UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE NUTRIÇÃO AMANDA BIANCHINI EFEITOS DE DIETAS RICAS EM PROTEÍNAS NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL CRICIÚMA, JULHO DE 2009 AMANDA BIANCHINI EFEITOS DE DIETAS RICAS EM PROTEÍNAS NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição. Orientadora: Profª Msc. Adriana Soares Lobo CRICIÚMA, JULHO DE 2009 ‘ AMANDA BIANCHINI EFEITOS DE DIETAS RICAS EM PROTEÍNAS NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Bacharel, no Curso de nutrição da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em saúde pública. Criciúma, 03 de julho de 2009. BANCA EXAMINADORA Prof.ª Adriana Soares Lobo - Mestre - (UNESC) - Orientadora Prof. Marco Antônio da Silva - Mestre - (UNESC) Prof.ª Maria Cristina Gonçalves de Souza - Mestre - (UNESC) 9 Dedico este trabalho, aos meus pais Marcos e Vanda, a meu irmão Felipe e ao meu namorado Silvio, que sempre me apoiaram em minhas decisões. 10 AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por me colocar nos caminhos que devo seguir. À minha orientadora Adriana Soares Lobo, que me auxiliou na realização deste trabalho. Ao professor Marco Antônio da Silva, pela gentileza de fornecer artigos e livro e por ter aceitado participar da banca examinadora. A professora Maria Cristina Gonçalves de Souza, por ter aceitado participar da banca examinadora. A minha família e meu namorado por terem me escutado, compreendido e auxiliado nos momentos mais difíceis da realização deste. Muito Obrigada! 11 “Deixe o alimento ser sua medicina e a medicina ser seu alimento” Hipócrates 12 RESUMO A obesidade é uma doença crônica resultante de um balanço energético positivo por um grande período, ocasionando assim, um acúmulo de gordura corporal. O tratamento dessa patologia de origem multifatorial inclui dieta, atividade física e intervenções farmacológicas. Algumas estratégias dietéticas preconizadas para a perda de peso no tratamento da obesidade baseiam-se nos princípios de uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos. No entanto, a popularidade dessas dietas que promovem grande ingestão de proteínas e conseqüente restrição de carboidratos é motivo de preocupação para os profissionais de saúde, devido à falta de evidencias científicas que apóiem as suas reivindicações e as conseqüências para a saúde a longo prazo. Este estudo teve por objetivo descrever os efeitos de dietas ricas em proteínas na redução de peso corporal. Para tal, foi realizado um levantamento em livros acerca do assunto e artigos científicos. Muitas das dietas populares hiperprotéicas promovem a ingestão de 71 a 162 gramas ou 28 a 64% de energia diariamente. Dentre os tipos de dietas hiperprotéicas, a mais conhecida é a Dieta de Atkins, que preconiza o consumo de alimentos ricos em gorduras, como carnes vermelhas, queijos e derivados, embutidos e etc, com concomitante redução dos carboidratos. Defensores das dietas hiperprotéicas colocam que o excesso de carboidratos resulta em elevados níveis de insulina e, conseqüente, armazenamento de gordura e outras alterações metabólicas. Ademais, esses macronutrientes estimulariam a liberação de insulina abolindo a quebra e a oxidação das gorduras. Todavia, o ganho de peso só aconteceria se existisse um balanço energético positivo. Outro possível efeito das dietas ricas em carboidrato seria a maior termogênese provocado pelo consumo de proteínas, o que para alguns autores, representaria um aumento insignificante. Por fim, as dietas hiperprotéicas também são defendidas pelo fato da proteína ser um nutriente que aumentaria a saciedade, diminuindo a ingestão de alimentos, promovendo balanço energético negativo. Em virtude da segurança a saúde, estas dietas excluem alguns grupos alimentares da alimentação, que mantidos por longo tempo podem acarretar carências nutricionais. Ademais, as dietas ricas em proteínas não restringem a quantidade de gordura que as acompanha, contribuindo dessa forma para possíveis mudanças desfavoráveis nos níveis lipídicos e no aumento do risco de doenças coronárias. Estas dietas permanecem controversas em relação à segurança e a eficácia quanto ao poder de emagrecimento a longo prazo. Palavras-chaves: Dieta. Proteína. Carboidrato. Emagrecimento. Hiperprotéica. Hipoprotéica. 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................9 2 OBESIDADE ..........................................................................................................12 2.1 DEFINIÇÃO .....................................................................................................12 2.2 CAUSAS ..........................................................................................................13 2.2.1 FATORES GENÉTICOS ...........................................................................13 2.2.2 FATORES AMBIENTAIS...........................................................................14 2.2.2.1 HÁBITOS ALIMENTARES .....................................................................15 2.2.2.2 SEDENTARISMO.....................................................................................16 2.3 CONSEQUÊNCIAS .........................................................................................16 2.4 TRATAMENTO ................................................................................................17 2.4.1 DIETA........................................................................................................18 2.4.2 ATIVIDADE FÍSICA...................................................................................20 2.4.3 INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS ...................................................20 2.4.4 MÉTODOS CIRÚRGICOS ........................................................................21 3 DIETAS HIPERPROTÉICAS .................................................................................23 4 DIETAS HIPERPROTÉICAS E PERDA DE PESO CORPORAL ..........................25 5 EFEITOS DAS DIETAS HIPERPROTÉICAS NO ORGANISMO: POSSÍVEIS MECANISMOS DE REDUÇÃO DO PESO CORPORAL ..........................................27 5.1 DIETAS HIPERPROTÉICAS E INSULINEMIA ................................................27 5.2 DIETAS HIPERPROTÉICAS E EFEITO TÉRMICO DO ALIMENTO ...............28 5.3 DIETAS HIPERPROTÉICAS E SACIEDADE ..................................................30 6 DIETAS HIPERPROTÉICAS E SAÚDE.................................................................33 7 CONCLUSÃO ........................................................................................................36 REFERÊNCIAS.........................................................................................................38 14 1 INTRODUÇÃO O termo dieta é mal utilizado e na maioria das vezes associado à privação de alimentos ou a castigo. A palavra dieta é de origem grega, cujo significado é “manter-se saudável” e “qualidade de vida” (LOTTENBERG, 2006). A palavra dieta significa plano ou