FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO DE TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA CLEODIANE DA SILVA CASTRO ISADORA LOPES VALENTE MARLISON ANDREY OLIVEIRA BARROS A IMPORTÂNCIA DA ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DO ABORTO Belém-PA 2013 FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA CURSO DE TECNÓLOGO EM RADIOLOGIA CLEODIANE DA SILVA CASTRO ISADORA LOPES VALENTE MARLISON ANDREY OLIVEIRA BARROS A IMPORTÂNCIA DA ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DO ABORTO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Radiologia das Faculdades Integradas Ipiranga como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Radiologia, na tipologia Monografia. Orientador: Profº Stanley Soares Xavier. Belém-PA 2013 CLEODIANE DA SILVA CASTRO ISADORA LOPES VALENTE MARLISON ANDREY OLIVEIRA BARROS A IMPORTÂNCIA DA ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DO ABORTO Folha de aprovação do Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Radiologia das Faculdades Integradas Ipiranga como requisito parcial para a obtenção do título de Tecnólogo em Radiologia, na tipologia Monografia. Orientador: Profº Stanley Soares Xavier. Data: ______________________ Resultado: __________________ BANCA EXAMINADORA Avaliador 1: Prof. Dirceu Costa dos Santos Assinatura: _____________________________________ Avaliador 2: Profª. Diene Conceição Poiares Aranha Assinatura: _____________________________________ DEDICATÓRIA Dedico essa vitória alcançada ao maior responsável por ela, Deus, pois sem Ele nada seria possível. Aos meu queridos pais pelo esforço, dedicação e compreensão, a minha adorável irmã, ao meu namorado por toda força e energia positiva, a minha família que são a razão do meu viver, a vocês sempre dedicarei minhas vitórias. Cleodiane da Silva Castro DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus, a minha família por estar sempre presente em todos os momentos da minha vida e a todos que contribuíram para a realização deste sonho, muito obrigada. Isadora Lopes Valente DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a Deus por tudo que ele tem proporcionado na minha vida e por estar sempre comigo em todos os momentos. A minha família e amigos, mas principalmente a minha mãe e ao meu irmão, pois ambos foram essenciais para o início e final desta jornada. Marlison Andrey Oliveira Barros AGRADECIMENTOS Agradeço essa vitória a Deus, meu mestre, meu porto seguro, o maior responsável por ela, por me conceder o bem maior que é a vida, por ter cuidado de mim na trajetória da minha vida, por me dar força, discernimento e sabedoria durante a minha caminhada acadêmica. Obrigada Senhor! Ao meu Pai senhor José Luiz Moreira de Castro, que me dar amor, educação, caráter, princípios éticos e morais, que me apoiou durante toda a vida e no período de duração do curso, por ter investido em mim sem medir esforços, por conduzir a minha vida pelo caminho do bem. Obrigada meu Pai! A minha querida Mãe a senhora Cleonice Castro, que me dar amor incondicional, educação, força, apoio, amizade e cumplicidade, obrigada mãe pelo seu cuidado, por participar comigo durante essa caminhada, que nunca permitiu que eu desistisse, por ter acreditado em mim, por ter me apoiado nos momentos difíceis, por fazer de meus objetivos suas metas, eu a amo muito, é pra mim grande exemplo de força, coragem e perseverança. Obrigada Mãe! A minha irmã Jessica Castro que me deu força para seguir e lutar pelos meus ideais, por me entender com um olhar com um gesto, com uma simples palavra me confortar, por tudo o que representa pra mim. Obrigada minha Irmã! Ao meu namorado Leonardo Mastop pelo seu amor, dedicação, cuidado, compreensão, paciência, pessoa com quem amo compartilhar a vida, que sempre esteve comigo, me estimulou a seguir em frente e me dando a mão nas horas mais difíceis, me deu força, juntos compartilhamos expectativas, ansiedades, alegrias. Obrigada Amor! A minha família, minha avó Normélia Cruz, tios (as), primos (as) e amigos que me ajudaram com suas orações e acreditaram que eu seria capaz, ao meu grupo de TCC: Isadora Valente e Marlison Andrey, pelo apoio nesta importante etapa de minha vida. A todos da turma RDV-111 pela amizade construída durante esses três anos que passaram, juntos compartilhamos prazeres, dificuldades, alegrias. Os momentos vividos com vocês durante tantas horas vão estar guardado. Vocês me ensinaram que a forma com que trilhamos os caminhos pode ser mais gratificante do que chegar ao fim da linha. Ao nosso orientador prof. Stanley Xavier, prof. Diene Aranha, professor e coordenador Dirceu Santos, e aos demais professores da instituição que fizeram parte na construção da minha vida acadêmica, que contribuíram para meu aprendizado, por compartilhar parte de seus conhecimentos, disponibilidade e dedicação. Deus os Abençoe! Cleodiane da Silva Castro AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que me iluminou todos estes anos, que fez com que eu não desistir do meu sonho, e esteve comigo em todos os momentos na minha vida. Aos meus pais, Jurueno Pimenta Valente e Doraci Brabo Lopes, vocês que me deram a vida, me deram uma criação soberana fizeram de mim um ser humano responsável, honesta de um caráter sem igual. Não mediram esforços para que eu realizasse um sonho, acreditaram em mim e na minha capacidade, me incentivaram. Meu pai agradeço a ti por tudo, minha mãe tu és minha referência de esforço e dedicação, muito obrigada. Agradeço ao meu grande amor Francimarcos Pacheco, pois foi você que esteve ao meu lado dia após dia em todos os momentos, presenciou momentos de grandes dificuldades e momentos de extrema alegria, deu me forças, caminhamos junto nesta trajetória, te agradeço pela compreensão meu amor, e por não ter desistido de mim. Aos meus irmãos Rafaela Lopes Valente e Jurueno Pimenta Valente Junior, que estiveram comigo nesta jornada árdua. Minha irmã querida, que compreende minha ausência, e não me critica. Meu irmão amado que apesar de longe esteve sempre presente perguntado e oferecendo ajuda, venho hoje deixar a vocês o meu muito obrigada. Agradeço também aquelas pessoas, que de alguma maneira colaboraram par está vitória, família, parentes e amigos da turma RDV 111. E por ultimo mais não menos importante ao meus parceiros de TCC, Cleodiane Castro e Marlison Andrey, agradeço a ajuda de ambos para a construção deste trabalho. Isadora Lopes Valente. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que foi o provedor e o precursor de tudo, se não fosse por Ele, concluir o curso, não seria possível. Agradeço a minha família, pelo apoio e incentivo, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Sou grato a minha namorada Natacha por estar ao meu lado sempre, e enfrentar comigo todos os desafio que a vida nos impõe; eu agradeço pela sua paciência e por não desistir de mim. Agradeço também a sua família, que assim como a minha, não mede esforços para me ajudar. Meu obrigado as minhas parceiras de TCC Isadora Valente e Cleodiane Castro que foram incansáveis na realização deste trabalho, a toda a turma RDV 111 por esses três anos de companheirismo e a toda equipe docente, por acrescentar não apenas conhecimento, mas compartilhar suas experiências que com certeza foram fundamentais no meu crescimento profissional. Por mais amor que se tenha, sei o quanto o trabalho de vocês é árduo, por isso eu os valorizo e os respeito mais ainda. E por fim, o meu muito obrigado a todos que direta e indiretamente estiveram comigo durante esta jornada e contribuíram na minha formação. Marlison Andrey Oliveira Barros “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Bíblia – Isaías 41: 10) “Nascemos para manifestar a gloria do universo que esta dentro de nós. Não apenas em um de nós: esta em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos a outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente libera os outros.” Nelson Mandela “Um ladrão rouba um tesouro, mas não furta a inteligência. Uma crise destrói uma herança, mas não uma profissão. Não importa se você não tem dinheiro, você é uma pessoa rica, pois possui o maior de todos os capitais: a sua inteligência. Invista nela. Estude!” Augusto Cury RESUMO O exame ultrassonográfico tem sido empregado como método diagnóstico capaz de diferenciar as gestações viáveis das inviáveis, o ultrassom graças a suas propriedades físicas, é um método de formação de imagens, que permite a visualização e estudo de estruturas anatômicas internas. O objetivo do trabalho é avaliar o papel da ultrassonografia no processo de abortamento em gestantes. Para isso foi realizado um estudo do tipo revisão bibliográfica a partir de estudos sobre a importância do ultrassom no processo de abortamento, onde o resultado obtido foi um estudo que consistiu na avaliação ultrassonográfica em gestantes que apresentaram quadro clínico de ameaça de abortamento (sangramento vaginal), onde possivelmente pode ser diagnosticada a inviabilidade da gestação. Nos exames de ultrassonografia em pacientes que de alguma maneira passaram pelo processo de aborto foi de suma importância, pois o mesmo consegue identificar a ausência de sinais vitais ou presença de saco gestacional sem embrião, também o mesmo é capaz de mostrar quando a cavidade uterina esta vazia ou mostrar imagens sugestivas de coágulos. Palavra chave: abortamento, ultrassonografia, gestante. ABSTRACT The ultrassonagraphy exam has been used as a diagnose test, able to differentiate the seccessed and unsuccessed pregnancy. By the ultrassonography physician property has a methody of image creation, permitting the visualizang and studying of internal anatomics structures. The purpose of the work is to avaliate the ultrassonography rules the abortion process in pregnantes womens. Therefore was performed work such as bibliograph review, starting from the importance of the ultrasound into the abortion process. The results found was a studying based on ultrassonography avaliation in pregnantes who has clinical datas , notifying likely of abortion. (vaginal bleeding) where may be identified the unsuccess of the pregnancy it was very important the ultrassonagraphy exams for the patients who had and abortion. Co’s it gets to identify the absent of vital signs or presence of pregnancy bag without embryo, also it’s able to show when the uterin apace is empty or show suggested images with spots. Keywords: Abortion. Ultrassonagraphy. Pregnant SUMÁRIO 1 INTRODUÇÂO .................................................................................................. 16 2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 18 2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................ 18 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 18 3 METODOLOGIA ............................................................................................... 19 4 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 20 4.1 HISTÓRIA DO ULTRASSOM ......................................................................... 20 4.2 PRIMEIRAS UTILIZAÇÕES DO ULTRASSOM NA MEDICINA DIAGNÓSTICA .................................................................................................... 21 4.3 ULTRASSOM ................................................................................................. 22 4.4 FÍSICA DO ULTRASSOM .............................................................................. 23 4.4.1 Comprimento de onda e frequência ........................................................ 23 4.4.2 Propagação do som .................................................................................. 23 4.4.3 Impedância acústica ................................................................................. 25 4.4.4 Reflexão e refração ................................................................................... 25 4.4.5 Atenuação .................................................................................................. 25 4.4.6 Transdutores ............................................................................................. 26 4.5 TIPOS DE ABORTO ...................................................................................... 28 4.5.1 Ameaça de abortamento ........................................................................... 30 4.5.2 Abortamento completo ............................................................................. 30 4.5.3 Aborto inevitável / incompleto ................................................................. 31 4.5.4 Aborto retido ............................................................................................ 32 4.5.5 Abortamento infectado ............................................................................ 32 4.5.6 Abortamento habitual .............................................................................. 