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Espiritualidade
Dominando a própria mente ...
Para alguém que leva a sério o desenvolvimento espiritual, a primeira questão é como domar
os aspectos desregrados da própria mente. Sobre este assunto, a monja budista Chagdud Khadro
dará uma palestra em Nova Friburgo no dia 26 de março, às 19 horas, na Usina Cultural.
*Alexandre Saioro
um processo que abarca muitos níveis
espirituais, envolvendo desde o principiante que busca o domínio do apego
comum ao interesse pelo próprio eu, até
o grandioso bodisatva, que liquida os últimos vestígios de apego a certos hábitos sutis da mente. Em cada estágio, o
crescimento da compaixão é a medida
que determina o quanto as amarras do
apego estão se afrouxando. A liberação
do egocentrismo permite a expressão
mais espontânea de nossas qualidades
naturais de compaixão. Especialmente,
desenvolvemos a aspiração sincera de
que todos os seres, nossos companheiros no reino do desejo, encontrem a liberação do apego ao mundo externo e
interno como sendo reais, libertando-se
da exaustiva busca pela realização de
seus desejos, que leva apenas, e cada
vez mais, em direção à ilusão e ao sofrimento. Essa também é a aspiração que
temos em relação a nós mesmos.
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Vivemos em busca, sempre em
busca de algo que achamos que precisamos. Poucas vezes questionamos a razão e o sentido destas buscas. E quando
fazemos isto, o que habitualmente questionamos sempre é o objeto da busca e
não este impulso contínuo de se apegar a
um objeto.
Se olharmos sinceramente como
são nossas vidas, veremos que ela se resume a uma movimento cíclico de busca
de alívio de alguma insatisfação ou desconforto onde o que procuramos mudar
é apenas o objeto de apego como, por
exemplo, condições ambientais e sociais,
e relacionamentos pessoais.
Será que nosso sofrimento se
dá pela falta, mudança ou perda de certos objetos de desejo, ou seria por esta
constante inquietação que nos leva a nos
apegarmos, desejarmos e odiarmos certos objetos?
Se investigarmos profundamente todo o sofrimento que existe no mundo,
veremos que sua origem está no apego.
Segundo o budismo, o apego é causado
pela ignorância de nossa verdadeira natureza, plena de contentamento, sabedoria
e compaixão. E ao entendermos o apego
e utilizarmos certas ferramentas para desfazer este estado mental, podemos eliminar as causas de nosso sofrimento, assim
como ajudar aos outros seres a não criar
estas causas.
No texto a seguir, Chagdud Khadro nos traz um esclarecimento inicial,
baseado na Sabedoria Budista, sobre a
natureza do apego, suas dolorosas conseqüências e como podemos lidar com ele.
Apego, uma primeira abordagem
Chagdud Khadro
O apego permeia de forma tão
completa a mente dos seres humanos e
determina tão consistentemente nossas
ações, que nosso estado de existência é
conhecido como “reino do desejo”. Fabricamos este reino ao nos fixarmos tanto
nas aparências comuns do ambiente externo, quanto nas aparências mais sutis
do ambiente interno da mente, que são
os conceitos e as emoções. A partir desta fixação criamos um vasto espectro de
experiências. Em uma extremidade, surge uma experiência infernal a partir da
fixação nos objetos da raiva e do ódio –
o apego convertido em total aversão. Na
outra extremidade, a fixação em certos
estados de meditação – um tipo de apego
extremamente sutil, no entanto poderoso
– resulta numa existência plena de êxtase, ainda que temporária e condicionada
pelo desejo.
O apego emerge da falta de
compreensão da natureza da vacuidade e da impermanência dos fenômenos.
Esse equívoco fundamental é enormemente potencializado por nossos desejos
mundanos que, simultaneamente, nos
seduzem e frustram. Não compreendendo que nada é permanente, ou mesmo
confiável, na experiência comum, temos
desejos e anseios pelas coisas do mundo.
Os desejos surgem incessantemente e ficamos frustrados por não obter
o que queremos, por não possuirmos o
suficiente, por termos algo que não queremos mais, ou por conseguir as coisas e
perdê-las. Para as pessoas mais introspectivas, o próprio processo de fixação,
a formação dos apegos, assim como o
esforço para satisfazer os desejos, se tornam profundamente desgastantes.
