Colégio Planeta Prof.: Caetano Lista de Redação Aluno(a): Lista 02 Data: 27 / 08 / 2010 Semi Extensivo Turma: Turno: NOTURNO Aula 5 Exercícios de uso da coletânea Como usar a coletânea Recebi muitas cartas solicitando a minha opinião sobre a questão judaico-palestina e sobre a perseguição aos judeus na Alemanha. Não é sem hesitação que ouso expor o meu ponto de vista. Na Alemanha as minhas simpatias estão todas com os judeus. Eu conheci-os intimamente na África do Sul. Alguns deles tornaram-se grandes amigos. Através destes amigos aprendi muito sobre as perseguições que sofreram. Eles têm sido os "intocáveis" do cristianismo; há um paralelo entre eles, e os "intocáveis" dos hindus. Sanções religiosas foram invocadas nos dois casos para justificar o tratamento dispensado a eles. Afora as amizades, há a mais universal razão para a minha simpatia pelos judeus. No entanto, a minha simpatia não me cega para a necessidade de Justiça. O pedido por um lar nacional para os judeus não me convence. Por quê eles não fazem, como qualquer outro dos povos do planeta, que vivem no país onde nasceram e fizeram dele o seu lar?) A Palestina pertence aos palestinos, da mesma forma que a Inglaterra pertence aos ingleses, ou a França aos franceses. É errado e desumano impor os judeus aos árabes. O que está acontecendo na Palestina não é justificável por nenhuma moralidade ou código de ética. Os mandatos não têm valor. Certamente, seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico. O caminho mais nobre seria insistir num tratamento justo para os judeus em qualquer parte do mundo em que eles nascessem ou vivessem. Os judeus nascidos na França são franceses, da mesma forma que os cristãos nascidos na França são franceses. Gandhi em 26 de novembro de 1938. 00 Segundo Gandhi “seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.” 02 Segundo Gandhi “seria um crime contra a humanidade reduzir o orgulho árabe para que a Palestina fosse entregue aos judeus parcialmente ou totalmente como o lar nacional judaico.”, frase esta que resume a causa do conflito. 04 Até Gandhi já dizia que a injustiça histórica cometida contra os judeus não justifica o que hoje fazem com os palestinos. 06 Até Gandhi já dizia que a angústia histórica cometida contra os judeus não justifica o que hoje fazem com os palestinos. Isso foi em 1938, antes do holocausto, porém nem mesmo esse genocídio justifica a revanche, uma vez que ele só gera mais sentimentos de ódio. 08 Gandhi entrou no assunto do conflito árabe em 1938. Mas sua mais famosa ação nos momentos de conflito global não foi realizada: a greve de fome. Talvez seja porque o mundo já deu crédito para os judeus gastarem por conta do holocausto, créditos estes que se configuram em armas modernas, “doadas” pelos EUA aos rabinos raivosos. EXEMPLO DE ARTIGO DE OPINIÃO MÃE DINÁ VAI AO CONCURSO Quem já foi aluno de cursinho, provavelmente já passou pela seguinte experiência em uma aula de redação: o professor, que deveria ensinar a escrever chega em sala, apresenta uma proposta feita por ele e, então, fala o que pensa a esse respeito. O texto feito pelo aluno em casa deve ser uma representação da visão apresentada pelo professor. Bem, essa visão de aula de redação baseia-se na concepção de que a produção de um texto é basicamente a constituição de ideias sobre um tema e que, tendo a ideia, o resto se resolve. Quanta ingenuidade! Quantas vezes na minha época de aluno de cursinho eu assistia a uma ótima aula de redação e, quando ia escrever em casa, percebia que o professor não havia me ensinado a escrever aquele texto. O que eu tinha eram ideias que o professor discutiu, mas, por mais que eu as escrevesse, a corretora escreveria na minha redação: - Está sem articulação. Use a coletânea. Seja criativo. Ironia das ironias era perceber que nas aulas meu professor nunca falava de articulação, coletânea e se falava de criatividade era pouco claro: - Seja criativo. (Mas isso a corretora já não tinha dito?) Dessa forma, ao dar aulas, sempre achei que é desimportante discutir temas em uma sala com cem alunos. Simplesmente porque no vestibular, ou no concurso, não é assim. Imaginem a cena ridícula: o fiscal chega com a prova, lê a coletânea com os concorrentes, todos se reúnem em torno da discussão, e então, escrevemos. É assim? Não, porque ao falar a respeito de um tema eu estou influenciando o outro. E, logo, ele não está fazendo a redação dele. Por isso as aulas de redação deveriam se concentrar em recursos, ferramentas para ajudar os alunos. Em uma aula eu ensino a usar a coletânea, na outra a construir coerência, em outras eu melhoro o uso dos elementos coesivos. E, sim, eventualmente eu posso falar sobre o tema, mas sem essa balela de : - Olha, esse ano o tema pode ser tal. Como se adivinhar fosse função do professor! O bom professor não é aquele que “adivinha” o tema, mas aquele que oferece tantas ferramentas para o aluno que, mesmo que ele não tenha falado do tema, a prova pareça fácil. É bom esclarecer que não estou apontando críticas a pessoas e sim a posturas. Posturas que na minha concepção e na de muitos alunos deveriam ser revistas. Aliás, é bom dizer que acontece sim de um professor falar em sala daquilo que cai na prova. Alguns professores há anos dão aulões antes da primeira fase do vestibular que parecem uma xerox da prova da Federal, mas minha gente, isso não é adivinhação, é competência. As aulas se parecem com a prova porque o profissional é preparado, conhece o conteúdo, lê a prova todos os anos e tem uma idéia das relevâncias a apresentar. Mas falar que adivinhou é golpe baixo. Afinal, nós somos professores ou mães Dinás? Se eu tiver aula em um cursinho quero entender porque às vezes eu travo para escrever e como fazer para isso parar. Eu quero saber unir minhas palavras e frases sem que meu texto fique confuso. Importante: eu não desprezo as ideias do meu professor, mas