Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Centro de Informática – Cin
Pós-graduação em Ciência da Computação
Aplicação de Contextual Design na elicitação de
requisitos do AcessibleMail
Antonio Gerard
RECIFE, MARÇO DE 2014
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Introdução .................................................................................................................... 1 Problematização .......................................................................................................... 1 Engenharia de requisitos ............................................................................................. 2 Planejamento Inicial..................................................................................................... 2 Elicitação de requisitos ................................................................................................ 4 Rapid Contextual Design Process ............................................................................... 5 Publico alvo......................................................................................................................................... 6 Consolidação e painel de afinidades ........................................................................... 7 Dispositivos ......................................................................................................................................... 8 SOs (Sistemas Operacionais)............................................................................................................. 8 Leitores de tela ................................................................................................................................... 8 Aplicativos ......................................................................................................................................... 10 Interação ........................................................................................................................................... 10 Modelo de gerenciamento de e-mails ............................................................................................... 11 Problemas relacionados ao uso de e-mails ...................................................................................... 11 Observações contextuais ................................................................................................................. 12 Oportunidades para outras soluções ................................................................................................ 12 Wall Walk e Visioning ................................................................................................ 13 Benchmark................................................................................................................. 14 Gmail................................................................................................................................................. 14 Yahoo! Mail ....................................................................................................................................... 15 Outlook.com ...................................................................................................................................... 16 Conclusão .................................................................................................................. 17 Anexo I....................................................................................................................... 19 Roteiro de entrevista ......................................................................................................................... 19 Anexo II...................................................................................................................... 20 Anotações das entrevistas ................................................................................................................ 20 Anexo III..................................................................................................................... 25 Transcrições das entrevistas ............................................................................................................ 25 1
Introdução
Nesta monografia abordaremos o processo de Contextual Design (CD) na elicitação de requisitos
para a concepção de uma WebApp (Aplicação Web) chamada AcessibleMail. A evolução do escopo
do projeto é notável ao passo que a elicitação dos requisitos avança levantando questões que não
figuravam o panorama inicial da iniciativa. A aplicação da elicitação não interferiu na essência do
produto, mas o adequou à realidade do cenário local, onde será desenvolvido, ampliando a sua
aplicação com a finalidade de beneficiar a maior quantidade de pessoas possíveis.
Este projeto tenta também demonstrar a relevância dessa etapa e como ele colabora de maneira
fundamental para o entendimento de vários fatores que influenciam o sucesso de soluções na área de
TI e direcionam o foco para o real problema. Mesmo sendo realizada de maneira simples e rápida, a
elicitação, pode trazer resultados importantes se planejada e realizada de maneira adequada.
Problematização
Na sua primeira idealização, a solução chamava-se BlindMail e se tratava de um aplicativo mobile
com o objetivo de “padronizar” e facilitar o gerenciamento de contas de e-mails, incluindo atividades
como leitura e envio de e-mails, via dispositivos móveis (tablets e smartphones) para cegos e
pessoas com baixa visão. Essa ideia surgiu de experiências pessoais e observações durante um
curso de webdesign com foco em acessibilidade digital. Após ter percebido que diferentes serviços de
e-mail como Gmail, Hotmail, Yahoo mail, etc e sfotwares como Thunderbird (Mozila), Outlook
(Microsoft), Mail (Apple) entre outros, apresentam interfaces e funcionalidades diferentes entre si,
surgiu o questionamento se essas diferenças dificultam o uso por “pessoas não videntes”.
Esta solução encontra-se dentro de um sistema sócio-técnico, pois envolve pessoas, hardware e
software que juntos procuram atingir metas pré-estabelecidas. E para confirmar a real necessidade
por parte do mercado, devemos conhecer melhor a relação entre as entidades que compõem o
sistema, ou seja, a maneira como o público alvo desta pesquisa, os cegos, interagem com seus
equipamentos e os aplicativos embarcados neles. Para tornar a leitura mais simples serão
generalizadas como “Cegos” as pessoas com baixa visão. Quando for necessária a distinção entre os
termos a mesma será explicita.
O crescimento associado à grande aceitação de dispositivos mobile por parte do mercado, despertou
o interesse de associar ao estudo o uso de tablets e smartphones. O uso desses dispositivos é
crescente, e recursos como acelerômetro, touchscreen e outros possibilitam uma gama de interações
e oportunidades para se trabalhar a acessibilidade digital.
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Para a concepção e desenvolvimento deste aplicativo serão utilizadas técnicas de Design Centrado
no Usuário (DCU) e de Engenharia de Software (ES), mais especificamente a área de Engenharia de
Requisitos (ER).
Engenharia de requisitos
De acordo com Sommerville, o objetivo da ER é nortear a geração de especificações que descrevam
o comportamento do domínio de um problema de forma não ambígua, clara, consistente e completa,
permitindo a conclusão do projeto com êxito, frente ao que foi acordado entre equipe de
desenvolvimento e cliente. [1]
Os requisitos especificam o que o sistema deve fazer, suas funções essenciais e suas propriedades
desejáveis. A ER possui termos, processos e técnicas bem definidas, que em grande parte são
negligenciadas por muitas equipes de desenvolvimento de software, pois os mesmos não vêm a
necessidade de aplicá-la e provavelmente julgam-na como perda de tempo. Afinal, em um mercado
cada vez mais competitivo, as empresas que buscam sucesso precisam começar o quanto antes a
desenvolver suas soluções e conseguir lançar o software no mercado mais cedo que seus
concorrentes.
“Muitas empresas continuam não aplicando técnicas de ES de forma efetiva, muitos projetos
continuam produzindo software de pouca confiança, entregues fora do prazo e acima do orçamento”.
[2] Existem vários produtos e serviços que acabam fracassando em seus objetivos, provavelmente
porque não conheciam o mercado de maneira adequada, ou não procuraram saber o que o usuário
final realmente necessitava, entre outras variáveis, que oferecem riscos e poderiam ser minimizadas
com um processo “adequado” de ER.
Deve-se pontuar aqui que o termo “adequado” é um conceito um tanto vago, porém “Nós sabemos
que não existe um único processo ‘ideal’ de se fazer engenharia de software, pois a grande
diversidade de sistemas e organizações que usam esses sistemas significa que precisamos de uma
diversidade de abordagens para desenvolver software. No entanto noções primordiais de processos e
organização de sistemas fundamentam todas essas técnicas e elas são a essência da ES” [2].
Minimizar não significa extinguir os riscos, mas pode resultar na redução de problemas futuros e
direcionar melhor os esforços de toda a equipe que participará do desenvolvimento das soluções.
Planejamento Inicial
Planejar o processo inicial de engenharia de requisitos desse projeto é o primeiro passo. Portanto
serão realizadas 6 atividades básicas, sendo elas:
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1ª Atividade
Pesquisa qualitativa – Será executada com o intuito de revelar os detalhes sobre como os cegos
lidam com suas contas de e-mails, smartphones e tablets. Necessita de entrevistas, observações e
análise sobre os dados coletados para entender o modelo mental dos cegos em relação ao uso
desses dispositivos.
2ª Atividade
Benchmark - Inicialmente devemos pesquisar por soluções já existentes. Uma pesquisa de mercado
sobre aplicativos adaptados para cegos e aplicativos de gerenciamento de e-mails. Listar quais são
pagos e quais são gratuitos, suas principais funções e quais são os seus diferenciais.
3ª Atividade
Informações técnicas - Conhecer as capacidades, recursos e limitações tecnológicas do hardware e
do sistema operacional (SO) dos dispositivos que serão utilizados como plataforma para a solução
proposta.
4ª Atividade
Modelos – Representar de forma visual o conjunto de informações adquiridos nas etapas anteriores,
utilizando mapas mentais, tabelas e gráficos. Nesta etapa também será elaborada uma
representação baseada em agentes de aplicação do sistema utilizando a notação i*.
5ª Atividade
Prototipagem – Serão desenvolvidos protótipos navegáveis em HTML de baixa fidelidade, baseados
no documento acima, a fim de avaliar junto ao usuário final as soluções obtidas através das etapas
anteriores.
6ª Atividade
Teste com usuário – Serão selecionados algumas pessoas contextualizadas no problema para avaliar
os protótipos desenvolvidos na etapa anterior a fim de obter seu feedback sobre as primeiras
impressões da solução em desenvolvimento.
Essas atividades foram idealizadas pensando na concepção inicial do aplicativo, e resultariam num
documento de requisitos. Porém, algumas mudanças podem acontecer de acordo com as
informações adquiridas no decorrer da execução de cada etapa. A investigação trás à tona detalhes
imperceptíveis antes de sua realização, exigindo o retorno à uma atividade passada, mudanças no
planejamento e adequações no modelo de negócio.
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Estão registradas neste trabalho apenas as duas primeiras etapas, por questões de volume de
conteúdo. Apesar deste processo ter uma aplicação consideravelmente simples, a quantidade de
informação adquirida gera muito material para ser documentado, impossibilitando uma leitura rápida e
didática acerca da prática realizada.
Elicitação de requisitos
Geralmente a primeira fase da ER é a elicitação. Nela fazemos um levantamento das principais
questões que envolvem o problema e procuramos responde-las. Temos a disposição várias técnicas
para obter informações que vão nos auxiliar durante o processo de entendimento do domínio do
problema, ou seja, pesquisar e conhecer os detalhes que fazem parte do sistema antes de tentar
intervir no mesmo.
Para esse projeto temos 3 fatores que comprometem seu sucesso:
1 – Custo, pois trata-se de uma iniciativa independente, ou seja, não existe capital para investimento.
2 – Tempo, como inicialmente não existe uma equipe não podemos ocupar muito tempo com fases
iniciais, pois existem outras tarefas a serem realizadas e que demandam bastante dedicação.
3 – Stakeholders, por se tratar de um público bastante restrito, é difícil encontrar usuários cegos que
utilizem smartphones ou tablets no seu dia a dia.
Baseado nesses fatores iremos utilizar o framework Contextual Design (CD) [3] criado por Karen
Holtzblatt. Definido pela mesma como “um processo de design centrado no cliente (usuário final),
formado por uma equipe multidisciplinar de coleta de dados (...) com a finalidade de, por meio da
interpretação e consolidação dos dados coletados, produzir conceitos e uma estruturação de produto
testada.”.
Holtzblatt defende que qualquer levantamento de requisitos e processo de design leva tempo e para o
esse processo ser concluído de forma ágil depende das seguintes variáveis:
• O número de usuários finais a serem visitados
• O número de pessoas que podem trabalhar simultaneamente no projeto ou os ajudantes que você
pode obter em momentos-chave.
• A dedicação das pessoas designadas para o projeto e se eles podem trabalhar em tempo integral
• O tamanho do problema – quanto mais complexa a regra de negócio, mais complexo o produto é,
portanto, mais tempo vai demorar para defini-lo ou redesenha-lo
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• A variedade de stakeholders que devem ser satisfeitos.
O framework possui um grupo de processos chamado Rapid CD Process, que tem o intuito de incluir
informações sobre os usuários, sem a adição significativa de tempo e custo para o projeto e utilizando
uma pequena quantidade de entrevistados, satisfazendo, dessa maneira, nossos 3 fatores principais
descritos no início desta seção.
Rapid Contextual Design Process
O Rapid CD fornece os dados que são necessários para orientar as decisões de negócios, priorizar
os requisitos e identificar de que forma se pode agilizar o trabalho. O processo auxilia ainda a
destacar o que será de grande valor para o usuário e a produzir uma experiência de alta qualidade. A
tabela abaixo organiza 3 diferentes estrutura de acordo com suas atividades básicas.
Figura 1 – Tabela de comparação de processos de Rapid CD
Das 3 abordagens acima a Lightining Fast (Extremamente rápida) possui características que
satisfazem as necessidades básicas da elicitação do BlindMail. Suas atividades serão entrevista
contextuais com interpretação, Diagrama de afinidades, Wall Walk & Visioning*.
*Wall walking é o termo utilizado por Hotzblatt para revisão das informações adquiridas e a partir daí
começar a idealização e definição das soluções que ela chama de Visioning. As duas fases estão
juntas porque devem ser realizadas simultaneamente, pois as soluções tem que partir dos dados
adquiridos, não podem ser inventadas sem justificativa.
Entrevistas
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Foram realizadas entrevistas semiestruturadas baseadas num roteiro (anexo I) que procurou
investigar a relação entre cegos e tecnologias móveis e como utilizam seus e-mails. Do total das 4
entrevistas 3 foram realizadas presencialmente e 1 realizada via Skype.
Publico alvo
O público alvo da pesquisa são cegos que utilizam computadores no seu dia a dia, mais
especificamente mobile devices como tablets e smartphones.
Participaram das entrevistas 4 usuários com os seguintes perfis:
Entrevistado - 1
Jovem de 23 anos, solteiro, natural de Curitiba, mora em Belo Horizonte, trabalha em sua área de
formação superior, ciência da computação e possui cão guia. Parece ser bem interessado em
tecnologia, gosta de rock e lê bastante. Desloca-se pela cidade à pé ou de taxi, utiliza ônibus com
menos frequência. Realizou a entrevista via Skype. Possui um iPhone 5 com iOS 7 e gerencia duas
contas de e-mail, uma pessoal e outra para o trabalho.
Entrevistado - 2
Adulto com 32 anos, casado e pai de 1 filho, natural de Brasília, mora em Recife, trabalha em sua
área de formação, Marketing e comunicação, alfabetizado em braile desde os 6 anos de idade e
possui cão guia. Desloca-se pela cidade de ônibus, e taxi com menos frequência. Possui um iPhone
3GS com iOS 5 e um Nokia X201 com o Talks (Software que torna o aparelho acessível para cegos)
instalado. Gerencia duas contas de e-mail, uma pessoal e outra para o trabalho.
