nutrição fotos thinkstock C a a d o e T d a d r e v s a e r b o s s a i r o l a c sem a i m d que ar u r a s ass do a de vi p n , não puta hora obrir ê c Vo r com ois é desc e nem P i a fic riu? cê va m, qu to e e o ing go. V rtag quan o o o j a rep ruim t o nes é tã r o ée tud ece se ayd H r a i pa Lyg áe es Van r o P 82 | SPORTLIFE sa d eS alorias, calorias, calorias. Se perder ou manter o peso faz parte dos seus projetos de vida, provavelmente você não passa um dia sequer sem ler sobre elas nas revistas, na internet e nos jornais, ou sem fazer a matemática de cabeça para que a soma de tudo o que você colocou no prato não ultrapasse as recomendações dadas pelo seu nutricionista. De tanto fiscalizar o seu consumo, elas acabam se tornando um verdadeiro pesadelo para muita gente. E, de fato, elas pesam na balança, mas estão longe de ser esse bicho-papão que assusta boa parte dos adultos, e agora até adolescentes. “Você não deve encará-las desse jeito de maneira alguma. As calorias são necessárias para que haja vida. Sem energia, o organismo não consegue realizar suas atividades. Por isso, tenha na cabeça que o problema só ocorre quando a ingestão de calorias é maior do que a necessidade do seu corpo”, diz Maria Fernanda Elias, nutricionista da Nestlé e doutoranda em Nutrição Humana Aplicada pela USP. Mais do que uma moeda na economia do ganho e da perda de peso, as calorias são uma medida de calor (é daí, inclusive, que vem o nome delas) e têm um papel importante para o corpo. “Ela é uma unidade de medida de- finida como a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5ºC para 15,5ºC. Essa energia nada mais é do que a capacidade de realizar trabalho, e o nosso corpo precisa dela para manter funções vitais como batimentos cardíacos, respiração, manutenção da temperatura corporal e dos tecidos, funcionamento do sistema nervoso e também para a realização de atividades físicas. Daí a caloria ter tanta importância”, esclarece Fabiana Honda, nutricionista da PB Consultoria em Nutrição. Outra conclusão óbvia que se tira a partir do fato de que as calorias são uma medida de calor é que não passa de bobagem a ideia de que existem calorias negativas. “Esse termo, na verdade, não faz sentido, pois não existe um alimento que forneça quantidade de energia menor do que zero. Entretanto, ele é muitas vezes usado para se referir a situações nas quais o organismo gasta mais energia para metabolizar o alimento do que a quantidade de energia presente nele, como quando se consomem algumas frutas e hortaliças”, explica Maria Fernanda. Ou quando se toma água gelada. Apesar de a água não conter calorias, o corpo gasta energia para metabolizá-la. >> DÊ um sentido para as tabelas nutricionais As tabelas de caloria, que praticamente todo mundo conhece, expressam a energia total fornecida por cada alimento, e são formuladas por meio da análise da composição química de cada um deles. “As calorias vêm, basicamente, dos carboidratos, das proteínas e das gorduras. Para saber a quantidade de nutrientes presentes em cada alimento, é feita uma análise da sua composição, o que determina o teor de umidade, de proteínas, gorduras, carboidratos, de fibra alimentar e de minerais. Cada grama de carboidrato ou de proteína fornece 4 calorias, enquanto cada grama de gordura fornece 9 calorias, podendo-se, assim, calcular a quantidade total de calorias de um alimento. Além desses nutrientes, o álcool também é uma fonte calórica importante, fornecendo 7 calorias por grama”, explica Fabiana. Assim, as calorias presentes em cada grama de nutriente correspondem ao quanto de energia cada um deles libera quando “queimado” (metabolizado). Você já deve ter notado, no entan- to, que, muitas vezes, dependendo da tabela, os valores calóricos de um determinado alimento mudam. “Isso se deve ao fato de a composição dos alimentos também mudar, dependendo do solo ou da época do ano em que ele é cultivado, do seu grau de maturação, do processamento realizado etc.” Um exemplo: a banana verde tem menos calorias porque o amido contido ali não é digerido, portanto, não é “contabilizado”. Um corte de carne também pode apresentar diferença nos valores calóricos dependendo do grau de maturação do animal, sexo, peso e, é claro, dos alimentos ingeridos por ele. Isso muda bastante também nos