudantes que de educadores na revista e na organização como um todo. Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não deveríamos criar esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou em encontros com jovens, mas de dar visibilidade às experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada uma chamada na página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola, que a Viração publicaria. Pena que não houve retorno, ficando só em alguns casos. Mas sabemos que muitos professores e educadores sociais utilizam a Viração como subsídio pedagógico. Temos é que estudar uma nova propostas para divulgar essas experiências. Quem sabe seja o caso de aqui e diante rever nossa posição de não dar tudo pronto pro educador. Ou seja, poderíamos imaginar um esquema de trabalho em sala de aula ou em grupo de jovem a partir da 145 reportagem de capa, por exemplo; ou mesmo da HQ do Rap Dez e a Turma da Vira; ou de uma foto publicada na revista; ou ainda de um vídeo da seção Fazedores de Vídeo. Outra possibilidade, para não descaracterizar a revista é criar um encarte de 4 páginas para os educadores com esses esquemas de uso da Vira como subsídio pedagógico. Essa é uma ideia antiga que tem boa receptividade junto ao Instituto Paulo Freire (IPF). Em conversas com a Salete Gamboa, do IPF, ficamos de aprofundar o assunto, que teve ponta-pé inicial com a parceria que produziu a edição especial sobre analfabetismo juvenil. DOCUMENTO 4: Produção e Circulação de Impressos entre Educadores como Estratégia Cultural: contribuições ao debate Alexandro Santos “Não existe nenhum texto fora do suporte que o dá a ler, não há compreensão de um escrito, qualquer que seja, que não dependa das formas através das quais ele chega ao seu leitor” (Roger Chartier, 1990, p. 123) Inicio esse breve escrito colocando em relevo alguns trechos da Ata da Reunião de 2010 e do registro da memória do Conselho Pedagógico, enviados por Paulo para nós, por email, como subsídio para esse nosso encontro. E faço isso, especialmente, porque muitas das questões que identifiquei lendo esses documentos estão em sintonia fina com muitas das reflexões que venho fazendo, do ponto de vista da história cultural e das políticas de comunicação. A epígrafe que escolhi delineia em que termos as preocupações do Conselho Pedagógico e dos jovens produtores da Viração são altamente relevantes para o avanço nas discussões sobre produção e circulação cultural, dentro e fora da escola, na contemporaneidade. Existem modelos de Revista voltadas para o auxílio ao educador em sala de aula. A Viração tem uma outra proposta. É mais voltada para educadores com perfil mais progressista (...) Como o professor terá acesso à Viração? Questão do monopólio da distribuição. É necessário considerar o “mediador” de forma mais nítida. Relatos de experiências de uso capazes de facilitar a ação pedagógica do educador. (Viração. Ata de Reunião do Conselho Pedagógico, s/d) Uma preocupação que os conselheiros sempre tiveram foi a de que não deveríamos criar esquemas de como utilizar a Viração em sala de aula ou em encontros com jovens, mas de dar visibilidade às experiências enviadas pelos educadores, adultos e jovens. Por isso, foi criada uma chamada na página 3 da revista, nas edições de 2005, se eu não me engano, convidando os educadores a compartilharem suas experiências dentro e fora da escola, que a Viração publicaria. (Paulo Lima. Memória do Conselho Pedagógico da Viração, 2011) Nos idos de 1980, alguns pesquisadores da área da História e da Sociologia da Educação no Brasil, sintonizados com algumas reflexões da História Cultural de orientação francesa e que vinha pesquisando intensivamente a da produção e circulação cultural dentro e fora das políticas educacionais construíram amplos projetos de pesquisa para mapear quais 146 foram/eram os impressos que circulavam na Escola ou ao redor dela e quais eram as estratégias que tornavam essa produção e circulação possíveis. Um dos mais significativos projetos desse tipo esteve sob a coordenação das professoras Miriam Warde e Marta Chagas de Carvalho e envolveu professores da Universidade de São Paulo e da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo. Na segunda instituição, esses estudos estiveram sob o guarda-chuva dos programas de Mestrado e Doutorado em Educação: História, Política, Sociedade. Mas, porque trago essa informação? Porque as questões que esses programas e projetos de pesquisa pretenderam esclarecer são muito próximas das questões que este Conselho Pedagógico se colocou em relação ao Projeto de Produção e Circulação Cultural que Viração coloca na rua. No que diz respeito à produção e circulação de revistas na Escola, o que essas pesquisas demonstraram pode ser resumido (de maneira bem esquemática) em quatro pontos essenciais: 1 – Tanto a produção quanto a circulação de revistas na Escola brasileira, desde o final do século XIX até os dias atuais esteve ancorada em financiamento público direto ou indireto, por parte dos órgãos mantenedores do sistema escolar. No primeiro caso (financiamento direto), trata-se da produção própria ou da contratação de editoras para a produção de revistas dirigidas pelos próprios órgãos. É o caso, por exemplo, das “Revista Pedagógica” (publicada ainda no século XIX pela Diretoria de Instrução Pública do Distrito Federal) e “Revista do Ensino” (publicada pelo Liceu Mineiro, também no século XIX) ou, para sermos próximos no tempo, da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (INEP, desde meados dos anos 1940). No segundo caso (financiamento indireto), trata-se de programas amplos de compra e distribuição de revistas que também circulam fora da escola e que encontram no Estado (especialmente, nos órgãos oficiais do ensino) o seu maior consumidor. Nesta seara, estamos falando de publicações como a Revista Nova Escola, ou a Revista Pateo, publicadas e comercializadas por editoras e vendidas tanto para o público direto quanto para os sistemas de ensino. 2 – A produção e circulação de revistas na Escola tem, historicamente, como público desejado o professor e essas publicações, de maneira geral, pretendem apresentar ao professor informações e conteúdos de ordem teórica, didático-metodológica e instrucional, combinando discursos de legitimação das políticas educacionais, discursos acadêmicos e discursos prescritivos sobre „como ensinar‟, priorizando de forma mais incisiva os primeiros e os últimos. A estratégia de produção e circulação dessas revistas é um braço bastante sério das políticas educacionais porque esses impressos dão materialidade e legitimidade ás decisões de ordem política da gestão educacional e aos ensinamentos das chamadas ciências pedagógicas que os professores devem compreender e seguir. Segundo Bastos (2004), é através da prescrição de valores, normas e padrões de comportamento que os impressos geram práticas concretas e submetem o leitor (no caso, o professor), sua consciência e sua conduta, ao mesmo tempo que consegue controlar o acesso que esse leitor terá em relação ao conhecimento que o impresso pretende (ou não) disseminar. Seja quando são produzidos e postos em circulação pelos órgãos de ensino, seja quando são „escolhidos‟ por esses órgãos para serem comprados e postos em circulação na escola, os impressos que chegam ao professor por meio dessa estratégia confirmam escolhas ideológicas, modos de agir e pensar o ensino, a escola e a ação docente e instruções explicitas a respeito de seu fazer profissional. Nesse sentido, muitos educadores e estudiosos posicionam-se contrariamente a essas estratégias de construção e disseminação de hegemonias discursivas; pontuando que, desta 147 forma, há um intenso controle da subjetividade e da prática profissional do professor. Todavia, é importante assinalar que o que Chartier chama de „ilusão logocêntrica‟; ou seja: tanto os estudiosos e técnicos conservadores quanto os estudiosos e técnicos progressistas terminam por associar à produção e circulação de impressos um poder excessivamente maior do que efetivamente possuem e desconsideram que este professor não é capturado de maneira absoluta pelas estratégias discursivas e culturais agenciadas para controlá-lo. Também o professor, por seu turno, tem papel ativo na atribuição (ou não) de sentidos sobre o que lê e sobre os discursos que pretendem conformá-lo. 3 – Impressos que pretendem, em seus projetos editoriais, chegar às mãos dos estudantes, nas escolas, passam pelo crivo e precisam convencer os educadores de sua „pertinência‟ às finalidades e às características da cultura escolar. Há uma censura explicita operada pelos educadores em relação à disseminação de materiais de leitura para os estudantes, dentro da escola. As revistas voltadas às crianças ou aos adolescentes e jovens também entendem ser a Escola sua principal estratégia de mediação com o leitor. Assim, essas revistas constroem um forte discurso pedagógico que pretende convencer os educadores de que as crianças e jovens devem acessá-las e de que esse acesso contribui para a construção e apropriação de valores considerados positivos pelos educadores e também para incrementar as atividades dirigidas de ensino. Exemplos de publicações como estas são a “Ciência Hoje para crianças” e a “Revista Recreio”. Esta segunda, ainda que também circulando fora da escola, tem os órgãos oficiais de ensino como seu principal consumidor. Quanto aos adolescentes e jovens, as estratégias editoriais para acessá-lo têm se concentrado sobretudo fora da escola. Esse desenho de distribuição está intimamente ligado ao crivo e à censura pedagógica prévios dos educadores e dos técnicos dos órgãos de ensino que consideram que tais publicações não estão em sintonia com as finalidades e com a cultura escolar. Essa censura prévia, em si, já é bastante problemática e mesmo condenável; todavia, pode-se justificar que os recursos públicos devem se concentrar na consecução dos objetivos do ensino e, nesse sentido, adquirir e colocar em circulação revistas que, aos olhos dos educadores, não se enquadram nessa categoria, é defensável. Porém, há uma segunda dimensão mais nociva no que diz respeito à negativa da escola em permitir a circulação de impressos voltados aos adolescentes e jovens: ao „fingir‟ que tais impressos não existem porque não estão na escola, a escola se furta a ajudar os adolescentes e jovens na construção de estratégias e procedimentos críticos de leitura dessas mídias, abandonando-os à própria sorte. 4 – As estratégias de produção e circulação de impressos para a juventude se consolidou sobretudo fora da escola, no âmbito das relações ostensivas de compra e venda de produtos e na produção/fabricação de uma subjetividade jovem como fatia de mercado. As mídias impressas para adolescentes e jovens foram se constituindo no âmbito das estratégias editoriais de mercado na confluência dos discursos de produção/fabricação de uma subjetividade jovem, estabelecendo modelos, práticas e normas de conduta que definiriam esse período da vida com uma identidade específica. Tais modelos, práticas e normas de conduta estão, no discurso hegemônico dessas revistas, articulados aos mecanismos de compra e venda de produtos (roupas, acessórios, CDs, maquiagem, etc) que funcionariam como marcas de pertencimento específicas e códigos de representação social. Embora – como afirmamos acima – a escola estabeleça censuras formais aos produtos midiáticos para jovens, não opera da mesma maneira quanto aos padrões de subjetivação que esses produtos midiáticos estabelecem e prescrevem. Assim, mesmo que não permita ou estimule a circulação das revistas comerciais para jovens na escola, os educadores também não possibilitam aos jovens oportunidades para discutir e por em xeque os padrões de 148 consumo e comportamento que esses produtos ordenam. Por outro lado, produtos midiáticos de orientação contra-hegemônica e que poderiam permitir outras formas e caminhos para compreender a experiência de juventude e possibilitar outros caminhos para a subjetivação e identificação terminam por não chegar às mãos dos jovens e adolescentes. Nesse aspecto, as pesquisas demonstram que tanto no que diz respeito a uma educação crítica para as mídias quanto no que diz respeito a produção e circulação de produtos midiáticos contrahegemônicos, a aproximação da Escola com propostas editoriais menos conservadoras seria de grande valia. Algumas proposições Desta contextualização, gostaria de apresentar algumas proposições a partir das questões que Paulo recortou e das discussões que pude identificar nessa minha „chegada‟ à Vira: É muito recomendável a aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras dos sistemas de ensino como estratégia específica para a produção e circulação da Revista. Esse é um caminho muito eficaz, do ponto de vista das dinâmicas sociais, para publicações que pretendem: a) auxiliar mediadores (educadores) na construção de propostas para uma educação crítica para as mídias ou b) chegar às mãos dos adolescentes e jovens rompendo o monopólio hegemônico das revistas comerciais. A aproximação com a Escola e com as instâncias gestoras do sistema pressupõe, sim, a construção de um discurso específico de convencimento e de rompimento da „censura‟ (seja ela explícita ou camuflada) em relação à compra e à circulação da revista pela e na Escola. Isso não significa colocar a revista “a serviço” dos discursos das políticas educacionais oficiais nem transformá-la em „manual didático‟ ou „guia de uso‟ para aulas. É possível construir essa aproximação defendendo um projeto editorial progressista feito por e para jovens, com foco na construção de uma educação crítica para as mídias e encontrar espaços específicos para que sua circulação possa ser estimulada ou mesmo começar pela Escola. Essa aproximação tem encontrado sucesso em três estratégias básicas: a) a promoção de espaços de formação abertos a educadores para que conheçam a proposta editorial da publicação, seus principais compromissos e se apropriem de seus conteúdos e estrutura; b) a promoção de uma relação próxima entre esses educadores e a produção, em que possam dialogar com os editores sobre as pautas e em que possam se colocar também como coprodutores; c) a promoção de uma relação próxima com os jovens e adolescentes, a partir de estratégias específicas de distribuição das revistas e dos canais de participação nos espaços em que os jovens e adolescentes efetivamente estão, incluindo a escola. A proposta de pesquisa que emergiu na reunião do ano passado sobre a circulação da revista nas escolas (por um lado) e entre os jovens (mesmo que fora da escola) por outro é essencial e, creio, encontra espaço para o debate sobre seu financiamento e parceria em intelectuais que estão trabalhando com a temática. Indico o Grupo de Pesquisas “Um dia, Sete Dias”, sob coordenação do Prof. Dr. José Luis Aidar Prado, no PEPG Comunicação e Semiótica da PUCSP e o grupo de pesquisas sobre Impressos Pedagógicos: Produção e Circulação, sob coordenação da Profa. Dra. Maria Rita de Almeida Toledo, do PEPG em Educação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-Guarulhos). DOCUMENTO 5: Seminário Educomunicação, Juventudes e Escola Conselho Pedagógico 1) Apresentação 149 Viração Educomunicação é uma organização social de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores que tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação social. Criado em março de 2003, impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, seja por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos. Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento, gestão, parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente. Em São Paulo, Viração desenvolve vários projetos que partilham da experiência de articulação de redes e empoderamento de adolescentes e jovens no campo da educação e comunicação em 40 comunidades populares e 12 escolas do Ensino Médio da capital paulista. Entre os parceiros em São Paulo estão O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Em nível nacional, produz mensalmente uma revista colaborativa e o conteúdo de um portal (www.viracao.org) com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, chamados Virajovens, que integram os Conselhos Jovens, presentes em 22 Estados e Distrito Federal. Acreditando no valor do desenvolvimento de iniciativas sociais e educativas por meio de parcerias, a Viração desenvolve projetos colaborativos atualmente com mais de 20 entidades não-governamentais. Esses projetos colaborativos permanentes são a base para o funcionamento dos Conselhos Jovens da Revista Viração. 2) Justificativas Considerando que: - As gestoras (es) escolares, os Professoras (es) Orientadoras (es) de Sala de Leitura (POSLs) e os Professoras (es) Orientadoras (es) de Informática Educativa (POIEs) da Rede Municipal de São Paulo são importantes sujeitos nos processos decisórios sobre a compra de acervos e sobre a condução de projetos didáticos na área de leitura e de comunicação; - A rede municipal conta com 08 (oito) Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio (EMEFM), atendendo cerca de 10 mil estudantes, dos quais quase metade está concentrado na faixa etária de 12 a 18 anos. Propomos esta ação para articular e reforçar a formação de uma rede de mediadores de leitura entre educadoras (es) da Rede Municipal de São Paulo que atuam com adolescentes e jovens. 3) Objetivos - Identificar e reconhecer educadoras (es) parceiras (os) para as propostas de mediação de leitura da Revista Viração entre jovens estudantes da Rede Municipal de São Paulo; - Apresentar a proposta de Educomunicação da Viração, sobretudo a Revista Viração (e seu processo de produção). - Levantar as expectativas e necessidades entre os educadoras (es) no que tange ao acesso e a circulação da Revista Viração na escola, entre os jovens. 