Entrevistado - 3
Homem, 39 anos, casado e pai de uma filha, também cega, vive na RMR (Região Metropolitana de
Recife) trabalha na secretaria de educação do Recife e dá aulas de informática, tem formação
superior e atualmente está fazendo uma pós-graduação aos sábados. Se desloca pela cidade de
ônibus ou à pé. Possui um Samsung Galaxy GTS com Android 4.1.2. Gerencia 2 contas de e-mail,
ambas pessoais.
Entrevistado - 4
Possui 35 anos, divorciado, Mora em São Lourenço, Região Metropolitana de Recife, trabalha no
fórum da cidade como técnico judiciário e cursa 5º período de administração. Se desloca pela cidade
de ônibus ou à pé. Possui um Moto G com Android 4.4.2 e um iPhone 4S com iOS 6. Gerencia 4
contas de e-mail das quais três são pessoais e uma para o trabalho.
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Consolidação e painel de afinidades
Para a consolidação dos dados adquiridos com as entrevistas e a produção do painel de afinidades,
como indica o método de CD, houve a participação de um pesquisador do mestrado em Design da
UFPE com experiência em pesquisa com usuários, fator que enriqueceu o processo.
Figura 2 - Painel de afinidades gerado a partir do XMind
Utilizamos o software XMind como suporte para as sessões de consolidação e criação dos painéis de
afinidades. A imagem abaixo mostra as categorias agrupadas por tipos de informações extraídas das
entrevistas e anotações.
Abaixo estão listadas as categorias e seus respectivos conteúdos com uma imagem ilustrando a
disposição.
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Dispositivos
Nesta categoria foram listados os aparelhos que cada entrevistado possui e/ou utiliza.
Figura 3 - Lista de dispositivos agrupados por tipo
SOs (Sistemas Operacionais)
Nesta categoria estão listados os Sistemas Operacionais utilizados ou familiares aos entrevistados
Figura 4 - Lista de sistemas operacionais agrupados por tipo
Leitores de tela
Nesta categoria foram listados os programas que auxiliam na utilização de computadores por cegos,
em sua grande maioria leitores de tela. Poderiam ser organizados por sistema operacional, dispositivo
ou tipo, mas existem casos peculiares que deixariam a organização confusa, por isso foram listado de
forma linear.
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Jaws – Trata-se de um leitor de telas desenvolvido pela
Freedom Scientific para computadores Windows. Sua
licença custa em torno de R$4.000,00. Utilizado pelo
entrevistado 4 no trabalho e em casa. O entrevistado 2
diz utilizar uma versão genérica para atividades
específicas em casa.
NVDA – ou NonVisual Desktop Access é um leitor de
tela open source que conta com uma grande
Figura 5 - Lista de leitores de tela
comunidade de desenvolvedores e vêm melhorando o software, agora disponível em 43 línguas e
com mais 70.000 downloads. Os entrevistados 1, 2 e 3 utilizam o NVDA.
Voice Over – Leitor de telas nativo em todos os dispositivos Apple, foi um dos precursores da
acessibilidade em dispositivos touchscreen. Todos os entrevistados tiveram contato com o Voice Over
através de um iPhone, mas apenas o entrevistado 3 não o possui.
TalkBack – Leitor de telas para dispositivos móveis Android, disponibilizado pelo Google. Não é nativo
em seus aparelhos, deve ser baixado, instalado e configurado, etapas que incomodam alguns
usuários. Todos os entrevistados tiveram contato com o Talkback mas apenas os entrevistados 3 e 4
o possuem.
Talks – Desenvolvido pela Nuance, trata-se de um software freeware, instalável apenas em
dispositivos Symbian Series 60 e Series 80. Apenas o entrevistado 1 não teve contato com esse
software, mas o entrevistado 2 é o único que ainda o possui.
Dosvox – Desenvolvido e mantido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) desde 1993. Trata-se de um sistema baseado em interfaces DOS com
comunicação via síntese de voz para Windows, porém não é um leitor de telas. Todos os
entrevistados tiveram contato com o Dosvox, mas apenas o entrevistado 3 o possui. Alguns dos
entrevistado tem uma opinião negativa sobre o uso do Dosvox, pois ele não funciona integrado ao
Windows e sim, cria um ambiente diferente para ser utilizado, causando, de acordo com os
entrevistados, problemas na socialização, pois indiretamente reafirma a posição de exclusão,
enquanto que os leitores de telas desempenham um papel mais inclusivo.
Mobile Speak – Desenvolvido pela Code Factory, tem versões para Symbian e Windows Phone. Ele
pode ser encontrado na loja de apps Windows Phone, com o nome Mobile Acessibility de forma
gratuita, porém em versões mais antigas de celulares ele pago. Contestando assim a afirmação do
primeiro entrevistado que não havia acessibilidade para cegos no Windows Phone, porém para
conseguir utilizar deve-se instalar a atualização 8.0.10501.127.
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Aplicativos
Esta categoria lista os aplicativos mais
usados pelos entrevistados, de acordo com
seus comentários.
Interação
Desktop
- Navegação linear – Para o usuário de
leitores de telas os elementos da interface
estão dispostos de forma sequencial como
uma grande lista vertical. Os entrevistados 1,
3 e 4 acham a navegação lenta porque é
necessário passar por vários elementos até
chegar no que deseja. O entrevistado 4
pontuou que sempre utiliza a função
Localizar (crtl+F) para saltar para elementos
que procura.
- Digitação com teclado físico – Os
entrevistados 1 e 3 pontuaram que o teclado
físico proporciona uma velocidade de
digitação maior, fazendo uso do computador
de mesa preferível a depender da atividade.
Mobile
- Navegação bidimensional - A exploração da
interface por touchscreen permite a
localização dos elementos da interface na
tela. Para os entrevistados 2 e 3, as noções
de posicionamento de elementos na
Figura 6 - Lista de aplicativos
interface, ficam bem equiparadas entre
pessoas que enxergam e pessoas cegas, facilitando a comunicação entre elas. Os entrevistados 1 e
4 mencionam que o touchscreen também torna a interação mais rápida, pois com o passer do tempo,
eles decoram a posição dos elementos na tela, facilitando o acesso direto a funcionalidade.
- Digitação por teclado virtual – Os entrevistados 1 e 4 acham a digitação lenta, utilizando apenas em
situações específicas. Já para o entrevistado 2, o teclado virtual permite uma velocidade agradável.
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- Digitação por voz – O entrevistado 2 pontuou que para escrever textos longos prefere utilizar um
aplicativo de reconhecimento de voz.
- Comandos por voz – O entrevistado 1 usa a função Siri do iPhone 5 para criar eventos no
calendário, alarmes e ativar/desativar funções específicas do dispositivo. O Segundo entrevistado não
usa o Siri porque a versão do sistema operacional do seu iPhone não permite. Ele espera que o Siri
esteja disponível em português daqui há algum tempo, pois de acordo com as listas de discursões
que participa, acredita existir uma grande demanda e expectativa dessa função.
- Reconhecimento de gestos – O entrevistado 1 utiliza comandos por gestos para gerenciar seus emails pelo iPhone, pois o aplicativo nativo reconhece gesto específicos para disparar eventos e
acionar funções.
Modelo de gerenciamento de e-mails
Essa categoria lista informações sobre os tipos de e-mails dos usuários, através de quais dispositivos
e programas gerenciam suas contas.
Figura 7 - Modelo de gerenciamento de e-mail
Problemas relacionados ao uso de e-mails
-Presença de anúncios comerciais exibidos na tela
- HTML mau construído, dificultando o uso do leitor de telas
- Interfaces complexas
- Atualizações constantes na interface, modificando o posicionamento dos elementos
- Bugs em softwares de gerenciamento de e-mails
- Acessibilidade complexa
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- Programas lentos (carregamento de informações)
- Funções desabilitadas no modo de compatibilidade
- Adicionar vários contatos não é eficiente
Observações contextuais
- Alguns cegos demonstraram na sua fala uma certa resistência à mudanças
- Posicionamentos contra o desenvolvimento de soluções específicas para esse público, já que em
geral causam um efeito de segregação entre as pessoas.
- Alguns softwares são muito caros e demandam um alto investimento da empresa para funcionários
cegos.
- O uso de tecnologias comuns ajudam na socialização entre cegos e não cegos, estimulando a
socialização e a integração.
- Interfaces “clean” facilitam o uso de aplicativos por parte dos cegos.
Oportunidades para outras soluções
Esta seção, agrupa elementos fora do contexto da pesquisa mas que merecem um olhar mais atento.
- Eletrodomésticos – O entrevistado 1 considera que as interfaces touchscreen desses aparelhos
ainda precisam mehorar muito do ponto de vista da acessibilidade. Exemplo: interfaces de
microôndas, fogões e geladeiras.
- Cursos EAD – Para o entrevistado 2, as plataformas de cursos a distância precisam ser mais
acessíveis para assim, os cegos conseguirem mais oportunidades de estudo. A exemplo do curso de
inglês que gostaria de fazer, mas não encontrou nenhum curso com estrutura para cegos. Segundo
ele, em Recife, há apenas uma escola de idiomas que possui algum tipo de material de aprendizado
para cegos. O entrevistado 3 passou um feedback positivo sobre a acessibilidade do Moodle, pois
permite a personalização de algumas funcionalidades que acabam facilitando o seu uso associado ao
leitor de telas.
- Sites de compras – O entrevistado 1 pontuou que é difícil concretizar compras pela internet sem
precisar da ajuda de terceiros. Porém ficou impressionado com a acessibilidade do site do
supermercado que acessou recentemente, onde fez as compras do mês sozinho, sem o transtorno de
sair de casa e de solicitor ajuda de alguém.
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- Mobilidade – O entrevistado 3 está atualmente testando um serviço mobile na área de autonomia no
deslocamento urbano para cegos. Porém trata-se de um projeto sigiloso e ele não pode dar mais
informações sobre a solução.
- Financiamentos públicos – O entrevistado 2 pontuou que alguns softwares de acessibilidade são
caros e que para um cego conseguir sua aquisição no trabalho é uma situação complicada pois as
empresas não querem ter um funcionário que traga mais custos que lucro. Porém o entrevistado 4
teve a facilidade de estar dentro de uma instituição pública onde a aquisição dos equipamentos para
desempenhar suas funções é obrigatória por lei.
Wall Walk e Visioning
Observando o painel de afinidades chegamos às seguinte conclusões:
1 – De acordo com o comentário do Entrevistado 3 não usaremos o nome BlindMail para a aplicação,
já que o termo Blind (cego) acaba restringindo o público, podendo causar o efeito segregador que ele
pontua. Sendo assim utilizaremos um nome mais adequado, AcessibleMail, pois permite atrair outros
perfis de usuários, proporcionando futuramente a extensão do serviço para outras deficiências.
2 – A ferramenta terá como objetivo alcançar a maior parte de usuários possíveis, para isso deverá
oferecer soluções para as plataformas: web, mobile e desktop.
3 – A primeira solução a ser desenvolvida será para web, pois, dentre os entrevistados, o número de
usuários de tablets foi mínimo, demonstrando que o foco inicial estava equivocado. Com o
desenvolvimento da solução web poderemos atingir um grande público, levando em conta que todos
os entrevistados utilizam o browser para gerenciar seus e-mails. E como o próprio entrevistado 1
pontuou, atualmente não existe solução na web para o problema abordado.
4 – A segunda plataforma a ser explorada será mobile, com foco em smartphones, segundo os dados
coletados, estão sempre al alcance das mãos e oferecem uma certa versatilidade, apesar de
problemas como a digitação mais lenta.
5 – A aplicação deverá ter interface simples para facilitar a exploração de seus elementos.
6 – Possuir um HTML bem construído, seguindo padrões da W3C, para a utilização dos leitores de
tela.
7 – Possuir uma interface responsiva capaz de se adaptar a qualquer dimensão de display, desde
smartphones à monitores Full HD, permitindo o seu acesso através de qualquer dispositivo conectado
à internet.
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8 – Funcionalidades básicas iniciais:
•
Realizar login e logout
•
Adicionar e remover contas de e-mail
•
Enviar, receber e exibir e-mails
•
Anexar e fazer download de arquivos
•
Criar pastas para organização dos e-mails
9 – As interfaces entre dispositivos devem manter um padrão de organização e interação permitindo
que o usuário troque de dispositivo sem se preocupar em perder muito tempo redescobrindo a
interface da aplicação no novo dispositivo.
10 – Criação de atalhos para as funções através de combinações das teclas do teclado.
11 – Deverá existir uma política de atualização preocupada em reduzir esforço do usuário em ter que
se adaptar às mudanças.
Benchmark
O benchmark trata-se de uma análise de similares ou concorrentes para entender melhor o estado da
arte das soluções existentes no mercado. Conhecidos como third-party e-mail clients (clientes de email de terceiros), os softwares de gerenciamento de e-mail que rodam em plataformas PC e Mobile
que foram mais citados são o Thunderbird (Mozilla), o Outlook Express (Microsoft) e o Mail (Apple)
para desktops. Nas plataformas mobile foram citados os Mail (Apple) e o nativo do Android.
Entre os serviços de e-mail o Gmail (Google) se destaca por uso unanime, o Hotmail (Microsoft), que
se transformou em Outlook.com, ficou com a segunda maior quantidade de comentários e o Yahoo
Mail (Yahoo!) por último, alguns também citaram que usam web-mails corporativos, que em alguns
casos estão ligados aos serviços disponibilizados pelas empresas de hospedagem que fornecem os
servidores.