33 4.5.7 Abortamento eletivo previsto em lei ....................................................... 34 4.6 ABORTO NO MUNDO ................................................................................... 34 4.7 ABORTO NO BRASIL .................................................................................... 34 4.8 ABORTO NO BRASIL ASPECTOS LEGAIS .................................................. 35 4.9 ABORTAMENTO SEGURO ........................................................................... 37 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 38 6 CONCLUSÃO .................................................................................................. 40 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 41 16 1 INTRODUÇÂO O exame ultrassonográfico tem sido empregado como método diagnóstico capaz de identificar as gestações viáveis das inviáveis, adotando em todos os casos conduta distintas aguardando-se a possibilidade da ocorrência clínica do abortamento espontâneo e ou fazer uso do mesmo pós aborto em qualquer circunstância para intervir no intuito de salvar a vida dessa mulher, obedecendo todo e qualquer legislação vigente (JOHANNSEN, 1970 apud WATANABE et al., 2000). O ultrassom graças a suas propriedades físicas é um método de formação de imagens, que permite a visualização e estudo de estruturas anatômicas internas. Esse exame é de grande interesse pelas suas diversas vantagens em relação a outros exames de imagens, uma dessas vantagens é o baixo custo desse exame, e é muito comum encontrarmos em centros hospitalares, é de rápida execução, é um exame de imagem que permite maior contato entre o paciente e o medico radiologista, o que propicia uma maior obtenção de dados clínicos e ajuda a focar a pesquisa ultrassonográfica, permite a obtenção de imagens em diversos plano, pode-se estudar o perfil hemodinâmico de uma estrutura, é seguro pois não utiliza radiação ionizante como outros exames radiológicos, e possui a grande vantagem de ser um exame em tempo real, onde as imagens são obtida no mesmo instante, permitindo ao operador ter uma noção funcional do órgão, além da realização de manobras que auxiliem no estudo anatômico e patológico (MASSELLI, WU e PINHEDO, 2013). Segundo Kawamoto, Santos e Matos (1995) e Burlacchini (2013), é caracterizado aborto quando ocorre a interrupção da gravidez até a 20ª, 22ª semana, isso é, até o quinto mês de gestação. Mas é preciso que o feto esteja pesando menos de 500 gramas para ser definido como abortamento, se tiver 500 gramas ou ocorrer entre a 22ª à 36ª semana de gravidez, é considerado prematuridade. O Aborto espontâneo também conhecido como aborto involuntário, referese a eventos de causa natural, e não a abortos decorrentes de procedimentos cirúrgicos ou de uso de medicamentos. Outros termos para perda gestacional prematura é aborto completo, aborto inevitável/ incompleto, aborto habitual, aborto infectado e aborto retido. E a ultrassonografia abdominal ou transvaginal pode ser 17 realizada para verificação do desenvolvimento e batimento cardíaco do feto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). A ultrassonografia tem Como finalidade observar os achados ultrassonográficos nos casos com ameaça de abortamento ou para aquelas mulheres que tiveram um aborto em qualquer circunstância (WATANABE et al., 2000). 18 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Avaliar o papel da ultrassonografia no diagnóstico de abortamento em mulheres. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Traçar uma estratégia de busca e seleção de pesquisas sobre o tema através de livros e artigos selecionados; Descrever os benefícios da realização da ultrassonografia no diagnóstico do abortamento. 19 3 METODOLOGIA Foi realizado um estudo do tipo revisão bibliográfica a partir de estudos sobre a importância do ultrassom na prevenção de aborto, onde as fontes de estudo serão realizadas através de artigos selecionados nas línguas inglesa, espanhola ou portuguesa, independente do ano de publicação na biblioteca virtual em saúde (BVS) e PUBMED. A estratégia de busca e seleção dos artigos científicos foi realizado a partir dos descritores em saúde: “Ultrassom”, “aborto”, “prevenção” e “gravidez”. Após a seleção dos trabalhos científicos foi elaborado um quadro com as características dos estudos e seus resultados. 20 4 REVISÃO DA LITERATURA 4.1 HISTÓRIA DO ULTRASSOM Em 1793, foi observado pelo italiano Spallanzani, que os morcegos mesmo impedidos de enxergar, desviavam-se de obstáculos e apanhavam as suas presas no ar e que, quando eram impedidos de ouvir, mesmo com a visão mantida, perdiam completamente a capacidade de orientação em vôo. Já em 1877, a "Teoria do Som" foi publicada pela primeira vez. Este tratado praticamente inaugurou a física acústica moderna, Esta teoria foi posta em prática Durante a Primeira Guerra Mundial, através da utilização de geradores de sons de baixa frequência facilitava a navegação submarina, permitindo a detecção de icebergs (SANTOS, AMARAL e TACON, 2012). Alguns historiadores consideram a descoberta pelo físico francês Pierre Curie de piezoeletricidade em 1877 como o momento em que o ultrassom foi concebido. Em 1880, os irmãos Curie descobriram o efeito piezelétrico. Este efeito resulta da aplicação de uma pressão mecânica sobre a superfície de certos cristais que são capazes de gerar um potencial elétrico entre superfícies opostas, produzindo som numa frequência superior a 20 KHz, conhecido como ultrassom (SANTOS, AMARAL e TACON, 2012). No decorrer da Segunda Guerra Mundial, foi aperfeiçoado o estudo do ultrassom para fins militares com o desenvolvimento do SONAR (Sound Navigation and Ranging). Também, nesta época foi desenvolvido o RADAR (Radio Detection and Ranging) ou detecção de distâncias através de ondas de rádio utilizava-se do eco de ondas de rádio para a determinação de distâncias e localização de objetos no ar. Neste mesmo período, iniciou-se o desenvolvimento dos ultrassons para fins não militares, principalmente na metalurgia que foram considerados precursores dos aparelhos de ultrassonografia utilizados em medicina (SANTOS, AMARAL e TACON, 2012). 