ISSN 0482-5004 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA BRAZILIAN JOURNAL OF RHEUMATOLOGY MAY/JUNEt7PMVNFt/VNCFS ."*0+6/)0t7PMVNFt/ÞNFSP www.reumatologia.com.br REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA BRAZILIAN JOURNAL OF RHEUMATOLOGY Official Organ of Brazilian Society of Rheumatology Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia Bimonthly Edition (Publicação Bimestral) Editors (Editores) Coeditors (Coeditores) Max Victor Carioca Freitas Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá Mittermayer Barreto Santiago Roberto Ezequiel Heymann Hilton Seda Paulo Louzada-Junior Universidade Federal do Ceará, Fotaleza, CE, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brazil Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brazil João Carlos Tavares Brenol Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil Ricardo Fuller Simone Appenzeller Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brazil Editorial Board (Conselho Editorial) Acir Rachid Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro Maurício Levy Neto Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brazil Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brazil Gilberto Santos Novaes Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Alexandre Wagner S Souza Natalino H. Yoshinari Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Ari Stiel Radu Isídio Calich Nílzio Antônio da Silva Adil Muhib Samara Milton Helfenstein Jr. Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Carlos Alberto von Muhlen Ivânio Alves Pereira Percival Degrava Sampaio-Barros Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Claudia Goldenstein-Schainberg Jamil Natour Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil Cláudio Arnaldo Len João Francisco Marques Neto Rina Dalva P. N. Giorgi Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Clóvis Artur Almeida da Silva Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Cristiano Augusto de Freitas Zerbini Hospital Heliópolis, São Paulo, SP, Brazil Daniel Feldman Polak Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Durval Kraychete Escola Bahiana de Medicina e Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brazil Eduardo de Souza Meireles Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Eduardo Ferreira Borba Neto Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brazil José Goldenberg Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil José Roberto Provenza Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brazil Jozélio Freire de Carvalho Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brazil Ricardo M. Xavier Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo "Francisco Morato de Oliveira", São Paulo, SP, Brazil Roger A. Levy Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil Rosa Maria Rodrigues Pereira Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Centro Médico Aliança, Salvador, BA, Brazil Rozana Mesquita Ciconelli Lais V. Lage Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Samuel Katsuyki Shinjo Lilian Tereza Lavras Costallat Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brazil Sebastião Cézar Radominski Luís Eduardo Coelho Andrade Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brazil Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Sheila Knupp de Oliveira Emília Inoue Sato Luiz Fernando de Souza Passos Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brazil Fernanda Rodrigues de Lima Marcelo de Medeiros Pinheiro Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Fernando Queiroz da Cunha Maria Odete E. Hilário Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brazil Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Francisco Airton Castro Rocha Marta Maria das Chagas Medeiros Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brazil Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE, Brazil Simone Appenzeller Universidade de Campinas, Campinas, SP, Brazil Vera Lúcia Szejnfeld Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brazil Wiliam H. Chahade Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo "Francisco Morato de Oliveira", São Paulo, SP, Brazil International Editorial Board (Conselho Editorial Internacional) Ariel Masetto Juan Manuel Anaya Munther Khamashta Université de Sherbrooke, Sherbrooke, Canada Corporación de Investigaciones Biológicas, Medellín, Colômbia St. Thomas´ Hospital, London, UK Arthur Kavanaugh Luis Javier Jara H Ralph Schumacher Jr University of California, San Diego, USA Universidad Nacional Autonoma de Mexico, Mexico City, Mexico University of Pennsylvania, Philadelphia, USA Bernardo Pons Estel Mario Cardiel Ricardo Cervera Segura Universidad Nacional de Rosario, Rosario, Argentina Instituto Nacional de la Nutrición "Salvador Zubiran", Morrelia, Mexico Hospital Clinic, Barcelona, Spain Hospital Monte Sinai, Cuenca, Equador Mario Garcia-Carrasco Chapel Allerton Hospital, Leeds, UK Ernest Choy Facultad de Medicina, BUAP, Puebla, Mexico Claudio Galarza Maldonado King's College, London, UK Mário Viana de Queiroz Jordi Antón López Universidade Clássica de Lisboa, Lisboa, Portugal Hospital Sant Joan de Déu, Barcelona, Spain Marvin Fritzler José Antonio Melo Gomes University of Calgary, Calgary, Canada Instituto Português de Reumatologia, Lisboa, Portugal Richard J Wakefield Thomas Dörner Charite Hospital, Berlin, Germany Yehuda Shoenfeld Chaim Sheba Medical Center, Tel Aviv University, Tel Hashomer, Israel BSR Office (Secretaria SBR) Rogério Quintiliano Amaral Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2.466 – conjs. 93-94 CEP 01402-000 São Paulo, SP Fone/fax: 55 (11) 3289-7165 E-mail: [email protected]; [email protected] website: www.reumatologia.com.br Brazilian Journal of Rheumatology is listed in Web of Science, MEDLINE, LILACS, SciELO, Scopus and Index Copernicus databases. BJR is affiliated to the International Committee of Medical Journal Editors. A Revista Brasileira de Reumatologia é indexada nas bases de dados Web of Science, MEDLINE, LILACS, SciELO, Scopus e Index Copernicus. A RBR é filiada ao International Committee of Medical Journal Editors. Brazilian Journal of Rheumatology (BJR) is an official publication of the Brazilian Society of Rheumatology (BSR) in partnership with Elsevier Editora Ltda. and is dedicated to the medical community in Brazil and Latin America. Edited by Brazilian Society of Rheumatology. Published by Elsevier Editora Ltda. © 2013. Tradução | Translation: Stela Maris Costalonga | American Journal Experts All rights reserved and protected by law 9.610 - 19/02/98. No part of this publication may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or any information storage and retrieval system, without permission in writing from BSR and the Publisher. BJR receives finnancial support from Fundos Remanescentes da Sociedade Brasileira de Reumatologia. A Revista Brasileira de Reumatologia (RBR) é uma publicação oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) em conjunto com Elsevier Editora Ltda., distribuída exclusivamente à classe médica do Brasil e da América Latina. Editada por Sociedade Brasileira de Reumatologia. Publicada por Elsevier Editora Ltda. © 2013. Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9.610 - 19/02/98. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, sem autorização prévia, por escrito, da Elsevier Editora Ltda. e da SBR, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. A RBR recebe auxílio financeiro de Fundos Remanescentes da Sociedade Brasileira de Reumatologia. RJ: SP: Website: E-mail: Tel.: 21 3970-9300 Fax: 21 2507-1991 Tel.: 11 5105-8555 Fax: 11 5505-8908 www.elsevier.com [email protected] No responsibility is assumed by Elsevier or BSI for any injury and/or damage to persons or property as a matter of products liability, negligence or otherwise, or from any use or operation of any methods, products, instructions, or ideas contained in the material herein. Because of rapid advances in the medical sciences, in particular, independent verification of diagnoses and drug dosages should be made. Although all advertising material is expected to conform to ethical (medical) standards, inclusion in this publication does not constitute a guarantee or endorsement of the quality or value of such product or of the claims made of it by its manufacturer. A Elsevier não assume nenhuma responsabilidade por qualquer injúria e/ou danos a pessoas ou bens como questões de responsabilidade civil do fabricante do produto, de negligência ou de outros motivos, ou por qualquer uso ou exploração de métodos, produtos, instruções ou ideias contidas no material incluso. Devido ao rápido avanço no campo das ciências médicas, em especial, uma verificação independente dos diagnósticos e dosagens de drogas deve ser realizada. Embora todo o material de publicidade deva estar em conformidade com os padrões éticos (médicos), a inclusão nesta publicação não constitui uma garantia ou endosso da qualidade ou valor de tal produto ou das alegações feitas pelo seu fabricante. Content dedicated to the medical community. Material de distribuição exclusiva à classe médica. INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES A Revista Brasileira de Reumatologia (RBR), órgão oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia, foi fundada em 1957 e é publicada bimestralmente. A revista publica artigos originais, artigos de revisão, comunicações breves, relatos de casos e cartas aos editores. Resultados Devem ser claros e concisos. Tabelas e gráficos não devem duplicar informações. Discussão O manuscrito deve ser submetido online através do site http://ees.elsevier.com/bjr. Deve ser concisa, interpretando os resultados no contexto da literatura atual. É conveniente não ultrapassar a metade do número de páginas do trabalho completo. Apresentação do manuscrito Agradecimentos O manuscrito pode ser submetido em português ou inglês, em espaço duplo, com margens de 2,5 cm. No texto não devem ser empregadas abreviaturas não convencionais, gírias (jargões) médicas ou redação tipo telegráfica. A citação de medicamentos e produtos farmacêuticos deve ser feita utilizando-se apenas a nomenclatura farmacológica, sem menção do nome comercial. Estrutura do manuscrito Manuscript*, Title Page*, Cover Letter e Author Agreement* devem ser enviados em arquivos individuais. Tabelas e figuras devem ser numeradas conforme citadas no texto e enviadas em arquivos separados, com títulos e legendas correspondentes. (*arquivos obrigatórios) Página do título Deve conter: a) título do artigo; b) nome completo dos autores e sua titulação mais importante; c) departamento(s) e instituição(ões) onde se originou o trabalho; d) nome, endereço completo e e-mail válido do autor responsável para correspondência; e) conflito de interesse e agências financiadoras relevantes; f) título resumido com no máximo 60 caracteres. Author Agreement É o documento no qual os autores declaram a originalidade do manuscrito, além de aprovarem o artigo objeto da submissão, a autoria e a ordem da lista de autores. Deve ser assinado por todos os autores. A seguir é apresentado um modelo. Caro Editor, Os autores, abaixo assinados, declaram que este manuscrito é original, não foi publicado antes e não se encontra submetido para qualquer outra publicação. Gostaríamos de pedir a atenção do Editor para a presente publicação de nós autores, referente a aspectos do presente manuscrito submetido. Confirmamos que o manuscrito foi lido e aprovado por todos os autores signatários e que não há nenhum outro autor a fazer parte senão os listados. Confirmamos também que a ordem dos autores listada no manuscrito foi aprovada por todos. Entendemos que o Autor para Correspondência será o único contato para o processo editorial. Ele será o único responsável pela comunicação com os demais autores acerca do progresso da submissão, da revisão do manuscrito e de sua aprovação final. (Assinatura de todos os autores) Artigo Original Deve conter: página do título, página de resumo com palavras-chave, introdução, material e métodos ou pacientes e métodos, resultados e discussão, agradecimentos, referências, tabelas, figuras e legendas das figuras. Não deve exceder 5.000 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até seis figuras ou tabelas e até 50 referências. Apenas às pessoas que contribuíram, por exemplo, com técnicas, discussão e envio de pacientes. Auxílio financeiro deve ser referido na página do título. Referências Devem ser citadas no texto em algarismos arábicos, sobrescritos e depois da pontuação, sem parênteses ou colchetes. A numeração deve ser sequencial, de acordo com a ordem de citação no texto. Nas referências com mais de seis autores, devem ser citados os seis primeiros, seguidos pela expressão et al. Sugere-se a utilização dos programas Reference Manager ou Endnote, seguindo-se o estilo Vancouver. Exemplos de referência para diferentes formatos são apresentados a seguir. Os autores devem consultar o NLM’s Citing Medicine para mais informações sobre os formatos das referências. Artigo de revista 1. Rivero MG, Salvatore AJ, Gomez-Puerta JA, Mascaro JM, Jr., Canete JD, Munoz-Gomez J et al. Accelerated nodulosis during methotrexate therapy in a patient with systemic lupus erythematosus and Jaccoud’s arthropathy. Rheumatology (Oxford) 2004; 43(12):1587-8. Artigo extraído de endereço eletrônico 2. Cardozo JB, Andrade DMS, Santiago MB. The use of bisphosphonate in the treatment of avascular necrosis: a systematic review. Clin Rheumatol 2008. Available from: http://www.springerlink.com.w10069.dotlib.com.br/ content/l05j4j3332041225/fulltext. pdf. [Accessed in February 24, 2008]. Livro 3. Murray PR, Rosenthal KS, Kobayashi GS, Pfaller MA. Medical microbiology. 4th ed. St. Louis: Mosby; 2002. Tabelas e Figuras Cada tabela ou figura deverá ser numerada em algarismo arábico e enviada em arquivo separado (.jpg, .tif, .png, .xls, .doc) com 300 dpi no mínimo. Título e legenda devem estar no mesmo arquivo da figura ou tabela a que se referem. Tabelas e ilustrações devem ser autoexplicativas, com informações suficientes para sua compreensão sem que se tenha de recorrer ao trabalho. Fotomicrografias devem incluir a escala apropriada. Artigo de Revisão Revisões, preferencialmente sistemáticas, podem ser submetidas à RBR, devendo abordar com profundidade um tema de interesse para o reumatologista. Não apresentam estruturação padronizada, prescindindo de introdução ou discussão. Devem apresentar resumo sem subdivisões, com três a cinco palavras-chave, e não devem exceder 6.000 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Podem exibir até cinco figuras ou tabelas e até 70 referências. Relato de Caso Introdução Deve incluir resumo e palavras-chave, sem necessidade de subdivisões. O texto, porém, apresenta as seguintes seções: introdução, que deve ser concisa; relato de caso, contendo a descrição e a evolução do quadro clínico, exames laboratoriais, ilustrações e tabelas (que substituem as seções material e métodos e resultados); e discussão. Deve conter no máximo seis autores, e não deve exceder 1.500 palavras, incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até duas figuras ou tabelas e até 15 referências. A finalidade dessa seção é definir o propósito e as razões para a realização do trabalho. Não se recomenda extensa revisão da literatura. Comunicação breve Página de resumo Deve conter: a) objetivo, métodos, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras; b) três a cinco palavras-chave. Pacientes e métodos ou Material e métodos Deve incluir informações suficientes que permitam a reprodução do trabalho e, quando pertinente, a aprovação pelo Comitê de Ética institucional. Os métodos empregados na análise estatística devem sempre ser citados. Aborda um ponto ou detalhe específico de um tema. Deve incluir resumo com no máximo 250 palavras, e três a cinco palavras-chave. O texto não necessita subdivisões, deve ter até 2.500 palavras incluindo-se as referências e excluindo-se a página do título, resumo, tabelas e legendas. Pode exibir até três figuras ou tabelas e até 25 referências. Regras para aplicar tempos verbais apropriados de acordo com o contexto ou seção Contexto ou seção Resumo Introdução Métodos, materiais e resultados Discussão/Conclusão Atribuições Descrição de Tabelas e Figuras Conhecimento estabelecido e resultados prévios Tempo verbal apropriado Passado Presente, quando se referir a fatos estabelecidos e conhecimento prévio Passado Combinado de passado (quando se referir a resultados obtidos no trabalho) e presente (quando se referir a fatos estabelecidos e conhecimento prévio); às vezes pode ser utilizado o futuro (especialmente quando se referir a perspectivas de trabalhos a serem realizados) Passado Ex.: Andrade et al. relataram... Presente Presente Regras gerais para se obter uma boa escrita em um artigo científico: 1. Prefira a voz ativa. 2. As sentenças devem ser curtas, claras e objetivas. 3. A unidade de medida deve ser abreviada quando empregada com valores numéricos (p. ex., 1 mg), mas escrita por extenso quando separada de valor numérico. Utilize o Sistema Internacional de Unidades (SI units) para definir as unidades de medida. Lembre-se de deixar um espaço entre o número e a unidade (p. ex., 10 mg/dL), exceto quando for porcentagem, que deve estar junto (p. ex., 70%). O plural das unidades de medida é a mesma forma do singular (p. ex., 1 mL, 10 mL; 1 h, 10 h). Quando iniciarem a frase, os números devem estar por extenso, e não em algarismo arábico. 4. Defina a abreviação na primeira vez que aparecer no texto principal. Após a definição, use sempre a abreviação em vez da forma por extenso. Evite o uso de abreviações no título e no resumo. 5. Ao escrever em inglês, não utilize contrações (p. ex., prefira does not em vez de doesn't). Livro recomendado: Rogers SM. Mastering scientific and medical writing: a self-help guide. Berlin: Springer; 2007. Considerações éticas e legais A RBR segue as normas do Uniform Requirements for Manuscripts (URM) Submitted to Biomedical Journals desenvolvidas pelo The International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) – fevereiro de 2006. Conflito de interesse A confiança pública no processo de revisão por pares e a credibilidade dos artigos publicados dependem, em parte, de como o conflito de interesse é administrado durante a redação, a revisão por pares e a decisão editorial. O conflito de interesse existe quando um autor (ou instituição do autor), revisor ou editor tem relações financeiras ou pessoais que influenciem de forma inadequada (viés) suas ações (tais relações são também conhecidas como duplo compromisso, interesses conflitantes ou fidelidades conflitantes). Essas relações variam entre aquelas com potencial insignificante até as com grande potencial para influenciar o julgamento, e nem todas as relações representam verdadeiro conflito de interesse. O potencial conflito de interesse pode existir dependendo se o indivíduo acredita ou não que a relação afete seu julgamento científico. Relações financeiras (tais como emprego, consultorias, posse de ações, testemunho de especialista pago) são os conflitos de interesse mais facilmente identificáveis e os mais suscetíveis de minar a credibilidade da revista, dos autores e da própria ciência. No entanto, podem ocorrer conflitos por outras razões, tais como relações pessoais, competição acadêmica e paixão intelectual. Consentimento informado Os pacientes têm o direito à privacidade, que não deve ser infringida sem o consentimento informado. A identificação de informações, incluindo os nomes dos pacientes, iniciais ou números no hospital, não devem ser publicadas em descrições, fotografias e genealogias, a menos que a informação seja essencial para os propósitos científicos e o paciente (ou responsável) dê o consentimento livre e esclarecido para a publicação. O consentimento informado para este propósito requer que o manuscrito a ser publicado seja mostrado ao paciente. Os autores devem identificar os indivíduos que prestam assistência a escrever e divulgar a fonte de financiamento para essa assistência. Detalhes identificadores devem ser omitidos se não são essenciais. O anonimato completo é difícil de se conseguir; no entanto, no caso de qualquer dúvida, o consentimento deve ser obtido. Por exemplo, mascarar a região ocular em fotografias de pacientes é uma proteção de anonimato inadequada. Se as características de identificação são alteradas para proteger o anonimato, como na linhagem genética, os autores devem garantir que as alterações não distorçam o significado científico. Quando o consentimento informado foi obtido, ele deve ser indicado no artigo publicado. Princípios éticos Ao relatar experimentos em seres humanos, os autores devem indicar se os procedimentos seguidos estiveram de acordo com os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana (institucional e nacional) e com a Declaração de Helsinki de 1975, revisado em 2000. Se houver dúvida se a pesquisa foi realizada em conformidade com a Declaração de Helsinki, os autores devem explicar a razão para sua abordagem e demonstrar que o corpo de revisão institucional aprovou explicitamente os aspectos duvidosos do estudo. Ao relatar experimentos com animais, os autores devem indicar se as orientações institucionais e nacionais para o cuidado e a utilização de animais de laboratório foram seguidas. Registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos devem ser registrados segundo recomendação da OMS em www.who.int/ictrp/en/. A definição de ensaios clínicos incluem ensaios preliminares (fase I): um estudo prospectivo com o recrutamento de indivíduos submetidos a qualquer intervenção relacionada à saúde (medicamentos, procedimentos cirúrgicos, aparelhos, terapias comportamentais, regime alimentar, mudanças nos cuidados de saúde) para avaliar os efeitos em desfechos clínicos (qualquer parâmetro biomédico e de saúde, inclusive medidas farmacocinéticas e reações adversas). A RBR tem o direito de não publicar trabalhos que não cumpram estas e outras normas legais e éticas explicitadas nas diretrizes internacionais. Financiamento e apoio Os autores devem, também, informar se receberam financiamento ou apoio de instituições como CNPq, CAPES, Fundos Remanescentes da SBR, instituições universitárias, laboratórios etc. Brazilian Society of Rheumatology (Sociedade Brasileira de Reumatologia) Founded on July 15, 1948 (Fundada em 15 de julho de 1948) Executive Board of Directors for the 2012–2014 Biennium Diretoria Executiva para o Biênio 2012–2014 President (Presidente) Walber Pinto Vieira, CE General secretary (Secretário geral) Francisco José Fernandes Vieira, CE 1st secretary (1º secretário) Lauredo Ventura Bandeira, SP 2nd secretary (2ª secretária) Rosa Maria Rodrigues Pereira, SP Treasurer (Tesoureiro) José Eyorand Castelo B. Andrade, CE Vice-treasurer (Vice-tesoureiro) José Roberto Provenza, SP Scientific director (Diretor científico) Mittermayer Barreto Santiago, BA Elected president (Presidente eleito) Cesar Emile Baaklini, SP Rheumatology Aid Fund to Rheumatology Research and Teaching Conselho do Fundo de Auxílio a Pesquisa e Ensino em Reumatologia Acir Rachid, PR Adil Muhib Samara, SP Antônio Carlos Ximenes, GO Caio Moreira, MG Cesar Emile Baaklini, SP Emília Inoue Sato, SP Fernando de Souza Cavalcanti, PE Fernando Neubarth, RS Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, RJ Geraldo Gomes de Freitas, PE Hilton Seda, RJ Iêda Maria Magalhães Laurindo, SP João Carlos Tavares Brenol, RS João Francisco Marques Neto, SP Nílzio Antônio da Silva, GO Sebastião Cezar Radominski, PR Walber Pinto Vieira, CE Wiliam Habib Chahade, SP Members (Membros) Ana Cristina de Medeiros Ribeiro, SP Claiton Viegas Brenol, RS Eduardo de Souza Meirelles, SP Jussara de Almeida L. Kochen, SP Rafael Mendonça da Silva Chakr, RS Epidemiology Commission Comissão de Epidemiologia Specialist Title Commission Comissão de Título de Especialista Coordinator (Coordenadora) Emília Inoue Sato, SP Members (Membros) Fernanda Rodrigues Lima, SP Gilda Aparecida Ferreira, MG Ines Guimarães Silveira, RS José Tupinambá Souza Vasconcelos, PI Marcelo de Medeiros Pinheiro, SP Mauro Goldfarb, RJ Nafice Costa Araujo, SP Rafael Navarrete, GO Valeria Valim Cristo, ES Wilton Silva dos Santos, DF Editorial Council (Conselho Editorial) Kaline Medeiros Costa Pereira, SP Edgard Torres dos Reis Neto, SP Editors (Editores) Tânia Carolina Monteiro de Castro, SP Frederico Augusto Gurgel Pinheiro, SP Collaborator (Colaborador) Plínio José do Amaral, SP Brazilian Journal of Rheumatology Revista Brasileira de Reumatologia Editors (Editores) Max Victor Carioca Freitas, CE Roberto Ezequiel Heymann, SP Eloísa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, SP Hilton Seda, RJ João Carlos Tavares Brenol, RS Mittermayer Barreto Santiago, BA Paulo Louzada-Junior, SP Ricardo Fuller, SP Simone Appenzeller, SP Representante junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula, DF Mário Soares Ferreira, DF Representantes junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles, SP Gustavo de Paiva Costa, DF Morton Aaron Scheinberg, SP BSR Bulletin (Boletim SBR) Coeditors (Coeditores) Representatives of Ministry of Health Representatives of AMB Comissão de Comunicação Social Comissão de Economia da Saúde Mirhelen Mendes de Abreu, SP Representantes junto à PANLAR Adil Muhib Samara, SP Antonio Carlos Ximenes, GO Fernando Neubarth, RS Maria Amazile Ferreira Toscano, SC Media Commission Health Economy Commission Coordinator (Coordenadora) Representatives of PANLAR Maria Teresa R. A. Terreri, SP Tania Caroline Castro, SP Teresa Cristina Robazzi, BA Coordinator (Coordenadora) Eutilia Andrade Medeiros Freire, PB Members (Membros) Alessandra Souza Braz C. Andrade, PB Bernardo Matos da Cunha, DF Camila Cruz Leijoto, RJ Carlos Augusto F. de Andrade, RJ Jussara de Almeida L. Kochen, SP Mirhelen Mendes de Abreu, SP Pediatric Rheumatology Commission BSR Website (Site SBR) Coordinators (Coordenadores) Marcelo Cruz Rezende, MS Maria Roseli Monteiro Callado, CE Ethics and Discipline Commission Comissão de Ética e Disciplina Coordinator (Coordenador) José Marques Filho, SP Members (Membros) Adriana Maria Kakehasi, MG Antonio Carlos Althoff, SC Henrique Josef, SP João Elias Moura Jr., SC José Geraldo Araújo Paiva, CE José Roberto Pereira Santos, ES Comissão de Reumatologia Pediátrica Coordinator (Coordenador) Cláudio Arnaldo Len, SP Members (Membros) Adriana Maluf Elias Sallum, SP Ana Paula Vecchi, GO Andre de Souza Cavalcanti, PE Blanca Elene Rios Gomes Bica, RJ Carlos Nobre Rabelo Jr., CE Claudia Saad Magalhães, SP Clovis Artur Almeida da Silva, SP Cynthia Torres Franca da Silva, RJ Luciana Brandão Paim Marques, CE Marcia Bandeira, PR Teaching and Medical Education Commission Comissão de Ensino e Educação Médica Coordinator (Coordenador) Francisco Airton Castro da Rocha, CE Members (Membros) Cesar Emile Baaklini, SP Charles Lubianca Kohem, RS Claudia Diniz Lopes Marques, PE Elaine Lira Medeiros de Bezerra, RN Elisa Martins das N. de Albuquerque, RJ Jozélia Rego, GO Marcelo Pimenta, GO Maria José Pereira Vilar, RN Ricardo Machado Xavier, RS Congresses, Journeys, and Events Commission Comissão de Congressos, Jornadas e Eventos Coordinators (Coordenadores) Fernando Neubarth, RS Georges Basile Christopoulos, AL José Roberto Provenza, SP Commission of Relations with Groups of Patients Members (Membros) Members (Membros) Antônio Carlos dos Santos Novaes, SP Claudia Diniz Lopes Marques, PE Elda Matilde Hirose Pastor, SP Francisco Saraiva da Silva Júnior, CE Hilton Seda, RJ José Caetano Macieira, SE Reno Martins Coelho, RJ Ricardo Fuller, SP Ari Stiel Radu Halpern, SP Carlos Appel da Silva, RS Jamil Natour, SP Jose Gerardo de Araújo Paiva, CE Luíza Helena Coutinho Ribeiro, SP Maria Amazile Ferreira Toscano, SC Renê Donizeti Ribeiro de Oliveira, SP Silvio Figueira Antonio, SP Vasculopathies Commission Osteomethabolic Diseases and Osteoporisis Commission Comissão de Vasculopatias Coordinator (Coordenador) Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose Comissão de Relações com Grupos de Pacientes Roger Abramino Levy, RJ Members (Membros) Sebastião Cezar Radominski, PR Coordinators (Coordenadores) Members (Membros) Ana Maria Camargo Gallo, SC Ana Paula Espinula Gianordoli, ES Eduardo de Souza Meirelles, SP Luis Piva Junior, DF Valderílio Feijó Azevedo, PR Wanda Heloisa Rodrigues Ferreira, RJ Adriana Danowski, RJ Adriana Maria Kakehasi, MG Alexandre Wagner S. de Souza, SP Ana Beatriz S. Bacchiega de Freitas, RJ Andreas Funke, PR Carlos Ewerton Maia Rodrigues, CE Danieli Castro Oliveira de Andrade, SP Isabella Vargas de Souza Lima, BA Jozélia Rego, GO Manuella Lima Gomes Ochtrop, RJ Occupational Rheumatology Commission Image Commission Spondiloarthropathies Commission Comissão de Reumatologia Ocupacional Comissão de Imagem Comissão de Espondiloartropatias Coordinator (Coordenador) Coordinator (Ccoordenador) Coordinator (Coordenador) Helenice Alves Teixeira Gonçalves, DF Members (Membros) Milton Helfenstein Junior, SP Members (Membros) Anna Beatriz Assad Maia, DF Antônio Techy, PR César Augusto Fávaro Siena, SP Marco Aurélio Goldenfum, RS BiobadaBrasil Comission Comissão do BiobadaBrasil Coordinator (Coordenador) Aline Ranzolin, PE André Luiz Shinji Hayata, SP Ines Guimarães da Silveira, RS Mirhelen Mendes de Abreu, SP Paulo Louzada-Junior, SP Roberto Ranza, MG Valéria Cristo Valim, ES Rheumatoid Arthritis Commission Célio Roberto Gonçalves, SP Members (Membros) RBE Coordinator (Coordenador RBE) Andrea B. Vannucci Lomonte, SP Cristiane Kayser Veiga da Silva, SP Iêda Maria Magalhães Laurindo, SP Inês Guimarães Silveira, RS Jamil Natour, SP Karine Rodrigues da Luz, SP Laura Maria C. Mendonça, RJ Simone Appenzeller, SP Verônica Silva Vilela, RJ Procedures Commission Comissão de Procedimentos Coordinator (Ccoordenador) Jamil Natour, SP Members (Membros) Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, RJ Luiza Helena Coutinho Ribeiro, SP Monique Sayuri Konai, SP Rita Nely Vilar Furtado, SP Comissão de Artrite Reumatoide Lupus Commission Coordinator (Coordenadora) Comissão de Lúpus Licia Maria Henrique da Mota , DF Members (Membros) Bóris Afonso Cruz, MG Claiton Viegas Brenol, RS Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, RJ Ieda Maria Magalhães Laurindo, SP Jozélio Freire de Carvalho, BA Manoel Barros Bertolo, SP Max Victor Carioca Freitas, CE Nilzio Antônio da Silva, GO Paulo Louzada-Junior, SP Rina Dalva Neubarth Giorgi, SP Rodrigo Aires Corrêa Lima, DF Ana Patricia de Paula, DF Caio Moreira, MG Charlles Heldan de Moura Castro, SP Cristiano Augusto de F. Zerbini, SP Elaine de Azevedo, SP Laura Maria C. de Mendonça, RJ Mailze Campos Bezerra, CE Marco Antonio Rocha Loures, PR Vera Lúcia Szejnfeld, SP José Alexandre Mendonça, SP David Cezar Titton, PR Members (Membros) Coordinator (Coordenador) Coordinator (Coordenador) Evandro Mendes Klumb, RJ Members (Membros) Cristina Costa Duarte Lanna, MG Eduardo Ferreira Borba Neto, SP Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá, SP Emília Inoue Sato, SP Francinne Machado Ribeiro, RJ João Carlos Tavares Brenol, RS Lilian Tereza Lavras Costallat, SP Luiz Carlos Latorre, SP Maria de Fátima Lobato da Cunha, PA Odirlei Andre Monticielo, RS Percival Degrava Sampaio Barros, SP Members (Membros) Antonio Carlos Ximenes, GO Eduardo de Souza Meirelles, SP Gustavo Gomes Rezende, MG Ivânio Alves Pereira, SC Marcelo Medeiros Pinheiro, SP Mauro Waldemar Keisermann, RS Thelma Larocca Skare, PR Walber Pinto Vieira, CE Washington Alves Bianchi, RJ Psoriatic Arthritis Subcommission (Sub-Comissão de Artrite Psoriásica) Claudia Goldenstein-Schainberg, SP Roberto Ranza, MG Rubens Bonfiglioli, SP Sueli Coelho da Silva Carneiro, RJ Valderilio Feijó Azevedo, PR Pain, Fibromyalgia and Other Painful Syndromes of the Soft Parts Commission Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes Dolorosas de Partes Moles Coordinator (Coordenador) Marcelo Cruz Rezende, MS Members (Membros) Aline Ranzolin, PE Daniel Feldman Pollak, SP Eduardo dos Santos Paiva, PR José Eduardo Martinez, SP José Roberto Provenza, SP Marcos Aurélio Freitas Machado, SP Nilton Salles Rosa Neto, SP Rafael Mendonça da Silva Chakr, RS Roberto Ezequiel Heymann, SP Documentation and Historical Registry Commission Osteoarthrosis Commission Spinal Commission Comissão de Osteoartrose Comissão de Coluna Vertebral Comissão de Documentação e Registro Histórico Coordinator (Coordenador) Coordinator (Coordenador) Coordinator (Coordenador) Ibsen Bellini Coimbra, SP Marcos Renato de Assis, SP Joaquim Jaguaribe Nava Ribeiro, RJ Members (Membros) Célio Roberto Gonçalves, SP Henrique Josef, SP José Eduardo Gonçalves, CE José Knoplich, SP José Marques Filho, SP Lauredo Ventura Bandeira, SP Lipe Goldenstein, BA Plínio José Amaral, SP Systemic Sclerosis Commission Comissão de Esclerose Sistêmica Coordinator (Coordenador) Percival Degrava Sampaio-Barros, SP Members (Membros) Adriana Fontes Zimmermann, SC Carolina de Souza Muller, PR Cláudia Tereza Lobato Borges, MA Cristiane Kayser Veiga da Silva, SP Eutília Andrade Medeiros Freire, PB Giselle Baptista Maretti, RJ João Francisco Marques Neto, SP Maria Cecília Fonseca Salgado, RJ Maria de Fátima Lobato da Cunha Sauma, PA Mário Newton Leitão de Azevedo, RJ Sheila Marcia de A. Fontenele, CE Sjögren Syndrome Commission (Comissão de Síndrome de Sjögren) Coordinator (Coordenadora) Valéria Valim Cristo, ES Members (Membros) Érica Vieira Serrano, ES Leandro Augusto Tanure, MG Sandra Gofinet Pasoto, SP Sandra Lucia Euzébio Ribeiro, AM Virginia Fernandes Moça Trevisani, SP Professional Defense Commission Endemic and Infectious Diseases Commission (Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas) Coordinators (Coordenadores) Izaias Pereira da Costa, MS Sandra Lucia Euzébio Ribeiro, AM Members (Membros) Ana Carolina de Oliveira S. Montandon, GO Helena Lucia A. Pereira, AM Luiz Sergio Guedes Barbosa, MT Mauro Furtado Cavalcanti, PI Natalino Hajime Yoshinari, SP Rejane Maria R. de Abreu, CE Roberta de Almeida Pernambuco, SP Assisted Therapy Immunobiological Centers Commission (Comissão de Centros de Terapia Imunobiológica Assistida) Coordinator (Coordenador) Reno Martins Coelho, RJ Members (Membros) Adrian Nogueira Bueno, MG Ana Teresa Amoedo Medrado, BA Antonio Carlos Scafutto, MG Claudio Goldenstein Schainberg, SP Eliezer Rushansky, PE Evelin D. Goldenberg M. M. da Costa, SP José Eyorand Castelo B Andrade, CE José Roberto Silva Miranda, SP Manoel Barros Bertolo, SP Rafael de Oliveira Fraga, MG Ricardo Jorge de Percia Name, RJ Vander Fernandes, MT Supervisory Board (Conselho Fiscal) Fernando Neubarth, RS Iêda Maria Magalhães Laurindo, SP Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, RJ (Comissão de Defesa Profissional) Coordinators (Coordenadores) BSR – Regionals Francisco Deoclécio D. Rocha, RN Vander Fernandes, MT Regionais – SBR Members (Membros) Sociedade Alagoana de Reumatologia Dra. Inês Cristina de Mello Francisco Alves Bezerra Neto, RN Matheus Staufackar Carlos, RN Inês Cristina de Mello Lima, AL Mauro Furtado Cavalcante, PI Gout Commission (Comissão de Gota) Coordinator (Coordenador) Rheumatology Society of Alagoas Rheumatology Society of Amazonas Rheumatology Society of Ceará Sociedade Cearense de Reumatologia Dr. José Eyorand Castelo Branco de Andrade Rheumatology Society of Goiânia Sociedade Goiana de Reumatologia Dra. Ana Carolina Oliveira e Silva Montandon Rheumatology Society of Maranhão Sociedade Maranhense de Reumatologia Dra. Raquel Moraes da Rocha Nogueira Rheumatology Society Mato Grosso Associação Mato-Grossense de Reumatologia Dr. Vander Fernandes Rheumatology Society of Minas Gerais Sociedade Mineira de Reumatologia Dr. Rafael de Oliveira Fraga Rheumatology Society of São Paulo Sociedade Paulista de Reumatologia Dr. Paulo Louzada-Junior Rheumatology Society of Pará Sociedade Paraense de Reumatologia Dr. Otávio Augusto Gomes da Paz Rheumatology Society of Paraíba Sociedade Paraibana de Reumatologia Dra. Danielle Christinne Soares Egypto de Brito Rheumatology Society of Paraná Sociedade Paranaense de Reumatologia Dr. Eduardo Santos Paiva Rheumatology Society of Pernambuco Sociedade Pernambucana de Reumatologia Dra. Lílian David de Azevedo Valadares Rheumatology Society of Piauí Sociedade Piauiense de Reumatologia Dra. Aline do Socorro Miranda Ribeiro Rheumatology Society of Espírito Santo Sociedade de Reumatologia do Espírito Santo Dr. José Roberto Pereira Santos Rheumatology Society of Mato Grosso do Sul Sociedade de Reumatologia do Mato Grosso do Sul Dr. Marcelo Cruz Rezende Rheumatology Society of Rio de Janeiro Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro Dr. Evandro Mendes Klumb Sociedade Amazonense de Reumatologia Dra. Maria do Socorro A. de Souza Rheumatology Society of Rio Grande do Norte Rheumatology Society of Bahia Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Norte Dr. Francisco Deoclécio Damasceno Rocha Sociedade Baiana de Reumatologia Dr. Mittermayer Barreto Santiago Rheumatology Society of Rio Grande do Sul Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, RJ Rheumatology Society of Brasília Members (Membros) Sociedade de Reumatologia de Brasília Dr. Cleandro Pires de Albuquerque Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Sul Dr. Marco Aurélio Goldenfum Rheumatology Society of Santa Catarina Rheumatology Society of Sergipe Sociedade Catarinense de Reumatologia Dr. Gláucio Ricardo Werner de Castro Sociedade Sergipana de Reumatologia Dra. Regina Adalva de Lucena Couto Ocea Adil Muhib Samara, SP Antonio José Lopes Ferrari, SP Ana Beatriz Vargas dos Santos, RJ Hellen Mary da Silveira de Carvalho, DF Brazilian Society of Rheumatology (Sociedade Brasileira de Reumatologia) Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, 2.466 – conjs. 93-94 – CEP: 01402-000 – São Paulo, SP, Brasil Phone/Fax: 55 11 3289-7165 E-mail: [email protected], [email protected] Website: www.reumatologia.com.br REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Volume 53. Number 3. May/June 2013 Volume 53. Número 3. Maio/Junho 2013 CONTENTS | SUMÁRIO Editorial | Editorial New recommendations of the Brazilian Society of Rheumatology: a new strategy Novas recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia: uma nova estratégia Percival Degrava Sampaio-Barros ............................................................................................................. 225 Recommendations of the Brazilian Society of Rheumatology | Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia Recommendations for the management and treatment of psoriatic arthritis Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica Sueli Carneiro, Valderílio Feijó Azevedo, Rubens Bonfiglioli, Roberto Ranza, Célio Roberto Gonçalves, Mauro Keiserman, Eduardo de Souza Meirelles, Marcelo de Medeiros Pinheiro, Antonio Carlos Ximenes, Wanderley Bernardo, Percival Degrava Sampaio-Barros ..................................... 227 Recommendations for the management and treatment of ankylosing spondylitis Recomendações sobre diagnóstico e tratamento de espondilite anquilosante Percival Degrava Sampaio-Barros, Mauro Keiserman, Eduardo de Souza Meirelles, Marcelo de Medeiros Pinheiro, Antonio Carlos Ximenes, Valderílio Feijó Azevedo, Rubens Bonfiglioli, Sueli Carneiro, Roberto Ranza, Wanderley Bernardo, Célio Roberto Gonçalves ......................................... 242 Recommendations for the management and treatment of systemic sclerosis Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da esclerose sistêmica Percival Degrava Sampaio-Barros, Adriana Fontes Zimmermann, Carolina de Souza Müller, Cláudia Tereza Lobato Borges, Eutília Andrade Medeiros Freire, Giselle Baptista Maretti, João Francisco Marques Neto, Maria Cecília Fonseca Salgado, Maria de Fátima Lobato da Cunha Sauma, Mário Newton Leitão de Azevedo, Sheila Fontenelle, Cristiane Kayser......................................................................................................................................... 258 Original Articles | Artigos Originais Physical activity level and physical performance in the 6-minute walk test in women with fibromyalgia Nível de atividade física e desempenho físico no teste de caminhada de 6 minutos em mulheres com fibromialgia Chris Andreissy Breda, André Luiz Félix Rodacki, Neiva Leite, Diogo Homann, Suelen Meira Goes, Joice Mara Facco Stefanello ........................................................................................................................ 276 Ultrasonography for the diagnosis of tendinitis and electromyography for the diagnosis of peripheral neuropathy and upper limb radiculopathy rheumatologists’ perspectives Ultrassonografia no diagnóstico da tendinite e eletroneuromiografia no diagnóstico da neuropatia periférica e da radiculopatia do membro superior – visão do reumatologista Milton Helfenstein Jr., Mario Soares Ferreira, Anna Beatriz Assad Maia, César Augusto Fávaro Siena, Antonio Techy .............................................................................................. 282 Importance of cutaneous silent period in fibromyalgia and its relationship with disease characteristics, psychological disorders and quality of life of patients Importância do período de silêncio cutâneo na fibromialgia e sua relação com as características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida dos pacientes Ebru Umay, Umit Ulas, Ece Unlu, Hakan Akgun, Aytul Cakci, Zeki Odabasi ............................................ 288 Gout in the spine Gota axial Eduardo Massato Hasegawa, Filipe Martins de Mello, Cláudia Goldenstein-Schainberg, Ricardo Fuller ............................................................................................................................................. 296 Review Articles | Artigos de Revisão Variables related to work productivity loss in patients with ankylosing spondylitis Variáveis relacionadas com perda da produtividade no trabalho em pacientes com espondilite anquilosante Renata Frauendorf, Marcelo de Medeiros Pinheiro, Rozana Mesquita Ciconelli ......................................... 303 Case Reports | Relatos de Caso Erasmus syndrome – silicosis and systemic sclerosis Síndrome de Erasmus – silicose e esclerose sistêmica Aryádine Allinne Machado de Miranda, Alice Carvalho Nascimento, Isy Lima Peixoto, Juliana Alves Scrignoli, Maria do Socorro de Lucena Cardoso, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiro ....................... 310 Mucha-Habermann disease Doença de Mucha-Habermann Blanca Elena Rios Gomes Bica, Maria da Glória Costa Reis Monteiro de Barros, Carlos Spingola Junior ............................................................................................................................... 314 Erratum | Errata Erratum of Guidelines for the diagnosis of rheumatoid arthritis Errata de Diretrizes para o diagnóstico da artrite reumatoide [Rev Bras Reumatol 2013;53(2):141-157] Licia Maria Henrique da Mota, Bóris Afonso Cruz, Claiton Viegas Brenol, Ivânio Alves Pereira, Lucila Stange Rezende-Fronza, Manoel Barros Bertolo, Max Vitor Carioca Freitas, Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior, Rina Dalva Neubarth Giorgi, Rodrigo Aires Corrêa Lima, Ronaldo Adib Kairalla, Alexandre de Melo Kawassaki, Wanderley Marques Bernardo, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro ......................................................... 318 Erratum of Guidelines for the drug treatment of rheumatoid arthritis Errata de Diretrizes para o tratamento da artrite reumatoide [Rev Bras Reumatol 2013;53(2):158-183] Licia Maria Henrique da Mota, Bóris Afonso Cruz, Claiton Viegas Brenol, Ivânio Alves Pereira, Lucila Stange Rezende-Fronza, Manoel Barros Bertolo, Max Vitor Carioca Freitas, Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior, Rina Dalva Neubarth Giorgi, Rodrigo Aires Corrêa Lima, Wanderley Marques Bernardo, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro ............. 319 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 5 – 2 2 6 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Editorial Novas recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia: uma nova estratégia É com grande satisfação que vejo publicadas as Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica,1 da espondilite anquilosante2 e da esclerose sistêmica3 da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) neste número da Revista Brasileira de Reumatologia (RBR). A publicação de Consensos e Diretrizes sobre diagnóstico e tratamento na área da Reumatologia já dura mais de duas décadas. Nesse período, as estratégias de elaboração desses textos, que servem de guia para a maioria dos reumatologistas e clínicos na condução de pacientes com diversas doenças reumáticas, evoluíram bastante. Nas Recomendações publicadas neste número da RBR, as Comissões de Espondiloartrites e de Esclerose Sistêmica da SBR utilizaram as estratégias de busca e elaboração do texto final do Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB), que exige que todas as afirmações feitas no texto tenham pelo menos uma referência específica, graduada segundo sua força de evidência. Após a montagem inicial do texto final, com todas as suas regras pré-estabelecidas, na forma de perguntas e respostas, algumas rodadas de discussão via internet foram necessárias para burilar o texto final, que teve a aprovação da SBR e da AMB, que se mostrou uma excelente parceira na elaboração de um texto final que se adequasse à realidade brasileira, sem perder a força de evidência de todas as suas recomendações. Com essa eficiente parceria, o poder destas recomendações, cada vez mais baseado em evidências consistentes, agora também servirá como instrumento de discussão da implantação de estratégias governamentais para diagnóstico e tratamento das doenças reumáticas. Após o advento dos novos critérios classificatórios das espondiloartritrites (EpA) axiais4 e periféricas5 pelo grupo ASAS (Assessment on SpondyloArthritis international Society), e da proposição dos novas diretrizes de tratamento,6,7 tornou-se indispensável uma atualização do consenso do tratamento da espondilite anquilosante e da artrite psoriásica, publicado na RBR em 2007.8 Com relação às Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da espondilite anqiuilosante,2 foram incluídas três questões iniciais sobre a importância dos critérios classificatórios para EpA axiais e periféricas (Recomendação 1), da ressonância magnética no diagnóstico precoce das EpA (Recomendação 2) e do HLA-B27 como fator prognóstico (Re- comendação 3). O tratamento dito convencional discutiu a fisioterapia (Recomendação 4), os corticosteroides (Recomendação 5), o uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINH) (Recomendação 6) e das drogas de base convencionais, como o metotrexato (MTX) e a sulfasalazina (SSZ) (Recomendação 7). O uso das drogas biológicas, que representou uma revolução do tratamento da espondilite anquilosante (EA), está presente com sete perguntas sobre os agentes antifator de necrose tumoral (anti-TNF), versando sobre indicações (Recomendação 8), eficácia (Recomendação 9), segurança (Recomendação 10), progressão do dano estrutural (Recomendação 11), manifestações extra-articulares (Recomendação 12), troca de medicação (switch) (Recomendação 13) e duração do uso (Recomendação 14), além de uma pergunta sobre outras drogas biológicas (Recomendação 15). A artrite psoriásica (AP), dentro do espectro das EpA, também vem sendo cada vez mais estudada nas duas últimas décadas, com a proposição de novos critérios classificatórios9 e a atualização das diretrizes sobre tratamento.10 As atuais Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica1 também representam uma atualização do Consenso brasileiro anterior, de 2007.8 As três primeiras questões são referentes aos critérios classificatórios, recomendando os critérios CASPAR9 (Recomendação 1), a importância da avaliação cutânea, articular e ungueal (Recomendação 2) e o significativo número de comorbidades (Recomendação 3). A avaliação do tratamento convencional tem perguntas sobre o uso dos corticosteroides (Recomendação 4), dos AINH (Recomendação 5) e das drogas convencionais, destacando o MTX, a ciclosporina e a leflunomida (Recomendação 6). O uso dos agentes biológicos, especialmente as drogas anti-TNF, têm sete questionamentos, sobre indicações (Recomendação 7), eficácia (Recomendação 8), segurança (Recomendação 9), progressão do dano estrutural (Recomendação 10), uso concomitante de drogas convencionais (Recomendação 11), troca de medicação (switch) (Recomendação 12) e duração do uso (Recomendação 13), além de uma pergunta sobre outras drogas biológicas (Recomendação 14) e eficácia das drogas com ação predominante na pele sobre o comprometimento articular (Recomendação 15). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. 226 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 5 – 2 2 6 A esclerose sistêmica (ES) é uma das mais fascinantes e complexas doenças reumatológicas, mas ainda há muito a ser aprimorado em seu tratamento. Com o advento dos modernos conceitos da ES sine escleroderma,11 da ES precoce12 e da ES muito precoce13 e do estabelecimento de estratégias órgãos-específicas, já delineadas nas primeiras Recomendações de Tratamento,14 propostas pelo grupo EUSTAR (EULAR Scleroderma Trial and Research), podemos antever que o diagnóstico precoce será indispensável para o sucesso terapêutico. As primeiras três questões versam sobre o diagnóstico da ES (Recomendação 1), e a importância da capilaroscopia periungueal (Recomendação 2) e dos autoanticorpos específicos (Recomendação 3) no diagnóstico precoce e no seguimento dos pacientes esclerodérmicos. Dentro das estratégias órgão-específicas, temos perguntas sobre as drogas antifibróticas (Recomendação 4) e o tratamento da calcinose (Recomendação 5). Na avaliação do comprometimento vascular, temos questionamentos sobre o tratamento do fenômeno de Raynaud (Recomendação 6), das úlceras isquêmicas (Recomendação 7) e da prevenção da recorrência das úlceras isquêmicas (Recomendação 8). O acometimento visceral mais frequente (trato digestivo) também está contemplado com três perguntas, sobre hipomotilidade (Recomendação 9), refluxo gastroesofágico (Recomendação 10) e síndrome de má absorção (Recomendação 11). Os acometimentos dos órgãos vitais têm perguntas específicas sobre pneumopatia intersticial (Recomendação 12), hipertensão arterial pulmonar (Recomendação 13), crise renal esclerodérmica (Recomendação 14) e acometimento cardíaco (Recomendação 15). Resumindo, a nova estratégia de produção das Recomendações de diagnóstico e tratamento das principais doenças reumáticas, segundo as modernas regras do Projeto Diretrizes da AMB, representa um ganho significativo na força das Recomendações da SBR. Percival Degrava Sampaio-Barros Presidente da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2006-2012); Presidente da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2010-2014) E-mail: [email protected] REFERÊNCIAS 1. Carneiro S, Azevedo VF, Bonfiglioli R, Ranza R, Gonçalves CR, Keiserman M, et al. Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica. Rev Bras Reumatol 2013;53(3):227-41. 2. Sampaio-Barros PD, Keiserman M, Meirelles ES, Pinheiro MM, Ximenes AC, Azevedo VF, et al. Recomendações sobre 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. diagnóstico e tratamento da espondilite anquilosante. Rev Bras Reumatol 2013;53(3):242-57. Sampaio-Barros PD, Zimmermann AF, Muller CS, Borges CTL, Freire EA, Maretti GB, et al. Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da esclerose sistêmica. Rev Bras Reumatol 2013;53(3):258-75. Rudwaleit M, van der Heijde D, Landewé R, Listing J, Akkoc N, Brandt J, et al. The development of the Assessment of SpondyloArthritis international Society classification criteria for axial spondyloarthritis (part II): validation and final selection. Ann Rheum Dis 2009;68(6):777-83. Rudwaleit M, van der Heijde D, Landewé R, Akkoc N, Brandt J, Chou CT, et al. The Assessment of SpondyloArthritis International Society classification criteria for peripheral spondyloarthritis and for spondyloarthritis in general. Ann Rheum Dis 2011;70(1):25-31. Braun J, van den Berg R, Baraliakos X, Boehm H, BurgosVargas R, Collantes-Estevez E, et al. 2010 update of the ASAS/EULAR recommendations for the management of ankylosing spondylitis. Ann Rheum Dis 2011;70(6):896-904. van der Heijde D, Sieper J, Maksymowych WP, Dougados M, Burgos-Vargas R, Landewé R, et al. 2010 Update of the international ASAS recommendations for the use of antiTNF agents in patients with axial spondyloarthritis. Ann Rheum Dis 2011;70(6):905-8. Sampaio-Barros PD, Azevedo VF, Bonfiglioli R, Campos WR, Carneiro SCS, Carvalho MAP, et al. Primeira Revisão do Consenso Brasileiro de Espondiloartropatias: espondilite anquilosante e artrite psoriásica. Rev Bras Reumatol 2007;47(4):234-43. Taylor W, Gladman D, Helliwell P, Marchesoni A, Mease P, Mielants H; CASPAR Study Group. Classification criteria for psoriatic arthritis: development of new criteria from a large international study. Arthritis Rheum 2006;54(8): 2665-73. Ash Z, Gaujoux-Viala C, Gossec L, Hensor EM, FitzGerald O, Winthrop K, et al. A systematic literature review of drug therapies for the treatment of psoriatic arthritis: current evidence and meta-analysis informing the EULAR recommendations for the management of psoriatic arthritis. Ann Rheum Dis 2012;71(3):319-26. Poormoghim H, Lucas M, Fertig N, Medsger TA Jr. Systemic sclerosis sine scleroderma: demographic, clinical, and serologic features and survival in forty-eight patients. Arthritis Rheum 2000;43(2):444-51. LeRoy EC, Medsger TA Jr. Criteria for the classification of early systemic sclerosis. J Rheumatol 2001;28(7):1573-6. Avouac J, Fransen J, Walker UA, Riccieri V, Smith V, Muller C, et al. Preliminary criteria for the very early diagnosis of systemic sclerosis: results of a Delphi Consensus Study from EULAR Scleroderma Trials and Research Group. Ann Rheum Dis 2011;70(3):476-81. Kowal-Bielecka O, Landewé R, Avouac J, Chwiesko S, Miniati I, Czirjak L, et al. EULAR recommendations for the treatment of systemic sclerosis: a report from the EULAR Scleroderma Trials and Research group (EUSTAR). Ann Rheum Dis 2009;68(5):620-8. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da artrite psoriásica☆ Recommendations for the management and treatment of psoriatic arthritis Sueli Carneiroa,b, Valderílio Feijó Azevedoc, Rubens Bonfiglioli d, Roberto Ranza e, Célio Roberto Gonçalves f, Mauro Keisermang, Eduardo de Souza Meirelles h, Marcelo de Medeiros Pinheiroi, Antonio Carlos Ximenesj, Wanderley Bernardo k, Percival Degrava Sampaio-Barros f,l,* a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil c Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil d Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, SP, Brasil e Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil f Disciplina de Reumatologia, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brasil g Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil h Serviço de Reumatologia, Instituto de Ortopedia e Traumatologia, FMUSP, São Paulo, SP, Brasil i Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil j Hospital Geral de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil k Coordenador do Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil l Presidente da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2006-2012), São Paulo, SP, Brasil b Elaboração final Dezembro de 2012 Descrição do método de elaboração das evidências Os integrantes da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (biênio 2010-2012) participaram do Curso de Elaboração de Evidências da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, durante o primeiro semestre de 2011. As questões foram concluídas em reunião presencial da Comissão de Espondiloartrites no dia 15 de outubro de 2011, durante a XVIII Jornada Cone Sul de Reumatologia, em Florianópolis (SC), e foram posteriormente aprovadas por todos os coordenadores do Registro Brasileiro de Espondiloartrites. As 15 questões clínicas consideradas relevantes foram estruturadas por meio da estratégia do P.I.C.O. (paciente; intervenção ou indicador; comparação; outcome). As estratégias de busca avaliaram as bases de dados MEDLINE, EMBASE, Scielo/Lilacs, Cochrane Library até fevereiro de 2012 (Apêndice). Os artigos selecionados ☆ na primeira estratégia de busca foram submetidos à avaliação crítica das evidências, utilizando-se o escore de Jadad. Posteriormente, foram elaboradas as respostas às perguntas das Recomendações, sendo que cada referência bibliográfica selecionada apresentava o correspondente grau de recomendação e força de evidência científica. Para as Recomendações finais, as referências bibliográficas foram atualizadas até agosto de 2012, redigidas em texto único pelo coordenador, e submetidas aos coautores em dois turnos, para elaboração do texto final. Grau de recomendação e força de evidência A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Trabalho realizado com a chancela da Sociedade Brasileira de Reumatologia. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (P.D. Sampaio-Barros). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. 228 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 Objetivo Estabelecer as recomendações para o diagnóstico (critérios classificatórios e avaliação clínica) e o tratamento da artrite psoriásica. Introdução A psoríase cutânea é uma doença bastante frequente, podendo acometer 1-3% da população. Dentre as manifestações extracutâneas da psoríase, a artrite psoriásica (AP) é a mais frequente, afetando 8-42% dos pacientes psoriásicos. O quadro articular (artrite, entesite e/ou dactilite) pode cursar com significativa limitação funcional dos indivíduos acometidos. Por isso, seu diagnóstico precoce é importante para o estabelecimento de estratégias terapêuticas eficientes. Recentemente, com a proposição dos critérios classificatórios do grupo CASPAR1(B), a caracterização dos pacientes com AP ficou mais fácil e abrangente – e o advento de novas modalidades terapêuticas tornou o tratamento mais eficaz. A atualização sobre os aspectos diagnósticos e terapêuticos da AP é indispensável para uma melhor e mais abrangente compreensão da doença. 1. Quais são os critérios para se considerar que um indivíduo tenha artrite psoriásica? Há vários critérios de classificação de AP: a) Critérios de Moll & Wright: psoríase ou história de psoríase ou doença ungueal e ausência de fator reumatoide (FR) positivo, além de um dos seguintes itens clínicos: artrite assimétrica oligoarticular, artrite poliarticular, predominância interfalangeana distal, predominância de espondilite, artrite mutilante; b) Critérios de Bennett: psoríase (pele ou ungueal) e dor e edema de partes moles e/ou redução na mobilidade em ao menos uma articulação, além de seis dos seguintes itens: artrite interfalangeana distal, artrite assimétrica, ausência de nódulos subcutâneos, FR negativo, fluido inflamatório sinovial, hipertrofia sinovial à biópsia, artrite erosiva de pequenas articulações, sacroiliíte, sindesmófito, ossificação paravertebral; c) Critérios de Vasey & Espinoza: psoríase ou história de psoríase ou doença ungueal e um dos seguintes itens: periféricos: envolvimento de falange distal, dactilite, artrite assimétrica, osteólise, artrite erosiva, periostite, anquilose; ou centrais: dor ou rigidez em coluna, sacroiliíte simétrica; d) Critérios de Fournié (soma de 11 pontos): psoríase (6 pontos), história de psoríase (3 pontos), artrite interfalangeana distal (3 pontos), envolvimento inflamatório da coluna cervical ou torácica (3 pontos), artrite assimetrica (1 ponto), dor (2 pontos), presença de HLA-B16 ou B17 (6 pontos), FR negativo (4 pontos), erosão de falange distal ou osteólise ou anquilose ou formação óssea ou erosão em tufo (5 pontos); e) Critérios do ESSG: dor inflamatória em coluna ou sinovite e psoríase ou história familiar de psoríase; f) Critérios CASPAR: presença de doença inflamatória articular confirmada (articulações, coluna, ou enteses), com ao menos três desses elementos: psoríase atual, história de psoríase ou história familiar de psoríase, dactilite, formação óssea justa-articular (mãos ou pés), FR negativo e distrofia psoriásica ungueal1(B). A sensibilidade e a especificidade dos critérios CASPAR são 99,7% e 99,1%, respectivamente2(B). Nos critérios CASPAR, as características clínicas dos pacientes são: psoríase em 100%, distrofia psoriásica ungueal em 28,5%, FR negativo em 77,1%, dactilite em 34,2%, formação óssea justa articular em 34,2% dos casos. Além disso, entre as formas de apresentação mais comuns estão: predomínio inflamatório articular periférico (81,2%) e acometimento poliarticular (47,8%)1(B). Em pacientes com AP, os critérios de Bennett foram positivos em 10,2% dos casos, os de Moll & Wright em 30,7%, os do ESSG em 43,5%, os critérios de Vasey & Espinoza em 46,1%, os de Fournié em 79,4%, e os critérios CASPAR em 89,7% dos casos3(B). Em pacientes com AP os critérios clínicos que predominam, com suas respectivas prevalências relativas, sensibilidades e especificidades no diagnóstico, são: sinovite (151%, 51% e 100%), entesopatia (140%, 40% e 100%), dactilite (120%, 20% e 100%), história familiar (118%, 51% e 67%), lombalgia inflamatória (113%, 13% e 100%) e dor alternada em nádegas (111%, 13% e 98%)4(B). Na avaliação dos desfechos clínicos de pacientes com AP, o domínio mais frequente é a pele [Psoriasis Area Severity Index (PASI) e Physician Global Assessment of Psoriasis (PGAP)], seguido da articulação (contagem do número de articulações acometidas, presença de envolvimento interfalangeano distal e presença de poliartrite simétrica). Outros domínios clínicos considerados são entesite [presença de dor, escore Maastrich Ankylosing Spondylitis Enthesitis Score (MASES)], dactilite [número de dedos acometidos e Infliximab Multinational Psoriatic Arthritis Controlled Trial Index for Dactylitis (IMPACT 1)] e doença ungueal [Nail Psoriasis Severity Index (NAPSI)]5(B). Recomendação 1 Os critérios classificatórios mais utilizados para a artrite psoriásica são os do CASPAR. 2. Há correlação de atividade entre doença cutânea, ungueal e articular na artrite psoriásica? Em pacientes com AP, a doença de pele precede a artrite em 60% dos casos, ocorre no mesmo ano em 31%, e a artrite precede as manifestações de pele em 9%. Há correlação significativa entre o grau de envolvimento da pele (PASI) e o teste de Schober. Articulações deformadas estão associadas com escore PASI elevado. O escore de acometimento de couro cabeludo está correlacionado positivamente com o número de articulações acometidas (deformidades, dactilites e envolvimento interfalangeano distal). De maneira semelhante, há associação entre o envolvimento ungueal e a deformação articular, bem como o número de articulações acometidas6(B). R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 O espessamento ungueal com ou sem irregularidade na superfície ocorre em 95,7% dos casos de AP. O diagnóstico por ressonância magnética (RM) do envolvimento ungueal é mais frequente em pacientes com sinais clínicos de onicopatia. De maneira semelhante, pacientes com anormalidades em interfalangeanas distais apresentam sinais clínicos de onicopatia com mais frequência, com aumento de risco de 49,2%7(B). O envolvimento ungueal é significativamente maior entre pacientes com AP do que em pacientes com psoríase apenas (aumento do risco de 59%), mas não há relação entre o padrão de envolvimento cutâneo e o envolvimento ungueal8(B). A área cutânea acometida em pacientes com psoríase sem artrite é quatro vezes maior (9,8%) que em pacientes com AP (2,5%)9(B). Recomendação 2 Há relação variável de intensidade entre as manifestações cutâneas e o acometimento articular na artrite psoriásica. As alterações ungueais são mais frequentes nos pacientes com artrite psoriásica. 3. Quais são as comorbidades mais associadas à artrite psoriásica? Pacientes com AP, quando comparados com pacientes com psoríase sem artrite, têm aumento de 4,9% no risco de doença cardiovascular [number need to harm (NNH): 20), de 17,5% em hipertensão (NNH: 6), de 6,2% em hiperlipidemia (NNH: 16), de 5,3% em diabetes tipo II (NNH: 19), de 3,5% em obesidade (NNH: 32), de 4,3% em doença respiratória (NNH: 24), de 6,7% em doença gastrointestinal (NNH: 14), de 5,7% em doença neurológica (NNH: 19), de 11,4% em depressão ou ansiedade (NNH: 9) e de 4,7% em câncer (NNH: 21)10(B). Há aumento de 79% em risco relativo de acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e morte cardiovascular, semelhante ao de pacientes com psoríase sem artrite11(B). Pacientes com AP já estabelecida têm aumento de 22,949,3% no risco de hipertensão (NNH: 2-5), de 2,2-5,3% em diabetes (NNH: 19-45), de 7,4-8,1% em doença de Crohn (NNH: 12-14) e de 6,4-11,8% em doença obstrutiva crônica (NNH: 8-15). Já pacientes com AP em fase inicial têm aumento de 22,8-26,6% no risco de hipertensão (NNH: 4)12(B). Há aumento ainda de 22,9% no risco de síndrome metabólica (NNH: 4)13(B), de aterosclerose e de doença vascular periférica14(B). Pacientes com AP têm aumento de 2-17% no risco de apresentar TSH > 3,5 μU/mL, de 12-16% de apresentar anticorpo antitiroperoxidase > 100 UI/mL e de 15-20% de apresentar autoimunidade tireoideana (AbTg+ ou AbTPO+)15(B). A uveíte é uma comorbidade que pode estar presente em pacientes com AP, de maneira unilateral e bilateral, em 25% e 37,5% dos casos, respectivamente, com distribuição semelhante nas apresentações anterior e posterior e de instalação insidiosa em 19% dos pacientes, com tempo médio de nove anos após o diagnóstico da artrite16(B). Recomendação 3 Há aumento no risco de associação de algumas comorbidades na artrite psoriásica, como doenças cardiovasculares, diabe- 229 tes tipo II, doenças gastrointestinais, respiratórias e neuropsiquiátricas, hipotireoidismo e uveíte. 4. Quais são as evidências para o uso de corticosteroides em pacientes com artrite psoriásica? Glicocorticoides podem ser utilizados como tratamento adjuvante em doença localizada (formas oligoarticulares, entesites ou dactilites)17(D). O uso de injeções de corticosteroide (metilprednisolona), em doses variando de 5-80 mg, em pacientes com AP, pode ser realizado em articulações inflamadas ou com lesão, como interfalangeanas (44%), joelhos (21%) e coxofemorais (9,4%). A probabilidade de resposta clínica em três meses e em seis meses é de 41,6% e 51,5%, respectivamente. Das articulações que respondem em três meses, pode haver recorrência em 25,5%18(B). O uso de corticosteroides sistêmicos em pacientes com AP não foi estudado de maneira consistente. Além disso, a opinião especializada contraindica o uso de corticoides sistêmicos no tratamento da psoríase, sendo recomendado em situações especiais, e nunca de forma crônica. Apesar disso, esses medicamentos têm sido prescritos na AP em 24,4-30% dos casos, com precaução, devido a possível piora do acometimento cutâneo19(B). Também o uso prolongado de glicocorticoides pode produzir resistência no controle da psoríase tratada com o metotrexato, além de poder determinar eventos adversos como osteoporose, redução da tolerância à glicose e aumento das infecções. Sua interrupção pode levar à forma pustular da psoríase20(C). Com frequência de 24,4% de uso de corticosteroides sistêmicos em pacientes com AP, o mais comumente prescrito é a metilprednisolona (65,9%). Também são utilizados o deflazacorte (22,8%), a prednisona (4,4%), a betametasona (2,3%) e a dexametasona (2,3%). A dose média diária de metilprednisolona é de 4,5 ± 1,4 mg21(C). Recomendação 4 O uso de corticosteroide injetável intra-articular na artrite psoriásica pode ser uma opção terapêutica em doença localizada; entretanto, o uso sistêmico não é recomendado por falta de demonstração de eficácia e pelo risco de eventos adversos graves, além da recidiva da psoríase cutânea quando da retirada da droga. 5. Quais são as evidências para o uso de antiinflamatórios não hormonais em pacientes com artrite psoriásica? A prescrição de indometacina 50 mg/dia para pacientes com AP pode determinar resposta clínica (melhora na dor, na limitação de movimentos e na rigidez) em 62% dos casos em seguimento de oito semanas, podendo ocorrer eventos adversos como vertigem, náusea ou cefaleia22(B). A comparação entre indometacina e diclofenaco 75 mg/ dia em pacientes com AP demonstra resposta clínica não significativa, em oito semanas, com ambas medicações e 230 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 sem diferença entre elas, inclusive em relação aos eventos adversos23(B). O anti-inflamatório nimesulida, sobretudo nas doses de 200 mg e 400 mg/dia, proporciona os seguintes benefícios aos pacientes com AP: redução dos escores de dor, redução dos escores de edema e rigidez matinal, redução do uso de analgésicos, sem aumento significativo de eventos adversos24(B). O tratamento de pacientes com AP com celecoxibe 200 mg ou 400 mg, por duas semanas, aumenta a resposta clínica, medida pelo American College of Rheumatology Responders Index 20% (ACR20) em 21% [number needed to treat (NTT): 5] e em 11% (NNT: 9), respectivamente. Entretanto, após 12 semanas de seguimento, não há diferença na resposta quando comparamos os pacientes tratados com celecoxibe e os pacientes não tratados25(A). Recomendação 5 O tratamento com anti-inflamatórios não hormonais é uma opção terapêutica sintomática e de curta duração na artrite psoriásica. 6. Quais são as evidências para o uso de drogas de base convencionais (metotrexato, ciclosporina, leflunomida e sulfasalazina) em pacientes com artrite psoriásica? Metotrexato O uso do metotrexato na dose de 2,5-5,0 mg a cada 12 horas, em três doses consecutivas por semana, durante 12 semanas, em pacientes com AP, quando comparado a pacientes sem uso de metotrexato, não demonstra benefício com relação a edema, rigidez matinal, dor, força ou acometimento articular. Apenas reduz o escore de gravidade avaliado pelo médico. Em relação a eventos adversos, há distúrbios gastrointestinais, estomatite e aumento dos níveis de bilirrubina26(B). No seguimento de 24 meses de pacientes com AP tratados com metotrexato 5,0-7,5 mg por semana, não se verifica diferença na resposta clínica (redução ≥ 40% nas articulações inflamadas) quando comparado com pacientes em uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINHs). De forma semelhante, a avaliação radiológica revela uma diferença não significativa de aumento no escore de dano articular de 16% nos pacientes tratados com metotrexato27(B). No tratamento de pacientes com AP durante seis meses, a associação de metotrexato aos AINHs desde o início do tratamento ou no segundo trimestre produz benefício, sem diferença entre os dois regimes de tratamento, com relação à atividade da doença, medida por: (1) contagem de edema ou rigidez articular, (2) avaliações globais do paciente ou do médico, e (3) escala visual analítica (EVA) de dor28(B). O tratamento com metotrexato em pacientes com AP comparado com o tratamento em pacientes com artrite reumatoide durante seis meses revela que os resultados são superiores nos casos de artrite reumatoide. Entretanto, em relação ao início da terapêutica, os pacientes com AP têm redução no número de articulações acometidas, na dor (EVA) e no escore de avaliação global de atividade da doença (pacientes e médicos) e aumento na qualidade de vida [Modified Health Assessment Questionnaire (MHAQ) e Medical Outcomes Study 36-item Short-Form Health Survey (SF-36)]. Ainda com relação à atividade da doença, na AP há aumento no número de pacientes com DAS ≥ 2,6 e ≥ 3,2, de 17% e 29%, respectivamente29(B). Os eventos adversos mais frequentes com o uso de metotrexato são náusea, fotossensibilização e aftas (levando a descontinuidade) e elevação dos níveis de enzimas hepáticas (35%)30,31(B). Ciclosporina A comparação entre ciclosporina (3 mg/kg/dia) e metotrexato (três doses consecutivas de 2,5 mg a cada 12 horas na semana) no tratamento de pacientes com AP revela que ambas medicações em 12 meses produzem benefício aos pacientes, com relação ao edema e à dor articular, à rigidez matinal, à força, à atividade da doença pela avaliação global dos pacientes e médicos, sem diferença entre os dois regimes de tratamento. Com relação aos eventos adversos, entretanto, o tratamento com metotrexato aumenta as enzimas hepáticas, e a ciclosporina não aumenta32(B). O tratamento com ciclosporina (3 mg/kg/dia), comparado com sulfasalazina (2 g/dia) associada a sintomáticos, ou a sintomáticos apenas (AINHs, analgésicos e/ou prednisona), durante seis meses, determina melhores resultados, com maior redução da dor, redução no número de articulações acometidas, redução da atividade da doença pela avaliação global de pacientes em 34% e de médicos em 24%, e melhor escore (Arthritis Impact Measurement Scale e Spondylitis Functional Index). Quando comparado com o tratamento sintomático, a ciclosporina determina aumento nos pacientes que atingem ACR50 e ACR70 em 22% e 24%, respectivamente. Os eventos adversos são piora da função renal, distúrbios gastrointestinais e neurológicos e hipertensão33(A). Em pacientes com AP e resposta incompleta ao metotrexato, o uso de ciclosporina (2,5 mg/kg/dia) por 48 semanas reduz o risco de acometimento articular em 36% (NNT: 3), além do PASI e do número de articulações edemaciadas. Não há diferença nos escores de dor. Há aumento de eventos adversos, como náusea, cefaleia, parestesia e sensação de queimação34(B). O tratamento com ciclosporina (2,5-3,75 mg/kg/dia) em comparação com o adalimumabe (40 mg em semanas alternadas), ou com a combinação de ambos, em pacientes com AP, demonstra que a combinação aumenta a resposta (Psoriatic Arthritis Response Criteria) em comparação com a ciclosporina em 30% (NNT: 3), aumenta o número de pacientes com resposta ACR50 em 51% (NNT: 2), melhora o escore Health Assessment Questionnaire Disability Index (HAQ-DI) e reduz o uso de AINHs e de corticosteroides em 51% (NNT: 2)35(B). Leflunomida O uso da leflunomida (100 mg/dia por três dias seguida de 20 mg/dia) em pacientes com AP aumenta a resposta, medida pelo Psoriatic Arthritis Response Criteria (PsARC), em 29,2% (NNT: 3), em todos os critérios (dor articular, escore de edema e avaliação global). Aumenta, ainda, o número de pacientes que atingem ACR20 em 16,3% (NNT: 6) e melhora a qualidade de vida, medida pelo HAQ36(A). R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 A descontinuidade no tratamento com leflunomida por eventos adversos é superior (29,2%) à presente no tratamento com metotrexato (10,8%), apesar de essa diferença não ser significativa. A incidência de eventos adversos é superior na leflunomida (38,7 eventos por 100 pacientes/ano) quando comparado ao metotrexato (14,3 eventos por 100 pacientes/ano), e também eleva as enzimas hepáticas37(B). Durante 24 meses de seguimento, 33,3% dos pacientes descontinuam o tratamento – 11,1% por falta de eficácia e 23,3% por eventos adversos38(B). Sulfasalazina Após 24 semanas de tratamento de pacientes com AP com sulfasalazina (40 mg/kg/dia), não há diferença, em comparação com pacientes não tratados, com relação à dor, rigidez matinal, avaliação global de atividade da doença ou índice de descontinuidade39(B). Não há benefício com relação à dor, força, número de articulações acometidas e edema articular no tratamento de pacientes com sulfasalazina (500 mg/dia) por 12 semanas. As únicas medidas que demonstram benefício são a avaliação global de atividade da doença realizada pelo paciente e pelo médico e o tempo de rigidez matinal40(B). O tratamento de pacientes com AP com sulfasalazina (2,0 g/dia) durante 24 semanas determina benefício apenas na redução da dor, medida pela escala EVA. Entretanto, não há diferença quando comparado a não tratar, com relação à rigidez matinal, à redução do número de articulações acometidas e em relação ao escore Ritchie articular index. Os principais eventos adversos são náusea, distúrbios gastrointestinais, cefaleia, reações de pele, elevação das enzimas hepáticas e da creatinina41(B). Recomendação 6 Há controvérsia sobre a eficácia do metotrexato no tratamento da artrite psoriásica, podendo ser usado em associação com anti-inflamatórios não hormonais, e com precaução devido à hepatotoxicidade. A ciclosporina é opção eficaz de tratamento da artrite psoriásica, e pode ter seus resultados potencializados em associação com o adalimumabe. A leflunomida é opção terapêutica na artrite psoriásica, com precaução devido à sua hepatoxicidade. A sulfasalazina é opção terapêutica na artrite psoriásica, podendo reduzir a dor. 7. Quais são as indicações para o uso de drogas anti-TNF na artrite psoriásica? 231 Pacientes com diagnóstico de AP estabelecida há mais de seis meses de duração, com falha terapêutica com DMCDs ou AINHs, com artrite poliarticular periférica e rigidez matinal de mais de 45 minutos de duração, psoríase em placa, sem tuberculose, infecções, câncer ou insuficiência cardíaca, tratados com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6, 14 e 22, com ou sem metotrexato, apresentam efeitos na evolução clínica43(A). Etanercepte O tratamento de pacientes com AP ativa e resposta inadequada a AINHs pode ser realizado com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC administrado por 12 ou 24 semanas, com ou sem associação ao metotrexato44,45(A). Adalimumabe Em pacientes adultos com AP ativa moderada a grave (ao menos três articulações edemaciadas e com dor) e com lesões cutâneas psoriásicas ou história de psoríase, resposta inadequada ou intolerância a AINHs, com ou sem associação ao metotrexato, sem história de sintomas neurológicos sugestivos de doença desmielinizante, história de tuberculose ativa ou listeriose, ou a presença de infecção grave, o uso de adalimumabe 40 mg SC em semanas alternadas, por 24 semanas de seguimento, pode ser analisado frente à melhora na resposta ACR20 na 12a semana e modificação no escore Sharp de dano estrutural nas radiografias de mãos e pés na 24ª semana. Outros desfechos que podem ser analisados são: ACR50 e ACR70, resposta medida pelo PsARC, HAQ-DI e SF-36, na 12ª e 24ª semanas, e eventos adversos46(B). Em pacientes adultos, com AP ativa moderada a grave (ao menos três articulações edemaciadas e com dor), e com lesões cutâneas psoriásicas de placas crônicas; resposta inadequada a DMCDs; com ou sem associação ao metotrexato ou a DMCDs; sem história de uso prévio de anti-TNF, ou de corticoides há ao menos quatro semanas, ou de tratamento tópico para psoríase, ou de fototerapia, ou de alefacepte ou siplizumabe com 12 semanas, ou qualquer outro biológico. Sem infecção, ou história de tuberculose, ou doença cardíaca, renal, neurológica, psiquiátrica, endócrina, metabólica, hepática, sintomas de desmielinização e câncer, o tratamento com adalimumabe 40 mg, em semanas alternadas por 12 semanas, pode produzir efeitos na resposta medida pelo ACR20, ACR50 ou ACR7047(A). Golimumabe Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a DMCDs ou AINHs, com ou sem associação ao metotrexato, tratados com golimumabe 50 mg ou 100 mg a cada quatro semanas, por 20 semanas, podem apresentar aumento na resposta ACR2048(A). Infliximabe Recomendação 7 Pacientes com diagnóstico de AP estabelecida há mais de seis meses de duração, com falha terapêutica com drogas modificadoras do curso da doença (DMCDs), com artrite poliarticular periférica e rigidez matinal de mais de 45 minutos de duração, tratados com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6 e 14, podem apresentar aumento na resposta ACR20, ACR50 e ACR7042(A). O tratamento com drogas anti-TNF (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, golimumabe) está indicado em pacientes adultos, com artrite psoriásica ativa moderada a grave (ao menos três articulações edemaciadas e com dor), estabelecida há mais de seis meses, e com lesões cutâneas psoriásicas de placas crônicas ou história de psoríase; resposta inadequa- 232 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 da ou intolerância a anti-inflamatórios não hormonais ou a drogas modificadoras do curso da doença por três meses; com ou sem associação ao metotrexato. cientes em 11,5-20% (NNT: 5-8) e redução na perda de dias de trabalho52(A). Etanercepte 8. Existe diferença de eficácia entre as drogas antiTNF em pacientes com artrite psoriásica? Pacientes com AP e indicação de tratamento com drogas anti-TNF, tratados comparativamente com infliximabe na dose de 5 mg/kg a cada seis a oito semanas, etanercepte 25 mg 2x/ semana, e adalimumabe 40 mg em semanas alternadas, seguidos por três meses a um ano, apresentam os seguintes resultados: resposta ACR20 de 72%, 70% e 75%, nos pacientes tratados com etanercepte, adalimumabe e infliximabe, respectivamente; nenhum dos pacientes apresentaram remissão completa no período de um ano (ausência de articulações acometidas clinicamente)49(B). A tabela 1 mostra a comparação de NNT nos diversos tratamentos da AP com anti-TNF. Infliximabe Pacientes com diagnóstico de AP estabelecida há mais de seis meses, com falha terapêutica com DMCDs, com artrite poliarticular periférica e rigidez matinal de mais de 45 minutos de duração, tratados com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6 e 14, apresentam aumento nas respostas ACR20 de 55% (NNT: 2), ACR50 de 46% (NNT: 2) e ACR70 de 29% (NNT: 3). Há ainda resposta medida pelo escore HAQ, aumento na resposta PsARC de 54% (NNT: 2), melhora no escore de dactilite de 56% (NNT: 2), redução na entesite de 17% (NNT: 6) e aumento na melhora do escore Disease Activity Score em 28 articulações (DAS-28) de 43,2% (NNT: 2)42(A). Em pacientes com diagnóstico de AP estabelecida há mais de seis meses, com falha terapêutica com DMCDs ou AINHs, com artrite poliarticular periférica e rigidez matinal de mais de 45 minutos de duração, psoríase em placa, sem tuberculose, infecções, câncer ou insuficiência cardíaca, tratados com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6, 14 e 22, apresentam: • Maiores proporções de resposta ACR20 na 14ª semana (47%) – NNT: 2 e 24ª semana (38%) – NNT: 2. Na 14a semana, 33% dos pacientes tratados com infliximabe alcançam maior resposta ACR50 (NNT: 3) e 14% ACR70 (NNT: 7)43(A); • Na 14a semana, 50% dos pacientes tratados com infliximabe têm melhora de acordo com o PsARC (NNT: 2); na 24ª semana: 38% (NNT: 3)43(A); • Redução no risco de dactilite de 12% (NNT: 8) e 22% (NNT: 5), na 14a e 24a semanas, respectivamente. E redução na entesopatia de 12% (NNT: 8) e 17% (NNT: 6), nas semanas 14 e 24, respectivamente43(A); • A proporção de pacientes que atinge resposta clínica (HAQ) aumenta em 40% (NNT: 3) e 32% (NNT: 3), na 14a e 24a semanas43(A); Esses resultados são mantidos até a 54ª semana de tratamento50(B); Com dois anos de seguimento, as respostas ACR20, ACR50 e ACR70 são de 45%, 45% e 35%, respectivamente51(B). O impacto no trabalho com o tratamento de infliximabe na 14ª semana de análise leva a aumento na produtividade de 58,3% (NNT: 2), aumento na taxa de emprego desses pa- O tratamento de pacientes com AP ativa e indicação de drogas anti-TNF com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC administrado por 12 semanas aumenta a resposta PsARC em 64% (NNT: 2), aumenta a resposta ACR20 em 60% (NNT: 2), reduz o número de articulações acometidas de 53-70% e aumenta a resposta funcional (disability index scores) em 29% (NNT: 3)45(A). Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a AINH podem ser tratados com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC, administrada por 24 semanas. A resposta ACR20 em 12 semanas aumenta em 44% (NNT: 2), a resposta PsARC aumenta em 47% (NNT: 2) e em 24 semanas a melhora funcional (HAQ) aumenta em 48% (NNT: 2)44(A). Em 12 meses, ainda, as respostas ACR20 e PsARC são de 64% e 84%, respectivamente, semelhante à resposta em 12 semanas53(A). Os pacientes tratados com etanercepte têm aumento de 47,2% na melhora medida pelo HAQ-DI em 24 semanas, com 41,2% dos pacientes apresentando resposta completa em 48 semanas54(B). Adalimumabe Em pacientes adultos com AP ativa moderada a grave, o tratamento com adalimumabe na 12a semana determina aumento na resposta ACR20 de 44% (NNT: 2). Na 24ª semana, a resposta ACR20 aumenta em 42% (NNT: 2). Entre os pacientes recebendo adalimumabe, a resposta medida pelo PsARC melhora em 36% na 12ª semana (NNT: 3) e 37% na 24ª (NNT: 3)46(B). Após 48 semanas, o índice de resposta ACR20, ACR50 e ACR70 nos pacientes que recebem adalimumabe é de 56%, 44% e 30%, respectivamente. A resposta PASI50, PASI75, PASI90 e PASI100 é de 67%, 58%, 46% e 33%, respectivamente55(B). Em relação à qualidade de vida e função, medidas por Dermatology Life Quality Index (DLQI), Functional Assessment of Chronic Illness Therapy – Fatigue Scale (FACIT-Fatigue), HAQ-DI, Minimum Clinically-Important Difference (MCID), Physical Component Summary Score (PCS) e SF-36, os pacientes tratados com adalimumabe por 24 semanas apresentam: aumento na MCID ≥ −0,3 pontos (HAQ-DI) de 23,6% (NNT: 4); resolução completa (HAQ-DI) de 20,9% (NNT: 5); aumento na MCID ≥ 5 pontos (SF 36) de 31,6% (NNT: 3); aumento na MCID ≥ 4 pontos (FACIT) de 31,6% (NNT: 3); aumento na MCID ≥ −5 pontos (DLQI) de 31,3% (NNT: 3); e resolução completa (DLQI) de 38,6% (NNT: 3)56(B). A porcentagem de pacientes que alcançam resposta, em dois anos, ACR20, ACR50, ACR70 e PsARC é de 57,3%, 42,7%, 29,9% e 63,5%, respectivamente, semelhante à obtida na 48ª semana. A resposta completa (HAQ-DI) é de 38,5%, e os pacientes que atingem a mínima diferença clínica importante no HAQ-DI, no SF-36, no FACIT–F e no DLQI, é de 47,6%, 50,0%, 76,7% e 56,3%, respectivamente, também semelhante à obtida com 48 semanas57(B). Em pacientes com AP ativa moderada a grave, o tratamento com adalimumabe 40 mg em semanas alternadas, por 12 semanas, produz aumento na resposta ACR20, ACR50 e ACR70 de 23% (NNT: 4), 23% (NNT: 4) e 14% (NNT: 7), respectivamente. Há redução também na atividade global da doença e melhora na função física (HAQ-DI). A resposta com ou sem associação a AINH ou 233 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 Tabela 1 - Comparação de NNT nos diversos tratamentos da artrite psoriásica com anti-TNF Drogas Desfechos (NNT) ACR20 Adalimumabe Etarnecepte Golimumabe Infliximabe 2 2 2 2 ACR50 2 ACR70 PsARC HAQ 4 3 3 3 2 2 2 3 DAS28 Entesite DLQI Dactilite 3 2 2 6 2 NNT, number needed to treat; ACR, American College of Rheumatology Responders Index; PsARC, Psoriatic Arthritis Response Criteria; HAQ, Health Assessment Questionnaire; DAS-28, Disease Activity Score in 28 joints; DLQI, Dermatology Life Quality Index. a corticoide é semelhante. Há aumento na resposta PsARC em 27% (NNT: 4) e redução no escore de dactilite e de entesite47(A). A resposta ACR20/50/70 após 24 semanas é de 65%, 43% e 27%, respectivamente, e a resposta PsARC é de 75%, semelhante à de 12 semanas47(A). Golimumabe Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a DMCDs ou AINHs, tratados com golimumabe 50 mg ou 100 mg a cada quatro semanas, por 20 semanas, apresentam, em 14 semanas, aumento na resposta ACR20 de 42% e 36% nas doses de 50 mg e 100 mg, respectivamente, independente da associação com metotrexato. Também em 14 semanas os pacientes tratados com golimumabe têm aumento de 50% (NNT: 2) na resposta PsARC em ambas doses e de 40% na resposta EULAR (DAS-28) em ambas doses48(A). Recomendação 8 Não há diferença na eficácia no tratamento de pacientes com AP com os diferentes anti-TNF (infliximabe, etanercepte, adalimumabe e golimumabe), principalmente nas medidas de resposta ACR20, PsARC e HAQ. 9. Existe diferença de segurança entre as drogas anti-TNF em pacientes com artrite psoriásica? Infliximabe Não há aumento de eventos adversos com o tratamento de infliximabe, sendo os mais comuns: cefaleia, bronquite, infecção respiratória, rinite e rash cutâneo42(A). Não há aumento de eventos adversos, eventos adversos graves ou infecções nos pacientes tratados com infliximabe (5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6, 14 e 22, com ou sem metotrexato) em comparação com aqueles não tratados. A proporção de perda na aderência ao tratamento por eventos adversos é de 4%, sendo algumas dessas causas o aumento das enzimas hepáticas. Os eventos adversos mais comuns são: infecção respiratória, cefaleia e pode ocorrer câncer43(A). Etanercepte O evento adverso mais comum no tratamento de pacientes com AP com etanercepte, 25 mg 2x/semana SC, administrado por 12 semanas, é infecção respiratória45(A). Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a AINHs podem ser tratados com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC administrado por 24 semanas, com ou sem associação ao metotrexato. Eventos adversos podem ocorrer, como dor torácica, cálculo renal, síncope ou esclerose múltipla. Não há aumento de evento adverso em relação aos pacientes não submetidos ao tratamento, sendo a maioria moderados, e o mais comum é infecção respiratória em até dois anos de seguimento44,53(A). Adalimumabe O adalimumabe na 24ª semana não tem aumento na incidência de eventos adversos comparado aos pacientes não tratados (infecção respiratória, hipertensão, cefaleia). Eventos adversos graves são artrodese, convulsões, meninigite viral, cálculo renal, pancreatite, plaquetopenia e elevação de enzimas hepáticas, que podem levar a descontinuidade do tratamento46(B). O adalimumabe é seguro na 48a semana55(B). Não há diferença nos eventos adversos em dois anos quando comparado com um ano de tratamento com adalimumabe, sendo que 91,6% dos pacientes apresentam um evento, e 16,8% desses ao menos um evento grave. Os eventos mais comuns são colelitíase, infarto do miocárdio, apendicite, infecção urinária, osteoartrite, convulsão, nefrolitíase, tuberculose, linfoma, e 6,7% dos pacientes descontinuam o tratamento56(B). Os eventos adversos na 12a semana são menores em 26,7%, sendo a maior parte de grau moderado47(A). Há redução nas infecções em 15,1%, não havendo casos de tuberculose, granulomatose, desmielinização, lúpus, insuficiência cardíaca ou câncer. Na 24ª semana os eventos adversos são em 54,6%, graves (3,1%), e levam à descontinuidade em 6,2%. Outros eventos adversos são: tosse, nasofaringite, elevação de enzimas hepáticas, linfoma e câncer47(A). Golimumabe Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a DMCDs ou AINHs, com ou sem associação ao metotrexato, tratados com golimumabe 50 mg ou 100 mg a cada quatro semanas por 20 semanas, apresentam como evento adverso mais frequente em 14 semanas a nasofaringite e a infecção respiratória. As infecções ocorrem mais frequentemente com altas doses, sendo de 3% o índice de descontinuidade por eventos adversos. Há elevação das enzimas hepáticas de 18-24% e de 13-34% dos pacientes recebendo 50 mg e 100 mg, respectivamente. Pode haver ocorrência de câncer e tuberculose, requerendo tratamento48(A). 234 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 Recomendação 9 10. O uso da terapia anti-TNF é capaz de reduzir o dano estrutural em pacientes com artrite psoriásica? obtida na 24ª e na 48ª semana. Dos pacientes que não apresentam progressão radiológica até a 48ª semana, 84,3% mantém ausência de progressão radiológica56(B). O tratamento de pacientes com AP ativa sem história de infecções, doença grave, desmielinização ou antecedentes de uso de anti-TNF, com adalimumabe 40 mg em semanas alternadas, por 24 semanas, avaliados por RM, demonstra 65% de melhora no edema de medula óssea, ausência de melhora no escore de erosão, melhora no escore de sinovite em 3% e redução de 44% no derrame articular59(B). Infliximabe Recomendação 10 O uso de infliximabe (5 mg/kg) nas semanas 0, 2 e 6, e a cada oito semanas até a semana 54, em pacientes com AP ativa, avaliados pela radiografia de mãos e pés, quanto a erosões e redução do espaço articular pelo escore Sharp/van der Heijde modificado, demonstra menor progressão radiológica (escore Sharp/van der Heijde) na 24ª e na 54ª semanas, quando comparado com pacientes não submetidos ao tratamento. Com dois anos de seguimento, a progressão radiológica é significativamente menor que a esperada, e os eventos adversos permanecem dentro da estimativa na primeira fase de seguimento51,57(B). Pacientes com AP ativa tratados com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6 e 14 e depois a cada oito semanas até a 50ª semana, e pacientes recebendo a mesma dose a partir das semanas 16, 18, 22 e depois a cada oito semanas até a 50ª, não apresentam piora radiológica estrutural ou progressão da doença (medida pelo escore van der Heijde/Sharp) em 85% e 84% dos casos, respectivamente58(B). Há redução da progressão radiológica, principalmente medida pelo escore Sharp, em seguimento de até dois anos com o uso dos anti-TNF, na artrite psoriásica. Não há diferença significativa no perfil de segurança das drogas anti-TNF na artrite psoriásica, apesar da difícil quantificação dos eventos adversos. Etanercepte Em 12 meses de seguimento a progressão radiológica de doença é reduzida com o uso de etanercepte em −1,03 unidades do escore Sharp na média. A associação com metotrexato não altera os resultados44(A). A progressão radiológica é reduzida em −1,38 em dois anos de seguimento53(A). Adalimumabe O tratamento com adalimumabe resulta em inibição significativa nas mudanças estruturais nas radiografias. A mudança na media no escore Sharp total entre o início e a 24a semana é de 0,2 para os pacientes recebendo adalimumabe em comparação a 1,0 para os pacientes não tratados46(B). Diferenças significativas são também observadas no escore de erosão (mudança na média de 0,0 nos pacientes recebendo adalimumabe versus 0,6 naqueles não recebendo o tratamento ao longo de 24 semanas) e escore de redução no espaço articular (mudança na média de 0,2 nos pacientes recebendo adalimumabe versus 0,4 naqueles não recebendo o tratamento ao longo de 24 semanas)46(B). As mudanças no escore Sharp após 48 semanas são na média de 0,1. As respostas clínica e radiológica independem da associação com metotrexato55(B). A duração média de tratamento de dois anos com adalimumabe de 40 mg em semanas alternadas demonstra redução ou manutenção no escore Sharp de 79,1%, semelhante à 11. Deve-se utilizar drogas de base convencionais, como metotrexato, leflunomida ou ciclosporina, concomitante às drogas anti-TNF? A associação com DMCDs, como metotrexato, leflunomida, sulfasalazina, hidroxicloroquina, ouro intramuscular, penicilamina ou azatioprina não modifica os resultados de pacientes com diagnóstico de AP tratados com infliximabe 5 mg/kg42(A). O tratamento de pacientes com AP ativa e indicação de drogas anti-TNF, com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC administrado por 12 semanas, com ou sem associação ao metotrexato, aumenta as respostas PsARC e ACR2045(A). Pacientes com AP tratados com etanercepte (25 mg 2x/ semana) isolado ou em combinação com metotrexato (10 a 15 mg/semanal) apresentam sobrevida semelhante em cinco anos de seguimento com ambas formas de tratamento60(B). As respostas ACR20, ACR50 e ACR70 não diferem entre pacientes recebendo adalimumabe em combinação com metotrexato e pacientes recebendo apenas adalimumabe46(B). A resposta a DMCDs (exceto ciclosporina) dos pacientes com AP ativa moderada a grave tratados com adalimumabe 40 mg, em semanas alternadas, por 12 semanas, com ou sem associação ao metotrexato, é semelhante47(A). Pacientes com AP ativa e resposta inadequada a DMCDs ou AINHs, tratados com golimumabe 50 mg ou 100 mg a cada quatro semanas, por 20 semanas, apresentam, em 14 semanas, aumento na resposta ACR20, independente da associação com metotrexato48(A). O tratamento de pacientes com AP durante 12 meses com ciclosporina (2,5-3,75 mg/kg/dia), adalimumabe (40 mg em semanas alternadas) ou com a combinação de ambas as drogas demonstra resposta semelhante, medida pelo Psoriatic Arthritis Response Criteria, quando comparado com adalimumabe e associação. Entretanto, apresenta resposta ACR50 superior na combinação (87%), quando comparado com adalimumabe isolado (69%). Há redução ainda na combinação das doses de adalimumabe (10%)35(B). Recomendação 11 A associação de drogas modificadoras do curso da doença, como metotrexato, ciclosporina, sulfasalazina ou leflunomi- R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 da a drogas anti-TNF (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, golimumabe) não produz diferença nos resultados obtidos com os anti-TNF isolados na artrite psoriásica. 12. Que evidências suportam a troca (switch) de agentes anti-TNF em pacientes com artrite psoriásica? Entre 25% e 33% dos pacientes com AP descontinuam o primeiro anti-TNF com um ano de tratamento, devido principalmente à ineficácia e eventos adversos. A ineficácia aumenta como causa ao longo do seguimento, enquanto os eventos adversos reduzem. Não há diferença clinicamente significativa nos desfechos de dor e funcional (HAQ) entre os tratamentos pelo primeiro, segundo ou terceiro anti-TNF61(B). Dos pacientes com AP tratados com drogas anti-TNF durante 6-70 meses, 33% não apresentam resposta adequada (61% por perda de eficácia, 25% por eventos adversos e 14% por eficácia reduzida). Dos pacientes com perda de eficácia que migram para um segundo anti-TNF, 92% apresentam resposta adequada. Daqueles que migram para um segundo anti-TNF por evento adversos, 60% apresentam resposta adequada; dos demais que migram para um terceiro, 50% têm resposta adequada. Dos pacientes que migram para um segundo e terceiro anti-TNFs por eficácia reduzida, 70% têm resposta adequada62(B). O uso de etanercepte 25 mg 2x/semana, e após a 12ª semana etanercepte 50 mg 2x/semana, em pacientes com AP tratados previamente com infliximabe, a resposta PASI50 é de 45,8%, e a PASI75 é de 29,2% em 24 semanas. Mas em pacientes sem antecedentes de tratamento biológico, as respostas PASI50 e PASI75 são de 92,3% e 73,8%, respectivamente63(B). Entre os pacientes que completam 12 meses de seguimento, 75,5% no seu primeiro tratamento continuam com anti-TNF, enquanto 9,5% descontinuam por ineficácia, 10,0% por eventos adversos e 5,0% por outras razões. A probabilidade de manutenção no primeiro e segundo anos do uso de anti-TNF pela primeira vez (infliximabe, etanercepte e adalimumabe) é de 82% e 70%, e na primeira troca de anti-TNF, a probabilidade no primeiro e segundo anos é de 74% e 66%. Entre os preditores de discontinuidade e necessidade de troca está o uso de infliximabe em vez de etanercepte (Hazard ratio, HR, de 2,8 em um ano de seguimento)64(B). A resposta clínica de pacientes com AP que recebem o primeiro biológico (infliximabe ou etanercepte ou adalimumabe) é de 97% em 12 semanas, sendo que 90% dos pacientes alcançam uma resposta significativa se a troca de anti-TNF é requerida. Se considerarmos apenas os pacientes que trocaram por falta de resposta, 40% respondem a um agente de segunda linha, enquanto metade responde a uma terceira terapia65(B). Dos pacientes com AP, 67% trocam de infliximabe para etanercepte. Após três meses de etanercepte, a proporção de pacientes com resposta PsARC aumenta de 10% para 70% (NNT: 2), e reduz o escore HAQ. Dos pacientes com AP, 46% trocam de etanercepte para adalimumabe. Após três meses de adalimumabe, a proporção de pacientes com resposta PsARC aumenta de 14,3% para 57,1% (NNT: 2)66(B). O tratamento de pacientes com AP por meio de anti-TNF (infliximabe, adalimumabe ou etanercepte) tem 87% de ade- 235 rência/resposta ao tratamento, e dos pacientes que trocam para um segundo anti-TNF, a resposta é de 81%. A resposta/ aderência é melhor em pacientes que substituem o primeiro anti-TNF por eventos adversos (HR de descontinuidade de 0,55) ou em pacientes tratados com infliximabe (HR: 3,22)67(B). Recomendação 12 A troca de anti-TNF nos pacientes com eventos adversos ou resposta inadequada é uma opção que geralmente cursa com resposta terapêutica na artrite psoriásica. 13. Quanto tempo se deve utilizar uma droga anti-TNF no seguimento de um paciente com artrite psoriásica? Em pacientes com AP ecebendo etanercepte (50 mg 2x/semana SC por 12 semanas seguida por 25 mg 2x/semana), a resposta clínica medida por DAS-28, dor (EVA) e PASI, em 48, 96 e 144 semanas, respectivamente, é68(B): • Após 48 semanas de tratamento: redução de 76,8% na dor (EVA); redução de 44% no DAS-28; PASI50 em 83%, PASI75 em 78% e PASI90 em 43%, com PASI médio de 70%; • Após 96 semanas de tratamento: redução de 89,6% na dor (EVA); redução de 57% no DAS-28; PASI50 em 87%, PASI75 em 81% e PASI90 em 65%, com PASI médio de 82%; • Após 144 semanas de tratamento: redução de 94,7% na dor (EVA); redução de 67% no DAS-28; PASI 50 em 96%, PASI75 em 92% e PASI90 em 66%, com PASI médio de 74%. As respostas ACR20 ao tratamento de pacientes com AP no seguimento de três meses, um ano e dois anos com o infliximabe são de 79%, 61% e 80%, respectivamente, e com o etanercepte são de 76%, 80% e 90%, respectivamente. Já a resposta medida pelo ACR50, em três meses, um ano e dois anos com o infliximabe é de 64%, 39% e 40%, respectivamente, e com o etanercepte é de 49%, 65% e 68%, respectivamente69(B). Após cinco anos, PSARC é de 60%, PASI70 de 66,7%, PASI90 de 63,3%, enquanto ACR50 é de 56,7% para os pacientes tratados com infliximabe (5 mg/kg IV) nas semanas 0, 2, 6, e a cada oito semanas. Para os pacientes tratados com etanercepte (25 mg 2x/semana SC), PsARC é de 64%, PASI70 e PASI90 de 68%, enquanto ACR50 é de 56%. O tratamento com adalimumabe (40 mg SC) em semanas alternadas resulta em resposta PsARC de 56%, PASI70 e PASI90 de 58% e 50%, respectivamente, enquanto ACR50 de 50%. No final do tratamento, a sobrevida do infliximabe é de 56,7%, a do etanercepte é 76% e a do adalimumabe é 50%70(B). Há aumento de 17% nos episódios de remissão que ocorrem em pacientes com AP tratados com anti-TNF em seis anos de seguimento, sendo a duração média do tempo de remissão de 13 ± 9,4 meses. Durante o período sem tratamento, a frequência de remissão nos pacientes tratados com anti-TNF aumenta em 60% em comparação com aqueles tratados com metotrexato. A duração da remissão após a interrupção do tratamento é de 12 ± 2,4 meses71(B). A porcentagem de pacientes em tratamento com o adalimumabe que alcançam resposta ACR20, ACR50, ACR70 e PsARC, em dois anos, é de 57,3%, 42,7%, 29,9% e 63,5%, respectivamente, semelhante à obtida na 48ª semana. A resposta 236 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 completa (HAQ-DI) é de 38,5%, e os pacientes que atingem a mínima diferença clínica importante no HAQ-DI, no SF-36, no FACIT–F e no DLQI é de 47,6%, 50,0%, 76,7% e 56,3%, respectivamente, também semelhante à obtida com 48 semanas56(B). Pacientes com AP ativa tratados com etanercepte na dose de 25 mg 2x/semana SC administrado por 24 semanas têm aumento de 44% (NNT: 2) na resposta ACR20 em 12 semanas, de 47% (NNT: 2) na resposta PsARC, e de 48% (NNT: 2) em 24 semanas da melhora funcional (HAQ)50(B). Em 12 meses, ainda, as respostas ACR20 e PsARC são de 64% e 84%, respectivamente, semelhante à resposta em 12 semanas51(B). Os pacientes tratados com etanercepte têm aumento de 47,2% na melhora medida pelo HAQ-DI em 24 semanas, com 41,2% dos pacientes apresentando resposta completa em 48 semanas52(A). O tratamento de pacientes com diagnóstico de AP com infliximabe 5 mg/kg nas semanas 0, 2, 6, 14 e 22 apresenta maiores proporções de pacientes que atingem uma resposta ACR20 na 14ª semana (47%, NNT: 2) e 24ª semanas (38%, NNT: 2). Na 14a semana, 33% dos pacientes tratados com infliximabe alcançam maior resposta ACR50 (NNT: 3) e 14% ACR70 (NNT: 7)7(B). E esses resultados são mantidos até a 54ª semana de tratamento50(B). Com dois anos de seguimento, a resposta ACR20, ACR50 e ACR70 é de 45% e 35%, respectivamente51(B). Recomendação 13 O tratamento com anti-TNF acima de seis anos na artrite psoriásica demonstra estabilidade na eficácia e na segurança obtida no primeiro ano. A interrupção do tratamento após sinais de remissão da doença pode ser realizada, sendo a persistência do quadro remissivo de 12 meses, em média. 