Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Coordenação Geral Dra. Celia Regina Pierantoni, MD, DSc Professora Associada do Instituto de Medicina Social – UERJ Procientista da UERJ/FAPERJ Líder de Grupo de Pesquisa do CNPq Diretora do Centro Colaborador da OPAS/OMS para Planejamento e Informação da Força de Trabalho em Saúde Coordenadora da Estação de Trabalho IMS/UERJ da Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde – ObservaRH - MS/OPAS Brasil ObservaRH Estação de Trabalho IMS/UERJ www.obsnetims.org.br Ministério da Saúde Autores Professores Cid Manso de Mello Vianna Tania França Bolsistas de Pós-graduação Carinne Magnago Marcus Paulo da Silva Rodrigues Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Objetivo geral Estimar a necessidade de médicos para a Atenção Primária em Saúde do sistema de saúde brasileiro para os próximos dez anos. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Brasil Dimensão territorial 8,5 milhões de Km2: 26 estados, 1 Distrito Federal, e 5.567 municípios, todos com autonomia política, fiscal e administrativa 190 milhões de habitantes: → 42,6% na Região Sudeste → 27,7% na Região Nordeste → 14,6% na Região Sul → 8,0% na Região Norte → 7,1% na Região Centro-Oeste Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Métodos Estudo ecológico, do tipo séries temporais, de caráter exploratório, prospectivo, desenvolvido por meio de dados secundários. Para projeção de médicos foi utilizado o método de estimativa baseado na razão de médicos/população. A análise se deu no nível municipal (n=5.565) estratificada por porte populacional e região geográfica. Como diferencial, recorreu-se a correção da razão em função da rotatividade médica. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Métodos Os dados demográficos dos anos 2000 a 2010 foram coletados do IBGE. Para projeção da população até o ano de 2023, foi utilizado o Método de Tendência de Crescimento, tomando como base a taxa de crescimento média estadual, calculada pelo IBGE a partir do incremento entre os anos de 2001 e 2009. A rotatividade foi calculada a partir dos dados referentes às admissões, demissões e número de vínculos médicos (2009-2011) coletados na RAIS, cuja fórmula empregada foi: (nº de admissõest + nº de saídast ) / 2 nº de empregadost-1 Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Métodos Calculou-se o número mínimo e máximo de médicos necessários até o ano de 2023, considerando dois cenários: (i) cobertura de 100% da população por equipes de Saúde da Família com um médico cumprindo carga horária de 40 horas; (ii) (ii) cobertura de 100% da população por equipes de Saúde da Família com dois médicos cumprindo carga horária de 30 horas ou ainda dois médicos cumprindo carga horária de 20 horas. Utilizou-se a recomendação do Ministério da Saúde de 3.000 habitantes por equipe de Saúde da Família. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Rotatividade Os resultados apontam para um índice médio de rotatividade médica no Brasil de 30,8%. Maiores médias nas regiões Sudeste (62,0%) e Centro-Oeste (58,2%). Os municípios de médio porte (entre 100 mil e 200 mil habitantes) são os que apresentam rotatividade acima de 50%; já os municípios acima de um milhão são os que mantêm uma taxa de rotatividade “aceitável”, ou seja, abaixo de 26%. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Número de médicos desejáveis e necessários Os municípios da região Sudeste devem apresentar em torno de 260 de postos de trabalho médico para que se mantenham dentro dos parâmetros da ESF. A região Sudeste é a que mais ultrapassa em número de postos médicos em relação ao parâmetro necessário. As regiões Sudeste e Sul não carecem de novos postos de trabalho médico para nenhum dos agrupamentos de municípios por porte, enquanto nas regiões Norte de Nordeste, apenas os agrupamentos de municípios de menor porte necessitam. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Número de médicos desejáveis e necessários Em todas as regiões o agrupamento de municípios com porte acima de um milhão são os que apresentam maiores necessidades negativas de postos de trabalho médico, ou seja, apresentam as maiores concentrações de médicos no Brasil. A região Sudeste possui concentração de médicos 2,5 vezes maior que a região Norte: 2,6 contra 0,98 médicos para cada mil habitantes. O conjunto das capitais, por sua vez, apresenta a razão de 4,22 médicos para cada mil habitantes, enquanto para o país como um todo é de 1,95. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que apresentam o maior quantitativo de municípios com densidade de postos de trabalho médico igual à zero, em localidades com população até 50.000 habitantes. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Projeção da necessidade de médicos (2011-2023) Municípios com densidade real de médicos igual a zero (n=1.667; 30%) Gráfico 1: Número médio de médicos necessário para cobertura de 100% da população, considerando-se um médico para cada 3.000 habitantes, para os municípios brasileiros com densidade real de médicos igual a zero, segundo região. Brasil, 2011-2023 Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Projeção da necessidade de médicos (2011-2023) Municípios com densidade real de postos de trabalho médico maior que zero e menor ou igual a um e rotatividade zero Gráfico 2: Número médio de médicos necessário para cobertura de 100% da população, considerando-se um médico para cada 3.000 habitantes, para os municípios brasileiros com densidade real de médicos maior que zero e menor ou igual a um e rotatividade zero, segundo região. Brasil, 2011-2023 Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Projeção da necessidade de médicos (2011-2023) Municípios com densidade real de postos de trabalho médico maior que zero e menor ou igual a um e rotatividade maior que zero Gráfico 3: Número médio de médicos necessário para cobertura de 100% da população, considerando-se um médico para cada 3.000 habitantes, para os municípios brasileiros com densidade real de médicos maior que zero e menor ou igual a um e rotatividade maior que zero, segundo região. Brasil, 2011-2023 Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Projeção da necessidade de médicos (2011-2023) Municípios com densidade real de postos de trabalho médico maior que um O cálculo da densidade, bem como da projeção para o período de 2011-2023 para este grupamento, que incluiu municípios que apresentaram rotatividade igual a zero e municípios com rotatividade superior a zero, resultou em necessidade de médicos negativa, ou seja, o estoque de médicos nesse agrupamento é superior ao determinado como ótimo segundo parâmetros da ESF, não carecendo, portanto, de novos postos médicos para os próximos anos. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde Recomendações Afirma-se a necessidade de projeção de médicos no intuito de subsidiar o planejamento das políticas públicas de três setores fundamentais: educação, trabalho e saúde. A educação no que compete à criação ou não de vagas nos cursos de medicina; o trabalho, na perspectiva de abertura ou não de novos postos de trabalho médico. Deve-se considerar as necessidades e discrepâncias regionais, já que ainda impera a concentração de cursos e de postos de trabalho médico nas regiões em que a carência desse profissional médico é menor ou inexistente. No que tange ao setor sanitário, é imprescindível que as políticas de educação e de trabalho levem em conta às especificidades epidemiológicas, já que estas é que ditarão as necessidades de médicos, especialmente no que concerne às especialidades. Estimativa da necessidade de médicos na atenção primária do Sistema Único de Saúde www.obsnetims.org.br Contato: Cid Manso, [email protected]