Ações de Grupos Finitos e Problemas de Contagem Clauciane Dias de Lima, UFPR orientador: Marcelo M.S. Alves Em teoria de grupos, temos o estudo da ação de um grupo em um conjunto, onde se considera um conjunto X não vazio e um grupo G qualquer. Uma ação (à esquerda) de G em X é uma tranformação φ : G × X 7→ X, indicada por φ(g, x) = g · x, satisfazendo os seguintes Axiomas: (A1 ) Para todo x ∈ X temos e · x = x (A2 ) Para todo x ∈ X e para todo g, h ∈ G temos (gh) · x = g · (h · x). De modo equivalente, sendo SX o grupo das bijeções de X, uma ação de G em X é um homomorfismo de grupos ϕ : G → SX , e a ação no sentido anterior é dada por g · x = ϕ(g)(x). Diremos também que X é um G-conjunto. Dado x ∈ X, sua órbita sob a ação de G é denotada por G(x) e é definida por G(x) = {g · x; g ∈ G}. O conjunto Gx = {g ∈ G|g · x = x} dos elementos de G que fixam x é um subgrupo de G que é chamado de subgrupo de isotropia ou estabilizador de x. Se G é finito, temos um primeiro teorema de contagem, conhecido como teorema da órbita e estabilizador: Teorema 1. Se o grupo finito G age no conjunto finito X, então |G| = |G(x)||Gx | para cada x ∈ X. Esse resultado conta o número de elementos em cada órbita. Em particular, o número de elementos de X em cada órbita é um divisor da ordem de |G|. Um segundo resultado importante, que tem várias aplicações a problemas de contagem, diz respeito ao número de órbitas em uma ação e é o teorema de Burnside. Teorema 2. Seja G um grupo que age num conjunto X (ambos finitos), então o número de órbitas de X é dado por: 1 X N= F ix(τ ) |G| τ ∈G 1 onde Fix(τ ) é o número de x ∈ X que são fixados por τ . No entanto, este resultado não nos exibe informações sobre as órbitas. Para fazer esse complemento, apresentaremos um método algébrico para descrever colorações de conjuntos, utilizando funções geradoras, onde o objetivo é obter uma função geradora que determine o número de padrões (órbitas) distintos para cada situação apresentada. Para poder listar efetivamente estas órbitas, usaremos as seguintes definições: Definição 1. Se um grupo G age em X = {1, 2, . . . , n} e se C é um conjunto de q cores, então a ação G no conjunto C n de todas as n-uplas de cores é : τ (c1 , . . . , cn ) = (cτ1 , cτ2 , . . . , cτn ) para todos τ ∈ G e c = (c1 , . . . , cn ) ∈ C n . Uma órbita de (c1 , . . . , cn ) ∈ Cn é chamada de (q − G) coloração de X. Definição 2. Se G é um grupo de permutações de n elementos, o ı́ndice de ciclos de G, denotado por Z(G), é definido como sendo o polinômio multivariado que é a soma de estruturas de ciclo de todas as permutações em G: 1 X b1 (g) b2 (g) Pg (X1 , X2 , · · · , Xn ) = X1 X2 · · · Xnbn (g) |G| g∈G onde bi (g) é o número de ciclos de comprimento i na decomposição cı́clica completa de g. Definição 3. Uma função peso ω no conjunto C é qualquer função ω : C → A, onde A é uma Q-álgebra comutativa. O peso de um elemento c ∈ C é ω(c). Definição 4. Sejam D e C conjuntos finitos, e seja ω : C → A uma função peso fixada. Como os pesos podem ser adicionados, podemos tomar a soma de todos os pesos, que será chamada de chamaremos armazenador de C: X Armazenador C = ω (c) c∈C Portanto o armazenador representa de maneira algébrica todos os valores que os elementos do conjunto D podem receber através das colorações de D em C. Definição 5. Consideramos os conjuntos D e C e o conjunto de todas as funções F(D, C) de D em C. Então, para cada função f ∈ F(D, C), definimos seu peso W (f ) pela equação: 2 W (f )= Y ω (f (d)) d∈D Definição 6. Uma lista de um conjunto X ⊂ F(D, C) de funções que chamaremos de inventário é a soma dos seus pesos. X inventário do conjunto X de funções = W (f ) f ∈X Para poder construir o resultado mais importante deste trabalho, precisamos de mais uma definição para as c Definição 7. Sejam D e C conjuntos finitos, onde G é um grupo que age em D, e seja A uma Q-álgebra comutativa onde temos uma função (isto é, um peso) ω : C → A. Diremos que duas funções f1 e f2 de D em C são equivalentes se existir um g ∈ G tal que f1 = f2 ◦ g −1 . No contexto acima, o grupo G age em F(D, C) por g · f = f ◦ g −1 , e duas funções são equivalentes se e somente se estão na mesma órbita. As órbitas de F(D, C) sob a ação de GY são chamadas de padrões, e a cada padrão F é associado o peso W(F)= ω (f (d)), onde f é um elemento qualquer da d∈D órbita F . O peso do padrão está bem definido, pois funções equivalentes têm o mesmo peso. O inventário dos padrões é a soma dos pesos de todos os padrões. Teorema 3 (Polya). Sejam D e C conjuntos finitos, onde G um grupo finito agindo em D, e ω : C → A um peso. Entao o inventário dos padrões é dado por: ! X X X ω (c) , ω (c)2 , ω (c)3 · · · PG c∈C c∈C c∈C onde Pg (X1 , X2 , · · · ) é o ı́ndice de ciclos de G. Esse teorema fornece a função geradora contendo as informações sobre as órbitas das colorações. Mostraremos aplicações deste resultado a problemas concretos de contagens de padrões. Referências 1. J.J. Rotman, Advanced Modern Algebra, AMS. 2. J. H. van Lint, R.M. Wilson, A course in Combinatorics, Cambridge. 3