XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
GÊNERO E SEXUALIDADE NA PESQUISA NA ÁREA DE ENSINO: ANÁLISE
DA PRODUÇÃO ACADÊMICA
Zilene Moreira Pereira – Instituto Oswaldo Cruz
(Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde)
Resumo
Pesquisas apontam que no Brasil o tema gênero vem sendo discutido na área de
Educação, ao passo que pesquisas na área de ensino são raras com relação a essa
temática. Considera-se que inicialmente o conceito de gênero esteve sob um viés
biologicista, e que atualmente esse referencial foi substituído pelo referencial
sociocultural. Já sobre a sexualidade a perspectiva biológica ainda é utilizada na
abordagem dessa temática. Diversos estudos apontam a vinculação da sexualidade aos
sistemas reprodutores masculino e feminino, não contemplando as sugestões dos PCN
sobre a abordagem do tema a partir de seus aspectos biológicos, culturais, sociais e
emocionais. Buscando compreender como os temas gênero e sexualidade são abordados
na área de Ensino foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a questão do gênero e
sexualidade na área de Ensino. A busca foi orientada pelos seguintes aspectos: título do
periódico; ano de publicação; a instituição, local, área ao qual o primeiro autor está
vinculado; eixo temático, sujeitos pesquisados, uso das categorias gênero e sexualidade
e o tipo de abordagem. Foram encontrados 40 artigos divididos entre 13 periódicos.
Embora as pesquisas sobre gênero e sexualidade tenham um quantitativo maior na área
de Educação, a área de Ensino também vem discutindo essa temática. Os trabalhos
buscam atender às recomendações dos PCN, apesar da falta de preparo docente em
trabalhar a temática. As categorias gênero e sexualidade são discutidas nas pesquisas de
forma a compreender as diferenças sócio-culturais entre homens e mulheres, no entanto
na prática pedagógica ainda predomina o viés biológico, indicando que a compreensão
dessas categorias como construção social ainda não está presente em sala de aula.
Palavras-chave: gênero; sexualidade; ensino de ciências
Introdução
A área de Ensino foi criada por meio da portaria nº 083 de 06 de junho de 2011,
e abrange todos os programas de “Ensino de”, inclusive a extinta área de Ensino de
Ciências e Matemática. A nova área ainda está em fase de consolidação e um dos pontos
discutidos é a readequação do Qualis-Periódicos, que avalia as produções das PósGraduações em cada área do conhecimento.
Pesquisas apontam que no Brasil o tema gênero vem sendo discutido na área de
Educação, ao passo que pesquisas na área de ensino são raras com relação a essa
temática. Considera-se que inicialmente o conceito de gênero esteve sob um viés
biologicista, usado para justificar diferenças cognitivas entre meninos e meninas, e que
atualmente esse referencial foi substituído pelo referencial sociocultural que tem a
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ciência como uma atividade articulada ao contexto histórico, cultural e social dos
indivíduos (REZENDE; OSTERMANN, 2007).
Já sobre a sexualidade a perspectiva biológica ainda é utilizada na abordagem
dessa temática. Diversos estudos apontam a vinculação da sexualidade aos sistemas
reprodutores masculino e feminino (CRUZ, 2008; TONATTO; SAPIRO, 2002;
FURLANI, 2008 ), não contemplando as sugestões dos PCN sobre a abordagem do
tema a partir de seus aspectos biológicos, culturais, sociais e emocionais (BRASIL,
1997).
Buscando compreender como os temas gênero e sexualidade são abordados na
área de Ensino, se atendem ou não às recomendações dos PCN e a perspectiva de uso
para as categorias gênero e sexualidade, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a
questão do gênero e sexualidade na área de Ensino.
Problema: Como os temas gênero e sexualidade são abordados em periódicos da área
de Ensino em contexto nacional?
Objetivos: Analisar como os temas gênero e sexualidade são abordados em periódicos
da área de ensino em contexto nacional.
Metodologia
Foi realizada uma busca nas principais bases de dados, compreendendo o
período de janeiro de 2006 a dezembro de 2011, e selecionados periódicos dos quatro
primeiros estratos (A1, A2, B1, B2) da área de Ensino de acordo com avaliação realizada
pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em 2010.
Nessa avaliação os periódicos são divididos em estratos de acordo com a qualidade da
produção intelectual dos programas de pós-graduação. Convém ressaltar que esses
mesmos periódicos também são avaliados em relação às outras áreas disciplinares,
como a área de Educação e à área Interdisciplinar (que compreende as ciências humanas
e sociais, saúde e biológicas).