eu quero aprender a ter as minhas. Talvez os professores queiram discutir os textos com os alunos por achar que falta a eles o mais fundamental: pensar. Essa idéia é preconceituosa e já a ouvi de alguns colegas. Não se ensina ninguém a pensar, ensina-se a organizar o pensamento em texto. Afinal, se pararmos para refletir também não se ensina ninguém a escrever, pelo menos não no cursinho. Ensina-se a organizar um processo que às vezes ficou pelo meio. O aluno já é alfabetizado – por vezes com dificuldades – o que ele precisa é ser preparado para que um leitor consiga diante daquilo que ele escreveu chegar até a linha 40 e entender seus argumentos. Vai uma mãe Diná aí? Caetano Mondadori é professor de redação. Publicado no Diário da Manhã no dia 26 de maio de 2010. Aula 6 Terceira proposta de redação Leitura de produção de aluno. TEMA 03 A prova de redação apresenta uma proposta de produção textual. Para produzir o seu texto, você deve seguir a definição de gênero logo abaixo descrita. DISSERTAÇÃO, ARTIGO DE OPINIÃO, CRÔNICA O tema é único e deve ser desenvolvido segundo a proposta escolhida. A fuga do tema anula a redação. A leitura da coletânea é obrigatória. Ao copiá-la você não deve copiar trechos ou frases sem que esta transcrição esteja a serviço de seu texto. Seu texto não deve ser assinado. TEMA: A construção da cor no Brasil A) “O homem livre, o homem branco, além de ser muito mais inteligente que o negro, que o africano boçal, tem o incentivo do salário que percebe, do proveito que tira do serviço, da fortuna enfim que pode acumular a bem de sua família. Há entre esses dois extremos, pois, um abismo que separa o homem do bruto. [...] Cada africano que se introduz no Brasil, além de afugentar o emigrante europeu, era em vez de um obreiro do futuro, o instrumento cego, o embaraço, o elemento de regresso das nossas indústrias.” Tavares Bastos, jurista e político fundador da Sociedade Internacional de Imigração (1866), era a favor da abolição dos escravos. Como se pode ler na sua frase, não porque acreditasse em algum tipo de equidade entre ele e os negros. Queria na verdade substituir os cativos por homens brancos assalariados, queria postos de trabalho que atraíssem imigrantes para o solo nacional a fim de promover mais ‘progresso’ ao País. E nesse progresso não havia espaço para pretos. Bastos não estava sozinho em sua empreitada. Como ele, outros “ilustrados” também se baseavam, alguns sem saber, nas teorias do francês Joseph-Arthur de Gobineau (18161882). Foi ele que, em seu Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (1853-1855), espraiou o que entendemos hoje como racismo. Ele está baseado na falsa crença da existência de várias raças humanas, no entendimento de diferenças entre tais raças e finalmente na ideia de que entre estas raças algumas são mais superiores que outras. Um britânico chegou para complementar o engano: Houston Stewart Chamberlain (1825-1927) é o pai do mito da superioridade da raça ariana, do qual Hitler se apropriaria através das ideias de Alfred Rosenberg (1893-1946). Este, munido de gráficos, números, tabelas e “pesquisas”, sustentou “cientificamente” o nazismo ao afirmar que judeus, ciganos, eslavos e homossexuais eram inferiores e o alemão personificava a perfeição da humanidade. Gobineau, Chamberlain e Rosenberg certamente não tomariam Bastos como um belo exemplar da “raça”. Mas aqui, em meio a um país irreversivelmente mestiço, ele abria os braços conclamando mais iguais. Mais brancos. Jornal do Comércio: Especial Joaquim Nabuco. Um pé no salão, outro na senzala. O negro, um mero “objeto da sciencia” B) A Faculdade de Direito do Recife foi, em solo nacional, um dos centros de difusão da crença na inferioridade negra baseada no evolucionismo e no positivismo. “O negro não é só uma máquina econômica; ele é antes de tudo, e malgrado a sua ignorância, um objeto de sciencia", escreveria um de seus mais famosos integrantes, o crítico Sílvio Romero (1851-1914), no prefácio de Africanos no Brasil, livro de Nina Rodrigues, outro arauto do “racismo científico”. Romero acreditava que a mescla de cores trouxe-nos aspectos não desejáveis, por isso era mister embranquecermos. “Romero contribui para mostrar que o atraso estava ligado ao trabalho do índio, que seria lento, e ao escravo, que era causa de nossa estagnação econômica. Não estávamos, assim, aptos ao desenvolvimento, não estávamos prontos para um país novo, capitalista. Ele estava convencido de nossa inferioridade e por isso investe seu otimismo no branqueamento”, diz o sociólogo Arim Soares do Bem, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Segundo ele escreve no artigo Criminologia e etnicidade: culpa categórica e seletividade de negros no sistema judiciário brasileiro, a influência de Silvio Romero foi grande a ponto de estimular o recrutamento de imigrantes em vários países europeus, dando início a uma nova fase imigratória que somente foi interrompida com o processo de nacionalização da mão de obra introduzido por Getúlio Vargas na década de 30 do século 20. De 1880 até 1940, vieram para o Brasil cerca de 1,4 milhão de italianos, 1,2 milhão de portugueses, 580 mil espanhóis, 170 mil alemães, 108 mil russos e 47 mil poloneses. Jornal do Comércio: Especial Joaquim Nabuco. Um pé no salão, outro na senzala. O negro, um mero “objeto da sciencia” C) O antropólogo norte-americano Marvin Harris estava intrigado. Afinal qual era exatamente a cor de uma pessoa acastanhada? Ou alviescura, amarelada, alvirrosada? Passava os olhos pela lista divulgada nos anos 70 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnud), na qual os entrevistados declaravam a própria cor. Eram incríveis: alvarenta; alvarinta; alvinha; amarela; amarelo-queimada; amarelosa; amorenada; avermelhada; azul; baiana; bembranca; avermelhada; branco-melada; branco-morena; brancopálida; branco-queimada; branco-sardenta; branco-suja; branquinha; bronze. Estava