21 4.2 PRIMEIRAS UTILIZAÇÕES DO ULTRASSOM NA MEDICINA DIAGNÓSTICA A utilização dos ultrassons na medicina foi feita primeiramente no âmbito terapêutico, tendo sido aplicado em várias áreas, para o tratamento de artrite reumatoide e para tentativas de regressão da Doença de Parkinson na neurocirurgia. E em 1940, chegou a ser cogitado como um verdadeiro remédio, mais como seus benefícios como tal não tinha embasamento cientifico este método foi perdendo adeptos. O Ultrassom foi utilizado pela primeira vez para fins de diagnostico, por volta do ano de 1940, pelo neuropsiquiatria Karl Theodore Dussik, da universidade de Viena , quando tentava localizar tumores e verificar o tamanho dos ventrículos cerebrais, através da mensuração da transmissão dos sons pelo crânio (ALVES et al., 2000). Auxiliado por sua esposa, a médica Dorothy Howry, o também medico Douglas Howry, é considerado um dos pioneiros, na utilização da ultrassonografia diagnóstica, e foi condecorado pela Sociedade de Radiologia da América do Norte em 1957. Nesta época o paciente tinha que ficar submerso e imóvel dentro de uma banheira com água para a realização do exame (Figura 1). Era um procedimento nada prático e produzia imagens de péssima qualidade e resolução (ALVES et al., 2000). FIGURA 01. Paciente submerso e imóvel na banheira. Fonte: http://lucykerr.wordpress.com/2012/11/05/outra-boa-noticia/ Já na década de 1950, começa a ser usado um novo método utilizado até hoje. No lugar da banheira e da água agora é utilizado uma pequena quantidade de gel, que serve para aumentar e melhorar a superfície de contato entre a pele e o transdutor (ALVES et al., 2000) (Figura 2). 22 FIGURA 02. Gel acoplado a pele. Fonte: http://www.clinicafernandosantin.com.br/tratamentos.html 4.3 ULTRASSOM A ultrassonografia é um método de diagnóstico por imagem, que fornece informações em tempo real da arquitetura dos órgãos abdominais e pélvicos. As interfaces dos tecidos refletem o som, onde esta reflexão é processada por um computador produzindo uma fotografia ou uma imagem em movimento em um monitor (UFERSA, 2010 apud PEIXOTO et al., 2010). O conhecimento dos princípios físicos básicos desta técnica auxilia na compreensão do método. Por ser uma técnica não invasiva, precisa e de rápida mensuração, pode ser empregada em laboratórios ou a campo (HUDA e SLONE, 2003 apud PEIXOTO et al., 2010). A ideia básica de formação de imagem utilizando ultrassom é mapear as ondas ultrassônicas refletidas em diferentes níveis de cinza. Essa técnica é conhecida como princípio pulso eco. Isso significa que o som é produzido em pulsos, em vez de continuamente. A imagem é formada a partir dos ecos que retornam dos tecidos ao transdutor após cada pulso. Portanto, o tempo adequado para que todos os ecos retornem ao transdutor antes que ele pulse novamente deve ser respeitado (NYLAND e MATTON, 2004; KIMURA e COSTA, 2007, apud PEIXOTO et al., 2010). Quando o cristal pulsa, mais ou menos dois ou três comprimentos de ondas são emitidos em cada pulso antes que o bloqueio de retorno do transdutor amorteça a vibração. Desse modo, o comprimento do pulso espacial é normalmente dois ou três comprimentos de ondas curtos, e portanto, pulsos curtos correspondentes, se comparado a um transdutor de baixa frequência (NYLAND e MATTON, 2004; KIMURA e COSTA, 2007, apud PEIXOTO et al., 2010). 23 O comprimento de onda e a frequência são inversamente relacionados, se a velocidade do som no meio for mantida constante. Uma vez que a velocidade do som é independente da frequência, é praticamente constante nos tecidos moles do corpo, selecionar um transdutor de frequência mais alta causa diminuição do comprimento da onda sonora emitida, o que propicia melhor resolução (KREMKAU e CHAPTER, 2006, apud GISLAYNE et al., 2010). 4.4 FÍSICA DO ULTRASSOM 4.4.1 Comprimento de onda e frequência O som é o resultado da energia mecânica que viaja através da matéria como uma onda, produzindo alternadamente compressão e rarefação. As ondas de pressão são propagadas pelo deslocamento físico limitado da matéria, através da qual o som esta sendo transmitido. As alterações na pressão com o tempo definem as unidades básicas de medida do som. A distancia entre os pontos correspondentes na curva tempo-pressão é definida como comprimento de onda (λ) e o tempo (T) para se completar um ciclo isolado isto é denominado período. O numero de ciclos completos em uma unidade de tempo é a frequência (f) do som. A frequência e o período são inversamente proporcionais. Se o período (T) for expresso em segundos, f=1/T a unidade de frequência acústica é o hertz (Hz); 1 Hz= 1 ciclo por segundo. Frequências elevadas são expressas em quilohertz (KHz) ou Megahertz (MHz), (RUMACK et al., 2012). Na natureza, as frequências acústicas cobrem uma faixa de menos de 1 Hz até mais de 100.000 Hz (100KHz). A audição humana está limitada a parte inferior dessa faixa, estendendo-se de 20 a 20.000 Hz. O ultrassom difere do som audível apenas na sua frequência, o que vai de 500 a 1.000 vezes mais elevado que o som que normalmente ouvimos (RUMACK et al., 2012). 4.4.2 Propagação do som As ondas de pressão acústica podem viajar em uma direção perpendicular à direção das partículas que estão sendo deslocado (ondas transversais), porém nos tecidos e nos líquidos, a propagação do som se dá na direção do movimento das 24 partículas (ondas longitudinais). A velocidade na qual a onda de pressão se move através dos tecidos varia amplamente e é afetada pelas propriedades físicas do tecido. A velocidade de propagação é basicamente determinada pela resistência do meio à compressão, que, por sua vez, é influenciada pela densidade do meio e por sua rigidez ou elasticidade. A velocidade de propagação cresce com o aumento da rigidez e se reduz com a diminuição de densidade. No corpo, a velocidade de propagação pode ser considerada constante para um dado tecido, não sendo afetada pela frequência ou pelo comprimento de onda do som (RUMACK et al., 2012) (Figura 3). FIGURA 03. Velocidade de propagação típica em vários materiais. Fonte: RUMACK et al., 2012 No corpo, presume-se que a velocidade de propagação do som sai de 1.540 metros por segundo (m/s). Esse valor é a media das medidas obtidas nos tecidos normais. Embora este valor represente a maioria dos tecidos moles, alguns tecidos, como o pulmão aerado e a gordura, apresentam velocidades de propagação significativamente inferiores a 1.540 m/s, e outros, como osso, apresentam velocidades maiores (RUMACK et al., 2012). 25 4.4.3 Impedância acústica A impedância acústica está relacionada com a resistência, ou dificuldade do meio a passagem do som. Corresponde ao produto da densidade do material pela velocidade do som no mesmo. Quando o feixe sonoro atravessa uma interface entre dois meios com a mesma impedância acústica, não há reflexão e a onda é toda transmitida ao segundo meio. É a diferença de impedância acústica entre dois tecidos que define a quantidade de reflexão na interface, promovendo sua identificação na imagem (RUMACK et al., 2012). 