Arquivos Pernamentes Aula 6 Teoria da Classificação Classificar: distribuir em classes segundo método de classificação, arrumar, pôr em ordem, identificar, qualificar (…). Desde que o homem surgiu começou a distinguir as coisas que, consciente ou inconscientemente, concebeu um sistema em que as coisas eram agrupadas e relacionavam entre si. 2 Classificação de Borges "Os animais dividem-se em: a) pertencentes ao imperador, b) embalsamados, c) amestrados, d) leões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães soltos, h) incluídos nesta lista, i) que se agitam como loucos, j) inumeráveis, k) desenhados com um pincel finíssimo de pêlo de camelo, l) etc, m) que acabam de partir o jarrão, n) que de longe parecem moscas" (Jorge Luís Borges, "O idioma analítico de John Wilkins", Prosa completa, vol. 3, pag.111) 3 Teoria da Classificação A classificação percorre todas as atividades do homem. Sem classificação o progresso humano seria impossível. (SOUSA, 2004, p. 72) Classificação entendida como processo mental de agrupamento de elementos portadores de características comuns, constitui uma das fases fundamentais do pensar humano (formação do homem). 4 Classificar é sobretudo representar para conhecer, sendo que esta representação é sempre parcial. Classificamos a partir da nossa cosmovisão, de nossos interesses, de nossos objetivos. A classificação representaria uma fase preliminar das atividades de conhecimento. 5 “A Classificação permite estabelecer hábitos, semelhanças e diferenças (...) ordenar, agrupar, aproximar (...) mantê-los em conjunto e afastá-los irremediavelmente.” (POMBO, Olga. Da Classificação dos seres à classificação dos Saberes, s/d. p. 01). Classificação de Diemer (1974): acordo com Ontológica: dos seres; Gnosiológica: das ciências; Biblioteconômica: dos livros e Informacional: das informações 6 Conceito da Classificação “(...) operação de repartição de um conjunto de objetos em classes coordenadas e subordinadas entre si com base em critérios explícitos e previamente escolhidos” (POMBO, s/d, p.03) 7 Características gerais da Classificação 1. 2. 3. 4. 5. Cada classificação tem por detrás um mecanismo classificador; Cada classificação persegue uma multiplicidade de fins que, em última análise, vão determinar a sua estrutura; cada classificação exerce-se sobre um domínio da realidade cujas estruturas internas tornam mais ou menos fácil as operações necessárias à classificação; cada classificação constrói-se no contexto das classificações precedentes do mesmo domínio; para cada classificação existe um produto externo da atividade classificadora. 8 Tipos de Classificação 1. As dicotomias, baseadas na presença ou ausência de uma determinada propriedade, e 2. as classificações baseadas numa propriedade qualificada como diferença específica. “A escolha de uma ou outra dessas propriedades terá como resultado diferentes arranjos das realidades a classificar e, consequentemente, a constituição de diferentes classificações.” 9 Naturalidade x Arbitrariedade das classificações A escolhas para as classificações fazse a partir dos elementos de maior ou menor afinidades entre si. Portanto, uma classificação deve evitar quebrar, violentar arbitrariamente a cadeia de imperceptíveis nuances que liga os seres e coisas entre si. Deve-se procurar a maior naturalidade possível na classificação. 10 Critérios de Afinidades De acordo com os critérios de afinidades e naturalidade temos as classificações: Essencialistas (a naturalidade na existência de caracteres dominantes); Estruturais (a naturalidade reside na existência de relações constantes entre os elementos da classificação) e Evolutivas (a naturalidade baseada numa dimensão dominantes que se sucedem no tempo). 11 Classificação Pragmática Correspondem agora a uma solução extrínseca, isto é, ao abandono do isolamento do domínio a classificar em favor de uma perspectiva em que este é considerado na sua relação com o uso que o classificador pretende dar a esse domínio e com as ações que sobre ele pretende desencadear. (Pombo, s/d, p. 12) É o que acontece com as classificações documental e biblioteconômica. A introdução das novas tecnologias no campo de trabalho da documentação, vem como que sublinhar ainda mais o carácter pragmático da classificação documental. 