A busca foi orientada pelas palavras-chave: gênero, sexualidade, orientação
sexual e educação sexual. Em síntese os critérios para seleção dos trabalhos foram: a
presença das palavras-chave (gênero, sexualidade, orientação sexual e educação sexual);
publicação dentro do período estudado (janeiro de 2006 a dezembro de 2011);
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experiências envolvendo a realidade brasileira; e trabalhos que tivessem associação
direta com ensino e/ ou educação.
Buscando descrever as principais características dessas publicações foram
observados os seguintes aspectos das pesquisas: título do periódico; ano de publicação;
a instituição, local, área ao qual o primeiro autor está vinculado; e eixo temático. Foram
identificados quatro eixos temáticos: Práticas Educativas, Políticas públicas e/ ou
Produção acadêmica, Características/concepções de professores e alunos, Gênero e
Educação. Esses eixos foram detalhados e classificados quanto aos sujeitos pesquisados,
ao uso da categoria gênero: sexo (relativo à descrição do sexo dos sujeitos estudados),
pressuposto (as análises sobre as diferenças entre homens e mulheres não se apóiam em
dados empíricos), analítico (a partir do material empírico, como dispositivo
interpretativo ou compreensivo das situações evidenciadas); ao tipo de abordagem:
quali, quanti, quali-quanti e debate teórico; e à perspectiva de análise da sexualidade:
biológica (trabalhos que tem a reprodução como eixo central, possuem um enfoque
biologicista e higienista); sociológica (parte da idéia que a sexualidade humana depende
de socialização); e Bio-Sociológica (aborta a questão biológica e sócio-cultural da
sexualidade).
Resultados e discussão
A tabela 1 ilustra os 40 trabalhos publicados em 13 periódicos. Nota-se que o
maior número de trabalhos (27) concentra-se em revistas cujo escopo é a pesquisa em
educação, confirmando o maior interesse na área. No entanto as revistas de Ensino de
Ciências também apresentam pesquisas e pode-se observar um aumento de publicações
principalmente no ano de 2011.
Distribuição dos artigos por instituições do país e regiões geográficas
As 40 pesquisas foram distribuídas por Instituições de Ensino Superior Públicas
e Particulares (tabela 2). A maior parte dos trabalhos concentra-se nas regiões sudeste e
sul, fato já constatado em inúmeros trabalhos (VIANNA et al, 2011), o que pode ser
explicado por essas regiões abrigarem um número elevado de Instituições de Ensino
Superior com tradição em pesquisa, como por exemplo a Faculdade de Educação da
USP que desenvolve trabalhos na área com o Grupo de Estudos de Gênero, Educação e
Sexualidade (EDGES), a UFRJ (NUTES), e o Grupo de Estudos de Educação e
Relações de Gênero (GEERG) da UFRGS.
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Distribuição dos artigos por Áreas do Conhecimento (CAPES)
A tabela 3 aponta as áreas do conhecimento nas quais o primeiro autor de cada
trabalho está vinculado. Observa-se maior número de trabalhos na área de educação
(47,5%), seguido pela área de Ensino de Ciências (27,5%).
Descrição e análise dos eixos temáticos das pesquisas
Foram configurados quatro eixos temáticos para a classificação dos 40
documentos : práticas educativas (12 trabalhos – 30%); Características/Concepções de
Professores e Alunos (11 trabalhos – 27,5%); Gênero e Educação (10 trabalhos – 25%);
Políticas Públicas + Produção Acadêmica (7 trabalhos – 17,5%).
Nenhum trabalho dentre os investigados utiliza gênero como sinônimo de sexo
biológico, isso reflete o interesse na compreensão das diferenças socioculturais entre os
gêneros. Gênero aparece ora como categoria interpretativa dos eventos associados a
homens e mulheres ora como pressuposto teórico para discussão. Os estudos são
predominantemente qualitativos (57,5% do total), seguidos de 20% com abordagem
quantitativa, 15% quali-quanti e 7,5% são debates teóricos. Os grupos estudados foram:
professores, estudantes, população em geral e usuários de projetos sociais. Dentre esses
a categoria “estudantes” é a mais freqüente com 42,5% dos estudos.
A maioria (40%) discute apenas gênero, 30% apenas sexualidade e outros 30%
discutem os dois conceitos. A abordagem biológica da sexualidade aparece em apenas 3
trabalhos, e 2 desses foram estudos nos quais o pesquisador observou práticas de outros
professores. Os estudos nos quais o próprio pesquisador intervém junto aos grupos são
marcados por abordagem bio-sociológicas (42,5%).