estudando uma população no interior da Bahia. Ali, lançou uma questão que até hoje reverbera em solo nacional: who are white? (quem é branco?). Para conseguir a resposta, teve que se investir de uma percepção refinada e um olho descondicionado – ajudava o fato de não ter nascido na terra dos múltiplos coloridos. A quantidade de declarações sobre a cor da pele mostrava que, mesmo em um Estado com alto índice de negros e mulatos como a Bahia, a população simplesmente não conseguia se dizer “branca” ou “negra”. Harris foi seguindo a trilha dessa multiplicidade de tons e percebeu que a cor estava claramente atrelada ao sucesso social de seu dono. Chegou a uma conclusão surpreendente, formulando assim um instigante esquema. Ele nos diz: um negro é um branco muito pobre; um mulato muito pobre; um mulato pobre; um negro muito pobre; um negro pobre; um negro medianamente rico. Já um branco é: um branco muito rico; um branco medianamente rico; um branco pobre; um mulato muito rico; um mulato medianamente rico; um negro muito rico. É, sem dúvida, uma forma mais eficaz para lidar com a questão racial no País: ela não se localiza apenas no fenótipo, na aparência, mas perpassa também pela classe social do indivíduo. Significa dizer que o racismo no Brasil manifesta-se pelo branqueamento daqueles que agregam diferentes status e, ao contrário, o enegrecimento ou empardecimento daqueles sem prestígio social. Os psicólogos Marcus Eugênio Lima (Universidade Federal da Bahia) e Jorge Vala (Universidade de Lisboa) se muniram da análise de Harris para tentar decifrar essa rede complexa – e, por isso, nem sempre muito visível no trato cotidiano. “Estamos diante de um racismo camaleônico, que utiliza o notável caleidoscópio de cores que compõem a sociedade brasileira para construir um tipo de representação social que associa o fracasso à cor negra e o sucesso à cor branca. Essa forma brasileira de racismo pode fazer mudar subjetivamente a cor de um indivíduo a fim de manter intactas as crenças coletivas e as atitudes negativas associadas à categoria de pertença desse indivíduo.” Jornal do Comércio: Especial Joaquim Nabuco. Um negro é um branco muito rico. D) A cor também está veiculada àquilo que é associado ao que é negativo (preto) ou positivo (branco). A pesquisa empreendida pelo sociólogo Sérgio Adorno a partir dos boletins de ocorrências de crimes violentos em São Paulo durante os anos 90 traz uma assustadora conclusão: se o réu era inocentado pelas evidências, tornava-se “branco” nos registros. Já aqueles cujas evidências apontavam para a culpa eram descritos, mesmo tendo a pele clara, como “morenos” ou “negros”. Mas foi o vice-presidente do Instituto Cidadania Democrática (ICD/SP), Silvio Luiz de Almeida, quem conseguiu responder mais sucintamente à pergunta do assombrado Marvin Harris. Ao estudar o acesso à universidade e a emancipação dos afro-brasileiros, ele afirma: ser “branco”, no Brasil, não se refere apenas à cor da pele, mas a todo um conjunto de atitudes e de privilégios políticos e econômicos que nossa sociedade atribui aos que possuem uma aparência branca. E essa aparência, como sabemos, pode ser construída de diversas maneiras, seja através do sucesso econômico, político, cultural. A falta de privilégios, por sua vez, confere simbólicos pigmentos, uma melanina brasileiríssima. Jornal do Comércio: Especial Joaquim Nabuco. Um negro é um branco muito rico. E) Para quem não conhece, Femi Ojo-Ade é um professor e escritor africano, conferencista internacional e autor do livro "Brasil, paraíso ou inferno para o negro?". Usando como mote a famosa frase do ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt, que teria dito que no Brasil não existe racismo, o autor parte desse princípio para concluir que o nosso país é racista sim, e conclama os negros brasileiros a se unirem aos negros africanos e afro-americanos e reagirem à esse racismo mascarado. Li o livro porque precisava fazer um trabalho de História e Cultura Africana. Confesso que não gostei, mas fiz o trabalho segundo a ótica que meu professor havia pedido. Depois, fiquei tão incomodado com o texto que preparei o adendo a seguir e entreguei junto com o trabalho. MEU CARO PROFESSOR RODRIGO: Tendo terminado o meu trabalho, senti-me na obrigação de dizerlhe que discordo da posição adotada pelo autor do texto, o professor Ojo-Ade. Na verdade, não vejo muita diferença entre suas opiniões e a de qualquer racista de cor branca que incentiva a separação entre as raças e a consequente guerra inter-racial que sempre irá advir dessa separação. Acho inconcebível que em pleno século XXI, quando a maioria dos seres humanos já entendeu que união é fator primordial para a paz no mundo, pessoas ainda pensem com a mentalidade de séculos atrás e utilizem palavras de ordem como "orgulho", "unificação", "luta definitiva", "nossa raça" e etc. Há poucos anos, um homem utilizou-se destas mesmas palavras para levar todo um país a uma catastrófica aventura militar. O nome dele era Adolf Hitler, lembra-se? Sim, existe racismo no Brasil, como em qualquer parte do mundo. Até mesmo na África. Por que será que o professor Ojo-Ade procura enfatizar que o negro é vítima do branco opressor e esquece convenientemente que, como a História nos ensina, a diáspora foi iniciada quando os próprios negros venderam seus irmãos de cor considerados "inimigos" aos brancos? Até mesmo o senhor, um professor branco que leciona cultura negra, acaba vítima da metralhadora giratória de Ojo-Ade, quando ele afirma que "O congresso brasileiro de 1997 mostra outra vez que são pesquisadores brancos que estão falando sobre o negro". Ele pede que o Brasil tenha um presidente negro, e bem negro de preferência. Ora, Idi Amin Dadá era negro, e bem negro por sinal, como pede o professor Ojo-Ade, e foi presidente de um país