4.4.4 Reflexão e refração É a forma pela qual o ultrassom é refletido ao atingir uma interface acústica e determinada pelo tamanho e pelas características da superfície. Se for grande, e relativamente lisa, a interface reflete o som tal como um espelho reflete a luz. Já a refração quando o som passa de um tecido com velocidade de propagação acústica para outro tecido com propagação maior ou menor é a mudança de velocidade e de direção que sofre a onda sonora ao passar de um meio elástico a outro (RUMACK et al., 2012). 4.4.5 Atenuação A atenuação é a diminuição da intensidade do feixe sonoro ao atravessar o tecido (perda de energia), a medida que o som passa pelo tecido, o som perde energia e as ondas de pressão diminuem de amplitude a medida que se distanciam do transdutor. A transferência de energia para o tecido, resultando em aquecimento (absorção), a remoção da energia pela reflexão e a dispersão são fatores que contribuem para a atenuação do feixe ultrassónico (RUMACK et al., 2012). 26 4.4.6 Transdutores De modo geral os transdutores ultrassonográficos são partes de fundamental importância para a realização dos exames de ultrassonográficos. Pois trata-se de um dispositivo que gera energia mecânica (sonora), e em seu interior possui um ou mais elemento piezoelétrico o mesmo é também conhecido como cristais piezoelétrico. Este por sua vez vibra, quando aplicamos um pulso elétrico eliminando assim o ultrassom. O mesmo também pode receber energia mecânica após interação com o meio de propagação e ira transforma-la em energia elétrica (MANN e BUTTON, 2008 apud PEIXOTO et al., 2010). A frequência para cada exame é diferente, e depende da escolha de cada transdutor, isso porque os cristais têm características especiais, assim como a espessura do material piezoelétrico utilizado na construção. (NYLAND e MATTON, 2004; CARVALHO, 2004 apud PEIXOTO et al., 2010). A frequência é definida como o número de ondas de ultrassom que são repetidas por segundo, tais repetições são chamadas de ciclos. E para uma boa resolução da imagem é necessário um pequeno comprimento de onda. A frequência e o comprimento de onda, são inversamente proporcionais, se a velocidade media permanecer constante (WELLS, 1969; BARR, 1990 apud AUGUSTO e PACHALY, 2000). Segundo Fischetti e Scoll (2007) apud Augusto e Pachaly (2000), os transdutores podem ser classificados de acordo com a imagem obtida. Que podem ser setoriais eletrônicos ou mecânicos, diferentemente dos lineares e convexo, que são somente eletrônicos. Os setoriais e os convexos dão origem a feixes sonoros de linhas paralelas. O transdutor do tipo linear (Figura 4) é composto por vários cristais que são dispostos em linha, dentro da região cranial do transdutor (BARR, 1990 apud AUGUSTO e PACHALY, 2000). Esse transdutor necessita de uma grande área de contato com a pele do paciente. Já os transdutores convexos (Figura 5) e micro convexo (Figura 6) são variações desse tipo de transdutores com a vantagem de precisarem de uma menor área de contato com a pele da pessoa que estiver passando por um exame de ultrassonografia (NYLAND, MATTOON e WISNER, 1995 apud PEIXOTO et al., 2010). 27 FIGURA 04. Transdutor linear. Fonte: www.siui.com FIGURA 05. Transdutor convexo. Fonte: www.siui.com FIGURA 06. Transdutor micro convexo. Fonte: www.siui.com 28 O transdutor emite o pulso em menos de 1% do tempo de ação, sendo que nos 99% restantes aguarda e capta o retorno dos ecos (DOWDEY e MURRY, 1990 apud AUGUSTO e PUCHALY, 2000). A cada pulso do cristal aproximadamente dois ou três comprimentos de onda são emitidas. Um transdutor de alta frequência emite comprimento de onda de ultrassom curto, consequentemente terá um pulso mais curto que o transdutor de menor frequência (HERRING e BJORNTON, 1985 apud AUGUSTO e PUCHALY, 2000). Existem também transdutores que tem características de operar em frequências diferentes, obtendo varias vantagens incluindo a característica de varias profundidades de penetração sem que haja a necessidade de troca de transdutor (FISCHETTI e SCOLL, 2007 apud PEIXOTO et al., 2010). 4.5 TIPOS DE ABORTO É necessário a atenção adequada para aquelas mulheres que realizam o aborto, pois existe a dificuldade para que essas mulheres reconheçam os sintomas e os sinais de uma possível complicação desses procedimento, onde o risco agrava ainda mais, pelo fato que existe a vergonha, o medo o que são fatores que agravam ainda mais o atraso em busca de cuidados e ajuda a essas pacientes. Se faz necessário também, a superação da descriminação, e a desumanização no atendimento as mulheres em situação de abortamento, ainda nos dias atuais existe recusas na internação em certos hospitais ou a longa espera para o atendimento, e também a demora na resposta as demandas das mulheres, seja por desqualificação dos sintomas seja por toma-los como expressão de um suposto sentimento de culpa por terem provocado o aborto (BRASIL, 2011). As complicações emergenciais são frequentes e geralmente são decorrentes do processos de abortamento infectado. Em casos de aborto provocado, existe a possibilidade de perfuração da cavidade uterina, e, além disso, a utilização de substancias química pode levar a um quadro de necrose miometrial, infecções por clostridium que pode levar a anemia hemolítica fulminante e insuficiência renal aguda, hemoglobinúria, anemia e cianose perioral. Existem condutas especificas conforme o tipo de abortamento, onde podem ser classificados como ameaça de abortamento, abortamento completo, abortamento inevitável/incompleto, 29 abortamento retido, abortamento infectado, abortamento habitual e abortamento eletivo previsto em lei (BRASIL, 2011). Em casos de aborto os exames solicitados são o de hemograma com contagem de plaquetas, tipagem sanguínea, exames de urina, ureia, creatina, coagulograma, hemocultura, bilirrubina, cultura de secreção endocervical e de material endometrial, e é solicitado também exames de imagem como as ultrassonografias, Raio-x de abdômen e de tórax e a tomografia computadorizada de abdômen. Também é solicitado o exame espetacular que é um exames importante no processo de abortamento e seu diagnóstico. Tal exame tem por objetivo observar