Para a escolha de quais clientes de e-mail ou serviços serão analisados no primeiro momento,
usaremos o critério 3 da etapa anterior, focando principalmente nos serviços de e-mail gratuitos (com
anúncios internos) oferecidos pela Microsoft, Google e Yahoo!.
Gmail
O Gmail possui dois modos de exibição principais: Padrão e HTML básico. O modo de exibição
padrão é apresentado como default, porém requer o uso de um navegador compatível, oferecendo
acesso a todos os recursos do Gmail. Quanto à acessibilidade, o modo de exibição padrão pode ser
utilizado junto a leitores de tela que deem suporte ao ARIA (Accessible Rich Internet Applications).
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O modo de exibição HTML básico é apresentado automaticamente quando um usuário acessa a
página usando um navegador não compatível, ou o configura para se tornar o modo de exibição
default. Esse modo de exibição não oferece suporte aos seguintes recursos:
•
Bate-papo
•
Corretor ortográfico
•
Atalhos do teclado
•
Capacidade de gerenciar filtros
•
Adicionar, editar, importar ou excluir contatos
•
Endereços "De:" personalizados
•
Formatação em rich text.[4]
Para usuários que possuem o idioma inglês como nativo, o Google otimizou as funções de
acessibilidade do modo de exibição HTML básico para leitores de tela, porém outros idiomas não
desfrutam dessas adaptações. Dessa forma, o usuário que deseja utilizar o modo de exibição HTML
básico otimizado, deve alterar o seu idioma para Inglês dos EUA.
A página de suporte do Gmail possui uma área específica para acessibilidade com tutoriais e
explicações sobre seu funcionamento junto a leitores de tela. Nos tutoriais o usuário aprende a criar
um conta e trocar o modo de exibição padrão para o HTML básico, como funcionam os sistemas de
leitura e envio de e-mails, conversação e como aplicar rótulos (labels) às conversas. Existem seções
que explicam como estão estruturadas as páginas internas, as opções de interação disponíveis, uma
explicação detalhada sobre a mecânica de pastas, como anexar arquivos, criar uma lista de contatos
e finalmente como criar e editar filtros. [5]
Para os usuários que utilizam o modo de exibição padrão, neste link
https://support.google.com/mail/answer/6594?hl=pt-BR está disponível a seção que lista todos os
atalhos e combinações de teclas existentes para tornar a interação mais rápida. Existem ainda duas
seções em português explicando em detalhes como usar o Gmail com leitores de tela, disponíveis
nestes links https://support.google.com/mail/answer/64950?hl=pt-BR
https://support.google.com/mail/answer/90559?hl=pt-BR. Por último, Jyotsna Kaki, engenheira de
testes, apresenta no canal do Google, GoogleVideos, no YouTube, como utilizar o Gmail com leitores
de telas, e algumas dicas de como se familiarizar com a interface mais rápido, disponível neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=jGNc6amGnJE.
Yahoo! Mail
No suporte do Yahoo! Mail foi possível encontrar 4 artigos explicando como usar o serviço de e-mail
com leitores de tela. Segundo o artigo, os leitores de tela NVDA 2011 (ou superior) e o Jaws 12 (ou
superior) são suportados, desde que estejam associados aos browsers Firefox 3.6 (ou superior) e
Internet Explorer 8 (ou superior). [6]
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O Yahoo! propõe uma estrutura mais parecida com a mesma encontrada em softwares de
gerenciamento de e-mail para desktop. De acordo com o mesmo “a interface de usuário é composta
de Widgets, em vez de elementos estruturais como títulos e listas.” Estão também disponíveis atalhos
de teclado caso o usuário não queira utilizar o cursor virtual de seu leitor de tela. Essa funcionalidade
está associada à uma guia de fluxo para fornecer uma forma alternativa de navegar pelo serviço.
“O Yahoo Mail usa o W3C ARIA (Accessible Rich Internet Applications) para automaticamente ligar e
desligar o cursor virtual, dependendo do estado da aplicação. Por exemplo, o cursor virtual fica
‘desligado’ por padrão para permitir o uso de atalhos de teclado do Yahoo Mail para navegar na caixa
de entrada. Ao ler um e-mail, o cursor virtual é automaticamente ligado para permitir operações de
leitura comuns, como alternar entre títulos.”[7]
Nesta página é possível ter acesso à todos os atalhos criados pelo serviço para facilitar o seu uso via
teclado: https://br.ajuda.yahoo.com/kb/mail/atalhos-de-teclado-sln3578.html. Os atalhos estão
organizados nas categorias: comandos gerais, escrever um e-mail, trabalho com as mensagens,
trabalhando com lista de mensagens, trabalhando com listas de mensagens (opção exibir mensagens
por página) e seleção e navegação do teclado.
Outlook.com
Infelizmente a página do Outlook.com não disponibiliza informações sobre sua acessibilidade ou
detalhes de como interage com leitores de tela, porém oferece algumas informações técnicas que
auxiliam indiretamente o seu uso por deficientes visuais.
Os browsers que melhor suportam os serviços do Outlook.com, de acordo com a Microsoft, são
aqueles a partir do Internet Explorer 8, Google Chrome 23 e Firefox 17, para o Windows XP ou
superior. Para o Mac OSX 10.6 ou superior, os melhores browsers são o Google Chrome 23, o Firefox
17 e o Safari 5.1. [8]
No link a seguir, http://windows.microsoft.com/pt-BR/windows/outlook/keyboard-shortcuts, é possível
encontrar os atalhos e combinações de teclas que acionam funções de forma mais rápida. Um e-mail
foi enviado à equipe de suporte perguntando sobre informações mais precisas em relação à
acessibilidade do serviço, no entanto ainda não foi obtida uma resposta. Também foi encontrada na
página de suporte, o posicionamento de um usuário sobre a atualização do serviço Hotmail para
Outlook.com:
“Pessoal a página de vocês ficou muito bonita, só que em termos de acessibilidade não está muita
adequada, eu leciono aulas de informática para deficientes visuais e algumas opções eu não consigo
trabalhar com o leitor de tela, o botão anexar é um, os contatos eu até consigo com um pouco de
dificuldade, o grande problema e o botão de anexo no momento..... Se for possível mudar a opção do
anexar eu agradeço sem mais. Tenha um bom Dia”[9]
17
Conclusão
Ao fim desse registro, voltamos ao planejamento inicial e revisamos os conceitos das etapas
pendentes. A pesquisa sobre informações técnicas será realizada de forma a entender os conceitos e
padrões de acessibilidade definidos pela W3C. Após essa etapa serão realizadas as atividades de
representação do sistema por modelos, criação de protótipos e testes com usuários.
Apesar da fase de elicitação está incompleta - a final trata-se de um processo cíclico -, é perceptível
como, mesmo em seu estágio inicial, a elicitação se mostrou eficiente e trouxe uma riqueza de
informações que ampliaram a visão do tema. Novas possibilidades foram descobertas, assim como
novos problemas também surgiram, tornando o cenário mais complexo.
Está mais desafiador criar uma solução que satisfaça os usuários finais. Para a conclusão dessa
iniciativa, a aplicação de um processo completo de engenharia de software será realizada no decorrer
do seu desenvolvimento, afim de garantir um produto mais confiável e com prazos bem definidos.
Entre uma das novas possibilidades levantadas está a ampliação do serviço para abranger problemas
de acessibilidade causados por outras deficiências. Esta oportunidade deverá ser estudada com mais
ênfase em fases mais avançadas do projeto.
Também procuramos, com essa pesquisa, fazer parte de números que incentivem a aplicação de
processos de engenharia de requisitos, reforçar a necessidade de considerar os interesses dos
stakeholders e de observar os sistemas sócio-técnicos com mais atenção.
18
Referências
1. SOMMERVILLE, I. Engenharia de software, São Paulo: Addison-Wesley, 2001. (Vol, 6)
2. SOMMERVILLE, I. Software Engineering, São Paulo: Addison-Wesley, 2004. (Vol, 7)
3. HOLTZBLATT, K. Contextual Design.In: SEARS, A., JACKO, J. The Human Computer Interaction
Handbook: Fundamentals, Evolving Technologies and emerging applications. São Paulo: CRCPress,
2007. p. 949-963
4. Modo de exibição padrão e modo de exibição HTML básico. Disponível em:
<https://support.google.com/mail/answer/15049?hl=pt-BR> Acesso em: 24 mar. 2014.
5. Using the basic HTML view with a screen reader :Gmail (Basic HTML) Guide. Disponível em:
<https://support.google.com/mail/answer/146375?hl=en> Acesso em: 24 mar. 2014
6. Leitores de tela e navegadores suportados. Disponível em:
<https://br.ajuda.yahoo.com/kb/mail/Leitores-de-tela-suportados-sln3580.html> Acesso em: 25 mar.
2014
7. Visão geral dos recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Disponível em:
<https://br.ajuda.yahoo.com/kb/SLN3579.html?impressions=true> Acesso em: 25 mar. 2014
8. Best browsers for Outlook.com. Disponível em: <http://windows.microsoft.com/enus/windows/outlook/supported-browsers> Acesso em: 26 mar. 2014
9. Disponível em: <http://answers.microsoft.com/pt-br/outlook_com/forum/oemailosend/acessibilidade-página-wwwhotmailcom/f9bb0c86-d4f9-4653-90cd6010e981cc74?msgId=447a9ef4-0f6c-4956-96ae-9fa24147118e> Acesso em: 26 mar. 2014
19
Anexo I
Roteiro de entrevista
1 - Você usa dispositivos móveis (tablets e/ou smartphones)? à quanto tempo?
2 - Quais plataformas você já teve contato?
3 – Qual(is) aparelho(s) mobile você possui atualmente?
4 - Lembra quais foram as maiores dificuldades do começo?
5 - Para que fins você usa seus dispositivos?
6 - Quais as principais funcionalidades que chamaram sua atenção ao usar iOS, Android ou WP?
7 - Quais as semelhanças entre usar mobile e PC?
8 - Para você existem vantagens entre mobile e PC? Quais?
9 - Em que pontos do seu cotidiano o uso dessas tecnologias melhorou?
10 - Existe alguma dificuldade de adquirir um dispositivo desses?
11 - Você usa e-mail com que frequência?
12 - Quando você fez seu primeiro email?
13 - Se lembra de alguma dificuldade no tempo que começou a usar esse serviço?
14 - Quantas contas você tem atualmente, incluindo emails pessoal e trabalho?
15 - Já usou algum programa para gerenciar emails? Quais?
16 - Quais serviços de e-mail você já usou? Quais os melhores e piores? Porquê?
17 - Quais os principais problemas em administrar mais de uma conta de email? e se forem de
serviços diferentes existem diferenças?
18 - Que outras ferramentas você usa pra trocar mensagens e arquivos?
20
Anexo II
Anotações das entrevistas
Entrevistado 1
Principais funcionalidades do celular:
•
Acessar facebook, twitter e e-mail quando está fora de casa;
•
iMessage, Whatsapp e hangouts para mensagens.
•
FourSquare e aplicativos para pedir taxi ao sair de casa.
•
Comprar livros na iBookstore;
•
Leitor de PDF.
•
Rss Feed para leitura de blogs e notícias.
•
SIRI para criar alarmes, eventos no calendário e ativar/desativar funções do aparelho
Desde 2010 usuário de smartphone, possui um iPhone 5 atualmente. Relata que no primeiro contato ficou
bastante impressionado com a interação acessível em touchscreen, algo que considerava praticamente
impossível. Conseguiu adquirir o aparelho com o dinheiro que recebia do estágio e com aulas particulares de
matemática.
De acordo com sua experiência, após seguir os tutoriais do VoiceOver (leitor de tela da Apple nativo em seus
dispositivos) o uso do smartphone é muito intuitivo, mas a digitação é bem lenta, mesmo utilizando o modo de
digitação profissional.
Os aplicativos da Apple são desenvolvidos em cima da biblioteca cocoa, na qual todos os elementos de interface
são padronizados. Ao criar um componente de interface ele já é nativo “por natureza” e caso seja necessário
criar um componente próprio a biblioteca permite a implementação de acessibilidade com facilidade.
Sente bastante diferença no modo de interação entre dispositivos móveis e notebooks, pois nos smatphones e
tablets é possível memorizar a localização na tela de certos controles e componentes e tocá-los, evitando a
“varredura” de item por item para encontrar a função ou texto desejado através de comandos para o leitor de tela
“saltar” para o próximo cabeçalho, lista, links, utilizar as setas do teclados.
O usuário ganha uma noção espacial dos elementos distribuídos na tela, enquanto que no computador a
estrutura se forma de maneira linear pelo leitor de tela. Embora ainda prefira utilizar o PC para certas atividades
por possuir uma maior variedade de tarefas e o ganho na velocidade de digitação não excluí que o touchscreen
traz uma experiência muito boa.
As interfaces dos aplicativos de dispositivos móveis também são mais simples ou como ele define “Clean”. Esse
fato facilita o entendimento das “telas”, pois para os cegos a exploração da interface é mais lenta resultando na
necessidade de mais tempo para familiarização com todos os componentes, itens e textos da aplicação.
Portanto quanto mais clean a interface menos elementos são necessários para serem explorados e absorvidos,
21
deixando a interação mais objetiva. Diante disso as atividade de leitura de notícias e feeds são preferíveis por
ele no smartphone.
Em relação à acessibilidade na web, pontuou que é raro encontrar sites acessíveis e ficou impressionado com o
site de venda de produtos de supermercado super nosso em casa, a estrutura do site estava completamente
acessível e conseguiu finalizar a compra sem pedir ajuda para ninguém, fato que ficou muito feliz em realizar. A
simplicidade pontuada no paragrafo anterior também vale para a questão das propagandas em sites, que
atrapalham em muito a interação com conteúdo dos sites.