A seguir é apresentado um detalhamento dos eixos e algumas características das
pesquisas classificadas em cada um deles.
a. Trabalhos com ênfase nas Práticas Educativas
Nesses trabalhos gênero é sempre utilizado como pressuposto teórico para
fundamentar as discussões, com predomínio de abordagens qualitativas em 10 dos 12
estudos. Esses trabalhos foram divididos em 3 subcategorias.
Subcategoria Formação de Professores
Nessa categoria foram encontrados 2 trabalhos, ambos iniciativas do Governo
Federal, com o objetivo de capacitar profissionais para trabalhar a temática. Um dos
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trabalhos está diretamente relacionado à prevenção do abuso sexual em crianças
(BRINO; WILLIAMS, 2008) e o outro numa perspectiva mais ampla, trata dos
processos de discriminação envolvendo raça, gênero e orientação sexual na escola
(ROHDEN, 2009). Os trabalhos relatam impactos positivos em relação à capacitação, e
reafirmam a dificuldade dos professores em trabalhar o tema em sala de aula. Um dos
trabalhos considera o conteúdo de sexualidade impróprios para a faixa etária das
crianças pesquisadas (0 a 6 anos – Educação Infantil). Entretanto essa perspectiva não é
consenso na literatura, haja vista o preconceito entre alunos da Educação Infantil e até
mesmo a observação de comportamentos homofóbicos nessa faixa etária (FURLANI,
2008; FELIPE, 2007).
Recursos Didáticos
Os 4 trabalhos encontrados investigam a aplicação de cartilhas, softwares
educativos, livros didáticos e paradidáticos, em contextos formais e não-formais de
ensino. Embora reconheçam a persistência dos papéis de gênero nos livros didáticos
(MARTINS, HOFFMANN, 2007) e a falta de uma discussão sobre a diversidade de
práticas sexuais, relata-se um avanço no sentido do não direcionamento à
heterossexualidade como a única possibilidade de orientação sexual, e a afetividade
aparece como fator que ampara e possibilita a relação sexual entre pessoas do mesmo
sexo ou não (FURLANI, 2008). Os materiais sugerem que o relacionamento entre
pessoas do mesmo sexo apareça tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Médio a
partir da diversidade de modelos familiares e da afetividade mútua que leva as pessoas a
estabelecerem um relacionamento. Observam-se também avanços no sentido da
incorporação de metodologias participativas e de aspectos sócio culturais ao debate,
como por exemplo, a discussão do conceito de gênero e diversidade sexual (MANO,
GOUVEIA, SHALL, 2009; MOREIRA, FOLMER, 2011).
Experiências de Ensino
Dos 40 trabalhos localizados sete tratam de experiências de ensino desenvolvidas
em contextos formais e não-formais envolvendo os temas sexualidade e educação
sexual. Também neste item observam-se metodologias participativas e dialógicas, e a
preocupação com o conhecimento prévio dos estudantes.
Os textos relatam que os participantes das pesquisas tendem a associar a
sexualidade à prevenção de DST e à gravidez indesejada, e a manutenção estereótipos
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ligados ao gênero (SILVA, BRANCALEONI, OLIVEIRA, 2010). De acordo com as
pesquisas a sexualidade ainda é reprimida em ambiente escolar, e as aulas desenvolvemse em torno da reprodução e gravidez na adolescência, além de um distanciamento entre
os métodos anticoncepcionais e os adolescentes, já que no livro didático adotado em
uma das atividades, os métodos anticoncepcionais destinam-se às pessoas adultas
(SILVA, BRANCALEONI, OLIVERIA, 2010; ALTMANN, 2009). Destaca-se a
necessidade das ações possuírem um caráter contínuo e processual, e que as ações
pontuais relacionadas à sexualidade pouco contribuem para a compreensão do tema
(ALTMANN, 2009; ANDRADE et al, 2009).
Embora as pesquisas apontem práticas desenvolvidas e observadas em tono da
reprodução, a fundamentação teórica desses trabalhos assinala mudanças de perspectiva
a partir de referenciais que discutem a construção social da sexualidade e o sexo ligado
ao prazer, a afetividade e às emoções. Pode-se inferir que os referenciais sócio-culturais,
ao contrário do meio acadêmico, ainda não estão presentes nas salas de aula.
b. Características/concepções de professores e alunos
Foram identificados 11 trabalhos com esse eixo temático, que dizem respeito a
preferências, percepções, concepções, dúvidas e dificuldades associadas ao gênero e
sexualidade entre estudantes e professores. a categoria gênero aparece como
pressuposto na discussão da homossexualidade, ou como a analítica buscando
compreender as diferenças socioculturais entre os gêneros. A maioria das pesquisas
possui uma abordagem qualitativa (6), embora apareçam também abordagens quanti (2)
e quali-quanti (3). A perspectiva de análise da sexualidade aparece igualmente dividida
entre sociológica e bio-sociológica (4 trabalhos em cada) e um trabalho com abordagem
biológica.