a cérvix, verificando se o sangramento tem origem intra-uterina e se o orifício permanece fechado, geralmente utilizado quando se suspeita de ameaça de abortamento (BRASIL, 2000; SMELTZER et al, 2002; BRASIL; 2011). Segundo Rezende e Montenegro (2008), o Exame Clínico consiste em observar a situação em que a paciente se encontra. Quando se trata de um aborto inevitável só as características do processo determinam o diagnóstico de abortamento, sendo os sintomas dor intensa, a perca de grande volume sanguíneo. Quando se trata de aborto infectado o exame clínico é muito importante no diagnóstico por se tratar de um processo com sintomas. Rezende e Montenegro (2008), firma ainda que o exame de ultrassom transvaginal é realizado com objetivo de verificar ou não a presença de restos fetais ou placentários no útero, estes são achados importantes para diagnosticar aborto incompleto, é realizado com a introdução do transdutor do tipo endocavitário no útero, obtendo imagens internas. 30 4.5.1 Ameaça de abortamento São casos em que não existe abortamento, e sim uma ameaça, caracterizada por um pequeno sangramento genital, e de pequena intensidade, onde a mesma pode ser acompanhada de dor, geralmente de pouca intensidade. O exame de ultrassom mostra-se dentro dos padrões de normalidade, com feto vivo, podendo encontrar pequena área de descolamento ovular. Para esses casos Não há necessidade de atendimento emergencial ou internação hospitalar, devendo apenas a mulher ficar em repouso, até a cessação da perda sanguínea e manter acompanhamento pré-natal (BRASIL, 2011) (Figura 7). FIGURA 07. Aspecto ultrassonográfico do deslocamento ovular parcial. Fonte: RIOS et al., 2009 4.5.2 Abortamento completo Esse tipo de aborto geralmente ocorre em gestações com menos de oito semanas. Existe a perda sanguínea, e as dores diminuem ou cessam, após a expulsão do material ovular. O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de ultrassom encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos (BRASIL, 2011) (Figura 8). 31 FIGURA 08. Ausência de produtos retidos: Espessura endometrial de 5mm com pequeno conteúdo intracavitário correspondente a coágulos. Fonte: RIOS et al., 2009 A conduta emergencial nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina. Em casos de persistência de sangramento, pode ser necessário o uso de uterotônicos, ou pode ser realizada uma Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) com cânula bem fina. É importante ressaltar que a curetagem uterina deve ser usada apenas quando a aspiração não estiver disponível. (BRASIL, 2011). 4.5.3 Aborto inevitável / incompleto O sangramento é maior do que na ameaça de abortamento, e diminui com a saída de coágulos ou de restos ovulares, geralmente com dores de maior intensidade que na ameaça, e o orifício cervical interno encontra-se aberto. Em gestações com menos de 12 semanas, indica-se a aspiração manual ou elétrica intrauterina por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros compatíveis com gestação superior a 12 semanas, principalmente se o feto ainda estiver dentro do útero, emprega-se o misoprostol na dose de 200mcg de 12/12 horas, via vaginal, em ciclos de 48 horas de tratamento, com 3 a 5 dias de intervalo. Após a expulsão, persistindo o sangramento, se o tamanho uterino for menor ou igual a gestação de 12 semanas, pode-se realizar a complementação por aspiração uterina. Se o volume uterino for maior de 12 semanas utiliza-se a curetagem uterina. Em situações onde o esvaziamento é emergencial (hemorragias graves ou infecções graves), o uso do misoprostol deve ser evitado (BRASIL, 2011). 32 4.5.4 Aborto retido É caracterizado quando através do exame de ultrassom é revelada a ausência de sinais de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião. Trata-se com misoprostol quando o útero corresponder à gestação maior que 12 semanas e por meio de Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) com útero correspondente a menos de 12 semanas (BRASIL, 2011) (Figura 9). FIGURA 08. Aborto retido. Fonte: http://burisp.blogspot.com.br/2012/05/ 4.5.5 Abortamento infectado Esse tipo de aborto é muito frequente, pois está associado a manipulação da cavidade uterina, através do uso de técnicas inadequadas. O esvaziamento uterino naqueles úteros com tamanho compatível com uma gestação de até 12 semanas, deve ser realizado por Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) (Figura 10), pois apresenta índices menores de complicações, necessidade de dilatação cervical menor e promover a aspiração do material infectado ao realizar esse procedimento deve-se ficar atento para o fato, de que a perda do vácuo pode significar perfuração uterina previa. Se for impossível o uso da AMIU pode ser feita a curetagem uterina previa (Figura 11). Para os casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a apresentar uma resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, fazer a retirada dos órgãos pélvicos. A presença de febre após os cuidados iniciais pode ser um indicio de abscessos pélvicos ou tromboflebite. Nesse caso indica-se a utilização da heparina (BRASIL, 2011). 33 FIGURA 10. Técnica AMIU. Fonte: http://o.oolco.com/kategori/kvinnelige-reproduktive-system/dilatasjon-og-utskrapning-d-og-c FIGURA 11. Técnica curetagem. Fonte: http://o.oolco.com/kategori/kvinnelige-reproduktive-system/dilatasjon-og-utskrapning-d-og-c 4.5.6 Abortamento habitual Este tem por característica a perda espontânea, e consecutiva de três ou mais gestações antes da 22ª. semana. É primário quando a mulher nunca conseguiu levar ate o fim qualquer gestação, e secundário quando houve uma gravidez a termo. Não há conduta específica, mas a ocorrência de abortamento habitual exige investigação médica posterior para descoberta da causa (BRASIL, 2011). 34 4.5.7 Abortamento eletivo previsto em lei A interrupção de gravidez é permitida quando for em casos de estupro, (abortamento sentimental), ou quando há risco de morte para a gestante (abortamento necessário) (OLIVEIRA, 1987). Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), 2012 durante o primeiro trimestre da gravidez consideram-se métodos aceitáveis a aspiração intrauterina (manual ou elétrica), o abortamento farmacológico e a curetagem uterina. No segundo trimestre, o abortamento farmacológico constitui método de eleição, podendo ser complementado, após a expulsão fetal, com curetagem ou aspiração uterina, segundo as condições clínicas da mulher. A interrupção da gravidez por meio de microcirurgia ou micro cesariana deve ser reservada para condições excepcionais (BRASIL, 2011). 