africano. Ditador. Corrupto. Assassino. Louco. A cor da pele tem algo a ver com competência? Não creio. A cidade de São Paulo foi administrada por um negro tempos atrás, Celso Pitta. Preciso dizer mais? O Brasil não precisa de um presidente negro, o Brasil precisa de um presidente competente, honesto e que respeite o povo que governa. Aliás, todos os países do mundo precisam de homens assim, e o que menos importa é que cor de pele eles têm. Continuando, ele condena a multirracialidade, chega a chamar o professor Gilberto Freyre, um dos mais conceituados sociólogos do mundo, autor do clássico "Casa grande e senzala", de "racista mascarado". Mostra-se contra a miscigenação brasileira que, segundo ele, gera negros "morenos", com a desculpa de "embranquecimento da população". Isso não seria racismo explícito? Lembra-me uma passagem do livro "Negras raízes", do professor americano Alex Haley, onde as mulheres africanas mais claras tinham que pintar o rosto de tinta preta para parecerem negras "autênticas". Imagino que a filha de Mr. Ojo-Ade jamais poderá apaixonar-se por um homem branco, sob pena de que seu filho nunca tenha um avô materno. Por fim, ele prega o orgulho racial do negro. Meu querido professor Rodrigo, o senhor sabe qual é a diferença entre um negro que ostenta uma camiseta com os dizeres "100% negro" e um branco com uma camiseta que diz "100% branco"? A única diferença é que o branco pode ir parar na cadeia por racismo. Onde está a tão propagada igualdade perante a lei de que fala a nossa constituição? Sim, eu sei que os negros foram massacrados num passado recente e que as feridas ainda estão abertas. Mas será que um erro justifica outro? Creio que não. O pastor Martin Luther King, que era negro, disse no seu mais famoso discurso, pouco antes de ser vitimado pelo ódio racial, que sonhava em ver um mundo onde todos vivessem como irmãos. Infelizmente, quando se fala tanto em orgulho, seja ele de que tipo for, esse sonho fica cada vez mais distante. Orgulho é uma palavra feia, arrogante. A grande maioria das guerras começaram por causa do orgulho racial. Pessoas matam e morrem todos os dias por orgulho. Sou negro, mas isso não me provoca nenhuma sensação extrema, nem de orgulho nem de vergonha. É apenas melanina, substância produzida pelo corpo humano para proteger a pele dos raios ultra-violetas. Isso não me faz melhor ou pior que ninguém. Honestidade, sim. Paciência. Competência naquilo que faço. Bom humor. Bom senso. Otimismo. Respeito pelas diferenças. Isso tudo me faz um ser humano melhor, não a cor da minha pele. É louvável que no mundo tenhamos pensadores de todas as raças e que eles tenham liberdade de pensamento, mas quando leio textos panfletários como este tenho certeza que os grandes escritores nunca tiveram cor. Vide Machado de Assis, que era negro numa época de escravidão e racismo absolutos, e venceu pela sua capacidade, sem nunca ter sido panfletário. Fez da sua vida o exemplo de que um homem não pode ser julgado pela cor da sua pele e sim pelo seu talento, tornando-se um dos maiores escritores brasileiros, reconhecido internacionalmente. Penso que enquanto houver pessoas que pensam como o professor Ojo-Ade, as guerras raciais continuarão a acontecer pelo mundo afora. Uma pena, temos um planeta tão bonito, que fico imaginando, como Lennon, que era branco, como seria se não existissem guerras nem raças. PS: mesmo discordando do texto, entendo que o professor Femi Ojo-Ade tem todo o direito de expressar a sua opinião. Como já dizia Voltaire, que eu não sei de que cor era, "Discordo de cada palavra do que dissestes, mas defendo até à morte o teu direito de dizê-las." OLIVEIRA; Frodo. Existe racismo no Brasil? Texto publicado no recanto das letras em 15 de fevereiro de 2008. DISSERTAÇÃO Usando o método apresentado na aula de dissertação crie uma dissertação, a respeito do preconceito racial no Brasil, que conte com a estrutura sugerida por Paulo Coimbra Guedes. Você precisa usar a coletânea para fundamentar sua opinião. DIÁRIO O diário é texto que pertence a um grupo de gêneros textuais chamados de pessoais. Eles são assim chamados por pertencerem ao universo doméstico e por caracterizarem marcas de intimidade e um tom confessional não presente em outros gêneros que pertencem a outros ambientes. Imagine que você seja Frodo Oliveira (coletânea e) e que tenha se sentido ofendido com o pedido de trabalho a respeito da raça feito por seu professor. Em sua opinião você acredita que o discurso de raça defendido por alguns negros faz com que as pessoas negras comecem a ser preconceituosas com os brancos e isso pode criar um ciclo infindável de desprezo racial. Sendo assim, após escrever a carta para o professor Rodrigo você resolveu escrever uma página em seu diário falando sobre o assunto. Mesmo sendo negro você preza antes da cor a dignidade do ser humano e acha que mais importante do que separar as pessoas por suas cores é tentar fazer com que elas se unam em torno de um ideal comum. CARTA ARGUMENTATIVA A carta argumentativa é um gênero que tem a intenção de demonstrar a um determinado interlocutor as opiniões que um locutor tem a seu respeito. Aqui você deve lembrar que suas sequências devem ser predominantemente expositivoargumentativas. Não adianta assim apenas expor os fatos que melhor ilustram sua opinião, é necessário criar para eles uma série de causas e conseqüências a fim de que você exiba sua capacidade de demonstrar ao leitor como determinados fatos se dão socialmente e porque você concorda ou não com eles. Sendo assim, imagine que você seja um estudante de história e que tenha lido a carta de Frodo de Oliveira a respeito do racismo A) B) Caso você concorde com ele, demonstre sua opinião e o agradeça por ter contribuído de maneira tão clara com aquilo que você defende. Caso você não concorde com ele, demonstre sua opinião e use o restante da coletânea para fundamentar seus