programa alimentar que tem como objetivo fornecer todas as recomendações nutricionais para um indivíduo, durante um determinado tempo, com o intuito de proporcionar uma alimentação balanceada e saudável (FAUSTO, 2003). Para Santos (2007), uma dieta deve ter como objetivo fornecer toda a necessidade de nutrientes, sendo diferente para cada indivíduo, com o objetivo de manter as funções fisiológicas e motoras do ser humano. São os nutrientes adquiridos através da alimentação que fornecem energia, ajudam a combater e prevenir doenças e contribuem para o funcionamento de diversos órgãos. Segundo Stürmer (2002), todos os nutrientes são importantes à saúde e por isso, geralmente não se deve aumentar o consumo de alguns e diminuir o consumo de outros para não acarretar futuramente, doenças ocasionais devido a excessos ou carências nutricionais. Em relação aos excessos nutricionais, cabe destacar que a obesidade vem se tornando um problema de saúde pública, alcançando proporções de epidemia mundial. As causas da obesidade são múltiplas (SAMPAIO; SABRY, 2007), e seu tratamento envolve mudanças comportamentais, incluindo a prática de dietas. Ano após ano, “dietas da moda” que tem por objetivo a perda de peso surgem em revistas, livrarias e internet “circulando” na sociedade e deixando o público na expectativa de emagrecimento a cada nova fórmula milagrosa que surge. A adesão para estas dietas é grande, inicialmente, mas a continuidade não é mantida a longo prazo, por não retratarem o cotidiano do público alvo (LOTTENBERG, 2006). 15 Quando não há mudanças no estilo de vida do indivíduo que adota uma dieta, seja ela qual for, aumentam as possibilidades de que o peso perdido seja recuperado, fato que reforça a desistência no cumprimento do plano alimentar proposto pela dieta (HILL, 2001 apud VIUNISKI, 2007). Segundo Whitney e Rolfes (2008), as recomendações referentes às dietas devem ser resultados de vários anos de pesquisa sólida e que tenham sido revisadas por cientistas antes de serem oferecidas ao público interessado. Independente do nome da dieta, grande parte das “dietas da moda” preconiza os princípios de uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos. As dietas ricas em proteínas “aparecem” regularmente com vários disfarces como sendo a melhor maneira de perder peso (WHITNEY; ROLFES, 2008). Os nomes destas dietas são muitos, como a Nova Dieta Revolucionária do Dr. Atkins, a dieta da Zona, a dieta de South Beach, a dieta Low-Carbo (pobre em carboidratos), dentre outros. Em relação à aceitação de dietas populares, ricas em proteínas, ainda existe a necessidade de avaliar as intervenções dietéticas em relação à sua segurança e os efeitos metabólicos adversos (LARA-CASTRO; GARVEY, 2004). Muitas organizações profissionais, como a American Dietetic Association e a Heart Association, alertam contra o uso de dietas pobres em carboidratos (BRAVATA et al, 2003). Este estudo teve por objetivo descrever os efeitos de dietas ricas em proteínas na redução de peso corporal. O estudo se caracteriza como do tipo bibliográfico. Para tal, foi realizado um levantamento em livros acerca do assunto e artigos científicos em bases de dados Scielo, ABESO, PubMed, Jama, utilizando como palavraschave os termos: low-carbohydrate, high protein, dieta e dieta do Atkins. O trabalho está estruturado da determinada forma: - Primeiro Capítulo: Introdução; - Segundo Capítulo: Obesidade, descrevendo a sua definição, as causas, as consequências e tratamento; - Terceiro Capítulo: Dietas hiperprotéicas; - Quarto Capítulo: Dietas hiperprotéicas e peso corporal; 16 - Quinto Capítulo: Efeitos das dietas hiperprotéicas no organismo: possíveis mecanismos de redução de peso corporal, descrevendo mecanismo como a insulinemia, efeito térmico do alimento e saciedade; - Sexto Capítulo: Dietas hiperprotéicas e saúde; - Sétimo Capítulo: Conclusão. Este estudo justifica-se uma vez que as dietas radicais estão cada vez mais disponíveis para o público, variando na forma e no nome respectivo, porém mantém sempre o mesmo tema, ou seja, emagrecer sem sacrifício e eleger alguns alimentos como vilões (LOTTENBERG, 2006). A popularidade dos livros de dietas que promovem grande ingestão de proteínas e conseqüente restrição de carboidratos é motivo de preocupação para os profissionais de saúde, devido à falta de evidencias científicas que apóiem as suas reivindicações e as conseqüencias para a saúde a longo prazo (KENNEDY et al, 2001; FREEDMAN, 2000 apud JEOR et al, 2001). Parece não existir qualquer justificativa admissível para a exclusão de carboidratos da alimentação, especialmente as frutas e hortaliças. Pois os carboidratos são fontes primárias de energia, são ricos em fibras, promovem saciedade e possuem outras funções essenciais ao nosso organismo. Os alimentos fonte de carboidratos proporcionam vitaminas e minerais, sendo estes, nutrientes essenciais que participam de importantes reações metabólicas (LOTTENBERG, 2006). 17 2 OBESIDADE 2.1 DEFINIÇÃO A obesidade é uma doença crônica resultante de um balanço energético positivo (consumo energético maior que o gasto energético) por um grande período, ocasionando assim, um acúmulo de gordura no tecido adiposo (SAMPAIO; SABRY, 2007). A obesidade é representada pelo aumento do peso corporal e pelo aumento excessivo de massa adiposa localizada em muitos tecidos corporais (DÂMASO, 1995; GAVIN; GOLAY; RISSANEN, 1998; TADDEI, 1993; ZANCHETTI, 1999 apud DÂMASO, 20001). Parra Farret (2005), esse excesso de massa adiposa em relação ao peso corporal total pode acarretar problemas para a saúde posteriormente. Guedes e Guedes (2003) conceituam a obesidade como sendo o acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo, podendo ser regionalizado ou presente em todo o corpo, desencadeado por fatores ligados aos aspectos endócrino-metabólicos e/ou ambientais. Para Mahan e Escott-Stump (2005), a obesidade é caracterizada como o estado de adiposidade em que a gordura corporal está acima do ideal, correspondendo a um índice de massa corporal de 30 a 39,9. Farret (2005) diz que para o diagnóstico da doença é utilizado freqüentemente o Índice de Massa Corporal (IMC). Porém, o IMC avalia somente a massa corporal total, não diferenciando a massa gorda da massa livre de gordura (DANIELS; KHOURY; MORRISON, 1997 apud FARRET, 2005). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é caracterizada como sendo uma epidemia devido ao rápido crescimento global da sua prevalência (LOTTENBERG, 2006). 18 2.2 CAUSAS As causas para o ganho de peso a longo prazo que originam a obesidade são múltiplas (SAMPAIO; SABRY, 2007). Existem os fatores genéticos e os ambientais (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). A hereditariedade e o meio ambiente induzem tanto a entrada como o gasto de energia (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). 