A utilização dessas tecnologias para ele são fundamentais em relação a independência. Pois tornam o simples
ato de ler uma notícia, ou revista algo real, fato que era impossível antes sem a ajuda de alguém que lê-se para
ele.
Acredita que a baixa adesão de cegos aos dispositivos mobile se dá principalmente pela condição financeira das
pessoas, levando em conta que ele recomenda o uso dos aparelhos da Apple.
Criou seu primeiro e-mail em 2004 para conversar com pessoas pelo MSN mensenger. Através do Cartavox
aplicação do sistema Dosvox conseguia ler e enviar seus primeiros e-mails. Ao começar a usar o leitor de tela
NVDA começou a ler os e-mails via browser através do Gmail na versão HTML básico, menos “poluída” e mais
organizada. Atualmente lê e-mails via App Mail da Apple no iPhone e possui duas contas cadastradas uma
pessoal e outra do trabalho.
Ao ser apresentado para a ideia de um app totalmente voltado para o público cego para gerenciamento de emails em dispositivos mobile, ele achou um tanto inapropriado pois já existem soluções que satisfazem as suas
necessidades inclusive em PCs também (O Thunderbird, por exemplo, oferece um ótimo suporte para leitores de
tela), mas que se o foco fosse web, ou seja, um seviço on-line onde as pessoas pudessem cadastrar seus emails e gerenciá-los através do browser numa interface acessível, seria mais interessante. Resolveria um
problema onde ainda não existe uma solução ideal.
Pontuou que o Windows Phone não possui acessibilidade alguma, mas que Android e Symbian (descontinuado)
possuem acessibilidade. O Hotmail é impossível de ser usado (precisa-se verificar o outlook web, para
confirmar), Porém o Yahoo tem uma das melhores interfaces utilizando o que há de mais novo em relação a
padrões web com acessibilidade (Webarea, HTML 5 e JavaScript), recebendo prêmios pela iniciativa e se
tornando referência na área.
Citou que praticamente todos eletrodomésticos não oferecem acessibilidade como, micro ondas, fogões e
geladeiras que possuem displays digitais atualmente.
Entrevistado 2
Principais funcionalidades do celular:
•
Acessar redes sociais;
•
Ler e-mails
•
Whatsapp, Sms e Skype para mensagens.
•
Aplicativos para pedir taxi.
22
•
Feed para leitura de notícias.
•
Jogos acessíveis
Desde 2007 usuário de smartphone, possui um iPhone 3GS e um Nokia X2 01 com o Talks instalado. Assim
como Lucas ficou bastante impressionado com a interação acessível em touchscreen, algo que também
considerava praticamente impossível. Gostaria de adquirir um novo modelo de iPhone para poder atualizar o iOS
mas acredita ser um produto muito caro, com isso está avaliando comprar um iPadMini e adquirir um
Smartphone com Android 4.2, pois afirma ter atualizações muito importantes em relação à acessibilidade.
Não teve dificuldades em seu primeiro contato com o iOS, apesar de achar que a familiarização com
touchscreen é gradual. Pois essa tecnologia oferece a capacidade de localização “espacial”, o usuário cego
agora tem a capacidade de perceber a onde os elementos da interface estão posicionados. Fato que não
acontece no uso de computadores de mesa ou notebooks com leitores de tela.
Pontua que existe uma grande diferença no modo de interação entre dispositivos móveis e notebooks, pois nos
smartphones e tablets é possível memorizar a localização na tela de certos controles e componentes e tocá-los
para acionar, evitando a “varredura” de item por item para encontrar a função ou texto desejado através de
comandos para o leitor de tela “saltar” para o próximo cabeçalho, lista, links e utilizar as setas do teclado.
Em 2000 criou seu primeiro e-mail do Hotmail para conversar com amigos pelo chat do MSN Messenger e
também por ser gratuito, teve contas na IG, UOL entre outros que não lembra mais, mas parou no Gmail, a
versão HTML simples torna o uso do serviço totalmente acessível, porém corta algumas funcionalidades, como
o Gtalk por exemplo, fato que discorda, pois acredita que todas as funcionalidades deveriam continuar
disponíveis.
No iPhone utiliza o App de e-mail nativo para ler apenas seus e-mails pessoais, que satisfaz suas necessidades,
mas que poderia sofrer algumas melhorias como adicionar contatos de forma mais prática, explicou que são
muitos toques para cada endereço de e-mail que se deseja adicionar. No computador do trabalho utiliza o
Outlook, pois não conseguiu se adaptar ao Thunderbird da Mozila, mas afirma que o Firefox como browser é
muito bom, inclusive por possuir extensões que facilitam o seu uso, como por exemplo um leitor de captcha.
Ao ser apresentado para a ideia de um app totalmente voltado para o público cego para gerenciamento de emails em dispositivos mobile, achou interessante, pois acredita que podem existem maneiras diferentes e mais
eficientes de se gerenciar e-mails, a solução atual pode ser melhorada e merece uma investigação. Quando
colocado diante do cenário web, um seviço on-line onde as pessoas pudessem cadastrar seus e-mails e
gerenciá-los através do browser numa interface acessível, pontuou ser mais abrangente, pois nem todos
possuem smartphones e poderia ser uma experiência de grande valor para a acessibilidade.
O melhor momento do curso superior que cursou, foram duas disciplinas que participou no sistema de EAD, todo
material digitalizado e chats de texto ou de áudio facilitaram e tornaram o conteúdo mais fácil de ser associado.
Acredita que falta alguma iniciativa por parte de instituições de EAD de tornar suas plataformas de ensino
acessíveis. E pontua que existe a possibilidade de vários cegos não estarem se capacitando para o mercado de
trabalho pela falta de estrutura em EAD.
23
Nem todas as crianças com deficiência (cegos, surdos, etc...) são estimuladas, educacionalmente falando,
algumas famílias vêem os auxílios financeiros do governo como uma fonte de renda e não procuram incentivar
seus parentes com deficiência a superar suas limitações e conquistar independência podando assim todo
potencial dessas crianças que se tornarão adultos inválidos, presos pelo receio e pela “esmola”.
Entrevistado 3
Principais funcionalidades do celular:
•
Acessar redes sociais;
•
Ler e-mails
•
GPS para localização e deslocamento pela cidade.
•
Leitura de livros e documentos.
•
Comunicação via Skype
Começou a utiliza celular com acessibilidade desde 2006, mas seu primeiro smartphone foi adquirido em janeiro
de 2014. Apesar de pouco tempo, afirma utilizar seus recursos de forma total.
Acreditava-se que para o cego era fundamental uma interação tátil. Conta que a primeira impressão é muito ruim
mas depois que começou a entender a lógica de funcionamento, passou a gostar e achar indispensável hoje.
Litura de arquivos, receber e enviar mensagens utiliza muito o Skype, o app do android é muito acessível. Utiliza
Skype, PDF pro, Dropbox, Walktalk GPS, E-mail(nativo). Dispositivos touchscreen com acessibilidade permitem
uma interação mais intuitiva e uma comunicação entre pessoas não cegas. Leitores de tela para computadores
de mesa não oferecem informações sobre a organização da interface visual, por causa da forma de interação.
Utilizar dispositivos móveis proporciona uma integração profissional e social maior, permite que o cego seja visto
de forma mais natural. Oferece agilidade para responder e-mails, ler documentos, GPS ajuda na localização
urbana, pegar ônibus e decidir a hora de descer sem precisar de ajuda de outras pessoas, ampliando a
autonomia.
Android é um SO “sanduíche”, é preciso uma série de configurações para poder utilizar o celular em todo o seu
potencial, em contraposição ao iOS é uma solução embarcada sem necessidade de configurações. Porém o
custo para adquirir um iPhone torna sua aquisição difícil, fazendo usuários partirem para o Android, mesmo não
tendo os recursos e configurações nativas do iOS. Porém afirma que a oferta de apps no Android é maior que no
iOS numa razão de 8/1.
Em torno de 1997 criou seu primeiro e-mail do IG, em torno de 10 anos utiliza apenas o e-mail do Google
(Gmail). Afirma utilizar todo instante. As interfaces sempre foram a maior dificuldade em relação ao uso de emails via browser. A constante atualização das mesma também comprometia seu uso. A presença de
publicidade dentro das interfaces dos serviços de e-mails também o atrapalhavam bastante, chegando a ser
motivo para trocar de serviço.
A comunicação na secretaria onde trabalha é toda realizada via e-mail e documentos são compartilhados via
internet facilitando o acesso à informação. Afirma que soluções para acessibilidade devem ser o mais inclusivas
24
possível, e que possam ser utilizadas por quem tiver interesse em usar. Não devem haver restrições de público,
pois esse tipo de iniciativa, separa e forma pequenas sociedades, fato muito negativo na opinião dele.
Ao ser apresentado para a solução, achou interessante pelo fato de permitir a retirada dos anúncios que tanto o
atrapalhavam e que o deixam um pouco chateado, pois afirma que nem todas a empresas procuram manter o
padrão de seus anunciantes, exibindo até mesmo propaganda com cunho sexual. Também opinou sobre a
questão de tornar a solução configurável pelo usuário, podendo ser tão simples ou complexa de acordo com as
necessidades do mesmo.
Entrevistado 4
Principais funcionalidades do celular:
•
Acessar redes sociais;
•
Ler e-mails
•
Utiliza o Foursquare
•
Assistir vídeos no Youtube
•
Whatsapp, para troca de mensagens.
•
Jogos acessíveis
•
Ler arquivos
Durante a entrevista começou bastante direto em relação às perguntas. Teve uma certa dificuldade para se
cadastrar na AppStore da Apple, o que o fez deixar o aparelho um pouco de lado no começo. A frustração veio
pois queria baixar programas interessantes e não conseguia. Para buscar seu aplicativos ele prefere desenhar
as letras iniciais do app no campo de busca.
Prefere ler e-mails no computador, só lê no celular quando está com preguiça de ligar o computador ou não o
tem por perto. Atualmente gerencia 4 contas de e-mail. Se mostrou um tanto conservador em relação a
atualização do sistema operacional que utiliza no computador, apesar de demonstrar interesse em soluções
mais elaboradas, como scanners para digitalização de documentos em papel em textos editáveis. Apesar de ter
alguns problemas com a utilização do Outlook, prefere se manter usando o programa a trocar por outras opções.
Demonstrou um interesse maior quando foi apresentado à solução do BlindMail (teve o nome trocado para
AcessibleMail depois das pesquisas). Afirmou que no trabalho acessa os e-mails pessoais em momentos
ociosos e se ofereceu para testar a solução em fases futuras. Supôs que a solução poderia ser utilizada para
gerenciar seus e-mails do trabalho, pois a interface não é muito amigável.
25
Anexo III
Transcrições das entrevistas
Entrevista – 1
Entrevistador: Há quanto tempo tu utiliza dispositivo móvel, tablet ou smartphone?
Entrevistado 1: Han ... 2009 ... Aliás 2010
Entrevistador: Quais foram as plataformas que tu teve contato?
Entrevistado 1: Móvel só iPhone até hoje.
Entrevistador: Só iPhone, tu nunca tentou nem Android nem Wndows Phone, né?
Entrevistado 1: Windows phone não tem como usar. Por que não tem acessibilidade nenhuma. O que dava pra
usar antes do Windows phone foi o symbian que muita gente que não enxergava usou o Symbian por um bom
tempo. Mas o Symbian foi descontinuado pela Nokia. Num tem mais. E o Android eu já brinquei um pouco mas
nunca tive um dispositivo que fosse meu.
Entrevistador: Então antes de usar o iPhone tu usava o Symbian?
Entrevistado 1: Não, nunca usei o Symbian, conheço gente que usou o Symbian, só que eu nunca usei.
Entrevistador: Quais são os aparelhos mobile que tu possui?
Entrevistado 1: Eu tenho um iPhone 5 agora, e tenho um iPad mini. Só que o iPad é do meu pai eu dei pra ele,
num é meu. Mas eu uso, quando eu tô por perto eu uso.
Entrevistador: Tu lembra quais foram as maiores dificuldades no começo do uso?
Entrevistado 1: O iPhone na verdade ele é bem intuitivo assim. Quando você segue os tutoriais dele, os negócio
ali, ele é bem intuitivo. A coisa mais difícil pro iPhone é a digitação mesmo porque você precisa ter um ... tem
que tocar na tela, ouvi a letra que tá lá, e dá dois toques de novo pra confirmar aquela letra. Então são três
toques pra inserir cada letra, então isso é meio demorado. Eles lançaram uns 2 anos depois um modo de
digitação que a gente chama de modo de digitação profissional. Que você toca na letra na tela, se é a letra que
você quer simplesmente tira o dedo da tela e ele confirma a letra. Se não é a letra que você quer, sem tirar o
dedo da tela você vai deslizando o dedo na tela até encontrar a letra que você quer, e daí você tira e ele
confirma aquela letra. Isso que a gente chama de modo profissional de digitação. Mesmo com esse modo
demora bastante, na minha opinião. Eu uso ... eu digito pouco no iPhone porque demora muito na minha opinião
assim.
Entrevistador: E a taxa de erro também é alta quando tu tá digitando no iPhone?
Entrevistado 1: Não, porque você tem que ouvir de fato a letra que você vai digitar, então a taxa de erro na
minha opinião não é alta, o que é alta é a demora mesmo. Demora muito.
Entrevistador: Pra que fins tu usa os teus dispositivos? Geralmente.