150 4) Estratégias Preparação do Encontro Elaboração de uma apresentação (em power point, com cópia para todos os educadoras (es) presentes), com linguagem e formato voltado aos educadoras (es) da rede municipal, em que estejam explicitas as: a) diretrizes editoriais da Revista Viração; b) desenho pedagógico subjacente à proposta de Educomunicação da Revista Viração; c) o processo de produção da Revista; d) exemplos de matérias produzidas; e) a importância do trabalho com mídias na Escola e a contribuição que a Viração pode oferecer; uma demonstração do Site/Portal. Elaboração de um material (aproximadamente 3 pgs), com características de texto de formação de professoras (es), que discuta o conceito de Educomunicação, apresente a experiência da Viração e indique diretrizes pedagógicas para o trabalho com mídias na Escola. Convite/Escolha de um convidado para conversar com os professoras (es) sobre o tema, além da equipe da Viração. Preparação do café da manhã propriamente dito (alimentação) Envio de carta-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal de São Paulo, explicitando a proposta do encontro e encaminhando um ou dois exemplares da revista, com antecedência de 30 dias. Envio de e-mail-convite para as 8 escolas de Ensino Médio da Rede Municipal e para suas Diretorias Regionais de Educação indicando o número de educadoras (es) que a escola pode trazer/mobilizar e fornecendo informações adicionais de contato; com antecedência de 20 dias, repetir o e-mail quando faltarem 10 dias e repetir o email quando faltarem 5 dias para o encontro. Telefonar para a Diretora Pedagógica (ou Diretor Pedagógico) da DRE e para todas as escolas, falando com a Diretora (ou Diretor) escolar e com a Coordenadora Pedagógica (ou Coordenador), confirmando o recebimento do email na semana anterior ao encontro e perguntando quais são os educadoras (es) que participarão. Telefonar para todas as escolas, falando também com a Professora (ou professor) de Sala de Leitura e com a Professora (ou professor) de Informática Educativa (se possível). Divulgação do encontro nos sites dos Sindicatos (SIMPEEN, SINESP, APROFEM) Elaboração dos Certificados de participação, com carga horária e avaliação (para contar na evolução funcional) Pauta do Encontro (no dia) Abertura: 9h30 (agendar com os educadoras (es) às 9h) 9h30 – 9h50: Atividade cultural (verificar qual e reservar tempo máximo de 20 min) 9h50 – 10h10: Rodada de Apresentações 10h10 – 11h00: Palestra do Convidado 11h00 – 11h30: Apresentação da Vira 11h30 – 12h00: Atividade de Levantamento de Expectativas e Necessidades 12h00 – 12h30: Atividade de encerramento (cultural) Após o encontro: - Agendar, com as oito escolas, um dia para ir até o Horário Coletivo (JEIF) dos professoras (es) que atuam com os adolescentes e jovens apresentar a VIRA 151 - Elaborar, para esse encontro com os professoras (es), uma apresentação semelhante à que será desenvolvida no Café. - Verificar se as escolas possuem Grêmio ativo e agendar encontros (na Sede da Vira) com os Grêmios das escolas. VERIFICAR 1 – Seria importante realizar esse encontro ainda no primeiro semestre. Considerando o planejamento necessário, sugiro que ele aconteça, no mais tardar, em maio. 2 – A escolha do palestrante deve ser cuidadosa, para que os educadoras (es) se sintam “dialogando” com alguém que conhece sua linguagem e seus espaços de trabalho. 3 – Poderíamos reunir até quantos educadoras (es)? Pergunto isso porque pensei de chamarmos, de cada EMEFM: - Supervisor Escolar - Diretor e Assistente (provavelmente virá apenas um dos dois) - Coordenador Pedagógico (são até 3, mas provavelmente, viria apenas um) - POIE (um ou dois) - POSL (um ou dois) - Seria, aproximadamente, entre 4 e 5 pessoas por escola. Recebemos bem esse número? DOCUMENTO 6: CARTA AOS PROFESSORES São Paulo, 08 de abril de 2011 Prezada/o professora/or, A/o senhora/or está recebendo um kit com as três últimas edições da Revista Viração. A Revista Viração é uma iniciativa da organização não-governamental Viração Educomunicação. Ela é produzida mensalmente com a participação de mais de 300 adolescentes e jovens, chamados Virajovens, que integram os Conselhos Jovens, presentes em 22 Estados e Distrito Federal. São os jovens que coletivamente decidem os temas, fazem as reportagens, entrevistas e fotos de 70% do conteúdo total da publicação. Desta forma, a Revista Viração tem a cara da juventude brasileira. Nós da equipe da Viração acreditamos que esta publicação pode ser usada diretamente em sala de aula, contribuindo com o trabalho de professoras/es ao dar um panorama atual da juventude em uma linguagem acessível, trazendo temas de interesse do adolescente como mundo do trabalho, educação formal e informal, participação social, cultura, sexualidade e comportamento, entre outros assuntos que podem dialogar com as diversas disciplinas do Ensino Médio e cotidiano do adolescente. Em 2011, estamos inaugurando o site da Agência Jovem de Notícias (www.agenciajovem.org), que também estará aberto para que qualquer adolescente e jovem comprometido com a transformação social de nosso país possa publicar notícias, fotos, vídeos, conectando-se com outros jovens do Brasil e acessando conteúdos produzidos por outras pessoas. Ao realizar uma atividade em sala de aula com a Revista Viração, a/o professora/or poderá estimular os estudantes a publicar no site da Agência, alargando os espaços de diálogo do adolescente e expandindo seus contatos junto a outros adolescentes do país. A Viração Educomunicação tem um Conselho Pedagógico formado por professores, educadores sociais, coordenadores de projetos educacionais de educação informal, educomunicadores e outros especialistas que nos ajudam a pensar na revista como material pedagógico. A Revista Viração está aberta aos comentários das/dos professoras/ 152 es para que possamos melhorar nosso trabalho a cada dia Se você gostou da Revista, há duas formas para recebê-la: − Por meio de uma assinatura individual em seu nome, que será entregue em sua residência mensalmente; − Por meio de uma ou mais assinaturas da escola em que trabalha, que será entregue no endereço da instituição. O valor anual da assinatura nova é R$ 58,00. Para fazê-la é só seguir as instruções no cupom dentro da Revista (última página). Grata pela atenção, Lilian Romão diretora executiva Razão Social: Viração Educomunicação CNPJ 11.228.471/0001-78 Inscrição Municipal: 3.975.955-5 Rua Augusta, 1.239 – Cj. 11 – CEP 01305-100 – São Paulo (SP) – Brasil – Tel 00 55 11 3237-4091 Prioridade 3: Elaboração de um projeto para uma nova sede. Segue abaixo o projeto: Introdução Viração é uma organização de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores. Até agosto de 2009, era filiada juridicamente à Associação de Apoio às Meninas e Meninos da Região Sé. Criada em março de 2003, a Viração impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, seja por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, ou por meio dos vinte projetos especiais desenvolvidos ao longo de seis anos. Recebe apoio institucional do UNICEF, UNESCO, ANDI, USP e Ashoka Empreendedores Sociais. Tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação socio-ambiental. Viração possui metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implantação e implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; experiência no desenvolvimento de materiais de comunicação e cobertura jornalística a partir do olhar de crianças, adolescentes e jovens; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente. A base desta visão é o entendimento de que o adolescente é um sujeito de direitos que precisa ser considerado em sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, com potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas que representa uma grande oportunidade de desenvolvimento para sua família, comunidade, escola, governo e para si próprios. Além de trabalhar para o desenvolvimento integral dos adolescentes, Viração também atua na 153 implementação de uma comunicação integral e integradora, não entendida apenas sob o ponto de vista tecnológico e instrumental. Objetivo geral Garantir um sede com infra-estrutura adequada para o pleno e eficaz desenvolvimento das atividades da Viração Educomunicação. Objetivos específicos Garantir um novo espaço com acessibilidade para pessoas com deficiência; Oferecer um ambiente de trabalho em condições que não afetem a saúde dos colaboradores e dos beneficiários dos projetos; Promover um ambiente de trabalho seguro seja sob o ponto de vista arquitetônico que da infra-estrutura e instalações elétricas e sonoras; Reservar um espaço comum para recolhimento, descanso e meditação; Projetar um espaço misto sob o punto de vista arquitetônico: aberto - sem paredes ou divisórias, permitindo um maior nível de integração entre os colaboradores, facilitando o fluxo rápido das informações, gerando economia de espaços de circulação interna, com o potencial de ser utilizado para grandes encontros e reuniões ampliadas; panorâmico – alguns ambientes com divisórias baixas e semi-abertos, permitindo certo nível de privacidade, organização individualizada do trabalho e segmentação espacial das atividades, sobretudo para equipe do financeiro e para favorecer o bom andamento de pequenas reuniões de equipes; Celular – alguns ambientes fechados, com uma ou duas salas individuais, propiciando alto nível de individualidade, favorecendo o trabalho intelectual isolado, que pode ajudar, por exemplo, na fase de ideação, projetação e elaboração de projetos. Promover um ambiente de trabalho acolhedor, confortável e informal; Ter uma localização central, próxima a estação de metrô e/ ou vias de fácil acesso de linhas de ônibus. Justificativa Acreditamos que o projeto arquitetônico e a ambientação da nova sede influenciam diretamente o bem-estar físico, mental e social e na produtividade dos colaboradores e beneficiários da Viração bem como no grau de satisfaçao de toda a equipe. De acordo com estudo conduzido pela empresa de desgin Gensler com 2.013 funcionários de todos os escalões em oito setores da economia estadunidense, em 2007, 90% dos funcionários acreditam que o design do escritório influencia seu humor e sua produtividade, 21% dos entrevistados disseram que seriam mais produtivos num ambiente melhor de trabalho. Outras conclusões do levantamento: • 58% dizem ter vergonha de mostrar o local de trabalho a clientes e fornecedores. • 48% trabalhariam uma hora a mais por dia, com satisfação, se o escritório fosse mais acolhedor. • 46% não acreditam que a criação de um ambiente mais produtivo seja prioridade da empresa. • 40% dizem que a contenção de gastos é o motivo do layout corrente do escritório. • 66% crêem no aumento de eficiência no trabalho se os colegas estão mais próximos fisicamente. • 30%, contudo, afirmam que o ambiente não propicia a integração. 154 • 20% classificam seu escritório como "razoável" ou "precário". • 33% responderam que o ambiente de trabalho não favorece a saúde e o bem-estar, apesar de os dois fatores serem vitais para a produtividade. E o que dizem os executivos? • 90% acham que melhorias no ambiente de trabalho teriam impacto positivo no resultado da empresa. • Apesar disso, apenas 20% dizem haver planos para melhoria do layout dos escritórios. • 80% dos entrevistados defendem salas de diretoria separadas do resto da equipe. Essa posição contraria a opinião de 62% dos funcionários, que admiram mais o líder que trabalha em ambiente aberto. Plano de captação Existem atualmente quatro possibilidades de captação para uma nova sede. São elas: por aquisição, por aluguel, por parceria e por criação de um fundo imobiliário. Para a aquisiçao de uma nova sede, convém inscrever-se em editais nacionais e internacionais que prevêem o assim chamado fortalecimento institucional. A Diretoria Executiva buscará essas oportunidades junto a parceiros como a Ashoka Empreendedores Sociais e outras organizações que conseguiram uma nova sede por este caminho. Para o aluguel de uma nova sede, é preciso fazer uma pesquisa junto a imobiliárias próximas à atual sede, na Rua Augusta; bem como percorrer os entornos da atual sede em busca de oportunidades para aluguel. Para uma parceira que prevê cessão de espaço para a nova sede junto a uma empresa, uma secretaria de governo ou outra organização social sem fins lucrativos, a Diretoria Executiva se encarrega de fazer um inventário de potenciais apoiadores para esta iniciativa, como por exemplo, a Secretaria de Participação Social do Município de São Paulo, che cedeu espaço para a realização do Programa NET Comunidade. A partir do mês de maio, a Viração cria um fundo para doações para a compra da nova sede. Também colocará à parte mensalmente um valor a ser estabelecido pelas Diretorias Institucional e Executivas após avaliação da saúde financeira da Viração. Garantir uma sede com infra-estrutura adequada Prazos Seguiremos os prazos estabelecidos em nosso Plano Estratégico de 2011, de acordo com o quadro abaixo: Projeto da nova sede elaborado Patrimônio tecnológico atualizado e bem cuidado pesquisar parceiros e procedimentos Realizar reuniões com potenciais parceiros e financiadores Planejar a captação/mobilização de recursos ou doações (projetos/parcerias) Levantar equipamentos existentes e necessidades da equipe 30/08/11 Lilian + Diretoria Institucional a partir de agosto Lilian + Diretoria Institucional 30/03/11 Lilian + Paulo + TIC 30/03/11 TIC Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? 155 Sim. Os indicadores de avaliação são particularmente contemplados e de acordo com cada projeto. A cada atividade, os participantes fazem uma avaliação coletiva do encontro (no formato “que bom, que pena, que tal” ou Virou, não virou, deu pra virar, virou total,). No final do projeto, os adolescentes fazem uma avaliação individual, contrastando os resultados finais com as aspectativas levantadas no primeiro encontro. No encontro nacional dos virajovens, em outubro de 2010, desenvolvemos uma metodologia própria para avaliação de encontros. Veja documento anexo. Eis alguns indicadores de avaliação utilizados pela Viração: número de adolescentes e jovens que participam das atividades, frequência, número de ações, processoe e produtos de educomunicativos elaborados e disseminados, trabalho em equipe, grau de envolvimento nas atividades, grau de conhecimento sobre determinados conteúdos temáticos, antes e depois das atividades, relato de experiências pessoais para medir transformações de caráter comportamental, observações do percurso coletivo do grupo, graus de dificuldade e de facilidade para com os conteúdos temáticos abordados, teóricos e práticos. Além disso, a própria equipe da Viração faz todo final de ano uma avaliação em dois planos: pessoal e coletivo. Seguem os processos dessa avaliação integral que dura 3 dias, segue várias etapas e são o pano de fundo do planejamento estratégico e participativo para o ano seguinte: Avaliação da Vira 2010 Dia 20 (avaliação pessoal e dos projetos) MANHÃ Avaliação pessoalResponder avaliação pessoal Organizar sua área de trabalho física e virtual (faxinão) Aqui o importante é avaliar sua ação/ contribuição Descreva sucintamente qual é seu papel principal na Viração. Descreva sucintamente outras tarefas que realiza na instituição. 2 principais aspectos que te motivam a trabalhar na Viração 2 principais aspectos que te desanimam 2 principais aspectos que ajudaram na sua organização de trabalho 2 principais dificuldades para sua organização de trabalho Como foi sua relação com seu plano de trabalho? Faça uma avaliação e indique propostas de como melhorar este instrumento? 2 principais aprendizados durante 2010 na Vira 2 principais dificuldades/ desafios e sua proposta de solução 2 principais conquistas 2 principais ações/ eventos que fortaleceram sua relação com as pessoas da Viração 2 principais aspectos que dificultaram a relação com as pessoas da Viração 2 principais pontos positivos nas condições/ contrato de trabalho da Viração 2 principais pontos a serem melhorados nas condições/ contrato de trabalho da Viração 2 ações/desejos que tem a ver com sua trajetória (interesses pessoais, profissionais, pesquisas) e você gostaria de desenvolver na Vira 156 O que sente falta na Viração? Especifique. (equipamentos, espaço, processos, vivências, formações) Como foi sua relação com o planejamento feito na imersão de Monteiro Lobato? Faça uma avaliação de como este instrumento te ajudou (ou não) durante o ano. Avalie a incidência de suas opiniõesmento e posicionamentos sobre o caminhar geral da Viração, incluindo sua visão sobre você no coletivo. Sobre sua ação na Vira em 2011, o que gostaria de manter (2 aspectos)? E o que vai mudar (2 aspectos)? Outros comentários e/ou aspectos de sua avaliação. TARDE Avaliação dos projetos geral 2 principais aprendizados da equipe no desenvolvimento do projeto 2 principais dificuldades/ desafios no desenvolvimento do projeto 2 principais conquistas Como seu projeto atualiza a missão da Viração? Que ações/ articulações/ metodologias deram certo e devem ser mantidas? O que deve se transformar? Relação com o administrativo 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Equipe do projeto 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Organização do trabalho 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Coordenação 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Planejamento das ações 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Sistematização Como foi feita? 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Formação/ reflexão Cite uma espaço ou momento importante de formação/ reflexão Sugira uma forma para tornar essa ação mais contínua Diálogo com outros projetos/ áreas/ núcleos 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados Parcerias 2 pontos positivos da relação com parceiros/ financiadores 2 pontos a serem melhorados 157 Faça um balanço sobre as metas estipuladas no planejamento de Monteiro Lobato e a contribuição de seu projeto. Para 2011, você espera que o projeto em que está envolvido possa alcançar os seguintes 3 resultados principais: Deixe o aprendizado principal deste projeto para o futuro da Viração: Outras avaliações e comentários de seu projeto: Dia 21 MANHÃ Apresentação das avaliações pessoais + debates e comentários sobre Início da apresentação por projeto + debates e comentários sobre TARDE Seguir com apresentação por projeto + debates e comentários sobre Dia 22 MANHA Avaliação geral da Viração Educomunicação Em grupos de 4, avalie: 1- Planejamento Monteiro Lobato Como foi organizar as ações da Vira, levando o planejamento em conta? Que aspectos do processo e produto final do planejamento você transformaria? Avalie a avaliação do 2º semestre em cima do planejamento. Outras sugestões: 2- Reuniões de Equipe 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 3- Relação entre instâncias decisórias (coordenação por projeto, por núcleo, coordenação colegiada e diretoria) 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 4- Comunicação interna 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 5- Comunicação/ relação com parceiros 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 6- Relação geral com público/ adolescentes e jovens 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 7- Participação em eventos 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 8- Posicionamento político 2 pontos positivos 2 pontos a serem melhorados 9-Descreva sua visão sobre o tempo das ações da Viração. (cronogramas, prazos, relação 158 tempo e qualidade) 10- Escolha um dos conceitos-chave da Vira e faça uma pequena avaliação, sugerindo mudanças para sua melhoria. 11- Para seguir de bem com a Vira em 2011, deixe duas sugestões: TARDE Apresentação das avaliações + debates e comentários sobre Encerramento da avaliação: avaliação da avaliação e expectativas gerais de como cuidaremos do resultado desse processo em 2011. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Com o processo de discussão e definições iniciado em 2009, estamos percebendo que stamos criando uma espécie de Movimento de Adolescentes e Jovens Comunicadores, formado por duas grandes iniciativas: a Rede (agora Articulação) Nacional de Adolescentes e Jovens Comunicadoras e Comunicadores e a Rede de Virajovens. A primeira iniciativa se propõe especificamente a promover e monitorar políticas públicas de juventude e comunicação; a segunda iniciativa se propõe a disseminar práticas de produção de conteúdo por adolescentes e jovens de forma colaborativa e educomunicativa e mobilização social por meio de ações, processos e produtos de comunicação. A Viração, como instituição, tem assumido um papel de animação dessas duas iniciativas. Seja a produção de conteúdo para a revista impressa que para a agência jovem de notícias (e não mais para o portal da Viração) são tão importantes quanto a promoção e o monitoramento de políticas públicas de juventude e comunicação. No último encontro da Rede (Articulação), realizado durante o encontro nacional dos virajovens, em outubro de 2010, por exemplo, foi decidia uma atuação mais articulada para a defesa dos Conselhos de Comunicação nos Estados e no nível federal, o acompanhamento do Conselho Nacional de Juventude no qual a Viração será titular e integra a comissão de comunicação em 2011 e da participação mais efetiva para garantir as políticas de comunicação na Conferência Nacional de Juventude, em dezembro de 2011. Em relação às principais ações da Rede (Articulação) para 2011: 1. Promover formação em incidência política (curso online e encontro presencial com parceiros da própria rede, como a Caju), com ajuda de outras organizações, como o SEBRAE e FIEP, e com suporte da Viração e Descolad@s, com a finalidade de construir o guia de incidência política em comunicação e juventude no Brasil; 2. Criação de estratégia política para intervenção direta no CNJ 3. Articulação com os movimentos de comunicação (regionais, estaduais e nacional), para intervir na discussão sobre a concessão de TV (utilizando Flash Mob e/ou outras estratégias) e plano nacional; 4. Realizar o mapeamento da rede, como está o acompanhamento e como fortalecer (criar um documento para estruturar a ação) 5. Planejar, propor e avaliar a política de comunicação do CONJUVE, intervir para deixar a pauta da comunicação viva. 159 Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Isso ainda não foi pensado, mas pode ocorrer com uma reestruturação dos conselhos jovens da Viração. Ou seja, alguns do conselho podem se dedicar apenas à produção de conteúdo por um determinado período de tempo; outros a ações de mobilização por meio da comunicação. O que vem ocorrendo é que todos fazem tudo. Inclusive, implementam também ações de promoção e monitoramento de políticas de juventude e comunicação em suas respectivas cidades e Estados. Não sei se é possível que alguns façam só produção de conteúdo, outros apenas mobilização e outros ainda somente monitoramento de políticas públicas. O que propomos é que sejamos todos por inteiro, implementando essas três dimensões do movimento ao mesmo tempo. Em alguns períodos ou mês do ano ou mesmo em algum ano, certamente algumas dessas dimensões não serão tão marcantes quanto outras. Por exemplo: este ano temos todo o processo da Conferência Nacional da Juventude, que será marcante para os Virajovens. Outro exemplo é a semana de democratização da comunicação e da cultura em outubro, que requer esforços pessoais e coletivos de todos os Virajovens em termos de mobilização social. No entanto, isso vira pauta de conteúdo seja para a revista impressa que para a agência jovem de noticias e também gera ação de promoção e monitoramento de política pública. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Eu diria que é dialético, ou seja em contínua relação de forças e de atenção. Às vezes interfere; outras não. O que está se buscando, desde quando a revista impressa foi criada, é de respeitar os preceitos educomunicativos e criar mecanismos, metodologias de participação que respeitem os tempos de um trabalho totalmente voluntário dos Virajovens e ao mesmo tempo que respeite um calendário criado e acordado de forma responsável pelos próprios Virajovens. Não existe uma fórmula mágica para isso. É um contínuo processo de construção, de ação, reflexão, avaliação e re-ação que requer muita atenção, concentração e intenção para que casar essas duas dimensões do produto que há prazos a serem cumpridos. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Fragilidades: Falta de um maior cuidado do espaço e dos equipamentos; Falta de uma maior propriedade com o controle de despesas em geral; Êxitos: Trabalho em sintonia realizado pela diretoria institucional e coordenação colegiada; Resolução de problemas de ordem pessoal e coletiva; 160 Comunhão de pensamentos e visão de mundo para a defesa dos direitos de crianças, adolescentes e jovens; Dimensão empreendedora muito presente em toda a equipe; Compartilhamento com a carta de princípios e valores e regimento interno; O fortalecimento da dimensão multidisciplinar; Compartilhamento de uma visão de educação democrática: todo mundo ensina, todo mundo aprende; somos educadores e educando ao mesmo tempo, seguindo a linha paulofreiriana; Compartilhamento de uma comunicação horizontal, buscando aumentar com qualidade o fluxo de informações para evitar fofocas e desgaste de equipe; Toda a equipe se espelha e monitora pessoalmente e coletivamente o plano estratégico e participativo anual; Realização de um plano de trabalho pessoal e coletivo de acordo com o plano estratético e participativo anual; Ações integrantes e interconessas entre os vários projetos; 161 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? SIM, E ESSA GESTÃO ACONTECE POR MEIO DOS PLANEJAMENTOS ANUAIS DA EQUIPE, NA REALIZAÇÃO DE REUNIÕES SEMANAIS DE PLANEJAMENTO DAS ATIVIDADES, NA SISTEMATIZAÇÃO PERIÓDICA NOS BLOGS E AVALIAÇÕES TANTO COM AS/OS ADOLESCENTES E JOVENS, COMO TAMBÉM COM PARCEIROS E COM A PRÓPRIA EQUIPE. Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? CHAMAMOS DE EQUIPE PEDAGÓGICA. MAS CONSIDERAMOS QUE A EQUIPE DE FORMA GERAL É RESPONSÁVEL POR DESENVOLVER PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS NO SEU DIA-A-DIA E EM SUAS FUNÇÕES. A VIRAÇÃO PROCURA ENTENDER A EDUCOMUNICAÇÃO COM UM PROCESSO A SER DESENVOLVIDO EM TODAS AS SUAS ATIVIDADES, ÁREAS E AÇÕES. OPTAMOS INCLUSIVE EM REGISTRAR TODOS OS COLABORADORES COMO EDUCOMUNICADORES. POR EXEMPLO, EDUCOMUNICADOR ADMINISTRATIVOFINANCEIRO, EDUCOMUNICADOR DE ARTES, ETC. AINDA ASSIM, PARA AS PRÁTICAS EDUCOMUNICATIVAS DESENVOLVIDAS COM ADOLESCENTES E JOVENS EXISTE UMA EQUIPE E UM COORDENADOR, QUE ACOMPANHA TODAS ESSAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DIRETAMENTE COM O PÚBLICO. Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? SÃO PRIORIDADES ESTABELECIDAS DURANTE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA VIRAÇÃO. ESTÃO RELACIONADAS À CONSTRUÇÃO DE PROCESSOS DE DECISÃO DEMOCRÁTICOS E COLABORATIVOS, COM A PARTICIPAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA EQUIPE, ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE FORMA INTEGRADA, EM QUE CADA AÇÃO NÃO SEJA ISOLADA. NA GESTÃO TAMBÉM A VIRAÇÃO TEM REALIZADO TODO INÍCIO DE ANO SEU PLANEJAMENTO ANUAL, QUE DEFINE CONJUNTAMENTE OS RUMOS E AÇÕES A SEREM IMPLEMENTADAS. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? INTERNAMENTE, OS INDICADORES ESTÃO RELACIONADOS ÀS METAS ESTABELECIDAS DURANTE O PLANEJAMENTO. NESSE CASO, CADA AÇÃO TEM O SEU INDICADOR DEFINIDO DURANTE O PRÓPRIO PLANEJAMENTO. A FORMA DE AVALIAR ESSE INDICADORES É POR MEIO DE MOMENTOS DE MONITORAMENTO DAS AÇÕES. HÁ UM MOMENTO NA METADE DO ANO DEDICADO AO MONITORAMENTO E OUTRO NO FINAL DO ANO DE AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO. A AVALIAÇÃO ACONTECE EM DIFERENTES INSTÂNCIAS: COM OS PÚBLICOS COM OS QUAIS A VIRAÇÃO ATUA (ADOLESCENTES E COMUNIDADES, PARCEIROS) E INTERNAMENTE COM A EQUIPE DA VIRAÇÃO. Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? 162 OS INDICADORES DA VIRAÇÃO SÃ INDICADORES SOCIAIS HUMANOS, ESTÃO MUITO RELACIONADOS ÀS FALAS E DIZERES DOS INTEGRANTES DAS ATIVIDADES DESENOLVIDAS. AS PERGUNTAS DE AVALIAÇÃO GERALMENTE SÃO PERGUNTAS ABERTAS PARA INDICAR MUDANÇAS NOS RELACIONAMENTOS, NAS PRÁTICAS DIÁRIAS. MAS EXISTEM MEDIDORES NUMÉRICOS, PRINCIPALMENTE QUANDO RELACIONADOS AO NÚMERO DE ADOLESCENTES INTEGRANTES, NÚMEROS DE CONSELHOS, NÚMEROS DE REVISTAS PÚBLICADAS, ASSUNTOS PUBLICADOS, NÚMEROS DE PARCEIROS QUE DESENVOLVEM ATIVIDADES CONJUNTAS, NÚMERO DE VISITANTES NO SITE DA VIRA, NÚMERO DE ASSINANTES DA REVISTA, ENTRE OUTROS. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? NÃO, POIS A PRODUÇÃO DE NOTÍCIAS, INFORMAÇÃO E CONTEÚDOS PELOS ADOLESCENTS E JOVENS TAMBÉM É UMA FORMA DE INTERVENÇÃO POLÍTICA. pOR ISSO DIZEMOS QUE PARA A REVISTA, TÃO IMPORTANTE QUATO O PRODUTO TAMBÉM ´O PROCESSO PELO QUAL ELA É DESENVOLVIDA. OS CONSELHOS VIRAJOVENS AO LONGO DOS ANOS FORAM SE TORNANDO ESPAÇO DE PRODUÇÃO E DEBATE QUALIFICADO DE ASSUNTOS DIVERSOS, ELENCADOS PELOS PRÓPRIOS ADOLESCENTES COMO IMPORTANTES EM SUA REALIDADE. APROPOSTA DO MOVIMENTO É INCENTIVAR TODAS AS FORMAS POSSÍVEIS DE PARTICIPAÇÃO DOS ADOLESCENTES PELA COMUNICAÇÃO E TAMBÉM EM SUA PRODUÇÃO. CONTUDO, É IMPORTANTE ENFATIZAR QUE A AÇÃO DA VIRAÇÃO ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA AO PROCSSO DE CONSTRUÇÃO DAS POLÍTICAS DE COMUNICAÇÃO E O ACESSO E EXERCÍCIO, PELA JUVENTUDE, DO DIREITO HUMANO À COMUNICAÇÃO. AO LONGO DOS ANOS, OS ADOLESCENTES PASSARAM A DEBATER ESSE DIREITO HUMANO E DE CERTA FORMA INCLUIR E FORTALECE-LO EM SEUS ESPAÇOS DE AÇÃO. O MOVIMENTO SURGE A PARTIR DESSA PERSPECTIVA DE JOVENS QUE PRODUZEM, DEBATEM, EXERCITAM, INTERAGEM DENTRO DE DIVERSOS ASPECTOS COM A COMUNICAÇÃO. Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? A VIRAÇÃO FACILITA, MAS NÃO ESTIPULA FORMATOS DE AÇÃO. ATUALMENTE, Á CONSELHOS QUE EXERCEM APENAS UMA DAS POSSÍVEIS AÇÕES. A PROPOSTA, INCLUSIVE COM O ENCONTRO DOS VIRAJOVENS, É DE AUXILIAR PARA QUE CADA VEZ MAIS AS AÇÕES E POSSÍBILIDADES POSSAM SER AMPLICADAS. AGORA, POR EXEMPLO, EXISTEM JOVENS E CONSELHOS QUE POSSUEM UMA GRANDE CAPACIDADE DE FORMAÇÃO, DE MULTIPLICAR SEUS CONHECIMENTOS, DE 163 DIALOGAR COM OUTROS JOVENS. nAS PRÁTICAS FORMATIVAS NA VIRAÇÃO, A EDUCAÇÃO ENTRE PARES TEM SIDO UM OBJETIVO CONSTANTE. A PROPOSTA É QU CADA VEZ MIS, COM MAIS AUTONOMIA, ESSE JOVEM SEJA CAPAZ DE MOVIMENTAR, DE CRIAR MOVIMENTO, DEINCENTIVAR AÇÕES. MAS É IMPORTANTE DIZER QUE AÇÃO PARA A REVISTA É UMA AÇÃO COM A QUAL OS JOVENS SE IDENTIFICAM E TEM MUITA PROXIMIDADE. É LEGAL ESCREVER PARA UMA REVISTA QUE CIRCULA NO MEIO DE JOVENS E PARA JOVENS. O FATO DE TER MUITOS CONSELHOS E ACOMPANHAR AS NOVAS DEMANDAS DOS CONSELHOS (AO FORTALECER A AGENCIA JOVEM DE NOTÍCIAS, POR EXEMPLO) TAMBÉM É UMA META CONSTANTEDA VIRAÇÃO. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? ACHO QUE REPRESENTAM TAMBÉM FORMAS DE AÇÃO EM CONJUNTO, ARTICULADA. É ALGO COMUM QUANDO SE ATUA COM GRUPOS, COM INTERESSES COMUNS E DIVERGENTES. OS CONCEITOS EDUCOMUNICATIVOS DA VIRAÇÃO PROCURAM RESPEITAR FORMATOS E TEMPOS, MAS TAMBÉM CONSIDERAM ASPECTOS DE PLANEJAMENTO EM CONJUNTO, DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS, DE PUBLICAÇÃO QUE SÃO FUNDAMENTAIS PARA OS OBJETIVOS A SEREM ALCANÇADOS. PRAZOS, MODELOS E FORMATOS SEMPRE SÃO DEBATIDOS COM OS GRUPOS E CONSELHOS. E ISSO É O PRINCIPAL GAHO COMO PROCESSO EDUCOMUNICATIVOS DE COMUNICAÇÃO COLABORATIVA E DEMOCRÁTICA. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? ADAPTABILIDADE, CAPACIDADE DE OUVIR, ARTICULAR, DEBATER, DECIDIR COJUNTAMENTE, POTENCIAL DIALÓGICO SÃO CARACTERÍSTICAS QUE FORTALECEMAS AÇÕES. FRAGLIDADES É A DIFICULDADE EM DESENVOLVER NVOS MODELOS DE SUSTENTABILIDADE DAS AÇÕES, RODÍZIO CONSTANTE DE PROFISSIONAIS, NÍVEL SALARIAL DOS COLABORADORES. MUITAS PRATICAS ESTÃO EM DESENVOLVIMENTO, A ORGANIZAÇÃO COM CNPJ É RECENTE, E HÁ MUITAS QUESTÕES BUROCRÁTICAS QUE AINDA ESTÃO EM ANDAMENTO. O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? PAULO LIMA É UM LÍDER, UMA PESSOA E UM PROFISSIONAL INDISPENSÁVEIS NA HISTÓRIA E NOS PROCESSOS DA VIRAÇÃO. É FUNDADOR DA VIRAÇÃO JUNTO COM VÁRIAS OUTRAS PERSONALIDADES QUE CONSTRUIRAM DIFERENTES PROCESSOS E TROUXERAM DIFERENTES RIQUEZAS PARA A VIRAÇÃO. NnÃO VEJO PAULO AFASTADO, MAS COM UMA ATUAÇÃO POSSÍVEL EM UM MUNDO DE TECNOLOGIAS, EM QUE AS CONVESAS SÃO DIARIAS, PRÓXIMAS, FACILITADAS. O PÓPRIO MODELO DE RECONFIGURAÇÃO TEM FACILITADO OS PROCEDIMENTOS E MUDANÇAS. É CLARO QUE PAULO LIMA 164 FOI PARA A ITÁLIA NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO NOVO CNPJ, MAS VÁRIAS PRÁTICAS DA VIRAÇÃO ESTÃO FORTALECIDAS JUNTO AOS ADOLESCENTES, AO MOVIMENTO DA COMUNICAÇÃO. MAS É COMUM A VÁRIAS ORGANIZAÇÃO QUE O MODELO DE GESTÃO DE SEU LÍDER É FUNDAMENTAL PARA A SOBREVIVÊNCIA SADIA DE QUALQUER ORGANIZAÇÃO. E PAULO TEM EXERCIDO UMA LDERANÇA DEMOCRATICA E EDUCOMUNICATIVA. 165 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Sim, ela acontece em várias frentes. Uma delas é a organização e planejamento para as atividades que serão desenvolvidas ao longo do ano. Esse planejamento tem se tornado cada vez mais consistente com algumas ações feitas nos últimos anos: - Elaboraçaõ de um planejamento estratégico para a Viração, gestado pela Ashoka em parceria com voluntários da Mckinsey. Durante este processo 4 integrantes da equipe participarão de uma série de encontros em que foi possível elaborar o texto para a missão e visão da Viração, bem como um plano de metas para os próximos anos. Entre um encontro e outro, os 4 colaboradores ficavam responsáveis por apresentar o que já havia sido desenhado para toda equipe, fazendo as devidas modificações sugeridas pelo coletivo; - Planejamento anual para a Viração feito com mediação externa, oferecida pela FES. Nesses momentos internamente chamados de "imersão", toda equipe desenha os resultados, operações necessárias, prazos e equipes responsáveis por tudo aquilo que será feito na organização. Este planejamento se refina a cada ano a partir de avaliações coletivas do processo. O fato deste planejamento ser coletivo propicia, entre outras coisas, uma visão global sobre a organização e seus rumos para todos os colaboradores, que também são convidados a desenhar ações sobre como dialogar e cooperar com as equipes de outros núcleos... - No meio do ano, costumamos fazer uma avaliação do planejamento anual para adaptarmos prazos, operações etc, pois a ideia é que o planejamento dialogue com a realidade. - No final do ano fazemos uma avaliação que se desdobra em 3 frentes: uma individual, outra por projeto, outra por núcleo e outra da instituição Viração como um todo. Essas avaliações são compartilhadas em uma grande roda e seus resultados são sistematizados a fim de gerar subsídios para o planejamento do ano seguinte. As ações descritas acima dão conta de relatar parte da gestão das práticas educomunicativas da Viração no que diz respeito à gestão da própria organização. Ao usar metodologias de avaliação e planejamento coletivos, é muito mais fácil gerar entre todos comprometimento, motivação e uma capacidade de saber o quanto daremos conta. Em 2011, por exemplo, escolhemos que para este ano gostaríamos de fazer as coisas com mais calma e isso faz parte do como nos organizaremos. As funções desta equipe é pensar nas etapas para este planejamento, apresentá-la à equipe para possíveis sugestões e acompanhar o processo como um todo, sistematizá-lo, organizar as datas, prazos limites etc. Esta equipe é a coordenação colegiada e outras pessoas que tenham tempo disponível e se habilitem a ajudar com o processo. Quanto às prioridades, acredito que elas são decididas a partir de necessidades da organização, que surgem em reuniões de equipe, avaliações, conversas informais etc. Entretando, pode ser que outros gestores percebessem junto à equipe outras prioridades... Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Existem alguns indicadores que surgem nas avaliações dos projetos e da instituição (descritos acima). Também calculamos quantas pessoas a Viração já atingiu, somando o números de participantes em projetos diversos (desde agências de notícias em eventos, até os projetos de 166 formação e número de revistas distribuídas). Eu pessoalmente gosto muito de usar as entrevistas que mando em anexo como um tipo de avaliação de impacto social. Eu acredito que ainda não temos nenhum indicador 100% confiável, mesmo porque estamos trabalhando com processos que lidam com pessoas e com como essas pessoas estão envolvidas em processos políticos relacionados com a luta pela transformação socio- ambiental etc. Creio que o impacto social, se tomarmos como referência nossos sonhos de justiça social para todos, é baixo, mas eu aposto na micro- política e vejo que a Viração, com a estrutura que tem e princípios que segue, tem feito um trabalho muito potente, com alta capacidade de multiplicação e com capilaridade em diversas dimensões: na vida de cada um que se envolve com a Vira, com escolas, em comunidades, em grupos espalhadpos em cerca de 24 estados do país. Temos uma atuação também em esferas mais representacionais como no Conselho Nacional da Juventude, acompanhando conferências nacionais de diversos setores. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelosadolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação enquanto educomunicador? Acredito que as ações ganham seu grau de importância não uma em relação a outra, mas somadas, no conjunto... Cada vez mais temos feito uma tentativa de integrar as ações da Vira. Para mim, a produção de conteúdo é uma das experiências mais desafiadoras para experimentarmos as possibilidades de ação em rede. Creio que nos últimos anos, as formações em educomunicação com os adolescentes mais a longo prazo ganharam espaço, mas a revista ainda tem uma centralidade. Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? No meu entendimento sim, isto é totalmente possível, embora não tenhamos uma figura na sede da Vira que esteja mais concentrada em animar mais politicamente a rede, o que me parece necessário. Eu acredito que se a Vira quiser manter a revista, ela terá que investir cada vez mais em mobilização, formação e redes, pois tenho certeza que há muitos adolescentes e jovens que soubessem que existe este espaço, eles iam querer participar. Isto está sempre sendo pensado. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Acho que às vezes sim, mas, ao mesmo tempo, acho complicado dizer que o processo é semelhante ao processo industrial, pois, na indústria, as pessoas estão ali por uma questão de sobrevivência, trabalhando por necessidade, sem, muitas vezes, se importarem com o produto de seu trabalho, entre outros componentes. No caso dos adolescentes que colaboram com a Viração, a relação que se estabelece é de colaboração, de parceria, de militância. Trata-se de 167 um elo que surge por afinidade com os propósitos da Vira. Nada é obrigatório, mas quem resolve participar vai trilhar junto um caminho emq ue acordos são feitos, prazos ajudam a organizar a trilha que está sendo construída. Ou seja, procedimentos, ou como você escreveu "moldes operacionais" são necessários para que exista movimento, principalmente se estamos atuando em conjunto. Mas é uma linha tênue que merece ser cuidada. Mas eu acho que a figura do Rafael Stemberg e agora do Bruno Ferreira garantem que os preceitos da educomunicação sejam cultivados na relação com cada um dos conselhos. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Mais um paradoxo da vida: uma das maiores fragilidades da Viração é também uma de suas maiores forças. trata-se do fato da Vira ser uma organização em construção e coletiva. São vertentes que exigem de todos que se envolvem com ela muitas mudanças culturais, muita responsabilidade e compromisso. O caminho certo não existe, existem os caminhos que vamos criando juntos. O) fato da Viração ser aberta as vezes causa um desconforto na equipe. Também acho que muitas vezes o fato de sermos simultaneamente uma organização com um perfil político e de militância, mas também termos um esquema de trabalho, gera desentendimentos e graus de compromisso variados. Alguns assumem mais o papel de "funcionário" outros o de educomunicador... Neste mesmo contexto, aparece a questão salarial que para o mercado (para um jornalista) é baixo, mas para um militante a relação com o salário é diferente. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Para mim o Paulo é uma das pessoas que criou e apostou na Viração e segue acreditando e construindo este projeto. Ele representa uma pessoa que acredita na humanidade, que quer transformar as coisas para melhor, para outros mundos possíveis, que tem um faro aguçado para iniciativas e articulações que potencializam a Viração e as parcerias. Outra coisa que me chama atenção no Paulo é sua disposição para resolver conflitos com uma generosidade bastante incomum. Eu acredito que a Viração não é do Paulo, é de todos que se envolvem com ela e que cada um que se envolve com ela é livre para cultivar este projeto no grau e na distância que lhe for mais possível e desejável naquele momento. entendo que a ida do paulo à itália tem a ver com um desenho de sua vida, que não é só a Viração, é também sua família, suas filhas, o fato da Elda ser italiana... Sinto o Paulo muito presente, mas de outro jeito, em um frente que é bem importante e que tem a ver com articulações internacionais, captações de recursos, possibilidade de levar a educomunicação para Europa e África. Não entendi o que quis dizer com "estrutura de autogestão". de qualquer forma, a equipe que está no Brasil tem toda autonomia para encaminhar o projeto. 168 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Sim! Esse processo de sistematização das práticas educomunicativas foi se incorporando como rotina especialmente com a integração da educomunicadora Gisella Hiche à equipe e passou a ser um processo institucional com a constituição do que chamamos de LEC Laboratório de Educomunicação Comunitária, área responsável por essas sistematizações e por trabalhar com a equipe o desenvolvimento da competência de sistematização, de forma que todos registrem as práticas. Acho fundamental esse trabalho que vai para além do registro de atividades, criando a memória social dos processos educomunicativos gerados na Viração, sempre vivos e em constante desenvolvimento. 169 Existeuma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Bem, não sei se entendodireito o que quer dizer com gestão das práticas educomunicativas. Entendendocomo gestão, uma coordenação que sistematiza, organiza, cuida da realização daspráticas educomunicativas, eu acho que existe sim. A gestão é feita pelacoordenação colegiada, composta por coordenação de área, direção e diretoria.Além disso, há um processo de sistematização das ações da Vira, dos materiaisproduzidos, dos processos vividos, etc. que tem sido tocado pela Gisella. Quais são as funções e asprioridades da equipe de gestão da Viração? Existem indicadores de avaliaçãoque retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Os indicadores normalmenteestão relacionados ao alcance dos objetivos dos projetos realizados. Eles sãoavaliados ao final dos ciclos de cada projeto, junto ao público atendido. Podemser considerados seguros porque são feitos junto com as pessoas queparticiparam do projeto, com a metodologia mais adequada pra cada público e projeto,assim é possível medir com alguma segurança os impactos das ações realizadas. Aproposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? A revista é resultado de umou vários processos educomunicativos, além disso ela é o carrochefe daViração, pois é por onde é possível dar maior visibilidade para as ações eproduções dos virajovens. Nesse sentido ela ocupa um lugar muito especial naVira. Mas ela não é, necessariamente, mais importante que outros projetos, umavez que as ações desenvolvidas no âmbito de outros projetos podem e devem secruzar com a produção da revista, para que nela também apareça, de certa forma,as diversas experiências educomunicativas vividas e promovidas pela Viração.Não acho que a proposta do movimento seja desvincular os conselhos da produção deconteúdo, mas reforçar a ideia de que a ação deles transcende isso. Eles podeme devem fazer muito mais que isso, se inserindo na mobilização para a pautapolítica da juventude e comunicação e entendendo que a própria produção darevista é uma ação política. Umadolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Sinceramente não acho queessa seja uma questão definida, no sentido de estar totalmente encerrada. Achoque questões como essa vão aparecendo e sendo refletidas nos momentosoportunos. Pelo que vejo hoje temos adolescentes que se interessam mais por 170 umaparticipação via produção de conteúdo, o que não deixa de ser uma participaçãopolítica (afinal produção de comunicação é um dos jeitos da Vira fazerpolítica), mas aqueles que tem uma atuação política mais incisiva tambémproduzem conteúdo. Não vejo virajovens que só participem politicamente e não daprodução de conteúdo. Penso que a produção de conteúdo também acaba fluindonaturalmente da participação política, por isso, acho que é possível conciliaressas duas vertentes nos conselhos: produção de conteúdo eparticipação/mobilização política. Osmoldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Existem limitações, mas oprocesso da revista continua sendo educomunicativo. A operação dentro dosmoldes industriais acontece apenas em parte, uma vez que desde o fato de ospróprios jovens produzirem a revista, já é um diferencial do processo convencional.As pautas são levantadas, discutidas e distribuídas de forma colaborativa e oprocesso de produção e edição da revista também, com as limitações do tempo erecursos, claro. Principalmente pensando na distância física entre a redação (ondeo conteúdo é editado) e os conselhos. O que a figura de Paulo Limarepresenta para a ONG? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Bem,o Paulo é, sem dúvida, uma figura importantíssima pra Vira. O idealizador e ogrande animador de todo esse trabalho. Nesse sentido ele é uma referência paraos profissionais da Vira. Apesar oafastamento físico, ele é extremamente presente na Vira. Seja por email,lembrança, telefonema, conferências, enfim... Ele ainda está muito inserido nadinâmica diária da Vira, pelo menos do lado de cá. Não sei se ele sente assim,mas aqui eu percebo isso. Agora,sem dúvida, o afastamento físico dele fortalece a autogestão. Acho que isso,inclusive colaborou para o amadurecimento da equipe, fazendo com que todosestivessem mais responsáveis pelos rumos da Viração e do seu trabalhoindividual. 171 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Existe uma gestão das práticas realizadas pela Viração. Ela é realizada a partir das diretrizes traçadas pelo Paulo Lima e passadas para os gestores e deles para o restante da equipe, (educadores, educomunicadores e profissionais ligados à produção da revista e outros produtos de mídia). Simplificando. Paulo Lima tem ideias e manda, mesmo que de maneira a induzir que o processo é participativo e coletivo). Os gestores tentam organizar as ordens recebidas, os educadores executam as ações junto ao público alvo. Na quase totalidade das vezes as práticas eram executadas com escassez de recursos e tempo, e conseqüentemente de planejamento, o que reverberava de maneiras positivas e negativas. Posivitamente: as equipes tinham muita liberdade para elaborar as atividades. Negativamente: Esses processos eram muito cansativos, tanto físico quanto intelectualmente, e por não serem sistematizados, esses processos, muitas vezes, repetiam etapas já realizadas em momentos anteriores. Não poucas vezes ocorreu também de o processo de preparação e realização das práticas ser alterado devido a fatores externos, ou seja, a política do “quem paga manda” que mesmo sendo velada era uma das características marcantes da Viração, principalmente na gestão Paulo Lima. A Viração sempre caminhou no fio da espada, tentando se equilibrar entre suas verdades ideológicas e a sustentabilidade financeira. Muitas vezes a grana venceu. Algumas vezes a ideologia foi mais forte, às vezes, quando isso acontecia era transformado em propaganda, vide a “famosa” situação da recusa do apoio do Instituto Votorantim, com carta aberta e tudo mais. Mas, no final das contas, quem tinha a palavra final era o Paulo Lima, de acordo com seus próprios interesses e visões para a Vira. Discordo das prioridades da Vira. Optaria por realizar trabalho mais focado e com menos grupos de jovens, para que se pudesse ter uma ação mais efetiva e atenciosa. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Não existem indicadores de verificação dos conselhos, pois, não existe uma sistematização para isso. A Vira verifica o “impacto social” de suas práticas por meio das matérias publicadas, basicamente. Quando de interesse (imediato) da organização (Vira) são feitos contatos com pessoas responsáveis pelos conselhos, muitas vezes funcionárias das organizações responsáveis pelos conselhos, para alguma ação pontual, como para produzir algum material específico. Normalmente, depois de obtido o resultado, informação ou produto de interesse da Vira, não é feita uma continuidade ou retorno dessas ações junto aos conselhos. Não raramente dentro desse processo os (vira)jovens atuam apenas como executores das ações. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos 172 desenvolvidos ela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal? O vínculo “educomunicador/educomunicando” é parte do processo educomunicativo. Se ele faz parte ele não pode interferir. Porém ele pode se refletir de forma negativa ou prejudicial para o “educomunicando” se o educomunicador for despreparado e/ou não tiver um suporte técnico, pedagógico da instituição (Viração). Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Um adolescente pode participar de um conselho sem escrever uma linha. O controle da participação fica por conta de cada entidade. E como a supervisão (responsabilidade) da Vira tem como objetivo, basicamente, tentar que as matérias sejam entregues no prazo, cada conselho faz o que quiser com quantos jovens puder. Basicamente, a pessoa responsável pelo contato com os conselhos é pressionada para que a matéria saia, esse responsável pressiona a pessoa responsável pelo conselho, o mediador ou alguém da organização parceira, para que a matéria saia. Se por algum motivo a matéria não for produzida parte-se para outras opções emergenciais: O mediador procura outra pessoa para fazer a matéria; o mediador escreve a matéria; a matéria passada para outro conselho; e por fim, se nada disso der certo, alguém da própria revista escreve a matéria, as vazes com apoio (pro-forma) de um jovem, ou sozinho mesmo. Tudo isso em prazos pra lá de vencidos. Essa situação pode ou não mudar, depende do interesse político e financeiro da diretoria da Viração. Eu penso que vai continuar nessa bagunça até que um “parceiro/apoiador financeiro” forte (cheio da grana) defina que isso é a principal prioridade. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Se cumprir acordos, compromissos e contratos fazem parte dos preceitos educomunicativos como penso que devem ser - os moldes operacionais de produção da revista e do portal que, em teoria, levam em conta esses fatores bem como a situação particular de cada conselho não são impecilhos para o desenvolvimento do processo. É preciso realizar contratos (prioritariamente escritos) que efetivamente levem em conta a situação das partes (Viração, Organização parceira, jovens) e a capacidade de cada um de cumpri-los. Considerando isso, o descumprimento dos acordos só deve acontecer em último caso e mesmo assim muito bem marcado e registrado. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Já respondi nas outras perguntas. 173 A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa? De que maneira? Já respondi nas outras perguntas. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Minhas práticas como virajovem foram importantes para minha formação pessoal e profissional. Encaro como uma fase de aprendizagem, onde aprendi muito sobre educação, relacionamentos humanos, comunicação, educomunicação e como funciona o mundo e as relações de poder. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Não tenho acompanhado a Viração nessa etapa “pós Paulo Lima”. Sendo assim: Paulo Lima sempre foi o DONO da Viração. Relação que muitos outros empreendedores tem com seus empreendimentos. Enquanto existir uma idolatria ao Paulo Lima e ele se colocar na posição de indispensável (mesmo que não admitindo isso) para a Vira não vai existir autogestão na Viração. Buscar autogestão e tentar manter essa idolatria é um contra-senso (mais um pra lista da Viração) principalmente em se tratando de uma organização que se pretende ser incentivadora da autonomia e de uma transformação positiva para jovens. Mas nada disso é novidade. E chovendo no molhado (de novo), só não vê isso quem não quer ou quem se beneficia com essa situação. 174 Existe uma gestãodas práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Acredito queexiste a busca por uma gestão democrática e participativa, ou seja,educomunicativa. Como é algo que não aprendemos e estamos co-criando, existemescorregões, conquistas, aprendizados e celebrações. Existe o compromisso claroem viver uma gestão educomunicativa. - no momento, porestar mais distante não sei como está sendo feito. O que conheço é que tem a diretoria que acompanha, a direçãoexecutiva, a coordenação dos projetos e as equipes dos projetos. Menos que umaherarquia essas funções atuam como responsabilidades diferentes que secomplementam. Quais são asfunções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Existemindicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Manter opropósito, missão e valores da Vira. Cuidar da equipe. Avaliar parcerias emedir resultados. Avaliação dos peojetos. Na Pcu e no JM, por exemplo, tínhamosalguns materiais de avaliação durante e após as formações. Os indicadores sãomais qualitativos do que quantitativos ( apesar de hoje termos mediçãoquantitativa também – ver material PCU com Vânia). Acredito que são seguros.Uma avaliação externa seria interessante. Não temos isso. A proposta deprodução de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Acho que nomomento os projetos ganham mais energia na Vira do que a produção de conteúdo.Acredito que merece mais destaque e cuidados. Acho que já éfeito. Tem jovens que escrevem que não fazem parte dos conselhos. Mas osconslehos são o cerne. Não consigo ver desvinculado. Não vejo o Movimento comouma desvinculação. Um consleho editorial jovem é importante para ter unidade,coerência com a missão, propósti, valores da Vira. Mas um movimento de jovens émais amplo e têm ações para além da revista que precisam ser valorizadas eestimuladas. Revista abarca e podecontinuar abarcando tudo que é feito....mas coisas mais amplas podem ser feitasalém da revista. Transformações sociais incisivs no dia a dia dos jovens que arevista pode mostrar, contar histórias, conectar. Um adolescentepode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Acredito que sim.Não sei como está este ponto. 175 Os moldesoperacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Sim. Você pode apontarfragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Êxitos: conversade igual para igual. Construção coletiva. Espaço para criatividade. Produção dematerial e projetos consistentes com impacto no dia a dia das pessoas. Ações devanguarda. Viver, experiênciar o que se fala. Fragilidades:pouco foco e investimento na equipe que cuida da revista. Centralização em SP.Dificuldade de financiar a parte administrativa e a revista. Muita coisa parase fazer, pouca equipe = pouco tempo para olhar, refletir, conversar... O que a figura dePaulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? O criador de toda esta maravilhosa loucura e incentivadorpermanente. Tranquila. Autogestão significa cada um gestiona a si próprio? Comoa ONG se autogestionaria sem uma pessoa ou várias? Esta pergunta está confusapara mim. Se significa sem a presença do Paulo, acredito que sim pq isso jáesta acontecendo..agora precisa de pessoas responsáveis e comprometidas com opropósito, missão e valores da Vira para gerir...além de rsponsáveis por si próprias. Para que exista uma auto-gestçao de cadapessoa/integrante/colaborador da Vira e uma gestão educomunicativa as pessoasprecisam se trabalhar e mudar suas culturas de parternalismo, de esperar ordense isso tem a ver com um trabalho profundo de cada integrante da ONG – que circulam– acho que esse é um ponto chave que precisa de atenção. Como as pessoas vão seauto-gerir se nunca fizeram isso, se por mais que concordam com os conceitos, nãovivenciam isso no dia a dia? Para ser uma gestão compartilhada é necessárioaprender a compartilhar, a se responsabilizar, a se conhecer e isso é umtrabalho – repito: profundo- para cada ser humano. Como a Vira garante isso? 176 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Sim. Na verdade a gestão das praticas educomunicativas da Viração é feita por todos integrantes dos determinados processos. Um exemplo. Se estamos em uma reunião de equipe, a qual era realizada mensalmente no periodo em que trabalhei na Viração, todos que participavam daquela reuniao eram responsavel por gerir educomunicativamente aquele momento. Mesmo em questoes ligadas aos recursos financeiros, ou ao espaço fisico, por exemplo, a gestão era feita de forma educomunicativa. A comunicação era dialogica e por se tratar de um ecossistema comunicativo, todos ali tinha papel fundamental, seja na questao de levantar os problemas ou até mesmo na realização de comentarios construtivos. Faço questão de ressaltar este exmplo para mostrar que as praticas educomunicativas na Viraçao nao se restringem ao trabalho realizado diretamente com os jovens. Essa gestao educomunicativa desempenhada por todos aqueles que integram aquele ecossistema comunicativo da uma segurança na realização das mais diversas actividades. No entanto, é preciso ponderar, que como estamos inseridos em uma sociedade que nao esta acostumada com este tipo de modelo de gestao, os processos podem levar mais tempo que o normal, muitos questionamentos surgem, pois ha muita participação de diferentes pessoas, com diferentes olhares e perfis. Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Sabe que talvez ao ter respondido a primeira questao sem ter lido esta segunda, agora me recordo da existencia de toda uma diretoria e coordenação, no entanto, por ter vivenciado processos extremamente participativos, sempre acreditei que a gestao da Viração é sim feita por todos os integrantes daquele ecossistema comunicativo. No entanto, acredito ser importante existir essa equipe composta por pessoas que nao necessariamente estao no dia-adia para contribuir com uma visao do todo. Vou destacar o exemplo do educomunicador. Por exemplo, eu atuava diretamente com a iniciativa Plataforma dos Centros Urbanos, o envolvimento com o trabalho formativo daqueles jovens e toda a atuaçao direta com as comunidades por muitas vezes me fazia me distrair do todo. Muitas vezes olhava ao meu redor e via inumeras reunioes as quais nao fazia ideia da tematica que estava sendo abordada. Nesse sentido, a equipe de gestao faz-se fundamental para garantir a integraçao entre todos que integram aquele ecossistema. Mas é muito importante destacar que na Viraçao nao havia hierarquia de cargos, mas sim pessoas que ocupavam diferentes funçoes que se completavam no todo. Prova disso na pratica é que qualquer integrante da equipe era muito bem preparado e tinha total aval para falar em nome da Viraçao Educomunicaçao. Seja em uma reuniao com o Prefeito, seja em uma roda de jovens. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Eu estou distante da Viração ha exatos seis meses. E muito gratificante ler nas redes sociais os diferentes depoimentos de jovens que agradecem a Viraçao e seus projetos por terem "aberto" seu olhar para um outro mundo, para o olhar ao proximo. Este tipo de depoimento é comum em se obter dos diferentes jovens, de diferentes culturas, que participaram de diferentes projetos educomunicativos da Viraçao. Essa unanimidade de resultados encontrada nos depoimentos de centenas de jovem para mim é o indicador mais forte. Muitos destes jovens 177 que viviam em situaçao de extrema vulnerabilidade social, hoje ingressaram em uma universidade, ou estao empregados e ate envolvidos em diferentes iniciativas do Movimento Social. Em vez de somarem pontos para as estatisticas de deliquencia, crime, contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida de muitos outras crianças, jovens e pessoas das suas comunidade. Porém, ha muitos outros indicadores. Por exemplo, a credibilidade da Viraçao junto aos espaços de participaçao politica. As conferencias, os eventos do Governo, da Sociedade Civil, sempre a Viraçao é apontada e convidada como referencia. Mas nao poderia deixar de destacar que esses resultados tem relaçao direta com a coerencia teorica adotada pela Viraçao. E justamente esse embasamento que da segurança para que o ecossistema comunicativo da Viraçao se mantenha ativo e produtivo nas suas mais diferentes formas de existencia. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Tal vínculo interfere/interferia na sua atuação enquanto educomunicador? Vou ressaltar novamente. Se estou afirmando que a Viraçao é um ecossistema comunicativo e que existe sim uma gestao educomunicativa de todas as suas praticas educomunicativas, nao é possivel mensurar um grau de importancia. Obviamente que no dia-a-dia, se eu educomunicador - estou envolvido com um projeto comunitario, talvez eu possa estar um pouco distante do processo de producao da Revista. Mas de forma alguma ha um grau de importancia, pois na verdade, o Movimento de Adolescentes Comunicadores inclui todos. Aqueles que estao desenvolvendo a comunicaçao comunitaria nos mais diferentes cantos do Brasil, aqueles que produzem textos para a Revista, aqueles que em sua rua estao integrando outros jovens em diferentes inicitivas. Aproveito para destacar que é preciso cuidado ao se usar o termo grau de importancia. Se estamos de fato trabalhando com o conceito de ecossistema comunicativo, 'apostando' em uma comunicaçao dialogica, todos do todo sao fundamentais. Defendo que a Revista é a cara, o corpo e a alma da Viraçao Educomunicaçao. Assim como o Jornal Mural também, assim como as diferentes "oficinas de um dia". O despertar dos jovens a partir dos processos educomunicativos da Viraçao é o mesmo. E esse despertar, quando o direito à comunicaçao é garantido, que consiste na vida do Movimento de Adolescentes Comunicadores. Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Sim. Pois da mesma forma que um adolescente pode integrar o ambito politico. Um outro jovem pode integrar apenas o proceso produtivo. O importante é que todos tenham a consciencia do todo, porem, na minha opiniao, é preciso respeitar as vontades e habilidades de todos. Por isso que a proposta consiste na criaçao de um Conselho e nao de um Educomunicador por Estado. No periodo que estive na Viraçao eu pude presenciar que em alguns Estados alguns jovens centralizavam o processo de trabalho do Conselho. Neste casos, esse envolvimento grande é muito rico, mas para potencializar esse trabalho, a Viraçao 178 precisa investir em formaçao em Educomunicaçao para tornar esses jovens aptos a realizarem uma mediaçao dos Conselhos, a priorizar a busca de mais jovens para integrar todo esse rico processo. Mostrar a eles que assim como a Viraçao a partir da educomunicaçao despertou neles esse envolvimento, é preciso democratizar esse direito à comunicaçao para um numero maior de jovens. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? O molde operacional nao é o problema, mas sim a sobrecarga de alguns membros da equipe ou até mesmo pressao por prazo ou distancia geografica sao fatores que influenciavam o processo produtivo, nao era tao qualitativo. Mas volto a dizer que se estamoa falando de um ecossistema comunicativo, nao é apenas o processo operacional. Mas sim o simples fato de o jovem do Conselho esta bem formado para mediar processos educomunicativos e garantir a participaçao de um grupo de jovens na produçao dos conteudos ja resolvesse o problema. Quando eu digo sobrecarga de alguns membros da equipe me refiro a processos como: imagine o jovem nao consegiu formar ul grupo para produzir a materia, ele tem de trabalhar, estudar e o pessoal da Viraçao em Sao Paulo reservou duas paginas para a historia deste determinado Estado. Caso o processo falhe, o menino vai se pressionar para escrever sozinho e mandar a noticia. Ou Sao Paulo pode dizer que se nao é educomunicativo nao ha necessidade desta pressao e esforço. Porem, havera uma corrida para o preenchimento das duas paginas. Isso dificilmente ocorreria, se o Conselho fosse de fato composto por um grupo de jovens bem mediado localmente. Sei que sao diversos os fatores que impactam no processo produtivo, mas ainda acredito e ressalto que a formaçao em educomunicaçao é fundamental para o bom funcionamento dos conselhos. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Fragilidades. Sobrecarga de tarefas e falta de espaços para a troca de experiencia coletiva com enfase na Educomunicaçao. Todos querem participar das inumeras atividades, mas pelo menos na epoca que eu estive por la, viviamos o desafio de participar das atividades dos projetos que estavamos envolvidos, mas nao restava tempo para acompanhar as outras iniciativas. E quando digo esse espaço para a troca de experiencia. Digo isso com um tom de criar um grupo de estudos voltados para a educomunicaçao. Essa ideia ja foi colocada em pratica, mas nao com frequencia, entao as vezes me via refletindo sobre um processo quando talvez a Lilian Romao teria experiencia semelhante com a Ciranda para compartilhar, da mesma forma que a Elis com o abrigo. Nao sei, trago esses exemplos porque quando tinhamos as reunioes de equipe essa troca era muito rica, mas nao havia tempo para aprofundamento. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? A figura do Paulo Lima é fundamental porque ele é o educomunicador referencia o qual sempre priorizou a gestao educomunicativa da Viraçao. O que incluia esse olhar em todos os processos desde o administraivo ate às atividades com jovens. O afastamento so foi 179 presencial, pois Paulo esteve sempre muito presente em todas as tomadas de decisao e a estrtutura de autogestao so veio a somar nos esforços desta aposta no ecossistema comunicativo como gestor de seu todo. Agora o que é muito importante garantir que as decisoes tomadas pela equipe de gestao sempre sejam claras e cheguem a todos da equipe para garantir a participaçao de todos. A equipe de educomunicadores tem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa? De que maneira? Sim, pois se ha uma necessidade de corte de custo as atividades sao afetadas, porem, o grande diferencial da Viraçao é que mesmo nesses momentos mais dificieis as principais decisoes contavam com a participaçao de todos. Logico que haviam alguns conflitos no dia a dia, pois por se tratar de uma estrutura tao complexas, as vezes um educomunicador estava fora em atividade e quando voltava tinha acesso a alguma informaçao com a qual nao teve oportunidade de participar. Porem eram casos raros e completamente compreensiveis devido a complexidade e grande numero de atividades. 180 Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Falando a respeito do Núcleo da Revista Viração em Natal, que existe desde 2007, mas cujo grupo atual está trabalhando desde 2010 (já passaram vários grupos diferentes pelo núcleo), é difícil se falar em uma "gestão das práticas educomunicativas". Eu costumo chamar de "dinâmicas" do Núcleo que estão abertas a todos os participantes, de maneira a estimular a participação e a apropriação de cada membro dos processos, informações e decisões do Núcleo. Atualmente temos três "dinâmicas", a do nosso projeto de educomunicação, o grupo de Comunicadores e Comunicadores Adolescentes e Jovens da Vila de Ponta Negra (RN), a organização do I ENFORMAE e a dinâmica de produção de matérias para a revista. Contextualizando, eu coordeno o Núcleo desde 2009. A partir desse período é que as informações e decisões passaram a acontecer de forma aberta e transparente para todos. Antes o Núcleo era ligado à uma Ong, na qual havia uma jornalista responsável e um outro jornalista que realizava reuniões com o grupo. O que acontecia é que nós não sabíamos nem recebíamos informações claras sobre o que era a Viração, nem como acontecia, nem o que estava acontecendo. Atualmente, apesar de eu ser considerado o viramidiador, todos recebem todas as informações, sejam os e-mails dos viramidiadores, sejam os e-mails da Articulação Viração Nordeste, seja qualquer outra informação, todos são convidados a participar de todos os chats e discussões. Dessa maneira, eu tento motivar uma gestão horizontal e participativa do Núcleo, o que nem sempre é possível, pois há um nível bem alto de passividade, onde o pessoal não se manifesta nem dá nenhuma opinião sem que seja expressamente exigido por mim, o que torna tudo um tanto cansativo. Mas, vamos tentando aumentar a iniciativa e a proativiadde de cada um das mais variadas formas... Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Dentro da equipe não nos dividimos em funções. A priori, todos estão aptos a desenvolverem todas as funções e o que fazemos é dividir tarefas para cada membro para cada atividade ou dinâmica. Então, se temos uma pauta, fazemos uma reunião onde dividimos a pauta em tarefas para cada um, etc. Tudo que é preciso, tentamos distribuir da melhor maneira em reuniões, o que nem sempre dá certo porque o índice de participação nas reuniões nem sempre é o esperado ou o necessário. Quanto às prioridades, elas variam conforme as circunstâncias. Por exemplo, atualmente nossa prioridade número 1 é o ENFORMAE e a número 2 é o Vir-aVila, ou seja, estamos dando um tempo na produção de matérias, porque não temos perna suficiente para fazer tudo ao mesmo tempo. De maneira geral, em termos de gestão, a prioridade é promover a maior participação possível de todos os membros, para que as decisões sejam o mais compartilhadas possível e a percepção do todo e do contexto da Viração aconteça, de modo que todos entendam quem somos e o que fazemos, para que possamos pensar o que queremos a cada dia, os novos planos, projetos, etc. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? 181 Bem, um dos indicadores é a mensuração da nossa participação em nível nacional, em relação à rede dos núcleos da Viração. Em 2009 até o primeiro semestre, o nosso núcleo era o de maior produção e participação, perdendo apenas para São Paulo. Esse ano, produzimos 6 matérias, sendo 2 delas matérias de capa, ou seja, maiores e mais complexas, e estamos na pauta da capa da edição de junho e com mais outra pauta nessa edição, somando 8 matérias ao total. Acredito que esse é um número bastante elevado, considerando a média de participação dos demais núcleos. Além do mais, estamos encabeçando, juntamente com a Viração do Alagoas e do Ceará, a construção do I Encontro Regional da Viração, a partir de uma iniciativa nossa de mobilizar os núcleos do NE no último Encontro Nacional dos Virajovens e criar uma rede regional que hoje chamamos de Articulação Viração Nordeste. E, para não falar que tudo são flores, nesse final de semestre estamos sofrendo novamente (porque em 2009 tivemos esse mesmo problema) sérias dificuldades com evasão do grupo, pois muitos participantes acabam se sobrecarregando com outras atividades e deixando a Viração em segundo plano, o que deixa o grupo muito enfraquecido. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? Então, como afirmei anteriormente, nesse momento específico, a produção de matérias não é nossa prioridade por estarmos direcionando esforços para a organização do Encontro, que exige muito trabalho e esforço. Mas, de modo geral, nós somos muito participativos, tanto no chat, com proposição de pautas, produção de matérias, sugestão para capas, chamadas, etc. Inclusive, já participamos de algumas pautas em parceria com outros estados. Esse trabalho, no entando, das pautas colaborativas entre vários estados, ainda precisa ser aperfeiçoado de maneira geral da Viração, pois é frequente acontecer de estados que estão em uma pauta sumirem, não atenderem telefone, responderem e-mail, nada, e a parte deles na pauta furar e isso gerar um estresse dos demais. Mas, certamente essa é uma situação que todos os dias o coletivo de todos os núcleos e a Redação tentam resolver e melhorar. Inclusive, a iniciativa de articular as regiões visa o fortalecimento de todos os núcleos, de modo que a rede cresça a partir do apoio mútuo entre os estados próximos uns dos outros. Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Poder, pode tudo, não temos nenhuma restrição para nada. Mas, na nossa situação específica, me parece difícil isso acontecer. Eu vejo a produção das matérias e a participação na revista, ou produções comunicativas de forma geral como a porta de entrada para a Viração, como o lado mais atraente e chamativo, a partir do qual, o adolescente e jovem vai se integrando com as dinâmicas, percebendo as outras possibilidades e se apropriando das ações, iniciativas e processos. Por exemplo, no nosso Núcleo temos o grupo principal, formado por universitários, que responsável pela gestão das atividades como um todo, e temos o grupo recém formado do Vir-a-Vila, composto principalmente por adolescentes entre 11 e 15 anos. Esse grupo não está inserido na dinâmica de produção da revista. No grupo realizamos reuniões semanais com oficinas de produção das diversas mídias, zine, jornal, blog, rádio, vídeo, de modo que eles produzam conteúdos os mais diversos, de acordo com os interesses deles e assim criem formas de comunicação alternativa no bairro em que estão. Com o tempo é que veremos se eles terão interesse de integrar o Núcleo mais amplo da Viração Natal. 182 Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Acredito que da maneira que acontece hoje é a única forma viável de se operacionalizar a publicação da revista impressa e os demais projetos da Viração atualmente, com uma equipe fixa em São Paulo, a Redação, que, em última instância, segura a peteca de todo o resto. Isso porque São Paulo tem uma estrutura que ninguém mais tem, ou seja, eles tem uma sede, um pessoal qualificado e pago exclusivamente para fazer a Viração acontecer, ao passo que nos outros estados ou são organizações que direcionam parte de suas esforços (em geral uma parte pequena) para contribuir com a Vira ou são grupos de pessoas sem nenhuma estrutura ou apoio mas que mesmo assim fazer o núcleo da Viração acontecer, como é o nosso caso no RN. Então, o que se busca ano a ano e isso foi um ponto muito forte no último encontro nacional é pensar formas de fortalecer os núcleos em cada estado para aumentar a participação e a partir daí se compartilhar a responsabilidade de forma mais horizontal. Uma das dificuldades fundamentais é a sustentabilidade dos núcleos, pois há muitos custos envolvidos que acabam sendo arcados pessoalmente por cada participante. Por exemplo, aqui todos os custos de telefone, transporte, tempo dispendido com o núcleo, é pago do nosso bolso e não temos nenhum retorno e isso é muito prejudicial para a continuação da equipe, pois os membros precisam descobrir formas de se sustentar e acabam não tendo tempo para a Viração. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Como já apontei em algumas outras respostas, as fragilidades fundamentais são a mobilização dos grupos nos estados e a sustentabilidade dos núcleos. Isso leva à diversas desarticulações e dificuldades em todas as iniciativas e processos, pois muitos sujeitos importantes acabam se ausentando por diversas razões ligadas a essas fragilidades. Quanto aos êxitos, eu acredito que é conseguir realizar tudo o que a Viração realiza, seus avanços, os novos projetos, os êxitos de cada núcleo nos estados, apesar dessas fragilidades. A Viração consegue ser um sujeito importante e marcante como movimento social em âmbito nacional, tendo reconhecimento da Conjuve, Unicef e diversas outras instituições nacionais e internacionais, além de se destacar em diversos estados também. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Eu tive a oportunidade de conhecer Paulo Lima em 2008, no Encontro Nacional que houve em Brasília. Acredito que possa essa razão, ele tenha um significado de alguém que provou que é possível realizar aquilo que acreditamos se tivermos desejo (tesão, nos termos de Paulo), persistência e trabalho. No caso dos demais participantes do núcleo, que não o conhecem, não posso dizer o mesmo. Quanto ao afastamento presencial, eu não vejo isso como um problema, pois acredito que a equipe que garante a operacionalização de tudo não depende exclusivamente de Paulo, nem de Lilian, da Direção como um todo, pelo menos é essa imagem que me chega. Nós temos mais contato com Bruno (que está substituindo Rafael), Eric, Sâmia, Douglas, que são responsáveis pelos processos gerais. Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? 183 Não consigo me lembrar de nenhuma situação em que tenhamos sido "afetados" por alguma decisão administrativa, além da questão dos deadlines, dos prazos a serem cumpridos, dos Encontros Nacionais que demandam dos estados quem serão os participantes, coisas assim... Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Bem, individualmente falando, a Viração me dá uma percepção de que a mídia alternativa, colaborativa, organizada em rede, tem uma amplitude muito maior do que eu jamais poderia conceber se não tivesse contato com a Vira, o que, para mim, enquanto (edu)comunicador (futuro jornalista formado) é algo muito importante, pois me permite sonhar com uma comunicação diferente aqui e agora, como algo possível, concreto e já acontecendo. Além disso, essa articulação nacional que existe engrandece os nossos braços, pois dentro da rede, as possibilidades de ação são muito maiores. Exemplo disso são os muitos contatos em todos os estados que temos acesso graças a Vira, como exemplo, o caso do prof. Ismar Soares, coordenador do NEC-USP, que virá pra Natal pro ENFORMAE graças à parceria da ECAUSP com a Viração. E, toda essa diversidade, esse conhecimento de pessoas das mais variadas origens, jeitos, formas e personalidades também amplia meu horizonte pessoal, pois é uma experiência muito rica. E tudo isso eu tento passar para os demais participantes do Núcleo, mostrando para eles que a comunicação que fazemos se estende muito além dos muros de nossa cidade e estado, que ela tem um impacto muito maior do que imaginamos, de que estamos conectados com uma quantidade imensa de pessoas incríveis que acreditam e sonham o mesmo que nós e que estamos juntos. 184 1º) Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? R= Em relaçaõ ao nosso conselho, naõ temos um profissional que nós oriente, que nós ensine, somosss nós mesmos... 2) Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração?Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? R= As prioridades da equipe viração estão relacionadas á construção de processos de decisão democratico e colaborativo, com a participação de toda a equipe. E todo incio do ano é realizado o planejamento anual, onde se define em conjunto os rumos e as açoes a serem implementadas. 3) Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? R= O nosso coselho sempre se reune todo final de semana, para fazer uma pequena avaliação sobre as nossas atividades.Contamos as cartas que recebemos, os convites para participar das reuniões e vemos quem poderá ir, telefonemas, fazemos pesquizas, enquetes, enfim... 4º) A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? R= Ocupa um grau bem elevado para o nosso conselho. O conselho se empenha bastante para colaborar com á vira em relação as matérias é á onde todos nós se unimos para fazemos á matéria. 5º) Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? R= Na minha opinião o jovem tem que participar de tudo que é importante em relação a ele, tanto politicamente ou em mobilizações. Ele tem que está por dentro de tudo o que acontece pois á informação é muito importante. 6º) Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? R= Concordamos!!! Prá mim está bom. Agora em relação aos chats que acontecem para falar sobre as matérias onde é divido as seções, essa não participamos por causa do horário é que nessa hora estou no trabalho e os adolescentes nas escolas. Mas, depois se reunimos para ver o e-mail prá ver o que foi falado e como ficou divido as seções, sempre damos o jeito de ficar por dentro do acontece. 185 7º) Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? R= Talvez nas mudanças de profissionais da Ong. 8º) O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? R= Prá mim em particular é a minha fonte de inspiração! Ele á peça chave da Ong, uma figura muito importante, o fundador, um sonhador, lutador, enfim... A pessoa que fez á vira virar realidade, que viu o seu sonho tornar real. E junto com ele surgiram pessoas que acreditaram nele e assim surgindo as sementes da viração se espalhnado pelo Brasil, vidas que se encontram, caminhos que se cruzam, com uma missão, com o mesmo objetivo de mudar alguma coisa, quem sabe o mundo! Como vivemos no mundo cheio de tecnologias não vejo o Paulo Lima afastado ele sempre está por perto e por dentro de tudo o que acontece graças á esse grande meio de comunicação que é a internet. Ele sempre está nós ensinando e assim ele também está aprendendo muito, pois somos eternos aprendizes, vivendo e aprendendo. 9º) Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? R= Não os nossos virajovens daqui não tem suas atividades afetadas. Digo em relação ao nosso conselho aqui, agora de um modo geral não sei dizer.As nossas atividades são bem divididas, assim todos podem participar. 10º) Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? R= Quando recebemos cartas, convintes para particpar de reuniões importantes em relação aos mesmos, ai o pessoal pedem que a gente particpe, digamos prá fazer uma pequena cobertura, uma matéria para divugarmos no nosso programa de rádio. Ficamos alegres quando eles nós procuram especialmente os adloescentes e os jovens! E á minha reflexão sobre isso é que aos poucos estamos sendo conhecidos, estamos dando pequenos passos, caminhando bem devagar. É o que costumo dizer quando estou com eles, temos muito que fazer e caminhar. O importante é não deixar de dar pequenos passos, basta acreditar em seus sonhos e lutar para que o mesmo se torne realidade. Pois sozinha não pode se mudar nada, deixo de ser só, prá ser um todo!!! Vocês são á minha força para continuar... Essa é a minha reflexão... 186 1. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Vira-jovem verifica o impacto social de suas práticas? Sim, o principal indicador e as participação na revista, outros são as atividades que os vira-jovens participam junto os as secretarias do nosso município. Ex: representante adolescente do selo unicef jovens protagonistas de oficina e articulação jovens no município. e temos com os impactos sociais jovens mais articulados com as questões politicas voltada para a juventude, jovens com opiniões formada, visando o melhor para a classe num todo. 2. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelo adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? Tem um grau muito importante, onde temos a oportunidade de mostra a todo o Brasil e agora ao mundo que nos jovens do interior também temo opinião, uma visão de mundo, que devemos também te voz e voto. já as outras atividades realizadas por nos também tem importância onde a visibilidade já e menos mas não menos importante. essa proposta de participação dos núcleos na revista e fundamental, onde e uma maneira de que nos temos de fala para o mundo estamos aqui e participando, somos jovens e queremos um mundo melhor 3. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Representa um Sonhalista e idealizador de seus sonhos, um jovens de esperito que acredita nos jovens, uma pessoa que tenho como espelho, que com as grandes dificuldades encontradas nunca pensou em para, assim a figura do Paulo sempre vem na minha cabeça nos momentos que acho que não vai dar mais, que penso em desistir, ao pensar nele as minha forças ser fortalece e volta com todas as forças e começo a lutar novamente. O afastamento do Paulo e sim sentida, mas e uma afastamento relativo, pois sempre que ele poder esta lá nas redes sociais no email nos ajudando e nos dando aquela força, Que nesse momentos me sinto cada vez mais presente na viração, pelo fato do fundador da viração esta em contado com nos meros virajovens de um cidadezinha do interior, percebo que tanto para ele quanto para os demais diretores da viração, somo importante, isso nos motiva de uma maneira que não tem como explicar. 4. Os Vira-jovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? Temos nossa atividades melhoradas por ajuda da administração. A administração da viração esta sempre disposta a nos ajuda, nos atividades são desenvolvidas com mais qualidade pelo fato deles estarem presente junto a nos em nossos movimentos. Agora atividades afetadas de maneira negativa não têm a relata. 187 5. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Percebo quando jovens chega ate a mim e fala quero participa posso ? deixa eu ser um vira-jovem? Parabéns estamos juntos com você! São e vários momentos que os nosso resultados são visualizados, em reuniões e praça publica, em eventos que participamos, em oportunidades de mostra nosso trabalho para a sociedade. Reflexão: os jovens podem muito basta ter uma oportunidade e um apoio moral, pois o apoio financeiro coremos atrás todos juntos depois. Que podemos sim mudar o futuro, mas temos que transforma o nosso presente. Temos uma força que ninguém conseguir explicar, SOMOS JOVENS, voz , e que nos escuta, ser não nos escuta gritamos assim mesmo ate nos dar atenção. 188 Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Sim existe, temos um grupo formado por jovens de diferentes escolas, entidades, ong‟s entre outros que se reúnem quinzenalmente para discutir os rumos do conselho virajove do Acre, matérias a serem escritas, bem como atividades regionais. Este grupo não tem função definida a cada um, somente o Leonardo e a Victória que são os cordenadores do núcleo. A equipe é formada por: Leonardo Nora, Victória Sales, Hanna Chystina, Everton Nogueira, Ramon Castelo, Joedson Reis, Magliel de Moura e Raiclin Vasconcelos. Você está primaria? de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você Sim Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? São de coordenação e planejamento estratégico das atividades a serem realizadas em certo período, trabalhando conjuntamente com os virajovens de cada estado. Você está primaria? de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você Sim, até porque estas prioridades são tiradas em conjunto com os demais conselhos. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? Sim,esses levantamentos são feitos regionalmente após cada atividade realizada pelo conselho, com reuniões ordinárias entre os membros, e também pelo encontro nacional da viração. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? 50%, pois estas matérias são de extrema relevância, mais outras atividades como cursos, oficinas, palestras e fóruns também são importantes para o crescimento. Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Sim, não devemos fechar e priorizar o grupo com apenas um enfoque, considerando que o conselho deva realizar outras atividades. 189 Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Sim, deve-se ter prazos e metas a cumprir. Você pode apontar fragilidades e êxitos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? na gestão dos processos Bom há vários êxitos e fragilidades, mais das quais não consigo identificar de perto pela não contato pessoal com a gestão da viração. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Paulo Lima foi o grande fundador, idealizador deste projeto, foi o cara de grande construção da viração, não tivemos muito contato, pois logo que o Virajovem Acre foi criado ele teve de ir para a Itália. Acho importante seu novo foco na vira, não seria bom o idealizador deixar de participar de seu grande projeto, apesar d estar longe. Os Virajovens têm suas atividades afetadas administrativa da Viração? De que maneira? por decisões de ordem Não, o conselho te total autonomia para fazer suas atividades, desde que sempre informe a vira. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Quando os jovens passam a discutir e participar deste grande movimento, quando começam a discutir essas mídias marrons que não trazem conteúdos interessantes aos jovens. Acho que devemos sempre continuar conscientizando nossos jovens, pois somos o presente construindo o futuro. 190 Existe uma gestão das práticaseducomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais sãoas funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão?Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,por quais você primaria? Então, nós anualmente elaboramos um projeto para inscrição nosprojetos de extensão da universidade. Independentemente de aprovação ou nãoeste projeto nos guia durante o ano. As nossas prioridades são a realização de oficinas de educomunicação e produção de conteúdopara a Vira. A equipe tem um número variável de componentes, mas quatro sãoresponsáveis pro puxar as reuniões que são: Eu (Alan), Jhonathan, Avanny e Roberta.Estou de acordo com nossas prioridades. Quais são as funções e as prioridades da equipe degestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não,por quais você primaria? Bom, como disse estou de acordo com nossas prioridades. Até porquenem teríamos tempo para assumir outras. Existem indicadores de avaliação que retratem osresultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)?Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica oimpacto social de suas práticas? Não existem indicadores. O que fazemos é discutir individualmentecom eles sobre a influência do projeto em suas vidas. A proposta de produção de conteúdo feita demaneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa quegrau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas peloVirajovem? O mesmo grau. Compreendemos a participação dos adolescentes naVira tão importante quanto a participação nas oficinas. Na verdade uma coisainfluencia a outra. Já que muitas oficinas visam facilitar a produção deconteúdo para a Vira. Um adolescente pode integrar o Virajovem apenaspoliticamente, participando de atividades no âmbito damobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para arevista e o portal? Sim. Nós tentamos estimular essaparticipação, mas não como obrigação. Você concorda com os moldes operacionais deprodução da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outroscompromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Concordo.Acho os chat um pouco tumultuado, mas não consigovisualizar outra opção. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestãodos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Olha, até o momento não. 191 O que a figura de Paulo Lima representa para você?Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e areconfiguração de sua atuação junto à ONG? O Paulo é uma verdadeirareferência para nós. A Vira já é uma entidade consolidada. Paulo percebeu issoe decidiu que podia se dedicar a outros projetos tão importantes quanto a Vira.Acho bacana como mesmo afastado presencialmente ele sempre se faz presente emmuitas discussões. Os Virajovens têm suas atividades afetadas pordecisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? Não. Pelo menos não me lembro denada agora. Como você percebe o resultado das suas práticasenquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? O nosso principal objetivo é o deestimular os jovens do projeto a perceber a mídia de maneira mais crítica. Etambém que seja mais atuante em suas comunidades, que façam a diferença e quese tornem multiplicadores desses valores. Quando vejo que aqueles jovens, noinício eram tão calados e apáticos, fazendo mobilização e exigindo seusdireitos é que me faz perceber que estamos no caminho certo. 192 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? A Viração construiu vários processos no decorrer dos oito anos em que foi se desenvolvendo ao lado da educomunicação. Desde o início do projeto, ainda sem independência institucional, houve a preocupação de fazer com que todos os espaços físicos e virtuais fossem parcialmente auto-gestionados, no sentido de que não havia necessidade de formatar uma metodologia de mediação engessada, imutável, mas que compreendesse as reais necessidades, inclusive do processo de adaptação das ações diante das tecnologias, processos educativos, comunicativos e também administrativos. Quando então surge a proposta de idealizar um ambiente em que o indivíduo é parte do todo, as pessoas que estão inseridas em seus diversos âmbito, assumem funções de forma interdependente, e começa a ser formatada uma conduta institucional, orientada por esses parâmetros, e por acordos coletivos abertos, questionáveis e aplicáveis aos processos do dia-a-dia, como forma de garantir a imagem da instituição, seu caráter, suas prioridades, interesses, realidade, necessidades e compromissos. A gestão por sí é parte deste ambiente educomunicativo, mais que uma mera representação da realidade esperada para uma organização, como geralmente é colocado por empresas e outras instrituições com difeferentes métodos de gestão. As funções são definidas também em uma sistemática construtivista, em que todas as metas aguardadas para o crescimento e manutenção do projeto, são conservadas dentro de um planejamento institucional estratégico, desenvolvido em meio a debates e apontamentos da equipe, a serem executados nas metas então estabelecidas. Os planos de trabalho individuais são desenhados á partir desse macro planejamento, onde se avalia o estabelecimento de novas práticas, tecnologias a serem implementadas, metologias a serem estudadas, e novos caminhos a serem adotados pelo projeto durante a sua execução, configurando-o como algo mutável, pungente... que sofre alterações e adaptações a todo momento, e pelas mais variáveis razões. Basicamente entendemos equipe Viração, como o conjunto de colaboradores, fixos ou esporádicos, voluntários, parceiros e profissionais mais próximos, que atuam em diversos segmentos, e associados-fundadores, conselhos consultivo, fiscal e diretoria. Em segundo vem uma estrutura maior, que é formada pelos jovens participantes dos projetos da organização, que atuam local/globalmente, para mobilizar, produzir conteúdo, estabelecer parcerias, garantir presença física da Viração em espaços alternativos aos da redação, essencialmente colaborando com sua divulgação e difusão de seus conceitos e práticas. Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Tenho total liberdade para responder esse tópico de duas maneiras. Primeiro como um jovem, que iniciou nesse processo aos 13 anos e meio de idade, e entre a Viração e outras iniciativas ligadas á comunicação e educação, definiu o início da própria carreira profissional, dentro de um ambiente ainda sem formato. Dez anos atrás, já hazia uma centena de iniciativas e práticas educomunicativas, ainda não sistematizadas àquela época. Hoje com poucos cliques na internet é possível encontrar informações compiladas, consistentes e reais, construídas e assinadas por profissionais que estão na dianteira e também na retaguarda desses processos em vários níveis de participação, que registram, personificam e significam a validez dessas práticas como funcionais e efetivas dentro dos espaços educativos. Além desses profissionais, dezenas de milhares de histórias de vida de pessoas como eu, podem ser facilmente 193 encontradas em qualquer um desses espaços. Histórias que contam realidades amplamente pungentes. Que apresentam à sociedade, os diversos aspectos e âmbitos do relacionamento em realidades diferentes, contrastando pontos de vista, ideias e objetivos, defronte á suas realidades paupáveis, seus recursos humanos, financeiros, políticos, familiares, educacionais e sociais. Como associado-fundador, membro da atual equipe e profissional de educomunicação com passagens em vários projetos com grande alcance, posso observar uma característica muito específica desses organismos. Há uma preocupação forte com a compreensão de quais são os reais objetivos de uma iniciativa educomunicativa. Percebo que a intenção de quantificar e também qualificar essas iniciativas, é uma necessidade quase que invariavelmente de pessoas e profissionais que muitas vezes não se predispõem a concluir suas visões á partir de vivências que os envolvam no processo de descoberta e constatação, partindo de sua própria inclusão no processo. O que quero dizer é que, estabelecer um relacionamento verticalizado com a educomunicação, pressupõe uma postura dogmática, onde aquele que questiona o processo, muitas vezes não se permite envolver por ele, e faz leituras precipitadas, infundadas ou superficiais como tantas que lí, e com frequência ouço. Acho lamentável que posturas corporativistas, mercadológicas, posicionamentos restritos e estruturas de trabalho não questionáveis, sejam a porta principal de validação e avaliação da funcionalidade dessas e de outras metodologias. São poucas as organizações que ousam em quase tudo, como se propõe ousar a Viração, embora não consume o fato em sua totalidade. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? A revista impressa, sempre foi considerada o “carro-chefe” da Viração. Apesar de exercer uma força menos intensa que a implementação do conceito educomunicação como atividade principal no dia-a-dia, ela está diretamente ligada ao funcionamento interdependente de outras iniciativas locais, e possibilitam o intercâmbio cultural entre adolesdesnces e jovens. Considero a proposta do Movimento uma ideia ampla, que viria significar os esforços, sobretudo políticos e ideológicos, de adolescentes e jovens que estão inseridas nesse ambiente. Já nasceram desse movimento, uma série de ações práticas, que são encaminhadas á partir dos processos de produção compartilhada e participativa. Não restritos á intervenções na parte mais técnica do jornalismo, onde a equipe orienta e coordena a participação dos jovens de várias maneiras, mas também dando a eles a possibilidade de interagir com outros jovens, de outras localidades, realidades, pontos de vista, opiniões e sensibilidade. Diante da proposta de articular a juventude envolvida nesse processo direta e indiretamente, surge a necessidade de seguir promovendo o empoderamento dela por meio da ampliação dos conhecimentos e mais recentemente, utilizando uma das metodologias utilizadas pelos educomunicadores da Viração, que chama-se educação entre pares. Imagino que o processo de criação, produção, gestão e desenvolvimento de uma rede orgânica como essa precise ter autonomia, para pautar suas agendas em paralelo às da própria Viração, uma vez que nós representamos a voz dos jovens que estão articulados ao nosso redor. Entretanto essa rede só vem crescendo de forma muito controlada, para garantir que a quantidade de participantes e/ou quantidade de grupos, não sobreponha a qualidade do que será produzido. Se realmente isso acontecer em algum momento, e a juventude brasileira se organizar diante de uma necessidade de pautar políticamente, e participar das intervenções de todas as maneiras possíveis. Ainda acredito que essa proposta tem muito o que mudar, se adaptar e desenvolver novas iniciativas, que eventualmente substituam ou ao menos complementem a força que os 194 virajovens (núcleos) dão para a produção da revista e da Agência. Se essa configuração for alterada, é necessário, de extrema importância ter um plano “B”, que ainda não existe. A visão muito otimista de grande parte das pessoas faz com que elas não pensem e ajam, em termos práticos, de maneira objetiva, específica e focada. Levando em consideração o fato de estarmos vivenciando a gestação de um novo formato de intervenção, que lentamente toma corpo, soa um tanto quanto vago dizer que desvincularíamos a Viração desse movimento, quando na verdade ela usaria a mesma proposta trazida pela Vira em todos os processos. Eu calculo que a interferência e apontamento de fatores externos, como resultados paupáveis necessários, e intermediação com outras redes e organizações, impute á Viração, praticamente a obrigatoriedade de concentrar o máximo de energia para fazer a rede acontecer, mas não desfrutar integralmente dela ao final das contas. Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum momento? Sinto que isso é sempre pensado. Desde quando sequer tínhamos recursos suficientes para executar os projetos mais básicos que tínhamos. Em diversos momentos, ainda quando coordenador do conselho editorial jovem, primeiro nome que foi dado a esse grupo de virajovens, nós percebíamos que alguns jovens tinham muita facilidade e disponibilidade de estar nos lugares, e participar através da garantia de presença em momentos importantes. Muitos desses jovens, apresentam interessantíssimos argumentos de contestação, na particularidade de cada um, dentro do âmbito de seus conhecimentos, mas sem serem técnicos ou metódicos... Mas trazendo á luz do debate, questionamentos simples, com palavras compreensíveis à qualquer pessoa, de forma direta e objetiva, como poucos conseguem fazer. Chamamos isso também de atuação política, mas que não necessariamente estão inseridos no contexto político partidário Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e uma série de outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Interferem sim. Mas não necessariamente de forma negativa. Entendemos que alguns processos são necessários e acaba ficando fora do alcance mexer muito em algumas estruturas como essa. O relacionamento com as empresas que atendem institucionalmente a Viração, como prestadores de serviços, gráfica, transportes e tecnologias de web, por exemplo, devem ter seu espaço criteriosamente respeitado e seus tempos compreendidos e adaptados aos nossos processos. Como lidamos com várias frentes de trabalho diferentes, é necessário que a gestão seja compartilhada e colegiada como é feito na Viração. Os integrantes da equipe integram diversos momentos e com diferentes tipos de participação, sendo que todas as decisões são disponibilizadas para acompanhamento e observação da equipe. Processo que muitas vezes não funciona bem, pois algumas pessoas não estão plenamente ambientadas ao trabalho em equipe e sob demanda, acompanhando com eficiencia discussões online e/ou não tem pleno domínio de ferramentas eletrônicas de comunicação. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? 195 Algumas decisões são compartilhadas com a equipe, porém, como citei antes, as pessoas não dominam as ferramentas que temos. Então muitas vezes fica complicado contar com os tempos limite para executar determinadas ações. Ocorre com frequencia, a resposta de emails com muito atraso, e consequentemente o tempo perdido. Percebo que embora a Viração seja uma organização disposta a lidar com as dificuldades do relacionamento coletivo de forma dialógica, participativa, construtiva e integradora, ainda há determinados posicionamentos e posturas que são conservadoras. Sob todos os aspectos. Isso é triste. Saber que a Viração seja talvez a única organização não governamental, a se desenvolver em meio ao surgimento de dois fenômenos chamados Geração X e Geração Y, cujos perfis exigem cada vez mais autonomia, ousadia, liberdade, confiança, flexibilidade e integração, é realmente estranho. Determinados aspectos que são verdadeiros exemplos de que é possível assumir outras posturas mais abertas sem que seja instaurado o caos. Aos poucos percebe-se que muitas definições são colocadas como necessidade, mas estão apoiadas no fato de que algumas pessoas tem dinâmicas diferentes, tempos diferentes e participações no dia a dia, que também são diferentes. Isso é bom e ruim. Bom pois eu acho que esse é o modelo em voga, e quem não se atualizar vai ficar pra trás. O que a figura de Paulo Lima representa para a ONG? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Paulo é aquele que não se pode chamar de gestor. Gestores são aqueles que garantem o andamento dos processos estabelecidos, e buscam alternativas para sua manutenção enquanto da execução. Mais que um gestor, Paulo é o empreendedor da Viração. Aquele que pensa, cria, evoca, desenvolve, propõe e puxa a carroça do piano pra que a banda toque. Hoje com um membro para cada área na equipe, a gestão ainda que por parte dos empreendedores se torna simplificada. Desde que a gestão seja efetivamente compartilhada e todos os processos mantenham-se no campo da transparência, sem decisões individuais, ainda que em função de ganhar tempo... Não haveria justificativa para tal. Há muito observamos que a presença física de Paulo Lima na equipe, trazia muita energia e fôlego que são fortes características dele. Mas que em determinados momentos, os excessos de sua energia sufocavam algumas pessoas que não conseguem acompanhá-lo. A reconfiguração permitiu que ele mudasse bastante por conviver, inclusive, com a dificuldade de se relacionar com uma equipe inteira do outro lado mundo, com outro outro fuso-horário, outra realidade e outras ideias. A ansiedade que havia antes por ter todos os recursos ao alcance das mãos, fazia com que tudo se transformasse em urgência, o que não procede. 196 Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Vejo que a Viração como um todo tem como prioridade máxima a participação em nível nacional de adolescentes e jovens de em suas práticas educomunicativas em diversificados âmbitos, como: na elaboração de metodologias educomunicativas, revista, site, debates sobre políticas públicas em diversas temáticas (ex: juventude, comunicação, meio ambiente, etc), e eu concordo plenamente com essa prioridade. Acredito que essa equipe de gestão tem como principais funções pensar na sustentabilidade da organização e para que os princípios e valores da Viração sejam sempre preservados e utilizados no dia a dia da organização. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Sempre tive essa preocupação de que os prazos atrapalhassem o processo educomunicativo dos produtos, mas vejo hoje em dia que isso não acontece. Os conselhos se comprometeram com os prazos e o mais importante, que as pautas são feitas colaborativamente e pensadas entre os próprios virajovens. Portanto, concordo com os moldes porque os virajovens participam na construção dos mesmos tanto virtualmente pelo grupo de e-mail dos virajovens, quanto presencialmente nos encontros nacionais. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Vejo que êxitos são muitos, mas os essenciais são: a vontade da equipe em todos os seus níveis, de voluntários a diretoria. O segundo ponto seria a própria participação dos jovens e adolescentes dos projetos e dos conselhos que acreditam no trabalho e prioridades da organização. Já a questão de fragilidades acredito que as principais são: A rotatividade da equipe por conta dos baixos salários e a estrutura de materiais de trabalho (ex: câmeras, gravadores, etc). A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa? De que maneira? Na questão dos virajovens vejo que não tem tanta diferença, já a equipe é bem afetada por perda de profissionais inesperadas, dificultando os processos cotidianos dos projetos da organização. Não intendo essas perdas como de ordem administrativa, mas de possibilidades financeiras da própria Viração. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Ele pra mim representa um tipico ser visionário e que acreditou, apostou na sua vontade de transformação tirando essas coisas do mundo das ideias e colocando em prática. Acho que o afastamento presencial não influi tanto no cotidiano, porque sempre estamos em contato por e-mail e telefone, vejo que a atuação do Paulo continua bem presente e cuidadora como 197 sempre foi. Essa reconfiguração vejo também não tem grandes diferenças, o Paulo sempre será importante para Viração na questão da gestão, claro que ela se tornou mais compartilhada por conta da distância e da legalização da organização, onde se configura uma nova forma de gestão, presidente, vice-presidente, etc. 198 Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Acredito que as maiores funções sejam: fortalecer uma articulação nacional em movimentos sociais para uma gestão democrática da comunicação no país com participação de jovens e adolescentes, garantir o espaço para participação de jovens e adolescentes na mídia por intermédio da revista impressa e dos meios digitais e levar até este público práticas educomunicativas autônomas para que eles possam produzir livremente conteúdo e utilizá-lo para transformar realidades. Dentre estas primaria a articulação com outros movimentos sociais para uma gestão democrática da comunicação com participação de jovens e adolescentes, pois é ela que abre as portas para as demais. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? Não há uma forma unificada realizada pelos conselhos de qualificar ou quantificar as práticas. No Conselho Virajovem de São Paulo, por exemplo, nos anos de 2008 e 2009, foram adotados questionários que eram aplicados para que fosse mapeada as práticas e seus efeitos. Também nas reuniões do Conselho eram discutidas as ações para que se pudesse chegar a algum consenso sobre as atividades e a qualidade delas. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal? A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos. A revista é o “carro-chefe” da organização, o cartão de visitas, o projeto mais antigo e com maior visibilidade e que dá visibilidade aos outros projetos. Não é possível desvincular a produção de conteúdo de todos os conselhos, o diferencial dessa produção é exatamente este, esse processo feito por jovens e adolescentes. Entretanto, nem todos os conselhos virajovens possuem interesse por essa ação. Não, essa não é a proposta do Movimento, o Movimento quer fortalecer a participação politica e mobilização social, mas sem desvincular-se da produção. Na medida que a produção de conteúdo e as ações de mobilização acontecem de maneira desorganizada tende a prejudicar o educomunicador e o colaborador que trabalha com a mediação de conteúdo. Quando feita de forma organizada, não atrapalha como também potencializa ambas ações. Um adolescente pode integrar um dos 28 Conselhos Jovens (Virajovens) apenas politicamente, participando no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Se sim, como a Viração pretende garantir, operacionalmente falando, a manutenção da revista e do portal sob a mesma metodologia participativa de adolescentes e jovens? Isso foi/é/será pensado em algum 199 momento? Acredito que o ideal é que os conselhos virajovens devessem fazer uma reflexão sobre suas atividades. Após essa reflexão de caráter bem existencial, os conselhos deveriam se classificar como conselhos de produção de matéria, conselhos de mobilização social ou conselhos mistos. Sei que na teoria é característico dos conselhos fazerem as duas atividades e que elas se complementam na execução de ambas, no entanto a realidade sentida é outra, os conselhos possuem expertises e desejos e atividades completamente diferentes um dos outros, logo, eles mais do que ninguém devem conhecer o próprio perfil. A partir deste mapeamento a organização poderia ter em mãos grupos mais engajados em determinadas áreas por que não precisam se comprometer com outras ações que não fazem parte do perfil do grupo. Isso não proibiria de um conselho que atua apenas numa area atuasse na outra, entretanto daria maior confortabilidade aos virajovens e maior confiabilidade da organização nos conselhos. No entanto prefere-se manter a teoria de conselhos que façam ambas atividades. Existem grupos que não fazem mais parte dos conselhos, mas a organização insisti em manter vínculos que despedição tempo e esforços, a partir do momento em que se enxergue mais a realidade sem uma pressão do ideal que deveria ser, os processos podem ser repensados pelos conselhos e pela própria organização. Os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos), interferem na garantia dos preceitos educomunicativos? Você concorda com tais moldes? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Acredito que seja o contrário, os moldes das práticas educomunicativas atrapalham a produção da revista e do portal. Por ser um movimento social as pessoas integram os conselhos virajovens de forma voluntária e dispõe do tempo livre para produzir de forma educomunicativa, o que quase sempre não é no mesmo tempo da produção dos meios comunicativos. Acredito que os métodos educomunicativos precisam ser trabalhados com um pouco mais de objetividade, precisam ser estipulados processos fixos que cada conselho deve percorrer para garantir as práticas educomunicativas, mas também dentro dos prazos necessários para a confecção do produtos. Mas para isso haveria de contar com um nível de compromisso muito maior que muitos virajovens não conseguem disponibilizar. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? O ponto frágil é exatamente o maior êxito. O processo educomunicativo na Viração é feito de forma muito orgânica, ao tentar explicar, entender ou modificar este processo surge problemáticas de todos os tipos, pois fora da Viração se está acostumado com práticas, hierarquias e processos internos muito mecânicos. O grande diferencial da Viração é essa forma quase com vida própria que rege as relações e as práticas dentro da organização. Mas até mesmo esse processo tão orgânico e tão sensitivo que dispensa modificações ou correções fica muito aéreo, solto, sem um pulso firme, dando a sensação de que nada está sendo feito, o que gera insegurança para quem o assisti. Este defeito também impera quando observamos novos colaboradores integrando o quadro de funcionários, até eles se acostumarem com a forma interna é uma sucessão de construções e remodelações de conceitos e ideias que nem sempre é feita de forma pacifica. A equipe de educomunicadores ou os Virajovens tem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa? De que maneira? 