14. Existem evidências para o uso de agentes biológicos com outros mecanismos de ação na artrite psoriásica? Ustekinumabe Em pacientes com AP ativa, o tratamento com ustekinumabe 90 mg/semana por quatro semanas aumenta a resposta ACR20, ACR50 e ACR70 em 28% (NNT: 4), 18% (NNT: 6) e 11% (NNT: 9), na 12ª semana de seguimento. Entretanto, nas 24ª, 28ª e 36ª semanas não há aumento na resposta clínica72(B). Na 12a semana de tratamento com ustekinumabe, os pacientes têm redução de 88% no escore HAQ-DI e de 99% no escore DLQI, com aumento de 53% no número de pacientes com escore DLQI 0 ou 173(B). Pode trazer resposta favorável com relação ao componente cutâneo, independente da falta de resposta articular. Abatacepte Em seis meses de seguimento, o aumento na proporção de pacientes que atingem resposta ACR20 com o tratamento de abatacepte é de 23% na dose de 30/10 mg/kg, e de 29% na dose de 10 mg/kg. A resposta ACR50 ou ACR70 na dose de 10 mg/kg é de 25% e 13%, respectivamente. Há aumento de resposta ACR20 com a dose de 10 mg/kg nos pacientes que nunca receberam drogas anti-TNF de 25% (NNT: 4)74(B). Recomendação 14 Não há evidências, no momento, que sustentem o uso de biológicos não anti-TNF no tratamento de pacientes com artrite psoriásica. 15. As medicações utilizadas no tratamento da psoríase cutânea apresentam evidência de eficácia nas manifestações articulares ou periarticulares da artrite psoriásica? Em pacientes com psoríase em placa estável, envolvendo ao menos 10% da superfície corpórea, classificada como moderada a grave e, adicionalmente, com AP ativa, o tratamento com etanercepte (50 mg/semana ou 100 mg/semana por 12 semanas, seguido de 50 mg por mais 12 semanas) determina melhora cutânea de 62-70% medida pelo PASI75, e também leva a resposta na artrite de 70%, 50% e 35%, medida pelo ACR20, ACR50 e ACR70, respectivamente, e redução nos escores de dactilite e de entesite. Analisando os pacientes por meio de desfecho combinado ([Euro-QoL (EQ-5D), PASI e ACR50], o tratamento beneficia 31% dos casos75,76(A). A maior parte das medicações utilizadas no tratamento da psoríase também é utilizada no tratamento da AP (adalimumabe, infliximabe, etanercepte, metotrexato, ciclosporina). Os biológicos são as medicações com melhor eficácia e menor evento adverso, levando a resultados dermatológicos e articulares concomitantes. Pacientes com psoríase moderada a grave com história de AP, submetidos a tratamento com adalimumabe, experimentam redução de 83% na dor (EVA), em 16 semanas. Há aumento na resposta concomitante (PASI e ACR20) de 99% em 16 semanas77(A). Recomendação 15 As respostas concomitantes ou combinadas (desfechos cutâneos e de articulações) estão usualmente presentes nos diversos tratamentos com anti-TNF na artrite psoriásica. Conflitos de interesse Carneiro S: Participação em board do laboratório MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, MSD e Pfizer. Azevedo VF: Participação em consultorias aos laboratórios Abbott, Janssen, Pfizer e Roche. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Bristol-Myers-Squibb, Janssens, MSD e Roche. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios BMS, Galen Research, Roche e UCB. Bonfiglioli R: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador e/ou subinvestigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Bristol-Myers-Squibb, MSD e Roche. Ranza R: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Principal investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. Gonçalves CR: Participação em boards dos laboratórios Abbott e MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Aché, Aventis, Janssen, MSD e Pfizer. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. Keiserman M: Participação em consultorias aos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Bristol-Myers-Squibb, MSD e Roche. Meirelles ES: Participação em boards dos laboratórios Janssen e Pfizer. Recebimento de pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, AstraZeneca, Janssen, Lilly, MSD, Pfizer, Roche, Sanofi-Aventis e Servier. Investigador principal em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Novartis e Roche. Pinheiro MM: Participação em board da MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, Novartis, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pela Roche. Ximenes AC: Participação em boards dos laboratórios Bristol, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Aché, Janssen, Pfizer e Roche. Principal Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios MSD, Pfizer, Roche e UCB. Bernardo W: Não há conflitos de interesee. Sampaio-Barros PD: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Jansenn, MSD, Pfizer e Roche. Principal investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. 237 OR diagnostic*[MeSH:noexp] OR diagnosis,differential[MeSH:n oexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]) Questão 3 Quais são as comorbidades mais associadas à artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Comorbidit* OR Complication*) AND ((sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] OR diagnostic * [MeSH:noexp] OR diagnosis,differential[MeSH :noexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]) OR (risk*[Title/Abstract] OR risk*[MeSH:noexp] OR risk *[MeSH:noexp] OR cohort studies[MeSH Terms] OR group*[Text Word])) Questão 4 Quais são as evidências para o uso de corticosteroides em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Steroids OR Androstanes OR Androstanols OR Androstenes OR Cardanolides OR Cardenolides OR Cardiac Glycosides OR Sterols OR Cyclosteroids OR Estranes OR Estrenes OR Gonanes OR Homosteroids OR Testolactone OR Hydroxysteroids OR Ketosteroids OR 17-Ketosteroids OR Norsteroids OR Norandrostanes OR Norpregnanes OR Pregnanes OR Pregnadienes OR Pregnanediol OR Pregnanediones OR Pregnanetriol OR Pregnanolone OR Pregnatrienes OR Pregnenes OR Tetrahydrocortisol OR Sapogenins OR Secosteroids OR Beclomethasone OR Chlormadinone OR Cyproterone OR Fluorinated OR Betamethasone OR Dexamethasone OR Flumethasone OR Fluocinolone OR Fluocortolone OR Fluorometholone OR Fluoxymesterone OR Fluprednisolone OR Flurandrenolone OR Flurogestone OR Paramethasone OR Triamcinolone OR Prednisolone OR Hydrocortisone OR corticosteroids OR Mineralocorticoids OR Glucocorticoids OR Hydroxycorticosteroids) Questão 5 Apêndice Questão 1 Quais são os critérios para se considerar que um indivíduo tenha artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] OR diagnostic* [MeSH:noexp] OR diagno sis,differential[MeSH:noexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]) Quais são as evidências para o uso de AINH em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Anti-Inflammatory Agents OR Cyclooxygenase 2 OR COX-2 OR rofecoxib OR Ibuprofen OR celecoxib OR Naproxen OR Acetaminophen OR NSAID OR paracetamol OR parecoxib OR diclofenac OR aspirin OR meloxicam OR acetylsalicylic OR piroxicam) AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/Abstract] AND controlled[Title/ Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Questão 6 Questão 2 Há correlação de atividade entre doença cutânea, ungueal e articular na artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Skin OR joints OR nails OR dactylitis) AND (sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] Quais são as evidências para o uso de drogas de base convencionais (metotrexato, ciclosporina, leflunomida e sulfasalazina) em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (methotrexate OR leflunomide OR sulfasalazine OR gold sodium OR hydroxychloroquine OR ciclosporin) AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR cli- 238 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 2 7 – 2 4 1 nical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Questão 7 Quais são as indicações para o uso de drogas anti-TNF na artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Questão 8 Existe diferença de eficácia entre as drogas anti-TNF em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/ Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Questão 9 Existe diferença de segurança entre as drogas anti-TNF em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (radiograph* OR damage OR structur* OR joint OR imag*) Questão 10 O uso da terapia anti-TNF é capaz de reduzir o dano estrutural em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (radiograph* OR damage OR structur* OR joint OR imag*) Questão 11 Deve-se utilizar drogas de base convencionais, como metotrexato, leflunomida ou ciclosporina, concomitante às drogas anti-TNF? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (methotrexate OR leflunomide OR sulfasalazine OR gold sodium OR hydroxychloroquine OR ciclosporin) Questão 12 Que evidências suportam a troca (“switch”) de agentes anti-TNF em pacientes com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND switch*) Questão 13 Quanto tempo se deve utilizar uma droga anti-TNF no seguimento de um paciente com artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (Time OR follow-up OR cohort) Questão 14 Existem evidências para o uso de agentes biológicos com outros mecanismos de ação na artrite psoriásica? (Arthritis, Psoriatic OR Psoriasis Arthropathica OR Arthritic Psoriasis) AND (rituximab OR tocilizumab OR abatacept OR Antibodies, Monoclonal) AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Questão 15 As medicações utilizadas no tratamento da psoríase cutânea apresentam evidência de eficácia nas manifestações articulares ou periarticulares da artrite psoriásica? “Arthritis, Psoriatic”[Mesh] AND “Psoriasis”[Mesh] AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) REFERÊNCIAS 1. Taylor W, Gladman D, Helliwell P, Marchesoni A, Mease P, Mielants H; CASPAR Study Group. 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Mease PJ, Signorovitch J, Yu AP, Wu EQ, Gupta SR, Bao Y, et al. Impact of adalimumab on symptoms of psoriatic arthritis in patients with moderate to severe psoriasis: a pooled analysis of randomized clinical trials. Dermatology 2010;220:1-7. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da espondilite anquilosante☆ Recommendations for the management and treatment of ankylosing spondylitis Percival Degrava Sampaio-Barrosa,b,*, Mauro Keisermanc, Eduardo de Souza Meirellesd, Marcelo de Medeiros Pinheiroe, Antonio Carlos Ximenesf, Valderílio Feijó Azevedog, Rubens Bonfigliolih, Sueli Carneiroi,j, Roberto Ranzak, Wanderley Marques Bernardol, Célio Roberto Gonçalvesa,m a Disciplina de Reumatologia, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brasil Presidente da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2006-2012), São Paulo, SP, Brasil c Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil d Serviço de Reumatologia, Instituto de Ortopedia e Traumatologia, FMUSP, São Paulo, SP, Brasil e Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil f Hospital Geral de Goiânia, Goiânia, GO, Brasil g Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil h Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, SP, Brasil i Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil j Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil k Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil l Coordenador do Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil m Presidente da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2012–2014), São Paulo, SP, Brasil b Elaboração final Dezembro de 2012 Descrição do método de elaboração das evidências Os integrantes da Comissão de Espondiloartrites da Sociedade Brasileira de Reumatologia (biênio 2010-2012) participaram do Curso de Elaboração de Evidências da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, durante o primeiro semestre de 2011. As questões foram concluídas em reunião presencial da Comissão de Espondiloartrites no dia 15 de outubro de 2011, durante a XVIII Jornada Cone Sul de Reumatologia, em Florianópolis (SC, Brasil), e foram posteriormente aprovadas por todos os coordenadores do Registro Brasileiro de Espondiloartrites. As 15 questões clínicas consideradas rele- ☆ vantes foram estruturadas por meio da estratégia do P.I.C.O. (Paciente; Intervenção ou Indicador; Comparação; Outcome). As estratégias de busca avaliaram as bases de dados MEDLINE, EMBASE, Scielo/Lilacs, Cochrane Library até fevereiro de 2012 (Apêndice). Os artigos selecionados na primeira estratégia de busca foram submetidos à avaliação crítica das evidências, utilizando-se o escore de Jadad. Posteriormente, foram elaboradas as respostas das recomendações – cada referência bibliográfica selecionada apresentava o correspondente grau de recomendação e força de evidência científica. Para as recomendações finais, as referências bibliográficas foram atualizadas até agosto de 2012, redigidas em texto único pelo coordenador, e submetidas aos coautores em dois turnos, para elaboração do texto final. Trabalho realizado com a chancela da Sociedade Brasileira de Reumatologia. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (P.D. Sampaio-Barros). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Grau de recomendação e força de evidência A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Objetivo Estabelecer as recomendações para o manejo (critérios classificatórios e avaliação por ressonância magnética e genética) das espondiloartrites e para o tratamento da espondilite anquilosante. Introdução O conceito das espondiloartropatias soronegativas foi estabelecido em 1974, quando os pesquisadores ingleses Moll e Wright propuseram que se agrupassem em um mesmo conjunto algumas doenças até então consideradas completamente distintas entre si, mas que, na verdade, apresentavam diversas características comuns. Tais características englobavam aspectos clínicos (dor axial inflamatória associada à artrite, predominante em grandes articulações de membros inferiores, e entesopatias periféricas), radiológicos (sacroiliíte) e laboratoriais (soronegatividade para o fator reumatoide, pois até a década de 1970 alguns pesquisadores consideravam a espondilite anquilosante, EA, como o componente axial da artrite reumatoide) em indivíduos com predisposição genética (ligada ao antígeno de histocompatibilidade HLA-B27). Esse conjunto incluiu a EA, a artrite psoriásica, a artrite reativa e as artropatias enteropáticas (associadas às doenças inflamatórias intestinais).1 Em 2009, especialistas do grupo ASAS (Assessment on SpondyloArthritis International Society) propuseram a troca do nome do grupo para espondiloartrites (EpA), enfatizando os componentes axial (“espondilo”) e periférico (“artrite”) das doenças do grupo. Ao mesmo tempo, foram propostos critérios classificatórios para EpA axiais2,3 e, posteriormente, EpA periféricas.4 Essas mudanças também incluíram a descrição dos critérios para diagnóstico de sacroiliíte por ressonância magnética (RM).5 A proposição desses novos critérios diagnósticos e de classificação contribuiu para caracterizar melhor o amplo espectro das doenças do grupo. Entre as doenças do grupo das EpA, sem dúvida a EA é a mais frequente e aquela que mais bem representa o conjunto das manifestações clássicas das EpA. Um número significativo de pacientes com diagnóstico de EpA indiferenciada, que inicialmente poderiam ser denominados EpA axial não radiológica ou EpA periférica nos dias de hoje, evoluirão como EA no seguimento a longo prazo.6 Por isso, o conhecimento dos critérios classificatórios de EpA e de EA é importante no diagnóstico e no seguimento dos pacientes do grupo. Com o advento de novos tratamentos para a EA, a importância de um diagnóstico precoce e a instituição de um tratamento específico se faz necessária, a fim de melhorar a qualidade de vida desses pacientes, geralmente adultos jovens no auge de sua vida produtiva. 243 1. Quais são os critérios clínicos para que um indivíduo seja considerado acometido por uma espondiloartrite? Espondiloartrite axial O grupo ASAS conduziu um estudo Delphi, com a participação de todos os seus membros titulares, selecionando todas as possíveis variáveis que deveriam ser avaliadas em um paciente com EpA axial. Essas variáveis foram avaliadas em um estudo prospectivo que incluiu 647 pacientes com dor nas costas de mais de três meses de duração, sem causa definida ou diagnóstico conhecido, com ou sem sintomas periféricos, e que iniciaram sintomas antes dos 45 anos de idade, seguidos em 25 centros universitários de 16 países. Após avaliação estatística, foram propostos critérios fundamentados em duas variáveis principais: a sacroiliíte por imagem (radiografia de bacia e/ou RM) e o antígeno de histocompatibilidade HLA-B27. A presença de uma variável principal (sacroiliíte por imagem ou HLA-B27 positivo) e de um (quando sacroiliíte por imagem) ou dois (quando HLA-B27 positivo) critérios característicos das EpA [lombalgia inflamatória, artrite periférica, entesite, dactilite, psoríase cutânea, doença de Crohn ou retocolite ulcerativa, boa resposta ao anti-inflamatório não hormonal (AINH), história familiar de EpA, HLA-B27 positivo, proteína C-reativa elevada] é decisiva para que o paciente seja classificado como EpA axial. A sensibilidade desse grupo de critérios foi de 82,9%, e a especificidade foi de 84,4%2,3(B). Espondiloartrite periférica Os critérios do grupo ASAS para EpA periférica são: manifestações articulares periféricas (artrite ou entesite ou dactilite) associadas a uma ou mais variáveis (psoríase, doença inflamatória intestinal, infecção prévia, HLA-B27, uveíte, imagem de sacroiliíte), ou a dois ou mais parâmetros (artrite, entesite, dactilite, lombalgia inflamatória no passado, história familiar de espondiloartrite), em pacientes com manifestações periféricas de início antes de 45 anos de idade. A sensibilidade desses critérios é de 79,5%, e a especificidade é de 83,3%. Então, em ambiente clínico de prevalência elevada de EpA periférica (66,2%), a utilização desse critério diagnóstico eleva a probabilidade de certeza diagnóstica para 90%4(B). Recomendação 1 Atualmente, o melhor grupo de critérios que permite classificar um paciente como EpA axial ou EpA periférica é aquele proposto pelo grupo ASAS. 2. Qual é o papel da ressonância magnética na avaliação inicial de uma espondiloartrite axial? Diagnóstico A utilização da RM, por meio dos componentes edema, erosão, infiltração gordurosa e anquilose, permite fazer o diag- 244 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 nóstico de EpA axial com sensibilidade e especificidade de 90% e 97%, respectivamente, conferindo razão de verossimilhança positiva de 30 e, portanto, certeza diagnóstica de 97% quando positiva e de 91% quando negativa7(A). O diagnóstico de um número maior que cinco lesões gordurosas de Romanus (sinal elevado nas imagens de T1 na RM) está associado ao diagnóstico de EpA axial em pacientes com lombalgia, com certeza de 86% (razão de verossimilhança: 12,6)8(B). Prognóstico A combinação de sacroiliíte intensa, diagnosticada na RM, com HLA-B27 positivo, prediz o desenvolvimento de futura EA (oito anos de seguimento), com sensibilidade e especificidade de 62% e 92%, respectivamente, sendo a probabilidade pós-teste positiva de 80%, e negativa de 83%. A sacroiliíte importante, isolada, prediz o diagnóstico com probabilidade pós-teste positiva de 50%, e negativa de 84%9(A). A persistência de inflamação ativa nos ângulos vertebrais (shiny corners), diagnosticada pela RM, em pacientes com EA em tratamento com anti-TNFα durante dois anos de seguimento prediz o aumento de 14,9% (number needed to harm, NNH: 7) no risco de desenvolvimento de novos sindesmófitos. Nos casos em que a inflamação foi tratada com anti-TNFα, esse risco está aumentado em 11,4% (NNH: 8)10(A). O seguimento de dois a sete anos de pacientes com EpA axial, e a avaliação das mudanças sacroilíacas (escore Danish – erosão, edema e infiltração gordurosa), por meio da RM, demonstram que as alterações crônicas têm risco aumentado nos pacientes com EA. Os escores de atividade ≥ 2, crônico ≥ 1, de erosão ≥ 1 e de infiltração gordurosa ≥ 4, no início do seguimento, estão associados à cronicidade das alterações sacroilíacas, com acurácia diagnóstica de 74%, 77%, 79% e 68%, respectivamente11(A). Recomendação 2 Em pacientes com EpA axial, a ressonância magnética tem importância diagnóstica e prognóstica. 3. Quando o HLA-B27 deve ser solicitado em um paciente com espondiloartrite axial? Espondiloartrite axial A prevalência de HLA-B27 positivo em pacientes com EpA axial está aumentada em 38,2%, em comparação com pacientes sem EpA axial. O HLA-B27 é um dos critérios classificatórios obrigatórios; quando associado com outras variáveis (como imagem e critérios clínicos), permite classificar um paciente como EpA axial, com sensibilidade e especificidade de 83,7% e 83,3%, respectivamente, levando à certeza diagnóstica de 83% quando positivo e negativo3(B). Espondilite anquilosante Em pacientes com EA, a prevalência de HLA-B27 positivo pode ser de 90,2%. Comparados com pacientes HLA-B27 negativo, os pacientes com EA têm duração maior de doença, aumento de 23,6% (NNH: 4) no uso prévio ou atual de AINH e aumento de 18,9% (NNH: 4) no risco de indicação de biológicos (critério ASAS). Os pacientes HLA-B27 positivo podem ter maior gravidade da doença, como aumento no risco de comorbidades ocular (38,9% vs. 12,5%), pulmonar (4,2% vs. 0%) e cardíaca (4.3% vs. 0%), associado a valores mais elevados dos índices funcional (Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index – BASFI) e de atividade de doença (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index – BASDAI)12(B). A análise dos fatores preditores de EA em pacientes com lombalgia inflamatória demonstra que a sacroiliíte diagnosticada na RM, quando associada ao HLA-B27 positivo, aumenta a especificidade e a sensibilidade diagnósticas, em comparação com a presença isolada da imagem, de 84% para 92%, e de 33% para 62%, respectivamente. Apenas o HLA-B27 positivo é capaz de predizer doença com 48% de probabilidade e de afastar doença quando negativo com probabilidade de 88%13(A). Na avaliação de pacientes com EA divididos pela idade de início da doença (< 20 anos, 21-30 anos, 31-40 anos e > 40 anos), o HLA-B27 positivo é achado em 94,6%, 90,2%, 74,1%, e 61,2% dos pacientes, respectivamente. Então, o HLA-B27 positivo está associado a idade mais jovem de início14(B). A chance da presença do gene HLA-B27 em pacientes com EA de caráter familial é 344% maior que em pacientes com espondilite esporádica15(B). Recomendação 3 O HLA-B27 é útil principalmente na avaliação prognóstica, especialmente em pacientes com EA, sobretudo com relação ao tempo de início da doença. 4. Quais são as evidências para o uso da reabilitação física em pacientes com espondilite anquilosante? O tratamento de pacientes com EA baseado na reabilitação postural e da musculatura flexora e extensora, de acordo com o método Reeducação Postural Global (RPG), ou por meio de 20 exercícios (de mobilidade e flexibilidade cervical, torácica, e de coluna lombar; alongamento de musculatura flexora e fortalecimento de musculatura extensora e exercícios de expansibilidade torácica), determina significativa melhora em relação à situação pré-tratamento, mensurada por meio dos escores Bath Ankylosing Spondylitis Metrologic Index (BASMI, que inclui teste de Schöber modificado, rotação cervical, flexão lombar e distância intermaleolar), BASDAI e BASFI. A comparação entre as duas formas de tratamento revela melhores resultados com a reabilitação postural pelo método RPG em até um ano de seguimento16,17(A). Pacientes com EA submetidos a programas regulares de reabilitação de quatro semanas de duração são submetidos à avaliação, após 28 semanas, quanto ao estado de saúde (avaliação global do paciente, dor, rigidez matinal, BASFI, BASDAI e fadiga) e segundo o critério ASAS-IC (Assessments in Ankylosing Spondylitis working group’s Improvement Criteria). Os programas oferecem avaliação personalizada de fisioterapia, R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 exercícios em grupo, terapia passiva, relaxamento e educação do paciente, com diferença em dois componentes – resistência versus mobilidade. Após 16 semanas, ambas as formas de reabilitação (resistência e mobilidade) apresentam melhora significativa nas diversas variáveis (exceto BASDAI), mas a reabilitação centrada na mobilidade leva a um aumento na proporção de pacientes que alcançam ASAS20 e ASAS40 em 27% (number needed to treat, NNT: 4) e 19% (NNT: 5), em comparação com a resistência. Em 28 semanas de seguimento, os resultados são superiores nos pacientes com dominância no componente mobilidade. Em 16 semanas ainda, a mobilidade aumenta o benefício, medido pelo teste de Schöber (20% e 40%), em 18% e 19%, respectivamente, e com relação à melhora na flexão lateral (20% e 40%), em 37% e 36%, respectivamente18(A). Recomendação 4 Os programas de reabilitação resultam em benefício aos pacientes com EA, especialmente durante o período de realização dos mesmos. Os programas específicos centrados na melhora do componente mobilidade apresentam melhores resultados. 5. Quais são as evidências para o uso de corticosteroides em pacientes com espondilite anquilosante? A comparação entre duas doses de metilprednisona (375 mg vs. 1 g IV por três dias) no tratamento de pacientes com EA não responsivos aos AINH demonstra que mobilidade lombar e torácica, dor e rigidez matinal melhoram em ambas as doses, sem diferença entre elas. Os eventos adversos ocorrem em ambos os grupos, sendo os principais tontura, boca seca, distúrbios de sono, irritabilidade, impotência e ganho de peso19(A). A metilprednisona não tem sido mais utilizada na prática clínica desde a última década, devido a seus efeitos colaterais e ao surgimento de modalidades terapêuticas mais avançadas. O tratamento de pacientes com EA com dor lombar há mais de três meses, por meio da injeção de 40 mg de acetato de triamcinolona na articulação sacroilíaca, guiado por tomografia computadorizada (TC), permite demonstrar, após seis meses de seguimento, que há redução na intensidade da dor (avaliada por escala visual analógica – EVA) e na sacroiIiíte (avaliada por RM), com sinais de aumento de resposta de 72% (NNT: 1). Há também redução significativa no consumo de AINH e no sinal de Mennell de 31% (NNT: 3)20,21(B). Recomendação 5 A injeção intra-articular com acetato de triamcinolona nas sacroilíacas pode trazer benefício de curto a médio prazos, sendo opção terapêutica para os casos não responsivos ao uso de AINH e com dor isolada nas sacroilíacas. Não há evidências que permitam avaliar o uso de baixas doses de prednisona (ou corticosteroide equivalente) em espondilite anquilosante. 245 6. Em que situações o uso contínuo de AINH deve ser recomendado em pacientes com espondilite anquilosante? A comparação do uso de piroxicam 20 mg/dia, meloxicam 15 mg/dia ou meloxicam 22,5 mg/dia em pacientes com EA, durante 52 semanas, revela redução na intensidade da dor em 27%, 28% e 27%, respectivamente. O aumento na porcentagem de resposta (Ankylosing Spondylitis Functional Index – ASFI) é semelhante, com 6 semanas e 12 meses de seguimento, no tratamento com piroxicam, meloxicam 15 mg e meloxicam 22,5 mg, sendo de 20%, 33% e 26%, respectivamente. Uma pequena porcentagem (16% – NNT: 6) de pacientes utilizando meloxicam 22,5 mg tem que descontinuar o tratamento durante 12 meses, em comparação com os demais regimes de tratamento. Em 52 semanas, há sinais de aumento de eventos adversos gastrointestinais de 19%, 7% e 5%, respectivamente22(A). Pacientes com EA e dor entre 40 mm e 100 mm (EVA) tratados com etoricoxibe 90 mg/dia, etoricoxibe 120 mg/dia ou naproxeno 500 mg 2x/dia, apresentam melhora significativa nos desfechos dor na coluna (100-mm EVA), na atividade da doença pela avaliação global do paciente (100-mm EVA) e avaliação funcional (BASFI) após seis semanas de seguimento. Comparando as medicações, o etoricoxibe tem resultados superiores ao naproxeno, enquanto as doses de etoricoxibe têm resultados semelhantes. Há aumento na proporção dos pacientes que atingem o critério de remissão parcial no etorocoxibe 90 mg (NNT: 9), no etorocoxibe 120 mg (NNT: 7) e no naproxeno (NNT: 16). Não há diferença entre eventos adversos, sendo os mais comuns: cefaleia, diarreia, queimação retroesternal, infecção respiratória, eventos gastrointestinais e cardiovasculares23(A). Em pacientes que necessitam de tratamento diário com AINH e que apresentem intensidade da dor superior a 50 mm (EVA), a comparação entre celecoxibe 200 mg/dia, celecoxibe 400 mg/dia ou naproxeno 500 mg 2x/dia, em 12 semanas, demonstra que os três regimes de tratamento produzem melhora e benefício em relação à intensidade da dor, atividade da doença (avaliação global do paciente – EVA), melhora funcional (BASFI) e eventos adversos. O regime com menor efeito é o do celecoxibe 200 mg. O evento adverso mais frequente é o distúrbio gastrointestinal, sendo o mais comum a dispepsia. Com o naproxeno há ocorrência de eventos graves (úlcera e hemorragia)24(A). A comparação do celecoxibe 200 mg ou 400 mg com o diclofenaco 75 mg 2x/dia demonstra aumento de 13% (NNH: 8) em eventos adversos gastrointestinais no diclofenaco25(A). Frente à ação analgésica em pacientes com EA, o número necessário para tratar (NNT), em seis semanas de seguimento, do etoricoxibe 90 mg, do etoricoxibe 120 mg e do naproxeno 1 g, relativo à melhora da dor na coluna (≥ 30%), foi de 2, 2 e 3, respectivamente; em relação à melhora ≥ 30% no escore BASDAI, o NTT foi de 2, 2 e 3, respectivamente26(A). Utilizar AINH (celocoxibe 100 mg ou 200 mg 2x/dia) contínuo ou por demanda durante dois anos em pacientes com EA pode levar a benefícios relacionados aos sinais e sintomas e à progressão radiológica da lesão (Stoke Ankylosing Spondylitis Spine Score) ou a danos relacionados a eventos adversos. Os sinais e sintomas após 24 meses de seguimento são semelhantes entre os dois regimes de tratamento, mas a progres- 246 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 são radiológica é três vezes maior no regime por demanda em comparação com o regime contínuo. Apesar de haver mais eventos adversos no regime contínuo, a diferença não é significativa. Os eventos adversos mais frequentes são hipertensão, dor abdominal e dispepsia27(A). Recomendação 6 O uso contínuo de AINH é mais eficaz que o uso por demanda. Em pacientes com intensidade de dor moderada a intensa, a prescrição de inibidores COX-2 é opção terapêutica de longo prazo. 7. Quais são as evidências para o uso de drogas de base convencionais (metotrexato e sulfasalazina, entre outras) em pacientes com espondilite anquilosante? Metotrexato Há evidência de que o uso de metotrexato 10 mg/semana durante 24 semanas em pacientes com EA não produz diferença na atividade da doença, medido pelo BASDAI, e na mobilidade, medido pelo BASMI, quando comparado com pacientes sem tratamento com metotrexato28(B). A resposta (índice composto) ao tratamento de pacientes com EA com metotrexato 7,5 mg/semana por 24 semanas é considerada quando obtém-se resultado ≥ 20% em ao menos cinco das seguintes escalas: a) Intensidade da rigidez matinal (EVA); b) Bem estar físico (EVA); c) Atividade da doença (BASDAI); d) Função (BASFI); e) Função (Health Assessment Questionnaire for Spondyloarthropathies - HAQ-S); f) Atividade da doença (Avaliação global do médico – EVA); g) Atividade da doença (Como você descreve o nível atual de atividade da doença?). Ao comparar esses pacientes com pacientes sem uso de metotrexato, observamos aumento de 42% (NNT: 2) na resposta (índice composto) em 24 semanas e aumento de 32% (NNT: 3) na resposta (BASDAI). Os eventos adversos não diferem entre pacientes em uso ou não de metotrexato29(A). Sulfasalazina Não há diferença entre o início do tratamento com sulfasalazina (2 a 3 g/dia) e após 3-36 meses de tratamento, quanto aos desfechos de função física, dor, mobilidade de coluna, artrite periférica e avaliação global do paciente. Entretanto, quando comparamos os desfechos de resposta entre os pacientes tratados com sulfa e os não tratados, verifica-se diferença significativa favorável ao tratamento. Quanto ao desfecho rigidez na coluna, o tratamento com sulfasalazina produz benefício reduzindo o escore (EVA), apesar de não haver diferença no desfecho duração da rigidez matinal. Há aumento de 0,47 no risco de perda de aderência devido a eventos adversos nos pacientes tratados com sulfa (redução do risco relativo), com relato de reação adversa grave (erupção eritematosa pruriginosa, com náusea, anorexia e insônia)30(A). Em pacientes com EpA axial, a remissão (critérios ASAS e RM) em 48 semanas é superior em pacientes tratados com etanercepte (33%) em comparação com a sulfasalazina (11%). En- tretanto, após um ano de seguimento não há diferença na manutenção de resposta entre as duas formas de tratamento31(B). Leflunomida Em pacientes com EA, o número de respondedores de acordo com o critério ASAS20 com o uso da leflunomida (27%) é semelhante a pacientes não submetidos ao tratamento (20%). Após 24 meses de tratamento não há diferenças significativas na atividade da doença (BASG), no índice de atividade da doença (BASDAI), no índice funcional (BASFI), na dor, na mobilidade (BASMI) e no edema articular. Há aumento de 20% (NNH: 5) no risco de eventos adversos: distúrbios gastrointestinais, infecções respiratórias, dermatite e prurido, fadiga, trombose venosa e aumento de enzimas hepáticas32(A). Recomendação 7 O metotrexato e a sulfasalazina representam opções terapêuticas para a espondilite anquilosante. 8. Quais são as indicações para o uso dos agentes biológicos bloqueadores do fator de necrose tumoral (drogas anti-TNF) na espondilite anquilosante? Infliximabe O tratamento de pacientes com EA ativa e grave (BASDAI ≥ 4 e dor na coluna ≥ 4 mm – EVA), por meio de infusão endovenosa de infliximabe (5 mg/kg) nas semanas 0, 2, e 6 pode produzir benefícios relacionados à regressão na atividade da doença em 50%, medida pelos critérios de atividade da doença (BASDAI), índice funcional (BASFI) e mobilidade (BASMI). O infliximabe é eficaz em todos os critérios: há aumento de 44% (NNT: 2) na porcentagem de pacientes com melhora no BASDAI (melhora de 50%), em 12 semanas, com melhora de 38% no escore em relação à semana anterior ao início do tratamento; redução de 27% (NNT: 4) e de 17% (NNT: 6) na porcentagem de artrite e entesite após 12 semanas; redução de 37% (NNT: 3) no uso de AINH (50%); e aumento de 28% (NNT: 4) no número de pacientes sem necessidade de uso de AINH no período. O evento adverso mais frequente é a infecção respiratória, podendo também ocorrer tuberculose ganglionar, febre ou leucopenia33(A). A manutenção do tratamento com infliximabe (5 mg/kg a cada seis semanas) após a fase inicial (semanas 0, 2, e 6) e após 54 semanas demonstra que 47% dos pacientes (NNT: 2) têm redução no BASDAI (redução de 50%). O uso de medicações tem redução de 70% com índices de redução de artrite periférica e entesite de 33,3% (NNT: 3) e redução nas hospitalizações em 31% (NNT: 3)34,35(B). No seguimento de dois anos, 58% dos pacientes alcançaram ao menos 50% de redução no escore BASDAI, nível semelhante de resposta em um ano. Dos pacientes tratados, 94% e 85% alcançaram ao menos 20% de resposta no BASDAI nas semanas 54 e 102, respectivamente. As mudanças no escore BASFI e BASMI são significativas em relação ao início do tratamento, e semelhantes entre um e dois anos de seguimento36(A). Durante R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 o segundo ano de seguimento, 90% dos pacientes reportam eventos adversos, sendo os mais frequentes a infecção respiratória, a rinite, o herpes, a osteoporose, a síncope, a pancreatite e a metrorragia37(B). Após três anos (156 semanas) de seguimento, a resposta ao tratamento medida pelo ASAS40 é de 50%38(B). Após cinco anos de seguimento, a resposta ASAS20 e ASAS40 é de 84% e 63%, respectivamente39(B). No final de oito anos de seguimento, um estado de menor atividade da doença (BASDAI < 3) está presente em 63,6% dos pacientes, resultado semelhante ao obtido em três meses de seguimento; além disso, 71,4% permanecem com valores de BASDAI < 3. A resposta ASAS20 está mantida em 84,8%, e a BASDAI50 está presente em 57,6% dos casos. Os eventos adversos presentes são tuberculose, granulomatose alérgica, pancreatite e piora do estado geral. Há redução de entesite em 30,3% (NNT: 3), da artrite periférica em 21,2% (NNT: 5) e da uveíte anterior em 36% (NNT: 3)40(B). O critério ASAS20 como medida de resposta ao tratamento de pacientes com EA é composto por ao menos 20% de melhora após o tratamento, com melhora absoluta de ao menos uma unidade (escala de 0 a 10) em ao menos três dos seguintes domínios, sem deterioração na condição inicial: avaliação global do paciente, dor em coluna, função (BASFI) e rigidez matinal (questões 5 e 6 do BASDAI). Pacientes com EA com BASDAI ≥ 4 e dor na coluna ≥ 4 mm (EVA) tratados com 5 mg/ kg de infliximabe nas semanas 0, 2, 6, 12 e 18 apresentam aumento de 42% (NNT: 2) na resposta ASAS20 e de 21,1% (NNT: 5) na resposta parcial ASAS após 24 semanas de seguimento. A resposta BASDAI aumenta em 40,3% (NNT: 2), e a resposta BASFI em 34,2% (NNT: 3). Há ocorrência de eventos adversos graves, como tontura, colecistite, artrite, leucocitose, pneumonia, hemiparesia, lombalgia, febre e ganglioneuroma36(A). Em pacientes com EA e escore BASDAI ≥ 4 o tratamento com infliximabe 3 mg/kg nas semanas 0, 2 e 6 determina, em 12 semanas de seguimento, aumento na porcentagem de pacientes que atingem o ASAS20 em 23,2% (NNT: 4), e que atingem o ASAS40 em 37,9% (NNT: 3). Até um ano de seguimento a dose elevada para 5 mg/kg mantém a resposta clínica. Os eventos adversos mais frequentes são nasofaringite, infecção respiratória, prurido, náusea, tontura, cefaleia e febre41(A). Etanercepte Pacientes com EA ativa, definida como lombalgia inflamatória, rigidez matinal por ao menos 45 minutos e atividade da doença moderada, submetidos a tratamento com etanercepte 25 mg SC, 2x/semana, por quatro meses, aumentam em 50% (NNT: 2) a resposta ao tratamento, definida como melhora ≥ 20% em três de cinco medidas de atividade da doença (ASAS, BASFI, avaliação global do paciente e escore de edema articular). As reações adversas mais comuns são infecções leves, diarreia, tinitus, e cefaleia42(A). Em pacientes com EA ativa (BASDAI ≥ 4 e dor em coluna ≥ 4 mm – EVA) o tratamento com etanercepte 25 mg SC 2x /semana, por seis semanas, produz os seguintes benefícios: aumento da resposta no escore BASDAI50 em 51% (NNT: 2), aumento no escore ASAS20 de 53,6% (NNT: 2) e aumento na descontinuidade de uso de AINH em 55% (NNT: 2). No seguimento de três meses, 75% dos pacientes apresentam recorrência, e o evento adverso mais comum é infecção respiratória43(A). 247 O tratamento de pacientes com EA ativa (escore de 30 mm para rigidez matinal medido por EVA, escore de 30 mm para dois de três parâmetros – avaliação global do paciente, lombalgia medido por EVA e escore BASFI) com etanercepte 25 mg SC 2x/semana, durante 24 semanas, determina aumento de 31% (NNT: 3) no ASAS20 em 12 semanas, aumento de 35% (NNT: 3) no ASAS20 em 24 semanas, melhora no escore BASDAI e na mobilidade. Em relação aos eventos adversos, os mais comuns são: linfadenopatia, celulite, infecção respiratória, colite ulcerativa, obstrução intestinal e fraturas ósseas44(A). A proporção de pacientes que, após 192 semanas de tratamento, alcançou as respostas ASAS20 e ASAS40 é de 81% e 69%, respectivamente, com aumento de 33% e 39% em comparação com o escore de duas semanas de tratamento45(B). Considerando atividade da EA como a intensidade ≥ 30 mm (EVA) medida em quatro domínios [inflamação de coluna (escore), lombalgia, avaliação global da atividade da doença e função física], a prescrição de etanercepte (25 mg, 2x/semana) durante 12 semanas determina aumento de 37% (NNT: 3) na resposta ASAS20, aumento de 50% na resposta ASAS50, melhora de 43% na inflamação de coluna e na lombalgia, redução de 37% na avaliação global do paciente, melhora de 35% no índice funcional (BASFI) e melhora de 62% no índice de atividade de doença (BASDAI). Os eventos adversos mais comuns são: reação alérgica ou hemorragia no local da injeção, cefaleia, náusea, astenia, tontura, diarreia, prurido, dor abdominal e parestesia46(A). Pacientes com EA apresentando um dos critérios que definem anquilose de coluna grave (quais sejam, duas pontes intervertebrais adjacentes e/ou fusão na coluna lombar; três pontes intervertebrais adjacentes e/ou fusão da coluna torácica; ou duas pontes intervertebrais adjacentes e/ou fusão na coluna cervical) podem ser tratados com etanercepte 50 mg/ semana durante 12 semanas. Esse tratamento leva à melhora dos seguintes parâmetros: aumento de 34% (NNT: 3) na porcentagem de pacientes que alcançam ASAS20; aumento de 23% (NNT: 5) nos pacientes que atingem BASDAI50; aumento de 25% (NNT: 4) no número de pacientes com melhora medida pelo Minimum Clinically Important Improvement (MCII); e melhora nos parâmetros de função pulmonar (capacidade vital – CV), CV forçada, relação FEV1/CV. Os eventos adversos mais frequentes são reação infusional e neutropenia47(A). EA com atividade inflamatória (BASDAI ≥ 4 e dor em coluna ≥ 4) mantida por mais de 12 semanas, não responsiva ao tratamento com ao menos dois AINH por ao menos três meses, pode ser tratada com etanercepte 50 mg/semana ou 100 mg/ semana, durante 12 semanas, obtendo como resultados: ausência de diferença entre as duas formas de tratamento com relação aos parâmetros ASAS20, ASAS40, remissão parcial e BASDAI. Os eventos adversos em ambos os regimes de tratamento não são diferentes, sendo os principais: infecções, desordens gastrointestinais e reações infusionais48(A). Adalimumabe O tratamento de pacientes com EA não responsiva à AINH com adalimumabe 40 mg em semanas alternadas, por 24 semanas, reduz a dor [medida pelos escores dor total na coluna (EVA), dor noturna (EVA), Medical Outcomes Study Short Form-36 Health Survey (SF-36)], melhora a fadiga e a atividade da doença (medida pelo BASDAI), e melhora a rigidez matinal (BASFI)49(B). 248 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Pacientes com EA tratados com adalimumabe 40 mg, em semanas alternadas, por 24 semanas, apresentam benefício com relação à atividade da doença (BASDAI), à função (BASFI) e à qualidade de vida [medida pelo AS Quality of Life Questionnaire (ASQoL)]. Há aumento de 27,2% (NNT: 4) no escore Minimum Clinically Important Difference (MCID). A resposta/melhora medida pelo escore ASAS20 e ASAS40 é mantida em dois anos de tratamento, sendo de 64,5% e 50,6%, respectivamente. O seguimento desses pacientes por três e cinco anos de tratamento demonstra estabilidade na resposta medida pelos diversos escores, incluindo o SF-3650-52(A). Golimumabe Pacientes com EA, com escore BASDAI ≥ 4, escore de dor em coluna ≥ 4 (EVA) e resposta inadequada ao uso prévio de AINH ou drogas modificadoras do curso da doença, quando tratados com golimumabe 50 mg ou 100 mg a cada quatro semanas, por 24 semanas, apresentam os seguintes resultados: aumento na resposta ASAS20 de 37,6% e 38,2% nas doses de 50 mg e 100 mg, respectivamente; aumento na resposta ASAS40 de 28,1% e 38,9% nas doses de 50 mg e 100 mg, respectivamente; e aumento da porcentagem de pacientes que alcançam escore BASDAI50 em 36,1% (NNT: 3). Até a 24a semana, a proporção de pacientes que experimentou ao menos um evento adverso é de 79,9%, sem diferença com relação à dose, mas com aumento em relação a pacientes que não fazem uso da droga ativa, estando entre eles: nasofaringite, infecção respiratória, fadiga, cefaleia, diarreia, eritema na injeção e aumento nas enzimas hepáticas. A proporção de pacientes com um evento adverso grave é de 3,6% com 50 mg e de 6,4% com 100 mg, estando entre eles: infarto do miocárdio, fadiga, depressão, hipertensão, dor torácica, blefarite, náusea, vomitos, hepatite, influenza-like, dor nas extremidades e ganho de peso53(A). Há sinais de benefício com relação à qualidade do sono [medido pelo Jenkins Sleep Evaluation Questionnaire (JSEQ)]54(A). O seguimento desses pacientes por dois anos mostra manutenção da boa resposta por meio dos diferentes escores55. Recomendação 8 Os pacientes com espondilite anquilosante ativa e grave, definida clinicamente como BASDAI > 4, e dor na coluna > 4 mm (EVA) e por ausência de resposta em três meses a AINH e/ou a drogas modificadoras do curso da doença podem ser tratados com infliximabe 3-5 mg/kg a cada seis a oito semanas em até oito anos de seguimento; ou com etanercepte 50 mg por semana, em até quatro anos de seguimento; ou com adalimumabe 40 mg em semanas alternadas, em até cinco anos de seguimento; ou com o golimumabe 50 mg a cada quatro semanas, em até dois anos de seguimento. 9. Existe diferença de eficácia entre as drogas anti-TNF em pacientes com espondilite anquilosante? Infliximabe O infliximabe é eficaz nos seguintes critérios: aumento de 44% (NNT: 2) na porcentagem de pacientes com melhora no BASDAI50, em 12 semanas, com melhora de 38% no escore em relação à semana anterior ao início do tratamento; redução de 27% (NNT: 4) e de 17% (NNT: 6) na porcentagem de artrite e entesite após 12 semanas; redução de 37% (NNT: 3) do uso de AINH (50%); aumento de 28% (NNT: 4) no número de pacientes sem necessidade de uso de AINH no período33(A). Após 54 semanas, observa-se que 47% dos pacientes (NNT: 2) têm redução de 50% no BASDAI; o uso de outras medicações tem redução de 70%; há redução de 33,3% (NNT: 3) de artrite periférica e entesite; e há redução nas hospitalizações em 31% (NNT: 3)34,35(B). No seguimento de dois anos, 58% dos pacientes alcançaram ao menos 50% de redução no BASDAI, nível semelhante à resposta em um ano. Dos pacientes tratados, 94% e 85% alcançaram ao menos 20% de resposta no BASDAI nas semanas 54 e 102, respectivamente37(B). A eficácia medida pelo ASAS40 é de 50%37(B). Após cinco anos de seguimento, as respostas ASAS20 e ASAS40 são de 84% e 63%, respectivamente39(B). No final de oito anos de seguimento, um estado de menor atividade da doença (BASDAI < 3) está presente em 63,6% dos pacientes – resultado semelhante ao obtido em três meses de seguimento. Além disso, 71,4% permanecem com valores de BASDAI < 3; a resposta ASAS20 está mantida em 84,8%, e a BASDAI50 está presente em 57,56% dos casos40(B). Após 24 semanas de seguimento, apresentam aumento de 42% (NNT: 2) na resposta ASAS20 e de 21,1% (NNT: 5) na resposta parcial ASAS. A resposta BASDAI aumenta em 40,3% (NNT: 2), e a resposta BASFI em 34,2% (NNT: 3)40(A). Em 12 semanas de seguimento, determina aumento de 23,2% (NNT: 4) na porcentagem de pacientes que atingem o ASAS20 e de 37,9% (NNT: 3) nos que atingem o ASAS4040(A). Etanercepte O uso do etanercepte traz benefícios aos pacientes tratados: aumenta a resposta BASDAI50 em 51% (NNT: 2), o escore ASAS20 em 53,6% (NNT: 2) e a descontinuidade de uso de AINH em 55% (NNT: 2)40(A). Além disso, determina o aumento de 31% (NNT: 3) no ASAS20 em 12 semanas, o aumento de 35% (NNT: 3) no ASAS20 em 24 semanas e a melhora no escore BASDAI e na mobilidade44(A). A proporção de pacientes que, após 192 semanas de tratamento, alcança as respostas ASAS20 e ASAS40 é de 81% e 69%, respectivamente, com aumento de 33% e 39%, em comparação com o escore de duas semanas de tratamento45(B). O uso de etanercepte determina aumento de 37% (NNT: 3) na resposta ASAS20, e de 50% na resposta ASAS50, melhora de 43% na inflamação de coluna e na lombalgia, redução de 37% na avaliação global do paciente e melhora de 35% no BASFI e de 62% no BASDAI46(A). Adalimumabe Os principais resultados individuais de eficácia de infliximabe, etanercepte, adalimumabe e golimumabe nos desfechos BASDAI, ASAS, descontinuidade de AINH, hospitalização, artrite e entesite estão descritos a seguir. A resposta/melhora medida pelo escore ASAS20 e ASAS40 é mantida em dois anos de tratamento, sendo de 64,5% e 50,6%, respectivamente50,51(A). 249 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Golimumabe Em 24 semanas, apresenta os seguintes resultados: aumento de 37,6% e 38,2% na resposta ASAS20 nas doses de 50 mg e 100 mg, respectivamente; aumento 28,1% e 38,9% na resposta ASAS40 nas doses de 50 mg e 100 mg, respectivamente; e aumento em 36,1% (NNT: 3) da porcentagem de pacientes que alcançam BASDAI5053,54(A). Tabela 1 – Aumento no desfecho absoluto (em %) do desfecho BASDAI (20, 50 e < 3) em diversos tempos de seguimento (12, 24, 54, 102 semanas e 8 anos), por medicação (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, golimumabe), em comparação com placebo Medicação Síntese dos resultados por desfecho As tabelas 1, 2 e 3 mostram a síntese dos resultados dos desfechos BASDAI, ASAS e redução do uso de AINH, respectivamente. Infliximabe Etanercepte Adalimumabe Golimumabe BASDAI 20 BASDAI 50 BASDAI < 3 Tempo de seguimento Tempo de seguimento Tempo de seguimento 12 54 102 sem sem sem 12 24 54 sem sem sem 8 anos 94% 85% 44% 40,3% 58% 51% 23% 63,6% 62% 36,1% Artrite e entesite Infliximabe Redução de 27% (NNT: 4) e de 17% (NNT: 6) – 12 semanas. Redução de 33% (NNT: 3) – 54 semanas. Hospitalização Tabela 2 – Aumento no desfecho absoluto (em %) do desfecho ASAS (20 e 40) em diversos tempos de seguimento (12, 24 sem e > 2 anos), por medicação (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, golimumabe), em comparação com placebo Medicação ASAS 40 Tempo de seguimento Infliximabe Redução de 31% (NNT: 3) – 54 semanas. Os desfechos comuns entre as medicações permitem compará-las indiretamente por meio do cálculo do NNT dos desfechos principais: BASDAI 20 e 50, ASAS 20 e 40 e redução no uso de AINH (50%) (tabela 4). ASAS 20 Infliximabe Etanercepte Adalimumabe Golimumabe Tempo de seguimento 12 sem 24 sem >2 anos 12 sem 23,2% 37% 42% 35% 84,8% 33% 64,5% 37,9% 37,6% 24 sem >2 anos 63% 39% 50,6% 28,1% Recomendação 9 Os agentes biológicos anti-TNF (infliximabe, etanercepte, adalimumabe e golimumabe) demonstraram benefício no tratamento de pacientes com EA, em relação aos critérios BASDAI e ASAS, e ao uso de AINH. Nenhuma droga mostrou-se mais eficaz que as outras. Tabela 3 – Aumento no desfecho absoluto (em %) do desfecho redução no uso de AINH (50%) em diversos tempos de seguimento (8,12 e 54 sem), por medicação (infliximabe, etanercepte), em comparação com placebo Medicação 10. Existe diferença de segurança entre as drogas anti-TNF em pacientes com espondilite anquilosante? Existe informação heterogênea relativa a eventos adversos entre as quatro medicações a serem expostas, provavelmente devido a fatores como o tempo de seguimento, ao número de estudos consistentes disponíveis, à multiplicidade dos eventos que ocorrem, e à parcial informação recuperada. Apesar disso, muitos eventos adversos são comuns a todas as formas de tratamento. Infliximabe O evento adverso mais frequente é infecção respiratória, podendo ocorrer tuberculose ganglionar, febre, granulomatose pulmonar ou leucopenia. A descontinuidade por eventos adversos sérios ocorre em 12%33(A). Alta proporção de pacientes (82,2%) apresenta mais de um evento adverso. A maioria dos eventos adversos é de gravidade moderada, sendo que 3,5% dos pacientes apresentam Redução no uso de AINH (50%) Tempo de seguimento 8 sem Infliximabe Etanercepte 12 sem 54 sem 37% 70% 55% eventos adversos sérios (tontura, colecistite, artrite, leucocitose, pneumonia, hemiparesia, lombalgia, febre e ganglioneuroma), e 2,7% dos pacientes descontinuam o tratamento. Outros eventos adversos são faringite, rinite, elevação transitória das enzimas hepáticas, e náusea36(A). Há ocorrência de 12% de eventos adversos graves, sendo a taxa de descontinuidade de 6%. Durante o segundo ano de seguimento, 90% dos pacientes reportam eventos adversos, sendo os mais frequentes: infecção respiratória, rinite, herpes, mialgia, pancreatite e reação infusional37(B). Podem ocorrer 90,8% de eventos adversos, com maioria de moderada intensidade, 18,4% graves, requerendo hospitalização 9,2%, e descontinuidade de 2,6%. Os eventos adversos mais frequentes são nasofaringite, infecção respiratória, prurido, náusea, tontura, cefaleia e febre41(A). 