argumentos a fim de que eles se tornem mais claros e bem formulados. Exija que ele modifique a maneira de ver o assunto e reveja seus pontos de vista. Aula 7 E essa tal de crítica. Uso prático da crítica em um texto. Iremos analisar o texto abaixo e tentar identificar a maneira como o autor constrói uma crítica a respeito daquilo que de alguma forma ele considera negativo. Nossa tradição escolar, baseada em concepções de linguagem arcaicas, de antes de Cristo, sempre tratou de fazer uma separação rígida entre língua falada e escrita: só a língua escrita ou, mais restritamente, só a língua escrita literária merecia ser estudada, analisada e codificada para, em seguida, se tornar objeto exclusivo de ensino. Com isso, a língua falada não só era deixada de lado como também considerada caótica, desregrada, imperfeita e ilógica. Uma das principais revoluções da ciência lingüística moderna foi precisamente corrigir essa distorção milenar e colocar a língua falada no centro da investigação sobre a linguagem. As conseqüências negativas da supervalorização da escrita e da depreciação da fala são muitas e profundas. Uma delas é a falácia, que muita gente assume, de que todo e qualquer texto escrito tem que ser rebuscado, recheado de palavras e construções pouco usuais, de modo a ficar o mais distante possível da "banalidade" da língua falada. Assim, entre duas opções possíveis, só deve figurar na escrita aquela que for a menos empregada na fala. Resultado: usos que contrariam ao mesmo tempo a fluência natural da fala e as regras tradicionalmente prescritas pelas gramáticas normativas para a língua escrita, devido ao conhecimento superficial dessas formas menos habituais e a seu uso exagerado. Um bom exemplo é o pronome o qual. Raríssimo na fala espontânea, muita gente o emprega a torto e a direito na escrita porque lhe ensinaram a bobagem de que é preciso evitar a repetição do que. Aparecem, então, coisas como "um livro o qual nos ensina muito" ou um país o qual visitei há pouco". Também freqüente é o uso de o qual no masculino singular e sem a preposição que deveria acompanhá-lo: "uma cidade o qual temos filial", como me escreveram certa vez. A presença de o qual várias vezes na mesma página é indício seguro de um texto com problemas. Hoje, pelas mesmas razões, muita gente está acometida da febre de possuir. Em lugar do simples, prático e eficiente verbo ter, de uso essencial, aparece a todo momento o verbo possuir, como se fosse sinônimo absoluto de ter e coubesse em todos os contextos. Assim, preenchendo um formulário encontrei: "Você possui filhos?". Me deu vontade de responder: "só os dos outros"! Num livro de aventuras juvenis: "Era um malfeitor que possuía muitos homens.”. De repente virou um romance gay. Antes, na caixa de mensagens do celular, a gravação dizia: "Você tem uma nova mensagem." Agora, a gravação diz: "Você possui uma nova mensagem." Provas pedem ao candidato que assinale a opção que "possui a resposta certa". Nos aeroportos, se dá prioridade às pessoas que "possuam dificuldades de locomoção". Na base de curriculos do CNPq: "Fulano possui mestrado e doutorado". Num documentário na televisão: "tal ave possui hábitos migratórios", "cada ninho possui três ovos", "só o macho possui canto", entre outros quinze usos de possuir num programa de trinta minutos... É que além de substituir indevidamente o verbo ter, o possuir também serve de curinga. Tal repetição revela a pouca destreza do escrevente no manejo da língua escrita mais monitorada, culpa de um ensino que se prende a gramatiquices inúteis e não favorece o letramento. Na paranóia de separar o certo do errado, a escrita da fala, nosso ensino de língua acaba gerando, ele sim, representações da língua totalmente errôneas que se manifestam em textos untuosos e mal articulados. Resultado: reprime-se a oralidade, que é de uma riqueza inesgotável, e ao mesmo tempo não se promove uma escrita fluente e agradável de ler. Marcos Bagno é Doutor em Lingüística e professor titular da Faculdade de Letras da Universidade de Brasília, sendo também articulista convidado da revista Caros Amigos. É autor do Best seller “Preconceito Lingüístico”. Aula 8 Quarta proposta de redação Leitura de produção de aluno. TEMA 04 Tema: NÃO SE DEIXE FRUSTRAR A prova de redação apresenta três propostas de produção textual. Para produzir o seu texto, você deve seguir a definição de gênero logo abaixo descrita. CARTA DE AGRADECIMENTO, PALESTRA, CARTA PESSOAL O tema é único e deve ser desenvolvido segundo a proposta escolhida. A fuga do tema anula a redação. A leitura da coletânea é obrigatória. Ao copiá-la você não deve copiar trechos ou frases sem que esta transcrição esteja a serviço de seu texto. Seu texto não deve ser assinado. a) Frustração é uma emoção que ocorre nas situações em que algo obstrui o alcance dum almejo pessoal. Quanto mais importante for o objetivo, maior será a frustração. Pode ser comparada à raiva. As fontes da frustração podem ser internas ou externas. As fontes internas da frustração envolvem deficiências pessoais como falta de confiança ou medo de situações sociais que impedem uma pessoa de alcançar uma meta, já as causas externas da frustração, por outro lado, envolvem condições fora do controle da pessoa, tais como uma estrada bloqueada ou falta de dinheiro, por exemplo. Em termos de psicologia, o comportamento passivo-agressivo é um método de lidar com a frustração. Quando este não funciona, outra "solução" comumente adotada é uma "regressão" (inconsciente, consciente ou simulada) a um comportamento infantil e mimado, geralmente visando comover ou sensibilizar terceiros através de algum tipo de apelo emocional. Algumas pessoas, diante da frustração, tendem a assumir comportamentos negativos diante das situações enfrentadas, optando por se sentirem insignificantes, sem capacidade para levar adiante suas empreitadas, responsabilizando