2.2.1 FATORES GENÉTICOS Para Sampaio e Sabry (2007), os fatores genéticos influenciam diretamente o aparecimento da obesidade, pois em torno de 25 a 40% da obesidade e 50 a 60% da distribuição de gordura corporal podem ser resultados da herança genética. Segundo Coutinho (2007), os novos hábitos alimentares e o sedentarismo, atuantes sobre os genes suscetíveis são os fatores principais que determinam o crescimento da obesidade. A genética influencia o aparecimento da obesidade através da susceptibilidade aos genes. Tais genes parecem aumentar o risco de desenvolver tal característica, porém, não são suficientemente essenciais para explicar o distúrbio (BOUCHARD et al, 1990 apud FARRET, 2005). Mahan e Escott-Sump (2005) afirmam que vários fatores hormonais e neurais, envolvidos na regulação do peso corporal normal são determinados geneticamente, como à distribuição regional de gordura corporal, o número e o tamanho das células de gordura e a taxa metabólica basal (TMB). Estes fatores abrangem sinais de curto e longo prazo que delimitam os atos de alimentação e de saciedade. Existem indicações de que o componente genético age sobre o gasto energético, consequentemente sobre a taxa metabólica basal (BARON, 1995; GRUNDY, 1998 apud FRANCISCHI et al 2000). 19 Em estudos com gêmeos é suportada a hipótese de que há susceptibilidade aos genes, pois pares de gêmeos foram expostos a um balanço energético positivo ou negativo (BOUCHARD et al, 1990 apud FARRET, 2005). Farret (2005) diz ainda que os estudos sugerem que as diferenças na susceptibilidade genética, na população, delimitam indivíduos que são mais propensos a se tornarem obesos diante de determinadas circunstâncias ambientais. Segundo Williams (2002), indivíduos predispostos, geneticamente, à obesidade não têm que ser obesos necessariamente, da mesma maneira que indivíduos com uma pequena tendência à obesidade podem vir a se tornar indivíduos obesos. Apesar da predisposição à obesidade, pode-se chegar ao peso corporal desejado através de dieta e de exercícios físicos apropriados, pois o estilo de vida influencia diretamente no controle do peso corporal. Para Angelis (2003), os indivíduos recebem o componente genético ao mesmo tempo em que recebem os hábitos tradicionais da família, abrangendo os de conduta de atividade física e alimentar. Segundo Farret (2005), o efeito da genética existe, porém este será modificado pelos fatores ambientais. 2.2.2 FATORES AMBIENTAIS Existem fortes evidências que propõem que os padrões de dietas e de atividades físicas sejam as causas primárias dos problemas relacionados ao peso corporal nas sociedades industriais e que há uma discrepância entre nossa constituição genética e nosso estilo de vida (FOREYT; POSTON, 1997 apud MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). 20 2.2.2.1 HÁBITOS ALIMENTARES Segundo Williams (2002), um dos fatores mais importantes que predispõe a obesidade é a ingestão excessiva de calorias, sobretudo de gordura. As teorias que insinuam um desequilíbrio do ganho de energia estão geralmente associadas aos fatores que influenciam o apetite, a fome e a saciedade (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2005). Considera-se que atualmente em relação a valores quantitativos, a demanda energética corresponde em média de 800 kcal diárias a menos do que há duas décadas; porém o consumo energético vem crescendo rapidamente. Acredita-se que os hábitos alimentares de hoje venham contribuindo por volta de 750 kcal por dia a mais que os adotados pela sociedade nos anos 70 (JAMES, 1995 apud Guedes; Guedes, 2003). O consumo calórico mais elevado não é a única modificação detectada em relação aos hábitos alimentares de indivíduos adultos; confirmando também alterações na proporção dos nutrientes que consistem as dietas atuais (BROWNELL, 1992 apud Guedes; Guedes, 2003). Referente à freqüência alimentar, o baixo número de refeições provoca a hipertrofia do estômago e do intestino delgado, podendo contribuir para o ganho de peso (COHN, 1959 apud OLIVEIRA; SICHIERI, 2004). Segundo Jebb (1997), indivíduos que ingerem maior número de refeições pequenas durante o dia, apresentam peso corporal menor que indivíduos que ingerem grandes refeições com menor freqüência (FRANCISCHI et al 2000). Relacionado à variedade na alimentação, quanto maior a variedade maior será a ingestão individual. Pois existe a apreciação sobre os alimentos, fazendo com que o indivíduo consuma-os até a sensação de saciedade (SAMPAIO; SABRY, 2007). O elevado teor de gordura saturada na alimentação do homem moderno vem crescendo através da substituição das preparações realizadas em casa pelas industrializadas, sendo estas de maior densidade energética (Guedes; Guedes, 2003). 21 2.2.2.2 SEDENTARISMO Para Sampaio e Sabry (2007), outra causa freqüente que favorece o aparecimento da obesidade é a baixa atividade física, pois esta é fundamental na regulação de peso corporal. As facilidades que existem decorrentes da tecnificação do trabalho, lar, transporte, comunicação e lazer; contribuem para o sedentarismo diário de cada indivíduo favorecendo dessa forma ao ganho de peso (BLAIR, 2002 apud SAMPAIO; SABRY, 2007). Decorrente a urbanização, existe um grande tráfego de automóveis aliado à falta de segurança dos bairros de subúrbio, tornando as populações de mais baixa renda vulneráveis ao sedentarismo e à obesidade (EWING; CERVERO, 2001 apud COUTINHO, 2007). Tanto a atividade física como o exercício físico, constitui um fator importante na prevenção do excesso de peso (WILLIAMS, 2002). O aumento do exercício físico pode proporcionar um déficit de energia até sem a combinação com uma dieta, e pode se esperar que o exercício diminua o peso por volta de dois a três quilogramas, dependendo da intensidade, duração e tipo de atividade (BLAIR, 1993 apud MAHAN; ESCOTTSTUMP, 2005). Para Farret (2005), todos esses fatores junto aos hábitos alimentares familiares e ao ambiente social e profissional (estresse, isolamento, depressão etc.) contribuem para o desenvolvimento da obesidade em indivíduos predispostos. 2.3 CONSEQUÊNCIAS A obesidade e suas comorbidades, como as doenças cardiovasculares e a síndrome metabólica, tem sido um dos maiores desafios biomédicos nas últimas décadas (SARIS; DIÓGENES, 2005 apud VIUNISKI, 2007). 22 Guedes e Guedes (2003) argumentam que o controle do peso corporal é de grande importância para o homem nos dias de hoje. Pois existe maior preocupação com a saúde, devido a um conjunto de doenças associadas ao excesso de peso, que leva à mortalidade e a preocupação com a aparência, objetivando prestígio social ou econômico. A obesidade central (gordura localizada predominantemente na região abdominal) junto à intolerância a glicose, hipertensão, hipertrigliceridemia e baixo HDL-colesterol vêm sendo nomeados de “Síndrome Metabólica” ou “Síndrome X” (GINSBERG, 2003; THOMPSON, 2002 apud SAMPAIO; SABRY, 2007). A obesidade é um dos fatores principais de risco para doenças cardiovasculares (NATIONALHEART, 2003 apud SAMPAIO; SABRY, 2007). Segundo Guedes e Guedes (2003), indivíduos obesos geralmente apresentam níveis elevados de pressão arterial, grandes concentrações de lipoproteínas de baixa densidade (LDL-colesterol) e de muito baixa densidade (VLDL-colesterol) e baixas concentrações de lipoproteínas de alta densidade (HDL-colesterol) e aumento dos triglicerídeos plasmáticos. A obesidade pode causar problemas respiratórios, como dificuldade respiratória, apnéia durante o sono e propensão ao ronco (FERRANNINI et al, 1996 apud DÂMASO, 2001). A obesidade ainda pode acarretar em alterações metabólicas, que associadas a outras doenças crônico-degenerativas, podem levar o indivíduo à morte (BJÖRNTORP, 1993; MOLLER, 1994 apud DÂMASO, 2001). 