produtos industrializados, pois pode haver desidratação e perda de água – o que concentra os nutrientes e calorias – ou até mesmo a adição de outros ingredientes que somam calorias, como gorduras ou açúcares, por exemplo. Outro ponto importante – principalmente para quem costuma consultá-las – é que a lista de calorias geralmente se baseia em uma porção de 100 g. Na prática, isso significa que seria preciso pesar o que você vai comer para depois fazer uma regra de três (você lembra dela?) para saber quantas calorias estão contidas naquela manga gigante que você acaba de tirar da geladeira ou naquele pedaço de bolo um pouco mais gorducho do qual você se serviu. Outra possibilidade é usar as medidas caseiras que são obrigatórias nas embalagens, mas que nem sempre estão por lá. “Se a embalagem não trouxer os dados expressos em medidas caseiras de forma apropriada, não tem muito como fugir da regra de três”, diz Fabiana. SPORTLIFE | 83 nutrição Running >> cortar calorias funciona? Com tantas dietas hoje disponíveis, todas elas proclamando serem definitivas, fica difícil saber a melhor opção na hora em que se decide emagrecer. Melhor cortar carboidratos por um tempo, como recomenda Pierre Du kan, autor do mais famoso regime do momento, a Dieta Dukan, ou melhor tirar as gorduras de vista? Fato é que a proliferação de dietas fez com que as pessoas se esquecessem ou até nem se dessem conta de um princípio fundamental: se você quer perder peso, é necessário gastar mais do que come, ou seja, a queima de calorias deve ser maior do que o seu consumo. Incrivelmente, esse princípio singelo ainda não havia sido comprovado pela ciência. Não até 2009, quando um estudo publicado no New England Journal of Medicine, uma das mais respeitadas revistas científicas do planeta, jogou uma pá de cal sobre a ideia de que determinados alimentos o farão emagrecer. A pesquisa comparou, durante dois anos, o efeito que os principais nutrientes têm – gordura, carboidrato e proteína – quando se trata de eliminar os quilos a mais. E a resposta foi óbvia: independentemente do tipo de alimento ingerido, todos os gordinhos estudados se livraram do excesso de peso. “O princípio foi básico: montamos regimes individualizados que somavam 500 cal a 750 cal a menos do que as necessárias para que aquelas pessoas mantivessem o peso. Mas todas as dietas eram saudáveis e amigas do coração, isto é, eram pobres em gordura saturada e colesterol e ricas em fibras e em alimentos de baixo índice glicêmico”, contou Kathy McManus, diretora do Departamento de Nutrição do Brigham and Women’s Hospital (EUA), uma das autoras do trabalho. Heloisa Guarita, nutricionista da RG Nutri Consultoria Nutricional, explica que uma dieta para redução de pe- Você sabia? Na realidade a energia liberada pelos alimentos é medida em Kcal, e 1 Kcal = 1 000 cal. Quando você vê a quantidade de energia em uma embalagem de alimento, ela está expressa em quilocalorias. Mas o termo caloria tornou-se mais popular, já que a quantidade de calorias liberada pelo alimento é muito alta. 84 | SPORTLIFE O boom de dietas fez as pessoas se esquecerem de que, para emagrecer, é preciso gastar mais do que se consome so deve gerar um déficit diário de 500 cal a 1000 cal, o que permite uma perda de 0,45 kg e 1 kg por semana, respectivamente. “Mas é preciso entender que ao passar por uma restrição calórica, a pessoa emagrece não necessariamente de uma forma saudável, ou seja, com perda de gordura e manutenção de água e de proteína corporal. Para que ela perca peso com saúde, não basta apenas cortar calorias, é necessário escolher corretamente os alimentos para que todos os nutrientes sejam ingeridos, como foi feito na dieta que serviu de base para o estudo americano”, diz ela. As conclusões dos especialistas americanos, entretanto, não ganham a simpatia de todos. Os detratores dessa ideia de que basta que a conta entre o que é ingerido e o que é gasto seja negativa se a ideia é perder peso afirmam que há grandes chances de as pessoas passarem a se permitir comer porcarias, pois o que importa, afinal, é gastar mais do que se come. “É importante lembrar que, além das calorias, os alimentos possuem diversos macro e micronutrientes que influenciam na saúde. Para emagrecer de forma saudável, além de reduzir as calorias, é necessário ter