Entrevistado 1: Normalmente o dispositivo móvel é pra acessar, Facebook, Twitter e e-mail, quando to fora de
casa. WhatsApp e o Hangouts pra mensagem, eu uso o iMessage, WhatsApp e o Hangouts pra mensagens. Eu
uso bastante o foursquare para quando eu vou sair de casa e aplicativo de pedir taxi. É o que eu mais uso. Sim,
e aplicativo de livro. Compro livro, bastante livro na iBookstore. Mas é basicamente isso que tem na minha tela
inicial que é o que eu mais uso. Ah e eu tenho alguns negócio de feed também pra ler notícia de blog. Eu faço
bastante isso no iPhone.
26
Entrevistador: Tu teve outro iPhone antes do iPhone 5?
Entrevistado 1: Já, já tive um 3GS, um 4 e um 5.
Entrevistador: tem muita diferença entre eles a questão da acessibilidade?
Entrevistado 1: Humm... não, porque o que importa mesmo é o iOS, né? Tipo quando vai melhorando,
atualizando o iOS, vai vindo coisa nova, às vezes tem um programa novo, mas no geral o iOS desde o 3 foi bem
acessível e ah ... No caso do 5 por que tem o SIRI agora e tal, algumas coisas ficam mais fácil de fazer nele.
Entrevistador: Tu usa muito o SIRI?
Entrevistado 1: Não muito, eu uso mais pra ativar alarme, criar calendário, ativar e desativar alguma opção no
iPhone e tal, mas pra isso assim. Eu tava comentando ontem na internet cara, que eu fiz uma compra no
supermercado pelo internet, ontem aqui sabe? E o site do supermercado tava muito bem feito, cara. Mas tipo
assim, eu fiquei impressionado, porque é raro você conseguir encontrar um site com aquela qualidade de
acessibilidade. Cara eu consegui fazer a compra inteira sozinho, todos os controles do site, fazer filtragem de
produto. Nossa tava muito acessível o site eu fiquei impressionado.
Entrevistador: Tu lembra qual era o supermercado?
Entrevistado 1: É o supernossoemcasa o nome do site.
Entrevistador: Aí você faz as comprar por lá e ele entrega em casa?
Entrevistador: É isso aí! Eu fiz ontem, aí ele cobram uma taxa pra entregar em casa, só que pô, dá na mesma
porque o foda do mercado é que não dá pra você ir a pé, né? Só se for comprar pouca coisa, mas se vai
comprar um monte não vale a pena. Daí eu tenho que chamar um taxi, ir lá, compro as coisas, pego um taxi pra
voltar, então o preço que eu paguei na entrega hoje é o preço que ia pagar num taxi.
Entrevistador: Depois vou dar uma olhada nesse site.
Entrevistado 1: Olha lá achei muito bom.
Entrevistador: No primeiro contato teve alguma funcionalidade do iOS que te chamou a atenção? Por ser
simples ou por ser uma sacada muito boa?
Entrevistado 1: Cara, o pior que foi tudo, sabe por que? Porque a coisa que mais impressionou no iOS desde o
começo foi a possibilidade de trazer a acessibilidade ao touchscreen para quem é cego. Antes acreditava-se que
era impossível você deixar uma coisa touchscreen acessível, sabe? Tipo ... tinha ... tme muito problema com
touchscreen ainda, tipo micro ondas que não tem tecla nenhuma, tem muito fogão hoje em dia que é digital,
geladeira, eletrodomésticos em geral são uma bosta nessa questão de acessibilidade, que é tudo touchscreen.
E quando saiu o primeiro iPhone eu tipo, nem dei bola porque ... cara, num tinha ... a touchscreen esquece cara.
Mas quando saiu o 3GS em 2009 cara. Eu lembro que saiu um vídeo assim, promocional dizendo como é que
era acessibilidade do iPhone, como é que ia ser. E eu fiquei maluco, cara. Fiquei doido, eu falei: cara, eu quero
comprar isso aí, porque eu nunca tinha tido antes do iPhone um celular que fosse acessível. Tinha o Talks
antes, entendeu? Mas antes eu era muito novo e não tinha dinheiro pra comprar essas coisas. Aí quando saiu o
iPhone eu já fazia estágio na faculdade, juntei dinheiro e comprei. E eu comecei a dar aula de matemática
naquela época que saiu o 3GS e ... eu usei dinheiro que eu dava nas lá e comprei. E foi muito legal isso cara.
Foi o primeiro celular que eu tive acessível. Então tipo coisas básicas mesmo tipo conseguir mandar um
mensagem pra alguém e ler o que a pessoa mandou de mensagem. Pra mim era assim, tipo incrível cara. Eu
achava sensacional pode fazer esse tipo de coisa assim. E até hoje quando eu paro e penso assim, sobre a
acessibilidade do iPhone em si eu acho foda de mais. Então eu acho que foi... e outra coisa foi que o .. hoje em
dia os aplicativos de iPhone são desenvolvidos em cima da biblioteca Cocoa, que é da própria Apple. E o Cocoa
todo os standards UIs, eles são acessíveis por pardrão. toda vez que você faz um controle pra UI que não é tipo,
próprio, que você estende uma classe deles e tal. Você ainda tem maneiras muito simples de adicionar
27
acessibilidade ao seu controle. Por exemplo, se você quer que seu controle haj que nem um botão, se você quer
que seu controle haja que nem um, com é que se diz um ... uma caixa de seleção ou uma coisa assim. Você
consegue dizer apenas setando uma flag dele e pronto, ele já passa ter acessibilidade como os controles nativos
do iOS. Então eu acho, cara, isso muito legal. Essa coisa que a Apple fez, eu acho que o Android agora tá
fazendo uma coisa semelhante. Eu não sei dizer porque eu nunca dei uma olhada no framework de
desenvolvimento da UI do Android, não sei dizer. Mas eu que o da Apple eu posso garantir sobre isso. E acho
isso sensacional, tanto pro lado do usuário, que transforma vários aplicativos de cara, acessíveis. Dá pra você
usar vários aplicativos de cara. E do lado do desenvolvedor, porque muitas vezes o cara não precisa se
preocupar em desenvolver algo específico pra acessibilidade porque muita coisa já tá pronta e o outro ponto é
que quando o cara precisa pensar em acessibilidade, tem uma coisa um pouco mais diferenciada, ele tem que
colocar alguma coisa de acessibilidade. A coisa é muito fácil de ser implementada. Eu acho isso muito legal.
Entrevistador: Tu já desenvolveu pra iOS?
Entrevistado 1: Então, na verdade não. Eu comprei um Mac em 2011 com essa ideia de começar a desenvolver
pra iOS porque eu achei legal e tal. Daí eu comecei a estudar, só que eu não levei muito a sério porque eu tava
na faculdade antes e eu tinha pouco tempo. Aí eu cheguei numa parte dos meus estudos que tinha que ficar
usando o interface builder. E infelizmente não tem como eu usar o interface builder pra criar interface. Num
conseguia arrastar as coisas pra fazer as coisas no interface builder e eu tava tentando procurar como fazer,
tipo, as interfaces através do código. Porque tem como fazer isso através do código, só que eu não achava em
lugar nenhum, sabe? Porque em todo lugar o pessoal só usa o interface builder. Então eu acabei largando,
deixei pra lá por enquanto, uma outra hora eu volto nisso, só que eu acabei não voltando.
Entrevistador: Tu sente alguma semelhança entre usar o celular e o PC?
Entrevistado 1: Não, é bem diferente o modo de interação, porque o ... No touchscreen você acaba
memorizando a posição de muitos controles na tela, então ao invés de você ficar pondo o dedo na tela, varrendo
a tela inteira, procurando o item que você quer e tal, você meio que tem decorado, ah isso aqui fica mais ou
menos na parte inferior direita, isso aqui tá em cima. Então você toca e meio que às vezes, com o tempo você
acostuma a tocar já direto no item que você queria, então tem muita coisa que no mobile, alí, a interação é bem
diferente. Que no computador você tem eh ... por exemplo falando na página web, a gente sempre navega
procurando coisas específicas da página, ah pede pro leitor de tela pular pro próximo cabeçalho, pra a próxima
lista, vai dando “tab” pra ler os links usa as setas, então às vezes você tem que ficar procurando o que você
quer. Eu acho que no mobile eles tem essa facilidade de você às vezes conseguir saltar exatamente pra onde
você quer por você ter meio que memorizado a tela. Tem uma noção de como é que tá organizado. Enquanto
que quando você ... No PC o leitor de telas organiza tudo como se fosse linear, né? Uma página não faz
diferença se numa página você coloca uma coluna do lado da outra por que o leitor de tela vai acabar colocando
uma coisa em cima da outra e ele vai fazer como se fosse um texto linear né. E eu acho interessante essa coisa
que o mobile traz. Embora eu prefira ainda usar o PC, óbvio, né? Porque você consegue fazer uma variedade de
tarefas maior. Pra certas coisas eu acho que o mobile traz umas vantagens que você não tinha antes. É bem
legal. Eu acho que no PC você tem uma velocidade de interação pra certos tipos de atividades que é maior,
principalmente pra digitar, que nem eu tava te falando. Você digitar no iPhone é um pouco demorado
infelizmente ainda. Então qualquer coisa pra digitar é no computador. Mas tem algumas coisas assim, que é
interessante de você fazer, eu gosto de ler, por exemplo, notícia ali no iPhone, porque as interfaces dos
aplicativos de feed pra os blogs é muito mais “clean”, daí sempre que a interface é mais clean, na minha opinião,
é muito mais fácil de você entender ela, porque você tem que entender ela de pouco a pouco com o leitor de
telas. Você num tem como olhar pra ela e fazer, ah tenho uma visão geral, num tem isso, sabe? Você tem que ir
28
percorrendo controle por controle, item por item e com o tempo, quando você vai usando bastante uma
aplicação você tem uma ideia geral. Então quanto mais clean a interface, na minha opinião, melhor, porque é
menos coisa que você tem que absorver. Você consegue chegar mais rápido onde você quer e então pra ler
notícia eu prefiro muito mais ver alí no negócio (Smartphone), porque se fosse usar um, tipo, abrir cada site que
eu quero ler cada texto, aí tem um monte de coisa, tem propaganda ... aí atrapalha.
Entrevistador: Quais pontos no teu cotidiano o uso dessa tecnologia melhorou?
Entrevistado 1: Acho que num é nem a questão de melhorar, é a questão de ser essencial, sabe? Porque, sem a
tecnologia você vai fazer o que, entendeu? Como é que eu vou ler, acessar ... Num dá pra ler um jornal, como é
que eu vou ler um jornal, tem que ser pelo computador. Uma revista tem que ser pelo computador, o livro ou tem
que ser braile ou tem que comprar o livro no computador e manda o leitor de telas, que é muito mais fácil, rápido
e barato. Então, tem uma frase que eu gosto muito que o pessoal fala assim: “A tecnologia para as pessoas, eh
... normais, tornam as coisa mais fáceis, a tecnologia para as pessoas com deficiência torna as coisas
possíveis”. E é isso sabe, num tem o que melhorou, é tudo. Simplesmente torna as coisas possíveis.
Entrevistador: Tu teve alguma dificuldade em adquirir o iPhone?
Entrevistado 1: Infelizmente o iPhone num tem um preço muito barato, né? O que aqui no Brasil, principalmente
torna a adesão dele, pelas pessoas com deficiência visual, baixa né? Acho que lógico se as pessoas pudessem,
tivessem o dinheiro eu acho que elas iam acabam comprando mas infelizmente assim, ele é mais caro, né? É
foda, mas fora isso, a questão do preço num teve nenhuma outra dificuldade.
Entrevistador: Quando tu fez o teu primeiro e-mail? Tu lembra?
Entrevistado 1: Sim. Eu acabei fazendo um do Hotmail por causa do MSN e tinha um do BrTurbo.
Entrevistador: Isso faz quanto tempo? Foi em que ano?
Entrevistado 1: Acho que 2004.
Entrevistador: Naquela época tu acessava utilizando que leitor de tela?
Entrevistado 1: Na época num era um leitor de telas, era um programa específico para deficientes visuais que
era o Dosvox. Dentro do Dosvox tinha um programa chamado Cartavox. Que era tipo, uma interface bem
simples, assim. Dava comando no teclado só e pegava os e-mails e ia dando setas nele e ia lendo. Então era o
Cartavox que eu usei durante muito tempo.
Entrevistador: Tu lembra de alguma dificuldade no começo? quando tu começou a usar serviço de e-mail.
Entrevistado 1: Não, pior que não porque o Cartavox era tipo, desenvolvido especialmente para cegos né, então
não tinha muito problema, na verdade o e-mail sempre foi uma coisa mais tranquila.
Entrevistador: Quando foi que tu migrou do Cartavox para o uso de leitores de tela no browser, usando serviços
como Gmail?
Entrevistado 1: Então, depois de um tempo eu passei a usar o Jaws, que é um leitor de telas, e depois eu mudei
pro NVDA. E depois que eu deixei de usar o Cartavox eu dei um pulo, que foi agora, hoje em dia, a maneira que
eu acesso meu e-mail é através do iPhone. Eu gosto muito de usar o ... Ler meus e-mails através do iPhone.
Porque eu tenho gestos específicos do voice over pra poder ativar, mover eles. Fazer tudo o que eu preciso. Eu
respondo muito meus e-mails através da interface do Gmail, o Gmail tem uma interface hoje em dia, que ele
chama de interface simplificada em HTML. Então não é uma interface tão poluída, uma interface tão bagunçada.
Não é uma interface assim, tão visual, que nem a interface normal do Gmail. E você pode ativar essa interface
HTML e eu gosto muito do usar ela. De todas as que eu uso é a interface que eu mais gosto de usar. Porque ela
é muito fácil e eu consigo fazer tudo que eu preciso fazer.