4.6 ABORTO NO MUNDO Desde a década de 60 do século passado, se assiste no mundo todo um fenômeno de liberalização da legislação sobre o aborto. Em sintonia com os novos valores sociais, e revelando uma crescente sensibilidade diante dos direitos fundamentais das mulheres, legisladores ou Tribunais Constitucionais de incontáveis países como Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Espanha, Canadá, dentre tantos outros, promoveram significativas modificações em suas ordens jurídicas, legalizando a interrupção voluntária da gravidez, desde que realizada dentro de determinados prazos ou sob determinadas indicações. Neste contexto, a legislação brasileira caracteriza-se hoje como uma das mais severas, rigorosas e anacrônicas de todo o mundo (SARMENTO, 2005). 4.7 ABORTO NO BRASIL A Falta de informações confiáveis, e falta de conhecimento de suas consequências, o aborto é uma das principais causas de internação hospitalar. No Brasil as estimativas variam de, 730 a 940 mil abortos anuais. O risco de morte ou lesões permanentes como sequelas do aborto não depende apenas de como esse 35 aborto foi realizado ou quem fez, depende também do poder aquisitivo da mulher (ROCHA e ANDALAFT, 2003 apud LOUREIRO e VIEIRA, 2004). 4.8 ABORTO NO BRASIL ASPECTOS LEGAIS Atualmente a legislação do Brasil referente ao aborto é uma das mais restritivas. Aborto é crime previsto pelo código penal nos artigos 124,125 e 126, e existem penalidades tanto para mulher quanto para o medico que pratiquem esse ato. De acordo com o decreto lei 2848 de 07 de dezembro de 1940, incisos I e II do artigo 128 do código penal brasileiro, não é crime e não se pune aqueles abortos que o medico praticou com objetivo de salvar a vida da gestante ou para casos que a gestação foi resultados de estrupo e ainda para qualquer outra forma de violência sexual (OLIVEIRA, 1987; BRASIL, 2005). Vale lembra que o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante ou em casos de incapacidade pelo seu representante legal. Além disso, mediante solicitação e consentimento da mulher, o poder jurídico também concede o abortamento em caso de anomalias fetais graves com inviabilidade de vida extrauterina. Segundo o código penal a mulher que procura o serviço de saúde relatando que sofreu violência sexual deve ter credibilidade, ética, e ser tratada legalmente, devendo ser recebida como presunção de veracidade. O objetivo do serviço de saúde é garantir o atendimento, tanto o medico quanto qualquer profissional da saúde não deve temer consequências jurídicas, caso revele-se posteriormente que a gravidez não foi resultado de violência sexual (BRASIL, 2005; DREZETT et al., 2008). Segundo o código penal brasileiro artigo 20 §1º, é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias supõe situação de fato que, se existisse tornaria a ação legitima. Caso as cutelas procedimentais forem cumpridas pelo sistema de saúde, apenas a gestante responderá criminalmente caso constatado à inverdade de seus relatos (OLIVEIRA, 1987 e BRASIL, 2005). O artigo 07 do código de ética medica (CFM 1988), assegura que, o médico deve exercer a profissão com ampla autonomia, não sendo obrigado a prestar serviço profissionais a quem ele não deseja, salvo na ausência de outro medico, em casos de urgência, ou quando sua negativa possa trazer danos ao paciente (BRASIL, 2005). 36 Além disso, o artigo 28 do código de ética medica define claramente a possibilidade do medico a manifestar objeção de consciência nos casos de abortamento, recusando-se a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, seja contrários aos clitames de consciência. Essa objeção deve ser respeitada e o mesmo não deve sofre qualquer forma de correção, ameaça, intimidação ou discriminação, pela recusa de praticar o abortamento legal. Nesses casos o médico deve declara suas condições de objeções de consciência para a mulher ou representante legal de forma franca e clara, encaminhando-a a outra profissional ou serviço de saúde que concorde em efetuar o abortamento (BRASIL, 2005). O estupro é caracterizado pelo artigo 213 do Código Penal como, Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Quando é usada uma força física superior ao de uma mulher é caracterizada violência e ou uma grave ameaça de lhe fazer algum mal. A conjugação canal nada mais é que o coito vaginal, sendo esse crime limitado ao sexo feminino. Já artigo 214, é abordado o atentado violento ao pudor, crime de, constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal, como por exemplo, a sucção das mamas, manobras digitais eróticas ou a cópula anal ou oral. A violência ao pudor pode ser praticada contra homens e mulheres, sob as mesmas formas de constrangimento válidas para o estupro. Também vale lembra todo crime sexual cometido pelos maridos ou companheiro, não é ressalvado no Código Penal, nem em casos nos quais a mulher mantenha situação de união formal ou estável com o agressor (OLIVEIRA, 1987). A presunção da violência é um aspecto jurídico importante, o artigo 224 do Código Penal. Refere a uma serie de condições nas quais não ocorre constrangimento por uso de força ou de grave ameaça, mas que caracterizam, igualmente, estupro e atentado violento ao pudor. É caracterizado violência quando, a vítima é menor de 14 anos, é alienada ou débil mental, e o agressor conhece esta circunstância, ou quando não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência (PINHO, 1979; SAUM e INCIARDI, 1997). No atendimento de situações de violência sexual, incluindo-se casos que envolvam gravidez é exigido sigilo e segredo profissional. A constituição federal artigo 05 garante que, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a 37 imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização material ou moral decorrente de sua violação (BRASIL, 2005 e 2011). 