200 Sim, os educomunicadores e virajovens possuem suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativas com fundamentação politica. A Viração possui uma forte articulação estabelecida com outras organizações de renome mundial e nacional, por isso, como toda e qualquer sociedade regida por interesses, suas ações em alguns momentos se adequam às expectativas de algumas organizações parceiras, no intuito de estabelecer uma articulação mais forte entre elas. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Acredito que seja perceptível os resultados das práticas do virajovem em dois momentos, em meio a alguma ação de mobilização em uma das reuniões do conselho onde o jovem e o adolescente sente na pele a ação, e quando alguém que produziu uma matéria para a Revista Viração segura a revista pronta em suas mãos e possui o orgulho de dizer que aquela produção é de sua autoria. No entanto, para se chegar a esse resultado muitas vezes o caminho é mais árduo e complicado do que o esperado. O que desmotiva não só o participante como aquele que facilita o processo. Contudo, a sensação final de orgulho e realização compensa, é uma sensação que não tem preço. As matérias feitas pelos jovens e adolescentes e publicadas na Viração possuem um poder transformador, recupera a dignidade, acentua o aprendizado da língua portuguesa e de conhecimentos gerais e jornalísticos, e abre percepções de mundo que provavelmente seriam negadas ou dificultadas para esses jovens e adolescentes. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como é entendido o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Na sua opinião, tal reconfiguração poderia representar o fortalecimento de uma estrutura de autogestão? Paulo Lima é uma figura muito forte, ele exerce muita influência sobre a equipe da Viração, não só por ser o fundador como por ter exercido papel de liderança do projetos durante anos. Além disso, ele é muito reconhecido no meio social pela sua experiência na área, tornando a presença dele muito enriquecedora para quem trabalha diretamente com ele. Recentemente ele se afastou presencialmente das atividades administrativas da organização, esse processo garantiu a equipe integrante um aprendizado quanto às formas de organizar as práticas cotidianas, de trabalhar a relação interpessoal dentro da instituição e também na questão da autonomia do grupo. No entanto, ainda há uma forte presença dele, seja por telefone ou tecnologias alternativas, logo, toda e qualquer decisão importante ainda passa por avaliação dele. É compreensível pelo fato dele ter muita experiência no meio, e conhecer a organização melhor do que ninguém, mas ele estando distante não possui o olhar interno de como o cenário se desenha, logo, sua opinião ou decisões muitas vezes tornam se equivocadas ou fora de contexto, dando a equipe local integrante da organização o trabalho de adequar a realidade a opinião externa. 201 Existe uma gestão das práticas educomunicativas da Viração? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Sim. Na "Vira" existe formal e consensualmente algumas instâncias de gestão. Existe aquela formal no Estatuto que dá corpo a pessoa jurídica, existe o núcleo/equipe que trabalha naquilo que podemos nomear de sede (compreendendo aqui que a Viração é mais do que o espaço da ONG em São paulo e se estende por todo Brasil pela sensação de pertencimento que todos/as tem), existe a mais ampla que seria a equipe e participantes dos núcleos virajovens por todo país, e uma quarta que tem surgido mais recentemente que seriam os "facilitadores" (jovens mais antigos nessa Rede que é a Vira, que são mais ativos nas questões políticas,etc). Neste sentido, vejo que o grupo formal que assina a Viração Educomunicação tem essa função de legitimar formalmente as coisas mesmo, nada mais. Já o segundo, a equipe, costuma gerir mais os projetos, os recursos, executam a maioria das tarefas. A terceira, a Rede, costuma tomar decisões mais políticas, e pontuais. Digo pontuais, não no sentido de menosprezar isso por ser uma intervenção que ocorre menos vezes, mas por que a equipe costuma pensar/debater/refinar as pautas antes de lançar alguns pontos, assim torna mais fácil essa liberação e gestão. Até por que, não existem tantas possibilidades de executarmos as tarefas com a mesma agilidade que a redação. Os facilitadores, como disse, tratam de questões mais políticas, ou conduzem/facilitam uma ou outra discussão, tarefa. Estou de acordo com as prioridades da Vira por que penso que, embora as falhas que eventualmente ocorre, o que a Vira se propõe a fazer é muito maior que isso. Não é fácil gerir uma Rede tão grande e tão densa, em que existem elementos institucionais, políticos e humanos envolvidos. Então você estáludando tanto com o projeto político de mais de 20 organizações, como também está lidando com pessoas que gostam de produzir e participar da Vira. E aí vem as motivações pessoais, etc. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas da Viração? Se sim, quais são eles? Podem ser considerados indicadores seguros? Se não, como a Viração verifica o impacto social de suas práticas? Certamente existem indicadores para os projetos da Vira, principalmente por que isso é exigido por financiadores. Estes indicadores devem estar mais visíveis para a equipe em São Paulo - SP. contudo, claramente consigo vislumbrar alguns, bem como os outros, porque esse reconhecimento da importância desse espaço é algo que se repete nas falas em nossos encontros presenciais. Vejamos, o envolvimento de adolescentes, jovens, profissionais da comunicação e organizações espalhados por mais de 20 Estados brasileiros; As produções coletivas que surgem a partir desse envolvimento, no geral as matérias reúne mais de um núcleo; a organização, intervenção e participação em eventos importantes na formulação de políticas públicas em comunicação e juventudes... Enfim, muita coisa. Mas, e isso é uma dica, seria interessante ver sistematizado todas as coisas que conseguimos fazer em formas quantitativas e qualitativas, e isso a Vira ainda não consegue fazer. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação aos outros projetos desenvolvidos pela Viração? E em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? É possível desvincular tal proposta das práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Essa é a proposta do Movimento de Adolescentes Comunicadores, tal 202 desvinculação? Na sua opinião, tal vínculo interfere na atuação do educomunicador? E na atuação do integrante da equipe de conteúdo da revista e do portal? Acho que para a Vira a produção para Revista e o Portal é a principal prioridade. Do contrário, a Vira não seria o que é. Seria como qualquer outra organização que faz parte dessa Rede de Virajovens, não que as nossas organizações sejam qualquer uma (hehe), mas essa difusão pelo Brasil e a proposta colaborativa de produção é o grande e mais importante desafio para Viração Educomunicação. Para os Virajovens, acho que a produção para revist e o Portal é a mais importante, mais até que a parte política que acaba sendo transversal à essa produção. Ocorre que, já para as organizações, não poderia afirmar que os Virajovens sejam prioridade para elas - tomando como exemplo a BEMFAM de PE que saiu há pouco tempo por desinteresse. É impossível desvincular a prática colaborativa dos conselhos, e torná-los exclusivamente políticos, por exemplo. Neste sentido, a Rede de Virajovens e a Rede de Adolescentes e JOvens Comunicadores/as são complementares. Veja, não é que a rede de Virajovens não tenha uma atividade política. Tem, e como tem. Mas a Vira tem uma estrutura de gestão que, embora difusa como demonstrei na resposta anterior, tem uma estrutura de ONG. Estrutura essa que é dispensada quando pensamos numa Rede Política. Numa rede de militância. A política está em tudo, está nesse seu trabalho acadêmico,por exemplo. Mas esta pesquisa não é uma rede,mesmo que envolva diversos atores ligados de alguma forma à ela. Um Rede, formada por pessoas e organizações, que tem uma relação horizontal, de alguma forma. A Vira, embora colaborativa, possui formas de gestão que não é horizontal a todo tempo. Então, na RAJCC a Vira é uma participante importante, mas é uma participante. A ideia é que as demais organizações, com o tempo, possam estar mais fortalecidas e assumirem papel e projetos tão importantes politicamente quanto a Vira assume. No Nordeste, por exemplo, está ocorrendo uma movimentação regional que se organiza enquanto Rede dentro da RAJCC. Pra isso, não precisamos da atuação das pessoas da Equipe da Vira, ou de qualquer outra organização que não seja do NE. Não se trata, portanto, da atuação do educomunicador, mas sim de uma especificidade política que a Vira não daria conta enquanto ong. Produzir o conteúdo da Revista interfere em toda e qualquer atuação de qualquer participante da Vira. desde o adolescente do Acre até a coordenadora da equipe em SP. É a razão de ser da Vira. principal projeto como já tinha dito. 203 Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Não que haja uma gestão, mas nos organizamos de acordo com cada ação que queremos desenvolver, além das produções para a revista. Cada integrante, uns 10 no total, participa como pode. Ex.: Se vai rolar uma cobertura, nos organizamos na preparação do material, equipementos, comunicação com os realizadores e convite a outros jovens a participarem da cobertura. A nossa prioridade é sempre questões que envolvam o mundo das juventudes de Fortaleza e do Ceará. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? Concretamente, não. O que fazemos é observar a participação dos jovens e comentários sobre a cobertura e outras ações que desenvolvemos, como o Seminário que realização ano passado, sobre a juventude nos meios de comunicação, em Fortaleza. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? Priorizamos sempre a produção de conteúdo para a revista e para o site. Tendo sempre a revista como um meio de reproduzir nossas realizações, além da visão dos jovens sobre determinado assunto. Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Com certeza. Priorizamos a participação dos jovens de qualquer forma. Ele/ela não precisa estar preso a nada. Afinal, defendemos a liberdade e participar como queira já é um começo para conseguirmos sua participação mais ativamente, uma outra forma de participar. Escrever para a revista/portal a cada se tornando consequência. Uma otima consequência. Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? Acho que estar organizado ou não organizado, demanda questões organizacionais. Para muitos jovens/adolescentes ter que cumprir prazos não é algo legal. Mas, quando você faz o que gosta e o que quer, esses princípios de organização nos deixa mais comprometido com a causa. Assim, cada um sabe o que fazer e até quando. Se está ali para participar é preciso ter um pouco de compromisso e responsabilidade. Duas coisas asvessas aos ouvidos e olhos dos adultos em relação a juventude. 204 Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais? Sim. Por mais que seja uma ferramenta, como todo os meios de comunicação tem lá suas fragilidades. A questão de estarmos conectados pela revista, não quer dizer que estes jovens estão realmente participando e em rede. Por que digo isso? Muito simples: Mesmo estando produzindo as matérias, esses jovens acabam muitas vezes ficando somente no seu cantinho. Quando vc começa a estimular outras formas de produção de conteúdo que não precisa ser só a revista, você faz com quer esses jovens possam fazer isso, independente da revista. Ex.: Realização de oficinas de Fazine, jornal mural, audiovisual. Oficinas nacionais fariam com que a revista pudesse ser realmente além de papel preenchida de conteúdo. Intercâmbios de experiências. Enfim, possibilitar e não só estimular. Digo isso por questões como tivemos no Encontro Nacional de 2010: Fizemos várias atividades, mas muitas só foram legais ali, falta algo a mais para que elas possam acontecer na real. Muitos jovens querem começar algo novo, legal. Mas como e por onde começar é a grande questão. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Quando vim do interior do Ceará para Fortaleza, por meio de um projeto da ONG Catavento, vim em busca de meus sonhos ou de novos. Cheguei aqui como todo menino do interior, sem saber de muita coisa e nem por onde começar a construir as bases para os meus sonhos. Mas, comecei a buscar e a construir. É aí que chego ao Paulo, um meninão, um sonhador e um cara. Um cara que saiu do Ceará para correr atraz dos seus sonhos. Saiu do Brasil, para novamente realizar seus desejos. Enfim, ele representa que, se sonhamos, não podemos ficar sentados, esperando e nem sonhar sozinho. É preciso lutar, correr e até brigar se for preciso para conseguir aquilo que queremos. Acho que a Viração perdeu muito com o seu afastamento. Não digo que a revista perdeu seu teor, sua base. Mas, sentimos muito com a sua saída do país. Se renovar é preciso, isso demora, mas vamos aprendendo com isso. Espero que a Viração não deixe de ser um sonho, para se tornar somente uma revista. Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? Até hoje nunca observi e nem senti isso em nível local. Friso, que não podemos fazer da revista, deste espaço, algo como as revistas comerciais que somente fazem reuniões de pauta e as cumpre. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Aos poucos vamos vendo os resultados quando fazemos parte de um grupo que está de alguma forma mudando a realidade, seja pela comunicação ou por ações mais diretas nas nossas comunidades. Sem falar, dos resultados diretos em nossa vida, como as questões do fortalecimento daquilo que acreditamos e promovidas para as mudanças sociais e culturais das juventudes. Minha é reflexão que não é preciso muito para mudar o mundo ou as pessoas, mas o pouco que você faz é muito diante do nada. Portanto, não é preciso querer mudar o mundo sozinho, basta querer muda-lo para melhor, isso já significa muito. 205 Existe uma gestão das práticas educomunicativas do Conselho Jovem (Virajovem)? Se sim, como isso é feito? Quais são as funções e as prioridades da equipe responsável por tal gestão? Quem é essa equipe? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Resp.: Eu considero que existe sim uma gestão das práticas educomunicativas. Ela é desenvolivada com a participação de jovens voluntários que se propõe a contribuir com a revista, mas que desenvolve o papel de coordenador seria uma das pessoas que editam os artigos e matérias desenvolvidas, que no caso seria um dos redatores da revista. Como a revista é voltada para jovens, então a prioridade é que suas opiniões e vontades sejam expostas mais que tudo. Por isso, eu estou de acordo com prioridades desenvolvidas na “gestão” da Vira (como é chamada carinhosamente) rs. Quais são as funções e as prioridades da equipe de gestão da Viração? Você está de acordo com tais prioridades? Se não, por quais você primaria? Resp.: As funções e prioridades da equipe de gestão da Viração está voltada por traduzir o olhar e a vontade dos jovens para um artigo, uma matéria que fale sobre os acontecimentos sociais e mundiais e de como eles estão inseridos em tal contexto. E eu estou de acordo com a forma com que são desenvolvidas as prioridades e acredito que não há o que mudar de fato, mas sim, pontos de melhoria como tudo na vida tem. Existem indicadores de avaliação que retratem os resultados obtidos pelas práticas dos Conselhos Jovens (Virajovens)? Se sim, quais são eles? Se não, como cada Virajovem verifica o impacto social de suas práticas? Resp.: Existem resultados dos Virajovens que se relacionam entre si, ou seja, em comparativos. De forma que são analisados se deu certo em tal estado, será que daria certo aqui e assim por diante. A proposta de produção de conteúdo feita de maneira colaborativa pelos adolescentes para a revista e o portal ocupa que grau de importância em relação a outras atividades desenvolvidas pelo Virajovem? Resp.: Acredito que não, porque elas agem em conjunto. Um adolescente pode integrar o Virajovem apenas politicamente, participando de atividades no âmbito da mobilização, sem ter que se comprometer com a produção de conteúdo para a revista e o portal? Resp.: Sim pode. Até porque tem jovens independentes que partiiparm da Vira, sem ser vinculados a um Virajvem especifico. Você concorda com os moldes operacionais de produção da revista e do portal (cumprimento de pautas, prazos e outros compromissos)? Se não, como deveria ser, na sua opinião? 206 Resp.: Em partes. Hoje eu creio que a revista poderia investir um pouco mais em marketing para ser um pouco mais conhecida e divulgada na mídia. Mas isso, exige “grana” e tempo. Porém, de forma geral, acredito que forma como as coisas são elaboradas e realizadas para o padrão da revista, está satisfatório. Você pode apontar fragilidades e êxitos na gestão dos processos adotados no dia a dia da Viração? Se sim, quais?] Resp.: Hoje não mais porque não estou acompanhando assiduamente a Vira, porém, no tempo em que participava de forma efetiva uma das fragilidades maiores era, a falta de capital para desenvolvimento de alguns projetos e os maiores êxitos foram as premiações que a revista recebeu. O que a figura de Paulo Lima representa para você? Como você entende o afastamento presencial do fundador da Viração e a reconfiguração de sua atuação junto à ONG? Resp.: Eu encaro como sendo lamentável, pois ninguém terá a mesma dedicação que ele teve com revista, por mais empenhado que possa ser o novo gestor, foi o Paulo quem correu atrás de tudo para que ela pudesse exitir. De qalquer forma, não é um afastamento total. Mas fazer o quê? A vida é composta de ciclos. Os Virajovens têm suas atividades afetadas por decisões de ordem administrativa da Viração? De que maneira? Resp.: Acredito que só são impedidas quando se trata de dinheiro, pois aí tem que ser feito um orçamento dos custos e/ou quando não condiz com a proposta de determinado projeto. Como você percebe o resultado das suas práticas enquanto um virajovem? Em quais momentos? Qual a sua reflexão sobre isso? Resp.: O resultado das minhas práticas enquanto Virajovem, são sempre refletidos nas minha atuação enquanto cidadã e da minha percepção de mundo. Por crer que sempre em equipe podemos mais do que sozinhos e não centralizar em mim as tomadas de decisões quando em algum momento sou líder de algum evento.