Esses textos se caracterizam principalmente por análises de conteúdo das falas e
por levantamentos (surveys) das concepções dos participantes. Os textos relatam que
entre estudantes do ensino médio ainda há rejeição ao comportamento homossexual e a
heterossexualidade prevalece como forma legítima de manifestação sexual (ASINELLILUZ, FERNANDES JUNIOR, 2008). Já entre graduandos de cursos de Biologia e
Pedagogia embora os discursos apontem um repúdio às manifestações de discriminação,
as justificativas desses futuros professores contradizem esse discurso politicamente
correto, com a idéia de tolerância à homossexualidade, como se não quisessem ser
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associados ao rótulo de “preconceituosos(as)” (DINIS, 2008; VIANNA, UNBEHAUM,
2006).
Os autores do acervo destacam a dificuldade de docentes em discutir os temas,
reconhecendo que a formação recebida foi incompleta, e a busca por alternativas como
cursos e leituras para suprir essa lacuna. Embora haja tentativas de melhora, os
discursos dos professores ainda são marcados pela insegurança e senso comum,
culpabilizando individualmente os jovens, sem uma explicação mais complexa que
conjugue fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos na explicação das práticas
e comportamentos dos alunos (MOREIRA et al, 2011; DINIS, CAVALCANTI, 2008;
SOUZA, DINIS; 2010).
O preservativo masculino continua com representações de diminuição do prazer,
confiança e amor são sentimentos que fazem com que se abra mão do uso,
negligenciando a prevenção. Os adolescentes mostram desconhecer uma série de
detalhes sobre a sexualidade que podem ser fundamentais para a saúde sexual e
reprodutiva (ASINELLI-LUZ, FERNANDES JUNIOR, 2008).
c. Gênero e Educação
No foco temático gênero e educação foram identificados 10 trabalhos, nos quais
gênero é utilizado como categoria interpretativa das diferenças associados a homens e
mulheres. Esses trabalhos investigam diferenças na aprendizagem, na liderança em
debates, o hiato de gênero na educação e diferenças de comportamento entre meninos e
meninas em contexto escolar.
O fracasso escolar de meninos na Educação Básica foi pesquisado em dois
trabalhos. Esses trabalhos questionam a socialização diferenciada de meninos e meninas
como causa do fracasso escolar e também os critérios relacionados a avaliação, que
devem ser traduzidos apenas na avaliação da aprendizagem e não no comportamento
(BRITO, 2006; CARVALHO, 2009).
Com relação a construção de lideranças entre estudantes de graduação
confirmam-se as assimetrias de gênero nas quais os meninos assumiram a liderança nos
debates (LIMA JUNIOR, OSTERMANN, REZENDE, 2010), além disso os trabalhos
relatam que já durante o primeiro segmento do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) a
heterossexualidade é tida como norma (AUAD, 2006; WENETZ, 2011).
Nesse foco também estão dispostos trabalhos que tratam da escolarização, e
conseqüente reversão do hiato de gênero na educação, possibilitando às mulheres
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ultrapassarem os homens em anos de escolaridade (FERRARO, 2009; 2010;
BELTRÃO; ALVES, 2009). Dentre os trabalhos que investigam as diferenças de
resultados entre homens e mulheres em pesquisas educacionais, as análises revelam
diferenças ora favoráveis a homens (como na matemática), ora favoráveis a mulheres
(como em práticas de leitura e escrita). No entanto destaca-se que os testes valorizam
atividades ou práticas mais comumente assumidas ou acessíveis a um ou a outro sexo.
Dessa forma os resultados não devem ser tomados como universais, mais sim como
práticas sociais e culturais articuladas ao modo de vida das pessoas (SOUZA;
FONSECA, 2008; ARTES, 2007).