4.9 ABORTAMENTO SEGURO Segundo a organização de saúde aborto é definido quando ocorre uma expulsão ou interrupção da gravidez até a vigésima e vigésima segunda semana de gestação, com o feto pesando menos de 500 gramas. O abortamento é considerado seguro, quando efetuado em ambiente apropriado, com técnicas adequadas e por profissionais de saúde capacitados, o abortamento é um procedimento seguro, com riscos reduzidos, se comparado com outros procedimentos médicos (WHO, 2003 apud DREZETT et al., 2008). A grande maioria das mortes maternas e das graves complicações e de tudo aquilo que pode trazer, poderiam ser evitadas ao usar técnicas seguras na interrupção da gravidez. Naqueles países que as mulheres têm acesso e serviço seguro de saúde, a probabilidade de morte em decorrência do abortamento é da ordem de 1 para 100.000 procedimentos (WHO, 2003 apud DREZETT et al., 2008). Uma outra alternativa de se realizar um abortamento seguro ainda no primeiro semestre de gestação é, o aborto medicamentoso com misiprostol, o que gera um aborto mais demorado e mais desconfortável, e também acaba trazendo mais desconforto, com efeitos gastrintestinais. A escolha da dose e da forma de administração do misoprostol varia em diferentes experiências. Toda e qualquer mulher que optar por esse método de interrupção, deve ser devidamente informada de suas limitações e efeitos, particularmente sobre cuidados, com eventual sangramento excessivo, esse método leva cerca de 24 horas após a última dose durante esse tempo a mulher deve permanecer em sua residência ou internada no hospital, em uma eventual falha desse método deve ser feita uma aspiração ou curetagem o que depende da decisão dessa mulher ou se suas condições clinicas (FAÚNDES, 1999; BRASIL, 2005; BOZA, 2005; FLASOG, 2005 apud DREZETT et al., 2008). 38 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os autores Watanabe et al. (2000) Nas gestações viáveis (na presença de batimentos cardíacos embrionário ou fetal), foi indicado o exame ultrassonográfico para avaliação da viabilidade da gestação. Foram incluídas nesta avaliação 247 gestantes com ameaça de abortamento. As gestantes viáveis totalizaram 53,4% (132/247), essa observação foi feita pelo exame ultrassonográfico, o quadro de pacientes onde foi diagnosticada a inviabilidade da gestação foi de aproximadamente 46,6% (115/247). O sangramento vaginal é definido como ameaça de abortamento, quando por meio do exame ultrassonográfico é identificada a inviabilidade da gestação é observada em cerca de 50% dos casos. Nos casos em que é diagnosticado feto vivo, a gestação em geral apresenta bom prognóstico, com risco de perda subsequente em torno de 10% a 20%. O exame Ultrassonográfico tem sido empregado como método diagnóstico capaz de diferenciar as gestações viáveis das inviáveis. Os autores Pedersen e Mantoni (1990) realizaram um estudo prospectivo em mulheres grávidas que tiveram ameaça de abortamento (sangramento vaginal), sendo feito o exame ultrassonográfico em 9-20 semanas de gravidez onde foi identificado hematoma subcoriônico em 18% (62/342). A taxa de aborto espontâneo em pacientes com hematoma subcoriônico correspondeu a 11% (7/62), em mulheres que não apresentaram hematoma foi de 10% (28/280). Hematomas subcoriônico são achados ultrassonográficos comuns e insignificantes encontrados em pacientes com sangramento vaginal e quando diagnosticado na gravidez a mulher tem mais probabilidades de abortamento espontâneo O trabalho em discussão foi composto de uma pesquisa em base de dados encontrados em artigos. Entre os trabalhos analisados, selecionamos poucos que tinham em discussão estudos em que demonstravam a importância do exame de ultrassonográfica com a finalidade de observar achados ecográficos nos casos com ameaça de abortamento. Este estudo consistiu na avaliação ultrassonográfica em gestantes que apresentaram quadro clínico de ameaça de abortamento (sangramento vaginal), onde possivelmente pode ser diagnosticada a inviabilidade da gestação. A amostra variou de 247 a 342 mulheres gravidas. Os exames foram 39 realizados no setor de Medicina Fetal (Clínica obstétrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) – São Paulo – SP, e o outro estudo foi feito no Hospital da Universidade de Conpenhagen – Dinamarca. O exame ultrassonográfico tem sido empregado como método diagnostico capaz de diferenciar as gestações com ameaça de abortamento, deve ser associado ao acompanhamento do pré-natal para verificar a viabilidade do feto, também é capaz de detectar batimento cardíaco embrionário ou fetal em pacientes que apresentam risco de perda fetal subsequente, o ultrassom também é capaz de prevenir problemas relacionados ao aborto (Quadro 1), quando é feito clandestinamente e ainda pode ficar resíduos no útero e consequentemente adquirir diversas doenças. Novos estudos de campo devem ser incentivados na comunidade científica para esclarecer o papel do ultrassom na gravidez com risco de abortamento. Quadro 1: Trabalhos encontrados e selecionados. Autor/ano Watanabe et al; 2000 Caracterização Avaliação em 247 gestantes com ameaça de abortamento. Jan Fog Pedersen, Margit Mantoni 1990 Estudo em 342 mulheres grávidas que tiveram sangramento vaginal em semanas 920 de gravidez e feto vivo mostrado com ultrassonografia. Local Clínica obstétrica da Faculdade de Medicina da USP – São Paulo – SP. Hospital da Universidade de Conpenhagen – Dinamarca. Conclusão/resultados 53,4% (132/247) gestações viáveis. 46,6% (115/247) gestações inviáveis. Ultrassonografia mostrou Hematoma subcoriônico em 62/342 (18%) pacientes que tinham ameaça de aborto. 40 6 CONCLUSÃO Este estudo permitiu compreender que o uso da ultrassonografia no aborto é um exame de grande importância para a saúde da mulher, pois o mesmo só vem a somar para o bem estar dessa paciente e excluir qualquer duvida de uma possível complicação gestacional. Nos exames de ultrassonografia em pacientes que de alguma maneira passaram pelo processo de aborto foi de suma importância, pois o mesmo consegue identificar a ausência de sinais vitais ou presença de saco gestacional sem embrião, também o mesmo é capaz de mostrar quando a cavidade uterina esta vazia ou mostra imagens sugestivas de coágulos 41 REFERÊNCIAS ALVES, A; BORGES, J; ROCHA, M; TEÓFILO, V; MENESES, A. Estudo de exames e aparelhos ultrassonográficos sendo aplicados no diagnóstico através das vias urinárias. Brasil, 2010. AUGUSTO, A; PACHALY, J. Princípios físicos da ultrassonografia. Brasil, 2000. BENUTE, R; NOMURA, P; PEREIRA, M; LUCIA, M; ZUGAIB. Abortamento espontâneo e provocado: Ansiedade, depressão e culpa. São Paulo-SP 2009. BOYCE, P., CONDON, J.T. e ELLWOOD, D.A. Pregnancy Loss: A Major Life Event Affecting Emotional Health and Well-Being. Medical Journals Association, v.176, Março de 2002, Editorial. BURLLACCHINI, M; VARELLA, D. Aborto espontâneo. 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