Saúdo inicialmente a meus companheiros de mesa: Exma. Sra. Decana da Facultad de Derecho de la Universidad de La República, Professora Dora Bagdassarian; Exmo. Sr. Prof. Dr. Juan Raso Delgue, Diretor do Instituto de Derecho Del Trabajo y de la Seguridad Social; Exma Sra. Corregedora do TRT da 4 Região, Desa. Cleusa Regina Halfen; Exmo. Sr, Coordenador Acadêmico da Escola Judicial do TRT-4, Juiz Carlos Alberto Lontra; Senhores professores, senhores juízes, demais presente, nossos familiares e amigos: O nosso Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região tem como escopo permanente o esforço institucional para materializar oportunidades de aprimoramento de seus juízes. É reflexo deste objetivo permanente a própria criação da Escola Judicial, fato que, para grande alegria deste que vos fala, ocorreu quando fui Presidente da Corte e envidei todos os esforços para garantir à nova instituição sólido e sustentável crescimento. Hoje, como Diretor da Escola Judicial, posso presenciar um notável fruto de tais esforços. Com efeito, é notável a existência deste extraordinário Convênio com a tradicional Faculdade de Direito da Universidad de la Republica, instituição com mais de 170 anos de história e de excelência no ensino jurídico, que revelou juristas como Couture, Plá Rodriguez, Barbagelata, Oscar Ermida Uriarte, Helios Sarthou, entre tantos outros. A idéia deste curso, inclusive, nasceu de uma conversa em torno de uma mesa de café, nesta cidade de Montevideo, entre o Juiz Carlos Alberto Robinson, ex-Presidente do Tribunal e do Mestre Oscar Ermida Uriarte, a cuja memória presto homenagem. Aliás, esta turma se chama Oscar Ermida Uriarte. Também cabe homenagear, neste ato, a memória do Prof. Helios Sarthou que proferiu brilhante palestra na abertura do curso, em outubro do ano passado. Como disse o professor Jorge Rosenbaum, em memória de Sarthou, trata-se de "incansável batalhador, lúcido pensador, cativante expositor, litigante insuperável, respeitoso com seus adversários, leal companheiro, grande figura do laboralismo latino americano." Gerido na Escola Judicial, sob a direção da Desa. Cleusa Regina Halfen, atualmente Corregedora da Corte, e com os incansáveis esforços de nosso Coordenador-acadêmico – Juiz Carlos Alberto Zogbi Lontra, ambos presentes, o Convênio foi assinado aqui, nesta cidade de Montevideo, em 8 de abril de 2011. Com a idéia central de “fomentar e fortalecer a cooperação na formação de profissionais e magistrados”, acordaram as partes em colaborar no desenvolvimento da formação e capacitação em nível de especialização e de extensão em matéria de direito do trabalho. E foi também aqui, nesta cidade de Montevideo, em 28 de outubro de 2011, que ocorreu a aula inaugural do Curso de Especialização em Direito do Trabalho, com ênfase em Direito Internacional e em Direito Comparado. Desde então, tivemos a honra de contar com a presença dos ilustres docentes da Faculdade de Direito da Udelar nas próprias dependências da Escola Judicial, em Porto Alegre, partilhando com nossos alunos suas reflexões e ensinamentos sobre o Direito Laboral. Ocorre-me lembrar o saudoso professor Oscar Ermida Uriarte, quando diz que a grande revolução contemporânea do Direito do Trabalho ocorreu quando o trabalhador se deu conta de que não se despe o paletó de cidadão para vestir o macacão de operário. Pois esta revolução só estará completa no dia em que todos os magistrados do trabalho tiverem plena consciência de que, por baixo da toga, existe um cidadão com a mais grave incumbência em um Estado de Direito: garantir que o trabalhador possa também ser, com efetividade e na acepção plena do termo, um cidadão. O presente encontro, além de coroar o êxito deste convênio, é também momento para refletirmos sobre a emblemática aproximação e afinidade de nossos povos. Sobre a aproximação de nós, brasileiros e, especialmente, gaúchos, com nossos irmãos uruguaios. Não é possível falar disto sem pensar sobre este país, que nos recebe, o Uruguay. Este é o Uruguay -- um país jovem e altivo, palco de inúmeras e vitoriosas batalhas pela liberdade, dono de cultura e educação invejáveis. Este é o Uruguay dos antigos empórios e dos cafés, do privilégio da fidalguia concedido no distante ano de 1726; das charqueadas que abasteceram o Brasil; da heróica luta de José Artigas pela independência; Este é o Uruguay que, com a cuia e o mate, enfrenta, marcado pelos guascaços do minuano, o vento frio que sopra desde os Andes; Este é o Uruguay que denunciou ao mundo, na voz de Eduardo Galeano, a exploração das Américas, o roubo do sangue que corre nas veias americanas; Este é o Uruguay, pequeno grande país que hoje, após ter lutado contra o autoritarismo, tem restaurado o pleno estado democrático de direito, condição que sempre o destacou no cenário latino americano; Este é o Uruguay, cujos juristas construíram sólidas bases teóricas de um Direito do Trabalho verdadeiramente protetivo, cujos mestres, hoje, nos ensinam e nos ensinarão por muito tempo; Este é o Uruguay, país que tão afetuosamente nos recebe e que, hoje, nos oferta sua brilhante cultura e refinada educação e nos permite prestar esta singela e justa homenagem a uma pátria livre e altiva, unida a nosso país na busca de uma sociedade mais justa e mais igualitária. É a este Uruguay que me curvo para dizer, comovido e reconhecido: Muito obrigado.