14 — QUINTA-FEIRA, 21 de abril de 2005 ESPECIAL CORREIO DO POVO Bento XVI se diz aberto ao diálogo Papa assumiu compromisso de dar continuidade à obra de João Paulo II e ir ao encontro de todos Opus Dei declara sua ‘plena adesão’ O prelado do Opus Dei, Javier Echevarria, manifestou “plena adesão” a Bento XVI, em declaração divulgada ontem. “Em meu nome, e seguro de expressar os sentimentos dos homens e mulheres que compõem a prelazia do Opus Dei, asseguro a Bento XVI plena adesão à sua pessoa e a seus ensinos: profunda comunhão”. “O novo Papa conhece bem a missão da prelazia e sabe que pode contar com o empenho alegre dos sacerdotes e laicos que a integram para servir à Igreja”, disse. m sua primeira homilia como Papa, Bento XVI se comprometeu oficialmente a uma E abertura no diálogo com outros cristãos e também com outras religiões, garantindo a continuidade da obra de seu antecessor, João Paulo II. “O sucessor de Pedro assume como compromisso primário trabalhar sem economizar energias na reconstituição plena e visível da unidade dos seguidores de Cristo e promover contatos e entendimentos com os representantes das diferentes igrejas e comunidades eclesiásticas.” Essa foi uma das afirmações mais fortes contidas na primeira homilia do novo chefe da Igreja Católica, lida na missa rezada na manhã de ontem na Capela Sistina, onde ocorreu o conclave que o elegeu como sucessor de João Paulo II. Em seu sermão, o novo Pontífice recorda com afeto seu predecessor, a quem atribui a graça de ter si- do eleito Papa. “Parece que sinto sua mão forte apertar a minha, vejo seus olhos sorridentes e ouço suas palavras, dirigidas a mim neste momento especial: ‘Não tenhas medo!’”, afirmou. O Pontífice declarou ter ficado surpreso com sua eleição para suceder “este grande Papa” e que teve uma “sensação de inadequação” diante da responsabilidade. Depois, pediu que o Senhor lhe dê forças para ser “a pedra sobre a qual todos possam se apoiar com segurança”. O discurso do Papa toca em diversos temas e pode ser visto como um esboço de programa do pontificado que se inicia agora. Joseph Ratzinger promete continuar a atuação do Concílio Vaticano II. “Os documentos conciliares não perderam a atualidade, e seus ensina- mentos revelam-se pertinentes em relação às novas questões da Igreja e da atual sociedade globalizada”, disse ele em sua homilia em latim, lida para os 114 cardeais que o elegeram e que estavam presentes à celebração. Ratzinger faz uma menção especial aos jovens, com os quais João Paulo II manteve uma relação especial, confirmando sua presença na Jornada Mundial da Juventude em agosto, em Colônia, na Alemanha, sua terra natal. Dirigindo-se a todos, Bento XVI disse: “Garanto continuar a tecer com eles um bom diálogo, aberto e sincero, em busca do verdadeiro bem do homem e da sociedade”. AFP / CP Sumo Pontífice ergue a hóstia ao oficiar a sua primeira missa no novo cargo Visita à Congregação para a Doutrina da Fé, onde estão antigos companheiros Superados votos necessários O cardeal alemão Joseph Ratzinger superou os 77 votos necessários para ser eleito papa Bento XVI na quarta votação do conclave, depois de quase conseguir a maioria de dois terços na reunião anterior, conforme as primeiras informações sobre os momentos decisivos da eleição. A vantagem foi confirmada pelo cardeal e arcebispo de Colônia, Joaquim Meinsner, que revelou à imprensa alemã que Ratzinger “obteve mais vo- Ontem, 1ª ida ao apartamento do palácio pontifício tos que os dois terços necessários” sobre os 115 eleitores. Outros cardeais fizeram a mesma afirmação, ainda que de forma menos explícita. O primeiro relato aponta que Bento XVI quase conseguiu os votos necessários na terceira votação. Nesse caso, a eleição teria sido conseqüência de uma rápida e crescente soma de apoios, além de confirmar as preO papa Bento XVI retirou ontem o lacre visões iniciais, que eram de grande consenso em torno de Ratzinger. colocado no apartamento pontifício no dia Para alguns vaticanistas italianos, a eleição rápida do cardeal alemão 12 de abril pelo cardeal camerlengo, depois foi facilitada pela fraqueza, desunião e falta de liderança de seus da morte de João Paulo II, mas por enprincipais oponentes. Até seus detratores admitem que o novo Papa era quanto não poderá ocupá-lo, pois passará “a melhor solução para uma pausa de reflexão” após o longo pontificado por uma reforma nos próximos dias. Por de João Paulo II, afirmaram essas fontes. “Os reformistas se deram con- enquanto, não se sabe onde o Papa ficará ta de que eram dispersos demais e que careciam de um nome de peso ca- hospedado enquanto durarem as obras no paz de reuni-los”, disse o vaticanista Marco Politi. Conforme ele, para não apartamento papal. dar a impressão de “forte divisão, desastrosa para a imagem internacioTerça à noite, após ser eleito Pontífice, nal da Igreja, eles aceitaram votar no candidato mais prestigiado”. Bento XVI jantou e dormiu na Residência Santa Marta, onde ficaram os cardeais durante o conclave. Hoje, também pretende almoçar na Santa Marta, situada a poucos Apesar da possibilidade de um pontificado mais breve que o do ante- metros da Basílica. Logo depois de ser eleicessor, o papa Bento XVI deverá imprimir sua forte personalidade na to, visitou o túmulo de João Paulo II, diancondução da Igreja e