sempre os outros por atitudes que são, na verdade, iniciativas delas mesmas. Assim, elas se acomodam e criam em torno de si uma fachada ilusória, e chegam realmente a acreditar que são os outros que exigem demais delas. Retirado do verbete do Wikipédia. (Alterado) b) As frustrações se referem a todos os tipos de impedimentos a que o homem está submetido em sua jornada, mas pode-se dizer que basicamente elas se resumem a um embate entre um desejo expresso e uma realidade que não muda. Desde a infância o ser enfrenta este conflito, essencial para seu crescimento – a perda do seio materno, a necessidade de abdicar de alguns de seus prazeres para cumprir determinadas obrigações, entre outras tantas proibições. Quando o sujeito se torna adulto, este sentimento adquire colorações mais afetivas, com uma avalanche de decepções, perdas, separações, rompimentos, exclusões de grupos sociais, falta de popularidade, entre outros. Mas também há os obstáculos de teor material, como desemprego, falta de perspectiva profissional, colegas antiéticos no ambiente profissional, etc. Em momentos como este, a pessoa pode até se tornar triste, depressiva, como o jovem recém-saído da Universidade, ao perceber o quanto é instável o mercado de trabalho em seu campo de atuação. Este comportamento é parte do que se chama de ‘síndrome de final do curso’. Não necessariamente ele pode ser classificado como um indivíduo depressivo, pois no momento em que ele visualizar uma luz no fim do túnel, ou quando receber uma oportunidade de praticar sua vocação, este sentimento desaparecerá. Portanto, é importante distinguir a frustração de uma depressão. Os dois quadros psíquicos são muito parecidos, principalmente porque uma exacerbação da frustração pode também levar à depressão. O mais importante é não rotular todos os desajustes emocionais como transtornos depressivos, pois é preciso investir na qualidade de vida, tanto a vivencial quanto a social, para que as pessoas superem melhor estas crises. Portanto, períodos de depressão, principalmente quando o sujeito se depara com as frustrações, é normal em nossos dias. Deve-se ficar atento, assim, para a intensidade e a freqüência destes episódios, para melhor discernir entre estas distintas emoções. E não se deve esquecer que a frustração pode igualmente ser vista como um desafio, algo que estimule a imaginação, a capacidade humana, e se transforme assim em um aprendizado, ou em projetos edificantes e nobres. SANTANA, Ana Lucia. Frustração. Retirado do site Infoescola c) As novas gerações sofrem de dilemas que, antigamente, nem passavam pela mente das pessoas. Hoje se compete mais, se compara mais, se ganha e, consequentemente, se perde mais. A dificuldade nova é lidar com as frustrações, sendo fruto de pais que fazem de tudo para deixar os filhotes em bolhas protegidas. Aí, sem cair, fica bem difícil aprender a levantar. Psicólogos e pedagogos concordam que incentivar demais a fantasia de uma felicidade constante e intocável pode ser nociva à saúde. Cesar Ibrahim, em entrevista ao Instituto Alana, por exemplo, disse acreditar que o privilégio ao prazer, preocupação fundamental de pais da classe média, funciona como um analgésico para os filhos. O problema é que, nessa vida sem dor ou esforço, a criança não cresce com a defesa necessária nem com a segurança e clareza suficientes para agir de forma consciente quando adulto. A psicóloga Cida Rabelo concorda com Cesar e diz que frustração é sim importante para o desenvolvimento do indivíduo. "Muitos pais se sentem culpados em dizer ‘não’ aos filhos", afirma. "Até os 7 anos pensamos que o mundo gira em torno de nós, estamos completamente imersos no narcisismo e no egocentrismo. Com esta percepção, achamos que tudo e todos estão no mundo para atender as nossas expectativas. A medida que crescemos e somos frustrados, temos a possibilidade de abandonar este narcisismo e entender que ninguém está no mundo para atender a minha expectativa". As novas gerações encaram essas frustrações com mais resistência porque tudo que querem é instantâneo, rápido. "As pessoas são substituídas facilmente, as coisas chegam prontas, sem envolvimento. É o mundo descartável, uma geração descartável", analisa Cida. Para resolver, só mesmo aceitando as próprias limitações. "Quanto acolhemos a impotência, deixamos de lado a compulsão", diz Cida. Segundo ela, o fracasso é importante para que as pessoas conheçam seus limites, repensem e aprendam a viver com os próprios erros. "A maneira que lidamos com os nossos fracassos determina quem somos", garante. "E os pais podem ajudar as novas gerações mostrando que fracassar faz parte da vida e que errar faz, sim, parte do aprendizado". PASSOS, Sabrina. O lado positivo da frustração. d) Você conhece alguém a quem possa referir-se como uma pessoa feliz? Cuidado. Ao final deste texto você poderá ter uma grande surpresa. Digo isso porque a ideia deste texto é justamente descrever o frustrado. Consultando o dicionário, encontramos o variado quadro de definições. Vejamos: frustrado adj. 1. Que não produziu efeito. 2. Que não deu resultado. 3. Malogrado. 4. Que não chegou a desenvolver-se. 5. Inútil, baldado. frustrar - Conjugar v. tr. 1. Privar (a outrem) do que espera com fundamento. 2. Iludir. 3. Baldar, inutilizar. v. pron. 4. Ficar sem resultado. 