12 A necessidade em separar, identificar, e descrever a fim de otimizar a disponibilização da informação tornou a classificação como parte integrante de várias disciplinas como a Arquivologia e a Biblioteconomia, possuindo para ambas diferentes conotações intelectuais 13 Para a Arquivística a classificação e a ordenação dos fundos/sistemas passaram a ser conceitos a fazer parte quando foi lançado em 1898 o Manual dos Arquivistas Holandeses: “O Sistema de organização dos documentos deve se basear na organização primitiva dos fundos de arquivo que corresponde em linhas gerais a organização da administração donde é proveniente.” (Muller, 1973, p.56) 14 “A classificação é básica à eficiente administração de documentos correntes. Todos os outros aspectos de um programa que vise ao controle de documentos dependem da classificação. Se os documentos são adequadamente classificados, atenderão bem às necessidades das operações correntes. E, para tanto, devem ser arranjados em função do uso que têm em determinadas unidades administrativas de um órgão. [...]. Refletirão a função do órgão, no amplo sentido do termo, e, no sentido mais restrito, as operações específicas individuais que integram as atividades do mesmo órgão.” (Shelemberg, 2002, p. 82) 15 O primeiro elemento a ser utilizado na classificação é o da proveniência que permitira a separação e a delimitação dentro do patrimônio arquivístico. Sendo o princípio de ordem original o que vai servir de base para as divisões no Fundo/Sistema. É necessário definir os limites do Fundo de Arquivo de qualquer instituição. Primeiro passo para a classificação 16 Os princípios arquivísticos são a base que fundamentam a atividade da classificação. Portanto, devemos ter apenas uma leitura dos Princípios para estabelecer apenas um tipo de classificação. Sendo a origem dos conjuntos documentais o sujeito acumulador e as relações orgânicas que se estabelecem no interior deste conjunto. 17 Classificação e Descrição: em busca de cientificidade “As discussões estão limitadas ao entendimento que se tem do objeto de estudo. Numa operação tão complexa e tão fundamental para todo o que-fazer arquivístico, a área instrumentaliza-se somente com o escasso ferramental teórico disponível, isto é, os princípios de respeito aos fundos e o da ordem original.” (Renato Sousa, 2007, p.84) 18 Elementos da Classificação Dificuldades de aplicação dos “princípios arquivísticos de maneira normalizada e uniforme pelos arquivistas” (Souza, 2007) Distinção entre a classificação nos arquivos correntes e permanentes (classificação e arranjo) Vozes destoantes: viram a classificação como um método independente da fase ou idade dos documentos. 19 Estabelecimento de importantes conceitos Classificação: ação intelectual de construir esquemas para agrupar os documentos a partir de princípios estabelecidos; Ordenação: disposição dos tipos documentais dentro das divisões estabelecidas no esquema de classificação; 20 Arquivamento: Codificação: ação física de colocar os documentos em pastas ou caixas. última parte ligada a classificação. O método de codificação (alfanumérico, numérico, duplex etc.) não pode ser confundido com o modelo de classificação. O método de codificação deve ser flexível, simples e não pode ser limitador. 21 Obs: Não usar métodos biblioteconômicos Utilizaremos a expressão: plano de classificação pois aparece com mais frequência na literatura Arquivística. E a palavra classificação em detrimento a palavra arranjo “Plano de Classificação para identificar o instrumento de classificação de documentos arquivísticos 22 Diversos autores que falaram da Classificação Michel Duchein; Antonia Heredia Herrera; Elio Lodolini; Theodore Schellenberg; Heloísa Bellotto; Renato Sousa. LEITURA DO TEXTO E DEBATE EM SALA 23