2.4 TRATAMENTO O tratamento da obesidade tem como objetivo melhorar a qualidade de vida, o estado físico e a sobrevida de pacientes obesos (ROCKVILLE, 1999 apud FARRET, 2005). O tratamento é realizado de várias maneiras, incluindo dieta, atividade física, intervenções farmacológicas e métodos cirúrgicos (BRAY; TARTAGLIA, 2000 apud FARRET, 2005). 23 Para Suplicy (2006), um tratamento é considerado bom quando existe um programa alimentar adequado e que junto a este, o paciente consiga bons resultados em relação ao seu peso corporal. O tratamento contribui favoravelmente para a redução dos níveis de glicemia, de insulinemia, de hipertrigliceridemia, de pressão arterial e consequentemente, contribui para o aumento do HDL colesterol, melhora da função cardíaca e respiratória e ajuda a melhorar a auto-estima do paciente obeso. Segundo Guedes e Guedes (2003), reduzindo o peso corporal de indivíduos com sobrepeso ou obesidade, passa-se a prevenir ou diminuir os riscos de distúrbios crônicos degenerativos e os seus respectivos sintomas. 2.4.1 DIETA Suplicy (2006) estabelece que a dieta que o paciente obeso precisa ser submetido deve propor uma redução da ingestão calórica e satisfazer a fome. Segundo Melby e Hickey (2006), o balanço energético é a ligação entre o total de calorias consumida por meio dos alimentos, mais o total de calorias gastas no decurso de um período. Quando se realiza uma dieta é preciso estabelecer um balanço energético negativo, isto é, um consumo energético menor que o gasto energético, ou seja, o déficit, ocorrendo à perda dos estoques corporais de energia e redução de peso. Suplicy (2006) relata ainda que para se obter um melhor prognóstico a longo prazo é necessário que se faça uma dieta contendo um pequeno déficit energético, ocorrendo uma redução de 500 a 1000 Kcal por dia, correspondendo de meio a um quilograma por semana de perda de peso. Esse déficit energético proporciona uma melhor manutenção do peso perdido a longo prazo, quando comparadas a dietas mais restritas. Cuppari (2005) acrescenta, caso o plano moderado não tenha proporcionado resultados esperados em relação à perda de peso, passa-se para o plano de baixo valor energético. Este é caracterizado por uma 24 diminuição de 800 e 1200 kcal por dia ou entre 10 e 19 kcal/kg de peso desejável. A restrição calórica envolve transformações metabólicas como, diminuição do gasto energético de repouso, menores níveis de hormônios da saciedade e o acréscimo dos hormônios relacionados à fome, estes, atuando a longo prazo (MELBY; HICKEY, 2006). O plano de restrição de muito baixo valor energético estipula menos de 800 kcal diárias ou menos de 10 kcal/kg de peso desejável por dia. Dietas que delimitam rigorosamente o consumo energético são cientificamente perigosas para a saúde e em consequencia, levam a perda de grandes quantidades de água, eletrólitos, minerais e tecidos desprovidos de gordura (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1993 apud FRANCISCHI et al, 2000). Segundo Suplicy (2006), existe mais de 1200 livros expondo dietas populares prometendo resultados rápidos e eficazes. Farret (2005) afirma que nos últimos 50 anos, estiveram no auge as dietas pobres em carboidratos e gorduras e ricas em proteínas e fibras. Dietas ricas em proteínas e pobres em carboidratos têm sido recomendadas em muitos livros populares de dieta (ATKINS, 1992; SEARS; LAWREN, 1995 apud FARRET, 2005). Em relação às dietas ricas em gorduras e pobres em carboidratos, as mais populares são “A dieta do Dr. Atkins” e “A dieta de South Beach”. Similar à dieta cetogênica existe a dieta conhecida como “O ponto Z – a dieta”, rica em proteína e pobre em carboidratos (SUPLICY, 2006). Essas dietas serão mais bem discutidas posteriormente por serem consideradas dietas hiperprotéicas e utilizadas por muitos indivíduos com a finalidade de redução de peso corporal. 2.4.2 ATIVIDADE FÍSICA 25 A atividade física contribui significativamente para a redução de peso corporal (BOUCHARD, 1994; U.S., 1996 apud NAHAS, 1999). A prática regular de atividade física em conjunto a uma boa alimentação, resulta na forma mais saudável e eficaz para a perda de peso ou a sua manutenção (HARRIS, 1999; PHYSICAL, 1999 apud NAHAS, 1999). Para Stürmer (2002), o exercício físico protege contra doenças (reduz o risco de doenças cardíacas, combate a ansiedade e a depressão, fortalece os ossos, etc); ajuda a controlar o apetite (liberação de endorfina no sangue pelo corpo, auxiliando na sensação de saciedade); preserva a taxa metabólica (acelera o metabolismo, contribuindo para aumentar o gasto calórico); preserva e aumenta a musculatura (aumenta a perda de gordura, preservando e aumentando a massa muscular) e melhora alguns fatores psicológicos (alivia o estresse, a ansiedade). O exercício físico regular proporciona melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, diminuição na pressão arterial em indivíduos hipertensos, melhora da sensibilidade à insulina e da tolerância à glicose (DENGEL et al, 1998 apud FRANCISCHI et al, 2000). 2.4.3 INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS Existem muitos agentes farmacológicos objetivando a redução de peso corporal, dentre os principais, temos os inibidores de apetite que agem no sistema nervoso central, como as anfetaminas e seus derivados; as drogas que aumentam o gasto energético, sendo os hormônios tireoideanos e do crescimento; as drogas que agem na absorção de gorduras, como as biguanidas, as fibras e os inibidores enzimáticos; as que ativam lipólise, sendo a gonadotrofina coriônica; existem também os laxantes, os tranqüilizantes e os diuréticos (BRAY, 1993; GOLDSTEIN, 1994 apud GUEDES; GUEDES, 2003). Para o uso de fármacos só há indicação, quando o tratamento com dieta e exercício físico não apresentam bons resultados, apresentando índice 26 de massa corporal maior que 27 kg/m2 e havendo a presença de complicações (BRAY; TARTAGLIA, 2000 apud FARRET, 2005). Para Farret (2005), o tratamento com fármacos deve ser acompanhado por mudanças no estilo de vida, englobando as áreas de dieta, comportamento e exercício físico, objetivando a melhora da saúde em longo prazo dos pacientes que se submetem a este. Guedes e Guedes (2003) comentam que existem muitas complicações pouco conhecidas referentes aos fármacos, contudo não é recomendado o uso dessas drogas por longos períodos. 