5. Malograr-se. 6. Inutilizar-se. (Fonte: Dicionário Priberam) Porém, apesar de tanta exatidão, a definição do frustrado é mais complexa do que parece. Isto porque existem dois tipos: os ocultos e os declarados. O frustrado declarado é aquele que sempre reclama de tudo. Difere-se do pessimista porque nem ao menos cria perspectivas, por pior que pareçam. Não sente inveja dos outros, mas entristece quando vê alguém vencer, independente de qual área for o êxito. O tom emotivo deste tipo de frustrado aumenta ainda mais quando ele vê a vitória alheia e percebe não possuir forças para almejar um objetivo. O frustrado oculto é o mais perigoso porque pode acarretar em seqüelas graves para a vida da própria pessoa e dos outros. É o tipo mais comum, embora mais difícil de detectar. Sempre aparenta vitalidade, acredita fielmente na sua felicidade e busca momentaneamente exprimi-la à sociedade como uma espécie de necessidade de mostrar que tudo está bem. A chave da percepção do frustrado está justamente aí. Demonstrar felicidade é seu cargo chefe, deixando de lado a busca pelo próprio sucesso. Vive a vida como a deixando levar, sem rumo certo, e refugia-se nestas pequenas doses de bons momentos. Alcançar a felicidade se resume em concretizar objetivos, tornar real o sonho. Esta sensação não tem preço, mas muitos não se intimidam em jogar fora suas vidas e atender aos padrões morais da sociedade, como se viver tivesse cartilha básica, algo para ser seguido e fim. Entro nos âmbitos da objetividade e padrões sociais pelo fato de não ser atributo do frustrado visar algo. Muitas vezes, ele se orgulha de coisas comuns, como ter tido vida difícil, começado a trabalhar cedo, constituído família e, ao mesmo tempo, não consegue visualizar nada de mais atrativo ao seu redor. É uma pessoa cheia de sonhos contrastantes à realidade que ele mesmo plantou. O maior problema do frustrado oculto é que, além de não conseguir realizar nada, ele ainda gosta de se impor sobre os outros com discurso autoritário e fala inflamada. Sempre se coloca como o menestrel da verdade, direcionador da vida alheia, mesmo sem se conhecer. Por isso, acredito na existência da república dos frustrados. Aponto o tom republicano pela presença da democracia. É verdade, acredite. O regime é democrático, pois o frustrado adquire este título pelos próprios méritos. Não existe grande segredo para sair da frustração. Como primeiro passo, acredito no auto descobrimento do homem, incluindo seus medos e limites. Quando a pessoa sabe conviver com suas limitações ela usa o que possui de melhor para reparar as possíveis gotas de desânimo. É uma questão de querer. Quando ficava quatro horas parado no ponto de ônibus, no auge da obesidade mórbida, não possuindo forças psicológicas para entrar pela porta da frente da condução, eu ainda era capaz de ir até a faculdade e conseguir transmitir alegria como se realmente eu fosse daquela forma. Quando entendi o que era ser frustrado, assimilei minhas barreiras, descobri meu objetivo naquele momento, transformei a alegria momentânea em positividade e hoje já se foram 130 kg. Se após este texto você detectou algum frustrado: não fique preocupado. É apenas a capacidade de percepção aflorada e colocada em prática. Se você se auto avaliou portador de frustração, o único conselho da minha parte é que mude enquanto ainda há tempo. O maior desafio na atualidade é saber se somos quem realmente apresentamos à sociedade. LODI, Marcos. A república dos frustrados. Retirado do blog do autor “Quando é preciso reagir”. CARTA DE AGRADECIMENTO A carta de agradecimento é um gênero do discurso argumentativo que tem como intenção expor ao receptor o quanto o emissor do texto se sente agradecido por algo que ele tenha feito. Dessa forma, percebemos que sua estrutura deve ser expositivoargumentativa e assim o autor expõe as razões que o fazem se sentir agradecido e logo depois argumenta os motivos dessa gratidão. Suponha que você seja um estudante de jornalismo e que tenha sido durante muito tempo um obeso mórbido. Embora não se sentisse mal por isso, sofria com todas as questões que essa doença pode provocar (desconforto de transporte, dores musculares e nas articulações, preconceito). Num certo dia, navegando na internet você entrou no blog de Marcos Lodi e conheceu melhor sua história (coletânea D). Tendo sabido que ele venceu a obesidade e lendo o quanto ele era frustrado com ela, você pôde olhar melhor para si e ver que sem ter notado você muitas vezes disfarçou sua satisfação consigo mesmo porque sentia medo de mudar. Assim sendo, você começou a encarar seus problemas e suas frustrações com mais verdade e decidiu resolver esse problema que você insistia em não ver. Hoje, tendo um peso saudável e praticando exercício físico regularmente, você percebe que o que desejava não era realmente se enquadrar em um padrão estético, mas apenas ter uma vida satisfatória e plena, que agora conquistou. Sabendo que toda essa mudança teve início com o blog de Marcos Lodi você decide enviar uma carta de agradecimento contando como o “conheceu” e como o contato com seus textos pôde ajudar sua vida. Lembre-se que, embora o tom da carta seja leve, você não tem intimidade para que essa seja uma carta afetiva. A assinatura nessa carta não é necessária. PALESTRA A palestra é um gênero expositivo-argumentativo em que um dado locutor tenta expor para uma platéia suas impressões e conhecimentos a respeito de um determinado tema na tentativa de explicar aos seus ouvintes como suas conclusões podem ajudá-los a melhorar aspectos de sua vida cotidiana. Sendo assim, imagine que você é Marcos Lodi (autor da coletânea d) e que tenha sido convidado pela Sociedade Goiana de Psicologia a proferir uma palestra em um encontro que tem como tema “Frustração e contemporaneidade”. Dessa maneira, você deve expor a experiência desse personagem para demonstrar como a frustração pode ser uma ferramenta que impede que nós consigamos realizar algumas de nossas tarefas diárias e de nossa vida como um todo. Tente demonstrar, ao longo de seu texto, a interlocução necessária para que esse gênero demonstre a naturalidade de uma “conversa” sem é claro a fala do outro. Instigue as possíveis experiências dos ouvintes como ponto de partida para levantar hipóteses. Lembre-se de escrever o texto fundamentalmente na primeira pessoa. CARTA PESSOAL A carta pessoal é um gênero do discurso narrativoargumentativo pertencente a um grupo gêneros conhecidos