Entrevistador: Isso tu diz via browser certo?
29
Entrevistado 1: Via browser daí. E a outra que eu uso é o aplicativo do mail da Apple também. Ele é muito bom
assim, pra usar.
Entrevistador: Esses aplicativos do iPhone você pode cadastrar mais de uma conta?
Entrevistado 1: Sim, eu tenho duas conta no meu aplicativo de e-mail do iPhone.
Entrevistador: Quantas contas de e-mail tu administra atualmente?
Entrevistado 1: Duas só, a do trabalho e a pessoal. Um opção que eu gosto muito é poder ver todas a
mensagens das duas contas na mesma caixa, que eu uso principalmente quando eu to vendo as mensagens
novas do dia. E quando eu quero gerenciar alguma caixa em específico eu posso selecionar só as mensagens
daquela conta em específico. Então isso facilita bastante.
Entrevistador: Tu chegou a usar algum outro serviço de e-mail via browser? Tipo Yahoo, Hotmail ...
Entrevistado 1: Ó... o Hotmail é impossível de ser usado, o Yahoo até ganhou um prêmio faz algum tempo. Por
causa que hoje em dia tem o HTML5 e junto do HTML5 tem algumas coisas que a gente chama de WebArea
Standards, que são a maneira de como você pode transformar conteúdo dinâmico acessível da Web. Desde
quando a Web era estática basicamente se você segue os padrões da W3C, Colocando o cabeçalho no lugar.
Os link certinho, identificando o que que é uma tabela, colocando Alt nas imagens, esse tipo de coisa já era
suficiente. Mas hoje em dia como a web tem muita coisa dinâmica, principalmente usando javaScript, HTML5 e
tal, existe um certo descontrole de certa interações coma página que ficam bem complicados. Se você não tem
uma coisa além e essa coisa além é a WebArea. Então o Yahoo parece que desenvolveu o e-mail deles usando
vários padrões de WebArea, tanto é que eles são uma referência pra isso. Por uma aplicação que fizeram
usando WebArea e deu certo. Eu não usei ainda só porque eu já tinha o e-mail do Gmail, daí eu num ia querer
tipo criar um e-mail novo. Mas eu até criei um e-mail lá, posso até testar se você quiser, porque tipo eu só num
vou começar a usar o Yahoo agora porque eu já uso outro entendeu.
Entrevistador: É, num faz sentido, né?
Entrevistado 1: Eu ouvi de um negócio que ficou bacana, posso até dá uma olhada se você quiser.
Entrevistador: Eu desconfiei que qualquer pessoa com deficiência visual que queira utilizar mais de uma conta
de e-mail que sejam de serviços diferentes teriam problemas de administra-las. Porque no Outlook Web, é de
um jeito, no Gmail é de outro, no Yahoo também é de outra forma.
Entrevistado 1: É. A única maneira que eu sei de conseguir gerencias várias contas numa interface unificada é
através do iPhone mesmo. Através do browser eu num conheço nenhuma ferramenta que dá pra fazer isso.
Entrevistador: Ai minha tarefa inicial é saber se isso é realmente um problema, se as pessoas acham que é um
problema. E trabalha em cima pra desenvolver um aplicativo totalmente direcionado para o público que utiliza
acessibilidade.
Entrevistado 1: Então cara, mas eu acho que quando a pessoa precisa gerenciar várias contas, a experiência
que eu tenho e do pessoal é fazer o seguinte. Quem usa Mac usa o aplicativo do Mail da Apple, por que ele
permite você ter várias contas e ele é bem acessível e o resto usa o Thunderbird daí. Num sei se você conhece.
Entrevistador: Conheço.
Entrevistado 1: Mas é muita gente que usa o Thuderbird. Porque o Thunderbird também é bem acessível, eu
conheço até alguns cara que trabalham no time de acessibilidade da Mozila. E cara, o Thunderbird é muito
porque da pra você ter vária contas e tal. Se a sua ideia seria desenvolver alguma coisa especificamente pra
browser, aí eu concordo, não tem nenhuma solução boa. Mas fora do browser existe uma solução ótima na
minha opinião que é o Thunderbird. Assim, porque ele oferece pra várias plataformas. Então, mas eu acho que
esse caminho do e-mail talvez, na minha opinião, você pode talvez conversar com outras pessoas pra ver a
opinião delas também, eu acho que esse é um problema que já está bem resolvido. Por causa do aplicativo pra
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iPhone, do aplicativo pro Mac e também por causa do Thunderbird para Windows e pra Linux. Então nas quatro
plataformas principais que o pessoal usa já existe uma solução legal, sabe?
Entrevista – 2
Por problemas técnicos a gravação da segunda entrevista foi perdida, não sendo possível inserir sua
transcrição.
Entrevista – 3
Entrevistador: Você utiliza dispositivo móvel? E a quanto tempo?
Entrevistado 3: Eu utilizo celular com acessibilidade desde 2006, mas smartphone, tirando total proveito dele, só
a partir desse ano. Coma a atualização do Android eu comecei a ter uma liberdade bem maior.
Entrevistador: Tu utiliza tablete também?
Entrevistado 3: Já. Já utilizei tablets sim. Eu fiz uns testes com um HP e já usei um iPad. Utilizei um iPad retina e
um anterior ao retina.
Entrevistador: Sim, um iPad 2. Então tu já teve contato com iOS, Android e quais outras plataformas mobile tu já
teve contato?
Entrevistado 3: Mobile, Symbian e só. Eu nunca tive contato com o blackberry não, dizem que tem uma
acessibilidade mas nunca cheguei a testar.
Entrevistador: Tu sabe dizer se o Windows Phone tem?
Entrevistado 3: Tem. Tem um software chamado Mobile Speak, que é bem interessante.
Entrevistador: Ele é nativo? Ou você tem que instalar.
Entrevistado 3: Não. Só que é nativo é o iOS. O Voice Over que é desenvolvido para o iOS.
Entrevistador: Qual o aparelho tu possui hoje em dia? Se for mais de um quais?
Entrevistado 3: Eu tenho, eu uso um Galaxy GTS 8612, com Android 4.2, nã
Entrevistador: Certo, lançaram uma atualização o agora a pouco tempo, num foi?
Entrevistado 3: Lançaram. Lançaram está no 4.4
Entrevistador: Eu falei com Entrevistado 2 e ele me falou que o 4.2 teve umas atualizações de acessibilidade
bem legais.
Entrevistado 3: Tem mais pra desenvolvedor. Mais facilidade pro desenvolvedor. Que na verdade do 4.0 pro 4.2
ou 4.0 pro 4.1, mudou toda a parte de comunicação com a síntese de voz. Então provavelmente o que roda no
4.1 não roda no 4.0
Entrevistador: Tu lembra quais foram as maiores dificuldades quando tu começou a utilizar essa tecnologia
touch?
Entrevistado 3: As maiores dificuldade foram, primeiro a ideia pré concebida de que não daria certo, né? A gente
parte do físico, de que a pessoa cega precisa do contato físico. E eu resolvi investir desde janeiro desse ano. E
ai tive uma surpresa que ... realmente eu digo assim às pessoas: A primeira impressão é negativa. A vontade
que você tem é de jogar na parede, né? Mas depois que você começa a ter um contato maior, entender a lógica
de funcionamento. Eu passei a gostar e passei a ver como indispensável. Não consigo ficar sem esses recursos,
né?
Entrevistador: Tu recomendaria?
Entrevistado 3: Ah sim, recomendaria.
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Entrevistador: Quais são as principais atividades que tu faz no smartphone ou num tablet?
Entrevistado 3: Bem, hoje, desde leitura de arquivos até receber e enviar e-mails e mensagens. E bastante
contato com novas pessoas e uso bastante o Skype. Que no android é muito acessível.
Entrevistador: Quais são os aplicativos que tu usa mais no teu celular?
Entrevistado 3: Deixa eu ver ... o Skype é um deles, eu já falei dele. Tem também o PDF Pro, que é pra leitura
de arquivos em PDF, em formato PDF, que eu termino estudando por ele, pra mim ele tem uma flexibilidade
muito boa, bem interessante. O Dropbox também, que armazena muito material, bem interessante você manter
suas coisas no seu telefone. E um software específico que é o WalkTalk é um GPS que eu me localizo por ele.
Ele é um GPS que fala quando a tela está desligada. Então eu fico, num ônibus por exemplo, eu vou, desço no
local correto. E ... um outro software que eu não tenho autorização pra falar sobre ele, mas que vai dar uma
mudada bem interessante no modo de se locomover das pessoas cegas.
Entrevistador: Tu percebe alguma semelhança entre utilizar um computador de mesa e utilizar um smartphone
com acessibilidade?
Entrevistado 3: Eu tava pensando nisso hoje de manhã, a questão da utilização visualmente falando, pelo tablet
e pelo smartphone ele é muito mais intuitivo. Eu consigo me comunicar muito mais facilmente com quem
enxerga, porque o leitor de telas pra Windows, por exemplo, ou pra Linux, ele passa uma informação pra você
que nem sempre corresponde à informação visual. Por exemplo, quando você tá navegando na internet, por via
de regras a gente utiliza as setas de direção para navegar. Então pra pessoa cega ela está subindo ou
descendo. Quando na realidade ele está passando, pulando de um ponto pra outro da tela em colunas. Então
ele tem uma dificuldade muitas vezes de interagir com uma pessoa porque: “Eu tô aqui em baixo”. na verdade
ele num tá aqui em baixo. Ele está do lado esquerdo da tela ou do lado direito da tela, dependendo de como o
programador desenvolveu. Então ele ouve uma coisa e na prática o que ele ouve não é o fato, não é bem o que
mostrado visualmente. Já no caso do smartphone, não. Os botões são mostrados na tela e a medida que eles
são lidos a pessoa que tá enxergando está acompanhando também a onde está aquele botão. Então facilmente
você pode dizer “não, desça na parte inferior da tela, no lado esquerdo, vai ter um botão assim e tal”, e ai você
vai e encontra muito facilmente.
Entrevistador: Então você consegue perceber como está organizada a interface.
Entrevistado 3: A interface é muito mais intuitiva e a comunicação é estabelecida com muito mais tranquilidade,
entre cegos e não cegos. Inclusive a gente leva muito muito susto, pois como o leitor de telas ele lê o que está
internamente no código, muitas vezes eu digo ”óh, tem tal coisa na tela”, e a pessoa olha e diz “não tem”. Por
que? Porque aquilo alí é uma informação que só o leitor de telas capta. Mas visualmente ela não está ali.
Entrevistador: Tanto no Mobile quanto no desktop?
Entrevistado 3: Não, não. Eu percebo mais no Sistema operacional mesmo (Desktop), mais pra sites. Por
exemplo, Imagem meramente ilustrativa. Eu ouço isso, então se eu não souber que aquilo ali tá contido no
código, eu vou pedir pra a pessoa procurar essa mensagem, e ela num vê, ela vê uma foto. Então é a descrição,
o rótulo dessa foto que o leitor de telas lê, não é a foto. Ele é o rótulo que deram à foto.
Entrevistador: Em que ponto tu pode afirmar que utilizar um dispositivo mobile melhorou no teu dia a dia?
Entrevistado 3: Tem vários lados. Tem o lado profissional, tem o social, você é visto com muito mais
naturalidade, Né? Tem muitas pessoa que defendem, por exemplo a criação de apps ou aparelhos específicos
pra cegos. Eu sou um dos que fazem votos contrários a essa ideia. Porque eu acho que isso afasta as pessoas.
Eu não gosto de nada que afasta. Então o leitor de telas pra mim parece ser o melhor caminho. Tem esse lado
social e tem o lado profissional que eu, hoje, respondo e-mails, me comunico pelo Skype, faço leitura de
documentos, reencaminho mensagens. A utilização que um outro usuário dá. Fora as específicas como o GPS,
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que me ajuda a me localizar na cidade. É um verdadeiro sonho você poder pegar um ônibus e ir acompanhando
seu trajeto e chegar e puxar a cordinha e avisar ao cara que vai descer, ao motorista que vai descer. Ou
simplesmente acordar de um cochilo, sem saber aonde é que tá e num ter que perguntar a ninguém,
simplesmente ligar o aparelho e ele vai te localizar e vai dizer aonde é que você está. Aí sim você “Ah to mais
próximo ou eu já passei do ponto, vou descer, pegar outro voltando”. Mas é autonomia, a gente tá falando de
autonomia, de algo nunca visto.
Entrevistador: Existiu alguma dificuldade pra tu adquirir esse dispositivo que tu tem?
Entrevistado 3: No caso do Android, eu digo que o Android ele é como um sanduiche, você vai montando ele.
Então eu comprei o aparelho e de imediato eu não pude usar. Primeiro que a voz que vinha era uma voz em
espanhol, não tinha sintetizador para português. Então eu tive que ir no Google Play, baixar a voz, instalar
depois tive que colocar a voz como padrão. Depois comecei a tentar usar o teclado que veio com a Samsung,
não é um teclado acessível. Então eu fui buscar outro teclado. Encontrei um fórum que falava sobre isso e ai é,
enfim comecei a montar o meu telefone até ele ficar utilizável. Já no caso do iOS não é assim. Basta você ativar
e o Voice Over já te dá todo a condição de você utilizar o telefone sem você precisar fazer adequação,
adaptação nenhuma. É fantástico porque ele é desenvolvido junto com o próprio Kernel e a preocupação com a
acessibilidade da Apple é muito grande.
Entrevistador: Tu acredita que o preço praticado nesses aparelhos da Apple inviabilizam um pouco a aquisição
deles por algumas pessoas?