contornar a apressada imagem de que seria uma có- te do qual rezou por alguns minutos. pia de João Paulo II. A avaliação é de dom Antônio Celso de Queirós, viO Papa visitou ontem seu antigo aparce-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). tamento. Assessores relataram que RatzinPara Dom Celso, Joseph Ratzinger, como líder dos católicos, poderá ger, que viveu no local durante mais de 20 surpreender com avanços no diálogo do Vaticano com as demais igrejas anos, recolheu alguns de seus pertences cristãs e as diferentes religiões, na sua relação com as dioceses e as con- para passar a viver no Vaticano. Seus noferências episcopais, e, até mesmo, na discussão sobre a “realidade da vos assessores disseram ainda que ele tem mulher”. “Como Papa, Bento XVI deverá revelar outra face”, completou. uma biblioteca “impressionante”. Apartamento é aberto, mas irá sofrer reforma CNBB vê forte personalidade CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA - CRFa/7ª REGIÃO CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS EXECUÇÃO: OBJETIVA CONCURSOS LTDA EXTRATO DE EDITAL DE CONCURSO 002/2005 AVISO PÚBLICO A PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA CRFa/7ª REGIÃO, no uso de suas atribuições legais, TORNA PÚBLICO que o Relatório de inscrições homologadas, bem como das não processadas, encontram-se afixados no Painel de Publicações do Conselho, na rua Prof. Duplan, nº 60 - Bairro Rio Branco, em Porto Alegre/RS, na sede da Empresa Objetiva Concursos Ltda e também em caráter meramente informativo na Internet, pelo site www.objetivas.com.br. Período para interposição de recursos relativos às inscrições, nos dias 25 e 26/04/2005, junto à Objetiva Concursos Ltda, sita à Rua Casemiro de Abreu, 347 - Bairro Rio Branco, em Porto Alegre/RS, em horário de expediente. As provas escritas serão aplicadas em 30/04/2005, às 14 horas, na Escola Técnica Estadual Senador Ernesto Dornelles, sita na Rua Duque de Caxias, nº 385, Bairro Centro, Porto Alegre - RS. Porto Alegre/RS, em 14 de abril de 2005. FGA. SIMONE BARCELOS TEIXEIRA - Presidente do CRFa - 7ª Região Decisões já foram tomadas por Bento XVI no primeiro dia do seu pontificado Em agosto, junto à juventude O papa Bento XVI viajará em agosto a Colônia (Alemanha) para participar nas Jornadas Mundiais da Juventude. A confirmação foi dada pelo Pontífice durante a homilia, em latim, da missa universal oficiada ontem na Capela Sistina. “Aos jovens, interlocutores privilegiados do papa João Paulo II, vai meu afetuoso abraço na espera de encontrá-los em Colônia por ocasião das próximas Jornadas Mundiais da Juventude”, disse o Papa, ao estabelecer na solenidade as prioridades de seu pontificado. “Com vós, queridos jovens, futuro e esperança da Igreja e da humanidade, seguirei dialogando, escutando vossas expectativas, na tentativa de ajudá-los a encontrar sempre em profundidade o Cristo vivo, eternamente jovem”, enfatizou o sucessor de João Paulo II. Desde que Joseph Ratzinger foi eleito para o trono de São Pedro, começou uma verdadeira “Ratzingermania”, formada, entre outros, pelos Ratzinger Boys, uma espécie de clube dos fãs do novo Pontífice. Na praça de São Pedro ou na Internet, esses jovens procuram mostrar apoio ao novo Papa por meio de camisetas, gorros e até canecas de cerveja “Tecum sumus et erimus” (Estamos contigo e sempre estaremos), dizia um dos cartazes portados pelo grupo, ontem, na Praça de São Pedro. Outras religiões manifestam a sua avaliação As igrejas ortodoxas reagiram com cautela ontem à eleição do cardeal alemão Joseph Ratzinger como novo Papa, exigindo que o Vaticano dê continuidade aos diálogos após as relações tensas durante o pontificado de João Paulo II. O patriarca de todas as Rússias, Alexis II, desejou “um diálogo frutífero”, apesar de, após o fim da União Soviética, a relação entre ortodoxos e católicos ter se tornado muito difícil. A tensão entre as duas igrejas aumentou em 2002, quando a Santa Sé criou quatro dioceses permanentes na Rússia, enquanto a oposição de Alexis II impediu João Paulo II de realizar o sonho de visitar a Rússia, onde o Vaticano estima que existam 1,5 milhão de católicos. A Igreja russa diz que são 100 mil. A maior autoridade da Igreja Ortodoxa, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, convidou ontem o novo Papa a continuar o diálogo entre as igrejas cristãs, iniciado por João Paulo II. Ele saudou com ale- gria e esperança a eleição de Ratzinger e disse esperar que “suas iniciativas sirvam à aproximação das igrejas, do diálogo e do sossego”. Israel saudou a eleição de Joseph Ratzinger, considerando-a sinal de continuidade de João Paulo II, tido como “amigo dos judeus”, e pedindo que Bento XVI lute energicamente contra o anti-semitismo. “Rezo e espero que siga os passos de João Paulo II”, disse o rabino de Tel Aviv Israel Lau. O presidente Moshe Katzav manifestou esperança de um fortalecimento da aproximação entre a Santa Sé e o judaísmo. Também os líderes muçulmanos de todo o mundo saudaram o novo Papa, esperando a continuidade das ações de João Paulo II e o diálogo entre as religiões. Ali Machsan Mussa, do Nahdlatul Ulama da Indonésia, o maior movimento muçulmano do mundo, disse esperar que o novo Pontífice “faça o possível para que as relações entre as diferentes religiões sejam ainda melhores”.