INFRAESTRUTURA AVIA(Ao CIVIL SOFRE COM INDEFINI~6ES SOBRE 0 FUTURO DO SETOR CSERIES COMO SERA 0 NOVO AVIA.o COMERCIAL DA BOMBARDIER E 0 QUE PENSAM SEUS RIVAlS AVIA~AO EXECUTIVA NOVIDADES NO SEGMENTO DE JATOS DE CABINE LARGA EALCANCE ESTENDIDO CARGA AEREA VARIGLOG PLANEJA INVESTIR EAPOSTA EM SUA RECUPERA~Ao JUDICIAL WWW.AEROMACiAZINE.COM.BR BRASIL AND 17· N' 201· RS 9.90 MAGAZINE ~SPRJNG .l l l~I JIJI !~1 1 !1 1 1 1 1 1 1 1 i~ 20 AERO MAGAZINE FEVEREIRO ZOll lZ· 3NIZII'J\M O!l311· O!l13!l31\3~· noz EJlSAlO EM VOO ACHOOSORA \J., Monomotor tern estrulura de materiais compos lOS e comandos de vee tradicionais, com lubos de aluminio e cabos de a<;:o: (j) d limpeza aerodinamica do aviao brasileiro garante alto desempenho em veo o cenalio de nosso ensaio e a cidade de Sao Jose dos Campos, no interior pau Iista, 0 maior polo aeronautico do Pais, que abriga, entre outras empresas. a Em braer, principal fabricante de aeronaves nacionais e 0 tercciro maior fabricante do mundo. Seguimos para conhecer a ACS - Advanced Composites Solutions. 0 principal produto da empresa. no entan to, e 0 ACS-100 Sora. urn ultraleve avan <;:ado esportivo e com capacidade acro batica. Quem nos recebe nas instala<;:6es da ACS sao os socios Leandro Maia e Ale xandre Zaramella, engenheiros meclni cos formados pela Universidade Federal de Minas Gerais, com passagens pOl' em presas como Embraer. Daimler-Chrysler 22· AERO MAGAZINE· FEVEREIRO· 2011 e Airbus. Leandro Maia me explica que a equipe de engenharia e formada pOl' mais um engenheiro e dois projetistas, e a equipe de produ<;:ao, pOl' mais quatro tecnicos. "A produ<;:ao e bastante tercei rizada, 0 que nos permite trabalhar com uma equipe bern reduzida", explica. A maior parte dos componentes em mate rial composto, pOl' exemplo. e fornecida pela Tecplas, tradicional fornecedora da Embraer. o projeto do Sora nasceu como uma tese de doutorado do professor Claudio Barros. 0 projeto inicial utilizava madei ra, como material principal de constru <;:ao, e tinha como objetivo 0 segmento homebuilt, de aero naves experimentais construidas pelo proprio proprietario. Ate que, em 2006, a ACS adquiriu os di reitos de fabrica<;:ao do aviao, que passou pOl' uma reengenharia. transformando o Sora em uma aeronave de produ<;:ao em serie. Toda a sua estrutura foi entao desenvolvida em materiais compostos, com um misto de fibra de vidro, fibra de carbona e espumas de PVC da Di vinycell. A asa e composta pOl' placas em forma de "sanduiche" e uma lon garina em compostos fabricada em um processo unico. Na parte dos con troles de voo. a atua<;:ao dos comandos de pro fundor e aileron e pOl' tubos de alul11inio, essenciais para aeronaves acrobaticas. enquanto 0 leme e comandado pOl' ca bos de a<;:o. 0 flape eh~trico possui urn sistema interessante que memoriza as principais posi<;:6es durante a opera<;:ao. o ajuste de trim, feito com molas direta mente conectadas ao profundol', ocone pOl' meio de uma alavanca no console central. sistema que elimina a necessi dade de urn trim tab. 0 PU-HZA e 0 proto tipo da ACS para 0 desenvolvimento da aeronave. 