Entrevistado 3: Inviabiliza. Eu acho que a grande maioria dos usuários hoje do Android não é nem pela
qualidade em si do Android, e sim pelo custo que você tem. Por exemplo, o Moto G, da Motorola, que é um
aparelho quadricore, um aparelho muito bom, que ta saindo à R$690,00. Então você dispõe de um excelente
aparelho, pela metade da metade de um iPhone 5, por exemplo. Que vai fazer a mesma coisa que um iPhone5
praticamente faz. E até existe uma oferta maior de software pra Android do que pra iOS. A proporção me parece
que é de 8/1.
Entrevistador: Tu usa e-mail com que frequência?
Entrevistado 3: Eu uso e-mail toda hora. Principalmente aqui (no loca de tabalho), toda a comunicação nossa,
graças a deus, ela é através de e-mail, arquivos compartilhados, formulários. Então pra mim é um sonho eu
conseguir me livrar do papel impresso, já é uma coisa muito boa.
Entrevistador: Quando tu fez o teu primeiro e-mail? tu lembra?
Entrevistado 3: Vixe! faz tempo de mais. Mas era na época do IG.
Entrevistador: Mais ou menos pelo ano 2000?
Entrevistado 3: Acho que antes disso. Antes de 2000. Era em 96, por aí, 97. Tinha a questão da novidade, da
quase que obrigatoriedade. Naquela época até se dizia assim “Todo cidadão merece ter, precisa te rum e-mail” e
era pra mim uma solução para a questão comunicacional. As cartas, essas coisas passavam a ser e-mail e aí eu
tinha acessibilidade, tinha direito a ler aquele material que chegou pra mim, né?
Entrevistador: Tu lembra qual foi a maior dificuldade quanto tu começou a utilizar esse tipo de serviço?
Entrevistado 3: As interfaces sempre foram as maiores dificuldades. Sites que dão e-mail gratuito, mas colocam
uma quantidade enorme de propagandas. Não tem uma interface limpa, uma interface leve, essa termina sendo
uma dificuldade grande, porque como eu não posso diretamente saltar, digo, eu até posso saltar pra pontos
específicos da tela, mas eu preciso conhecer o site primeiro, conhecer o serviço. Isso leva um tempo, pra você
visualizar esse site e tal. Então quanto mais enxuto e mais leve for, melhor. Uma das razões de eu ter
abandonado o IG foi isso. Que pra usar eu tinha que passar por um monte de coisas que num me interessava na
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hora, naquele momento. E ai eu passei a usar o Gmail com a visualização em HTML básico. Que ai ela fica bem
mais limpa, bem mais intuitiva. A usabilidade passa ser maior.
Entrevistador: Tu já tentou outros serviços além do Gmail?
Entrevistado 3: Já usei o Yahoo, já usei numa época ... cheguei a criar um Hotmail também. Mas me mantive no
Gmail. Tem mais de 10 anos que só uso o Gmail.
Entrevistador: Tu abandonou esses dois por questões de acessibilidade mesmo.
Entrevistado 3: Por questões de propaganda, de acessibilidade, de mudanças constantes da forma de usar. E
não há uma preocupação com leitores de tela. Por exemplo, quando você entra no Gmail, no Google Drive, ele
já diz, modo leitor de telas ativado. Então ele já faz alguma coisa lá internamente, já percebe que você esta
usando um leitor de telas e já te dá uma serie de possibilidades em outro eu num teria ... até poderia conseguir
fazer, de um jeito ou de outro a gente sempre consegue. Mas o trabalho que dá, é exatamente isso o que eu
gostaria de evitar. A fadiga auditiva, o cansaço mental, todas essas outras questões que estão atreladas ao
serviço sem acessibilidade.
Entrevistador: Atualmente tu gerencia quantas contas de e-mail?
Entrevistado 3: Duas. Uma pra uso pessoal e outra para listas de discursão que eu participo.
Entrevistador: A do trabalho é a pessoal?
Entrevistado 3: Aqui eu uso mais a pessoal. Aliás, eu só uso a pessoal. E pra as listas de discursão eu tenho
outra conta que quando eu tenho tempo eu vou lá e dou uma olhada e respondo alguma mensagem.
Entrevistador: Qual o programa que tu utiliza no computador pra gerenciar os teus e-mails?
Entrevistado 3: Eu usava o Thunderbird, da Mozila. Mas eu atualmente tenho usado a interface da web mesmo.
Tá muito mais rápido. Tá muito mais intuitivo porque o Thunderbird tem se tornado pesado, muito instável. Então
eu tenho usado a própria interface do Gmail.
Entrevistador: Tu utiliza o gerenciador de e-mails do smartphone? Se sim tu usa o nativo, ou baixasse algum?
Entrevistado 3: Não, eu uso o nativo mesmo. O nativo me responde bem. O pessoal tem usado alguns outros 2
ou 3 gerenciadores, mas eu não tenho não. Eu não vejo necessidade de usar não. Até porque eu não costumo
responder muito e-mail por telefone. A digitação, apesar de ter uma digitação por voz muito boa no Android, eu
prefiro fazer isso no computador mesmo. Mais fácil de revisar.
Entrevistador: Baseado nessas observações que eu fiz, percebi que várias interfaces de serviços de e-mail, tem
localizado as coisas em lugares diferentes e isso provavelmente dificulta a interação do deficiente visual com
leitor de tela pra se localizar. Se ele muda de um serviço pro outro por questões de trabalho ou, que seja. E ai
uma das minhas ideias é desenvolver um serviço web que funcionasse como um Thunderbird Online quando
você entre, você consegue dispor seus e-mails sempre da mesma maneira, independente se ele é do Yahoo, se
ele é do Gmail, onde ele elimina todo tipo de informação desnecessárias como, propagandas e tras uma
interface totalmente adaptada para tablets como para notebooks. E eu sempre procuro obter um feedback no
final de cada entrevista sobre essa ideia.
Entrevistado 3: Eu acho que desde que ela seja voltada para todos, ... um dos sucessos do Google a um
tempinho atrás, existiam muitos serviços de busca, quando se fala em serviços de busca, você tinha o Cadê, o
próprio Yahoo, você tinha um monte. Só que todos eles tinha um monte de propagandas. O único que não tem
propagandas é o Google. Então o Google consegue ser leve, consegue não ter aquela lixaria de propagandas
que tem hoje no Facebook que tem em um monte de outros locais. E ai você consegue juntar duas coisas que
são muito importantes, usabilidade e acessibilidade. Eu não sou contra nenhuma criação de nenhum serviço,
desde que ele seja oferecido a população em geral, certo? Onde o indivíduo possa usar, enxergando não
enxergando, tendo baixa mobilidade, sendo idoso não sendo idoso. O que a gente chama de atender os critérios
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do desenho universal. Se for projetado dentro da ideia do desenho universal pra mim ele é bom. Agora se o cara
faz um serviço pra surdo, outro faz outro serviço pra cego, outro faz outro serviço pra cadeirante, pra mim
nenhum dos três presta. Porque ele cria sociedades separadas, segregadas, divididas por um muro digital, um
muro de Berlim digital. Que é o que a gente vê hoje, eu tenho um neto com síndrome de Down, vou fazer um
software pra quem tem síndrome de Down, só que tem cegos que têm síndrome de Down e poderiam se
beneficiar desse tipo de software e ele não se beneficia, porque não tem acessibilidade. Quando um sujeito faz
algo que atende a maioria, que eu acredito que seria impossível atender a todos. Mas quando ele faz algo
pensado na maioria, pra mim a coisa é muito boa. Eu dou o exemplo do VLC Player, ele é uma coisa
impressionante, você trabalha com o mouse, trabalha com teclado, você trabalha de todas as formas. Porque
ele foi idealizado para atender as necessidades das pessoas, da maioria das pessoas. Aí você tem o Media
Player, é desse mesmo jeito? Não. Você tem um monte de outros players por ai, é do mesmo jeito? Não. O cara
vai fazer uma coisa simples, ele perde um tempão pra fazer porque o software não foi pensado na necessidade
dos usuários.
--- trecho perdido ---Entrevistado 3: expandir ou ocultar funcionalidades. Então se você não estão usando aquilo lá, você clica em
ocultar. E você pode deixar o Moodle altamente enxuto. Somente com aquilo que você precisa. Infelizmente
nenhum serviço de e-mail que eu conheci até hoje tem essa possibilidade. De você ocultar determinadas barras,
ou dizer “Eu não quero” você chega no Facebook tá lá, coisa de família, aí tem um anúncio nojento na página, e
ai aparece um clique pra denunciar. Não, eles que tinham que fazer a filtragem, pra saber que tipo de anunciante
que eles tem. Então você tá lá num ambiente familiar, aí tem lá embaixo torne o seu pênis mais grosso, num sei
o que, né? Quer dizer isso é nojento. Eles tinham que ter um filtro, você num vê isso no Google, você vê? Você
num vê. Você vê num 4shared, você vê num Facebook, você via no Orkut. Mas você não vê no Google. Então
eu acho que esse grande sucesso da Google, é exatamente esse. É criar dispositivos que te deixem ser quem
você é.
Entrevista – 4
Entrevistador: A primeira pergunta que eu tenho pra te fazer é, se tu utiliza dispositivo móvel? Celular ou tablet?
Entrevistado 4: Uso celular
Entrevistador: Tu usa celular há quanto tempo mais ou menos? Tu sabes?
Entrevistado 4: Rapaz ... celular ... muito tempo, né? Celular mesmo sei lá, acho que 2000, num sei muito tempo.
Entrevistador: Certo. Quais foram os sistemas operacionais que tu teve contato?
Entrevistado 4: Symbian ... Celular?
Entrevistador: Sim.
Entrevistado 4: Móvel é Symbian .. iOS e agora Android.
Entrevistador: Certo, qual é o que tu tem atualmente?
Entrevistado 4: Android e iOS, eu tenho um iPhone 4S e um Moto G.
Entrevistador: Certo, tu já mexeu com tablet também?
Entrevistado 4: Tablet ... eu só dei uns pegazinhos no iPad que é a mesma coisa que um iPhone, muito
parecido, só.
Entrevistador: uhum, Tu lembra de alguma dificuldade no começo quando tu teve o primeiro contato com esse
tipo de tecnologia?
Entrevistado 4: Com a tecnologia touch?
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Entrevistador: Sim.
Entrevistado 4: Dificuldade ... Dificuldade que eu tive foi, o primeiro que eu tive foi o iPhone, né? A dificuldade
que eu tive foi me cadastrar na Apple Store que eu não conseguia. Eh ... e ai para baixar uns programas
interessantes eu não conseguia porque eu não tinha o cadastro.
Entrevistador: Sei
Entrevistado 4: Mas a interface mesmo, o uso não foi muito difícil não. Eu tô tendo um pouquinho mais de
dificuldade com o Android. Que o Android ainda num tá tão redondinho quanto o iOS não, tá bem próximo mas
ainda num tá beeem...
Entrevistador: Você precisa configurar o Android é?
Entrevistado 4: O Android eh ... pra facilitar a gente instala um programinha pra atender chamadas... que mais?
Acho que só, num tem muita coisa também não.
Entrevistador: Tu usa esses smartphones conectados com a internet por muito tempo?
Entrevistado 4: Uso o iPhone. O iPhone eu uso o que? Uso o Youtube, uso o Facebook, Facebook até menos, o
Foursquare, eh... WhatsApp, o WhatsApp é sensacional, é fantástico.
Entrevistador: É muito bom, né?
Entrevistado 4: O WhatsApp é massa. Uso com o iPhone. O iPhone é que eu faço um monte de coisa.
Entrevistador: O Android tu usa mais para fazer ligações?
Entrevistado 4: O Android eu uso mais como celular mesmo, visse? Com o Android eu num me arrisquei a fazer
muita coisa não, mas eu faço parte de lista e os cegos fazem muita coisa com android. Usa tudo que se roda
num iPhone, Facebook, Skype, roda no Android também tranquilo. Agora com eu já sou mais acostumado, mais
acomodado com o iPhone, aí eu ... Fiz uns testes no android, aí depois deixei pra lá, só uso mesmo pra atender
ligação e pronto.
Entrevistador: Tu percebe alguma semelhança em utilizar o smartphone e utilizar o computador com leitor de
telas?
Entrevistado 4: Leitor de telas ... se eu percebo o que?
Entrevistador: Alguma semelhança entre a interação, a maneira como você usa os dois. Ou é totalmente
diferente?
Entrevistado 4: Olha, eh ... tem algumas semelhanças, por exemplo, buscar um programa, né? Eu posso buscar
um programa aqui no iPhone simplesmente desenhando as primeiras letras do aplicativo, né? No computador,
enquanto eu tô numa página de internet, se é uma página que eu já conheço eu posso fazer essa busca
também com o “ctrl+f”. Que mais? Mas é por que são coisas diferentes, né? Touch e teclado é diferente
realmente.
Entrevistador: A interação por mouse no computador é impossível, né?
Entrevistado 4: Não, é possível! É possível pra a galera que usa o leitor de telas chamado NVDA, pra os
próprios dispositivos da Apple também, né? que é chamado de Track ... Trackpad, né?. Aquilo ali é acessível
pra a gente, entendeu? Num é comum, não é uma coisa que a gente usa com frequência mas é possível usar.
Não é tão frequente, aliás, é muito pouco frequente, mas é possível.
Entrevistador: Uhum. A noção que você ganha da localização das coisas na tela, no touch, ela facilita a maneira
como tu usa?