2.4.4 MÉTODOS CIRÚRGICOS As intervenções cirúrgicas são realizadas em casos de sobrepeso e obesidade. A execução da redução do estomago é feita em caso de obesidade mórbida e quando não existe outro método eficaz capaz de satisfazer o indivíduo obeso (KRAL, 1989 apud GUEDES; GUEDES, 2003). Farret (2005) expõe que a cirurgia bariátrica vem sendo satisfatória em relação à manutenção e perda de peso, contribuindo para a diminuição da comorbidade relacionada ao peso corporal. As cirurgias abrangem procedimentos que reduzem mecanicamente a capacidade de volume do estômago proximal ou a redução da capacidade gástrica junto a um grau estabelecido de uma má absorção parcial seletiva (BALSIGER et al, 2000 apud FARRET, 2005). Segundo Cuppari (2005), para que o tratamento seja eficaz é preciso que exista uma mudança na ingestão alimentar, objetivando uma dieta nutricionalmente adequada junto a um acompanhamento nutricional, objetivando assim, o sucesso do tratamento em longo prazo. Guedes e Guedes (2003) relatam outra intervenção cirúrgica, a execução de cirurgias plásticas, estas são efetivadas com a finalidade de recompor planos musculares subcutâneos e cutâneos devido a perdas significativas de peso corporal. 27 3 DIETAS HIPERPROTÉICAS Dietas hiperprotéicas vêm sendo propostas como “nova” estratégia para redução de peso corporal, apesar de populares desde a década de 60. Essas dietas parecem ser baseadas em alguns falsos conceitos acerca dos carboidratos, resistência à insulina, queima de gordura e cetose como mecanismo de ação para perda de peso (JEOR et al, 2001). A popularidade destas dietas se da a partir da palatabilidade da proteína (STILLMAN; BAKER, 1967; ATKINS, 1999; SEARS, 1995; EADES; EADES, 1996 apud JEOR et al, 2001). Muitas das dietas populares hiperprotéicas promovem a ingestão de 71 a 162 gramas ou 28 a 64% de energia diariamente, limitando severamente os carboidratos, correspondendo de sete a 56 gramas ou 3 a 16% de energia diariamente (STILLMAN; BAKER, 1967; ATKINS, 1999; SEARS, 1995; EADES; EADES, 1996; STEWARD et al, 1998 apud JEOR et al, 2001). Dentre os tipos de dietas hiperprotéicas, as mais conhecidas são “A Dieta do Dr. Atkins”, “A dieta de South Beach” e “A dieta da Zona” (SUPLICY, 2006). A dieta de Atkins é a mais famosa das dietas ricas em proteína e gordura e pobres em carboidrato, apresentando geralmente 25-30% de proteínas, 55-65% de gorduras e menos de 20% de carboidratos (BEYRUTI; MONEGAGLIA; RODRIGUES, 2002). Atkins publicou seu primeiro livro em 1972 e após vinte anos, o autor atualizou alguns conceitos e publicou o livro “A nova dieta revolucionária do Dr. Atkins”. O médico cardiologista Robert Atkins afirma ter observado os efeitos da sua dieta em pacientes cardiopatas, que obtiveram como resultado, a perda de peso. (BEYRUTI; MONEGAGLIA; RODRIGUES, 2002). Esta dieta preconiza somente o consumo de alimentos ricos em gorduras, como carnes vermelhas, queijos e derivados, embutidos e etc, com concomitante redução dos carboidratos (DANSINGER et al, 2005 apud LOTTENBERG, 2006). 28 A dieta de South Beach e a dieta da Zona apresentam uma composição moderada em carboidratos (40%), acrescida em proteínas (30%) e mais restrita em gorduras (30%) (VIUNISKI, 2007). Por sua vez, a dieta da Zona estimula o consumo de 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gorduras, sendo que os vegetais podem ser consumidos à-vontade e as frutas com moderação (SUPLICY, 2006). Esta dieta fornece aproximadamente 800-1200 calorias por dia (ESCOTT-STUMP, 2007). 29 4 DIETAS HIPERPROTÉICAS E PERDA DE PESO CORPORAL Ainda que exista um consenso de que a restrição calórica promove perda de peso, o efeito da variação da composição dos macronutrientes nestas dietas tem sido “alvo” de debates (JEOR et al, 2001). Durante anos, defensores de dietas da moda acreditam que a uma grande quantidade de proteína na dieta facilita a perda de peso (HALTON et al, 2004). Segundo Wing e Hiill (2001 apud MELBY; HICKEY, 2006) há muitos indivíduos que obtém êxito em manter a perda de peso por muitos anos, incluindo a restrição dietética, dieta pobre em gorduras e um envolvimento considerável em prática regular de exercícios. Estudos mostram que dietas ricas em proteínas podem facilitar a perda de peso, quando comparado a dietas pobres em proteínas no período de até seis meses, porém, a longo prazo, os dados são limitados (HALTON et al, 2004). Damsinger et al (2005 apud MELBY; HICKEY, 2006) concretizou um estudo para avaliar a eficácia de diferentes dietas populares (“Atkins”, “Ornish”, “vigilantes do Peso” e a “dieta 40:30:30”), sendo que não houve diferenças significativas na perda de peso entre os grupos após 12 meses. Melby e Hickey (2006) observaram que o melhor fator de previsão de perda de peso não foi o tipo de dieta, e sim a adesão à terapia nutricional, independente da dieta utilizada. Estudos têm mostrado que independente da composição da dieta, a perda de peso está diretamente relacionada à redução da ingestão calórica, sendo que a composição dos macronutrientes não influencia no emagrecimento (GOLAY et al, 1996; YANG; VAN ITALLIE, 1976 apud LARACASTRO; GARVEY, 2004). No estudo concretizado por Foster et al (2003 apud HALTON et al, 2004), com 63 homens e mulheres obesos que seguiram determinadas dietas no período de um ano, trinta e três indivíduos receberam informações sobre a dieta de “Atkins” e 30 receberam informações sobre uma dieta convencional pobre em gorduras (15% de proteína). O grupo que realizou a dieta de “Atkins” 30 perdeu, significativamente, mais peso no período de três a seis meses, porém ao longo de um ano, a perda foi igual nas duas dietas. Indícios sugerem que dietas ricas em proteínas podem ter efeitos benéficos em relação à perda de peso a curto prazo, porém a maioria dos estudos mostrou-se inconclusivos (HALTON et al, 2004). Da mesma forma, outros quatro estudos foram citados por Last et al (2006), verificando que dietas pobres em carboidratos no período de até seis meses resultou maior perda de peso que dietas pobres em gorduras. Porém a quantidade de peso perdido no decorrer de um ano não teve diferença significativa entre os dois grupos submetidos às dietas (FOSTER et al, 2003; STERN et al, 2004 apud LAST et al, 2006). Entretanto, um estudo de revisão realizado por Bravata et al (2003 apud LAST et al, 2006), foi observado que dietas de baixo carboidrato, a curto prazo, não foram mais eficazes na redução de peso do que dietas ricas em carboidratos, sendo que a perda de peso foi relacionada com o tempo de permanência na dieta e com a restrição calórica. Last et al (2006) afirma que perda de peso está diretamente relacionada ao valor calórico e a capacidade de manter a restrição calórica, sendo que as proporções dos nutrientes não interferem na redução de peso. Dietas ricas em proteínas e gorduras induzem cetose e conseqüente perda de peso, entretanto essa inicial perda de peso pode ser atribuída em parte ao efeito diurético do baixo consumo de carboidratos, seguido de perda de sódio e água e depleção de glicogênio (SPECIAL COMMITTEE ON NUTRITION, 1973 apud JEOR et al, 2001). O maior impacto para perda de peso á a restrição das calorias totais da dieta. Entretanto, para a manutenção de peso, a composição da dieta é de extrema importância (LOTTENBERG, 2006). 