250 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Tabela 4 – Número necessário para tratar (NNT) no tempo máximo de seguimento, por medicação (infliximabe, etanercepte), em comparação com placebo Medicação Desfecho BASDAI (NNT) Infliximabe Etanercepte Adalimumabe Golimumabe ASAS (NNT) 20 50 20 40 1 2 2 5 1 3 2 3 2 3 2 3 3 Redução de 50% no uso de AINH (NNT) 1 2 Dos pacientes que descontinuam o tratamento, 55% o fazem em função de eventos adversos, dos quais os mais frequentes são aumento das enzimas hepáticas, reação infusional e perda da eficácia. Outros eventos adversos presentes são: tuberculose, granulomatose alérgica, pancreatite e piora do estado geral. Há redução de 30,3% (NNT: 3) na entesite, de 21,2% (NNT: 5) na artrite periférica e de 36% (NNT: 3) na uveíte anterior40(B). Etanercepte As reações adversas mais comuns são: infecções leves, reações no local da injeção, diarreia, tinitus, fasciculação orbicular, cefaleia e infecções respiratórias, náusea, astenia, tontura, dor abdominal e parestesias42,43,46(A). Pode haver descontinuidade de 5% no tratamento com etanercepte por eventos adversos, sendo os mais comuns: linfadenopatia, celulite, infecção respiratória, colite ulcerativa, obstrução intestinal e fraturas ósseas44(A). Os eventos adversos graves (câncer de pulmão e neutropenia, 5%) podem levar a descontinuidade do tratamento. Os eventos adversos mais frequentes (62% dos casos) são: reação infusional e neutropenia47(A). Cinquenta por cento dos pacientes podem apresentar eventos adversos, sendo 5% destes graves (diarreia com dor abdominal e distensão). Os principais deles são infecções, desordens gastrointestinais e reações infusionais48(A). Adalimumabe Durante dois anos de uso de adalimumabe, os eventos adversos moderados mais comuns (5%) são nasofaringite, infecção respiratória e cefaleia, doença de Crohn, sendo 10% de eventos adversos graves, 4,5% de eventos levando à descontinuidade, neoplasias em 1,3%, e uveítes em 3,9%50(A). Golimumabe Até a 24a semana, a proporção de pacientes que experimentam ao menos um evento adverso é de 79,9%, sem diferença com relação à dose, mas com aumento em relação a pacientes que não fazem uso da droga ativa, estando entre eles: nasofaringite, infecção respiratória, fadiga, cefaleias, diarreia, eritema na injeção, aumento nas enzimas hepáticas, e ao menos uma infecção (48,6%). A proporção de pacientes com um evento adverso grave é de 3,6% com 50 mg e de 6,4% com 100 mg, estando entre eles: infarto do miocárdio, fadiga, depressão, hipertensão, dor torácica, blefarite, náusea, vomitos, hepatite, influenza-like, dor nas extremidades e ganho de peso. Por esses eventos, 2,9% descontinuam o tratamento53(A). Recomendação 10 Os eventos adversos moderados e graves, e a descontinuidade ao tratamento apresentam índices e tipos semelhantes nos quatro regimes de tratamento (infliximabe, etanercepte, adalimumabe e golimumabe). Nenhuma droga mostrou-se mais segura que as outras. 11. O uso da terapia anti-TNF é capaz de reduzir o dano estrutural em pacientes com espondilite anquilosante? Infliximabe O tratamento de pacientes com EA com infliximabe 5 mg/ kg reduz o número de lesões ósseas (pela RM) em 30 semanas de seguimento. Esse resultado é superior quando combinado ao metotrexato, em comparação ao tratamento isolado com metotrexato. Um aumento significativo na densidade mineral óssea ocorre em pacientes tratados com infliximabe, sobretudo no fêmur, na bacia e na coluna56(A). Em pacientes com EA tratados com infliximabe 5 mg/ kg, a cada seis semanas, por três anos, podem ser avaliados pelo Stokes Ankylosing Spondylitis Spinal Score modificado (mSASSS), considerando como lesão a presença de ao menos um sindesmofito (mSASSS > 2), e pela progressão radiográfica, definida como mudança de 0 a 1 para sindesmófitos ou anquilose (mSASSS > 2). Nesse período há aumento do escore mSASSS e do número maior de pacientes (aumento de 11,3% – NNH: 8) com lesões radiológicas, sendo o desenvolvimento de novas lesões maior nos primeiros dois anos de tratamento, desacelerando no período seguinte57(B). O uso de infliximabe 5 mg/kg durante 96 semanas em pacientes com EA leva a aumento no escore mSASSS, sendo que 34% têm piora de um ou mais pontos no escore. Além disso, parte desses pacientes pioram dois ou mais pontos no escore (19,9%), três ou mais (14,7%) e quatro ou mais pontos (10,9%)58(B). Etanercepte As mudanças no escore radiológico de lesão óssea (mSASSS) na coluna cervical e lombar, após 96 meses de tratamento com etanercepte, são semelhantes às que ocorrem em pacientes sem tratamento, com piora no escore em relação ao início do tratamento59(B). Recomendação 11 O uso de drogas anti-TNF (infliximabe e etanercepte) não produz redução no dano estrutural em pacientes com espondilite anquilosante. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 12. Existem evidências para eficácia e segurança das drogas anti-TNF nas manifestações extra-articulares em pacientes com espondilite anquilosante? Uveíte Entre pacientes com EA tratados com infliximabe, a incidência de uveíte anterior é de 3,4 por 100 pacientes/ano em comparação com pacientes tratados com etanercepte, de incidência 7,9 por 100 pacientes/ano. Em pacientes não tratados a incidência de uveíte anterior é de 15,6 por 100 pacientes/ ano, diferença significativa em comparação com as medicações anti-TNF60(B). O uso de adalimumabe 40 mg em semanas alternadas por 12 semanas em pacientes com EA reduz a incidência de uveíte anterior em 51% (NNT: 2); reduz, em 58% (NNT: 2), a incidência de uveíte anterior em pacientes com história de uveíte, em 68% (NNT: 2) em pacientes com história recente, em 50% (NNT: 2) em pacientes com uveíte anterior sintomática e em 45% (NNT: 2) em pacientes com uveíte crônica; e reduz a recorrência de uveíte em 58% (NNT: 2)61(B). Doença inflamatória intestinal Em pacientes com EA, estima-se a incidência de doenças inflamatórias intestinais (doença de Crohn e colite ulcerativa) em 1,3 casos por 100 pacientes/ano. O tratamento desses pacientes com anti-TNF por período de 14 a 156 semanas tem resultados distintos na dependência do uso do infliximabe, etanercepte ou adalimumabe: 0,2 paciente/ano, 2,2 pacientes/ano e 2,3 pacientes/ano, respectivamente, sendo essa diferença favorável e significativa ao uso de infliximabe. O tratamento com infliximabe (0,04) reduz o risco de doença inflamatória intestinal em 42% (NNT: 2), quando comparado ao etanercepte, e em 12% (NNT: 8) quando comparado com o adalimumabe62(B). Psoríase A utilização de adalimumabe, etanercepte e infliximabe em pacientes com EA pode cursar com o desenvolvimento de psoríase [psoríase vulgar (placa psoriásica) ou palmoplantar pustulosa], em tempo médio de quatro meses. Entretanto, em cerca de 40% de pacientes com psoríase de base o uso de anti-TNF pode produzir resolução das lesões63(C). Osteoporose Como efeito do uso de agentes anti-TNF após dois anos em pacientes com EA, pode haver aumento da densidade mineral óssea em coluna e fêmur, independente da presença de sindesmófitos lombares. As mudanças na densidade óssea da coluna lombar estão correlacionadas, em dois anos de seguimento, às mudanças nos escores BASDAI e BASFI. Não há diferenças entre os resultados obtidos com o infliximabe e o etanercepte64(C). Recomendação 12 Com relação às manifestações extra-articulares, os medicamentos anti-TNF reduzem a incidência de uveíte anterior em 251 pacientes com espondilite anquilosante, podem reduzir a incidência de doença inflamatória intestinal (especialmente o infliximabe), apresentam resultados controversos quanto a benefício ou dano em relação à indução de psoríase cutânea, e causam aumento da densidade mineral óssea alinhado com a resposta clínica em espondilite anquilosante. 13. Quais são as evidências que suportam a troca (switch) de agentes anti-TNF em pacientes com espondilite anquilosante? Dos pacientes com EA que apresentam descontinuidade do tratamento com infliximabe (5 mg/kg a cada seis a oito semanas, durante os últimos dois anos) por falha clínica (ausência de redução no escore BASDAI), 70% respondem à troca por etanercepte, com redução no BASDAI médio de 7,1 (± 3,6) para 4,1 (± 7,3), em 10 meses de seguimento65(C). Pacientes com EA tratados com 5 mg/kg de infliximabe a cada oito semanas, com falha em manter uma resposta clínica de 20% de acordo com o critério ASAS20, podem ser tratados com 50 mg de etanercepte por 24 a 54 semanas, sem apresentar eventos adversos graves (reação infusional, tontura, cefaleia), mas com os seguintes benefícios: 78% de resposta ASAS20, 52% de ASAS50 e 39% de ASAS70, em 24 semanas; e 74% de resposta ASAS20, 61% de ASAS50 e 39% de ASAS70, em 54 semanas; mudança no escore BASDAI de 6,9 (± 1,3) para 3,1 (± 3,1) na 24ª semana e de 2,9 (± 1,7) na 54ª semana66(B). Ao definirmos resposta ao tratamento com anti-TNF em pacientes com EA a partir de resposta de 50% no escore BASDAI, uma resposta clínica é obtida em 75% dos pacientes que mudaram de infliximabe para etanercepte, e em 57,1% naqueles que trocaram de etanercepte para adalimumabe. Pacientes que trocaram de agente anti-TNF por eventos adversos ou eficácia inadequada apresentam resposta clínica semelhante (70% e 61,5%, respectivamente). Os pacientes que trocaram de infliximabe para etanercepte após três meses mostram resposta em 83,3% (NNT: 1)67(B). O uso de medicações anti-TNF (infliximabe, etanercepte, adalimumabe) no tratamento de pacientes com EA pode, após 12 semanas, determinar 88% de resposta clínica (medida pelos escores BASDAI e BASFI). Dos pacientes que não respondem, ou que durante o tratamento, apesar da resposta, apresentam reações adversas, 13% trocam de anti-TNF, sendo que desses, 93% apresentam resposta clínica após a mudança68(C). Pacientes com EA severa em tratamento com infliximabe, etanercepte ou adalimumabe podem precisar trocar de anti-TNF (17% dos casos) devido a ineficácia (67%) ou eventos adversos (28%). Desses pacientes, 67% e 86% mantêm resposta (medida pela redução de 50% no BASDAI) em 6 e 12 meses, respectivamente. O valor médio do BASDAI (IQR) antes da troca é de 6,92, e após a troca de tratamento , em 3, 6 e 12 meses, é de 3,98, 3,70 e 2,92, respectivamente69(B). Dos 38% dos pacientes com EA que não obtiveram resposta clínica após o tratamento com agentes anti-TNF em três a quatro meses, cerca de 24% e 11%, respectivamente, precisam de um segundo e terceiro agente anti-TNF diferente. Dos pacientes tratados com o segundo anti-TNF, 46% obtêm resposta adequada. Dos pacientes que requerem o terceiro agente anti-TNF, 100% obtêm resposta completa70(B). 252 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Pacientes que trocam de medicações anti-TNF (16%) são tratados com seu primeiro medicamento (etanercepte, infliximabe ou adalimumabe) por média de 294 dias, e começam o segundo anti-TNF em média de 32 dias após descontinuar o primeiro. O etanercepte é administrado SC, na dose de 25 mg 2x/semana ou 50 mg 1x/semana. O infliximabe é prescrito IV nas semanas 0, 2, 6 e a cada seis a oito semanas, com dose média de 4-5 mg/kg. O adalimumabe é administrado SC na dose de 40 mg quinzenal. Após três meses da primeira troca de anti-TNF, a resposta clínica medida por BASDAI50, ASAS20 e ASAS40 é de 25%, 47% e 30%, respectivamente. Após três meses de tratamento com o segundo anti-TNF, a resposta medida pelo BASDAI50, ASAS20 e ASAS40 é alcançada em 28%, 40% e 30%, respectivamente. Não há diferença na resposta obtida entre a primeira e a segunda troca71(B). A troca de anti-TNF por resposta insuficiente ou eventos adversos pode produzir aumento em três meses de 14% e 21% na resposta BASDAI 50 e ASAS 40, respectivamente, na primeira e segunda troca71(B). Recomendação 13 A troca de agente anti-TNF pode representar uma opção de estratégia terapêutica quando ocorre resposta clínica inadequada ou eventos adversos. 14. Quanto tempo se deve utilizar uma droga anti-TNF no seguimento de um paciente com espondilite anquilosante? O tratamento da EA por 102 semanas com infliximabe (5 mg/ kg) demonstra que os resultados de aumento de 42% na resposta clínica (ASAS20), obtidos na 24ª semana, são mantidos nesse segundo período. A resposta clínica medida pelo ASAS20 nas duas semanas de tratamento aumenta de 34% para 89%. Apesar de até a 102ª semana 97,5% dos pacientes apresentarem eventos adversos, durante o período de tratamento não há diferença de ocorrência de eventos adversos entre a 24ª semana e a 102ª semana. O aumento em relação a pacientes não tratados com infliximabe é de de 22% (NNH: 5). O evento adverso mais frequente é a infecção do trato respiratório superior (48,7%)72(A). No seguimento de dois anos, 58% dos pacientes tratados com infliximabe alcançaram ao menos 50% de redução no escore BASDAI, nível semelhante de resposta em um ano. Dos pacientes tratados, 94% e 85% alcançaram ao menos 20% de resposta no BASDAI nas semanas 54 e 102, respectivamente. Os eventos adversos no segundo ano (90% dos pacientes) de tratamento ocorrem em proporção semelhante ao primeiro ano37(B). A remissão parcial, definida como escore ≤ 2 em cada um dos quatro domínios ASAS (PatGA, NRS-P, BASFI e BASDAI), é atingida em 34,2% dos pacientes com EA em cinco anos de tratamento com infliximabe, em comparação a 36,8% com três anos de tratamento. Após cinco anos de tratamento, a eficácia do infliximabe permanece estável em relação a tratamento de três anos, com escore médio BASDAI de 2,5 e 2,5, escore BASFI de 3,0 e 2,9, PatGA de 2,7 e 2,6 e BASMI de 2,8 e 2,6, respectivamente. Não há diferença na ocorrência de eventos adversos entre os dois períodos (94%)39(B). Ao final de oito anos de seguimento, um estado de menor atividade da doença (BASDAI < 3) está presente em 63,6% dos pacientes tratados com infliximabe, resultado semelhante ao obtido em três meses de seguimento; além disso, 71,4% permanecem com valores de BASDAI < 3. A resposta ASAS20 está mantida em 84,8%, e a BASDAI50 está presente em 57,6% dos casos. Dos pacientes que descontinuam o tratamento, 55% o fazem devido a eventos adversos, dos quais os mais frequentes são aumento das enzimas hepáticas, reação infusional e perda da eficácia40(B). Durante cinco anos de seguimento há aumento de 50% (NNT: 2) na adesão ao tratamento com infliximabe, por redução na recorrência dos sintomas73(B). A proporção de pacientes que após 192 semanas de tratamento com etanercepte alcançou a resposta ASAS20 é de 81%, e de 69% para ASAS40, com aumento de 33% e 39%, respectivamente, em comparação com o escore de duas semanas de tratamento. Há aumento de 14,1% em eventos adversos e de 4,7% em descontinuidade, quando comparado com pacientes não tratados com etanercepte45(B). A resposta/melhora ao tratamento com adalimumabe, medida pelos escores ASAS20 e ASAS40, é mantida durante três anos de tratamento, sendo de 64,5% e 50,6%, respectivamente. Além disso, o benefício medido pelos escores BASDAI, BASFI e SF-36, obtidos na 24ª semana, são mantidos até a 156ª semana. Os eventos adversos levam à descontinuidade em 4,5% dos casos em dois anos de tratamento com adalimumabe, e em 30% em três anos50(A). Recomendação 14 A utilização de drogas anti-TNF na espondilite anquilosante por longo prazo costuma manter resposta clínica, sem aumento de eventos adversos. Atualmente, estima-se que seu uso deva ser por tempo indeterminado. 15. Existem evidências para o uso de agentes biológicos com outros mecanismos de ação na espondilite anquilosante? Rituximabe O tratamento de pacientes com EA ativa (BASDAI > 4) sem antecedentes de uso de anti-TNF com 1000 mg de rituximabe durante 24 semanas produz resposta clínica ASAS20, ASAS40 ou BASDAI50, de 30%, 10% e nenhuma resposta, respectivamente. Em pacientes com antecedente de falha terapêutica ao anti-TNF, a resposta ASAS20, ASAS40 ou BASDAI50 é de 40%, 30% e 50%, respectivamente74(B). Tocilizumabe Paciente com diagnóstico de EA e doença de Crohn não responsiva ao tratamento com três agentes biológicos (infliximabe, abatacepte e certolizumabe), tratada por 11 meses com tocilizumabe (8 mg/kg a cada 15 semanas), apresentou BASFI estável (6,0), melhora do BASDAI de 6,1 para 4,3, e redução do edema e da rigidez matinal75(C). Paciente com EA não responsiva a infliximabe, etanercepte e adalimumabe, medicado R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 com tocilizumabe 8 mg/kg a cada quatro semanas, apresenta, após 26 semanas, melhora BASDAI de 6,1 para 3,6 e redução no ASDAS (Ankylosing Spondylitis Disease Activity Score) de 5,8 para 1,6, apesar de a RM demonstrar persistência dos sinais inflamatórios76(C). Paciente com EA com falha terapêutica após cinco anos de tratamento com medicações anti-TNF (infliximabe, etanercepte e adalimumabe), tratada com tocilizumabe 8 mg/kg, apresentou, após quatro semanas, redução BASDAI de 3 para 0,9, BASFI de 6 para 1,5 e ASDAS de 2,2 para 1,3 (após 12 meses, a redução de ASDAS foi de 0,9)77(C). Abatacepte Em pacientes com diagnóstico de EA e doença ativa (escores BASDAI e dor lombar ≥ 4), o tratamento com abatacepte durante 24 semanas leva a resposta ASAS40 em 13% dos pacientes sem antecedente de uso de anti-TNF e em 0% em pacientes não responsivos, independente de tratamento prévio com ao menos dois AINH. O mesmo ocorre com a resposta ASAS20, com índices de 27% e 20%, respectivamente. Não há sinais de resposta nos escores BASDAI e ASDAS nos pacientes, sejam os sem contato prévio com anti-TNF ou sem resposta78(B). Recomendação 15 O uso de rituximabe e abatacepte não é eficaz, e não justifica seu uso em pacientes com espondilite anquilosante. A evidência disponível de tocilizumabe não permite recomendá-lo. 253 em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios MSD, Pfizer, Roche e UCB. Azevedo VF: Participação em consultorias aos laboratórios Abbott, Janssen, Pfizer e Roche. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Bristol-Myers-Squibb, Janssens, MSD e Roche. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios BMS, Galen Research, Roche e UCB. Bonfiglioli R: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador e/ou subinvestigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Bristol-Myers-Squibb, MSD e Roche. Carneiro S: Participação em board do laboratório MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, MSD e Pfizer. Ranza R: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. Bernardo W: Não há conflitos de interesse. Gonçalves CR: Participação em boards dos laboratórios Abbott e MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Aché, Aventis, Janssen, MSD e Pfizer. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. Conflitos de interesse Apêndice Sampaio-Barros PD: Participação em boards dos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Jansenn, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelo laboratório Roche. Keiserman M: Participação em consultorias aos laboratórios Abbott, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Janssen, MSD, Pfizer e Roche. Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Bristol-Myers-Squibb, MSD e Roche. Meirelles ES: Participação em boards dos laboratórios Janssen e Pfizer. Recebeu de pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, AstraZeneca, Janssen, Lilly, MSD, Pfizer, Roche, Sanofi-Aventis e Servier. Investigador principal em ensaios clínicos executados no Brasil pelos laboratórios Novartis e Roche. Pinheiro MM: Participação em board da MSD. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Janssen, Novartis, MSD, Pfizer e Roche. Principal Investigador em ensaios clínicos executados no Brasil pela Roche. Ximenes AC: Participação em boards dos laboratórios Bristol, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Aché, Janssen, Pfizer e Roche. Principal Investigador Questão 1 Quais são os critérios clínicos para que um indivíduo seja considerado acometido por uma espondiloartrite? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND specificity[Title/Abstract] Questão 2 Qual é o papel da ressonância magnética na avaliação inicial de uma espondiloartrite axial? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND Magnetic Resonance Imaging AND (specificity[Title/Abstract] OR (prognos*[Title/Abstract] OR (first[Title/Abstract] AND episode[Title/Abstract]) OR cohort[Title/Abstract])) Questão 3 Quando o HLA-B27 deve ser solicitado em um paciente com espondiloartrite axial? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND HLA-B27 AND (specificity[Title/ 254 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Abstract] OR (prognos*[Title/Abstract] OR (first[Title/Abstract] AND episode[Title/Abstract]) OR cohort[Title/Abstract])) Questão 4 Quais são as evidências para o uso da reabilitação física em pacientes com espondilite anquilosante? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND HLA-B27 AND (specificity[Title/ Abstract] OR (prognos*[Title/Abstract] OR (first[Title/Abstract] AND episode[Title/Abstract]) OR cohort[Title/Abstract])) Questão 5 Quais são as evidências para o uso de corticosteroides em pacientes com espondilite anquilosante? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND (Steroids OR Androstanes OR Androstanols OR Androstenes OR Cardanolides OR Cardenolides OR Cardiac Glycosides OR Sterols OR Cyclosteroids OR Estranes OR Estrenes OR Gonanes OR Homosteroids OR Testolactone OR Hydroxysteroids OR Ketosteroids OR 17-Ketosteroids OR Norsteroids OR orandrostanes OR Norpregnanes OR Pregnanes OR Pregnadienes OR Pregnanediol OR Pregnanediones OR regnanetriol OR Pregnanolone OR Pregnatrienes OR Pregnenes OR Tetrahydrocortisol OR Sapogenins OR Secosteroids OR Beclomethasone OR Chlormadinone OR Cyproterone OR Fluorinated OR Betamethasone OR Dexamethasone OR Flumethasone OR Fluocinolone OR Fluocortolone OR Fluorometholone OR Fluoxymesterone OR Fluprednisolone OR Flurandrenolone OR Flurogestone OR Paramethasone OR Triamcinolone OR Prednisolone OR Hydrocortisone OR corticosteroids OR Mineralocorticoids OR Glucocorticoids OR Hydroxycorticosteroids) AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Questão 6 Em que situações o uso contínuo de AINH deve ser recomendado em pacientes com espondilite anquilosante? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND (Anti-Inflammatory Agents OR Cyclooxygenase 2 OR COX-2 OR rofecoxib OR Ibuprofen OR celecoxib OR Naproxen OR Acetaminophen OR NSAID OR paracetamol OR parecoxib OR diclofenac OR aspirin OR meloxicam OR acetylsalicylic OR piroxicam) AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized Title/ Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/ Abstract])) Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (methotrexate OR leflunomide OR sulfasalazine OR gold sodium OR hydroxychloroquine OR ciclosporin) Questão 8 Quais são as indicações para o uso dos agentes biológicos bloqueadores do fator de necrose tumoral (drogas anti-TNF) na espondilite anquilosante? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) Questão 9 Existe diferença de eficácia entre as drogas anti-TNF em pacientes com espondilite anquilosante? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) Questão 10 Existe diferença de segurança entre as drogas anti-TNF em pacientes com espondilite anquilosante? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) Questão 11 O uso da terapia anti-TNF é capaz de reduzir o dano estrutural em pacientes com espondilite anquilosante? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) Questão 12 Existem evidências para eficácia e segurança das drogas anti-TNF nas manifestações extra-articulares em pacientes com espondilite anquilosante? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) AND (Uveitis OR Iridocyclitis OR Cardiovascular Diseases OR Pulmonary Fibrosis OR Lung diseases OR Extra-articular OR Extra articular OR Inflammatory Bowel Diseases OR psoriatic arthritis OR Psoriasis OR Crohn Disease OR bone) Questão 7 Questão 13 Quais são as evidências para o uso de drogas de base convencionais (metotrexato e sulfasalazina, entre outras) em pacientes com espondilite anquilosante? Quais são as evidências que suportam a troca (switch) de agentes anti-TNF em pacientes com spondilite anquilosante? R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 4 2 – 2 5 7 Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND switch* AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/ Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Questão 14 Quanto tempo se deve utilizar uma droga anti-TNF no seguimento de um paciente com espondilite anquilosante? (Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease) AND (Tumor Necrosis Factor-alpha OR golimumab OR infliximab OR adalimumab OR etanercept) Questão 15 Existem evidências para o uso de agentes biológicos com outros mecanismos de ação na espondilite anquilosante? Spondylitis, Ankylosing OR Bechterew’s Disease OR Ankylosing Spondyloarthritis OR Rheumatoid Spondylitis OR Marie-Struempell Disease AND (rituximab OR tocilizumab OR abatacept OR Antibodies, Monoclonal) 9. 10. 11. 12. 13. 14. REFERÊNCIAS 15. 1. Moll JMH, Haslock I, MacRae IF, Wright V. Associations between ankylosing spondylitis, psoriatic arthritis, Reiter´s disease, the intestinal arthropathies, and Behcet´s syndrome. Medicine 1974;53:343-64. 2. Rudwaleit M, Landewé R, van der Heijde D, Listing J, Brandt J, Braun J, et al. The development of Assessment of SpondyloArthritis international Society classification criteria for axial spondyloarthritis (part I): classification of paper patients by expert opinion including uncertainty appraisal. Ann Rheum Dis 2009;68:770-6. 3. Rudwaleit M, van der Heijde D, Landewé R, Listing J, Akkoc N, Brandt J, et al. The development of Assessment of SpondyloArthritis international Society classification criteria for axial spondyloarthritis (part II): validation and final selection. Ann Rheum Dis 2009;68:777-83. 4. Rudwaleit M, van der Heijde D, Landewé R, Akkoc N, Brandt J, Chou CT, et al. The Assessment of SpondyloArthritis International Society classification criteria for peripheral spondyloarthritis and for spondyloarthritis in general. Ann Rheum Dis 2011;70:25-31. 5. Rudwaleit M, Jurik AG, Hermann KG, et al Landewe R, van der Heijde D, Baraliakos X, et al. Defining active sacroiliitis on magnetic resonance imaging (MRI) for classification of axial spondyloarthritis: a consensual approach for the ASAS/OMERACT MRI group. Ann Rheum Dis 2009;68:1520-7. 6. Sampaio-Barros PD, Bortoluzzo AB, Conde RA, Costallat LT, Samara AM, Bertolo MB. Undifferentiated spondyloarthritis: a long-term followup. J.Rheumatol 2010;37(6):1195-9. 7. Weber U, Lambert RG, Østergaard M, Hodler J, Pedersen SJ, Maksymowych WP. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Recomendações da Sociedade Brasileira de Reumatologia Recomendações sobre diagnóstico e tratamento da esclerose sistêmica☆ Recommendations for the management and treatment of systemic sclerosis Percival Degrava Sampaio-Barros a,b,*, Adriana Fontes Zimmermann c, Carolina de Souza Müller d, Cláudia Tereza Lobato Borges e, Eutília Andrade Medeiros Freire f, Giselle Baptista Maretti g, João Francisco Marques Neto h, Maria Cecília Fonseca Salgado i, Maria de Fátima Lobato da Cunha Sauma j, Mário Newton Leitão de Azevedo k, Sheila Fontenelle l, Cristiane Kayser m a Presidente da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2012-2014), São Paulo, SP, Brasil Disciplina de Reumatologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil c Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil d Hospital das Clínicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil e Universidade Federal do Maranhão, São Luís, MA, Brasil f Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil g Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil h Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil i Centro de Ciências Biológicas, Escola de Medicina e Cirurgia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil j Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil k Serviço de Reumatologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil l Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, CE, Brasil m Disciplina de Reumatologia, Departamento de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil b Elaboração final Janeiro de 2013 Descrição do método de elaboração das evidências Os integrantes da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (biênio 2010-2012) participaram do Curso de Elaboração de Evidências da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, durante o primeiro semestre de 2011. As questões foram propostas e discutidas pela internet, no segundo semestre de 2011. As 15 questões clínicas consideradas relevantes foram estruturadas por meio da estratégia do P.I.C.O. (Paciente; Intervenção ou Indicador; Comparação; Outcome). As estratégias de busca avaliaram as bases de dados MEDLINE, EMBASE, Scielo/Lilacs, Cochrane ☆ Library até setembro de 2012 (Apêndice). Os artigos selecionados na primeira estratégia de busca foram submetidos à avaliação crítica das evidências, utilizando-se o escore de Jadad. Foram considerados também estudos observacionais e séries de casos na ausência de ensaios clínicos randomizados. Foi realizada inserção de estudos relevantes obtidos por busca manual. Posteriormente, foram elaboradas as respostas às perguntas das Recomendações, em que cada referência bibliográfica selecionada apresentava o correspondente grau de recomendação e força de evidência científica. Para as Recomendações finais, as referências bibliográficas foram atualizadas até dezembro de 2012, redigidas em texto único pelo coordenador, e submetidas aos coautores em quatro turnos, para elaboração do texto final. Trabalho realizado com a chancela da Sociedade Brasileira de Reumatologia. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (P.D. Sampaio-Barros). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 Grau de recomendação e força de evidência A: Estudos experimentais e observacionais de melhor consistência. B: Estudos experimentais e observacionais de menor consistência. C: Relatos de casos (estudos não controlados). D: Opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consensos, estudos fisiológicos ou modelos animais. Objetivo Estabelecer as recomendações para o manejo e para o tratamento da esclerose sistêmica. Introdução A esclerose sistêmica (ES) é uma doença crônica do tecido conjuntivo caracterizada por manifestações ligadas à fibrose e disfunção vascular da pele e dos órgãos internos. Acredita-se que sua prevalência possa variar entre 30 e 300 indivíduos acometidos por milhão de pessoas adultas. Os critérios classificatórios propostos em 1980 pelo American College of Rheumatology (ACR) são eficientes em identificar os pacientes com doença bem definida,1 posteriormente classificados em forma clínica limitada e difusa.2 No século XXI, com a proposição dos novos critérios para ES sine escleroderma,3 ES precoce4 e ES muito precoce,5 o espectro da doença foi consideravelmente aumentado, também permitindo o diagnóstico precoce de um número significativo de pacientes. É importante que se tenha conhecimento da variada gama de manifestações cutâneas (fibrose e calcinose), vasculares (fenômeno de Raynaud, FRy, e úlceras isquêmicas) e viscerais (destacando-se hipomotilidade esofágica e intestinal, refluxo gastroesofágico, pneumopatia intersticial, hipertensão pulmonar, crise renal esclerodérmica, miocardioesclerose e arritmia cardíaca) da ES.6 A capilaroscopia periungueal7 e os autoanticorpos específicos8 também são importantes instrumentos para diagnóstico e planejamento terapêutico do paciente esclerodérmico. Outro aspecto importante da ES é que seu tratamento está baseado em estratégias órgão-específicas, já que cada manifestação clínica pode precisar de uma medicação diferente e específica. 1. Quais são os critérios classificatórios para esclerose sistêmica? Existem várias proposições de estratificação da ES com critérios de classificação9(A). Os critérios de classificação mais utilizados na prática clínica diária são os da American Rheumatism Association (ARA), atualmente ACR, propostos em 19801(D). Esses foram os primeiros critérios externamente validados, estabelecendo um padrão de definição da doença para comparar grupos de pacientes de diferentes centros, e possibilitam a classificação do paciente como ES na presença do critério maior ou dois ou mais dos critérios menores: • Critério maior: esclerodermia proximal (fibrose simétrica da pele proximal às metacarpofalangeanas (MCF) ou metatarsofalangeanas (MTF). 259 • Critérios menores: ± esclerodactilia; ± ulcerações de polpas digitais ou reabsorção de falanges distais, como resultado de isquemia; ± fibrose nas bases pulmonares, presente na radiografia de tórax. Pelos critérios de LeRoy et al.,3 os pacientes com diagnóstico de ES podem ser classificados em duas formas clínicas: ES cutânea difusa (ESd), com início do FRy dentro de um ano, envolvimento cutâneo com tendência à rápida progressão, afetando tronco, face e membros, crepitação tendínea, comprometimento visceral precoce (fibrose pulmonar, crise renal, doença gastrointestinal difusa, miocardioesclerose); e ES cutânea limitada (ESl), com FRy presente durante anos, envolvimento cutâneo com ritmo lento e restrito às extremidades (até cotovelos e joelhos, e face) ou ausente, incidência tardia de hipertensão arterial pulmonar (HAP), calcinose, telangiectasias e alta incidência de anticorpo anticentrômero (ACA)2(B). As prevalências de ESd, ESl e ES em combinação com outra doença do tecido conjuntivo foram de 36,9%, 57,5% e 5,6%, respectivamente10(B). Uma avaliação mais recente dos anticorpos específicos para ES sugeriu que os critérios de LeRoy têm prevalência divergente em relação aos anticorpos específicos: à medida que o ACA esteve presente em 46,7% dos pacientes classificados como tendo ESl, ocorreu em somente 6% dos classificados como ESd; já o anticorpo antitopoisomerase1 (anti-Scl-70) ocorreu em 23,4% dos pacientes classificados como ESl e em 60,8% dos classificados como ESd6(B). No ano 2000 foram propostos critérios para o diagnóstico da ES sine escleroderma, uma situação pouco frequente na qual o acometimento visceral específico está presente na ausência do acometimento da pele. A ES sine escleroderma seria caracterizada pela presença de FRy objetivo, associado à positividade do fator antinuclear (FAN) e à ocorrência de um acometimento visceral específico da ES, como a hipomotilidade esofágica distal, a hipomotilidade do intestino delgado, a fibrose intersticial pulmonar, a hipertensão pulmonar primária, a miocardiosclerose e a crise renal esclerodérmica3(B). Em 2001, LeRoy e Medsger propuseram critérios para ES precoce, que permitem classificar o paciente como ES em estágios iniciais antes do aparecimento do comprometimento cutâneo ou manifestações viscerais características, baseado em: • evidência objetiva (observada pelo médico) de FRy mais microangiopatia padrão SD (scleroderma pattern) na capilaroscopia periungueal (CPU) ou autoanticorpos específicos para ES (anticentrômero, anti-Scl 70, anti-RNA polimerase III); ou • evidência subjetiva (citada na anamnese, mas não observada pelo médico) de FRy mais microangiopatia padrão SD na CPU e autoanticorpos específicos para ES4(B). Em muitos casos, os conceitos de ES precoce e ES sine escleroderma são superponíveis. Existem discussões sobre a ES sine escleroderma ser incluída no espectro da ES com envolvimento cutâneo limitado ou se deve ser considerada uma entidade nosológica distinta. Finalmente, a European League Against Rheumatism (EULAR) e o grupo EULAR Scleroderma Trial and Research (EUSTAR) desenvolveram critérios de classificação para ES muito precoce, 260 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 incluindo exames laboratoriais e capilaroscopia periungueal, ainda não validados. Presença de FRy e edema de dedos com FAN positivo demanda a solicitação de anticorpos específicos (anticentrômero e anti-Scl70) e capilaroscopia periungueal (CPU). Caso seja encontrado autoanticorpo específico positivo ou padrão SD na CPU, o paciente é considerado como ES muito precoce, e a investigação de acometimento visceral da ES deve ser realizada5(B). Recomendação 1 A classificação da esclerose sistêmica em limitada e difusa é a que mais bem reflete a história natural da doença, mostrando diferenças clínicas claras. Anticorpos específicos (anticentrômero e anti-Scl70) e padrão de esclerodermia na capilaroscopia periungueal são considerados critérios com grande probabilidade confirmatória para ES na fase muito precoce da doença. 2. Qual é o papel da capilaroscopia periungueal no diagnóstico precoce e no seguimento da esclerose sistêmica? A capilaroscopia periungueal (CPU) possibilita o diagnóstico diferencial precoce entre indivíduos com FRy primário e secundário; o padrão capilaroscópico associado à ES (padrão SD) é altamente associado com a evolução para ES (P = 0,00001, sensibilidade 94%, especificidade 92%, valor preditivo positivo 52%, valor preditivo negativo 99%, [OR 163; IC95% 97,89271,47])11,12(A). A presença de anticorpos antinúcleo tem impacto prognóstico (HR = 9,70), quando associado ao padrão SD, em pacientes com FRy primário que evoluem para ES13(A). O aparecimento precoce de capilares dilatados/megacapilares e micro-hemorragias na CPU é de grande importância para o diagnóstico precoce da ES. Essas alterações são mais frequentes na fase ativa da doença, enquanto a presença de áreas de desvascularização capilar, a desestruturação da arquitetura do leito capilar e a presença de capilares ramificados/arbustos representam o dano vascular da fase avançada da ES14(A). Diferentes equipamentos podem ser utilizados para a realização da CPU – entre eles o estereomicroscópio, o videocapilaroscópio e o dermatoscópio7(A). O estereomicroscópio e videocapilaroscópio são considerados métodos com melhor sensibilidade e acurácia para avaliação da microangiopatia periférica associada ao padrão SD13(A). Um estudo mostrou boa acurácia na avaliação dos capilares periungueais com a utilização de dermatoscopia, com sensibilidade de 83,1% e especificidade de 100% para o diagnóstico de ES15(A). Estudos mostram também associação entre alterações na CPU e risco de desenvolvimento de úlceras digitais. O índice capilaroscópico de risco de úlcera de pele (CSURI), com reprodutividade validada e calculado pela fórmula DxM/N;2 onde D é o diâmetro máximo de megacapilar, M é o número de megacapilares (diâmetro ≥ 50 μm) e N é o número de capilares na fileira distal; é altamente preditivo no aparecimento de úlcera digital na ES, dentro de três meses após a avaliação por videocapilaroscopia (sensibilidade de 92,9% [IC 95% 83,0-98,0]; especificidade 81,4% [IC 95% 74,8-86,8]; cut-off de 2,96 e área abaixo da ROC de 0,884 [IC 95% 0,835-0,922])16,17(A). A CPU também é considerada uma ferramenta útil para a avaliação da gravidade da ES. Em pacientes com ES e duração de doença ≤ 5 anos, um estudo observou correlação positiva entre as alterações capilaroscópicas avaliadas por meio do estereomicroscópio e a presença de infiltrado em vidro-fosco na tomografia de tórax de alta resolução, sugerindo que a CPU possa ser útil na identificação de fatores preditivos de envolvimento pulmonar18(A). Essa correlação também existe com o grau de envolvimento de outros órgãos-alvo (digestivo, renal, musculoesquelético) [P < 0,01]19(A). Recomendação 2 A capilaroscopia periungueal (CPU) permite diagnóstico precoce da esclerose sistêmica, bem como é útil para avaliar a gravidade da doença e seu prognóstico. 3. Qual é o papel dos autoanticorpos no diagnóstico precoce e no seguimento dos pacientes com esclerose sistêmica? A detecção e a quantificação de anticorpos específicos tornaram-se componentes importantes no diagnóstico, classificação e prognóstico da ES10(B). Anticorpos específicos da ES Anticorpo anticentrômero (ACA) Está presente em 60-82% dos pacientes com ESl e 2-7% naqueles com ESd6(B). O padrão específico observado na imunofluorescência indireta (IFI) com células HEp-2 permite a identificação dosACA20,21(B). Os pacientes ACA positivo têm um período de latência maior (média 6,5 ± 10 anos) até o surgimento da primeira manifestação além do FRy, em comparação com aqueles com anticorpos anti-Scl70 (média 2.4 ± 5.6 anos), o que pode, em muitos casos, atrasar o diagnóstico6,22(B). Alguns estudos mostram associação entre ACA positivo e presença de calcinose, HAP e úlcera digital6,22(B). Anticorpo anti-DNA topoisomerase I (anti-Scl-70) Tem sensibilidade variável, sendo encontrado em 26-76% dos pacientes, com especificidade de 98-99,6%, determinado por imunodifusão dupla ou imnunoblot6,23,24(B). Pode estar presente em 40-70% dos pacientes acometidos pela ESd e em 36% dos classificados como ESl6,23(B). Anti-Scl-70 positivo está associado com maior prevalência de acometimento cutâneo-visceral mais rápido, miosite, fibrose pulmonar e pericardite24(B). Outros autoanticorpos associados com ES Anti-RNA polimerase Há três classes de enzimas RNA polimerase (I, II e III). A positividade do anticorpo anti-RNA polimerase I/II/III está associada com presença da ESd (77,8%; outros grupos 12,4%; P < 0,001; risco relativo, RR, 6,3). Os doentes positivos para anti-RNA polimerase I e II também têm incidência maior de ESd, porém sem significância estatística (ESd 42,9%; outros 15,7%)25(B). R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 Pacientes anti-RNA polimerase positivo têm incidência significativamente maior de envolvimento renal (29,0%; outros 11,3%; P < 0,05; RR = 2,6), sendo que aqueles com anti-RNA polimerase I/II/III têm 40% de probabilidade de doença renal25(B). Anti-U3-RNP (fibrilarina) Observados mais frequentemente em pacientes mais jovens, do sexo masculino e em negros. A presença de antifibrilarina está associada com ESd, sendo observada em menos de 10% dos pacientes com ES26,27(B). Anti-Th/TO RNP Associados à ESl de pior prognóstico, com pneumopatia intersticial e hipertensão pulmonar mais graves8,28(D). Recomendações 3 A pesquisa de determinados autoanticorpos é útil para auxiliar no diagnóstico da esclerose sistêmica. O anticorpo anticentrômero é classicamente associado à esclerose sistêmica limitada. A detecção do anti-Scl-70 tem forte associação com a esclerose sistêmica difusa, além do importante valor prognóstico (acometimento cutâneo-visceral mais rápido, miosite, fibrose pulmonar e pericardite). Os autoanticorpos anti-RNA polimerase estão associados com a esclerose sistêmica difusa e com o comprometimento renal da doença. 4. Quais tratamentos são benéficos para o espessamento cutâneo na esclerose sistêmica? O escore cutâneo total modificado de Rodnan (ECT-RM) avalia o espessamento da pele por meio da palpação de 17 áreas do corpo (dedos das mãos, dorso das mãos, braços, antebraços, pés, pernas, coxas, face, tórax e abdomen) usando uma escala de 0-3, onde 0 = normal, 1 = espessamento leve, 2 = espessamento moderado e 3 = espessamento intenso. O ECT pode variar de 0 (nenhum espessamento) a 51 (espessamento intenso em todas as 17 áreas)29(B). Outra opção de mensuração do espessamento cutâneo pode ser realizada pelo durômetro manual digital, por meio de uma escala contínua em seis locais (antebraços, coxas, e pernas); a soma da média das medidas dos seis locais é utilizada30(B). Dois ensaios-clínicos avaliaram o metotrexato no acometimento cutâneo da ES. O primeiro estudo avaliou o efeito do metotrexato intramuscular na dose de 15 mg semanais com possibilidade de aumento da dose para 25 mg semanais em 29 pacientes com ES e duração de doença maior que três anos, com progressão do espessamento cutâneo ou úlceras digitais persistentes nos últimos seis meses. No seguimento de 24 semanas de tratamento, 68% dos casos respondem com benefício de ECT ≥ 30%, que é a soma de escore de 0-4 obtido em 26 sítios anatômicos (escore de Rodnan original), avaliando o espessamento cutâneo31(B). Em outro ensaio clínico com 71 pacientes com ES e escore cutâneo mínimo de 5 (escore UCLA), o tratamento inicial com 10 mg de metotrexato por semana nos primeiros dois meses (aumentando para 15 mg por semana), em comparação a pacientes não tratados, produziu redução significativa no ECT modificado de Rodnan e no escore UCLA, de 22,5% e 20%, respectivamente, em 12 meses de seguimento32(A). 261 Pacientes com ES recebendo D-penicilamina (250 mg/dia ou 125 mg/dias alternados) diariamente (aumentando de uma cápsula no primeiro e segndo meses para duas cápsulas nos terceiro e quarto meses, três cápsulas do quinto ao sétimo mês e quatro cápsulas nos seguintes meses, totalizando até 1000 mg no primeiro grupo), por 24 meses, apresentam o mesmo resultado medido pelo ECT modificado de Rodnan (redução no escore de 4,8 ± 10,3 com alta dose, e de 6,9 ± 8,4 com baixa dose33(A). O resultado similar obtido com tratamento em altas doses e baixas doses (considerado como dose placebo), associado ao elevado índice de efeitos colaterais relacionado a droga, fez com que a maioria dos reumatologistas não mais prescrevesse a D-penicilamina na última década. A relaxina humana recombinante foi testada em pacientes com ES com tempo de doença maior que cinco anos, com ECT modificado de Rodnan de pelo menos 20, nas doses de 25 mg/kg/dia ou 100 mg/kg/dia, por meio de infusão SC contínua, comparado a nenhum tratamento, por 24 semanas. A utilização de 25 mg/kg/dia produziu escores cutâneos menores do que nos pacientes sem tratamento (redução de 23,6%, 27,5% e 28,7% em 4, 12 e 24 semanas, respectivamente). No entanto, pacientes que receberam 100 mg/kg/dia de relaxina não tiveram benefício quando comparados com pacientes não tratados34(A). O ECT-RM foi semelhante entre os grupos tratados e não tratados nas semanas 4, 12, e 24. A descontinuidade da relaxina na 24ª semana produziu em alguns casos efeitos colaterais renais graves, cursando com redução no clearance de creatinina e desencadeamento de crise renal ou hipertensão arterial graus 3 ou 435(A). Como a relaxina humana recombinante não se mostrou melhor que o placebo na avaliação cutânea e visceral em pacientes com ESd, e cursou com efeitos colaterais renais graves após sua suspensão, não tem indicação no tratamento da ES. Em pacientes com diagnóstico de ES e ECT-RM ≥ 16, o tratamento utilizando colágeno tipo I oral na dose de 500 μg/dia por 12 meses não apresenta modificações no escore cutâneo. Apesar disso, a análise do subgrupo de pacientes com doença entre 3 e 10 anos revelou redução significativa no escore cutâneo (7,9 vs. 2,9)36(A). A utilização do colágeno como medicação antifibrótica é uma boa perspectiva terapêutica, que ainda precisa ser mais adequadamente avaliada. O uso de infusões endovenosas de iloprosta nas doses de 0,5 ng/kg/min ou 2 ng/kg/min, uma vez ao dia, por 21 dias, em pacientes com ES, em um ano de seguimento, não modificou o ECT-RM37(B). Estudo duplo-cego, randomizado, comparado com placebo, utilizando ciclofosfamida oral diária em 158 pacientes, tendo como desfecho primário a resposta relacionada à pneumopatia intersticial, revelou melhora significativa (P < 0,01) dos escores de pele com 12 e 24 meses de tratamento. Tal melhora desaparecia com a suspensão da medicação38(A), e foi mais significativa nos pacientes com ESd39(A). Estudo aberto avaliando 25 pacientes com ES de início recente (< 24 meses), sem tratamento prévio, que fizeram uso de micofenolato de mofetil (dose média de 2,0 g/dia; tempo médio de uso de 18,2 ± 8,7 meses), mostrou melhora significativa no ECT-RM (de 24,5 ± 8,6 no início para 14,5 ± 10,9 ao final) e na área cutânea afetada (de 36 ± 16% para 14 ± 13,3%) em 15 pacientes que concluíram o estudo. O teste de função pulmonar permaneceu estável ao final do estudo; biópsias de pele realizadas em 262 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 três pacientes revelaram marcante redução no acúmulo de fibras colágenas40(B). Em um ano de tratamento de pacientes com ES e pneumopatia intersticial com rituximabe (375 mg/m2) houve redução significativa no ECT-RM de 5,13 e 8,65, em um e dois anos de seguimento, respectivamente. O aumento na melhora com o uso de rituximabe é de 18,45%41,42(A). Estudo aberto de fase IIa, avaliando mesilato de imatinibe na dose de 400 mg/dia, em 30 pacientes com ESd, por 12 meses, mostrou que houve diminuição no ECT-RM (6,6 pontos ou 22,4%) ao final do tratamento nos 24 pacientes que completaram o estudo, com mais evidentes após seis meses de tratamento, sendo observado tanto em pacientes com ES de início recente quanto de início tardio43(B). Houve 171 eventos adversos, dos quais 24 foram considerados sérios. Outro estudo aberto, fase I/IIa, avaliando 20 pacientes com ES e pneumopatia intersticial em atividade em uso de mesilato de imatinibe revelou, nos 12 pacientes que completaram o estudo, que o ECT-RM inicial (18,7 ± 10,1) diminuiu, em média, 3,9 unidades P < 0,001)44(B). Sete pacientes não continuaram no estudo devido a efeitos colaterais. Efeitos colaterais comuns, como fadiga, edema facial, náusea/vômito, diarreia, rash generalizado e proteinúria ocorreram em mais de 20% dos pacientes; esses efeitos colaterais estiveram associados a doses maiores que 600 mg/dia. Recomendação 4 O metotrexato é a primeira opção terapêutica para o espessamento cutâneo progressivo nos pacientes com esclerose sistêmica. A ciclofosfamida, o micofenolato de mofetil e o rituximabe podem representar opções terapêuticas nos casos não responsivos ao tratamento com metotrexato. 5. Quais tratamentos são benéficos para a calcinose subcutânea na esclerose sistêmica? Tratamento farmacológico Os dados sobre o papel da warfarina no tratamento da calcinose em pacientes com ES são conflitantes. Temos três estudos que mostram melhora com uso de baixa dose (1 mg/dia; 12-18 meses)45-47(C) e um quarto estudo que relata a não efetividade do tratamento48(C). O tratamento com warfarina é mais efetivo em pacientes com calcinose na fase inicial. Nenhum estudo mostra aumento de hemorragia ou alteração do tempo de coagulação com uso de baixa dose. O diltiazem em pacientes com ESl, na dose de 240-480 mg/ dia por um a dois anos, reduz ou melhora a calcinose, com benefício clínico do paciente49(C). Uma dose menor (180 mg/dia) não causa a mesma resposta clínica, apenas discreta melhora radiológica50(C). Em pacientes com ES e calcinose, a minociclina (50 ou 100 mg/dia) em esquema terapêutico cíclico (tratamento por quatro a oito semanas, seguido de suspensão por três a quatro meses), reduz a presença de ulcerações e inflamação, porém diminui discretamente o tamanho da calcinose51(C). A colchicina por via oral na dose de 1 mg/dia por três meses, em paciente com ES e calcinose, aumentou a cicatrização das ulcerações e reduziu a inflamação associada52(C). Outros medicamentos, como os bisfosfonatos (risedronato), a imunoglobulina endovenosa e o rituximabe, usados em pacientes com ESl, também mostraram benefício reduzindo a calcinose em alguns pacientes (resultado de relatos de caso)53(C). Tratamento não farmacológico A cirurgia deve ser considerada uma opção após várias falhas terapêuticas e quando a calcificação é bem delimitada, pois aumenta o risco de infecção e de necrose de pele54(C). O laser de dióxido de carbono (laser CO2) pode ser utilizado para “vaporização” de calcinose superficial em pacientes com síndrome CREST55(C). A litotripsia por ondas de choque extracorpórea (LECO) pode ser efetiva e com baixa morbidade em pacientes com síndrome CREST e calcinose ulcerada, reduzindo o número de calcificações e o tamanho das ulcerações56(C). Recomendação 5 A warfarina pode ser efetiva na fase inicial da calcinose; o diltiazem pode reduzir ou melhorar a calcinose; e a minociclina ou a colchicina melhoram a cicatrização das ulcerações e a inflamação da calcinose. Não há tratamento que tenha se mostrado completamente eficaz para a calcinose na esclerose sistêmica. 