Entrevistado 4: No iPhone sim! No iPhone ... aliás no Android também. Porque nós temos duas maneiras de nos
movimentarmos entre os aplicativos, uma é a varredura que a gente faz, que é esse movimento assim
(demonstrou no aparelho que tinha em mãos). E a outra é explorar a tela, deixa até eu desbloquear aqui. Uma é
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explorar a tela e procurar decorar mesmo, onde é que ficam as coisas. Por exemplo telefone eu sei que fica aqui
do lado esquerdo na parte de baixo, entendeu?
Entrevistador: Entendi.
Entrevistado 4: Então é bacana.
Entrevistador: Muito legal. Hum.. Dentre outras coisas que tu faz no iPhone além de acessar redes sociais, tu
também vê e-mails?
Entrevistado 4: E-mails eu vejo com menos frequência. Eu vejo e-mail quando eu estou sem o computador,
quando eu tô viajando. Ou então quando eu tô no meu wi-fi e estou com muita preguiça de me levantar e ir pro
computador, eu abro o e-mail, dá pra ver sim.
Entrevistador: tu utiliza dropbox? Tu utiliza quais outros aplicativos?
Entrevistado 4: Tenho, tenho o dropbox mas eu num to usando com tanta frequência não, no ... iPhone não. Até
tenho ele no android, precisei, mas eu num to usando tanto, com tanta frequência não.
Entrevistador: Tem algum joguinho acessível que usa?
Entrevistado 4: Tenho, tenho. Audio artery, que é um jogo de arco e flecha pra a gente acertar no alvo, né? é
tudo baseado em som, né? Tem o Robo-e pra encaixar umas bolas, uma bolinha nos anéis. Que mais? Não
lembro.
Entrevistador: Leitura de arquivos tu faz pelo computador também, né? PDF, notícias.
Entrevistado 4: Faço pelo computador, faço pelo celular também.
Entrevistador: O que tiver mais perto ...
Entrevistado 4: O que tiver à mão, eu gosto ... Agora a voz pra leitura eu gosto mais do computador.
Entrevistador: Sim. Tu utiliza o NVDA no teu computador?
Entrevistado 4: Eu uso o Jaws ... e o Dosvox.
Entrevistador: Sim. Tu usa os dois ao mesmo tempo? Ou quando tu precisa de uma funcionalidade específica tu
usa ...
Entrevistado 4: Pronto! Pra ler, pra ler livro eu gosto do Dosvox, por ser simples, embora o Word também seja
simples. Não tem problema nenhum. Mas é costume mesmo. Aí tem uma voz lá que eu gosto que é parecida
com a voz do Jaws, é uma voz da IBM.
Entrevistador: Tu teve alguma dificuldade no início pra adquirir o smartphone? Do tipo, foi muito caro, precisei
fazer umas economias ...
Entrevistado 4: Rapaz, foi! Foi caro. Foi até minha ex-esposa que me deu. Porque eu vivia no computador
olhando as opiniões e tal, é acessível, é o máximo. Aí eu fiquei comentando muito isso, aí no aniversário de
2012 ela me deu esse aqui. Aí passou um tempo guardado, que eu fiquei frustrado, que não consegui criar
minha ID Apple e tal. Aí só depois que eu retomei o uso dele.
Entrevistador: Sei. E ai tu recomenda hoje em dia? Se alguém te disser, eu tava procurando um smartphone e
tal.
Entrevistado 4: Uhum, Recomendo, agora é claro, custo/benefício não é todo mundo que pode ter um aparelho
desse, porque produto Apple É caro. Até esse, o 4S mesmo, que depois do 4S nós já temos 2 na frente dele,
mas ainda o 4S é caro para a realidade do cego. Então tem que ver o custo/benefício. Tudo que o 4S roda, o
Android roda e tendo um pouco de paciência dá pra usar, então ... Agora podendo ter, podendo gastar, compra
logo um iPhone.
Entrevistador: Agora essa parte de mobile a gente vai deixar um pouquinho de lado e vamos para a última parte
da entrevista já, que é um pouco mais específica sobre e-mails.
Entrevistado 4: E-mail.
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Entrevistador: Tu usa e-mail com que frequência?
Entrevistado 4: Rapaz, todos os dias.
Entrevistador: Todos os dias tu tais mexendo.
Entrevistado 4: Tô mexendo, seja pra coisas eh ... praticamente de lazer mesmo, né? Pra poder tá olhando os
grupos que eu faço parte, ou seja pra a comunicação com o pessoal lá da faculdade, ou seja lá no trabalho
também. No trabalho tem uma plataforma que num é tão acessível mas eu consigo usar. Eu vejo e-mail também
no trabalho.
Entrevistador: Ah, então quer dizer que hoje em dia tu trabalha e estuda?
Entrevistado 4: Trabalho e estudo.
Entrevistador: já tem quanto tempo que tu fica nesse ritmo?
Entrevistado 4: Trabalho e estudo desde 2011, né? No caso. No caso trabalho desde 2000, mas estudar desde
2011. Aí eu trabalho e estudo desde 2011.
Entrevistador: Ok, Tu se incomoda em dizer qual é a profissão?
Entrevistado 4: Eu sou técnico judiciário, trabalho no tribunal de justiça no fórum da comarca de São Lourenço
da Mata.
Entrevistador: Então é pertinho de onde tu mora?
Entrevistado 4: É.
Entrevistador: Ótimo.
Entrevistado 4: Trabalho lá de 8h às 2h de 9h às 3h.
Entrevistador: Ia ser complicado se fosse longe, não era?
Entrevistado 4: É...
Entrevistador: Tu lembra quando tu fez o teu primeiro e-mail?
Entrevistado 4: Rapaz, meu primeiro e-mail ... eu acho que foi quando eu tive a curiosidade de usar computador,
e aí tinha uns computadores com acessibilidade lá na Torre Malakof, acho que meu primeiro e-mail foi nessa
época. Acho que foi em 97, 98.
Entrevistador: E-mail da IG, do Hotmail ...
Entrevistado 4: Elogica ...
Entrevistador: Tu lembra de alguma dificuldade no primeiro contato que tu teve com essa interface de e-mails?
Se tu teve contas diferentes e como cada um tinha um jeito diferente de interagir você acabava demorando
mais?
Entrevistado: Rapaz ... Olha dificuldade acho que uma ou outra quando a questão do próprio e-mail lá que dava
bronca, mas de mexer mesmo não porque sempre a gente, a maioria de nós cegos, a gente usa e-mail através
de um correio eletrônico, né? A gente num usa na própria página, quer dizer, usa. Mas a preferência é usar um
correio eletrônico. Então no correio eletrônico a gente tem os comandos decorados, “ctrl+N” novo e-mail, num
sei o que e tal. Então num tem muita dificuldade não.
Entrevistador: Quantas contas tu tem atualmente?
Entrevistado 4: Atualmente eu tenho a conta da oi, Hotmail e um Gmail, né? para poder logar no Youtube, eu
acho que eu tenho 3 ... 3 contas.
Entrevistador: Incluindo a do trabalho.
Entrevistado 4: Ah não, com a do trabalho são 4.
Entrevistador: Certo.
Entrevistado 4: Com a do trabalho são 4, é.
Entrevistador: Humm deixa eu ver aqui.
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Entrevistado 4: E-mail funcional.
Entrevistador: Quais são os programas que tu usa pra gerenciar teus e-mails?
Entrevistado 4: Olha é ... eu ainda tô insistindo no Outlook. No Outlook eu tenho um probleminha coma conta do
... Hotmail, que quando chega uma determinada quantidade ele dá um problema e ai eu tenho que apagar um
arquivo DBX. Apago pra poder reiniciar.
Entrevistador: Tu já testou o ...
Entrevistado 4: Testei o Thunderbird que um colega passou. Mas seu sou muito reticente a mudar, sabe? A me
adaptar, me acostumar e tal. Enquanto tiver o Outlook funcionando, mas já tô testando devagarinho o
Thunderbird.
Entrevistador: Sei. Você leva um tempo pra se acostumar com a interface nova.
Entrevistado 4: A interface, a acessibilidade e tal.
Entrevistador: tem que explorar tudo de novo.
Entrevistado 4: Eu uso ainda o XP n o meu netbook. Eu tenho .. ganhei uma máquina arretada do trabalho
agora. Uma máquina arretada, core i7, 8 Giga e tal, Windows 8, mas num to mexendo muito, num to fuçando
muito não.
Entrevistador: Mas porque a acessibilidade dele é diferente?
Entrevistado 4: É um pouquinho mais chato, é... é diferente. E ai eu anida num instalei um Word, nele ainda.
Entrevistador: No trabalho tu usa que sistema operacional?
Entrevistado 4: No trabalho eu uso o XP lá ainda ó. To com um computador velhinho lá um XP.
Entrevistador: Humm, Pronto, eu vou te apresentar agora a ideia principal da minha pesquisa, que eu já te
passei um pouquinho por e-mail, e ai minha ideia é o seguinte: Eu to fazendo essa pesquisa pra poder confirmar
se vale a pena desenvolver ou se existe um problema que seja maior pra que eu possa entrar com uma solução
tecnológica e ai o que eu queria fazer era o seguinte. Fazer um serviço de e-mail pelo browser que você
pudesse usar como se fosse um Thunderbird Online. Ou seja você entra no browser você pode colocar sua
conta do Hotmail, do Gmail, do IG, do Yahoo, de onde for, que ele sempre vai aparecer da mesma maneira, com
todas as funcionalidade acessíveis e você pudesse gerenciar mais de 1 ao mesmo tempo. E com isso eu quero
eliminar a quantidade de interfaces diferentes que você precisa aprender.
Entrevistado 4: Ahh certo, por exemplo, O Hotmail e o Oi, eu no trabalho vejo pelo browser. No trabalho tem
alguns momentos lá que eu fico sem fazer nada e eu fico olhando meus e-mails. Então eu olho pelo browser,
pelo Internet Explorer. O da Oi é bem acessivelzinho, é bem legal, bem bacana. Tem até uma função lá é HTML.
Às vezes eles colocam essa opção assim. Que ai eu clico... e fica uma página mais enxuta. O Hotmail também
não tem problema é acessível. Mas a gente percebe que tem diferença do outro realmente.
Entrevistador: às vezes você tem que se lembrar, eita esse daqui não é aqui é em outro canto.
Entrevistado 4: É, é isso mesmo. Mas ai como eu já conheço a página eu uso a função do “ctrl+F” pra me deixar
onde eu quero mais rápido.
Entrevistador: Isso daí é bem legal. Aí com essa entrevistas que eu estou fazendo eu vejo se realmente vale a
pena. Tu utiliza o aplicativo de e-mail do celular?
Entrevistado 4: Do celular? ... Então eu uso o próprio e-mail do celular, do iPhone.
Entrevistador: Umas das coisas que eu estava pensando em fazer é fazer uma solução completa. Você tem a
versão de browser pra quando você puder ter acesso só pelo browser. Você tem um aplicativo que se comporta
da mesma maneira do que você tem no browser. Por que eu percebi com as entrevistas que eu fui fazendo, que
existe um pouco dessa resistência em pegar algo totalmente novo. Se você já esta acostumado com alguma
coisa e você fica mais a vontade com ele, talvez seja o caminho certo pra a gente seguir. Fazer com que você
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sempre fique familiarizado com aquilo e se precisar de alguma funcionalidade mais específica ai você vai ter que
explorar mais. Mas o básico sempre está disponível para todos da mesma maneira.
Entrevistado 4: O problema é que a plataformas as páginas estão sempre em constante mudança, né? Os email e tal. Essa tua solução prevê também manipular, salvar os anexos e tal, enviar anexos, pois é uma coisa
muito útil, né?
Entrevistador: Isso, seria uma solução completa. Você só precisaria ...
Entrevistado 4: Pra que plataforma?
Entrevistador: Web. Seria pelo browser que você mexeria.
Entrevistado 4: Certo, mas pra iOS também?
Entrevistador: Pra iOS também.
Entrevistado 4: Tu sabe programar pra iOS, é?
Entrevistador: Não mas eu conheço um galera que tá junto comigo nessa. Eu sei programar pra web. Fazer o
HTML fazer uns códigos em javaScript. Esse tipo de coisa aí eu domino. Aí provavelmente vai ser a primeira
abordagem da gente. A gente vai primeiro atacar essa solução do browser, pra depois fazer o aplicativo pra
celular.
Entrevistado 4: Quando esse negócio tiver pronto bota ai a gente pra testar.
Entrevistador: Com certeza, eu estava até pensando em contar com vocês pra essa faze de testes. É bem
importante pra mim.
Entrevistado 4: Aí no caso ele vai servir pra qualquer e-mail no caso.
Entrevistador: Isso qualquer e-mail.
Entrevistado 4: Ou pelo menos a maioria deles. Por que por exemplo, a plataforma lá do trabalho, ele não é tão
amigável não. Se pegar um companheiro menos desenrolado na informática, fica mais difícil, ele fica meio
perdido, eu tenho que usar um recurso a mais do leitor de telas e tal.
Entrevistador: Me tira uma dúvida, o leitor de telas que tu utiliza no trabalho é o Jaws também?
Entrevistado 4: É o Jaws.
Entrevistador: Eles adquiriram?
Entrevistado 4: Eles adquiriram, eles compraram o Jaws. Embora não seja a versão mais nova é o Jaws. E uso
um scanner com o OpenBook que é da mesma empresa do Jaws. Da Freedom, Freedom Scientific.
Entrevistador: Eu acho que esses vinte minutos foram muito esclarecedores para mim.
Entrevistado 4: Se essa plataforma eu puder manipular esse e-mail funcional aí ... não é nem minha dificuldade
mas se eu pudesse usar uma plataforma mais amigável pra usar esse e-mail funcional seria bem legal.
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monografia - Centro de Informática da UFPE