0 aviao esta equipado com urn motor que a ACS desenvolveu em con junto com a norte-americana Lycoming, denominado AEI0-235. Durante um ana e meio, a empresa de Sao Jose dos Cam pos trabalhou para trans formal' 0 tradi cional 10-235 em urn motor acrobatico. o resultado foi urn motor com flange e virabrequim novos, maior taxa de coI11 pressao. kit de oleo para voo invertido da Christen e injetora de combustivel da Airflow. Todo esse conjunto rendeu uma potencia de 120 hp ao Sora. Urn dos op cionais da ACS para seu ultraleve e a he lice alema MT-Propeller, a mesma marca utilizada pelos fabricantes de aero naves acrobaticas avan<;:adas. como a Extra, ou o aviao Edge 540; utilizado no Red Bull Air Race. Esta heJice tripa, com ajuste de passo eletrico e fun<;:i5es automatica ou manual, equipa 0 HZA. No cheque externo, observo todo 0 acabamento da refinada constru<;:ao do Sora. Nao ha, pOl' exemplo, emendas visiveis nas jun<;:i5es das asas e do esta bilizador horizontal com a fuselagem. As portas de acesso a cabine sao do tipo gaivota, dando um charme extra, au mentando a esportividade do modelo. Alexandre Zaramella vai me acompa @ 0 Sora ~ uma aeronave de passeio capaz de cruzar a 257 km/h e tem autonomia de 7h55min; 0 model a tambem passui boas caracteristicas acrabaticas, (am romandos precisos. rapidas re(upera~oes e est6is 5uaves nhar em meu primeiro voo no Sora e, durante 0 cheque pre-voo, me apresenta dados da opera<;ao do ultraleve, Enquan to isso, vestimos nossos paraquedas fora cla aeronave, A asa fica proxima do chao, facilitando 0 acesso ao interior. Sentado, ajusto 0 cinto de quatro pontos e YOU me acostumando com a disposi<;ao dos co mandos de voo e dos instrumentos, Os pedais do Ierne e do freio sao ajustaveis e ajudam muito no conforto para a posi <;ao de pilotagem, 0 painel do HZA esta montado na configura<;ao basica para voo visual (VFR), Do lado esquerdo, estao os instrumentos principais de voo, como velocfmetro, altimetro, climb e 0 indica dol' de rota<;6es (rpm) do motor, alem de urn instnlmento digital com fun<;6es que vao desde cron6metro ate um ace ler6metro (G-meter), Logo abaixo, ficam os switches das bombas de combustivel e das luzes externas, Do lado direito, estao os instrumentos para monitorar os para metros do motor, Na area central, que se estende ate 0 console que divide os dois assentos, ficam 0 radio VHF, 0 tmnspon der e 0 GPS, bateria e magnetos, assim como os con troles de passo eletrico da helice. seletora de combustivel e mane te de potencia, ZaramelJa me ajuda na partida do motor e, apos urn breve pe riodo de aquecimento. iniciamos 0 lon go taxi do patio do aeroclube de Sao Jose dos Campos ate 0 ponto de espera da pis ta 33, Ja sao 11 horas e a meteorol~gia come<;a a ajudar, pois estamos esperan do 0 inicio das opera<;6es VFR desde as 9 hOI-as, pOl' causa de uma camada baixa de nuvens na regiao do aeroporto, Che que de cabeceira efetuado e alinhamos para decolagem apos autoriza<;ao da tor re, Ajusto 0 flape para a posi<;ao Take-Off e, no pequeno painel de ajuste da helice MT, seleciono 0 passo para a referencia de maxima rpm, Com a potencia toda aplicada, 0 Sora come~a a acelerar e, o AVlio DA ACS TEM GRANDE POTENCIAL PARA A AVIA(:io GERAL EPODE, INCLUSIVE, SER UTILIZADO COMO TREINADOR PRIMARIO rapidamente, atinge a referencia de 65 mph (milhas pOl' hora), passada pelo Zaramella, para a rota<;ao, No primeiro sinal