como pessoais. Eles são assim chamados por revelarem intimidade e certo tom confessional. Nesse gênero o autor escreve algo para alguém de seu círculo íntimo a fim de narrar alguns fatos recentes de sua vida e argumentar a respeito de algumas decisões. Imagine que você seja Marcos Lodi (autor da coletânea d) e que depois de ter emagrecido muitos quilos tenha começado a escrever sobre bem-estar e auto-estima, a ponto de até ser chamado para dar palestras a respeito. Feliz com a atual situação você decide escrever uma carta para sua mãe falando dos últimos acontecimento de sua vida, mas principalmente a respeito de como a percepção de ser um frustrado pode ser capaz de fazer com que sua vida mudasse. Nessa proposta você pode assinar, mas com o nome do personagem. EXEMPLO DE CRÔNICA QUE SE MISTURA COM CARTA Carta a uma amiga solteira Querida Thais: Eu tinha que escrever essa crônica para o jornal sobre o dia dos namorados. Mas você escreveu algo em seu twitter que não me deixou em paz e depois de um tempo percebi que minha “crônica” conversava mais com você do que com o leitor do Diário da Manhã. Desculpe o nosso leitor, que pode ler tranquilamente as linhas que escrevo para essa minha amiga, mas é que não posso deixar de dizer essas linhas para alguém com quem estou preocupado. Bem Thais, em seu twitter você disse na semana passada que “no próximo dia 12 desejo que todos os namorados morram afogados em suas respectivas salivas”. Fiquei preocupado com sua atitude, pois embora você esteja, até onde eu sei, sozinha, estar solteiro não deve ser motivo de tanta raiva, tanto ódio, tanto desgosto, tanto ressentimento, tanto dor, tanta sede assassina! Logo você, uma moça bonita, inteligente, ex-loira, interessante. Não fique assim. Brincadeiras a parte, esse seu comentário no twitter falou exatamente aquilo o que eu queria dizer sobre o dia dos namorados. Às vezes, quando estamos solteiros, parece que o dia dos namorados é na verdade o dia do “humilhe aqueles que estão sozinhos”. Por qualquer loja que passemos a decoração é cheia de corações e fotos de homens e mulheres lindos que se beijam apaixonadamente. E todos estão felizes nesses dias, contentes, realizados, comprometidos. Por onde você passa vê escrito: “Faça seu namorado feliz e compre tal coisa”, “parcele o sonho de sua namorada” (essa é a mais brega de todas) e os vendedores não aceitam que ninguém compre algo nesses dias que seja para si mesmo. Lembra aquela vez que uma vendedora lhe disse: -Vamos comprar algo para seu namorado, senhora? Tudo bem Thais, eu até entendo que eles devem perceber que existem pessoas solteiras, mas não acha que um soco foi exagero?! Sério, acho mesmo que o grande problema do dia dos namorados é a minha dificuldade com datas. As pessoas criam datas para esquecerem que na verdade o ano inteiro elas precisam dar valor as pessoas. Assim é fácil. Eu tenho um dia para as mães, uma para os pais, um para o namorado e assim por diante. O dia dos namorados é a copa do mundo do amor. As pessoas só são românticas no dia 12 junho, como só são patriotas de quatro em quatro anos. Fora dessas épocas é brega, démodé, chato, vergonhoso, ingênuo tanto ser romântico quanto patriota. Ambos são considerados sentimentos idealistas que não podem ser transferidos para o dia-a-dia. Sabe Thais, é igual aquela amiga que todo mundo tem em seu círculo social, que passa a vida inteira procurando um homem que seja romântico e quando encontra um cara culto, inteligente, interessante, com diploma, trabalho estável, possibilidade de progredir na vida e tudo mais, diz que na verdade queria apenas “um homem que tivesse mais pegada”. Dá para entender vocês, mulheres?! Ou então, tem aquela outra que tem um radar para vagabundos. Se, em um raio de 50 quilômetros, tiver um homem que não presta, o coração dessa mulher irá bater apaixonado. É verdade! Então, Thais, essa amiga vem com a conversa fiada que, no fundo, nem ela mesma acredita: - O fulano é muito bom, sabe. É que as pessoas não acreditam que os outros podem mudar. Ele teve problemas com drogas, mas agora está recuperado e com fé em deus vai ficar só..., só..., só no cigarro convencional. É verdade que às vezes ele é meio esquentado, mas quem não se irrita, não é mesmo? E ele tem melhorado. Está trabalhando em uma oficina de carros e tudo. O fulano não vai mudar porque a ciclana gosta mesmo é de homem que não presta. A oficina de carros, todo mundo sabe que é um desmanche. E cigarro convencional é eufemismo para todo mundo sabe o quê. Mas Thais, essas duas mulheres que eu descrevi, não combinam muito com você. Elas até combinam com uma ou outra de nossas amigas, mas com você não. Mas tem uma mulher que combina com você porque combina com todas as mulheres. Essa é a mulher desesperada. Essa mulher combina com todas porque o desespero é um estado de espírito muito particular do feminino. Não que os homens não possam ficar desesperados, mas as mulheres parecem fazer isso se tornar muito mais amplo. Lembra do Almodóvar? O que quero dizer, com toda essa carta, que devia ter sido uma crônica, mas é uma carta. Como estou confuso! O que eu quero dizer para você Thaís, mas serve para todas as leitoras solteiras do jornal é: não sucumba ao desespero hoje! Não importa quantas amigas suas ganhem flores, nem bombons, nem coloquem frases românticas no Orkut, twitter, blogs. Não aceite aquele convite de um cara chato só porque hoje é o dia dos namorados. Muitas vezes, um convite em um momento de solidão pode se transformar até em um casamento antes dos trinta e cinco anos. Não! Se você estiver só, aceite isso hoje ou mande flores para você mesma com um cartão sem assinatura. Faz muito sucesso também. Beijos para você minha amiga, Caetano Mondadori é professor de redação. ([email protected]) Acesse o blog (http://caetanomondadori.blogspot.com). Publicado no Diário da Manhã no dia 12 de junho de 2010.