31 5 EFEITOS DAS DIETAS HIPERPROTÉICAS NO ORGANISMO: POSSÍVEIS MECANISMOS DE REDUÇÃO DO PESO CORPORAL 5.1 DIETAS HIPERPROTÉICAS E INSULINEMIA A insulina é um hormônio anabólico que participa do metabolismo de nutrientes do corpo e da regulação do peso corporal. Uma das suas funções é facilitar o transporte de glicose para dentro das células, o armazenamento de ácidos graxos, como a gordura, e sintetizar o colesterol (BRÜNING et al, 2000 apud WHITNEY; ROLFES, 2008). Quando as células do corpo não reagem as grandes quantidades de insulina bombeadas pelo pâncreas, o indivíduo desenvolve resistência a ela. Essa resistência à insulina não é consequência das proporções de carboidratos, de proteínas ou gorduras, e sim o resultado de um excesso de peso corporal. A resposta à insulina melhora quando o indivíduo perde peso (WHITNEY; ROLFES, 2008). A resistência à insulina é o resultado da obesidade ou do excesso de gordura e da inatividade física, sendo que este quadro pode ser revertido a partir de uma restrição calórica, de atividade física e conseqüente perda de peso reduzindo a resistência à insulina (DRENICK; BRICKMAN; GOLD, 1972; FACCHINI; COULSTON; REAVEN, 1996; TREMBLAY, 1995; YOST et al, 1998 apud JEOR et al, 2001). Defensores das dietas hiperprotéicas abordam que o excesso de carboidratos resulta em elevados níveis de insulina e, conseqüente, armazenamento de gordura e outras alterações metabólicas. Ademais, esses macronutrientes estimulariam a liberação de insulina abolindo a quebra e a oxidação das gorduras (JEOR et al, 2001). Boden et al (2005) realizaram um estudo com dez pacientes obesos com Diabetes tipo II no período de 22 dias, sendo que os pacientes foram submetidos a uma dieta habitual durante sete dias, seguido de uma dieta pobre em carboidratos (21 gramas de carboidratos por dia) durante 14 dias. Os pacientes apresentaram, após a realização da dieta pobre em carboidratos, 32 redução espontânea da ingestão energética, melhora da sensibilidade insulínica e melhor controle glicêmico e redução de peso corporal. Este estudo foi limitado devido à curta duração, ao pequeno número de participantes e a ausência de um maior controle sobre os participantes, sendo que os efeitos a longo prazo permanecem incertos em relação à saúde destes. Por outro lado, um estudo comparou quatro dietas populares (dieta do “Atkins”, dieta da “Zona”, dieta “Aprender” e dieta do “Ornish”), com diferentes composições de macronutrientes, com o objetivo de verificar os efeitos sobre a perda de peso e variações metabólicas em mulheres em estado de sobrepeso e obesidade no período de doze meses; referente às concentrações de insulina e glicose não foi verificado mudanças significativas (GARDNER et al, 2007). Lara-Castro e Garvey (2004) concluem que as alterações na composição da dieta podem facilitar a perda de peso e aumentar a sensibilidade insulínica. Entretanto, os autores completam afirmando que independente da composição da dieta, a perda de peso acontecerá com redução calórica. 5.2 DIETAS HIPERPROTÉICAS E EFEITO TÉRMICO DO ALIMENTO O efeito térmico dos alimentos representa o aumento do gasto energético relacionado à digestão, absorção e a assimilação de macronutrientes; representando aproximadamente 5-10% de gasto energético diário (MELBY; HICKEY, 2006). Quando existe uma menor ingestão energética via dieta, menos energia será necessária para digerir e assimilar os nutrientes, resultando em um menor efeito térmico dos alimentos (LEIBEL et al, 1995 apud MELBY; HICKEY, 2006). Para Westerterp, Wilson e Rolland (1999 apud HALTON et al, 2004) o efeito térmico pode estar relacionado à composição dos alimentos ingeridos. Em geral, o efeito térmico da proteína é de 20 a 35% de energia consumida e em relação ao carboidrato o efeito térmico cai entre 5 a 15%. 33 Existe uma teoria de que os indivíduos obesos possuem uma grande influência sobre o efeito térmico dos alimentos. Seis estudos foram mencionados neste artigo, comparando indivíduos magros e obesos, sendo que em três destes estudos (PITTET et al, 1976; SHETTY et al, 1981; WANG; STROUSE, 1924 apud HALTON et al, 2004) verificou-se diferenças no efeito térmico dos alimentos, relatando maior efeito térmico em virtude da proteína, e os outros três estudos não relataram diferenças significativas (SEGAL; GUTIN, 1983; SHARIEF; MACDONALD, 1982; WELLE; CAMPBELL, 1983 apud HALTON et al, 2004). Seria necessária uma investigação mais aprofundada referente a esta teoria (HALTON et al, 2004). Segundo Melby e Hickey (2006) uma dieta hiperprotéica pode resultar em um aumento do efeito térmico dos alimentos, porém esse efeito é menor com as gorduras quando comparados aos três macronutrientes, sendo que o alto teor de gorduras pode atenuar o efeito de uma dieta hiperprotéica no efeito térmico dos alimentos. Quanto maior o consumo de proteína dietética, maior pode ser o turnover protéico e de aminoácidos, resultando num grande consumo de energia. Dietas hiperprotéicas aumentam o gasto energético em decorrência da termogênese que é provocada pela síntese de aminoácidos, a ureogênese e a gliconeogênese (VIUNISKI, 2007). A síntese de proteína, o elevado custo de ATP para síntese de peptídeos e para a produção da uréia e neoglicogênese, são citados como razões para o maior efeito térmico da proteína (MIKKELSEN; TOUBRO; ASTRUP, 2000; ROBINSON et al, 1990 apud HALTON et al, 2004). Segundo Crovetti et al (1998 apud BELOBRAJDIC; MCINTOSH; OWENS, 2004), o gasto energético após uma refeição hiperprotéica aumenta em até 160% em comparação a uma refeição hiperglicídica ou hiperlipídica. Apesar do efeito térmico dos alimentos representarem uma pequena proporção do gasto energético diário, as alterações observadas pelos autores referentes a uma dieta hiperprotéica acima de três refeições diárias, poderiam corresponder a um considerável aumento no gasto energético (8,4% ou 0,48 MJ). Halton et al (2004) apresenta quinze estudos referentes à termogênese dos alimentos. Seis destes estudos verificaram através de porcentagem, o efeito térmico dos alimentos consumidos. O efeito térmico das dietas com maior teor de proteína e da dieta com menor teor de proteína variou 34 de 0,8% a 22% de energia, sendo que a dieta com maior teor de proteína exerceu maior efeito térmico. Porém, Luscombe et al (2003 apud HALTON et al, 2004) relataram que ao término de 16 semanas não houve diferença significativa na perda de peso corporal. Halton et al (2004) acrescenta que apesar de haver evidência de que a proteína exerce maior efeito térmico em relação ao carboidrato e à gordura, a quantidade de energia atribuída a este efeito térmico é provavelmente pequena, sendo insuficiente para proporcionar perda de peso visível em curto prazo, mas por períodos de meses ou anos, essa perda de peso pode tornar-se significativa. Como já mencionado, o efeito térmico do alimento é maior para proteínas que para carboidratos e gorduras, porém segundo os autores esse aumento é insignificante, correspondendo a um quilo por ano aproximadamente (WHITNEY; ROLFES, 2008). 