6. Quais tratamentos são benéficos para o fenômeno de Raynaud na esclerose sistêmica? Bloqueadores dos canais de cálcio Os bloqueadores dos canais de cálcio, especialmente os di-hidropiridínicos, são considerados drogas eficazes no tratamento do FRy secundário à ES.57 Os bloqueadores dos canais de cálcio diminuem o número de ataques isquêmicos (weighted mean difference, WMD, −8,31; IC 95%: −15,71 a −0,91; P = 0,03) e a gravidade dos mesmos em 35% (standard mean difference, SMD, −0,69; IC 95%: −1,21 a −0,17; P = 0,01), com até duas semanas de tratamento. O uso da nifedipina na dose de 10-20 mg, 3x/ dia, reduz o número dos ataques isquêmicos (WMD: −10,21; IC 95%: −20,09 a −0,34; P = 0,04) entre 2 e 12 semanas57(B). A nifedipina deve ser utilizada como primeira opção no tratamento do FRy do paciente com ES. Em um estudo clínico randomizado, a nicardipina não mostra redução estatisticamente significativa (P > 0,05) na frequência e gravidade dos ataques isquemicos58(B). O diltiazem, comparado com placebo, não mostrou eficácia59(B) na redução da frequência ou gravidade do FRy em um ensaio clínico. Apesar de não haverem ensaios clínicos controlados, a anlodipina também pode ser uma opção à nifedipina no tratamento do FRy60(D). Análogos da prostaciclina Um ensaio clínico randomizado com placebo mostrou que a iloprosta endovenosa na dose de 0,5-2 ng/kg/minuto em seis horas durante cinco dias consecutivos reduz em média o número de ataques isquêmicos (39,1-22,2%; P = 0,005) e R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 diminui a gravidade (34,8-19,7%; P = 0,01) das crises em até nove semanas61(B). Três semanas de tratamento com iloprosta, aplicado EV durante seis horas em baixa dose (0,5 ng/kg/ min), é tão eficaz quanto alta dose (dose máxima tolerada até 2 ng/kg/min). Ambos reduzem a frequência do FRy (40%) e sua duração (30%) até uma semana após o término do tratamento37(B). No entanto, devemos lembrar que a iloprosta não está disponível comercialmente no Brasil e que o custo-benefício desfavorável restringe sua indicação para pacientes com casos graves de FRy associado à ES. A iloprosta oral, na dose de 50 μg 2x/dia por seis semanas, não reduz a duração, a frequência e a severidade dos ataques isquêmicos, na análise de 6 e 12 meses (P > 0,05 para todos os desfechos)62(B). A iloprosta endovenosa (2 ng/kg/min/8h por 3-5 dias consecutivos e depois um dia a cada 6-8 semanas) mostra ser ligeiramente superior (P = 0,04) à nifedipina (30-60 mg/dia) no controle dos sintomas do FRy de pacientes com ES63,64(B). Os efeitos adversos relatados com a iloprosta incluem náusea/vômito (83%), dor mandibular (69%), mialgia (34%), diarreia (28%) e calafrios (17%). Com a nifedipina, a taquicardia é relatada em 6%63,64(B). Bloqueadores alfa-adrenérgicos Dois estudos mostram resultados modestos com prazosin no tratamento do FR65(A). Em um estudo com maior número de pacientes incluídos (20), o uso do prazosin VO (3 mg/dia por oito semanas) mostra uma redução na frequência de ataques por semana (MD: −3,5; IC 95%: −5,85 a −1,15) e uma taxa de efeitos colaterais de 18%66(B). Antagonistas dos receptores da endotelina A bosentana, um antagonista oral dos receptores da endotelina, em pacientes com ES e FRy sem úlcera digital pré-existente; na dose de 62,5 mg 2x/dia por quatro semanas, seguido de 125 mg 2x/dia por 12 semanas não melhora a frequência, a duração, a dor ou a severidade dos ataques de FRy (P > 0,05)67(B). Inibidores da enzima conversora de angiotensina I (IECA) e antagonistas de receptores da angiotensina II O quinapril, na dose de 80 mg/dia, ou em dose máxima tolerada, não reduz a frequência (diferença média, DM, de 0,3; IC 95%: −5,6 a 6,3) e a gravidade (DM: 0,1; IC 95%: −6,1 a 6,3) dos ataques de FRy68(B). A losartana (50 mg/dia), quando comparada com a nifedipina (40 mg/dia), por 12 semanas, não mostra diferença significativa na frequência e na gravidade dos ataques de FRy secundário a ES, na análise de 3 e 15 semanas (P > 0,05)69(B). Inibidores da fosfodiesterase Um ensaio clínico com um número pequeno de pacientes com tadalafila, na dose de 20 mg em dias alternados por seis semanas, em pacientes com ES ou doença mista do tecido conjuntivo, em uso de bloqueadores dos canais de cálcio (72% também tomando outros vasodilatadores), mostrou redução da frequência (2,29 vs. 3,37; P = 0,0004), da duração (34 min 263 vs. 55 min; P = 0,02) e da gravidade (P < 0,0005) dos episódios de FRy70(B). Em outro ensaio clínico com tadalafila como monoterapia, 20 mg/dia por quatro semanas, em mulheres com FRy secundário a ES, não houve redução na frequência (P = NS), na duração (P = NS) e na gravidade (P = NS) dos ataques isquêmicos71(B). Análise dos ensaios clínicos com reduzido número de pacientes, estudos abertos e relatos de casos avaliando a sildenafila mostraram redução da gravidade e do número de crises de FRy em pacientes com ES72(D). O uso da sildenafila de liberação prolongada, na dose de 100 mg/dia por três dias, seguido de 200 mg/dia por 25 dias, em pacientes com FRy secundário à ESl, reduziu a frequência dos episódios por semana (44% vs. 18,1%; P = 0,034), mas não reduziu a duração e a dor (P = NS)73(B). Essa é uma boa opção terapêutica nos pacientes com ES não responsivos aos bloqueadores de canais de cálcio. No entanto, a sildenafila de liberação prolongada não está disponível no mercado brasileiro. Outros medicamentos O ciclofenil não é efetivo no tratamento do FRy secundário à ES74(B). A ketanserina não reduz a frequência [DM (fixo): 25,20 (IC 95%: 22,55, 27,85)] e a duração [DM (fixo): 4,10 (IC 95%: 3,57, 4,63)] de FRy secundário à ES75(A). A atorvastatina, comparada com placebo, não melhora a gravidade do FRy secundário à ES (DM: −0,8; IC 95%: −2,52 a 0,92; P = 0,35)76(B). O uso de antioxidantes (selênio, betacaroteno, vitamina E, vitamina C e metionina associados com alopurinol) em pacientes com FRy secundário à ES não reduz o número e a duração dos ataques em até 10 semanas77(B). Recomendações 6 Bloqueadores dos canais de cálcio podem reduzir a frequência e a gravidade dos ataques isquêmicos em pacientes com fenômeno de Raynaud secundário à esclerose sistêmica. Devem ser as drogas de primeira linha no tratamento do fenômeno de Raynaud da esclerose sistêmica. A iloprosta endovenosa diminui o número de ataques isquêmicos e sua gravidade. A dose baixa é tão eficaz quanto a alta dose em pacientes com fenômeno de Raynaud secundário à esclerose sistêmica. Não está disponível no Brasil. O uso da sildenafila de liberação prolongada em pacientes com fenômeno de Raynaud secundário à esclerose sistêmica limitada reduz a frequência dos ataques. Não está disponível no Brasil. 7. Quais tratamentos são benéficos para as úlceras isquêmicas na esclerose sistêmica? Análogos da prostaciclina Dois ensaios clínicos randomizados mostraram efeitos benéficos da iloprosta endovenosa no tratamento de úlceras isquêmicas. Em um ensaio clínico, a iloprosta EV (0,5-2 ng/kg/ 264 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 min, em seis horas de infusão, durante cinco dias consecutivos), comparado com placebo, mostrou um número maior de pacientes com cicatrização completa de lesão digital isquêmica cutânea (úlcera, fissura ou paroníquia) em 85% (number needed to treat, NNT = 1) até 10 semanas78(B). Em outro ensaio clínico, o grupo que fez uso de iloprosta apresentou 14,7% a mais de pacientes com cicatrização de pelo menos 50% do número de lesões digitais em até três meses em comparação ao grupo placebo, porém sem significância estatística (P = 0,06)61(B). A iloprosta EV não reduziu o número de pacientes com novas lesões até nove meses (NNT = NS)61(B). Três semanas de tratamento com iloprosta, aplicado EV durante seis horas em baixa dose (0,5 ng/kg/min), foi tão eficaz quanto alta dose (dose máxima tolerada até 2 ng/kg/ min). A alta dose reduziu em 76,2% o número de úlceras digitais, e a baixa dose em 61% na análise de uma semana após o término do tratamento. Não houve diferença na redução de úlceras digitais entre as duas terapias, com significância estatística (P = NS)37(B). Comparando a iloprosta EV (0,5-2 ng/kg/min/8 horas em três dias consecutivos e uma infusão adicional na semana 8) com a nifedipina (30 mg/dia, aumentando para 60 mg/ dia após quatro semanas, durante 12 semanas), observou-se redução no número de lesões digitais (úlcera, fissura e paroníquia) em ambos os grupos, sem diferença entre os dois tratamentos em 16 semanas (DM: −0,8; IC 95%: −2,09 a 0,49; P = 0,20)64(B). O uso do alprostadil (prostaglandina E1) em infusões endovenosas mostrou melhora sintomática em 17 de 20 infusões em 12 pacientes, com cicatrização de 35 das 65 úlceras isquêmicas entre duas e seis semanas após tratamento, com persistência dos benefícios por período entre 1-18 meses79(C). Um ensaio clínico que comparou a eficácia da iloprosta com o alprostadil endovenoso em pacientes com FRy e úlceras digitais mostrou melhora significativa na cicatrização das úlceras em ambos os grupos80(B). Porque a iloprosta não é atualmente comercializada no Brasil, a infusão endovenosa do alprostadil tornou-se uma opção em casos de úlceras isquêmicas graves refratárias ao tratamento convencional. zação em 100% das lesões digitais (úlcera ou fissura), comparado com 23% do grupo placebo (P < 0,001; NNT = 2) e preveniu o desenvolvimento de novas lesões isquêmicas em 92% (P = 0,001)70(B). Como não foi avaliada a ação da tadalafila como droga vasodilatadora isolada na condução de úlceras isquêmicas na ES, sua eficácia não fica bem estabelecida. Em um estudo aberto avaliando a sildenafila em 19 pacientes com ES com úlceras digitais refratárias ao tratamento convencional, o tratamento com sildenafila (50-150 mg/dia) levou à redução significativa no número de úlceras ao final de um período de seis meses83(B). Outros medicamentos A atorvastatina (40 mg/dia por quatro meses), comparada com placebo, reduziu o número total de UD (DM: −0,6; IC 95%: −1,15 a −0,04; P = 0,03) e o número de novas UDs (P = 0,003), na análise de quatro meses, em apenas um estudo clínico76(B). Recomendações 7 Em pacientes com esclerose sistêmica, a iloprosta endovenosa aumenta o número de úlceras digitais ativas cicatrizadas. A baixa dose é tão eficaz quanto a alta dose, e não existe diferença na redução do número de lesões digitais com o uso de iloprost endovenoso ou nifedipina. Não está disponível no Brasil. O alprostadil endovenoso pode ser uma opção para o tratamento de úlceras isquêmicas graves refratárias ao tratamento convencional, devido à não disponibilidade da iloprosta no país. Em pacientes com esclerose sistêmica, a bosentana diminui o aparecimento de novas úlceras digitais. O uso da sildenafila pode contribuir para a redução do número de úlceras digitais. 8. Quais são os tratamentos de manutenção para se evitar a recorrência de úlceras isquêmicas na esclerose sistêmica? Antagonistas dos receptores da endotelina Antagonistas dos receptores da endotelina A bosentana foi avaliada em dois ensaios clínicos randomizados com pacientes com ES. Em pacientes com ES e pelo menos uma úlcera digital (UD) ativa, a bosentana (62,5 mg VO, 2x/dia por quatro semanas e 125 mg 2x/dia por mais 20 semanas), comparado com placebo, reduziu em 30% o número de novas úlceras digitais (média ± ES: 1,9 ± 0,2 vs. 2,7 ± 0,3; P = 0,04), até 24 semanas. Não foi observado efeito do tratamento, no tempo de cicatrização completa, até 24 semanas, para todas as UDs já existentes (HR 0,94, IC 95% 0,65-1,37, P = 0,74) ou para todas as novas UD (HR: 1,40; IC 95%: 0,78-2,51; P = 0,26)81,82(A). Inibidores da fosfodiesterase Em um estudo tipo cruzado com pequeno número de pacientes com ES ou doença mista do tecido conjuntivo, em uso de bloqueadores dos canais de cálcio (72% também tomando outros vasodilatadores), a tadalafila (20 mg/dias alternados por seis semanas), comparando com placebo, cursou com cicatri- Dois ensaios clínicos randomizados com bosentana versus placebo mostraram redução significativa no número de novas úlceras digitais em pacientes com ES no grupo bosentana. Em ensaio clínico com 122 pacientes com ESd ou ESl e história prévia de UD, o tratamento com bosentana, por 12 semanas, reduziu em 48% o número de novas úlceras digitais, particularmente nos pacientes com ESd e com múltiplas UDs [RAPIDS-1 study]81(A). Em um segundo ensaio clínico, com vinte e quatro semanas de tratamento com bosentana em pacientes com pelo menos uma úlcera digital isquêmica ativa, houve redução do número de novas UDs em 30%, com melhor resultado naqueles portadores de UDs múltiplas[RAPIDS-2 study]82(A). A dose preconizada da bosentana é de 62,5 mg 2x/ao dia no primeiro mês e 125 mg 2x/dia a partir do segundo mês de tratamento. Os efeitos adversos com o uso da bosentana incluem elevação das transaminases (14-12,5%), diarreia R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 (9%), edema periférico (18,8%), taquicardia ventricular e pneumonia81,82(A). Recomendação 8 Como tratamento da prevenção da recorrência de novas úlceras isquêmicas, recomenda-se os antagonistas dos receptores da endotelina, em particular a bosentana. 9. Quais tratamentos são benéficos para a hipomotilidade esofágica e intestinal na esclerose sistêmica? A metoclopramida melhora a pressão do esfíncter inferior do esôfago e o esvaziamento gástrico, porém não melhora a motilidade esofágica84,85(C). A despeito da não existência de estudos randomizados de qualidade, a metoclopramida e a domperidona, prescritas 30 minutos antes das refeições, são utilizadas de rotina na manutenção do tratamento de pacientes com hipomotilidade esofágica. O uso prolongado (seis meses) de octreotide de longa duração – um análogo da somatostatina – em pacientes com ES e doença do intestino delgado que não respondem ao uso de pró-cinéticos pode melhorar os sintomas e a qualidade de vida desses indivíduos86(C). A associação de octreotide e eritromicina pode melhorar os sintomas relacionados com a pseudo-obstrução intestinal (distensão, dor abdominal e náuseas)87(C). 265 do RGE e da esofagite. O tratamento com o lanzoprazol 30 mg/dia, após seis meses, demonstra melhora nos sintomas (queimação retroesternal, regurgitação e disfagia, com aumento na frequência de diarreia). Entretanto, em 12 meses de seguimento, há piora nos sintomas de disfagia91(B). O esôfago de Barrett é uma complicação decorrente do RGE crônico, inclusive em pacientes com ES. Durante o seguimento desses pacientes em três anos, 3% ao ano evolui com displasia de alto grau ou adenocarcinoma esofágico. A incidência de adenocarcinoma aumenta progressivamente nos pacientes com displasia92(B). Na presença de sintomas esofágicos, principalmente de refluxo, pacientes com ES não responsivos ao tratamento com medicamentos podem ser submetidos a vários tipos de procedimentos cirúrgicos, incluindo esofagectomia, fundoplicatura laparoscópica com ou sem gastroplastia e Y-Roux laparoscópico, para tratamento do RGE. Após a avaliação de dois anos, a disfagia é reduzida (0,42 vs. 1,86), e há melhor controle do refluxo93(B). No entanto, pode haver recidiva tardia do quadro esofágico em pacientes com ES, razão pela qual essas cirurgias não são comuns em pacientes esclerodérmicos. Recomendação 10 Os inibidores de bomba de próton melhoram a esofagite de refluxo e os sintomas de refluxo gastroesofágico, e consequentemente as complicações locais ou respiratórias. Nos casos não responsivos ao tratamento clínico, a cirurgia pode trazer benefício. Recomendação 9 Os agentes pró-cinéticos (metoclopramida, domperidona, octreotide) devem ser utilizados para melhorar os sintomas relacionados com a dismotilidade gastrointestinal. 10. Quais tratamentos são benéficos para o refluxo gastroesofágico e suas complicações na esclerose sistêmica? Pacientes com diagnóstico de ES com duração média de seis anos, sem uso de medicação, em diferentes estágios de gravidade de acometimento esofágico (estágio I a IV), apresentam comprometimento distinto com relação ao sistema respiratório. Há aumento de 30-40% no acometimento pulmonar nos estágios graves de doença esofágica, incluindo o refluxo gastroesofágico (RGE), com piora na função e na deterioração progressiva respiratória em dois anos de seguimento88(B). A ES com história de RGE e sintomas típicos, como queimação retroesternal ou regurgitação ácida, pode ser tratada com omeprazol 20 mg 2x/dia por seis semanas, ou omeprazol 20 mg associado à ranitidina 300 mg. Como resultado, há melhora no escore de qualidade de vida e nos sintomas, sem diferença entre as duas formas de tratamento89,90(B). O trato gastrointestinal é um dos sistemas mais acometidos na ES, com 44% dos pacientes sofrendo de RGE e 15% de dismotilidade esofágica. O tratamento com inibidores de bomba de próton é recurso terapêutico para os sintomas 11. Quais tratamentos são benéficos para a síndrome de má absorção na esclerose sistêmica? A dismotilidade esofágica e as anormalidades na função intestinal são importantes manifestações da ES, podendo ter um efeito significativo na absorção de nutrientes e no estado nutricional desses pacientes. Em relação à ingesta de nutrientes, a medidas antropométricas e ao estado nutricional bioquímico, pacientes com ES e sintomas gastrointestinais, quando comparados com pacientes saudáveis, demonstram semelhança na ingesta de nutrientes e energia, mas com redução na ingesta de fibras, vegetais e frutas. Há aumento de 50% no risco de má nutrição nos pacientes com ES94(B). Utilizando-se escore de avaliação do estado nutricional (Malnutrition Universal Screening Tool – MUST), verifica-se que 18% dos pacientes com ES encontram-se em elevado risco de má nutrição, a qual está correlacionada com falta de apetite e distensão abdominal95(B). Estudos abertos mostram melhora no tratamento com antibióticos, que terminou com os sintomas de má-absorção, e a normalização do teste de D-Xilose e da absorção de vitamina B12 após tratamento com antibióticos em pacientes com ES. Houve aumento do apetite e ganho de peso, correção da anemia e redução da distensão abdominal e da dor96,97(C). Um estudo com pequeno número de pacientes com ES com sintomas compatíveis com má absorção intestinal 266 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 e não responsivos a tratamento prévio com agentes pró-cinéticos, que receberam octreotide 0,1 mg SC 2x/ dia ou octreotide 20 mg/mês intramuscular mostrou uma significativa redução na gravidade dos sintomas após seis meses de tratamento (0,7 ± 0,5; P = 0,003)86(C). Pacientes com sinais de falência intestinal, com proliferação bacteriana, má absorção e ausência de resposta a antibióticos podem beneficiar-se de nutrição parenteral para suporte nutricional98(B). Um estudo que avaliou o efeito da rifamicina (400 mg 3x/dia) por 10 dias em pacientes com ES com sinais de proliferação bacteriana intestinal mostrou erradicação da concentração anormal bacteriana em 73,3% e redução nos sintomas em 72,7% dos casos99(B). Apesar de não haver estudo prospectivo randomizado, a rotação de antibióticos (preferencialmente metronidazol, tetraciclina, amoxacilina e ciprofloxacina) é geralmente preconizada nos casos de diarreia crônica devido à proliferação bacteriana em síndrome de alça estagnada em pacientes com ES. Recomendação 11 O uso de procinéticos, como o octreotide, melhora a gravidade dos sintomas relacionados à motilidade intestinal. Antibióticos em esquema de rotação podem ser utilizados para erradicar a proliferação bacteriana. Suporte nutricional (nutrição parenteral) pode ser benéfico nos casos mais graves de desnutrição. 12. Quais tratamentos são benéficos para a pneumopatia intersticial na esclerose sistêmica? A pneumopatia intersticial rapidamente progressiva presente na ES, entre outras doenças autoimunes, pode ser tratada com ciclofosfamida (6-9 ciclos IV – 0,5 g/m2 de área corpórea), junto a um curso de 50 mg de prednisolona, na dose de manutenção de 5-7,5 mg/dia, obtendo-se melhora na tolerância ao exercício e na função pulmonar. No seguimento de 10 meses, os achados radiológicos de base permanecem estáveis100(C). Pacientes com ES, fisiologia pulmonar restritiva, dispneia e evidência de doença pulmonar intersticial inflamatória recebendo ciclofosfamida oral (≤ 2 mg/kg/dia) por dois anos apresentam melhora na capacidade vital forçada (CVF) de 2,5%, mantida por 24 meses. Há aumento na frequência de eventos adversos com o uso de ciclofosfamida, mas não há diferença significativa em comparação a pacientes não tratados com relação a eventos adversos graves38(A). A presença de pneumopatia difusa, diagnosticada por TC de alta resolução anormal (aspecto de “vidro fosco”) e/ou deterioração da capacidade vital forçada e/ou da capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO), em pacientes com ES há 14,2 ± 8,3 meses, podem ser tratados com pulsos mensais de ciclofosfamida IV (750-1.000 mg/m2) combinado com 1 g de metilprednisolona, e entre o tratamento, doses orais diárias de esteroides (6-8 mg de metilprednisolona). Após 6, 24 e 48 meses de tratamento, a DLCO deteriorou em 23,1%, 33,3% e 41,6%; melhorou em 15,3%, 16,6% e 33,3%; e estabilizou em 61,5%, 50% e 25% dos casos, respectiva- mente. Em 6, 12, 24 e 48 meses de tratamento a CVF deteriorou em 15,3%, 23,0%, 33,3% e 33,3%; melhorou em 7,6%, 15,3%, 16,6% e 16,6%; e estabilizou em 76,9%, 61,5%, 50,0% e 50,0%, respectivamente. Em relação à imagem da TC de tórax, houve deterioração em 38,4%, e melhora ou estabilização em 61,5%. Não há complicações relacionadas a eventos adversos101(C). Em pacientes com ES e pneumopatia intersticial, em três anos de seguimento, o uso de ciclofosfamida (1 g/m2/dose ao mês por 12 meses) associado a prednisona (60 mg/dia durante um mês) não produziu diferença na capacidade vital forçada, no volume expiratório forçado, na difusão de CO e na ocorrência de infecção, quando comparado ao tratamento com ciclofosfamida isolada102(A). A análise de pacientes com ES e diagnóstico de pneumopatia intersticial difusa tratados com ciclofosfamida oral (1-2,5 mg/kg/dia) ou endovenosa (500-750 mg/m2) comparado com pacientes não tratados, ou tratados com azatioprina por 12 meses, apresentam os seguintes resultados: não houve diferença entre as formas de tratamento com relação à CVF ou à capacidade de difusão do CO. Há, entretanto, melhora significativa na CVF e na difusão de CO, em 12 meses, quando os dados dos pacientes em estudos experimentais e observacionais são analisados em conjunto. Não há diferença entre o tratamento oral ou EV com a ciclofosfamida103(A). O tratamento da pneumopatia intersticial associado à ES com ciclofosfamida 0,4 g/m2/mês associado a prednisona 0,8 mg/kg/dia demonstra melhora em todos os pacientes em 12 meses (escore de dispneia, tomográfico e na CVF), apesar da recorrência em 48 meses, que justifica a terapia de manutenção104(B). O uso de corticosteroides em baixas doses (equivalentes a prednisona 5-10 mg/dia) no tratamento de manutenção da pneumopatia intersticial é usado de rotina no Brasil. É importante, em casos de ESd com menos de cinco anos de duração de doença, ter cuidado com o desencadeamento de crise renal esclerodérmica, observada em pacientes com doses de 15 mg ou mais de prednisona. Durante período de quatro semanas, pacientes com ES e pneumopatia intersticial progressiva (presença de imagem em “vidro fosco” ou reticular estendida ao menos à confluência venosa), medicados com bosentana (62,5 mg 2x/dia, aumentando para 125 mg 2x/dia após quatro semanas) durante 12 meses, não apresentam aumento de benefício com relação à caminhada de 6 minutos, na mortalidade ou melhora na prova de função pulmonar, ou na capacidade vital forçada, quando comparado a pacientes não medicados com bosentana105(A). Um estudo retrospectivo analisando 109 pacientes com ESd que receberam micofenolato de mofetil, comparado com 63 controles que utilizaram outros imunossupressores, revelou menor frequência de fibrose pulmonar clinicamente significante (P = 0,037) e melhor sobrevida em cinco anos (P = 0,027) no grupo em uso de micofenolato106(B). Ensaios clínicos com pequeno número de pacientes mostraram que o rituximabe pode ser eficiente no tratamento da pneumopatia intersticial da ES. Um estudo avaliando 15 pacientes em uso de rituximabe (dois ciclos de 375 mg/m2 com intervalo de duas semanas, no início e após 24 semanas), comparados a seis pacientes em tratamento convencional, R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 mostrou que o uso do rituximabe esteve associado a melhora significativa na CVF (P = 0,0018) e na difusão de CO (P = 0,017), associado a melhora no escore de pele (P < 0,001)41(A). Houve manutenção da melhora observada na CVF e na difusão de CO após dois anos de tratamento42(A). Recomendação 12 A pneumopatia intersticial associada à esclerose sistêmica tem benefício no tratamento com ciclofosfamida. O micofenolato de mofetil e o rituximabe podem representar alternativas para o tratamento nos casos não responsivos à ciclofosfamida. 13. Quais tratamentos são benéficos para a hipertensão arterial pulmonar na esclerose sistêmica? A prevalência de HAP em pacientes com ES é de cerca de 9%, conforme dados de uma recente metanálise107(B). Nesse grupo de pacientes a hipertensão pulmonar pode ocorrer como forma pré-capilar (por HAP ou secundária à pneumopatia intersticial) ou pós-capilar (secundária à doença cardíaca esquerda). O diagnóstico preciso dos mecanismos envolvidos é imperativo para a decisão terapêutica. Um estudo recente identificou a redução do volume de difusão alveolar de monóxido de carbono (< 70%) como fator associado a um aumento no risco de hipertensão pré-capilar na ES107(B). A hipertensão pulmonar é uma condição hemodinâmica definida por pressão média de artéria pulmonar ≥ 25 mmHg em repouso, com pressão capilar pulmonar ≤ 15 mmHg, medidas por cateterismo cardíaco direito. Recentemente, recomendações para o tratamento da HAP foram publicadas pelas Sociedades Europeias de Pneumologia e Cardiologia108(D). O tratamento da HAP pode ser dividido em tratamento convencional e específico. O tratamento convencional da HAP inclui medidas gerais, como oxigenioterapia (em pacientes com saturação de oxigênio < 90% no repouso ou após exercício), uso de diuréticos (para o tratamento da sobrecarga de volume na insuficiência cardíaca direita) e digoxina (para o tratamento da insuficiência cardíaca direita complicada por arritmia atrial), além de anticoagulação (indicada em pacientes com “HAP grave”, sem definição específica). O uso de bloqueadores de canais do cálcio em altas doses (como a nifedipina) é reservado ao pequeno grupo (< 2%) de pacientes que apresentam vasoreatividade positiva (diminuição da pressão pulmonar arterial média ≥ 10 mmHg com redução para níveis ≤ 40 mmHg, com melhora ou normalização do índice cardíaco) pelo teste agudo com vasodilatador durante teste hemodinâmico108(D). O tratamento específico da HAP baseia-se no uso de três grupos de vasodilatadores que agem em três vias envolvidas na fisiopatologia da doença: os prostanoides (epoprostenol, iloprosta), os antagonistas dos receptores da endotelina (bosentana e ambrisentan) e os inibidores da fosfodiesterese-5 (sildenafila e tadalafila)108(D). Análogos da prostaciclina O epoprostenol IV foi a primeira droga específica aprovada para o tratamento da HAP. Ensaio clínico randomizado 267 com pacientes com doenças do espectro da ES, com tratados com epoprostenol IV (≤ 2 ng/kg/min) associado à terapia convencional, comparado ao tratamento apenas com a terapia convencional, demonstrou os seguintes resultados em 12 semanas: aumento de 108 m na distância percorrida em 6 minutos; redução de 26 mmHg na pressão arterial pulmonar; redução de 25,5 mmHg/L por minuto na resistência vascular; redução em 50% dos casos na classe funcional; e melhora no escore de dispneia e de fadiga. Não houve diferença significativa na mortalidade. Os eventos adversos incluem: dor, náusea, anorexia, sepse, celulite, hemorragia e pneumotórax109(A). No entanto, além de não estar disponível comercialmente no Brasil, o epoprostenol requer cuidados especiais devido ao uso em bomba de infusão contínua. Diversos análogos da prostaciclina, como iloprosta (inalatória ou endovenosa), trepostinil e beraprost, também mostraram resultados favoráveis em pacientes com HAP idiopática, mas são poucos os estudos mostrando sua eficácia na ES108(D) 110(B). Antagonistas dos receptores da endotelina A bosentana foi avaliada em ensaio clínicos randomizados, mostrando ter sido capaz de promover melhora no teste de caminhada de 6 minutos, associada à melhora hemodinâmica de pacientes com HAP, incluindo pacientes com HAP associada à ES111,112(A). No primeiro ensaio clínico, pacientes sintomáticos graves, com hipertensão pulmonar primária ou secundária à ES (classe funcional III–IV), distância percorrida em 6 minutos entre 150-500 m, pressão pulmonar média ≥ 25 mmHg, pressão capilar pulmonar < 15 mmHg e resistência vascular pulmonar > 240 dyn s cm−5 foram randomizados para receber 62,5 mg de bosentana 2x/dia por quatro semanas iniciais, seguido de dose de 125 mg 2x/dia por 12 semanas, ou placebo. Os resultados, quando comparados com pacientes não tratados, mostraram melhora na distância percorrida em 6 minutos (diferença de 76 m), melhora do índice cardíaco (aumento de 1,0 L min–1m–2), redução na resistência vascular pulmonar (redução de 415 dyn s cm−5) e redução no índice de dispneia (Borg) no grupo que recebeu bosentana111(A). Já a ambrisentana, nas doses de 5-10 mg/dia, também mostrou resultados favoráveis em ensaios clínicos com pacientes com HAP idiopática e em estudos iniciais com pacientes com ES113,114(B). Inibidores da fosfodiesterase-5 A sildenafila foi avaliada em um ensaio clínico randomizado com 278 pacientes com hipertensão pulmonar de causa idiopática, associada com doença de tecido conjuntivo (15% com ES), ou após correção cirúrgica de shunt pulmonar-sistêmico. Os pacientes receberam sildenafila nas doses de 20, 40 ou 80 mg 3x/dia, por 12 semanas, resultando em aumento na distância percorrida em 6 minutos de 45 m (+13,0%), 46 m (+13,3%) e 50 m (+14,7%), respectivamente. Todas as doses de sildenafila levaram à melhora hemodinâmica e da classe funcional. Os efeitos adversos mais comuns são cefaleia, rubor facial, hipotensão, dispepsia e diarreia115(A). Uma análise post-hoc de um subgrupo de pacientes com ES 268 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 e outras doenças do tecido conjuntivo incluídos no estudo acima mostrou aumento na distância percorrida em 6 minutos no grupo tratado. Houve também melhora de classe funcional em 29% a 42% dos pacientes, comparado com 5% nos pacientes não tratados116(B). A tadalafila também se mostrou útil para o tratamento da HAP, com melhora da capacidade do exercício, qualidade de vida e redução da piora clínica em ensaio clínico com 406 pacientes com HAP, incluindo 95 pacientes com HAP associada a doenças do tecido conjuntivo117(A). Terapia combinada A terapia combinada também vem sendo objetivo de diversos ensaios clínicos, e pode ser uma opção para pacientes que não responderam adequadamente à monoterapia108(D). Recomendação 13 O tratamento da hipertensão arterial pulmonar na esclerose sistêmica inclui terapia convencional e o uso de três classes de medicações específicas: os análogos da prostaciclina (epoprostenol, iloprosta), os antagonistas dos receptores da endotelina (bosentana) e os inibidores da 5-fosfodiesterase (sildenafila, tadalafila). 14. Quais tratamentos são benéficos para a crise renal esclerodérmica? Durante o seguimento de pacientes com ES por quatro anos, 13% desenvolvem crise renal, dos quais 56% estavam em uso de prednisona, comparado com 26% dos pacientes sem crise renal (30%). Em 90% dos pacientes em uso de prednisona a dose é ≤ 10 mg/dia até a instalação da crise renal118(B). A mortalidade dos pacientes com ES em cinco anos é de 15%, sem diferença na incidência de crise renal ou na mortalidade entre os pacientes em uso de altas (7501.000 mg/dia) ou baixas doses (125 mg em dias alternados) de D-penicilamina33(A). Em pacientes com ES, a proporção de crise renal pode ser de 2,8%. Alguns fatores relacionados a medicações favorecem a ocorrência de crise nesses pacientes, como o uso de AINHs, esteroides em alta dose (> 20 mg/dia), ciclosporina, penicilamina e procedimento cirúrgico. Na apresentação da crise renal, a maioria dos pacientes apresentava hipertensão grave (94%), insuficiência cardíaca (56%) e anemia microangiopática hemolítica (81%), e rapidamente progrediram para insuficiência renal, com hematúria e proteinúria. A evolução clínica da crise renal é pobre, apesar da conduta anti-hipertensiva agressiva (inibidores da ECA, vasodilatadores, betabloqueadores). A mortalidade é elevada nos primeiros dias e semanas, e alguns pacientes podem desenvolver dano renal permanente, necessitando de diálise e transplante renal. O tratamento com inibidores da ECA por 12 meses produz boa evolução em 50-61% dos casos118(B). Na presença de ES, a crise renal é caracterizada pela ocorrência aguda de hipertensão arterial, redução na função renal (redução de 30% na filtração glomerular), associadas a um dos seguintes fatores: anemia hemolítica microangiopá- tica, retinopatia hipertensiva, edema pulmonar, oligúria ou anúria, ou biópsia renal excluindo outras causas. Em pacientes com ESd (78% dos casos) há aumento de 10% no risco de crise renal, quando comparado com a ESl. Na evolução clínica, 36% desses pacientes não requerem diálise; 23% são dialisados e recuperam a função renal (bom prognóstico); 41% requerem diálise e não recuperam a função renal (mortalidade elevada); e, daqueles que sobrevivem, 33% permanecem em diálise por cinco anos. A sobrevida é de 82% em um ano, 74% em dois anos, 71% em três anos, 59% em cinco anos, e 47% em 10 anos119(B). A aguda e progressiva oligúria por insuficiência renal e/ ou a aguda e progressiva hipertensão ocorrendo no curso de pacientes com ES induz ao diagnóstico de crise renal, que ocorre em 14% desses pacientes após quatro anos do primeiro sintoma não Raynaud. Geralmente 20% e 60% desses pacientes já estão em uso de inibidores da ECA e corticosteroides, respectivamente, quando a crise renal se instala. Após quatro anos de seguimento, 56% dos casos requerem diálise temporária ou crônica;, nenhum chega ao transplante renal, e dos pacientes em diálise permanente (40%) a mortalidade é de 90%. Todos os pacientes recebem inibidores da ECA, com aumento das doses após a instalação da crise renal. A associação com bloqueadores do canal de cálcio, betabloqueadores e alfa- e betabloqueadores pode ser necessária. A sobrevida em um e cinco anos é de 78% e 69%, respectivamente, e a sobrevida em diálise crônica é de 50% e 41%, respectivamente. Os fatores prognósticos de mortalidade e diálise crônica, na vigência de crise renal, são: idade > 53 anos, pressão arterial normal e necessidade de diálise no diagnóstico da crise renal120(B). Os critérios para diagnóstico de crise renal hipertensiva em pacientes com ES são pressão arterial sistólica > 140 mmHg, pressão arterial diastólica > 90mmHg, aumento na pressão sistólica > 30 mmHg ou na diastólica > 20 mmHg, associado a um dos seguintes fatores: aumento na creatinina sérica > 50% do início ou na creatinina sérica > 120% da normalidade; proteinúria > 2 vezes; hematúria > 2 vezes; trombocitopenia < 100.000 plaquetas/mm3; hemólise; encefalopatia hipertensiva. Os critérios de crise renal normotensiva em pacientes com ES são: creatinina sérica > 50% do início ou > 120% da normalidade e um dos seguintes fatores: proteinúria > 2 vezes; hematúria > 2 vezes; trombocitopenia < 100.000 plaquetas/mm3; hemólise; encefalopatia hipertensiva. Considerando, então, os critérios para diagnóstico de crise renal hipertensiva e normotensiva em pacientes com ES, é possível avaliar a distribuição, a evolução clínica e o prognóstico desses pacientes: 87% têm crise renal hipertensiva e 22% estão em uso de inibidor da ECA ou 5% em uso de bloqueador renina angiotensina ou 50% em uso de corticosteroides, antes de a crise renal se instalar. No seguimento de um ano, 50% dos pacientes permanecem em diálise ou falecem121(B). Na incidência de 12% de crise renal em pacientes com ES, 20% desenvolvem a crise com mais de seis meses antes do diagnóstico de ES, 70% entre seis meses ou depois do diagnóstico de ES, e 10% após seis meses do diagnóstico de ES. Em 20% dos casos a evolução é boa, sem necessidade de diálise. Dos 80% que necessitam de diálise, apenas 20% entre um R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 e dois anos ficam livres da diálise. O transplante renal pode ser utilizado em 30% dos casos, com todos esses pacientes utilizando micofenolato mofetil, azatioprina, ciclosporina ou tacrolimus, não apresentando rejeição pós-transplante e recuperando a função renal. A sobrevida de cinco e 10 anos é de 58% e 40%, respectivamente, para os pacientes com crise renal, e de 90% e 76%, respectivamente, para os pacientes sem crise renal122(B). Recomendação 14 Os pacientes com esclerose sistêmica e crise renal devem ser tratados com inibidor da ECA em altas doses; diálise e transplante renal são reservados para os casos que não recuperam a função renal precocemente. 15. Quais tratamentos são benéficos para o acometimento cardíaco na esclerose sistêmica? Na ES, 10-35% dos pacientes podem ter sintomas cardíacos ou arritmias, e a origem cardiopulmonar é responsável por 70% da mortalidade, com envolvimento cardíaco responsável por 11,4-36% das mortes123-126(C). Dos pacientes sem evidência clínica de doença cardíaca, 52-55% têm prejuízo no fluxo coronariano127,128(C). Parte desses defeitos perfusionais são fixos, e a redução na perfusão cardíaca é observada em 82% dos casos129,130(C). A prevalência de doença coronariana arterial é de 22% nos pacientes com ES, sendo a distribuição comparada com a população de referência (com eventos estimados) de 47% com angina típica, 50% com angina atípica e 93% em pacientes com dor não anginosa ou com restrição ventilatória131(C). Há sinais de benefício de agentes vasodilatadores na perfusão miocárdica após a administração IV de dipiridamol, no tratamento com a nifedipina, nicardipina ou captopril132-135(C). O benefício da nifedipina (20 mg, 3x/dia por uma a duas semanas) na perfusão miocárdica pode ser demonstrado por meio do estudo perfusional por PET scan e da RM, com aumento de 38% no índice global de perfusão e redução de 39% no número de pacientes com mais de um segmento com defeito perfusional129,136,137(C). Em pacientes com ES há redução na fração de ejeção de ventrículo esquerdo (< 55%), depressão sistólica de ventrículo direito e diastólica de ventrículo esquerdo, com 29% dos pacientes com hipocinesia138-141(C). O benefício de vasodilatadores na disfunção miocárdica também foi demonstrado por meio da nicardipina (40 mg), com melhora na fração de ejeção ventricular esquerda e direita129,138,142(C). Na presença de arritmias ventriculares em pacientes com ES em tratamento concomitante com drogas antiarrítmicas (amiodarona, carvedilol, bloqueadores de canal de cálcio), ciclofosfamida e vasodilatores, pode-se observar ao ECG os seguintes defeitos na condução: BAV de 1º grau, bloqueio fascicular anterior esquerdo e bloqueio de ramo direito, com casos > 1.000-5.000 contrações ventriculares prematuras, taquicardia ventricular não sustentada, arritmias ventriculares e supraventriculares143(C). Em 70% dos pacientes, durante 36 meses de seguimento, o uso de cardioversores implantáveis nesses pacientes demonstra ausência de choques e 269 ritmo cardíaco normal. Os casos apresentando taquicardia ventricular têm reversão com o dispositivo144(C). Recomendação 15 A frequência de doença cardíaca em pacientes com esclerose sistêmica tende a ser elevada (doença miocárdica, coronariana e arrítmica), sendo indicado o tratamento específico, como bloqueador de canal de cálcio (nifedipina, nicardipina), inibidores da enzima conversora de angiotensina (captopril), amiodarona, carvedilol e revascularização do miocárdio. Conflitos de interesse Sampaio-Barros PD: Participação em boards dos laboratórios Abbott, Janssen, MSD e Pfizer. Recebeu pagamento para palestras e participação em congressos, simpósios e jornadas dos laboratórios Abbott, Actelion, Jansenn, MSD, Pfizer e Roche. Maretti GB: Recebeu bolsa para aperfeiçoamento em capilaroscopia periungueal do laboratório Actelion. Os demais autores declaram a inexistência de conflitos de interesse. Apêndice - Estratégias de busca por questão clínica com o número de artigos recuperados e selecionados Questão 1 Quais são os critérios classificatórios para esclerose sistêmica? (((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND specificity[Title/Abstract]) OR ((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (classification OR criteria) AND (sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] OR diagnostic * [MeSH:noexp] OR diagnosis,differential[MeSH: noexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]))) Questão 2 Qual o papel da capilaroscopia periungueal no diagnóstico precoce e no seguimento da esclerose sistêmica? ((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND specificity[Title/Abstract]) OR ((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (classification OR criteria) AND (sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] OR diagnostic * [MeSH:noexp] OR diagnosis,differential[MeSH: noexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]))) Recuperado: 1138 Selecionado: 12 Questão 3 Qual o papel dos autoanticorpos no diagnóstico precoce e no seguimento dos pacientes com esclerose sistêmica? 270 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 (((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND specificity[Title/Abstract]) OR ((Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (classification OR criteria) AND (sensitiv*[Title/Abstract] OR sensitivity and specificity[MeSH Terms] OR diagnos*[Title/Abstract] OR diagnosis[MeSH:noexp] OR diagnostic * [MeSH:noexp] OR diagnosis,differential[MeSH: noexp] OR diagnosis[Subheading:noexp]))) Recuperado: 1138 Selecionado: 28 Questão 4 Quais tratamentos são benéficos para o espessamento cutâneo na esclerose sistêmica? (Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (cutaneous OR skin OR thick* OR tissue) AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Recuperado: 137 Selecionado: 21 Questão 5 Quais tratamentos são benéficos para a calcinose subcutânea na esclerose sistêmica? Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (calcinosis OR calcium OR subcutaneous) Recuperado: 1374 Selecionado: 28 Questão 6 Quais tratamentos são benéficos para o fenômeno de Raynaud na esclerose sistêmica? (Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND Raynaud AND (randomized controlled trial[Publication Type] OR (randomized[Title/Abstract] AND controlled[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])) Recuperado: 56 Selecionado: 20 Questão 7 Quais tratamentos são benéficos para as úlceras isquêmicas na esclerose sistêmica? (Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (ulcer OR ulcers OR ulceration OR ulcerative) Recuperado: 766 Selecionado: 8 Questão 8 Quais os tratamentos de manutenção para se evitar a recorrência de úlceras isquêmicas na esclerose sistêmica? (Scleroderma, Systemic OR Systemic Sclerosis) AND (ulcer OR ulcers OR ulceration OR ulcerative) AND (recurrence OR relapse OR refractory OR follow-up OR cohort OR time factors OR response OR recrudescence OR prognosis) Recuperado: 270 Selecionado: 21 Questão 9 Quais tratamentos são benéficos para a hipomotilidade esofágica e intestinal na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (esophageal diseases OR esophagus OR intestinal diseases OR intestin* OR motility OR bloating OR distention) AND (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (esophageal diseases OR esophagus OR intestinal diseases OR intestin* OR motility OR dismotility OR bloating OR distention) Recuperado: 397 Selecionado: 31 Questão 10 Quais tratamentos são benéficos para o refluxo gastroesofágico e suas complicações na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (Gastroesophageal Reflux OR Gastric Acid Reflux OR GERD OR Esophageal Reflux) Recuperado: 233 Selecionado: 12 Questão 11 Quais tratamentos são benéficos para a síndrome de má absorção na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (Malabsorption Syndromes OR absorption OR malnutrition OR nutritional status OR Intestine, Small OR Parenteral Nutrition OR Protein-Losing Enteropathies OR Exudative Enteropath*) Recuperado: 508 Selecionado: 19 Questão 12 Quais tratamentos são benéficos para a pneumopatia intersticial na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (Lung Diseases, Interstitial OR Interstitial Pneumonia OR Interstitial Pneumonitis) AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Recuperado: 258 Selecionado: 26 Questão 13 Quais tratamentos são benéficos para a hipertensão pulmonar na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND Hypertension, Pulmonary AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Recuperados: 353 Selecionados: 7 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 5 8 – 2 7 5 Questão 14 Quais tratamentos são benéficos para a crise renal esclerodérmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (Kidney Diseases OR Acute Kidney Injury OR Renal crisis OR Hypertension, Renal OR Renal Dialysis) Recuperados: 1495 Selecionados: 7 Questão 15 Quais tratamentos são benéficos para o acometimento cardíaco na esclerose sistêmica? (scleroderma, systemic OR systemic sclerosis) AND (cardiac diseases OR heart diseases) AND ((clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract]) OR clinical trials[MeSH Terms] OR clinical trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH Subheading]) Recuperados: 267 Selecionados: 10 REFERÊNCIAS 1. Johnson SR, Feldman BM, Hawker GA. Classification criteria for systemic sclerosis subsets. J Rheumatol 2007;34:1855-63. 2. Masi AT, Rodnan GP, Medsger TA Jr, Altman RD, D’Angelo WA, Fries JF, et al. Preliminary criteria for the classification of systemic sclerosis (scleroderma). Arthritis Rheum 1980;23:581-90. 3. LeRoy EC, Black C, Fleischmajer R, Jablonska S, Krieg T, Medsger TA Jr., et al. Scleroderma (systemic sclerosis): classification, subsets and pathogenesis. J Rheumatol 1988;15:202-5. 4. Walker JG, Pope J, Baron M, Leclercq S, Hudson M, Taillefer S, et al. The development of systemic sclerosis classification criteria. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Artigo original Nível de atividade física e desempenho físico no teste de caminhada de 6 minutos em mulheres com fibromialgia Chris Andreissy Bredaa, André Luiz Félix Rodackia, Neiva Leiteb, Diogo Homannb, Suelen Meira Goesa,c, Joice Mara Facco Stefanelloc,* a Centro de Estudos do Comportamento Motor (CECOM), Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEDF), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil b Núcleo de Pesquisa em Qualidade de Vida, PPGEDF, UFPR, Curitiba, PR, Brasil c Laboratório de Pesquisa em Psicofisiologia do Exercício e Esporte, PPGEDF, UFPR, Curitiba, PR, Brasil informações resumo Histórico do artigo: Introdução: A fibromialgia (FM) é uma condição dolorosa crônica que causa comprometi- Recebido em 27 de fevereiro de 2012 mento da capacidade funcional, possivelmente pela adoção de um comportamento seden- Aceito em 13 de novembro de 2012 tário. No entanto, pouco se sabe sobre o nível de atividade física (NAF) e sua relação com o desempenho físico em mulheres com FM. Palavras-chave: Objetivos: Comparar o NAF, avaliado por meio do International Physical Activity Questio- Dor crônica nnaire (IPAQ), e o desempenho físico, mensurado pelo teste de caminhada de 6 minutos Atividade motora (TC6) de mulheres com e sem FM, além de investigar possíveis relações entre NAF e desem- Aptidão física penho físico em ambos os grupos. Caminhada Métodos: Participaram do estudo 30 mulheres com o diagnóstico de FM (pacientes) e 28 mulheres saudáveis (controles) que responderam ao IPAQ e realizaram o TC6. Resultados: Pacientes e controles autorrelataram similar NAF, considerando tanto o escore total quanto todos os subcomponentes do IPAQ (P > 0,05). Porém, as pacientes apresentaram pior desempenho físico no TC6 (pacientes: 441,8 ± 84,1 m vs. controles: 523,9 ± 80,3 m; P < 0,01). Não existiram relações entre a distância caminhada no TC6 e as variáveis do IPAQ para o grupo controle. Entretanto, para as pacientes, a distância caminhada no teste apresentou correlações significativas (P < 0,05) com o escore total e com os subcomponentes transporte, atividades domésticas e atividades físicas de intensidade moderada do questionário IPAQ. Conclusões: Mulheres com FM apresentaram NAF similar às mulheres sem FM, mas pior desempenho físico. Esse comprometimento funcional pode estar relacionado ao estilo de vida adotado, uma vez que houve relação entre o NAF e o desempenho físico nessas pacientes. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (J.M.F. Stefanello). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 277 Physical activity level and physical performance in the 6-minute walk test in women with fibromyalgia abstract Keywords: Introduction: Fibromyalgia (FM) is a chronic pain condition that causes impaired functional Chronic pain capacity, possibly through the adoption of sedentary behaviour. However, little is known Motor activity regarding physical activity level and its relationship with physical performance in women Physical fitness with FM. Walking Objectives: To compare physical activity level, assessed using the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), and physical performance, measured using the six-minute walk test (6MWT), in women with and without FM, and to examine the possible relationships between physical activity level and physical performance in both groups. Methods: The study included 30 women diagnosed with FM (patients) and 28 healthy women (controls) who answered the IPAQ and performed the 6MWT. Results: Patients and controls self-reported similar physical activity level, considering both the total score and all IPAC subcomponents (P > 0.05). However, the FM patients had worse physical performance in the 6MWT (patients, 441.8 ± 84.1 m vs. controls, 523.9 ± 80.3 m; P < 0.01). There were no relationships between the distance walked in the 6MWT and the IPAQ variables for the control group. However, the distance walked by patients in the test showed a significant correlation (P < 0.05) with the total score and the subcomponents transport, household activities, and physical activities of moderate intensity in the IPAQ. Conclusions: Women with FM had physical activity levels similar to women without FM but exhibited worse physical performance. This functional impairment may be related to lifestyle adopted because there was a relationship between physical activity level and physical performance in those patients. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. Introdução A fibromialgia (FM) é uma condição reumatológica caracterizada por dor crônica generalizada e reduzido limiar de dor, que acomete predominantemente as mulheres.1 Alguns sintomas frequentemente associados incluem fadiga, alterações do sono e diversos sintomas somáticos que se manifestam com intensidades diferentes em cada paciente.2 Como consequência, é comum indivíduos com FM adotarem comportamentos sedentários, muitas vezes em decorrência do medo que a dor proporciona. O aumento da intensidade da dor, associado ao medo, sinaliza ao paciente que não é recomendado continuar a prática de atividade física,3 pois pode haver comprometimento do desempenho físico. Alguns estudos apontam que pacientes com FM mostram-se menos ativos fisicamente comparados com indivíduos saudáveis,4 e que um nível de atividade física (NAF) reduzido ou comportamento sedentário contribuem para a manutenção ou o agravamento das manifestações observadas na FM,5,6 o que pode conduzir a um ciclo vicioso. Outros comprometimentos dizem respeito à aptidão física dos pacientes. A inatividade física, por si só, estimula a redução de alguns parâmetros físicos/fisiológicos (força/resistência muscular, capacidade aeróbia, flexibilidade), independentemente do processo de doenças ou envelhecimento, o que torna essa condição mais propensa a riscos de incapacidades físicas.7 Vários estudos demonstram que pacientes com FM apresentam desempenho físico reduzido quando avaliados tanto por testes simples quanto por testes mais complexos e específicos.8-12 Porém, é necessária a realização de testes simples, de fácil aplicação e que sirvam de parâmetros clínicos para verificar o efeito de alguma intervenção ou mensurar a condição funcional. Nesse caso, o teste de caminhada de 6 minutos (TC6) é uma opção, pois é um método seguro, de baixo custo13 e que apresenta boa aplicabilidade, uma vez que avalia de forma global a integração de respostas de todos os sistemas fisiológicos envolvidos durante o exercício.14 Embora o TC6 já tenha sido aplicado em estudos anteriores envolvendo pacientes com FM, apresentando boa confiabilidade,15,16 pesquisas que tenham procurado investigar a relação entre o NAF e o desempenho físico nesses pacientes são escassas. Pretendeu-se, no presente estudo, comparar o NAF e o desempenho físico de mulheres com e sem FM, bem como investigar possíveis relações entre o NAF e o desempenho físico em ambos os grupos. Metodologia Estudo transversal, do tipo descritivo comparativo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR), seguindo as diretrizes propostas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos (registro número CEP/SD: 1161.086.11.06). Participaram do estudo 34 mulheres diagnosticadas com FM, conforme o American College of Rheumatology.1 O recruta- 278 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 mento ocorreu em dois hospitais públicos da cidade de Curitiba, Paraná. As pacientes foram convidadas a participar do estudo após serem examinadas por médicos reumatologistas e atenderem aos seguintes critérios de inclusão: idade entre 20 e 50 anos e índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 e 39,9 kg/m2. Os critérios de exclusão estabelecidos foram doenças cardíacas, doenças pulmonares não tratadas, outras condições reumatológicas, osteoporose, alterações osteomusculares graves e usuárias de dispositivos para realização de suas tarefas cotidianas. Essas informações foram obtidas por meio do autorrelato das avaliadas e da verificação de seus prontuários. Entre as pacientes avaliadas, quatro foram excluídas: três por não preencherem adequadamente o questionário e uma por desistir do TC6 antes da conclusão do teste. Dessa forma, foram analisados os dados de 30 pacientes. Para compor o grupo controle foram convidadas 28 mulheres sem o diagnóstico de FM, funcionárias da universidade. A seleção do grupo controle obedeceu aos mesmos critérios de inclusão e exclusão das pacientes. Após as participantes assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, todas foram submetidas a avaliações antropométricas para mensurar a massa corporal (balança digital) e a estatura (estadiômetro fixo na parede), conforme o Anthropometric Standardization Reference Manual,17 para a obtenção do IMC. Na sequência, responderam ao questionário International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), versão longa, que tem a finalidade de estimar o nível habitual de atividade física.18 Esse instrumento gera informações referentes à frequência e à duração das atividades, considerando os últimos sete dias, e mensura o NAF relacionado a vários tipos de atividades (trabalho, transporte, tarefas domésticas, lazer) ou a diferentes tipos de intensidades (caminhadas, atividades físicas de intensidades moderadas ou vigorosas). O desempenho físico das avaliadas foi mensurado por meio do TC6, realizado em um corredor plano de 30 metros de comprimento, seguindo as recomendações da American Thoracic Society.14 Cada participante realizou um teste, e, ao final de cada um deles, a distância percorrida foi registrada em metros. Para a análise estatística, o teste de Shapiro-Wilk foi utilizado inicialmente para verificar a normalidade dos dados, e o teste de Levene, para verificar a homogeneidade das vari- âncias ao comparar os dois grupos. Correlação de Pearson e o teste t independente foram usados para os dados paramétricos, e correlação de Spearman e o teste U de Mann-Whitney, para os dados não paramétricos. Os dados foram analisados pelo programa STATISTICA (STATSOFT Inc., versão 7.0). Adotou-se o nível de significância de P < 0,05. Resultados A tabela 1 apresenta as características gerais da amostra. Os dois grupos foram similares quanto à idade e ao IMC. A comparação do NAF entre o grupo de pacientes e controles saudáveis está apresentada na tabela 2. Tanto para o NAF geral quanto para os subcomponentes do questionário IPAQ não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, o que demonstra que ambos os grupos foram similares em relação ao comportamento ativo. A figura 1 mostra que a distância caminhada pelos dois grupos durante a realização do TC6 apresentou diferença significativa – o grupo de pacientes teve desempenho físico pior que o grupo controle. Algumas correlações foram realizadas, e não se constataram correlações estatisticamente significativas para o grupo de pacientes envolvendo a variável distância no TC6 e as variáveis idade (r = −0,11; P = 0,54) e IMC (r = −0,21; P = 0,25). As correlações realizadas entre a distância caminhada no TC6 e Tabela 1 – Características demográficas e antropométricas da amostra Idade (anos) Massa corporal (kg) Estatura (cm) IMC (kg/m2) Controles (n = 28) Pacientes (n = 30) P 40,7 ± 6,3 70,6 ± 13,1 160,7 ± 6,3 27,2 ± 5,1 42,6 ± 5,8 72,4 ± 9,3 158,9 ± 5,3 28,7 ± 3,9 0,17 0,67 0,25 0,21 IMC, índice de massa corporal. Dados expressos em média ± desvio padrão. Teste t independente e teste U de Mann-Whitney foram utilizados para comparar os dois grupos quando as variáveis apresentaram distribuição paramétrica e não paramétrica, respectivamente. Tabela 2 – Comparação do nível de atividade física entre pacientes e controles saudáveis Controles (n = 28) IPAQ (total) Trabalho Transporte Doméstico Lazer Caminhada AF moderada AF vigorosa Pacientes (n = 30) P Média ± DP Mediana Mín-Máx Média ± DP Mediana Mín-Máx 710,5 ± 619,7 145,1 ± 239,3 88,2 ± 85,7 435,5 ± 505,7 41,6 ± 74,6 149,8 ± 97,0 552,5 ± 608,8 8,2 ± 29,6 510,0 45,0 55,0 227,5 0 150,0 372,5 0 130-2865 0-825 0-350 0-2040 0-285 15-530 0-2640 0-150 677,8 ± 632,7 58,6 ± 103,1 71,8 ± 54,1 489 ± 600,5 58,3 ± 87,8 130,3 ± 121,4 519,5 ± 610,5 28 ± 73,9 417,5 0,0 72,5 242,5 0 100,0 257,5 0 50-2270 0-360 0-200 0-1920 0-360 0-435 0-1920 0-360 0,15 0,84 0,71 0,55 0,12 0,54 0,62 0,60 AF, atividade física. Dados expressos em média ± desvio padrão, mediana, e amplitude (mínimo e máximo). Unidade de medida adotada = minutos/semana. O nível de atividade física geral (IPAQ total) é gerado pela soma dos subcomponentes (trabalho + transporte + doméstico + lazer) ou pela soma dos tipos de intensidades (caminhada + atividades físicas de intensidade moderada + atividades físicas de intensidade vigorosa). Teste t independente e teste U de Mann-Whitney foram utilizados para comparar os dois grupos quando as variáveis apresentaram distribuição paramétrica e não paramétrica, respectivamente. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 p < 0,01 650 625 523,9 ± 80,3 600 Distância (metros) 575 550 441,8 ± 84,1 525 500 475 450 425 400 375 350 Controles Pacientes Figura 1 – Desempenho físico de controles e pacientes no teste de caminhada de 6 minutos. Teste t independente foi utilizado para comparar os dois grupos. as variáveis referentes ao NAF são apresentadas na tabela 3. Não foram encontradas correlações significativas para o grupo controle. Porém, para o grupo com FM, verificou-se correlação positiva entre a distância caminhada e o tempo gasto com atividades relacionadas ao deslocamento ativo como meio de transporte, atividades domésticas, atividades que requerem intensidades moderadas e o NAF geral. Quando os dois grupos foram combinados, observou-se que o tempo semanal gasto com caminhadas também se relacionou ao melhor desempenho do TC6. Discussão A habilidade para mensurar o comportamento relacionado à atividade física é útil, principalmente para entender a associação entre atividade física e saúde.19 Em pacientes com FM, essas informações se mostram necessárias para poder traçar intervenções mais adequadas a essa população. No entanto, Tabela 3 – Correlação entre a distância caminhada no TC6 e o nível de atividade física IPAQ (total) Trabalho Transporte Doméstico Lazer Caminhada AF moderada AF vigorosa Pacientes Controles Combinado 0,40* 0,24 0,38* 0,41* 0,04 0,26 0,42* 0,13 0,36 0,01 0,23 0,16 0,33 0,20 0,24 0,24 0,37* 0,21 0,28* 0,28* 0,10 0,28* 0,35* 0,10 TC6, teste de caminhada de 6 minutos; AF, atividade física. *Correlação significante ao nível de P < 0,05. Correlações foram realizadas para os dois grupos avaliados e combinando os dois grupos (controles + pacientes). Correlação de Pearson e correlação de Spearman foram utilizadas quando as variáveis apresentaram distribuição paramétrica e não paramétrica, respectivamente. 279 embora se presuma que esses pacientes sejam menos ativos fisicamente, a quantificação e a caracterização da atividade física em indivíduos com FM são escassas, e a maioria dos estudos é recente. Os achados do presente estudo demonstraram que pacientes e controles saudáveis não diferiram em relação ao NAF, quando avaliados pelo IPAQ. Enquanto os resultados obtidos neste estudo mostraram que os dois grupos foram similares quanto ao tempo semanal gasto para execução de atividades laborais, de locomoção, domésticas e de lazer, e também em relação às diferentes intensidades de atividades físicas, outros estudos4,20 mostram resultados divergentes, tanto utilizando métodos indiretos de avaliação do NAF – como o questionário IPAQ – quanto utilizando métodos diretos – como os acelerômetros. Entre os fatores que podem explicar tais diferenças, encontram-se a falsa percepção que os pacientes com FM podem ter no momento de relatar informações retrospectivas referentes ao tempo gasto e ao tipo de atividades executadas nos últimos dias.4 As informações relatadas por esses pacientes costumam ser superestimadas, quando confrontadas com dados adquiridos por meio de acelerômetros, indicando não haver associação entre medidas indiretas e diretas da avaliação do NAF.4,21 Isso sugere que instrumentos autorrelatados falham em capturar adequadamente o comportamento referente à atividade física em pacientes com FM.4 Ainda que não seja a única opção disponível para avaliar o NAF, o autorrelato é uma forma mais prática e barata para esse propósito. O uso dos acelerômetros esbarra em alguns desafios, principalmente relacionados à sua tecnologia e aplicação,19 além do preço de cada aparelho, o que torna seu uso restrito. Mesmo que existam divergências na literatura sobre a comparação do NAF entre pacientes e controles saudáveis, a intensidade dolorosa parece não ser um fator limitante para a prática de atividade física, pois parece não existir relação entre dor e NAF nesses pacientes.4 Entretanto, deve ser ressaltado que a mensuração e a quantificação do NAF em pacientes com FM ainda é pouco explorado, o que inviabiliza discussões mais aprofundadas acerca do assunto. Independentemente do método utilizado para quantificar o NAF, o estímulo à prática regular de atividade física para pacientes com FM tem se mostrado essencial. Considerando que o exercício físico, como tratamento não farmacológico para essa população,22 pode auxiliar na melhora ou na manutenção do condicionamento físico desses pacientes, acredita-se que sua prática regular pode proporcionar maior sensação de bem-estar geral,23 melhorando os outros sintomas associados à FM. Evidências científicas têm mostrado benefícios, sobretudo dos exercícios aeróbicos, na capacidade funcional e, possivelmente, na dor na FM.24 Fontaine et al.25 propuseram um estudo em que pacientes com FM foram estimulados a aumentar o NAF habitual, por meio de várias sessões de curta duração ao longo do dia, na maioria dos dias da semana, com atividades com intensidade moderada, com o objetivo de melhorar os sintomas observados na FM. Comparado ao grupo controle (pacientes que não foram estimulados a se exercitar), o grupo intervenção diminuiu a intensidade de dor. No estudo seguinte, os mesmos pesquisadores26 demonstraram que alguns meses após o término da intervenção, os benefícios adquiridos com esse programa não foram sustentados ao longo do tempo, pois o grupo que 280 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 sofreu a intervenção diminuiu significativamente o NAF. Evidências recentes, envolvendo a avaliação da atividade física e o mecanismo do sistema nervoso central responsável pelo processamento e pela modulação da dor, por meio de ressonância magnética, sugerem que pacientes ativos fisicamente e que evitam períodos de sustentado comportamento sedentário parecem manter de forma mais adequada a capacidade de modular a dor, se comparados àqueles pacientes menos ativos ou que gastam a maior parte do tempo com atividades sedentárias.6,20 Essas informações indicam que a prática regular de atividade física é importante para promover melhoras nas manifestações observadas na FM. O hábito de adotar um estilo de vida ativo é percebido e enfatizado pelos próprios pacientes. Em uma pesquisa realizada pela internet sobre o nível de conhecimento dos pacientes em relação à doença, as perguntas que apresentaram maiores índices de acertos abordavam questões relacionadas à atividade física e/ou ao exercício físico.27 Ao comparar o desempenho físico dos dois grupos avaliados no presente estudo, observou-se que o grupo com FM apresentou pior desempenho físico comparado ao grupo controle saudável. A distância caminhada no TC6 por pacientes e controles, e a magnitude da diferença observada entre os grupos, foram similares aos resultados encontrados em outros estudos realizados no Brasil28,29 e no exterior.30,31 Além disso, os dois grupos apresentaram idade, IMC e NAF similares, o que indica que esses fatores não influenciaram diretamente o desempenho no TC6 em um ou em outro grupo. Por outro lado, Mannerkorpi et al.32 verificaram relação direta entre a distância caminhada no TC6 e a resistência muscular de membros inferiores em mulheres com FM. Recentemente, Homann et al.33 demonstraram que, durante a execução do TC6, mulheres com FM, comparadas às mulheres saudáveis, relatam maior intensidade de dor e percepção de esforço em todos os momentos do teste. Também foi identificada exacerbação da dor e do esforço, principalmente no final do teste, em mulheres com FM,33 o que indica que esses fatores podem limitar o desempenho no TC6. Acredita-se que em algumas condições em que existe limitação da saúde vários fatores possam interferir na capacidade física e funcional, entre eles a idade, o IMC, fatores físicos e psicológicos e características peculiares da doença. No caso da FM, as principais manifestações observadas e a severidade da doença apresentam relação com o comprometimento do desempenho físico e com o autorrelato para a realização das tarefas cotidianas.11,34,35 Porém, fatores comportamentais que podem ser alterados, como a influência do NAF ou o fato de o indivíduo ser sedentário, pouco ou muito ativo sobre o desempenho físico, são pouco abordados na condição da FM. No presente estudo, embora as mulheres com e sem FM não tenham apresentado diferenças para o NAF total e para os diferentes tipos de atividades e intensidades realizadas, o grupo de pacientes com FM apresentou menor desempenho físico. No entanto, fatores como idade e IMC não mostraram correlações significativas com a distância caminhada no TC6, tanto para pacientes quanto para controles. Assim, essas duas variáveis, que geralmente limitam o desempenho no TC6 e são usadas em diferentes equações para predizer a distância caminhada, pareceram não limitar o desempenho no teste. Ao analisar possíveis relações entre o NAF e a distância cami- nhada, verificou-se que não existiram correlações significativas para o grupo controle. Mas, para o grupo de pacientes com FM, constatou-se que as correlações, de fracas a moderadas, foram significativas. Isso sugere que o tempo semanal gasto com atividades físicas de locomoção, atividades domésticas, atividades que requerem intensidades moderadas e o NAF total pode estar relacionado ao desempenho físico no TC6 em pacientes com FM – ou seja, uma baixa performance no TC6 pode ser indicativo de redução no NAF. Jones et al.34 também verificaram que o NAF influenciou o desempenho do TC6 em pacientes com FM. O presente estudo teve como principais limitações o uso de informações autorrelatadas para mensurar o NAF. Porém, técnicas mais refinadas e precisas ainda são um obstáculo para esse propósito. Além disso, não foram avaliadas outras condições características da FM que poderiam gerar mais informações e estabelecer relações mais precisas sobre o que foi avaliado no presente estudo. Em síntese, os resultados encontrados no presente estudo apontaram que mulheres com FM autorrelataram NAF similar a mulheres saudáveis. Entretanto, as pacientes apresentaram pior desempenho físico no TC6, e isso pode ter sido influenciado pelo NAF, pois existiram correlações significativas para a distância caminhada no teste com alguns tipos de atividades e o nível total de atividade física relatado por essas pacientes. Essas informações podem ser úteis no momento de prescrever um tratamento focado na manutenção e na melhora do condicionamento físico, a fim de evitar perdas progressivas da função física em pacientes com FM. Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsas de estudos. Comitê de ética Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, Paraná, registrado sobre o número CEP/SD: 1161.086.11.06. Financiamento Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão de bolsas de estudos. Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. REFERÊNCIAS 1. Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, Bennett RM, Bombardier C, Goldenberg DL, et al. The American College of Rheumatology R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 7 6 – 2 8 1 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 1990. Criteria for the classification of fibromyalgia. Report of the Multicenter Criteria Committee. Arthritis Rheum 1990;33(2):160-72. Wolfe F, Clauw DJ, Fitzcharles MA, Goldenberg DL, Katz RS, Mease P, et al. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 2 – 2 8 7 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Artigo original Ultrassonografia no diagnóstico da tendinite e eletroneuromiografia no diagnóstico da neuropatia periférica e da radiculopatia do membro superior – visão do reumatologista☆ Milton Helfenstein Jr.a,*, Mario Soares Ferreirab, Anna Beatriz Assad Maiac, César Augusto Fávaro Sienad, Antonio Techye a Disciplina de Reumatologia, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil Serviço de Reumatologia, Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF, Brasil c Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil d Justiça Federal, Seção Judiciária de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil e Justiça Federal do Paraná, Seção Judiciária do Paraná, Ponta Grossa, PR, Brasil b informações resumo Histórico do artigo: Objetivo: Averiguar o valor que os reumatologistas brasileiros conferem ao exame de ul- Recebido em 22 de março de 2012 trassonografia para o diagnóstico de tendinite e ao exame de eletroneuromiografia para o Aceito em 5 de julho de 2013 diagnóstico da neuropatia periférica e da radiculopatia dos membros superiores. Material e métodos: No total, 165 reumatologistas responderam a uma pesquisa de opinião Palavras-chave: anônima (enviada pela internet), sobre diversas situações relativas aos dois exames, no Ultrassonografia que diz respeito aos seguintes questionamentos: confiabilidade, precisão no diagnóstico, Eletroneuromiografia importância e necessidade desses exames para confirmação diagnóstica e credibilidade e Tendinite treinamento dos profissionais que executam os exames. Neuropatia Resultados: O estudo revelou que a maioria dos reumatologistas reconhece que esses exa- Radiculopatia mes são operador-dependentes, que não confia integralmente nos resultados observados, que tais exames não são imperativos para os diagnósticos elencados, e que os profissionais que executam esses exames deveriam ser mais bem treinados para fornecer resultados mais confiantes. Conclusão: Para os reumatologistas brasileiros, os resultados desses exames devem ser interpretados com cautela e não são definitivos para o diagnóstico; a ultrassonografia musculoesquelética e a eletroneuromiografia devem ser realizadas por profissionais capacitados; deve haver melhor preparo dos executores desses exames em nosso meio. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. ☆ Trabalho realizado pela Comissão de Reumatologia Ocupacional da Sociedade Brasileira de Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (M.Helfenstein Jr). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 2 – 2 8 7 283 Ultrasonography for the diagnosis of tendinitis and electromyography for the diagnosis of peripheral neuropathy and upper limb radiculopathy rheumatologists’ perspectives abstract Keywords: Objective: To ascertain the value ascribed by Brazilian rheumatologists to ultrasonography Ultrasonography (US) for diagnosing tendinitis and to electromyography (EMG) for diagnosing peripheral Electromyography neuropathy and upper limb radiculopathy. Tendinitis Material and methods: In total, 165 rheumatologists answered an anonymous survey (sent Neuropathy via the internet) concerning the two exams, with respect to the following characteristics: Radiculopathy reliability, diagnostic accuracy, the importance and necessity of these tests for diagnostic confirmation, and the credibility and training of the professionals who perform the tests. Results: The study revealed that most of the rheumatologists recognised that these exams are operator-dependent, that clinicians do not rely entirely on the results, that these exams are not mandatory for the diagnoses listed, and that professionals who perform these exams should be better trained to provide reliable results. Conclusions: The Brazilian rheumatologists believe the following: the results of these exams should be interpreted with caution and are not definitive for diagnosis; musculoskeletal US and EMG should be performed by trained professionals; and there must be better preparation of the professionals who perform these exams. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. Introdução A ultrassonografia (US) e a eletroneuromiografia (ENMG) são exames complementares com muitas aplicações na prática médica diária. No contexto litigioso, estão entre os exames mais frequentemente observados nos processos trabalhistas, com o objetivo de comprovarem as alegadas doenças, quase sempre dos membros superiores, particularmente no contexto das lesões por esforços repetitivos (LER) ou dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Esses dois métodos têm indicações clínicas bem diferentes, mas têm em comum o fato de serem totalmente operador-dependentes. Os executores desses exames complementares devem ser médicos e devem ter conhecimentos da anatomia do sistema musculoesquelético, de neuroanatomia, eletrofisiologia, patologia do aparelho locomotor, além de compreenderem seus respectivos princípios e suas técnicas.1 A US consiste em um exame de imagem que prescinde de radiação e está fundamentado no registro da imagem resultante da reflexão de ondas sonoras de alta frequência emitidas pelo aparelho chamado ecógrafo.2 São utilizados transdutores que transformam pulsos elétricos em mecânicos e vice-versa. As faixas de frequência mais comumente utilizadas para avaliar os tendões oscilam entre 5 e 10 MHz. O formato do transdutor é importante, uma vez que os tendões são, em sua maioria, alongados e apresentam arquitetura interna fibrilar, refletindo o feixe ultrassônico com diferentes intensidades e direções, requerendo transdutor de geometria linear.3,4 O termo “tendinite” implica em um processo inflamatório no tendão. Quando a inflamação é restrita à bainha que envolve alguns tendões, o processo é chamado “tenossinovite”. Entretanto, não há evidência de processo inflamatório na maioria dos estudos histopatológicos, bioquímicos e molecu- lares com as chamadas tendinites.5-8 Este tem sido o motivo pelo qual alguns autores sugeriram que o melhor termo a ser utilizado seja “tendinose”, que significa processo degenerativo tendíneo.9,10 A natureza precisa do processo degenerativo ainda é matéria de debate. Há diversos fatores que contribuem para a tendinose, incluindo acúmulo de glicosaminoglicanos, calcificação e acúmulo de lipídeos. Esses fatores também foram encontrados em tendões assintomáticos e não implicam, necessariamente, em enfermidade.11-14 O termo “tendinopatia” foi empregado por radiologistas para descrever diversas situações que afetam os tendões, incluindo ruptura tendínea, dor crônica, alterações sequelares e degenerativas. Este termo não assume conhecimento fisiopatológico sobre uma eventual enfermidade subjacente. Por ser um exame operador-dependente, o resultado falso-positivo da US constitui-se em uma variável que não pode ser desprezada quando se cogita o diagnóstico da tendinite.15,16 Fatores que contribuem para os resultados falso-positivos são o indevido manuseio técnico, o curto tempo dispensado à execução dos exames e a falta de conhecimento de anatomia dos operadores. Ainda, por meio de um posicionamento inadequado do transdutor de imagem do aparelho de US, pode-se criar uma falsa imagem sugestiva de tendinite. A este fenômeno dá-se o nome de anisotropia. O tendão é uma estrutura anisotrópica, isto é, sua reflexão varia com o ângulo de incidência da onda sonora emitida pelo transdutor do aparelho de US. Se o feixe de onda sonora estiver oblíquo ao tendão, a reflexão será menor, aparecendo áreas de hipoecogenicidade artefatual, que pode ser confundida com tendinite. Este fenômeno anisotrópico foi descrito em 1958 por Dussik.17 A anisotropia tem sido frequente e é uma das responsáveis pelos resultados falso-positivos de tendinites e tenossinovites.18,19 Também é bem sabido que há muita variação inter- e 284 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 2 – 2 8 7 intraoperadores entre os resultados dos exames de US musculoesquelética.20-24 Por esses e outros motivos, as alterações encontradas nas US devem ser interpretadas com cautela e não devem ser hipervalorizadas para explicar os sintomas clínicos, pois podem não estar relacionadas aos achados de exame físico.25 A ENMG é uma técnica de monitoramento dos fenômenos bioelétricos que ocorrem nas membranas celulares das fibras musculares esqueléticas. A despolarização produz atividade elétrica, que se manifesta como potencial de ação da unidade motora, a qual é registrada graficamente como eletromiograma. O eletromiógrafo registra a atividade elétrica presente no músculo em contração, decorrente da ativação neuromuscular em condições normais.26,27 O sinal eletromiográfico é o somatório algébrico de todos os sinais detectados em determinada área, podendo ser afetado por propriedades musculares, anatômicas e fisiológicas, assim como pelo controle do sistema nervoso periférico e pela instrumentação utilizada para a aquisição dos sinais. O registro eletromiográfico permite observar o comportamento eletrofisiológico do músculo em diferentes condições fisiológicas e patológicas. O exame inclui a introdução de eletrodos em forma de agulhas na musculatura esquelética ou por eletrodos de superfície. Os eletrodos que enviam ao eletromiógrafo sinais elétricos que correspondem às trocas iônicas que ocorrem ao nível celular, e registram a atividade de unidades motoras isoladas em repouso ou em atividade. Os sinais obtidos são amplificados e registrados na tela de um computador.28,29 Os fatores responsáveis por resultados falso-positivos com a ENMG dos membros superiores envolvem: interferência na rede elétrica do ambiente no qual o exame é executado, mãos frias, estado emocional do indivíduo (tensão, preocupação, ansiedade), dimensões do carpo e peso corporal (particularmente para a neuropatia do mediano – síndrome do túnel do carpo), falhas técnicas, entre outros. Embora a sistematização da anamnese e da semiologia tenha seu valor intrínseco pouco contestado tecnicamente, o surgimento de métodos complementares ao diagnóstico, cada vez mais sofisticados, pode trazer ao leigo um falso conceito de que tais métodos são os determinantes do diagnóstico final. Especificamente quanto às tendinites e às neuropatias, objetos frequentes de litígios trabalhistas nos quais o médico pode ser visto inadvertidamente como árbitro, a supremacia da história clínica e do exame físico se impõe. Observação rigorosa dos sintomas, exame físico com realização de manobras semiológicas especificas, verificação da eventual correspondência entre a unidade musculotendínea solicitada no trabalho e a lesionada, questões sobre a organização do trabalho e o ambiente laboral e possível associação com doenças sistêmicas e com variações congênitas são aspectos imperativos. Esses são apenas alguns dos parâmetros que não podem passar despercebidos, sob a pena de o médico incorrer em diagnósticos equivocados que podem traduzir-se em ônus previdenciário, entre outras consequências. Para avaliar a percepção dos especialistas quanto a esses dois exames complementares utilizados para avaliação das tendinites, neuropatias compressivas e radiculopatias dos membros superiores, realizamos uma pesquisa de opinião, aplicando um questionário construído com assertivas a respeito desses métodos diagnósticos. Material e métodos O estudo foi conduzido por meio de um questionário elaborado pela Comissão de Reumatologia Ocupacional da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), enviado para os reumatologistas via internet, por e-mail da Sociedade Brasileira de Reumatologia pelo “SBR – NEWSLETTER”. Os critérios de inclusão para a escolha dos reumatologistas que receberam o questionário foram: ser sócio da SBR, ter seu endereço atualizado junto à instituição e trabalhar como reumatologista tanto em clínicas privadas como em instituições públicas. Os critérios de exclusão resumiram-se à não observância dos critérios de inclusão. Essa foi a maneira mais segura para garantir a qualidade dos dados. O questionário foi composto por 11 questões, com dois tipos de resposta: “concordo” e “não concordo”. Foram abordados aspectos diferenciados de situações que envolvem os dois exames, US e ENMG, tais como: confiabilidade, variabilidade das conclusões, necessidade da realização desses exames para o diagnóstico das enfermidades (tendinite, neuropatia periférica e radiculopatia), competência do profissional que executa esses exames e necessidade de treinamento desse executor. Todas as respostas foram respondidas por meio do site www.surveymonkey.com, com link disponível no e-mail enviado pela SBR (NEWSLETTER), acessível somente pelos reumatologistas. O questionário respondido foi enviado para análise da Comissão de Reumatologia Ocupacional da SBR. O período da coleta de dados deu-se entre junho de 2011 e setembro de 2011. Todas as informações colhidas foram arquivadas num banco de dados. O número de participantes do estudo foi calculado pelo teste t de Student para obtenção do número necessário para uma amostra homogênea e significativamente representativa. Tomando como base os 1448 reumatologistas inscritos e ativos na SBR (dado fornecido pela própria SBR), para um erro amostral de 5% (padrão buscado), um intervalo de confiança de 95% e um percentual mínimo de 10%, obteve-se que a amostra para ser representativa deveria ter mais de 147 respondedores. A análise estatística foi somente do tipo descritiva e inferencial. O cálculo das percentagens em que cada opção de resposta foi assinalada para cada pergunta foi feito de forma isolada para cada assertiva. Resultados As perguntas e respostas estão detalhadas na tabela 1. Participaram da pesquisa 165 reumatologistas. Portanto, a amostra obtida de 165 respondedores apresenta IC 95% em termos de significância estatística e, consequentemente, representa a opinião do reumatologista brasileiro. Evidenciou-se forte concordância de opinião. Em quatro questões houve praticamente unanimidade nas respostas. Quase todos concordam que US e ENMG são exames operador-dependentes (98% e 84%, respectivamente), portanto com resultados variáveis e dependentes da qualidade do aprendizado de cada executor. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 2 – 2 8 7 Tabela 1 – Questionamentos e respostas da pesquisa Pergunta 1. A ultrassonografia musculoesquelética é um exame operador-dependente, podendo haver, por esse motivo, grande variabilidade nas conclusões desse tipo de exame de imagem. 2. Confio no resultado do exame de ultrassonografia para diagnóstico de tendinites. 3. A ultrassonografia é exame indispensável para que eu possa confirmar ou afastar o diagnóstico de tendinite em membro superior. 4. A eletroneuromiografia é um exame operador-dependente, podendo haver grande variabilidade nos laudos diagnósticos. 5. Confio no resultado de eletroneuromiografia para o diagnóstico de radiculopatia ou neuropatia periférica de membro superior. 6. A eletroneuromiografia é um exame indispensável para que eu possa confirmar ou afastar o diagnóstico de radiculopatia ou neuropatia periférica de membro superior. 7. Considero determinantes para minha conclusão diagnóstica os resultados dos exames de ultrassonografia e de eletroneuromiografia. 8. Preciso reconhecer tecnicamente o trabalho do profissional que realiza os exames de eletroneuromiografia e de ultrassonografia para aceitá-los como verdadeiros. 9. Considero fidedigno e aceito integralmente todo resultado de exame de eletroneuromiografia e ultrassonografia musculoesquelética que recebo. 10. Deve existir melhor treinamento do ultrassonografista para haver resultados mais confiáveis para o diagnóstico de tendinite. 11. Deve existir melhor treinamento do eletroneuromiografista para haver resultados mais confiáveis para o diagnóstico de radiculopatias ou neuropatia periférica. Resposta Resultado Concordo Não concordo 161 (98%) 4 (2%) Concordo Não concordo 92 (56%) 73 (44%) Concordo Não concordo 22 (13%) 143 (87%) Concordo Não concordo 139 (84%) 26 (16%) Concordo Não concordo 110 (67%) 55 (33%) Concordo Não concordo 55 (33%) 110 (67%) Concordo Não concordo 44 (27%) 121 (73%) Concordo Não concordo 148 (90%) 17 (10%) Concordo Não concordo 3 (2%) 162 (98%) Concordo Não concordo 161 (98%) 4 (2%) Concordo Não concordo 161 (98%) 4 (2%) Cerca da metade (44%) dos reumatologistas não confia no resultado do exame de US para o diagnóstico da tendinite, e a grande maioria (87%) não considera esse exame indispensável para tal diagnóstico. Precisamente 1/3 dos reumatologistas não confiam no resultado de ENMG para o diagnóstico de 285 radiculopatia ou neuropatia periférica de membro superior, e exatamente 2/3 dispensam tal exame complementar para efetivar tais diagnósticos. Cerca de 3/4 (73%) dos reumatologistas apontam que esses dois exames complementares não são determinantes para a conclusão diagnóstica. A imensa maioria (90%) precisa conhecer tecnicamente o trabalho dos profissionais que os realiza para que os respectivos laudos mereçam credibilidade. Essa constatação, muito provavelmente, justifica as respostas dadas às questões 2 e 5, que dizem respeito à confiança nos resultados desses exames (tabela 1). As respostas mais determinantes, fornecidas por 98% dos participantes do estudo, apontam que os reumatologistas não consideram fidedignos e não aceitam integralmente os resultados de ENMG e US musculoesquelética e, ainda, que deve haver melhor treinamento do ultrassonografista e do eletroneuromiografista para resultados mais confiáveis com esses exames complementares. Discussão Uma proporção dos médicos e, principalmente, de pacientes se apoia em resultados de exames complementares. No caso de tendinites, neuropatias periféricas e radiculopatias, os exames mais solicitados para a efetivação diagnóstica são US e ENMG. Tais exames passaram a ter maior peso na decisão dos julgadores das pendências da área de doenças ocupacionais. Entre os exames complementares anexados aos autos dos processos ou solicitados pelos peritos do juízo, a US e a ENMG são os mais prevalentes e citados como comprovação diagnóstica em suas conclusões. Muitas vezes, esses exames correspondem à única “prova” documental. Outras vezes, os laudos desses exames são o que direciona e influencia a propedêutica, mesmo quando não há sintomas declarados na prévia anamnese. A hipervalorização desses exames tem sido matéria de debate e de confronto nas disputas litigiosas e, também, na busca de afastamentos do trabalho junto à instituição previdenciária. Muitos leigos acreditam que os resultados de US e ENMG são definitivos para o diagnóstico das enfermidades dos tendões e dos nervos. No cenário do litígio, é de suma importância que o perito médico saiba que sua conclusão diagnóstica pericial é tão importante quanto deixar claro qual o estado da arte para a conclusão diagnóstica, bem como os possíveis confundidores. A US dos tendões do ombro, por exemplo, tem sensibilidade de 50%, especificidade de 87% e eficácia de 56%. As variações da ecogenicidade podem ser encontradas em tendões normais. A ecogenicidade aumenta quando o feixe de sons incide perpendicularmente ao tendão, e diminui quando o feixe sonoro é recebido obliquamente; algumas áreas hipoecoicas situadas nas regiões de inserção do tendão podem ser artefatos causados pela obliquidade do tendão nessa região.30 Achados ultrassonográficos falso-positivos do manguito rotador podem ser causados pela técnica (anisotropia, posicionamento do transdutor, sombra acústica pelo septo do deltoide), pela anatomia (intervalo do manguito rotador, in- 286 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 2 – 2 8 7 terface supraespinhal/infraespinhal, junção musculotendínea, inserção fibrocartilaginosa) ou por outro motivo (critérios para o diagnóstico de lesões do manguito rotador, heterogeneidade tendínea, sombra acústica por tecido cicatricial ou calcificação, adelgaçamento do manguito rotador).31 Por outro lado, uma anamnese cuidadosa e uma adequada semiologia podem contribuir com 90% dos diagnósticos corretos de tendinite do ombro, com sensibilidade de 91,3% e especificidade de 88,9%, confirmadas por cirurgia, sem o auxílio de qualquer exame complementar.32 A boa propedêutica, portanto, supera esse exame de imagem nessa situação.33 O mesmo pode ser afirmado em relação aos resultados ultrassonográficos falso-positivos para tendinites em cotovelo e punho. A US do tendão extensor comum tem alta sensibilidade, mas baixa especificidade na detecção de epicondilite lateral,34 e a aparência hipoecogênica de anisotropia pode ser confundida com tenossinovite de punho por alguns profissionais despreparados.35 Um estudo realizado no Brasil que avaliou a correlação dos achados clínicos com os laudos dos exames subsidiários demonstrou que a US apresentou elevados índices de falso-positivos (71%) e falso-negativos (4%) em relação ao exame clínico detalhado realizado na mesma época. Os resultados falso-positivos mais encontrados foram tenossinovites diagnosticadas no epicôndilo medial e/ou lateral do úmero, onde não existe tecido sinovial, e também no terço proximal do antebraço, ao nível da massa muscular flexora, onde não há nem tendões nem sinóvia.36 Tais aspectos não diminuem a importância da US como método complementar ao diagnóstico, mas se constituem em evidência contrária à sua inadequada valorização como método que possa estabelecer, por si só, um diagnóstico. O mesmo pode ser afirmado em relação à ENMG. No mesmo estudo brasileiro, citado anteriormente, esse exame apresentou significante índice de falso-positivos para síndrome do túnel do carpo em pacientes com queixas de parestesias inespecíficas e generalizadas em membros superiores.36 Tem sido muito discutido como tal exame pode ajudar a caracterizar plenamente as neuropatias periféricas, incluindo os princípios de eletrodiagnóstico, e como detectar e interpretar os resultados.37 A avaliação da condução do nervo representa um componente do diagnóstico de uma neuropatia periférica ou de uma radiculopatia. Entretanto, exige muita atenção aos seus detalhes, pois o operador e a máquina podem cometer erros que podem afetar a interpretação correta dos dados da condução nervosa e da natureza de uma enfermidade do nervo.38 Para otimizar o aproveitamento desse exame, é preciso um entendimento básico de como ele funciona, quando e como solicitá-lo, e sobre suas inerentes limitações.39 No que diz respeito aos quadros dolorosos musculoesqueléticos, no caso em questão, dos distúrbios tendíneos e nervosos, área em que o anseio por tornar objetiva e concreta uma das experiências mais subjetivas que é a dor, temos que admitir que a tentativa de resumir, agrupar, quantificar, rotular e, sobretudo, visualizar esse fenômeno, é absolutamente compreensível e por demais humana. Entretanto, exatamente por ser subjetiva a questão da dor, a tentativa de defini-la topograficamente num contexto de história clí- nica e exame físico, até o momento não foi suplantada por qualquer método complementar para o diagnóstico, como nos demonstram, irrefutavelmente, a literatura científica e a prática médica diária. Isso é de extrema relevância para o cenário de LER e DORT, no qual os médicos frequentemente se deparam com a subjetividade dos declarados quadros dolorosos, os quais, na maioria das vezes, não estão correlacionados com a topografia de uma tendinite ou de uma neuropatia periférica compressiva ou de uma radiculopatia e, discrepantemente, tem recebido tais rótulos diagnósticos fundamentados tão somente nos resultados dos laudos de US e ENMG. Conclusões Os reumatologistas brasileiros, cientes dos aspectos acima discutidos, concordam que US e ENMG são exames operador-dependentes e, portanto, não superestimam seus resultados quando tais exames são realizados por profissionais a quem eles não conhecem em quem não confiam. Nessas situações, muitos dos laudos desses exames complementares não são valorizados na conclusão diagnóstica do reumatologista. Eles também declararam a necessidade de melhor preparo dos executores desses exames. Os resultados obtidos com esta pesquisa estão em concordância com os dados da literatura e alertam sobre determinados laudos desses exames complementares. Também atentam ao fato de que, como o próprio nome condiz, tais exames servem apenas para complementar o raciocínio clínico. Assim, a arte de ouvir o paciente e saber examiná-lo deve ainda prevalecer.40-42 Não se pode deixar de lado a semiologia e transferir a responsabilidade do diagnóstico para um exame totalmente operador-dependente e passível de grande variabilidade inter- e intraoperador. Permanece, portanto, o velho aforismo: “a propedêutica médica é soberana frente a qualquer exame complementar”. Por fim, os autores destacam o valor desses dois exames complementares e são favoráveis à realização dos mesmos para o auxílio na elucidação diagnóstica de certos casos, desde que realizados por mãos tecnicamente competentes. Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. REFERÊNCIAS 1. Padua L, Hobson-Webb LD, Martinoli C. Nerve conduction and ultrasound: will the wedding give birth to new morpho-functional measures? Clin Neurophysiol 2010;121(2):130-1. 2. Bianchi S, Martinoli C. Ultrasound of the musculoskeletal System. Springer Verlag; 2007, p.974. 3. Sernik RA, Cerri GG. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Artigo original Importância do período de silêncio cutâneo na fibromialgia e sua relação com as características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida dos pacientes Ebru Umaya,*, Umit Ulasb, Ece Unlua, Hakan Akgunb, Aytul Cakcia, Zeki Odabasib a Ministério da Saúde, Ankara Diskapi Yildirim Beyazit Training and Research Hospital, Departamento de Medicina Física e Reabilitação, Ankara, Turquia b Gulhane Military Medical Academy, Departamento de Neurologia, Ankara, Turquia informações resumo Histórico do artigo: Introdução: O período de silêncio cutâneo (PSC) é um reflexo protetor inibitório da coluna Recebido em 26 de setembro de 2012 vertebral e seus aferentes consistem em fibras nervosas A-delta. Nosso objetivo foi avaliar Aceito em 9 de dezembro de 2012 pacientes com fibromialgia (FM) e controles saudáveis para determinar as diferenças entre os grupos em relação à duração e latência do PSC, e quando presente, determinar se há al- Palavras-chave: guma relação com as características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida. Fibromialgia Materiais e métodos: Trinta e dois pacientes com FM e 32 voluntários saudáveis foram in- Período de silêncio cutâneo cluídos no estudo. Os dois grupos foram comparados em relação à latência e duração do Deficiência PSC em ambos os membros superiores e inferiores. Características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida dos pacientes foram avaliados utilizando o Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ), e o Short Form-36 (SF-36). Os pacientes com medida de PSC igual ou inferior às do grupo controle foram comparados com aqueles com valores mais elevados do que os controles em termos de características da doença, estado psicológicos e qualidade de vida. Resultados: Latências significativamente prolongadas de PSC nos membros superiores e inferiores foram determinadas em pacientes comparados com os controles. Observou-se que a prolongamento da latência do PSC no membro inferior estava associado com a gravidade da doença e incapacidade funcional. Conclusões: Latências do PCS nos membros superiores e inferiores em pacientes com FM são mais longas do que em voluntários saudáveis. Além disso, o prolongamento da latência do PSC no membro inferior está associado com a gravidade da doença e incapacidade funcional física. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (E.Umay). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 289 Importance of cutaneous silent period in fibromyalgia and its relationship with disease characteristics, psychological disorders and quality of life of patients abstract Keywords: Introduction: Cutaneous silent period (CSP) is an inhibitory spinal protective reflex and its Fibromyalgia afferents consist of A-delta nerve fibers. We aimed to evaluate patients with fibromyalgia Cutaneous silent period (FM) and healthy controls to determine any differences between the groups in terms of CSP Disability duration and latency, and if present, to determine whether there is any relationship with disease characteristics, psychological disorders and quality of life. Materials and methods: Thirty-two patients with FM and 32 healthy volunteers were included in the study. The patient and control groups were compared in terms of CSP latency and duration in both upper and lower extremities. Disease characteristics, psychological disorders and quality of life of patients were assessed using the Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) and Short Form-36 (SF-36). Patients with CSP measurements equal to or lower than those of the control group were compared with those with higher values than controls in terms of disease characteristics, psychological status and quality of life. Results: Significantly prolonged CSP latencies in both upper and lower extremities were determined in patients compared to controls. We found that prolongation of CSP latency in the lower extremity is associated with disease severity and functional disability. Conclusions: CSP latencies in both upper and lower extremities in patients with FM are longer than in healthy volunteers. Moreover, prolongation of CSP latency in the lower extremity is associated with disease severity and physical functional disability. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. Introdução A fibromialgia (FM) é uma síndrome de dor crônica, caracterizada por dor generalizada e pontos dolorosos em áreas anatômicas específicas, cuja etiologia ainda não é compreendida, apesar de todas as novas descobertas.1 Alguns sinais e sintomas, incluindo fadiga crônica, dores de cabeça, distúrbios do sono, distúrbios psicológicos, síndrome do intestino irritável e da bexiga irritável, dismenorreia, distúrbios sensoriais tais como parestesia e disestesia sem neuropatia, e fenômeno de Raynaud, são comuns na FM.1,2 Embora a etiopatogenia ainda não esteja totalmente elucidada, estudos relataram que vários fatores podem ser efetivos, como disfunção neuroendócrina e autoimune e predisposição genética.3 Além disso, estudos têm demonstrado que a hiper-excitabilidade dos neurônios espinais e supra-espinais na FM desempenha um papel importante no desenvolvimento e na manutenção da dor crônica.4,5 Estudos que utilizaram o reflexo flexor nociceptivo (RFN) para demonstrar a excitabilidade dos neurônios do corno dorsal da medula espinal, que se formaram com as fibras periféricas C (aferente nociceptivo), relataram que essa excitabilidade em pacientes com FM causa sensibilização central e dor crônica.6,7 O método de avaliação das fibras A-delta (o outro aferente nociceptivo) é o período de silêncio cutâneo (PSC).8 O RFN e o PSC são as partes excitatória e inibidora do mesmo reflexo de proteção da coluna vertebral, respectivamente.9 Embora o PSC tenha sido medido em vários músculos, utilizando diferentes métodos, há apenas um estudo na literatura sore o tema,10 e somente o membro superior foi avaliado nesse estudo. De acordo com nosso conhecimento, nenhum estudo na literatura avaliou a relação entre o PSC e a duração da doença, o nível de dor, o número total de sintomas e pontos dolorosos, a gravidade da FM, os distúrbios psicológicos e a qualidade de vida. Dessa forma, nosso objetivo foi comparar os pacientes com FM e controles saudáveis para determinar qualquer diferença na duração e na latência do PSC nos membros superiores e inferiores e, na presença do mesmo, determinar a existência de uma relação entre o PSC e características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida. Materiais e métodos População do estudo Trinta e dois pacientes internados na Clínica de Medicina Física e de Reabilitação que haviam sido diagnosticados com FM de acordo com os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR) de 1990 foram incluídos no estudo.1 Trinta e dois voluntários saudáveis que consistiam em funcionários do hospital e parentes de pacientes foram incluídos no estudo como controles. Os critérios de exclusão para os pacientes e os voluntários foram os seguintes: presença de qualquer doença neurológica central e/ou periférica, tais como neuropatia periférica, radiculopatia ou esclerose múltipla, doença muscular tal como miopatia inflamatória ou miosite, qualquer doença inflamatória, endócrina, cardíaca ou psiquiátrica, osteoartrite, trauma da mão ou do pé, tenossinovite ou histórico de cirurgia. Pacientes grávidas ou amamentando ou os que 290 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 Abreviações FM: RFN: PSC: EMG: LMD: VCM: VCS: APB: TA: MUAP: EVA: FIQ: BDI: BAI: SF-36: SPSS: OR: HHA: NMDA: SNC: fibromialgia reflexo flexor nociceptivo período de silêncio cutâneo electromiograma latência motora distal velocidade de condução motora velocidade de condução sensorial músculo abductor pollicis brevis músculo tibialis anterior potencial de ação da unidade motora Escala Visual Analógica Fibromyalgia Impact Questionnaire Beck Depression Inventory Beck Anxiety Inventory Short Form-36 Statistical Package for the Social Sciences odds ratio eixo hipotálamo-hipófise-adrenal N-metil-D-ácido aspártico sistema nervoso central haviam recebido qualquer medicamento psicotrópico e/ou anti-histamínicos no mês anterior também foram excluídos do estudo. Os pacientes e voluntários com avaliações musculoesqueléticas e neurológicas normais, incluindo amplitude de movimento, força muscular, sensação superficial e reflexo profundo do tendão, e que tinham parâmetros laboratoriais normais, incluindo hemograma completo, exame de urina completo, ESR, vitamina B12, testes de função da tireoide, e testes bioquímicos, incluindo eletrólitos e enzimas do fígado, rim e músculo foram incluídos no estudo. Pacientes e voluntários foram informados sobre o estudo e todos forneceram consentimento por escrito antes do início do mesmo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética local e foi realizado de acordo com os princípios da Declaração de Helsinki. motora (VCM) em nervos motores e velocidade de condução sensorial (VCS) (m/s) em nervos sensoriais foram registrados. Avaliação do PSC Os nervos sensoriais foram estimulados no membro inferior utilizando um eletrodo de barra, e no membro superior com eletrodo em anel. Em primeiro lugar, o limiar sensorial foi encontrado. Para esse propósito, uma corrente eléctrica de 0,5 ms de duração começando com uma intensidade de 0,6 mA foi aplicada lateralmente ao maléolo lateral no membro inferior e ao segundo dedo do membro superior. A menor intensidade, determinada pelo aumento gradual da intensidade até que fosse sentida pelo indivíduo, foi registada como o limiar de intensidade sensorial. As medições do PSC foram realizadas nos membros superior e inferior direitos, utilizando os músculos abductor pollicis brevis (APB) e tibial anterior (TA), respectivamente. O segundo dedo do membro superior direito foi estimulado, e foram obtidos registros do músculo APB. Antes da gravação, o paciente foi orientado a realizar abdução do polegar com esforço máximo, e a amplitude máxima do potencial de ação da unidade motora (MUAP) foi medida na tela. Foi solicitado aos indivíduos que realizassem abdução do polegar com amplitudes de MUAP de pelo menos 25% da amplitude máxima de MUAP. Enquanto o paciente executava a abdução, o nervo mediano era estimulado a uma intensidade de 15 vezes o limiar sensorial. Cinco registros foram obtidos a intervalos de 30 segundos. A latência e duração do PSC foram medidas pela média de cinco traçados. O endpoint quando a inibição observável e clara da atividade muscular se iniciava era considerado como a latência do PSC (ms). A duração do PSC (ms) foi determinada medindo o tempo entre o ponto de inibição da atividade muscular e o ponto em que começou a retornar à atividade muscular basal. O nervo sural foi estimulado superficialmente lateralmente ao maléolo lateral no membro inferior direito, e registros foram obtidos do músculo TA utilizando o mesmo método descrito acima. Testes clínicos Testes eletrofisiológicos Avaliações eletrofisiológicas foram realizadas no laboratório de eletrofisiologia do Departamento de Neurologia na Gülhane Military Medical Academy usando um dispositivo de eletromiografia (EMG) de 2+8 canais (Medelec Synergy-Oxford, Reino Unido) e de acordo com o protocolo descrito por Oh.11 A temperatura ambiente era de 24 ± 1°C e a temperatura da pele dos pacientes e dos voluntários era de mais de 32°C. As medições no membro superior foram realizadas na posição sentada, e as medidas nos membros inferiores foram feitas na posição supina. Testes de condução nervosa Testes de condução nervosa sensorial foram realizados nos nervos mediano direito, ulnar esquerdo e sural direito. Testes de condução nervosa motora foram realizados nos nervos mediano direito, ulnar esquerdo, peroneal direito e tibial esquerdo. Latência motora distal (LMD) (ms) e velocidade de condução As características da doença, incluindo sua duração, sintomas associados com a FM e o nível de dor foram avaliados. O número de pontos dolorosos e sintomas foram registrados. O número total de sintomas foi calculado e registrado. O nível geral de dor sentida nas últimas 48 horas foi avaliado pela escala visual analógica (EVA) com 0-10 cm. Para avaliar gravidade da doença, incapacidade funcional e qualidade de vida específica, utilizou-se o questionário Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ).12 O escore total foi avaliado entre 0-100, com uma pontuação mais elevada mostrando um maior impacto da síndrome sobre o paciente. Para avaliar possíveis sintomas de depressão nos pacientes, utilizou-se o questionário Beck Depression Inventory (BDI),13 e para avaliar sintomas de ansiedade foi utilizado o Beck Anxiety Inventory (BAI).14 Vinte e uma perguntas do tipo Likert foram feitas com essas escalas, e cada questão foi avaliada entre 0-3. A qualidade de vida geral dos pacientes foi avaliada com o questionário Short Form-36 (SF-36).15 Assim, foram criados 291 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 dois subgrupos de escores, como saúde física e saúde mental. O escore total foi avaliado entre 0-100. Comparações Os grupos pacientes e controles foram comparados em termos de latência e duração do PSC nos membros superiores e inferiores. Subgrupos foram constituídos de acordo com a latência do PSC e os níveis de duração que foram determinadas como significativamente diferentes entre os grupos com base no PSC médio do grupo controle. Pacientes com medidas de PSC iguais ou abaixo dos valores do grupo controle (grupo 1) foram comparados com pacientes com medições de PSC acima dos valores do grupo controle (grupo 2), em termos de duração da doença, número total de sintomas e pontos dolorosos, nível de dor avaliado pela EVA, escore no FIQ, níveis de depressão e ansiedade e qualidade de vida. Análise estatística A análise dos dados foi feita utilizando-se o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS Inc., EUA), versão 11.5, para Windows. As estatísticas descritivas foram apresentadas como média ± desvio padrão e mediana para variáveis contínuas e número de observação (%) para as variáveis nominais, utilizando o teste do qui-quadrado. Diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em relação às variáveis contínuas foram estudadas utilizando-se o teste U de Mann-Whitney (de acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov, as variáveis contínuas não apresentavam distribuição normal), e as variáveis nominais com o teste de qui-quadrado de Pearson. A significância da diferença nas variáveis entre os grupos 1 e 2 foi analisada por meio do teste do qui-quadrado de Pearson. A análise de regressão foi utilizada para correlações significativas, utilizando os valores do grupo 1 como a variável dependente. Valores de P < 0,05 foram considerados estatisticamente significantes. Resultados A mediana da idade dos 64 participantes incluídos no estudo (46 [71,9%] do sexo feminino, 18 [28,1%] do sexo masculino) era 41,00 (38,53 ± 8,02) anos. A distribuição e comparação das características demográficas e os valores de condução dos nervos motores e sensoriais dos pacientes (n = 32) e de voluntários (n = 32) de acordo com grupos estão apresentados na tabela 1. Não houve diferença significativa entre os grupos em termos de idade, sexo e valores da condução sensorial e motora (P > 0,05). A distribuição e a comparação da latência e a duração do PSC medidas nos músculos APB e TA de pacientes e controles de acordo com os grupos estão mostradas na tabela 2. Enquanto as latências médias do PSC nos membros superiores e inferiores dos pacientes eram de 87,25 e 107,75 ms e as durações do PSC eram de 46,25 e 51,15 ms, respectivamente, os valores nos controles eram 80,75 e 101,62 ms (latência) e 48,75 e 54,50 ms (duração), respectivamente. Latências significativamente prolongadas de PSC em ambos os membros superiores e inferiores foram determinadas Tabela 1 – Distribuição e comparação das características demográficas e valores de condução nos nervos motores e sensoriais de pacientes e voluntários, de acordo com o grupo Grupo de Grupo pacientes controle (n = 32) (n = 32) n(%), média ± DP n(%), média ± DP Idade (anos) Gênero Feminino Masculino LMD nervo mediano direito (ms) VCM nervo mediano direito (m/s) LMD nervo ulnar esquerdo (ms) VCM nervo ulnar esquerdo (m/s) LMD nervo peroneal direito (ms) VCM nervo peroneal direito (m/s) LMD nervo tibial esquerdo (ms) VCM nervo tibial esquerdo (m/s) VCS nervo mediano direito (m/s) VCS nervo ulnar esquerdo (m/s) VCS nervo sural direito (m/s) P 39,59 ± 7,03 37,47 ± 8,89 0,293 26 (81,3) 6 (18,7) 2,57 ± 0,18 20 (62,5) 12 (37,5) 2,43 ± 0,37 0,098 0,069 59,32 ± 3,23 59,48 ± 4,36 0,871 2,21 ± 0,18 2,14 ± 0,33 0,982 68,30 ± 10,59 64,75 ± 9,60 0,165 3,45 ± 0,72 3,67 ± 0,81 0,262 54,56 ± 5,14 53,63 ± 6,37 0,524 4,06 ± 0,77 3,83 ± 0,80 0,240 46,26 ± 3,75 47,38 ± 5,32 0,335 54,93 ± 2,21 55,62 ± 3,06 0,300 58,21 ± 4,21 57,45 ± 4,09 0,469 51,77 ± 7,46 51,45 ± 6,83 0,859 DP, desvio padrão; LMD, latência motora distal; VCM, velocidade de condução motora; VCS, velocidade de condução sensorial. Tabela 2 – Distribuição e comparação da latência e duração do PSC medido nos músculos APB e TA de pacientes e controles de acordo com os grupos PCS (ms) Membro superior Latência Duração Membro inferior Latência Duração Grupo de pacientes (n = 32) Média ± DP Grupo controle (n = 32) Média ± DP P 87,60 ± 7,49 47,17 ± 7,33 79,77 ± 8,15 49,92 ± 9,74 0,001 0,151 108,85 ± 10,03 52,91 ± 13,20 103,42 ± 10,37 55,93 ± 9,11 0,037 0,692 APB, músculo abductor pollicis brevis; TA, músculo tibialis anterior; DP, desvio padrão; PSC, período de silêncio cutâneo. nos pacientes em comparação com os indivíduos no grupo controle (P < 0,05). A distribuição de duração da doença, o número total de sintomas e pontos dolorosos, o nível de EVA, o escore no FIQ, os níveis de depressão e ansiedade e a qualidade de vida dos pacientes estão apresentados na tabela 3. Em relação aos subgrupos formados de acordo com a latência média do PSC no grupo controle (doentes com valores iguais/inferiores versus valores mais elevados em compara- 292 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 Tabela 3 – Distribuição da duração da doença, número total de sintomas e pontos dolorosos, nível de dor na EVA, escore no FIQ, níveis de depressão e ansiedade e qualidade de vida dos pacientes Parâmetros Duração da doença (anos) Número total de sintomas (0-37) Número de pontos dolorosos (0-18) Nível de dor (EVA: 0-10 cm) Escore no FIQ (0-100) Nível no Beck Depression Inventory (0-63) Nível no Beck Anxiety Inventory (0-63) Qualidade de vida Nível de saúde física (0-100) Nível de saúde mental (0-100) Grupo dos pacientes (n = 32) Média ± DP 5,40 ± 2,97 25,53 ± 8,88 15,56 ± 2,15 8,03 ± 0,98 66,71 ± 9,48 20,93 ± 11,15 22,78 ± 11,85 26,79 ± 2,30 19,75 ± 1,49 DP, desvio padrão; EVA, escala analógica visual; FIQ, Fibromyalgia Impact Questionnaire. ção com os controles), observou-se que, embora o número de pacientes com latência normal de PSC no membro superior (grupo 1 para o membro superior) fosse 4 (12,5%), o número de pacientes com latência normal no membro inferior (grupo 1 para a membro inferior) foi 12 (37,5%). As comparações entre o grupo 1 e o grupo 2 para membros superiores e inferiores, em termos de duração da doença, número total de sintomas e pontos dolorosos, nível de dor avaliada pela EVA, escore no FIQ, níveis de depressão e ansiedade, e qualidade de vida estão mostrados nas tabelas 4 e 5. Como resultado das comparações, apesar de não haver associação entre o prolongamento da latência do PSC no membro superior e os parâmetros de avaliação, foi detectada uma relação entre o prolongamento da latência do PSC no membro inferior e os números dos sintomas totais, escore no FIQ e nível de saúde física. Assim, houve uma correlação positiva entre o prolongamento da latência do PSC e número total de sintomas e escore no FIQ, e uma correlação negativa entre o prolongamento da latência do PSC e o nível de saúde física. A análise de regressão feita para correlações significativas usando os valores do grupo 1 como a variável dependente demonstrou que o prolongamento da latência do PSC no membro inferior estava associado com a gravidade da doença e a incapacidade funcional medida através do FIQ (odds ratio [OR]: 0,467, P = 0,002) e nível de saúde física medidos com a sub-escala de saúde física do questionário SF-36 (OR: −0,231, P = 0,024). Discussão A FM não está diretamente associada à disfunção de órgãos. Vários polimorfismos genéticos, alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), concentração anormal de neuropeptídeos e aminas biogênicas, tais como a serotonina, noradrenalina, cortisol e substância P, e alterações de ativação de receptores, tais como N-metil-D-ácido aspártico (NMDA) e glutamato foram descritos em sua etiopatogenia.16 Uma redução dos níveis de mediadores, tais como inibidores de serotonina, e um aumento dos níveis de mediado- Tabela 4 – Comparações entre os grupos 1 e 2 para membros superiores em termos de duração da doença, número total de sintomas e pontos dolorosos, nível de dor avaliado pela EVA, score no FIQ, níveis de depressão e ansiedade e qualidade de vida Parâmetros Duração da doença (anos) Número total de sintomas (0-37) Número de pontos dolorosos (0-18) Nível de dor (EVA: 0-10 cm) Escore no FIQ (0-100) Nível no Beck Depression Inventory (0-63) Nível no Beck Anxiety Inventory (0-63) Qualidade de vida Nível de saúde física (0-100) Nível de saúde mental (0-100) Grupo 1 Grupo 2 Latência do PSC Latência do PSC normal prolongada (n = 4) (n = 28) Média ± DP Média ± DP P 5,25 ± 2,06 5,42 ± 3,10 0,913 24,92 ± 9,02 29,75 ± 7,50 0,318 15,50 ± 2,25 16,03 ± 1,41 0,671 8,08 ± 0,45 8,11 ± 1,05 1,000 66,12 ± 9,74 70,81 ± 6,98 0,364 15,10 ± 12,72 21,78 ± 10,90 0,262 18,50 ± 11,09 23,39 ± 12,01 0,069 27,06 ± 2,08 24,92 ± 3,26 0,062 20,52 ± 1,24 19,64 ± 1,51 0,278 PSC, período de silêncio cutâneo; DP, desvio padrão; EVA, escala visual analógica; FIQ, Fibromyalgia Impact Questionnaire. res excitatórios, tais como a substância P induzida por vários fatores de estresse, trauma ou agentes infecciosos, em indivíduos geneticamente predispostos, podem explicar os sintomas, incluindo distúrbios do sono e psicológicos e fraqueza muscular.17 Níveis inadequados de cortisol, hormônio do crescimento e fator de crescimento insulina-like I devido à disfunção do eixo HHA podem causar sintomas como fadiga e intolerância ao exercício.18 No entanto, essas teorias não são suficientes para explicar a dor crônica e generalizada na FM. Há uma diminuição do limiar de dor em FM e a dor não se limita a pontos dolorosos, havendo um aumento da sensibilidade a estímulos inespecíficos como pressão mecânica e sensações de frio/quente em áreas fora dos locais de pontos dolorosos ou em áreas sem dor espontânea. Além disso, existe um desvio dos mecanismos de dor central.7,19 A literatura tem relatado que a hiperexcitabilidade dos neurônios espinais e supra-espinais desempenha um papel importante no desenvolvimento e na manutenção da dor crônica.4,5 Evidências indiretas como o aumento regional no fluxo sanguíneo cerebral de algumas áreas, alterações do sistema de modulação nociceptiva, sensibilização central, aumento da somação temporal, potenciais evocados tardios, sensibilidade das fibras C e alteração nos níveis de substância P, que são conhecidos por desempenhar um papel eficaz na transmissão da dor em pacientes com FM, têm sido relatados na literatura.20,21 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 Tabela 5 – Comparações entre os grupos 1 e 2 para membros inferiores em termos de duração da doença, número de sintomas totais e pontos dolorosos, nível de dor avaliada pela EVA, escore no FIQ, níveis de depressão e ansiedade e qualidade de vida Parâmetros Duração da doença (anos) Número total de sintomas (0-37) Número de pontos dolorosos (0-18) Nível de dor (EVA: 0-10 cm) Escore no FIQ (0-100) Nível no Beck Depression Inventory (0-63) Nível no Beck Anxiety Inventory (0-63) Qualidade de vida Nível de saúde física (0-100) Nível de saúde mental (0-100) Grupo 1 Grupo 2 Latência do PSC Latência do PSC normal prolongada (n = 12) (n = 20) Média ± DP Média ± DP P 5,25 ± 2,95 5,66 ± 3,11 0,708 21,50 ± 8,45 27,95 ± 8,42 0,045 15,33 ± 2,30 15,70 ± 2,10 0,649 7,83 ± 1,11 8,10 ± 0,91 0,467 61,50 ± 10,82 69,78 ± 7,23 0,015 20,40 ± 11,56 21,83 ± 10,87 0,731 21,83 ± 13,02 23,35 ± 11,40 0,732 27,85 ± 0,27 26,16 ± 2,74 0,043 19,81 ± 1,54 19,65 ± 1,48 0,769 PSC, período de silêncio cutâneo; DP, desvio padrão; EVA, escala visual analógica; FIQ, Fibromialgia Impact Questionnaire. Nociceptores periféricos podem ser estimulados com trauma do tecido e/ou uma up-regulação da expressão do nociceptor. Impulsos nociceptores periféricos são transmitidos para a medula espinal por fibras A delta mielinizadas e C não mielinizadas. Inicialmente, a dor é mediada pela fibra A delta, e a dor crônica ocorre por meio das fibras C com o estímulo contínuo.22 Embora estudos avaliando fibras C por RFN sejam encontrados na literatura,22,23 apenas um estudo avaliou fibras A delta usando a medição do PSC.10 Portanto, nosso objetivo foi comparar os pacientes com FM com controles saudáveis, a fim de avaliar as diferenças da latência e duração do PSC nos membros superiores e inferiores e, quando presente, determinar se havia alguma associação entre PSC e características da doença, distúrbios psicológicos e qualidade de vida. Com base nos resultados de nosso estudo, apesar de latências significativamente prolongadas do PSC nos membros superiores e inferiores terem sido encontradas nos pacientes em comparação com o grupo controle, não houve diferença significativa entre os grupos em termos de duração do PSC. Além disso, observou-se que o prolongamento da latência do PSC no membro inferior estava correlacionado com a gravidade da doença e a incapacidade funcional física dos pacientes. O PSC é um reflexo protetor que provoca uma pausa na contração muscular voluntária na presença de estímulos dolorosos de um nervo cutâneo. Os impulsos aferentes que geram o PSC são transportados por fibras A delta, mas o mecanismo central do PSC não é conhecido.24 O PSC é útil para 293 avaliar os componentes e segmentos das fibras A delta (não avaliada por métodos eletrodiagnósticos modernos) e para entender doenças do sistema nervoso central (SNC) com distúrbios motores e sensoriais.25 Alguns estudos têm utilizado o PSC para avaliar a função da via nociceptiva a nível espinal e supraespinal em pacientes com dor neuropática.26 Estudos na literatura têm demonstrado que o PSC foi registrado em várias neuropatias sensoriais, incluindo ataxia de Friedreich, abetalipoproteinemia e doença de Fabry, neuropatias de aprisionamento, como síndromes do túnel do carpo e ulnar, lesões da medula espinal, incluindo mielopatia, radiculopatia, siringomielia e avulsão da raiz e distúrbios do SNC incluindo doença de Parkinson e distonia.25,27-31 Além disso, estudos têm relatado que as medições do PSC podem ser realizadas com vários músculos e com diferentes métodos. Um estudo semelhante ao nosso, realizado por Sahin et al.,10 mostrou que a latência do PSC gravada a partir do músculo APB com a estimulação do quinto dedo da mão de pacientes com FM (n = 28) era maior do que no grupo controle (n = 18), mas não houve nenhuma diferença significativa entre os grupos em termos de duração do PSC. Além disso, apenas o membro superior foi avaliado naquele estudo. Em nosso trabalho, embora utilizando métodos de estimulação diferentes dos descritos na literatura, um prolongamento significativo da latência do PSC (medido nos músculos APB e TA) em ambos os membros superiores e inferiores, foi encontrado em pacientes em comparação com os controles. Além disso, não houve nenhuma diferença em termos de duração do PSC. Esse resultado é compatível com aquele relatado por Sahin et al.10 Estudos relataram que a latência do PSC ocorre em três momentos: tempo de condução periférica conduzida por fibras A delta, tempo necessário para a inibição na medula espinal, e o tempo da medula espinal até as fibras motoras musculares.32 Nossos resultados são compatíveis com as teorias que citam alterações no caminho da dor. Estudos na literatura relataram que a duração do PSC é reduzida e a latência aumentada em distúrbios de neurônios periféricos, tais como a neuropatia e perda de fibras A delta. Além disso, tanto a latência quanto a duração do PSC são prolongadas na doença de Parkinson e distonia. Nenhum dos nossos pacientes apresentou evidências sugerindo neuropatia em estudos de velocidade de condução ou evidências de perda de fibras A delta tais como mielopatia, radiculopatia ou avulsão da raiz. Estudos em doença de Parkinson têm explicado que a duração prolongada do PSC está relacionada com a atividade de maior duração em circuitos inibitórios na medula espinal. De acordo com nossos resultados, embora houvesse uma ligeira redução na duração do PSC em pacientes quando comparado ao grupo controle, a diferença não foi estatisticamente significativa. Apesar de nossos pacientes não terem nenhuma doença grave que sugerisse a perda de fibras A delta, Onal et al.,33 em seu estudo realizado com pacientes sem neuropatia de fibras grandes com diabetes mellitus em estágio inicial, e Oz et al.,34 em seu estudo realizado com pacientes com síndrome das pernas inquietas, relataram que a latência prolongada do PSC está relacionada à neuropatia de fibra pequena. Além disso, Ulas et al.35 avaliaram a presença de disautonomia na FM e mostraram que a latência da resposta cutânea simpática é maior do que no grupo controle, e também relataram que 294 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 8 8 – 2 9 5 esse resultado pode ser um indicador de neuropatia de fibra pequena em pacientes com FM. À luz dessa informação, acreditamos que nossos pacientes podem ter tido neuropatia de fibra pequena. No entanto, exceto para as possibilidades acima mencionadas, a razão para duração normal do PSC pode estar relacionada com problemas técnicos durante as medições. Tem sido relatado na literatura que a dor tem dois componentes emocionais. Assim, o efeito da dor principal é o desconforto da sensação, enquanto o efeito da dor secundária é a ocorrência de sentimentos negativos como depressão, raiva e medo.36 A FM afeta a saúde emocional funcional e psicológica, bem como a qualidade de vida dos pacientes, devido à cronicidade da dor. Estudos sobre a patogênese da FM têm demonstrado que a depressão e a ansiedade são afetadas por mecanismos neuroendócrinos semelhantes.37 Como resultado de nosso estudo, apesar de não haver relação entre a latência do PSC e os níveis de ansiedade e depressão, esses últimos estavam acima dos valores normais. Conforme relatado na literatura, esses distúrbios psicológicos podem ser fatores de risco para o desenvolvimento de FM e, teoriza-se que esses distúrbios estão presentes desde o início da doença.38 Os instrumentos usados para medir qualidade de vida podem ser genéricos ou específicos. Usamos o questionário SF-36 para a avaliação genérica e o questionário FIQ para a avaliação específica da qualidade de vida. Estudos na literatura têm relatado que os níveis de qualidade de vida avaliados pelo FIQ e pelo SF-36 em pacientes com FM foram significativamente maiores do que em voluntários saudáveis.39,40 Os resultados não puderam ser comparados, uma vez que não existe nenhum estudo na literatura que investigou latência do PSC em pacientes com FM. Pagano et al.41 avaliaram a qualidade de vida em pacientes com FM usando FIQ e SF-36, e relataram que o questionário FIQ é melhor para avaliar a qualidade de vida do que o SF-36. Esse estudo também mostrou limitação física funcional em pacientes com FM, reduzida em 10 vezes em comparação com o grupo controle. Nossos resultados, mostrando que o prolongamento da latência do PSC está associado com os escores de FIQ e a sub-escala da saúde física do SF-36, demonstram que a anormalidade nos caminhos da dor reflete na função física dos pacientes. Além disso, esse resultado pode estar relacionado com uma potencial neuropatia de fibra pequena. Considerando os resultados discutidos acima, a presença de uma potencial neuropatia de fibra pequena nesses pacientes pode explicar a ausência de diferença na saúde mental, de acordo com a sub-escala do SF-36 e os níveis de ansiedade e depressão. Embora estudos de grande escala sejam necessários, acreditamos que a avaliação da latência do PSC em pacientes com FM pode esclarecer a incapacidade funcional dos pacientes. A associação da latência do PSC na extremidade inferior com a gravidade da doença e limitação da função física pode ser explicada por meio de medições no membro superior, que foram realizadas na posição sentada, enquanto as medições no membro inferior foram realizadas em posição supina, que é mais confortável. Por conseguinte, a manutenção da contração muscular voluntária pode ser mais fácil na posição supina do que na posição sentada. Estudos relataram que a distância do músculo pode ser efetiva na latência e duração do PSC.28,42 O efeito desse reflexo aumenta dos músculos proximais para os distais. O membro superior tem uma via de reflexo mais curta em comparação com o inferior, em termos de comprimento do membro; portanto, a deficiência funcional pode estar associada com o prolongamento da latência do PSC no membro inferior. Limitações do estudo Esse estudo está sujeito a diversas limitações. Escalas de avaliação clínica não foram utilizadas no grupo controle; assim, as comparações adequadas não puderam ser realizadas. Além disso, nenhum teste, como biópsia de pele ou o estudo do sistema nervoso autônomo, foi feito para confirmar o diagnóstico de neuropatia de fibra pequena em nosso estudo, impossibilitando assim a declaração de qualquer resultado definitivo. Conclusão As latências do PSC, tanto nos membros superiores quanto nos inferiores de pacientes com FM, são mais longas do que em voluntários saudáveis. Acreditamos que esse resultado reforça a teoria de anormalidades na trajetória da dor aos níveis periférico e espinal na patogênese da FM. Essas alterações podem ser causadas por alterações no corno posterior da medula espinal, bem como uma neuropatia de pequenas fibras, devido à perda direta de fibras A delta. Para determinar a causa exata, são necessários estudos que avaliem a fibra A delta e utilizem vários testes simultaneamente. Como um resultado secundário, verificou-se que o prolongamento da latência do PSC no membro inferior está associado com a gravidade da doença e a incapacidade funcional física. Assim, acreditamos que a latência do PSC pode ser utilizada como um método de avaliação para medir a gravidade da doença e a incapacidade física na FM. No entanto, antes de sua utilização como método padrão de medição, estudos de grande escala devem ser realizados e valores normais devem ser estabelecidos. Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. 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Ela se manifesta como Recebido em 29 de março de 2012 dor nas costas, dor associada com sintomas neurológicos, e como comprometimento neu- Aceito em 24 de maio de 2012 rológico sem dor em 17,9%, 75,8% e 4,2% dos casos, respectivamente. Essas manifestações foram a primeira apresentação da gota em muitos pacientes. Embora radiografias, bem Palavras-chave: como tomografia computadorizada e especialmente ressonância magnética, possam ser Gota muito sugestivos, análises histopatológicas, citológicas e pesquisa de cristais são o padrão Coluna vertebral ouro de diagnóstico. Na maioria dos casos que envolveram manifestações neurológicas, o Tofo paciente foi submetido à cirurgia, levando a resultados satisfatórios. Há, no entanto, alguns Radiculopatia relatos de recuperação total após o tratamento clínico habitual para gota, o que sugere que esse tratamento pode ser a opção inicial para os indivíduos com histórico de gota e sinais radiológicos de envolvimento axial. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Gout in the spine abstract Keywords: Axial gout can affect all segments of the spine. It is manifested as back pain, as pain associ- Gout ated with neurological symptoms, and as neurological impairment without pain in 17.9%, Spine 75.8% and 4.2% of cases, respectively. These manifestations were the first presentation of Tophus gout in many patients. Although x-rays as well as computed tomography and especially Radiculopathy magnetic resonance scans can be very suggestive, histopathological, cytological and crystal analyses are the diagnostic gold standard. In most cases involving neurological manifestations, the patient underwent surgery, leading to satisfactory results. There are, however, some reports of full recovery following the usual clinical treatment for gout, suggesting that such treatment may be the initial option for those subjects with a history of gout and radiological findings of axial involvement © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. ☆ Trabalho realizado na Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (F.M. Mello). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 9 6 – 3 0 2 297 Resultados lâminas, corpos vertebrais, pedículos, ligamento amarelo, filamentos terminais e os tecidos moles adjacentes à coluna vertebral.12 Sintomas neurológicos foram observados em 88 pacientes (77,9%), e havia associação com dor cervical, torácica ou lombar em 80 (90,9%) desses casos. Dor sem sintomas neurológicos foi relatada em 23 pacientes (20,4%), 3 (2,7%) na coluna cervical, 1 (0,9%) na coluna torácica, 20 (17,7%), na coluna lombar (um caso com dor cervical e lombar e um relato de envolvimento tanto torácico quanto lombar) e 1 (0,9%) com dor sacral. Dois (1,8%) pacientes eram assintomáticos e só foram diagnosticados na autópsia (tabela 2).13,14 Radiculopatia (disfunção motora ou disestesia ao longo do curso de um nervo específico causada pela compressão de sua raiz) era o sintoma neurológico mais frequente, ocorrendo em 39 pacientes (34,5%), seguido por claudicação em 23 (20,4%), paraparesia crural em 14 (12,4%), tetraparesia em 8 (7,1%) e paraplegia em 5 (4,4%). Subluxação atlanto-axial com presença de tofo foi observada em dois casos de dor cervical levando a tetraparesia,15,16 e, em um caso de paralisia de múltiplos nervos cranianos.17 sintomas neurológicos sem dor foram relacionados em oito pacientes (7,1%). Disfunção do trato urinário e/ou intestinal foi observada em 10 indivíduos, todos apresentando outras manifestações neurológicas e 5 apresentando dor nas costas. Trinta e quatro (38,6%) dos 88 casos com comprometimento neurológico exibiram início agudo de sintomas (quatro semanas ou menos antes do diagnóstico). Febre superior a 38 ºC foi relatada em 15 pacientes (10,6%), todos com elevada velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa; portanto, a exclusão de um processo infeccioso era obrigatória. Além disso, outros 12 casos sem febre apresentavam VHS elevada. Manifestações clínicas Estudos de imagem A média de idade dos pacientes era de 60,3 113 ± 14,4 anos, variando de 17 a 85 anos,3,4 e 70,8% eram do sexo masculino. Um histórico prévio de gota foi observado em 62 pacientes (65,9% dos relatos que mencionavam essa informação), sendo 31 deles de gota tofácea. Não havia nenhuma referência à histórico de hiperuricemia e/ou gota em 19 (16,8%) pacientes. Ácido úrico sérico foi medido ao diagnóstico em 69 pacientes, e 48 (69,6%) apresentaram níveis elevados. Insuficiência renal foi relatada em 25 casos (22,1%), e histórico prévio de transplante renal em 7 (6,2%).4-6 O uso de álcool e de diuréticos foi relatado apenas em 7 (6,2%) e 12 (10,6%) casos, respectivamente. Envolvimento vertebral foi a manifestação inicial da gota em 28 pacientes (24,8%). Todos os segmentos da coluna vertebral foram afetados: a coluna lombar em 66 (58,4%), a coluna cervical em 28 (24,8%), e a torácica em 24 (21,2%) dos 113 pacientes. Observou-se o envolvimento de S1 em 15 casos (13,3%), associado a lesões da coluna lombar em 13 (86,7%) deles. Dois pacientes (1,8%) apresentavam lesões tanto cervical quanto torácicas,7,8 e outros quatro (3,5%) tinham envolvimento simultâneo torácico e lombar.5,9-11 A gota pode afetar qualquer estrutura da coluna vertebral, como os discos intervertebrais, articulações facetárias, Como observado por King et al.,18 os achados radiológicos podem ser normais ou revelar edema de tecidos moles, sinais compatíveis com osteoartrite (nova formação óssea e/ou redução do espaço intervertebral), cistos ósseos subcondrais claramente definidos, erosões com bordas escleróticas, erosão do processo odontoide, subluxação atlanto-axial e fratura patológica.18,19 Entre os achados mencionados, os mais comuns eram os sugestivos de osteoartrite, vistos em 26 (65%) dos 40 relatos nos quais uma radiografia da coluna vertebral foi descrita. A figura 1 mostra uma radiografia torácica de um paciente seguido em nosso laboratório devido à gota de longa data e envolvimento torácico (T7) da coluna vertebral. Apesar de não ser frequentemente mencionada na literatura, a tomografia computadorizada (TC) pode revelar erosões localizadas em articulações facetárias20 e danos aos tecidos moles com a presença de nódulos ou massa de baixa densidade, em alguns casos.21 Na imagem por ressonância magnética (RM), a gota tofácea é geralmente caracterizada por uma imagem homogênea com um sinal que varia de intermediário a baixo em T1 (com a mesma intensidade de sinal que músculo); em T2, a imagem aparece homogênea e pode mostrar baixa ou alta intensidade.22-25 Quando o contraste (gadolínio) é utilizado, realce periférico heterogêneo ou homogêneo pode ocorrer, revelando Introdução Gota axial ou da coluna vertebral foi descrita pela primeira vez por Kersley et al.,1 em 1950, e em 1953 Koskoff et al.2 relataram o primeiro caso de mielopatia causado por gota. Desde então, foram relatados vários casos de gota da coluna vertebral, com manifestações que vão desde o quadro clínico assintomático a complicações graves, como paraplegia e tetraparesia (ver tabela 1, com relatos de casos citados). Este estudo revisa a literatura relacionada às manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento do envolvimento da coluna vertebral pela gota. Métodos Uma busca bibliográfica dos termos spine, gout, tophus e myelopathy foi realizada nos bancos de dados PubMed e Medline, e uma seleção de artigos que descreviam gota axial, incluindo relatos de casos, cartas ao editor, achados radiológicos, revisões sistemáticas e testes observacionais foi realizada. Casos apresentando referência cruzada entre esses relatos, que estavam ausentes da busca inicial, também foram incluídos na presente revisão. O número final de artigos foi 94, e 113 indivíduos foram incluídos nesses relatos. Nossa busca também encontrou dois estudos maiores sobre gota axial e imagem radiológica, um com desenho retrospectivo e o outro um estudo prospectivo. Nenhuma revisão anterior sobre esse assunto havia incluído esses dois estudos, e nem houve uma busca tão abrangente para relatos de casos. 298 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 9 6 – 3 0 2 Tabela 1 – Relatos de casos e séries de gota na coluna vertebral revisados, mas não citados no texto No. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 Autores Adenwalla HN, Usman MH, Bagir M et al. Arnold MH, Brooks PM, Savvas P et al. Barrett K, Miller ML, Wilson JT Beier CP, Hartmann A, Woertgen C et al. Bonaldi VM, Duong H, Starr MR et al. Burnham J, Fraker K, Steinbach H Cabot J, Mosel L, Kong A et al. Chan AT, Leung JL, Sy AN Chang IC Clerc D, Marfeuille M, Labous E et al. 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Em sete pacientes (6,2%),8,17,23,24,28-30 exames histológicos ou citológicos não foram realizados, e o diagnóstico foi presumido baseado em achados clínicos e de imagem ou em artrocentese de outras articulações. Em outros quatro casos (3,5%) o diagnóstico foi feito durante a autópsia,1,2,13,14 mas nenhum desses pacientes morreu em razão do envolvimento da coluna vertebral por gota. Em 17 pacientes que relataram dor sem manifestação neurológica, realizou-se punção guiada ou intervenção cirúrgica com base na presença de anormalidades na TC e/ou RM (lesão de massa) e, eventualmente, febre e elevação da VHS no início do quadro. A descrição histológica inclui aspectos clássicos da gota, tais como a presença de histiócitos e células gigantes multinucleadas e fibroblastos ao redor de debris eosinofílicos ou material amorfo, podendo conter cristais em forma de agulha com birrefringência negativa sob luz polarizada. Ocasionalmente, apenas a imagem negativa dos cristais é observada nos neutrófilos, quando são dissolvidos durante a fixação em meio aquoso.31-33 Tratamento C Figura 1 – (A e B) Ressonância magnética (RM) de coluna torácica em vista lateral. Note a presença de uma lesão com baixo sinal em T1 indicado pelas setas (A) antes e (B) após a administração de contraste, com realce homogêneo. (de: Hasegawa EM, Goldenstein-Schainberg C, Fuller R.; Rev Bras Reumatol 2007;47(4):300-2). (C) Radiografia lateral da coluna cervical em um paciente com gota tofácea crônica. As setas mostram erosões nos aspectos anteriores dos corpos vertebrais. vascularização reativa.22,26 A figura 2 mostra a RM da coluna lombar do mesmo paciente descrito anteriormente. O tofo não tem uma imagem característica e por isso é difícil diferenciá-lo de outros tipos de lesão, tais como neoplasias, infecções e abscessos. Como resultado, o diagnóstico final muitas vezes requer análises histopatológicas ou citológicas. Os resultados mais comuns em estudos de imagem estão apresentados na tabela 3. Diagnóstico Em 103 dos 113 casos (91,2%), o diagnóstico foi obtido por meio de estudos citológicos ou histopatológicos. Um estudo histológico do tecido removido durante a excisão cirúrgica da lesão ou laminectomia descompressiva foi realizado em 87 pacientes (77%). Punção guiada foi realizada em 16 pacientes Dentre os 88 pacientes com sintomas neurológicos, 74 (84,1%) foram submetidos à cirurgia. O procedimento mais comum foi a laminectomia descompressiva. A recuperação total das manifestações neurológicas foi observada em 55 dos 74 pacientes (74,3%); a recuperação parcial após a cirurgia em 9, e 2 pacientes31,34 não relataram recuperação após a cirurgia, apesar de um deles 34 ter melhorado após tratamento clínico subsequente com medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) e hipouricêmicos. Em outros seis casos não houve descrição de seguimento e, portanto, não havia dados sobre a resposta à cirurgia que pudessem ser recuperados. Apenas um paciente sem sintomas neurológicos foi tratado cirurgicamente, mas não houve menção aos desfechos. Dois pacientes morreram no pós-operatório devido à broncopneumonia:15,28 um deles não havia apresentado melhora, enquanto o outro apresentou melhora dos sintomas neurológicos antes da complicação infecciosa. Vinte e cinco pacientes (22,1%) receberam tratamento clínico isolado (AINEs, colchicina e corticosteroides por via oral, intravenosa ou epidural), com melhora dos déficits neurológicos e/ou dor. O desfecho não foi relatado em três casos tratados de forma conservadora.6,23,35 Três pacientes que não se submeteram à cirurgia morreram devido a broncopneumonia;1,9,17 um deles havia apresentado melhora dos sintomas relacionados à gota, enquanto os outros dois não. Em oito casos não houve menção ao tratamento e desfecho. Os resultados do tratamento encontram-se resumidos na figura 2. Discussão Envolvimento da coluna vertebral na artrite gotosa é cada vez mais reconhecido como uma manifestação incomum; porém, 300 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 9 6 – 3 0 2 Recuperação total (n = 55) (48,7%) Melhora parcial (n = 9) (8,0%) Sem resposta (n = 2) (1,8%) Morte por complicação pós-operatória (n = 2) (1,8%) Desfecho desconhecido (n = 7) (6,2%) Desfecho desconhecido (n = 3) (2,7%) Morte por broncopneumonia (n = 2) (1,8%) Melhora (n = 25) (22,1%) Tratamento cirúrgico (n = 75) (66,4%) Gota na coluna (n = 113) Tratamento clínico (n = 30) (26,6%) Autópsia (n = 2) Tratamento e desfecho desconhecidos (n = 8) (7,1%) Morte por broncopneumonia (n = 1) (0,9%) Figura 2 – Resumo de tratamento e desfecho. Tabela 2 – Manifestações clínicas Sintomas Déficit neurológico com dor nas costas Radiculopatia Claudicação Paraparesia Tetraparesia Paraplegia Dor sem déficit neurológico Cervical Torácica Lombar Sacral Somente déficit neurológico Desconhecido* n % 80 39 23 14 8 5 23 3 1 20 1 8 2 34,5 20,4 12,4 7,1 4,4 20,4 2,7 0,9 17,7 0,9 7,1 1,8 Tabela 3 – Achados de imagem em gota da coluna vertebral Sintomas Raio-X TC Lombar Sacral % Alterações osteoartríticas: osteófitos, cistos subcondrais e esclerose óssea Alterações osteoartríticas Massa de baixa-densidade Erosão da articulação facetária T1 – sinal homogêneo, baixo à intermediário T2 – sinal homogêneo, baixo à alto Contraste (Gadolínio): realce homogêneo, periférico Sinal normal na medula da vértebra adjacente TC, tomografia computadorizada; RM, ressonância magnética. * Diagnóstico feito na autópsia. sua prevalência é claramente subestimada porque apenas os pacientes com déficits neurológicos e/ou febre, e aqueles que não melhoram com o tratamento clínico são investigados com exames de imagem e estudos histopatológicos subsequentes para confirmar o diagnóstico. Apesar de ser considerada uma manifestação rara da gota, principalmente porque a maioria dos casos relatados é de cenários clínicos sintomáticos (98,2% dos 113 pacientes analisados nesse artigo), algumas evidências apontam para o fato de que as alterações da coluna vertebral na gota podem ser muito mais comuns do que se pensava anteriormente. Konatalapalli et al.36 retrospectivamente 64 imagens de TC da coluna de pacientes com gota, e descobriu que 14% deles apresentavam características de gota na coluna vertebral. O mesmo grupo de pesquisadores realizou um estudo prospectivo, no qual 48 indivíduos com diagnóstico de gota foi submetido à avaliação da coluna vertebral por TC.37 Trinta e cinco por cento dos pacientes apresentaram evidências de erosões gotosas ou tofos na coluna vertebral à TC. Uma vez que esses dois estudos não eram relatos de casos e, portanto, não mencionavam qualquer informação clínica individual de cada paciente, eles não foram incluídos na nossa análise. A gota axial deve ser considerada no diagnóstico diferencial de pacientes com diagnóstico prévio de gota ou histórico de hiperuricemia que apresentem sintomas sugestivos de envolvimento da medula vertebral e dor lombar ou cervical. Embora geralmente não sejam mencionados em muitos relatos de casos, os fatores de risco para o desenvolvimento de artrite gotosa aguda tais como insuficiência renal, medicamentos (diuréticos, aspirina em baixas doses), dieta, consumo de álcool e infecção também devem ser considerados para o diagnóstico presuntivo de gota da coluna vertebral. O mecanismo associado com a gota axial ainda não está claro. No entanto, presume-se que os mesmos fatores que R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 2 9 6 – 3 0 2 conduziram ao quadro periférico, tais como pH, temperatura, o trauma e degeneração das articulações estão envolvidos nos depósitos de cristais.33,38 Finalmente, a presença de osteoartrite da coluna vertebral talvez também facilite ainda mais a deposição de cristais. Em pacientes sem histórico de gota ou hiperuricemia, o diagnóstico pode ser presumido a partir dos resultados da TC, RM, achados clínicos e laboratoriais, história clínica anterior, e os fatores de risco associados. A radiografia simples é um recurso diagnóstico relativamente limitado. A análise histológica ou citológica é necessária para um diagnóstico definitivo e para excluir processos infecciosos ou neoplasias que podem apresentar aspectos clínicos e de imagem semelhantes, especialmente em pacientes sem histórico de gota e/ou naqueles com sinais e sintomas indicando dor nas costas. A amostra deve ser preservada em álcool para evitar a dissolução dos cristais de urato.33 Pacientes sem envolvimento neurológico podem inicialmente ser tratados com AINEs, como indicado nos ataques agudos de gota,39,40 e, posteriormente, com medicamentos hipouricêmicos. Na presença de sintomas neurológicos, o tratamento clínico também pode ser tentado, uma vez que conduz à melhora em alguns pacientes. A resposta favorável ao tratamento clínico pode sugerir que o processo inflamatório, ao invés de uma compressão devido ao tofos em si, deve ser o mecanismo principal para o desenvolvimento de sintomas. Em uma revisão anterior de gota da coluna vertebral feita por Hou et al.,22 após uma avaliação clínica, laboratorial e de imagem inicial, a biópsia é sugerida como o procedimento diagnóstico definitivo. Se houver déficits neurológicos progressivos, a cirurgia pode ser preferida. Se a biópsia confirmar o diagnóstico de gota, o tratamento conservador pode ser tentado, e quando os sintomas persistem ou se repetem após uma melhora inicial, a cirurgia deve ser realizada. Recomendamos a punção guiada em vez de biópsia aberta em pacientes sem envolvimento neurológico grave ou progressivo e naqueles com dor como única manifestação que não melhoram com o tratamento clínico. Em conclusão, a gota deve ser incluída no diagnóstico diferencial de episódios de dor aguda da coluna vertebral, associada ou não com manifestações neurológicas em pacientes com histórico de gota e hiperuricemia. Nos casos sem ou com manifestações neurológicas leves a moderadas, recomendamos a punção guiada como procedimento diagnóstico inicial e tratamento conservador com AINEs e/ou corticosteroides. A cirurgia deve ser reservada para os pacientes que não apresentem melhora ou para aqueles com déficits neurológicos progressivos, apesar do tratamento clínico. REFERÊNCIAS 1. 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Além das limitações Aceito em 18 de fevereiro de 2013 físicas, outras variáveis parecem interferir na produtividade desses pacientes que muitas vezes são aposentados precocemente do mercado de trabalho. Assim, esse manuscrito de Palavras-chave: revisão buscou identificar artigos publicados na língua inglesa no período de janeiro de Espondilite anquilosante 2001 a dezembro de 2011 que discutissem essas variáveis por meio de estudos realizados Eficiência com pacientes adultos com diagnóstico de espondilite anquilosante, de ambos os gêneros Trabalho e que usaram instrumentos padronizados para a avaliação da atividade da doença e da Fatores de risco capacidade produtiva no trabalho. Foram identificados 33 artigos atendendo aos critérios Revisão de inclusão e observou-se que a perda de produtividade no trabalho em pacientes com espondilite anquilosante é influenciada por variáveis demográficas, emocionais, socioculturais e ocupacionais e hábitos de vida. Compreender esses possíveis fatores de risco pode colaborar para a elaboração de estratégias preventivas para a manutenção de pacientes com espondilite anquilosante no mercado de trabalho. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Variables related to work productivity loss in patients with ankylosing spondylitis abstract Keywords: The work productivity loss due to ankylosing spondylitis (AS) has become subject of inter- Spondylitis, ankylosing est because of its socioeconomic impact. In addition to physical limitations, other variables Efficiency seem to affect the productivity of those patients, who often withdraw early from the labor Work force. This review was aimed at identifying articles published in English, from January 2001 Risk factors to December 2011, which assessed those variables in adult patients of both sexes diagnosed Review with AS, using standardized instruments to measure disease activity and work productivity. Thirty-three articles meeting the inclusion criteria were identified. The work productivity loss of patients with AS proved to be influenced by demographics, emotional, social, cultural, and occupational factors, and lifestyle. Understanding those potential risk factors ☆ Trabalho realizado na Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (R. Frauendorf). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. 304 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 0 3 – 3 0 9 may contribute to the development of preventive strategies to maintain patients with AS participating in the labor force. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. Introdução Resultados A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica que acomete 0,1% a 1,4% da população geral e se caracteriza pelo envolvimento preferencial da coluna vertebral, comprometendo a mobilidade e capacidade funcional, de modo progressivo.1,2 A doença tem relevante impacto social e econômico, uma vez que tem maior incidência em indivíduos com menos de 40 anos de idade,3 acarretando redução de horas trabalhadas, perda de oportunidades profissionais e aposentadoria precoce.4 Uma das principais consequências da doença é a perda de produtividade no trabalho (PPT), particularmente associada a limitação física, dor crônica, comprometimento da qualidade de vida, perda da autoestima e outros aspectos emocionais, tais como expectativas, ansiedade e depressão.5-8 Além das limitações físicas e dos aspectos relacionados com a própria doença, diversas outras variáveis podem influenciar a PPT, como fatores demográficos, emocionais e socioeconômicos, hábitos de vida e condições de trabalho ou ocupacionais. A melhor compreensão desses possíveis fatores de risco pode proporcionar uma elaboração mais adequada de estratégias de prevenção para manter os pacientes com EA no mercado de trabalho. Assim, este trabalho de revisão propõe-se a compilar, de modo sistemático, os estudos realizados sobre a PPT em pacientes com EA, além de identificar e discutir os principais aspectos relacionados. A prevalência de incapacidade permanente para o trabalho varia de 10 a 40%, dependendo do estágio da doença, da idade de início e das características de cada país, incluindo o acesso ao sistema de saúde.4,6,17-20 Nos Estados Unidos, estima-se que o custo anual relacionado à PPT seja de US$ 5.000 para cada paciente com EA.5 Embora as novas modalidades de tratamento da EA tenham contribuído para a redução do impacto da PPT,21 na última década, alguns estudos ainda mostram elevado grau de afastamento do trabalho ou aposentadoria precoce nesses pacientes22,23 e que existem fatores que podem influenciar esse fenômeno. As variáveis associadas com PPT em pacientes com EA encontradas nos artigos revisados estão resumidas na tabela1. Essas variáveis foram subdivididas segundo o risco e a proteção (tabela 2). Métodos Realizou-se um levantamento bibliográfico sistemático na base de dados PubMed durante o período de janeiro de 2001 a dezembro de 2011, por meio de estratégia de busca e uso dos descritores “Work Instability”, “Work Productivity”, “Work Disability”, “Risk Factors” combinados com “Ankylosing Spondylitis”. No primeiro momento foram identificados 335 artigos. Desses, 33 atenderam aos critérios de inclusão – ou seja, estudos publicados na língua inglesa, realizados com pacientes adultos com diagnóstico de EA e de ambos os gêneros. Além disso, foram selecionados apenas os estudos que utilizaram instrumentos padronizados e validados para a avaliação de sua amostra, como BASDAI (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index),9 BASFI (Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index),10 HAQ-S (Health Assessment Questionnaire – Spondylitis),11 BASMI (Bath Ankylosing Spondylitis Mobility Index),12 AS-WIS (Work Instability Scale for Ankylosing Spondylitis),13 WPAI-SHP (Work Productivity and Activity Impairment Questionnaire: Specific Health Problem),14 WPAI:SpA (Work Productivity and Activity Impairment questionnaire in AS)15 e WLQ (Work Limitations Questionnaire).16 Todos os 33 artigos foram lidos na íntegra, com síntese das informações, e as variáveis que interferem com a PPT foram agrupadas em categorias. Relacionadas à própria doença Atividade e funcionalidade A maioria dos trabalhos mostra correlação estreita entre PPT e maior atividade da doença, bem como pior função17-28 e pior mobilidade18,22,28 em pacientes com EA, de acordo com os instrumentos mais comumente usados BASDAI,9 BASFI,10 HAQ-S11 e BASMI.12 Tabela 1 – Variáveis associadas com a PPT em pacientes com EA 1. Relacionadas à própria doença 1.1 Atividade e funcionalidade 1.2 Tempo de diagnóstico 1.3 Tratamento medicamentoso e não farmacológico 1.4 Próteses 1.5 Comorbidades e manifestações extraarticulares 1.6 História familiar de EA 2. Demográficas 2.1 Idade 2.2 Sexo 2.3 Escolaridade e nível socioeconômico 3. Emocionais 3.1 Enfrentamento da doença (Coping) 3.2 Qualidade de vida e Bem estar global 3.3 Suporte social 4. Hábitos de vida 4.1 Tabagismo 4.2 Atividade física atual e regular 5. Ocupacionais 5.1 Absenteísmo 5.2 Tipo de atividade profissional 5.3 Ambiente de trabalho 6. Socioeconômicas 6.1 Taxa de desemprego 6.2 Seguridade social 6.3 Prosperidade econômica 6.4 Sistema de saúde PPT, perda da produtividade no trabalho; EA, espondilite anquilosante. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 0 3 – 3 0 9 Tabela 2 – Variáveis associadas com a PPT em pacientes com EA: fatores de risco e de proteção Fatores de risco Fatores de proteção Atividade da doença Função Tempo de diagnóstico Medicações concomitantes Artroplastia Doenças associadas Manifestações extraarticulares Idade Nível socioeconômico Escolaridade Enfrentamento Qualidade de vida Tabagismo Absenteísmo História familiar de EA PPT, perda da anquilosante. Bem-estar global Suporte social Atividade física regular no trabalho; Próteses Os resultados dos estudos demonstram que, mesmo após a artroplastia, esses pacientes estão mais propensos a abandonar suas atividades ocupacionais em relação àqueles que não a fizeram.18,23,31,33 No entanto, é importante destacar que, em geral, os pacientes que realizaram a intervenção cirúrgica de joelho ou quadril têm pior comprometimento funcional e maior gravidade da doença, fatores que podem causar confusão da real dimensão desse procedimento na PPT de pacientes com EA. Comorbidades e manifestações extra-articulares (MEAs) Atividades profissionais com menor demanda física Ambiente de trabalho adequado Prosperidade econômica (menor taxa de desemprego e sistema de saúde provedor) Sistema de seguro social produtividade 305 EA, espondilite Doenças concomitantes são mais comuns em pacientes com doenças crônicas do que em controles. Em pacientes com EA, a prevalência de comorbidades é duas vezes maior que nos saudáveis (78,7% vs. 31,5%),26,34 e estão associadas com a PPT,4,18,23,26,29,32,34 especialmente os quadros psicopatológicos, como ansiedade e depressão.4,22,26,29 As principais MEAs relacionadas com incapacidade laboral foram presença de artrite periférica, doença intestinal inflamatória e uveíte (atual ou remota).5,18,24,28,29,33 História familiar Tempo de diagnóstico Não surpreende que longo tempo de sintomas e atraso do diagnóstico da EA também contribuam para maior risco de incapacidade para o trabalho.4,6,17,22,27,29-33 A taxa de afastamento do trabalho aumenta significativamente para cada ano de diagnóstico – de 5% no primeiro ano para 31% naqueles com mais de 20 anos. Depois de 5 e 15 anos de diagnóstico, a PPT aumenta de 13% para 23%.18,27 Cakar et al., ao estudarem 121 militares com EA na Turquia, identificaram que aqueles com tempo de diagnóstico superior a oito anos eram mais propensos à incapacidade laboral,31 diferentemente daqueles com tempo inferior a cinco anos.30 No entanto, é importante ressaltar que a idade do indivíduo ao diagnóstico tem relevância decisiva nessa avaliação,23 a fim de que não seja considerada um fator de confusão. Em geral, quanto mais cedo a doença se manifestar, maior é a chance de incapacidade precoce.8,18,25,34,35 Tratamento Nos últimos 20 anos surgiram diversos avanços terapêuticos para o manejo clínico de pacientes com EA, incluindo abordagem não farmacológica (conscientização, educação, exercícios) e medicamentosa (terapia com bloqueadores do TNFα), bem como aqueles que possibilitaram o diagnóstico mais precoce, especialmente com o emprego da ressonância nuclear magnética.21,36-38 Em geral, quanto maior o número de medicações em uso, maior a vulnerabilidade para o afastamento precoce do trabalho, provavelmente relacionado com maior gravidade e longo tempo de doença e pela presença de doenças concomitantes.23 Recentemente, tem sido demonstrado que os bloqueadores do TNFα, além de melhorar os sintomas e a funcionalidade dos pacientes com EA, também são capazes de mantê-los no mercado de trabalho38-43 ou, até mesmo, de recolocá-los profissionalmente em 10 a 25% dos casos.20,37,40 As principais ferramentas para a avaliação da capacidade produtiva ou reintegração ao trabalho são o AS-WIS,13 WPAI-SHP,14 WPAI:SpA15 e WLQ.16 Alguns estudos encontraram associação significativa entre o antecedente familiar de EA e a PPT.17,32 Forejtová et al.,17 estudando pouco mais de 1000 pacientes com EA, encontraram história de EA em parentes de primeiro grau em 20% da amostra. Além disso, eles tinham piores condições de saúde e maior incapacidade, segundo as escalas BASFI e HAQ-DI.9 A PPT tem sido atribuída a maior intensidade e gravidade da doença, bem como ao pior prognóstico entre os familiares. Demográficos Idade Idade mais avançada é um dos mais importantes fatores de risco para incapacidade em pacientes com EA.5,6,21-24,26,28,29,39 Em média, os incapacitados de modo permanente são 6-10 anos mais velhos.20 Assim, quanto mais cedo a doença se manifesta ou mais tarde ela é diagnosticada, maior é o risco de abandono precoce do trabalho. Além disso, pacientes com diagnóstico mais tardio da EA podem se aposentar mais precocemente pela maior dificuldade de adaptação a outras atividades profissionais.8,18,25,34,35 Gênero Os trabalhos mostram achados contraditórios com relação ao gênero. Alguns autores referem que os homens6,17,26,27 são mais incapacitados para o trabalho, ao passo que outros relatam serem as mulheres23,25,28,33,37,39 ou, até mesmo, nenhuma relação significativa.18,21,29,34 Um dos aspectos que justifica a maior PPT em homens é a maior frequência de dano estrutural e pior prognóstico axial.6 Em contrapartida, Ward e Kuzis observaram que mulheres recebem duas vezes mais benefícios do que os homens, particularmente no primeiro ano, sugerindo que a fadiga, dor e limitações são mais relevantes no gênero feminino.34 Escolaridade e nível socioeconômico Maior nível de escolaridade está associado positivamente com a manutenção no mercado de trabalho.4,21,23-25,28,32,34,37 306 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 0 3 – 3 0 9 Alguns aspectos poderiam explicar esse achado, tais como melhor nível socioeconômico e educacional,18,27,34 Além disso, a melhor capacidade de adaptação a novos trabalhos e a adesão a condutas ergonômicas podem explicar tal correlação.25,34 hábitos de vida, adesão ao tratamento e enfrentamento da doença.22,29 Emocionais Tabagismo Enfrentamento da doença (coping) Em geral, ao ser diagnosticado com EA, o paciente se depara com a cronicidade da doença, experimentando, assim, uma série de dificuldades para lidar com a limitação funcional, dor, expectativas, dependência de terceiros, reações adversas ao tratamento e prognóstico. O conjunto dessas dificuldades pode ocasionar comprometimento de seu bem-estar e qualidade de vida, interferindo, por conseguinte, em sua capacidade produtiva.17 Além disso, não é simples avaliar o impacto de dor, fadiga e incapacidade laboral no estilo de vida, na carreira, na família e na vida social dos pacientes com EA, uma vez que o dimensionamento de todos esses aspectos também está associado ao modo como as pessoas enfrentam a doença.4 Quantificando esse último aspecto em 658 pacientes com EA, por meio do CORS (Coping with Rheumatic Stressors Questionnaire), que avalia oito possíveis estratégias de enfrentamento da doença (três relacionadas com dor, três associadas à capacidade em lidar com as limitações nas atividades diárias e duas relacionadas com dependência), Boonen et al.18 observaram que quanto mais estratégias de enfrentamento tem o paciente, maior sua capacidade em lidar com a doença e manter-se produtivo no trabalho. Na amostra analisada, 36% dos pacientes apresentaram escores desfavoráveis para estas estratégias de enfrentamento, inferindo sobre atitudes mais passivas. Assim, as dificuldades comportamentais de enfrentamento da EA representam elevado risco para a incapacidade produtiva.18,23 Barlow et al.,4 de modo qualitativo, verificaram que pacientes com EA associam trabalho com independência econômica e como aspecto essencial da vida, enfatizando que o principal desafio foi a maneira de lidar com a fadiga diária e a interferência direta sobre o bem-estar físico, psíquico e social. Qualidade de vida e bem-estar global Considerando que a qualidade de vida é a percepção do indivíduo sobre sua posição na vida com relação ao contexto cultural e a sistema de valores nos quais ele está inserido, bem como aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações,44,45 os estudos mostram relevante impacto da PPT e a pior qualidade de vida de pacientes com EA.25,26 38 Os principais instrumentos usados para mensurar a qualidade de vida nesses pacientes foram o SF-36 (Medical Outcomes Study short form),46 e o BAS-G (Bath Ankylosing Spondylitis Global health index)47 para a medida do bem-estar geral, como demonstrado por Chorus et al. Nesse estudo, os autores observaram que o pior bem-estar se associou significativamente com a aposentadoria precoce em pacientes com EA.18,23 Suporte social O suporte social é considerado fator de proteção para a PPT, uma vez que envolve principalmente o apoio emocional de amigos e familiares no reforço comportamental de melhores Hábitos de saúde Alguns trabalhos demonstram que o hábito de fumar é um fator de risco relevante para a PPT.29,32,34 A redução da capacidade pulmonar e cardíaca pode interferir diretamente com o desempenho laboral de pacientes com EA,29 bem como pior resposta ao tratamento clínico.48 Atividade física atual A prática de atividade física é normalmente recomendada aos pacientes com EA. Os exercícios reduzem os sintomas, colaboram para uma postura mais adequada, melhoram a mobilidade, auxiliam a preservar a função e diminuem o uso de anti-inflamatórios não hormonais (AINH). Assim, estes pacientes ficam mais dispostos e preparados para realizarem suas atividades laborais.17,29,34 Destaca-se que a regularidade e a frequência de exercícios são mais importantes que a escolha da modalidade da atividade física em si.17,29,34 Ocupacionais Absenteísmo A ausência ao trabalho é frequente em pacientes com EA, particularmente em períodos de maior atividade da doença.25,26 Anualmente, o número de dias perdidos varia de 8 a 46 dias para cada paciente, de acordo com os estudos revisados,5,19,27,37,49 uma taxa três vezes maior que a observada na população geral.18 De acordo com o estudo prospectivo conduzido por Ramos-Remus et al.,21 a frequência de absenteísmo em pacientes com EA tem diminuído ao longo dos últimos 15 anos (de 77% em 1993 para 53% em 2007), bem como os dias de trabalho perdidos e a proporção de pessoas com incapacidade permanente (de 3% para 2,1%). Esse achado ilustra a redução do impacto da EA sobre a capacidade produtiva, refletindo, provavelmente, o avanço do tratamento,21,37,44 embora outros aspectos precisem ser melhor explorados, tais como necessidade financeira, sistema de seguro social, escolaridade e satisfação com o trabalho.37, 50 Tipo de atividade profissional De modo geral, as decisões sobre a carreira profissional, incluindo a carga horária e o tipo de atividade, são individualizadas e dependem das peculiaridades de cada paciente.4,34 Barlow et al.,4 em 2001, relataram que 15% dos pacientes fazem mudanças profissionais conforme a atividade da EA, especialmente a redução de horas trabalhadas e adaptações no local de trabalho. Em pacientes com EA, o risco para a PPT, permanente ou temporária, aumenta com o incremento do esforço, principalmente para atividades com grande demanda física (ajoelhar-se, carregar objetos, flexão, rastejar), assim como para trabalhos manuais relacionados com a agricultura, indústria, transporte e construção civil e com o excesso de horas trabalhadas.5,18,25,34 Atividades com menor demanda física, como R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 0 3 – 3 0 9 prestação de serviços administrativos e gerenciais, colaboram para a manutenção do paciente com EA no mercado de trabalho.5,28 Devido à doença, pacientes com EA passam a realizar atividades mais passivas e sedentárias, com redução do número de horas no trabalho e maior atuação como autônomos. Os principais aspectos negativos dessas modificações estão relacionados com a perda da independência, autoestima, frustrações e satisfação profissional. Por outro lado, eles podem dedicar mais tempo à família e ao tratamento.4 Ambiente de trabalho O ambiente mais relacionado com a PPT em pacientes com EA é o setor industrial,23 particularmente pelas dificuldades de acesso ao local de trabalho,23 pela inadequação ergonômica23,51 e pela falta de colaboração dos colegas34 e dos superiores.23 A readequação ao trabalho é de extrema importância como política de recursos humanos (RH) em uma empresa, uma vez que cerca de 70% dos pacientes com EA, afastados do trabalho pela doença, poderiam continuar empregados se tivessem sido realizadas modificações no ambiente do trabalho, como redução de atividades monótonas que prejudicam a postura e ajustes da temperatura.23 Socioeconômicas Quando a possibilidade de aposentadoria precoce precisa ser discutida no ambiente de trabalho, as variáveis socioeconômicas também precisam ser levadas em consideração, especialmente no que concernem às peculiaridades das políticas de seguridade social, taxas de desemprego, prosperidade e o sistema de saúde de cada país.5,20 Boonen et al.5 verificaram que a incapacidade, o absenteísmo e os custos de produtividade, em pacientes com EA, são maiores na Holanda do que na França e na Bélgica, devido aos rentáveis benefícios oferecidos pelo governo holandês para os indivíduos com afastamento prolongado. Na Dinamarca, cerca de 30% dos pacientes com EA são considerados incapacitados, de modo permanente para o trabalho, após 20 anos de duração da doença.18 Em contrapartida, essa prevalência é bem menor (13%) nos Estados Unidos, mesmo com tempo semelhante de evolução da doença.34 Discussão A frequência de PPT em pacientes com EA é bastante variável entre os estudos, visto que diversos fatores estão associados, incluindo aqueles relacionados diretamente com a própria doença (tempo, atividade e gravidade) e aos hábitos de vida, mas também com variáveis relacionadas aos aspectos demográficos, socioeconômicos, psicológicos, culturais, seguridade social, tipo de trabalho e do país onde o paciente vive. Curiosamente, os resultados referentes ao gênero são controversos entre os diferentes estudos. De modo geral, acreditava-se que a PPT fosse mais comum em homens, uma vez que são mais acometidos pela doença e apresentam pior prognóstico em relação às mulheres. No entanto, vários autores encontraram maior taxa de incapacidade nas mulheres. 307 Além disso, elas recebem duas vezes mais benefícios por invalidez que os homens. Um dos principais argumentos para explicar esse achado está baseado em fatores financeiros, motivacionais e culturais. Aparentemente, os homens têm menor chance de incapacidade laboral permanente, pois geralmente são os provedores financeiros das famílias e não aceitam facilmente a invalidez. Porém, nos últimos anos, as mulheres têm participado mais ativamente do mercado de trabalho, assumindo muitas vezes o sustento familiar e também sua satisfação profissional, o que pode tornar as mulheres igualmente vulneráveis à PPT. Além do aspecto associado ao pior prognóstico da hereditariedade como fator de risco para a PPT, outra hipótese diz respeito ao arquétipo do comportamento apreendido, visto que a transmissão de crenças, valores e hábitos de pais para filhos induzem pensamentos e modos de ações semelhantes. Embora já se saiba que o número de doenças associadas e a maior quantidade de medicações concomitantes estejam associadas com maior chance de PPT, pouco é conhecido sobre o real impacto de cada um deles ou quais condições de saúde teriam relevância sobre a incapacidade laboral em pacientes com EA. Por outro lado, é importante enfatizar que os distúrbios psicopatológicos parecem estar associados de modo mais significativo, apesar de, ainda, não haver uma relação de causalidade entre esses eventos. Alguns pesquisadores questionam se eles são consequências do afastamento do trabalho ou se são verdadeiros fatores de risco. Esses achados apontam para a necessidade de uma avaliação multiprofissional nesse cenário. Para minimizar o efeito das variáveis ocupacionais apresentadas como risco para a incapacidade, parece conveniente que esses pacientes sejam orientados a realizar tarefas que demandem menos esforço físico e horas trabalhadas em excesso, bem como otimizem a parceria entre os pares. Além disso, a maior conscientização das empresas, incluindo adaptação ergonômica do ambiente de trabalho e políticas de RH que possam colaborar com as necessidades desses pacientes, permitindo assim, maior autonomia, suporte e satisfação profissional. Outra estratégia interessante é fomentar programas de aconselhamento e planejamento profissional, a fim de direcionar a carreira e manter a capacidade produtiva da forma mais adequada possível. Os diferentes critérios para a concessão de benefícios por incapacidade para o trabalho tornam difícil a comparação de dados sobre o status do trabalho em diferentes países. Além disso, as taxas de desemprego, prosperidade econômica e o funcionamento do sistema de saúde de cada país podem interferir sobre a produtividade dos pacientes com EA, incentivando ou não a permanência no mercado de trabalho. Até o momento, poucos dados foram encontrados para solucionar ou compreender essa questão. É importante ressaltar que alguns resultados desta revisão devam ser analisados com cautela, mediante certas limitações, tais como a dificuldade de acesso aos serviços especializados de reumatologia, o atraso do diagnóstico, as características heterogêneas das diferentes populações estudadas e o não ajuste para os fatores de confusão e a interação entre todas essas variáveis. Além disso, esses pacientes, em geral, são discriminados e excluídos dos principais estudos científicos, mesmo em países desenvolvidos. 308 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 0 3 – 3 0 9 Muitas informações obtidas foram retiradas de estudos que consideraram apenas a incapacidade total para o trabalho de pacientes oficialmente afastados. De modo interessante, sabe-se que muitos pacientes deixaram a força de trabalho por conta da EA, mas continuam exercendo atividades remuneradas não oficiais, mesmo recebendo aposentadoria por invalidez ou auxílio doença. Do mesmo modo, alguns estudos epidemiológicos sobre os fatores de risco para a PPT em pacientes com EA são realizados com delineamento descritivo transversal, dificultando a análise da relação de causa-efeito destas associações. Dessa forma, mais estudos longitudinais são necessários para avaliar a progressão de variáveis preditoras da perda da capacidade produtiva em pacientes com EA. Assim, essa revisão sistemática da literatura indica que a perda da capacidade para trabalhar é uma das principais consequências da EA e que existem variáveis que podem contribuir para este fenômeno, como aquelas associadas à própria doença e aos hábitos de vida, mas também a fatores socioeconômicos, demográficos, emocionais, culturais e ocupacionais. A incapacidade produtiva para os pacientes com EA é um constructo multidimensional, pois não envolve apenas a perda do trabalho. A perda da capacidade produtiva implica em prejuízos sociais, emocionais e econômicos que podem promover dificuldade em oportunidades de promoção, assim como podem gerar preocupações com o futuro e com a própria autonomia, comprometendo negativamente a qualidade de vida de pacientes com EA. Conflitos de interesse Os autores declaram não haver de conflitos de interesse. REFERÊNCIAS 1. Russell AS. Ankylosing spondylitis: history. In: Klippel JH, Dieppe PA, editors. Rheumatology. 2 ed. London: Mosby. 1998;14:1-2. 2. Boonen A, van der Linden SM. The burden of ankylosing spondylitis. J Rheumatol. 2002;78:4-11. 3. Boonen A.Socioeconomic consequences of ankylosing spondylitis. Clin Exp Rheumatol. 2002;20(Suppl 28):S23-6. 4. Barlow JH, Wright CC, Williams B, Keat A. Work disability among people with ankylosing spondylitis. Arthritis Rheum. 2001; 45(5):424-9. 5. Boonen A, van der Heijde D, Landewé R, Spoorenberg A, Schouten H, Rutten-van Mölken M, et al. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 0 – 3 1 3 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Relato de caso Síndrome de Erasmus – silicose e esclerose sistêmica☆ Aryádine Allinne Machado de Mirandaa, Alice Carvalho Nascimentoa, Isy Lima Peixotob, Juliana Alves Scrignolia, Maria do Socorro de Lucena Cardosoc, Sandra Lúcia Euzébio Ribeiroc,* a Serviço de Residência Médica em Reumatologia, Hospital Universitário Getúlio Vargas, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, AM, Brasil b Serviço de Residência Médica em Dermatologia, Hospital Universitário Getúlio Vargas, UFAM, Manaus, AM, Brasil c Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Hospital Universitário Getúlio Vargas, UFAM, Manaus, AM, Brasil informações resumo Histórico do artigo: A silicose é a pneumoconiose mais frequente, decorrente da inalação de sílica ou de poeiras Recebido em 11 de agosto de 2011 minerais contendo silicatos, caracterizada principalmente pela fibrose pulmonar de caráter Aceito em 18 de fevereiro de 2013 irreversível. Está associada com o desenvolvimento de outras doenças, incluindo tuberculose pulmonar, câncer pulmonar e doenças autoimunes. A doença do tecido conjuntivo Palavras-chave: posterior à exposição à sílica ocorre geralmente após 15 anos do início da exposição. A Escleroderma sistêmico síndrome de Erasmus refere-se ao desenvolvimento de esclerose sistêmica em indivíduos Silicose previamente expostos à sílica e que apresentavam ou não silicose. Os autores relatam dois Pneumoconiose casos de pacientes com diagnóstico de silicose que desenvolveram esclerose sistêmica. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Erasmus syndrome – silicosis and systemic sclerosis abstract Keywords: The silicosis is the pneumoconiosis more frequent, resulting from the inhalation of silica Scleroderma, systemic or silicates containing mineral dust, mainly characterized by irreversible lung fibrosis. It Silicosis is associated with the development of other diseases, including pulmonary tuberculosis, Pneumoconiosis lung cancer and autoimmune diseases. The connective tissue disease after exposure to silica occurs usually after 15 years of initial exposure. The Erasmus syndrome describes the association of systemic sclerosis following exposure to silica with or without silicosis. The authors report two cases of patients with diagnosis of silicosis who developed systemic sclerosis. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. ☆ Trabalho realizado no Hospital Universitário Getúlio Vargas, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (S.L.E. Ribeiro). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 0 – 3 1 3 311 Introdução Pneumoconioses são doenças pulmonares associadas à exposição de substâncias em forma de poeiras, como sílica, cobalto, talco entre outras. Na maioria dos casos, a doença está relacionada à exposição ocupacional.1 A inalação de poeira com sílica está associada à ocorrência de silicose, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, insuficiência renal e aumento do risco de tuberculose pulmonar e de doenças autoimunes – dentre as quais, encontram-se a esclerose sistêmica (ES), a artrite reumatoide e o lúpus eritematoso sistêmico.1,2 A ES é uma doença de caráter autoimune, com alterações vasculares e fibrose tecidual difusa. A associação de exposição prévia à sílica e ES foi descrita por Erasmus em 1957.2,3 O presente estudo relata dois casos de síndrome de Erasmus em pacientes com história de exposição ocupacional à sílica que, após 10 anos do diagnóstico de pneumoconiose, desenvolveram ES: no primeiro caso com manifestações cutâneas características de ES difusa, e no segundo caso com ES limitada (CREST). Figura 1 – Infiltrado reticulonodular. Alguns de aspecto confluente, opacidades em vidro fosco, disseminadas pelo parênquima de ambos os pulmões; bronquiectasias nos lobos inferiores. (fig. 1). Ecocardiograma: fração de ejeção de ventrículo esquerdo de 63% e pressão sistólica de artéria pulmonar de 53 mmHg. Feito o diagnóstico de ES difusa em bases clínicas. Iniciado prednisona 40 mg/dia, anlodipino 10 mg/dia e ciclofosfamida 1 g/mês. O paciente evoluiu com melhora do quadro clínico. Caso 2 Caso 1 Homem de 35 anos de idade, história ocupacional de jateamento de quartzo no período de 1996 a 2001. Foi afastado do trabalho devido à dispneia a médio esforço. Procurou o pneumologista, que após avaliação clínica e de exames complementares, deu um diagnóstico presuntivo de pneumoconiose, devido à presença de 95% de sílica livre na areia do jateamento. Foi realizada biópsia pulmonar e no histopatológico infiltrado inflamatório mononuclear, com frequentes áreas de fibrose, sugestivo de bronquiolite obliterante e pneumonia organizada (BOOP). Feito diagnóstico de silicose subaguda, iniciou-se pulsoterapia com metilprednisolona 1 g por três dias e manutenção com prednisona. Obteve-se a remissão dos sintomas. Após 10 anos do diagnóstico da pneumoconiose, o paciente foi admitido no Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) (Manaus, AM), referindo dispneia a pequeno esforço, disfagia para sólidos, vômitos pós-prandiais, úlceras em polpas digitais e perda ponderal de 5 kg há 30 dias. Negava tabagismo e uso de drogas ilícitas. Ao exame físico: emagrecido, com fácies esclerodérmica, esclerodactilia, espessamento cutâneo difuso com escore de Rodnan modificado de 30, telangiectasias em face, leucomelanodermia, fenômeno de Raynaud, reabsorção de falanges distais, microcicatrizes em polpas digitais, lesões ulceradas em maléolo medial direito e cotovelos. Ausculta pulmonar: MV diminuído em bases. Ausculta cardíaca: RCR dois tempos com P2 > A2, PA: 160/90. Nos exames complementares: Hemoglobina 10,9 g/dL, hematócrito 35%, leucometria: 9700/mm3, VHS: 20 mm, proteína C-reativa: negativa; FAN HEp-2 de 1:1280 padrão nuclear pontilhado, anti-Scl 70 e fator reumatoide negativos. Sorologias para HIV, HBV e HCV: negativas. PPD: negativo. Urina 1: normal. Espirometria: distúrbio ventilatório restritivo moderado. Tomografia computadorizada (TC) de tórax: opacidades em vidro fosco Homem de 38 anos de idade, garimpeiro; trabalhou com explosivos sem seguir normas técnicas de segurança do trabalho. Apresentou quadro de doença parenquimatosa pulmonar há 10 anos. Na TC de tórax: pleuro-pneumopatia predominando nos lobos superiores, derrame pleural à esquerda e linfadenomegalia mediastinal. Na biópsia pulmonar: infiltrado de macrófagos, fibrose pulmonar e partículas de sílica no tecido (polaroides a 90º). Na cultura do líquido pleural positivo para BK. Iniciado tratamento com tuberculostáticos por seis meses. O paciente foi encaminhado ao Serviço de Reumatologia do HUGV referindo que há um ano observou espessamento cutâneo em face, antebraços e mãos, associado à disfagia distal a sólidos e dispneia a médio esforço. Há um mês com piora clínica, foi internado apresentando dispneia a pequeno esforço, epigastralgia com piora da disfagia, fadiga e úlceras em mãos. Negava tabagismo e alcoolismo. Ao exame físico: microstomia, esclerodactilia, escore cutâneo de Rodnan modificado de 14, fenômeno Raynaud, leucomelanodermia, reabsorção de polpas digitais, úlceras disseminadas em pele (fig. 2), poliartrite em interfalangeanas proximais, punhos, cotovelos, joelhos e tornozelos. Ausculta cardíaca: RCR em 2T, P2 > A2. Ausculta pulmonar: MV com estertores creptantes em velcro nas bases. Laboratório: hemoglobina 8,9 g/dL, hematócrito 32%, leucometria: 14700/mm3, Figura 2 – Esclerodactilia e úlceras em superfícies extensoras. 312 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 0 – 3 1 3 VHS: 34 mm; sorologia para HIV, citomegalovírus, toxoplasmose: negativas e rubéola IgM negativo e IgG positivo, cultura para BK e pesquisa de BAAR em escarro negativos, PPD: 3 mm. Anti-Scl 70, anti-DNA negativos, FAN HEp-2 de 1:5120 padrão nucleolar. Ecocardiograma: hipertensão pulmonar grave e sobrecarga à direita. Espirometria: distúrbio ventilatório restritivo. TC de tórax: sequela de processo inflamatório específico em lobos superiores, imagens nodulares subpleurais e intraparenquimatosas, dilatações císticas dos brônquios, e algumas confluentes com aspecto de faveolamento, espessamento pleural bilateral. Realizado diagnóstico de ES limitada, iniciado nifedipina retard 20 mg de 12/12 h, omeprazol 40 mg/ dia, metoclopramida e oxacicilina 1,5 g de 6/6 h. Evoluiu para sepse grave de foco cutâneo, ampliado espectro dos antibióticos e suporte de terapia intensiva, porém com evolução para o óbito. Discussão A silicose é uma pneumoconiose causada por inalação de sílica livre. Está associada a anormalidades na imunidade humoral e celular, com positividade dos fatores antinuclear e reumatoide, hipergamaglobulinemia e alterações dos linfócitos T-helper e T-supressor.3,4 A silicose divide-se em três formas clínicas de apresentação: aguda, acelerada e crônica. A forma aguda ocorre após meses de exposição elevada a partículas de sílica, finamente dividas e recém-quebradas, como ocorre no jateamento de areia e na perfuração de rochas. A forma acelerada ocorre após um período de exposição à sílica de 5-10 anos. A crônica é a forma de apresentação mais comum, e geralmente ocorre após 10-15 anos de exposição ou de latência.1 A ES é uma doença inflamatória crônica, autoimune, caracterizada por produção excessiva de colágeno que promove fibrose tecidual, vasculopatia de pequenos vasos e uma resposta autoimune específica.5-7 Há evidências de associação de ES com fatores ocupacionais e ambientais. Em 1957, Erasmus observou casos de ES em mineiros de ouro na África do Sul, que haviam sido expostos ao pó de sílica.8-10 O mecanismo de associação entre exposição à sílica e ES parece relacionar-se à resposta inflamatória desenvolvida pela sílica após fagocitose e liberação de mediadores por macrófagos alveolares ativados.9 Na fase inicial, as partículas de sílica induzem, por contato direto de sua superfície com a água e lipoproteínas da camada de revestimento bronquioloalveolar ou pela ativação de macrófagos e de células epiteliais, a formação de radicais livres. Quando a produção destes radicais supera os mecanismos de defesa antioxidantes, pode haver lesão dos pneumócitos tipo I, aumento da ativação de macrófagos, indução e proliferação dos pneumócitos tipo II. Com a liberação de enzimas proteolíticas, há formação de mais espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, e também ocorre liberação de citocinas inflamatórias como o fator de necrose tumoral alfa, o fator de transformação de crescimento β, a interleucina 1 e a interleucina 6. Essas citocinas recrutam macrófagos, neutrófilos e linfócitos, dando origem à alveolite e consequente perda da integridade da barreira epitelial, permitindo assim a passagem das partículas de sílica para o interstício. O resultado final é a proliferação excessiva de fibroblastos e produção de colágeno, resultando em fibrose intersticial.1,4,5,7,9 A doença do tecido conjuntivo posterior à exposição à sílica ocorre em média após quinze anos do início da exposição, os padrões de imagem observados em geral são opacidades em vidro fosco, lineares, faveolamente e pequenos nódulos subpleurais, sendo essas alterações indistinguíveis da ES idiopática.10,11 Uma metanálise sugere que a exposição à sílica está associada com o aumento do desenvolvimento de ES, especialmente no sexo masculino, porém seriam necessários mais estudos.12,13 O anticorpo anti-Scl 70 está relacionado com envolvimento cutâneo, vascular periférico e fibrose intersticial pulmonar. Os pacientes relatados, ambos com anticorpo anti-Scl negativo, apresentavam padrão pulmonar restritivo, que pode estar presente tanto ES quanto na silicose. Rustin et al.13 descreveram 17 pacientes com ES associada à sílica, dos quais 14 apresentavam ES limitada e três ES difusa; todos os pacientes apresentavam fenômeno de Raynaud, enquanto fibrose intersticial pulmonar ocorreu em 16 pacientes, oito desses com anticorpo anti-Scl 70 positivo. Em suma, a pneumoconiose por exposição à sílica pode evoluir para ES. Alertamos que a exposição ocupacional está relacionada ao aumento do desenvolvimento de doenças graves, sendo possível a prevenção primária, pelo uso de equipamentos de proteção individual para os profissionais expostos. Conflitos de interesse Os autores declaram não haver conflitos de interesse. REFERÊNCIAS 1. Terra Filho M, Santos UP. Silicose. J Bras Pneumol. 2006;32(Supl 2):S41-7. 2. Mora GF. Systemic Sclerosis: environmental factors. J Rheumatol. 2009;36(11):2383-96. 3. Zaghi G, Koga F, Nisihara RM, Skare TL, Handar A, Utiyama SR, Silva MB. Autoantibodies in silicosis patients and in silica-exposed individuals. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 4 – 3 1 7 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Relato de caso Doença de Mucha-Habermann☆ Blanca Elena Rios Gomes Bica*, Maria da Glória Costa Reis Monteiro de Barros, Carlos Spingola Junior Serviço de Reumatologia, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil informações resumo Histórico do artigo: Os autores descrevem um caso de doença de Mucha-Habermann (DMH), que cursou com Recebido em 27 de novembro de 2011 quadro sugestivo de síndrome de ativação macrofágica (SAM). O objetivo do trabalho foi Aceito em 18 de fevereiro de 2013 descrever um caso de rara vasculite de Mucha-Habermann (pitiríase liquenoide e varioliforme aguda – PLEVA) em paciente de 28 anos que apresentou lesões ulceronecróticas Palavras-chave: generalizadas em pele e mucosas, acometimento gastrointestinal, cardíaco e hepático, as- Pitiríase liquenoide sociados a febre alta contínua, com provável evolução para SAM e posterior óbito. Trata-se Febre de doença rara, potencialmente fatal, com graves complicações sistêmicas. Os autores res- Síndrome de ativação macrofágica saltam a importância de seu diagnóstico e de tratamento agressivo. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Mucha-Habermann disease abstract Keywords: A case of Mucha-Habermann disease (MHD), possibly associated with macrophage activa- Pityriasislichenoides tion syndrome (MAS), is reported. The purpose of this paper was to describe the rare MHD Fever (also known as pityriasis lichenoides et varioliformis acuta – PLEVA) in a 28-year-old male, Macrophage activation syndrome who presented with generalized ulceronecrotic lesions on the skin and mucosae, gastrointestinal involvement, and heart andliver failure, associated with continuous high fever. The patient might have progressed to MAS and eventually died. The MHD is rare, potentially fatal and has severe systemic complications. The importance of early diagnosis and aggressive treatment is emphasized. © 2013 Elsevier Editora Ltda. All rights reserved. Introdução A doença de Mucha-Habermann (DMH) foi descrita por Degos et al. em 1966.1,2 É considerada uma variante grave da pitiríase liquenoide e varioiforme aguda (PLEVA), caracterizada por lesões polimórficas, ulceronecróticas e crostosas em pele ☆ e mucosas, associadas a febre alta e manifestações sistêmicas. Apenas 40 casos de DMH foram descritos na literatura até o momento, e ainda não há tratamento estabelecido para essa enfermidade potencialmente fatal.2 Descrevemos um paciente que apresentou DMH associado à provável síndrome de ativação macrofágica (SAM) e ressaltamos a relevância de seu reconhecimento. Trabalho realizado no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (B.E.R.G. Bica). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 4 – 3 1 7 315 Relato de caso Paciente de 28 anos, masculino, previamente hígido, admitido no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, devido a quadro cutâneo iniciado após o uso de amoxicilina para tratamento de abscesso dentário. Apresentava lesões cutaneomucosas ulceronecróticas e crostosas em membros e tronco, associadas a febre alta contínua, emagrecimento, diarreia, edema difuso de face (fig. 1) e hepatomegalia volumosa. Foi amplamente investigado durante a internação, permanecendo com diagnóstico de febre de origem obscura, com acompanhamento ambulatorial após melhora com sintomáticos, antibiótico e prednisona (1 mg/kg/dia). O paciente foi reinternado após 15 dias, com insuficiência cardíaca congestiva tendo como causa miocardite viral, mantendo picos febris. Apresentava apenas lesões cutâneas hipocrômicas residuais. Após compensação cardíaca e antibioticoterapia (pneumonia associada), apresentou melhora clínica. O paciente foi novamente internado, 30 dias depois, com reaparecimento de lesões cutâneas ulceronecróticas (fig. 2), febre alta, icterícia, náuseas e prostração. Sorologias virais e bacterianas, culturas, coagulograma e exames de imagem mostraram resultados inespecíficos. A biópsia cutânea revelou padrão liquenoide e necrose de ceratinócitos com alterações típicas de pitiríase liquenoide aguda. Esses dados, associados a febre alta e manifestações sistêmicas, corroboraram a hipótese diagnóstica de DMH. O paciente evoluiu com insuficiência hepática, hiperferritinemia, bicitopenia (séries branca e megacariocítica) e piora do estado geral, progredindo para torpor e coma. Foi transferido para a Unidade Intensiva com a hipótese de SAM. Instituiu-se suporte clínico, antibioticoterapia e pulsoterapia com metilprednisolona 500 mg por três dias consecutivos. O mielograma e a biópsia de medula não detectaram hemofagocitose na amostra naquela ocasião. Apesar da melhora das lesões cutâneas e da febre, o paciente cursou com pancreatite aguda, sepse pulmonar, insuficiência renal e choque refratário, evoluindo com disfunção múltipla dos órgãos e óbito após 45 dias de internação. Figura 1 – Paciente na primeira internação apresentando edema difuso de face associado a lesões ulceronecróticas em pele e mucosa. Figura 2 – Lesões ulceronecróticas em região dorsal do paciente (aspecto da lesão de coloração branca se deve à utilização de pasta d’água). Discussão 3 4 Mucha e Habermann descreveram, em 1916 e em 1925, respectivamente, uma forma de pitiríase liquenoide caracterizada por início abrupto de erupções pápulo-vesiculares, denominada pitiríase liquenoide e varioliforme aguda (PLEVA). A DMH foi descrita por Degos et al.1 em 1966, com relato de dois casos com quadro grave intitulado “Parapsoríase Ulceronecrótica Hipertérmica”.2,5 É considerada uma grave variante da PLEVA e se apresenta com lesões polimórficas, ulceronecróticas e crostosas em pele e mucosas, associadas a febre alta e a manifestações sistêmica.2,6,7 Sua etiologia permanece controversa e desconhecida, porém acredita-se estar relacionada a agentes infecciosos ou deposição de imunocomplexos. Os agentes infecciosos provavelmente envolvidos são: adenovírus, Epstein-Barr vírus, Toxoplasma gondii, Parvovírus B19, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes e Pseudomonasaeruginosa.7 Também tem sido proposto mecanismo relacionado a distúrbio linfoproliferativo clonal de linfócitos.8-11 Há predomínio do gênero masculino, com maior incidência em crianças, adolescentes ou adultos jovens. A idade média observada foi de 27 anos, variando de 4 a 82 anos.12 A alteração cutânea da PLEVA geralmente antecede o curso agudo e grave da doença.12-14 As lesões são caracteristicamente polimórficas, ulceronecróticas, crostosas e disseminadas, frequentemente se infectam secundariamente e tendem a se resolver com cicatriz hipocrômica. As mucosas oral, genital e conjuntival também podem ser acometidas.11 As manifestações sistêmicas descritas incluem disfunção hepática e gastrointestinal, linfadenopatia, pancitopenia, cardiopatia, coagulação intravascular disseminada, pneumonite intersticial, comprometimento do sistema nervoso central e manifestações reumatológicas,13 conforme observamos em nosso paciente. A elucidação diagnóstica é fundamentada pela presença de febre alta, clínica característica, alterações cutâneas 316 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 4 – 3 1 7 típicas e biópsia da pele compatível com PLEVA, como infiltrados inflamatórios linfocitários perivasculares na derme superficial, com exocitose epidérmica de restos de linfócitos e escamas paraceratósicas, com acúmulo de células inflamatórias entre as diferentes camadas.11,14 Leucocitose, elevação de proteína C-reativa (PCR) e velocidade de hemossedimentação (VHS), hipergamaglobulinemia e hipoproteinemia são comumente observadas durante o curso da patologia.13 As principais alterações laboratoriais do paciente discutido foram pancitopenia, PCR e VHS elevados, hipoalbuminemia e ferritina acima de 1.430 ng/dL (referência: 5–148 ng/dL). O prognóstico é pior nos adultos, com 33% de mortalidade – o relato de morte em crianças é inexistente.11 O óbito geralmente é devido à pneumonia, sepse, tromboembolismo pulmonar, insuficiência cardíaca, choque hipovolêmico e trombose maciça de artéria mesentérica superior.8,11 Embora várias modalidades terapêuticas tenham sido relatadas até o momento, ainda não há tratamento definitivo recomendado para todos esses pacientes.11 A maioria é tratada com múltiplas opções terapêuticas, incluindo glicocorticoides sistêmicos, antibióticos, aciclovir, metotrexato, fototerapia, imunoglobulina, ciclosporina13 e dapsona, refletindo a grande dificuldade no manejo desses pacientes. Estudos mais recentes descrevem sucesso com uso de metotrexato associado à pulsoterapia com metilprednisolona.9 A efetividade da terapia é de difícil mensuração, já que o número de casos relatados é escasso.11,13 Terapia intensiva, tratamento de suporte e das superinfecções usualmente são requeridos devido à gravidade da patologia. Agentes antifator de necrose tumoral-α (TNF-α) poderão ser terapia de primeira linha no futuro, já que altos títulos de TNF-α têm sido verificados nesses pacientes. No entanto, mais estudos são necessários para esclarecer essa observação.13 Descrevemos um caso que inicialmente permaneceu com diagnóstico de febre de origem obscura apesar de extensa investigação. Associando febre alta persistente, observação de lesões cutâneas ulceronecróticas disseminadas, juntamente com achado anatomopatológico típico na biópsia cutânea, corroboramos o diagnóstico de DMH. O paciente, porém, evoluiu com alterações típicas de SAM, como hiperferritinemia, febre, bicitopenia, torpor, disfunção hepática e sanguínea. Apesar da não evidência de hemofagocitose na biópsia de medula, essa hipótese diagnóstica não foi afastada, já que nas fases iniciais é possível achado inespecífico na medula óssea.14,17 O paciente apresentou diversas complicações, como sepse pulmonar, pancreatite aguda, insuficiência hepática e renal, evoluindo a óbito, apesar da antibioticoterapia de largo espectro, pulsoterapia com metilprednisolona e terapia de suporte em unidade intensiva.17,18 Não encontramos associação entre DMH e SAMna literatura, como constatado em nosso paciente. Ressaltamos a similaridade dos gatilhos das duas patologias, que talvez no futuro venham a ser relacionadas. Conclusão Embora rara, devemos considerar essa patologia potencialmente fatal diante de pacientes com febre alta, lesões cutâ- neas ulceronecróticas e manifestações sistêmicas. A biopsia cutânea é valiosa nesses casos. A raridade e a dificuldade no manejo dessa enfermidade reforça a importância de troca de experiência sobre esses pacientes. Conflitos de interesse Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse. REFERÊNCIAS 1. Degos R, Duperrat B, Daniel F. Le Parapsoriasis ulceronecrotique hyperthermique. Ann Dermatol Syphiligr 1966;93(5):481-96. 2. Sotiriou E, Patsatsi A, Tsorova C, Lazaridou E, Sotiriadis D. Febrile ulceronecrotic Mucha-Habermann disease: a case report and review of the literature. Acta Derm Venereol 2008;88(4):350-5. 3. Mucha V. Ubereinen der Parakeratosisvariegata (Unna) bzw. Pityriasis lichenoides chronica (Neisser-Juliusberg) nahestehendeneigentumlichen fall. Arch DermatolSyph. 1916;132:586-92. 4. Habermann, R. Über die akut Verlaufende, nekrotisierende Unterart der pityriasis lichenoides (Pityriasis lichenoides et varioliformis acuta). Dermatol Zeitschr. 1925;45:42-8. 5. Klein PA, Jones EC, Nelson JL, Clark RA. 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R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 8 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Errata Errata de Diretrizes para o diagnóstico da artrite reumatoide Licia Maria Henrique da Motaa,*, Bóris Afonso Cruza, Claiton Viegas Brenola, Ivânio Alves Pereiraa, Lucila Stange Rezende-Fronzaa, Manoel Barros Bertoloa, Max Vitor Carioca Freitasa, Nilzio Antônio da Silvaa, Paulo Louzada-Juniora, Rina Dalva Neubarth Giorgia, Rodrigo Aires Corrêa Limaa, Ronaldo Adib Kairallab, Alexandre de Melo Kawassakib, Wanderley Marques Bernardoc, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiroa a Sociedade Brasileira de Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Brasília, DF, Brasil c Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil b No artigo original “Diretrizes para o diagnóstico da artrite reumatoide” (Rev Bras Reumatol 2013;53(2):141-157), onde se lê: Diretrizes para o diagnóstico da artrite reumatoide Sociedade Brasileira de Reumatologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Colégio Brasileiro de Radiologia Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil Participantes Licia Maria Henrique da Mota*, Bóris Afonso Cruz, Claiton Viegas Brenol, Ivânio Alves Pereira, Lucila Stange Rezende-Fronza, Manoel Barros Bertolo, Max Vitor Carioca Freitas, Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior, Rina Dalva Neubarth Giorgio,Rodrigo Aires Corrêa Lima, Ronaldo Adib Kairalla, Alexandre de Melo Kawassaki,Wanderley Marques Bernardo, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro leia-se: Diretrizes para o diagnóstico da artrite reumatoide Licia Maria Henrique da Motaa,*, Bóris Afonso Cruza, Claiton Viegas Brenola,Ivânio Alves Pereiraa, Lucila Stange Rezende-Fronzaa, Manoel Barros Bertoloa, Max Vitor Carioca Freitasa, Nilzio Antônio da Silvaa, Paulo Louzada-Juniora, Rina Dalva Neubarth Giorgia, Rodrigo Aires Corrêa Limaa, Ronaldo Adib Kairallab, Alexandre de Melo Kawassakib, Wanderley Marques Bernardoc, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiroa a Sociedade Brasileira de Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Brasília, DF, Brasil c Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil b * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (L.M.H Mota). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 9 , 3 2 0 REVISTA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br Errata Errata de Diretrizes para o tratamento da artrite reumatoide Licia Maria Henrique da Motaa,*, Bóris Afonso Cruza, Claiton Viegas Brenola, Ivânio Alves Pereiraa, Lucila Stange Rezende-Fronzaa, Manoel Barros Bertoloa, Max Vitor Carioca Freitasa, Nilzio Antônio da Silvaa, Paulo Louzada-Juniora, Rina Dalva Neubarth Giorgia, Rodrigo Aires Corrêa Limaa, Wanderley Marques Bernardob, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiroa a b Sociedade Brasileira de Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil No artigo original “Diretrizes para o tratamento da artrite reumatoide” (Rev Bras Reumatol 2013;53(2):158-183), onde se lê: Diretrizes para o tratamento da artrite reumatoide Sociedade Brasileira de Reumatologia Projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil Participantes Licia Maria Henrique da Mota*, Bóris Afonso Cruz, Claiton Viegas Brenol, Ivânio Alves Pereira, Lucila Stange Rezende-Fronza, Manoel Barros Bertolo, Max Vitor Carioca Freitas, Nilzio Antônio da Silva, Paulo Louzada-Junior, Rina Dalva Neubarth Giorgio, Rodrigo Aires Corrêa Lima, Wanderley Marques Bernardo, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro leia-se: Diretrizes para o tratamento da artrite reumatoide Licia Maria Henrique da Motaa,*, Bóris Afonso Cruza, Claiton Viegas Brenola, Ivânio Alves Pereiraa, Lucila Stange Rezende-Fronzaa, Manoel Barros Bertoloa, Max Vitor Carioca Freitasa, Nilzio Antônio da Silvaa, Paulo Louzada-Juniora, Rina Dalva Neubarth Giorgia, Rodrigo Aires Corrêa Limaa, Wanderley Marques Bernardob, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiroa a b Sociedade Brasileira de Reumatologia, São Paulo, SP, Brasil Associação Médica Brasileira, São Paulo, SP, Brasil Na página 169, onde se lê: O tratamento de pacientes com AR pode ser realizado com DMCD biológicas anti-TNF, incluindo adalimumabe (40 mg via SC a cada 2 semanas), certolizumabe (400 mg via SC a cada 2 semanas, nas semanas 0, 2 e 4, e, após, 200 mg a cada 2 semanas ou 400 mg a cada 4 semanas ou mensalmente), etanercepte (50 mg via SC a cada 2 semanas ), golimumabe (50 mg via SC a cada 4 semanas ou mensalmente) ou infliximabe (3 mg/kg via IV nas semanas 0, 2 e 6, e após a cada 8 semanas). * Autor para correspondência. E-mail: [email protected] (L.M.H Mota). 0482-5004/$ - see front matter. © 2013 Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. 320 R E V B R A S R E U M AT O L . 2 0 1 3 ; 5 3 ( 3 ) : 3 1 9 , 3 2 0 leia-se: O tratamento de pacientes com AR pode ser realizado com DMCD biológicas anti-TNF, incluindo adalimumabe (40 mg via SC a cada 2 semanas), certolizumabe (400 mg via SC a cada 2 semanas, nas semanas 0, 2 e 4, e, após, 200 mg a cada 2 semanas ou 400 mg a cada 4 semanas ou mensalmente), etanercepte (50 mg via SC semanalmente ), golimumabe (50 mg via SC a cada 4 semanas ou mensalmente) ou infliximabe (3 mg/kg via IV nas semanas 0, 2 e 6, e após a cada 8 semanas). Na página 172, tabela 5, onde se lê: Tabela 5 – Medidas de ACR50 e DAS-28 expressas pelo benefício estimado por meio do Número Necessário para Tratar (NNT). Índice Golimumabe Adalimumabe Etanercept Infliximabe Certolizumabe Rituximabe Tocilizumabe Abatacepte Estado da atividade de doença 50 mg 40 mg 50 mg 3 mg/kg 200 mg 1000 mg 8 mg/kg 500–1000 mg Pontos de corte 24 semanas 52 semanas 52 semanas 22 semanas 52 semanas 52 semanas 24 semanas 52 semanas NNT ACR50 DAS-28 10 3 5 5 3 6 3 11 7 5 5 6 6 5 4 10 Leia-se: Tabela 5 – Medidas de ACR50 e DAS-28 expressas pelo benefício estimado por meio do Número Necessário para Tratar (NNT). Biológico Golimumabe Adalimumabe Etanercept Infliximabe Certolizumabe Rituximabe Tocilizumabe Abatacepte Dose 50 mg 40 mg 50 mg 3 mg/kg 200 mg 1000 mg 8 mg/kg 500–1000 mg Tempo 24 semanas 52 semanas 52 semanas 22 semanas 52 semanas 52 semanas 24 semanas 52 semanas NNT ACR50 DAS-28 10 3 5 5 3 6 3 11 7 5 5 6 6 5 4 10