de voo, percebo a boa atividade dos comandos do aviao, cuidando da atitude de nariz para acelerar ate 80 mph para o regime de subida. Seguimos entao ate a altitude de 4.500 pes, na proa do aero dromo da cidade de Pindamonhangaba, onde encontraremos nosso aviao-paque ra para a realiza<;ao da sessao de fotos, Aproveito para iniciar uma avalia<;ao de cruzeiro, seguindo as orienta<;6es do Ale xandre ZaramelJa, Ajusto 0 switch po pas so da llelice na referenda de 2,600 rpm, eo conta-giros do motor fica na faixa de 2.500 rpm. Observo uma velocidade in dicada de 135 mph, man tendo os 4,500 pes de altitude, Aparentemente, 0 vento esta calmo neste nive!, sem nenhuma turbulencia, e verifico no GPS de paine] um ground speed de 145 mph, 0 que nos confere uma velocidade mais proxima da velocidade aerodinamica do PU-HZA Demoro urn pouco para me acostumar com a atitude do nariz, durante 0 voo nivelado. olhando sempre para 0 climb, pois tenho a sensa<;ao de que 0 pitch esta alto demais, em fun<;ao da posi<;ao de voo e da altura do painel de instrumen tos. Zaramella me informa que, recente mente, foi realizada uma campanlla de ensaios em voo com a equipe do Centro de Estudos Aeronauticos da Universida de Federal de Minas Gerais, comandada pelo professor Paulo Iscold, que e uma referenda no desenvolvimento da en genharia aeronautica no Pais, Durante duas semanas, foi realizada uma serie de voos em Conselheiro Lafaiete (MG), com diversos equipamentos instalados no Sora. Esse estudo foi muito importan te para 0 desenvolvimento da aeronave, explica Zaramella, Posteriormente, pude observar nas instala<;6es da ACS os grafi cos que indicam numeros impressionan tes de pe1j'onnance, com uma velocidade' ZOll FEVEREIRO AERO MAGAZINE 23 ENSAlO EM VOO ACS·l00S0RA ® 0 painel do Sora e basico, equipado apenas para voos visuais (VFR), com as instrumentos de voo reunidos do lado esquerdo e, do lado direito, as parametros de motor;@ a aviao tem portas no estilo asa de gaivota e tem helice tripa de velocidade constante e passe elettico; (]) a flape eletrico possui um sistema que memoriza as principais posi~6es durante a VaG o cockpit do Sora possui uma estrutura feita em tibra de carbona (roll cage) para prote(aO dos ocupantes em caso de pilonagem () GOSTEI Boa rela~ao entre ao utilizar 0 0 peso do manche e a forca G profundor em manobras verticais; comportamento geral nas opera~6es de pouso e decolagem D NiOGOSTEI Impossibilidade de instala~ao de um governador hidraulico no motor 10-235, para 0 controle da helice 24 AERO MAGAZINE FEVEREIRO ZOll aerodinamica, a 8.500 pes de altitude, de 157 mph. Os comandos de voo tern res postas rapidas. 0 profundor e 0 aileron sao leves e precisos, com caracteristicas pr6prias de urn esportivo acrobatico. Chegamos em Pinda e realizo a apro xima<;ao para a pista 06. Mantenho 80 mph no velocimetro ate 0 cruzamento da cabeceira. 