Também é desgastante reconhecer que o poder do nosso apego, o
hábito forte de sermos apegados, nos impulsionou ao longo de incontáveis vidas
passadas e nos impulsionará ao longo de
incontáveis vidas futuras, a não ser que
possamos encontrar a liberação. E não
estamos sós nessa dificuldade, que é
compartilhada por todos os demais seres
sencientes, incluindo aqueles que nos
são mais queridos. Todos nós, da mesma maneira, somos iludidos pela miragem da satisfação e estamos enredados
em nossa própria teia de apegos. Essa
percepção, em si, se torna uma fonte de
compaixão.
Na maioria dos casos, existe
um certo padrão no processo que usamos para desenredar essa teia. A tristeza e a dor direcionam nossa mente para
questões mais amplas sobre a vida, que
só podem ser resolvidas através de uma
busca espiritual. A força da impermanência nos leva continuamente a novas e contínuas alianças com amigos, casamentos,
romances e laços familiares; a reviravoltas
nas carreiras e contas bancárias; a mudanças nos recursos, residências e projetos; a melhoras e declínios na saúde e no
bem-estar. Sabemos que, num determinado momento, vamos nos deparar com o
esgotamento da juventude e a deterioração de nosso próprio corpo, com a velhice
e a morte.
Se, nesse momento, tivermos a
fortuna de encontrar um autêntico mestre
espiritual, e se este mestre possuir a sabedoria nascida do escutar, contemplar e
meditar sobre os ensinamentos da linhagem do Buda Sakiamuni, ele ou ela vai
nos aconselhar a não nos afastarmos da
verdade da impermanência, e sim a olhá-la
profunda e diretamente. Ao examinar o nosso interior, descobrimos
que as ocorrências mentais também são
impermanentes, que os pensamentos e
emoções vêm e vão como o vento, que as
próprias características das nossas identidades pessoais são variáveis. Se olharmos para dentro de nós com as lentes da
meditação, ficaremos abismados com a
proliferação dos fenômenos mentais, com
seu movimento agitado, seus incontáveis
pontos de fixação seguidos de exigências
infindáveis, digressões, imaginações e humores. Achamos difícil sentar em silêncio
e olhar para eles! Para alguém que leva a sério
o desenvolvimento espiritual, a primeira
questão é como domar esses aspectos
desregrados da própria mente.
A consciência da impermanência
é a chave para o trabalho com o apego,
Sobre o tema acima, acontecerá uma
palestra da monja
Chagdud Kadro no
dia 26/3, às 19h, com
ENTRADA FRANCA
(contribuição espontânea) no Teatro da
Usina Cultural - Pça.
Getúlio Vargas, 55 Centro - NF
PALESTRA: “A SABEDORIA
BUDISTA E AS EMOÇÕES”,
COM CHAGDUD KHADRO
“Todos nós queremos felicidade para nós mesmos e para os outros,
mas frequentemente sentimos que esse
objetivo é sabotado por emoções como
a raiva, o desejo e o apego, e pela repetição de padrões de comportamento.
Ao mesmo tempo, nossas emoções e
padrões negativos parecem ser uma reação natural diante das situações desafiantes. Como mudar essa perspectiva?
Uma das abordagens budistas
é oferecer ferramentas para que possamos compreender o modo como nossas emoções funcionam. Isso abre um
caminho para obtermos uma visão mais
ampla e para levarmos compaixão e sabedoria aos nossos relacionamentos e
atividades.”
* Alexandre Saioro
é professor do
Programa de Redução do Estresse - A
Arte do Estresse - e
instrutor Budista em
Inventários - Escrituras
Procurações - Testamentos
Autenticações
Reconhecimento de Firmas
Registro de Imóveis
Jader Lúcio de Lima Pessoa
Tabelião e Registrador
Rua Augusto Cardoso 38 - Loja e Sobreloja - Centro - (22) 2521-1436
e 2521-1485 E-mail: [email protected]
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