d. Análise de Políticas Públicas e/ou Produção Acadêmica
Essa categoria também utiliza-se do conceito de gênero sempre como pressuposto,
as abordagem de pesquisa aparecem divididas entre qualitativas, quali-quantitativas e
debates teóricos. A perspectiva de análise da sexualidade contempla em quase todos os
trabalhos aspectos bio-sociológicos da sexualidade. Nessa categoria estão incluídos
trabalhos que versam sobre a análise de políticas públicas na educação voltadas para a
perspectiva de gênero, sexualidade, diversidade sexual, e ainda a análise da produção
acadêmica sobre Educação Sexual e gênero. Serviram como fonte para a literatura
pesquisada as produções de pós-graduação (dissertações, teses, artigos e Anais de
Congressos), além de documentos oficiais do Ministério da Educação. Essas pesquisas
destacam dentre outros elementos, interesse crescente pelo tema nas mais variadas áreas
do conhecimento, o maior interesse na pesquisa entre estudantes do segundo segmento
do ensino fundamental (5ª a 8ª séries), o despreparo dos profissionais na abordagem do
tema, conduzindo a condutas discriminatórias, a concentração de pesquisas na região
sudeste do país (SILVA NETO, 2006; VIANNA et al, 2011; DINIZ, 2008; SILVA,
MEGID NETO, 2006; FELIPE, 2007). Os trabalhos são unânimes em afirmar a
necessidade de inclusão dos estudos de gênero e da Educação Sexual nos cursos de
formação docente.
Quanto às políticas públicas de educação, há um consenso na literatura
investigada sobre o avanço trazido pelos PCN na introdução de temas centrais sobre
sexualidade e gênero em contexto escolar. Porém a crítica refere-se a forma como o
tema é abordado nesses documentos, como por exemplo na questão da gravidez na
adolescência, tratada com um enfoque preventivo desconsiderado o valor simbólico
conferido à gravidez, ou ainda a falta de uma referência explícita à homossexualidade
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nesses documentos, cabendo ao educador decidir a inclusão ou não da temática em sala
de aula (VIANNA, UNBEHAUM, 2006; AUAD, 2006; DINIS, 2008).
Considerações Finais
Embora as pesquisas sobre gênero e sexualidade tenham um quantitativo maior
na área de Educação, a área de Ensino também vem discutindo essa temática. Os
trabalhos buscam atender às recomendações dos PCN, apesar da falta de preparo
docente, por uma carência na formação inicial desses profissionais. As categorias
gênero e sexualidade são discutidas nas pesquisas de forma a compreender as diferenças
sócio-culturais entre homens e mulheres, no entanto na prática pedagógica ainda
predomina o viés biológico, indicando que a compreensão dessas categorias como
construção social ainda não está presente em sala de aula.
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Ensaio*
Educação e
Realidade
Alexandria
Rev Bras Educação
Cad Saúde Pública
Rev Bras Pesq Educ
em Ciências*
Total
-
-
-
-
-
-
5
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2
1
1
-
1
-
-
1
-
-
-
-
8
5
-
-
-
1
1
1
-
-
-
1
-
9
1
-
-
1
1
-
-
-
1
1
-
-
1
6
2011
2
-
1
1
2
-
2
1
-
-
1
-
-
10
Total
8
7
4
4
3
3
3
2
2
1
1
1
1
40
1
2007
1
2008
3
1
2009
-
2010
2
Ciência e
Educação*
-
1
Educação e
Pesquisa
1
2006
Educação e
Sociedade
-
Cadernos de
Pesquisa
-
Ano
Pró-Posições
Rev Elec Ensenãnza
de las Ciencias*
Experiências em
Ensino de Ciências*
Tabela 1: nº de publicações no período de 2006 a 2011
Periódicos
* Revistas de Ensino de Ciências
Tabela 2 - Distribuição dos 40 trabalhos sobre gênero e sexualidade por Instituição do País
Instituição
N° de trabalhos
USP
6
UNIV PART*
5
UFRGS
4
UFRJ
3
UFSCAR
2
UFPR
2
UFSC/SC
2
UNESP
2
UNIPAMPA
2
FURB
2
UFRG
2
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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012
UNICAMP
UERJ
UNIFESP
UFU
UESC
Outras
Total
1
1
1
1
1
2
40
* Universidade particulares distribuídas pelo país
Tabela 3 – As áreas do conhecimento às quais os autores estão vinculados
Grandes Áreas do
conhecimento
Áreas ou Subáreas*
Total
Ciências Humanas
Psicologia (2), Educação (19)
21
Multidisciplinar
Ensino de Ciências (11)
11
Ciências da Saúde
Enfermagem (1), Educação Física (2), Medicina (1)
4
Ciências Sociais Aplicadas
Serviço Social (1), Demografia (1), Ciências Sociais (1)
3
Outros
(Associação beneficente)
1
Total
* Essa divisão obedeceu às indicações feitas pelos autores em cada artigo
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Junqueira&Marin Editores
Livro 3 - p.004183
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GÊNERO E SEXUALIDADE NA PESQUISA NA ÁREA DE ENSINO