XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. NONI: POTENCIAL ANTIOXIDANTE E PERFIL DA ATIVIDADE ESPONTÂNEA EM CAMUNDONGOS Mus musculus ESTIMULADOS COM ESTRATO METANÓLICO DE Morinda citrifolia Amanda Thaís Ferreira Silva¹, Paula Gabrielle Gonçalves da Rocha², George Chaves Jimenez³, Daniela Maria Bastos de Souza4. Introdução Morinda citrifolia Linn (Noni) é um vegetal pertencente à família Rubiaceae, conhecido popularmente como noni. É originária do Sudoeste da Ásia (Indonésia) e Austrália. Sua distribuição é Pantropical. Foi levada a todas as regiões do Indo-pacífico Oriental onde se inclui: Ilhas da Polinésia (inclusive o Taiti), Melanésia e a Micronésia; Indonésia, Austrália e Sudoeste da Ásia. Também se naturalizou nas margens abertas da América Central e do Sul e em muitas ilhas da Índia Ocidental, o Bahamas, Bermuda, Florida e partes da África (NELSON, 2003). Foi somente após o percurso feito ao sul do Pacífico, Tahiti e Polinésia que sua popularidade começou a ser difundida, onde há relatos do seu consumo a mais de 2000 anos por colonizadores polinésios do Havaí, que atribuíram ao fruto o nome noni e descobriram o seu valor para fins medicinais e utilização das raízes como corantes de tecidos, iniciando assim sua distribuição em canoas durante as viagens (NELSON, 2001). Seu cultivo e consumo tem se expandido rapidamente em todas as regiões brasileiras, não apenas por ser uma rica fonte de nutrientes, mas principalmente devido às propriedades fitoterápicas a ele atribuídas e à sua facilidade de adaptação. A ampla distribuição é atribuída em parte à dispersão trans-oceânica de suas sementes flutuantes, autopolinização e sua capacidade de produzir flores e frutos o ano todo, o que implica dizer que o noni provavelmente já estava presente na Micronésia antes da chegada dos ancestrais micronesianos do Sudoeste da Ásia ha mais de 3000 anos (SILVA, 2010). A fruta é considerada fonte de vitamina C e compostos fenólicos, responsáveis pela atividade antioxidante (CORREIA, 2010). A cumarina garante ao fruto a propriedade de atividade anticoagulante, vasodilatadora, espasmolítica e antitrombótica (IKEDA et al., 2009). Os objetivos deste trabalho são determinar o potencial antioxidante e o perfil da atividade espontânea em camundongos Mus musculus, albino suíço, estimulados com estrato metanólico de Morinda citrifolia. Para tanto, levouse em consideração que o Noni é um vegetal que vem sendo amplamente consumido mesmo sem haver um conhecimento aprofundado acerca de suas propriedades benéficas e visou-se esclarecer lacunas na literatura científica sobre determinadas propriedades terapêuticas atribuídas ao vegetal. Material e Métodos A. Produção do extrato: 1. A coleta da espécie Morinda citrifolia foi realizada na cidade de Vitória de Santo Antão, localizada no estado de Pernambuco, Zona da Mata Norte, a 53 Km da capital, situada nas coordenadas 08' 29'' Latitud Sur, 35º 17' 59'' Longitud Oeste do meridiano de Greenwich. Depois este Noni foi submetido a um processo de seleção prévia e limpeza, seguido de trituração. 2. Após esta etapa o material foi devidamente pesado, consistindo em 12,297g de polpa do fruto, e colocado em um recipiente com um volume de 100 mL de álcool metílico como solvente extrator sendo deixado para maceração por sete dias. 3. Após esta etapa, o material foi submetido a um processo de filtragem com filtros de 10,75 µ, sendo recolhido o filtrado. 4. Em seguida uma alíquota de 200µL foi retirada e colocada para evaporação, a fim de se verificar a massa do extrato bruto, obtendo-se a concentração final de C = 0,005mg/ml. B. Atividade antioxidante: 1. Uma alíquota de 1 ml do filtrado foi retirado da solução original, e colocada em um tubo de ensaio até a evaporação em temperatura ambiente. Após este período, o resíduo será ressuspenso acrescentando-se aproximadamente 0,3 mL de TWEEN 80 como dispersante e solução 1 ml de água deionizada. 2. A esse volume ressuspenso foi acrescido a 50 µL de peróxido de hidrogênio, aguardando-se a reação por 15 minutos. Em seguida foram acrescidos 0,02 mL de iodeto de potássio a 2,5% e 0,02 mL de solução saturada de molibdato de Sódio. Após cinco minutos foi adicionado 3 mL de clorofórmio, agitando-se o tubo de ensaio e ¹ Primeiro Autor é Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP: 52171-900 - Recife/PE. E-mail: [email protected] ² Segundo Autor é Aluna de Graduação do Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP: 52171-900 - Recife/PE. ³ Terceiro Autor é Professor Adjunto da Área de Fisiologia e Farmacologia do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP: 52171-900 - Recife/PE. 4 Quarto Autor é Professora Adjunta da Área de Fisiologia e Farmacologia do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos. CEP: 52171-900 - Recife/PE. XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. aguardando por 5 min. Após esta etapa foi efetuada a leitura da porção orgânica da reação (parte inferior do tubo), em espectofotômetro a 560nm, contra dois tubos de referência, um padrão (com peróxido sem o extrato), e o branco (contendo os demais reagentes, mas sem extrato e sem o peróxido de hidrogênio). 