5.3 DIETAS HIPERPROTÉICAS E SACIEDADE Referente aos nutrientes fornecedores de energia, a proteína é a que mais sacia. Em decorrência, refeições hiperprotéicas podem suprir a fome e atrasar o horário da refeição seguinte. Em estudos apresentados por Skov et al (1999 apud WHITNEY; ROLFES, 2008), relatou-se que indivíduos tendem a comer menos após uma refeição hiperprotéica comparado a uma refeição hipoprotéica. Segundo Westerterp-Planenga (1999 apud VIUNISKI, 2007), os mecanismos envolvendo neurotransmissores como a Serotonina e GABA (gaminobutirato), e substâncias como a Grelina e o Neuropeptídio Y provavelmente estão envolvidos na capacidade que as proteínas possuem de promover saciedade. Em um estudo com 80 indivíduos conduzido por Vanderwater e Vickers (1996 apud HALTON et al, 2004), quarenta indivíduos receberam uma refeição hipoprotéica constituída por um sanduíche de bacon, alface e tomate, contendo 11% de proteína ou um iogurte de morango contendo 20% de 35 proteína; outros quarenta indivíduos receberam uma refeição hiperproteíca constituída por um sanduíche de presunto, contendo 33% de proteína ou um iogurte contendo 43% de proteína. As refeições hiperprotéicas diminuíram a fome em comparação às refeições hipoprotéicas. Layman (2003 apud VIUNISKI, 2007) realizou um estudo com 24 mulheres submetidas a uma dieta com 68 gramas diárias de proteínas (dieta hipoprotéica) ou a uma dieta com 125 gramas de proteína (dieta hiperprotéica) no período de 10 semanas. O grupo que recebeu a dieta hiperprotéica perdeu muito mais massa gorda que massa magra e apresentou maior saciedade. No estudo concretizado por Belobrajdic, Mclntosh e Owens (2004) observou-se que uma dieta hiperprotéica fornecida aos ratos reduziu o armazenamento de gordura visceral e subcutânea na carcaça dos ratos por até 26% em comparação a uma dieta hipoprotéica; esta redução de gordura corporal pode ser parcialmente explicada pela diminuição equivalente a 19% do consumo energético. Este fato assemelha-se a estudos anteriores realizados com ratos, exibindo a proteína como sendo o macronutriente que mais sacia em relação ao carboidrato e a gordura (JEAN et al, 2001; BENSAID et al, 2003 apud BELOBRAJDIC; MCINTOSH; OWENS, 2004). Há algumas evidências de que dietas ricas em proteína aumentam a perda de peso em comparação a dietas pobres em proteína em um período médio de seis meses. Em cinco investigações, a perda de peso foi observada nos pacientes submetidos à dieta rica em proteína (BREHM et al, 2003; FOSTER et al, 2003; SAMAHA et al, 2003; SKOV et al, 1999; YANCY et al, 2004 apud HALTON et al, 2004). Entretanto acredita-se que a perda de peso pode ser consequência do aumento da saciedade e uma diminuição posterior da ingestão calórica (HALTON et al, 2004). Johnson, Tjonn e Swan (2004) realizaram um estudo com 20 indivíduos adultos saudáveis que foram divididos em dois grupos. No período de seis semanas um grupo recebeu uma dieta pobre em gordura e com 15% de proteína das calorias totais diárias; o outro grupo recebeu uma dieta com 30% de proteína das calorias totais diárias. Ao término do estudo, foi verificado que as duas propostas foram eficazes na perda de peso e de massa gorda, porém o grupo que realizou a dieta com maior quantidade de proteína, relatou maior saciedade. 36 Uma variedade de investigações citadas por Halton et al (2004) foi analisada quanto ao efeito de dietas ricas em proteína referente à saciedade. Dos 14 estudos que compararam uma alta carga de proteína na dieta, no mínimo, a um outro macronutriente, 11 destes estudos confirmaram que a proteína aumentou significativamente o grau de saciedade e três estudos não encontraram tal efeito. Segundo Barkeling, Rossner e Bjorvell, (1990 apud HALTON et al, 2004) não foi encontrado diferença em relação ao grau de saciedade no estudo realizado com vinte mulheres que receberam uma refeição isocalórica contendo 43% de proteína ou 10% de proteína. Entretanto, foi observado que a refeição rica em proteína foi relatada como mais palatável e isso poderia ter distorcido os resultados. Existem evidências de que alimentos mais saborosos são relacionados com um retorno mais rápido da fome e da vontade de comer (STUBBS et al, 1996 apud HALTON et al, 2004). Dietas pobres em carboidrato e, consequentemente, ricas em proteína, geralmente são dietas pouco calóricas; relatando que a proteína apresenta maior saciedade em relação ao carboidrato e a gordura (FISCHER; COLOMBANI; WENK, 2004 apud LAST et al, 2006). Segundo os autores, o sucesso de dietas de baixo carboidrato é devido a menor ingestão de calorias que o gasto (LAST et al, 2006). Da mesma forma, a aparente perda de peso pode ser devido à grande restrição de carboidratos que esgotam os estoques de glicogênio levando a excreção da água vinculada, o alto teor de proteínas, sendo este altamente sacietógeno e a redução espontânea da ingestão alimentar ou devido à restrição de alguns alimentos (ASTRUP; MEINERT; HARPER, 2004). Ainda sobre o assunto, Halton et al (2004) colocam que a saciedade promovida pelas dietas hiperprotéicas poderiam levar o indivíduo a permanecer com uma dieta hipocalórica a longo prazo. 37 6 DIETAS HIPERPROTÉICAS E SAÚDE Halton et al (2006) acrescenta que dietas ricas em proteínas e gorduras e pobres em carboidratos permanecem controversas em relação a sua segurança a longo prazo. A maioria dessas dietas incentiva um grande consumo de produtos de origem animal e, conseqüentemente, estes são acompanhados de quantidades elevadas de gordura saturada e colesterol, podendo causar mudanças desfavoráveis nos níveis lipídicos e no aumento do risco de doenças coronárias. Muitas organizações profissionais têm argumentado contra a realização de dietas pobres em carboidratos (STEIN, 2000; ST et al, 2001; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2002; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2006 apud HALTON et al, 2006). Sobre o assunto, Whitney e Rolfes (2008) relatam que muitas “dietas da moda” preconizam a promoção da ingestão de proteínas e a restrição de carboidratos, sem ponderar a quantidade de gordura que acompanha muitos alimentos ricos em proteínas. Conforme comentado anteriormente, as dietas hiperprotéicas podem ter uma grande quantidade de gordura saturada e colesterol, sendo estes fatores alimentares que aumentam o colesterol LDL e os riscos de doenças cardíacas. Larosa et al (1980 apud JEOR et al, 2001) conduziram um estudo com 24 indivíduos obesos que se submeteram a realizar a dieta do Atkins durante