uma dieta equilibrada, para que não haja deficiência de nutrientes”, lembra Heloisa. Mas não se iluda. A restrição calórica faz, sim, a pessoa perder peso, mas, dependendo do grau da restri- nutrição Running ção, também faz a pessoa dar aquela “empacada”, quer dizer, ainda que ela esteja comendo pouco os quilos não baixam. Isso acontece porque a privação de energia liga um “alarme” no corpo de que há falta de comida. Esse alarme vem desde os tempos em que o homem vivia em cavernas e tinha de caçar para comer. Quando não havia comida à vista, o organismo acionava um mecanismo que fazia o metabolismo ficar mais lento. O mesmo acontece quando se está de regime. Quanto mais restritivo ele for e, portanto, mais hipocalórico, mais o metabolismo cairá dali a um tempo, levando à interrupção de perda de peso. “A privação de nutrientes faz com que o organismo passe a poupar mais energia”, diz Fabiana. Resumindo: “O importante mesmo é ter a consciência de manter a qualidade na alimentação, ao invés de priorizar a quantidade de calorias consumidas. Muitos alimentos são calóricos, mas ricos em nutrientes, como o azeite, as castanhas e o abacate, e precisam estar presentes em uma dieta, mesmo na de quem quer emagrecer”, finaliza Fabiana. SL Mais importante do que saber quantas calorias este sanduíche contém é saber se ele possui nutrientes 86 | SPORTLIFE Lenycia Neri Nutricionista do Hospital das Clínicas Diretora da Nutri4Life Consultoria em Nutrição www.nutri4life.com.br [email protected] Calorias: o que realmente importa? Existem pessoas que ficam contando calorias o dia todo, principalmente quando consomem alimentos industrializados. Parece até que no rótulo só tem informação nutricional das calorias... Mas o que realmente importa: as calorias ou os nutrientes? Todos os seres vivos precisam de uma fonte de energia, obtida por meio das chamadas calorias que são provenientes dos alimentos. As calorias são nossas amigas então, pois são elas que nos mantêm vivos. Essa é a forma com que nosso metabolismo funciona: da energia gerada pelos alimentos. O grande diferencial é de onde estamos retirando e a quantidade de calorias que ingerimos. Diferentemente de alimentos ricos em vitaminas e minerais, que embora possuam calorias, também possuem nutrientes, alguns alimentos não possuem nada mais do que calorias. São chamados, assim, de alimentos calorias-vazias. Existem vários cálculos para estimar de quantas calorias cada pessoa precisa. Os cálculos podem ser rápidos (somente levando em consideração quanto você rt pesa) ou podem ser detalhados, po ife levando em consideração sua atividade física, idade, gênero, peso, estatura. Mas são apenas cálculos e, por isso, estão sujeitos a erros. Para verificar o quanto foi ingerido, é só estimar o consumo a partir de tabelas, que foram feitas por amostragem de alimentos levados ao laboratório. Será que esses alimentos estão exatamente como os que você consumiu? Será que seu metabolismo assimila a ingesta calórica da mesma forma como previsto no teste realizado? São outras estimativas, sujeitas a erro. Isso tudo acontece porque não somos máquinas, que permitem, por meio de cálculos, concluir o quanto de energia é necessário para o seu perfeito funcionamento. Somos seres vivos, aliás, o mais complexo deles, para os quais a alimentação não representa apenas nutrição, mas sim prazer, hábito social, entre outros. Quer saber se o que está comendo é suficiente em calorias? Verifique se você vem engordando ou emagrecendo nos últimos meses. De modo bem geral (pois existem casos de patologias que devem ser investigadas), caso consuma mais calorias do que gasta, você engorda, e, menos do que necessita, emagrece. No balanço energético complexo por meio do qual sobrevivemos, esse é o resultado mais fácil de ser observado. Mais importante do que um simples cálculo de energia necessária é o fato de onde você retira essas calorias, quais alimentos consome: alimentos saudáveis são incluídos na sua rotina? Para finalizar, entre um copo de suco natural de laranja (bomba calórica de 150 calorias em 300 ml, mas com valor acima de 100% da necessidade diária de vitamina C) e um refrigerante zero (zero de calorias, mas zero de nutrientes), prefira sempre o suco de laranja! E assim vamos consumir as calorias que convivem com nutrientes!