3. Para, enfim, promover a determinação da atividade antioxidante. A razão entre a leitura do extrato e a leitura do padrão resultou em um número, que se >1 a reação foi considerada como oxidante, e se <1 como antioxidante. Os resultados da Leitura de Absorbância e da Atividade Oxidante podem ser observados na tabela 1. C. Teste de toxicidade celular: 1. Dez unidades de sementes de alface (Lechuga Victoria de Verano), livres de aditivos, foram acondicionadas em recipientes contendo 10g de algodão hidrofílico umedecido. Um recipiente recebia um volume de 1mL de extrato do vegetal ressuspenso em água bidestilada na concentração de 0,005mg/ml. Em outro recipiente as amostras de semente recebiam somente hidratação equivalente ao controle. Após um período de 4 dias, o brotamento das sementes foi verificado, tomando-se com referência o total de sementes vingadas como parâmetro para se dimensionar o nível de toxicidade do extrato vegetal avaliado. D. Bioensaios preliminares para atividade espontânea: 1. Um número de 3 animais (camundongos Mus musculus, albino suíço, fêmeas, pesando cerca de 40g), após a devida marcação, foi submetido a um sistema de campo aberto, recebendo cada animal um volume de 0,1mL do extrato devidamente ajustado em água deionizada numa dose de 0,0005mg. 2. A atividade espontânea dos animais foi registrada a cada 10 min. até completar o período de 60 min. de observação. 3. Os dados foram tabelados e construíram-se gráficos, mediante uso de planilha estatística do programa Excel versão 2007 da Microsoft, considerando os intervalos temporais de observação das principais respostas, utilizando-se como referência os descritores de (MALONE, 1987). Resultados e Discussão A atividade antioxidante do Noni foi igual a 66% e, segundo (ZIN et al, 2002), que investigaram a atividade antioxidante dos extratos das raízes, folhas e frutos da M. citrifolia, os resultados mostraram que extratos não polares das três partes da planta possuem alta atividade antioxidante quando comparados com o antioxidante di-terc-butil-metilfenol (BHT). Ambos extratos polares e não polares das raízes mostraram maior atividade antioxidante do que as folhas e os frutos. A atividade antioxidante das folhas e frutos provavelmente é devida, predominantemente, a compostos de característica não-polar. Após feito o perfil da atividade espontânea dos camundongos submetidos ao sistema de campo aberto que receberam a dosagem determinada do extrato, percebeu-se que dentre os comportamentos mais comuns dentro dos intervalos temporais foram: Atividade Exploratória, Ptose Palpebral, Hiperemia do Pavilhão Auricular Esquerdo, Dessensibilização da Cauda e Cabeça, Hiperventilação, Edemaciamento de Focinho, Espasmos Abdominais, Prurido (Abdome, Focinho e Dorso). Atividade Exploratória, Ptose Palpebral, Hiperemia do Pavilhão Auricular Esquerdo, Dessensibilização da Cauda e Cabeça, Hiperventilação foram os comportamentos demonstrados em todos os camundongos, ainda que em intervalos temporais diferentes, como pode ser observado na figura 1. Referências CORREIA, A. A. da S. Maceração Enzimática da Polpa de noni (Morinda citrifolia L.). Dissertação. Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2010. EPUB. Índice Terapêutico Fitoterápico Ervas Medicinais. São Paulo: Publicações Biomédicas, 2008, 328 p. IKEDA, R.; WADA, M.; NISHIGAKI, T. NAKASHIMA, K. Quantification of coumarin derivatives in Noni (Morinda citrifolia) and their contribution of quenching effect on reactive oxygen species. Food Chemistry. v.113 (2009) 1169–1172. MALONE, M. H. The Pharmacological Evaluation of Natural Products General and specific approache To Screening ethnopharmaceuticals; Journal of Ethnopharmacology. 8: p. 127-147. NASCIMENTO, L. C. S. Caracterização Centesimal, Composição Química e Atividade Antioxidante do Noni (Morinda Citrifolia L.) Cultivado no Município ne Zé Doca-Ma. 2012. 69 folhas. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – UFRRJ. Instituto de Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. Alimentos. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://r1.ufrrj.br/wp/ppgcta/files/2012/11/Liane-Caroline-SouzaNascimento.pdf>. Acesso em 10 set 2013. NELSON, S. C. Morinda citrifolia L.: Rubiaceae (Rubioideae). Cofee family. Permanent Agriculture Resources (PAR), P.O. Box 428, Holualoa, 2003, HI 96725 USA. NELSON, S. C. Noni cultivation in Hawaii. Fruit and Nuts n.4, p. 1-4, 2001. SILVA, J. J. M. Adubação orgânica e mineral de noni: desempenho agronômico, nutrição da planta, qualidade de fruto e de suco. Tese. Areia – PB, 2010. ZIN, Z. M.; ABDUL-HAMID, A.; OSMAN, A. Antioxidative activity of extracts from Mengkudu (Morinda citrifolia L.) root, fruit and leaf. Food Chemistry, v. 78, n. 2, p. 227–231, aug. 2002. Tabela 1. Resultados da Leitura de Absorbância e da Atividade Oxidante. Leitura de Absorbância Padrão = 0,47 Óleo de Noni = 0,318 Atividade oxidante (x 100) = 66 FONTE: DADOS DA AUTORA, 2013. Figura 1. Gráfico dos intervalos temporais de observação das principais respostas, segundo os descritores de (MALONE, 1987), em relação ao número de animais responsivos a cada resposta observada.