três meses. Houve uma diminuição da ingestão calórica diária e consequentemente perda de peso, porém houve um aumento do nível de colesterol LDL. Ademais, a perda de peso ocorreu principalmente nas primeiras semanas, sugerindo que grande parte dessa perda de peso é perda de glicogênio, proteínas e fluidos corporais induzidos pela cetose. Entretanto, foram realizados estudos que tiveram como objetivo avaliar a eficácia da dieta de Atkins, sendo que esta foi comparada a uma dieta rica em carboidratos. O público submetido aos estudos realizou a dieta com a orientação de um manual com as características a serem seguidas, sendo que os participantes foram atendidos apenas três vezes no período de um ano. Ao término do estudo, no período de um ano, as concentrações de LDL-colesterol 38 foram iguais nos dois grupos que se submeteram as dietas, em decorrência da igual perda de peso (FOSTER et al, 2003; DANSINGER et al, 2005 apud LOTTENBERG, 2006). Segundo Bravata (2003 apud WHITNEY; ROLFES, 2008), os estudos em geral relatam que existe pouca ou nenhuma mudança na pressão sanguínea ou na concentração de lipídios no sangue e, consequentemente, nos fatores de risco para doenças cardíacas em indivíduos que realizam dietas hiperprotéicas e hipoglicídicas. Para alguns pesquisadores, a perda de peso que ocorre com realização destas dietas compensa os efeitos adversos de uma dieta com alto consumo de gordura saturada e poucas frutas e hortaliças (FOSTER, 2003 apud WHITNEY; ROLFES, 2008). As dietas pobres em carboidratos também têm sido criticadas por serem inadequadas nutricionalmente, pois apresentam deficiência de vitamina A, B6, C e E; tiamina; ácido fólico; cálcio; magnésio; ferro; potássio e fibra. Uma das características destas dietas é a pequena ingestão de fibras, podendo levar á longo prazo constipação, doença diverticular e a riscos de câncer. Teoricamente há preocupação em relação à osteoporose devida uma maior calciúria e menor ingestão de potássio, magnésio e vitamina C (FREEDMAN; KING; KENNEDY, 2001 apud LAST et al, 2006). Problemas como diarréia, constipação, tonturas, cefaléia, náuseas, pedras nos rins, halitose e insônia foram verificadas em pessoa que se submeteram às dietas de baixo carboidrato (FREEDMAN; KING; KENNEDY, 2001; REDDY et al, 2002 apud LAST et al, 2006). Da mesma forma, Costill e Hargreaves (apud JEOR et al, 2001) argumentam que estas restrições, a longo prazo, podem levar a deficiência de vitaminas essências, sais minerais e fibras, sendo que estas deficiências podem ter efeitos adversos para a saúde se houver persistência. Acrescentando que entre as escolhas alimentares restringidas ou eliminadas pelas dietas ricas em proteína, se encontram os alimentos saudáveis com baixo teor de gorduras como produtos lácteos, cereais, grãos, legumes e frutas, sendo estes, alimentos que contem níveis mais elevados em hidratos de carbono e nutrientes essenciais para uma dieta saudável (STILLMAN; BAKER, 1967; ATKINS, 1999; SEARS, 1995; EADES; EADES, 1996; STEWARD, 1998 apud JEOR et al, 2001). 39 O comitê DRI (Dietary Reference Intakes) (2002 apud WHITNEY; ROLFES, 2008) não estabeleceu um limite superior para proteínas, entretanto declara que as dietas ricas em proteína são envolvidas em doenças crônicas, como osteoporose, pedras renais e doença renal, obesidade, doença cardíaca e alguns tipos de câncer. Além disso, a eliminação ou a restrição severa de feijões, cereais integrais, legumes e frutas pode aumentar o risco de câncer (JEOR et al, 2001). Cabe destacar que a ingestão diária recomendada (RDA) de proteína de alto valor biológico para adultos, como base no peso corporal, é de 0,8g/kg aproximadamente (NATIONAL RESEARCH COUNCIL; FOOD AND NUTRITION BOARD, 1989 apud JEOR et al, 2001). Ademais, a proteína ingerida acima do exigido é mal utilizada pelo organismo promovendo excreção de resíduos em excesso, como uréia e amônia, através do fígado e dos rins (RAFOTH; ONSTAD, 1975; FRASER; ARIEFF, 1985; COTTINI; GALLINA; DOMINGUEZ, 1973; WALSER et al, 1999 apud JEOR et al, 2001). 40 7 CONCLUSÃO As dietas hiperprotéicas, desde a década de 60, têm sido utilizadas com o objetivo de alcançar o peso corporal desejado através da perda de peso, sendo que a sua popularidade permanece até os dias de hoje. As composições destas dietas preconizam um grande consumo de proteínas e uma severa restrição de carboidratos. Os efeitos de dietas ricas em proteínas na redução de peso corporal englobam mecanismos como a insulinemia, efeito térmico do alimento e a saciedade. Em relação à insulinemia, os defensores de dietas ricas em proteínas relatam que o carboidrato é o “vilão da história”, abordando que seu excesso resulta no aumento dos níveis de insulina e no armazenamento de gordura corporal e outras alterações metabólicas. Referente ao efeito térmico do alimento, existe evidência de que a proteína exerce maior efeito térmico em relação aos outros macronutrientes. Entretanto, a quantidade de energia correspondente a este efeito térmico é provavelmente pequena e insignificante, equivalendo a um quilo por ano aproximadamente. Relacionado ao poder de saciedade, a proteína é o macronutriente que mais sacia. A maioria dos estudos descritos confirmou que a proteína aumentou, significativamente, o grau de saciedade e a redução de ingestão alimentar nas próximas refeições do dia, o que poderia contribuir para uma ingestão calórica reduzida. Ademais, a perda de peso parece estar relacionada com a redução da ingestão calórica e com o tempo de permanência na dieta, e não com a composição dos macronutrientes. Em relação à segurança, os estudos são inconclusivos, muitas vezes realizados em curtos períodos de tempo (média de seis meses). No entanto, as dietas ricas em proteína delimitam ou até eliminam alimentos que são importantes nutricionalmente para a saúde e manutenção do organismo, 41 promovendo se houver persistência, deficiências nutricionais e aumento de marcadores de doenças cardíacas. Assim sendo, estudos a longo prazo são necessários para delimitar a segurança e a eficácia das dietas hiperprotéicas quanto à saúde em geral, para depois se ter provas conclusivas referentes à sua recomendação. Uma dieta deve ter por objetivo suprir todas as necessidades nutricionais, sendo estas individuais, sem comprometer a integridade do indivíduo. Objetivando a manutenção ou a recuperação da saúde. Quando o objetivo da dieta é promover perda de peso corporal, é necessário diminuir o aporte calórico diário e proporcionar hábitos alimentares saudáveis sem que haja exclusão de algum grupo alimentar. Por isso, é recomendado que, quando se realize uma dieta, independente do motivo, haja o acompanhamento de um profissional nutricionista. 42 REFERÊNCIAS ANGELIS, Rebeca Carlota de. Riscos e prevenção da obesidade: fundamentos fisiológicos e nutricionais para tratamento. São Paulo: Atheneu, 2003. 102 p. ASTRUP, A; MEINERT, Larsen T; HARPER A. 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