0 vento esta cahno e a temperatura, em tomo de 28°C, entao, venho atento com a manete de potencia para possiveis corre<;oes durante 0 arre dondamento. Continuo com a atitude necessaria para manter a velocidade e yOU tirando gradativamente a potencia ate 0 toque suave na pista de terra. As opera<;oes de pouso e decolagem confir mam as caracteristicas de um ultraleve realmente avan<;ado, muito parecidas com as opera<;oes de ultraleves de per fonnance similar, como 0 espanhol Toxo (AERO ed. 128 - jan/05). Ap6s a sessao de fotos, executo um voo solo com 0 PU-HZA a fim de realizar uma analise de suas caracteristicas acro baticas. Subo para 3.000 pes de altura so bre 0 campo de Pindamonhangaba e ini cio uma sequencia de curvas de grande inclinac;:ao e estoJ. 0 comportamento do Sora e muito seguro, com recupera<;oes rapidas e est6is em tomo de 55 mph de velocidade indicada. Zaramella me expli ca que 0 aerof6lio utilizado e urn misto de perfis laminares Naca e Wortmann, com 0 intuito de mini mizar 0 a1'1'asto em clllzeiro, mantendo caracteristicas para um estol suave. Realizo tunos de aileron com velocidade a partir de 100 mph ate 140 mph; e tunos no eixo, no regime de clllzeiro, comprovando a efi ciencia do sistema de voo invertido. Os ailerons sao leves e apresentam uma ve locidade de rolamento em torno de 160 graus pOI' segundo. Nas manobras ver ticais, 0 Sora demonstra capacidade de realizar bons raios de looping, com boa penetra<;;:l0 vertical, e executo manobras como looping, oito cubano e hammerhead. lnfelizmente, 0 motor 10-235 nao aceita govemador hidraulico para 0 controle de passo da helice, sendo necessario 0 uso do sistema eletrico da MT. Nos re gimes normais de opera<;ao, 0 sistema torna 0 Sora uma aeronave versa til, capaz de decolar de pistas mais curtas e tel' bons rendimentos de cruzeiro. Porem, no regime acrobatico, 0 siste ma eletrico nao acompanha as gTandes varia<;oes de atitude e velocidade. Com isso, em manobras como 0 hammerhead, com grande desenvolvimento vertical, perde-se rendimento da helice na subi da e nas descidas verticais, exigindo as sim uma pequena redu<;ao de potencia, para evitar possiveis disparos de helice. Atualmente, a ACS possui urn total de dez encomendas em sua lista de produ <;.10, inclusive para clientes nos Estados Unidos. Alem do PU-HZA, existe urn ou tro Sora de produ<;ao, pronto para voar, e um terceiro que deve decolar em me nos de tres meses. 0 grande desafio da ACS hoje e viabilizar a produ<;ao seriada do modelo e, para isso, 0 grupo procura investidores. Deste modo, podera elevar a produc;:ao para, pelo menos, quatro avioes pOl' meso Com 0 incrivel potencial desta aeronave, que pode inclusive ser utilizado como treinador, isso nao deve ra ser uma tarefa dificil para a equipe da ACS--.I- A[5·100 SORA Fabricante: ACS - Advanced Composites Solutions Valor: versao acrobMica Top US 120.000 (versao basica ~4J US 103.000) Motor: Lycoming AEIO-235 Potencia: 120 hp Helice: MT-Propeller. tripa, de velocidade con stante e passo eletrico Envergadura: Area alar: Comprimento: Altura: Largura da cabine: 7,7 8,7 6,5 2,0 1,1 m m Peso vazio: Peso maximo: Carga uti!: Capacidade dos tanques: 350 600 250 100 m m m kg kg kg litros (50 litros em cada asa) Velocidade de cruzeiro 75% pot, 8.500 ft: 157 mph (257 km/h) Velocidade de estol: 55 mph Velocidade a nunca exceder: 184 mph Razao de subida inicial (nivel do mar): 1.500 pes/min Distancia de decolagem: 160 metros Distancia de pouso: 250 metros Fatores de carga: +615/-415 Alcance (com 45 min de reserva): 1.115 km = • ~ = TRES VISTAS IVAN PLAVETZ ZOll . FEVEREIRO .AERO MAGAZINE· Z5