565 X Salão de Iniciação Científica PUCRS Avaliação da atividade sequestradora de radicais livres e dos compostos polifenólicos presentes em diferentes extratos de casca de noz-peca (Carya illinoensis) Rosiani Lazaroto Schäfer1, Fernando Pillon Engroff1, Elisa Estela1 Krupp, Fabiane Moreira Farias1, Bibiana Verlindo de Araújo1 (orientador) 1 Curso de Farmácia, Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo Resumo Introdução Carya illinoensis (nogueira-pecã), família Junglandaceae, é uma árvore cultivada principalmente na região sul do Brasil para a produção comercial de nozes. Seus frutos apresentam propriedades medicinais, devido ao elevado valor nutricional em proteínas, vitaminas, carboidratos e lipídeos, contando ainda com agentes antioxidantes, fibras e tocoferol e contém sódio livre. Os espécimes pertencentes a essa família são indicados popularmente no controle da má digestão, febre, gripe, hepatite, malária e dores estomacais. (Lozoya et al.,2006; Brasil et al., 2007; Terabe et al., 2008). Todas estas doenças podem ser associadas ao processo de envelhecimento das células, pela ação dos radicais livres. Os antioxidantes são um conjunto heterogêneo de substâncias formadas por vitaminas, pigmentos naturais e outros compostos vegetais que bloqueiam o efeito deletério dos radicais livres. Nos últimos anos, o interesse pela descoberta de novos antioxidantes a partir de fontes naturais vem aumentando, principalmete por minimizarem o dano oxidativo das células (Sousa et al., 2007). Com base no exposto, a proposta deste trabalho foi a avaliação da atividade antioxidante in vitro da casca de Carya illinoenses e de suas frações extrativas. Metodologia Material O material vegetal, composto por cascas trituradas de frutos de Carya illinoensis, foi adquirido no comércio local da cidade de Santo Ângelo em abril de 2009. As cascas trituradas foram extraídas em Soxhlet conforme descrito na Farmacopéia Brasileira (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1988). O extrato bruto foi ressuspenso em metanol e particionado com X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 566 solventes de polaridades crescentes (hexano, acetato de etila e n-butanol), originando as respectivas frações. Avaliação da Atividade Antioxidante A avaliação quantitativa da atividade antioxidante dos extratos foi realizada através do monitoramento do consumo do radical livre difenil-picril-hidrazina (DPPH), tendo como controle positivo ácido gálico (Souza et al., 2007). Todas as análises foram realizadas em triplicata. O valor do efeito antioxidante in vitro (E) foi analisado através uma equação de Emáx, sigmoidal (eq. 1), plotando-se o efeito de seqüestro do radical DPPH versus a concentração de extrato testado: E E máx C CI 50 C A partir dessa análise foi possível definir os valores da concentração de extrato necessária para inibir 50% do DPPH presente (CI50) e o efeito máximo de inibição do radical livre (Emáx). Determinação dos Fenóis, Flavonóides e Taninos Totais A determinação dos fenóis, flavonóides e taninos totais foi realizada através de adaptações dos métodos de Folin-Ciocalteu proposto por Asolini e colaboradores (2006), Cloreto de Alumínio descrita por Rolim e colaboradores (2005) e Vanilina acidificada descrita por Broadhurst & Jones (1978), respectivamente. Avaliação estatística A análise estatística foi realizada com teste de ANOVA empregando-se o software SigmaStat® v.3.5 e considerando-se estatisticamente significativo valores de p < 0,05. Resultados e Discussão Os resultados da atividade antioxidante e dos conteúdos de compostos polifenólicos são mostrados na Tabela 1. Tabela I ;Resultados obtidos para o extrato bruto e frações de Carya illinoenses (a = mg/mL; b = mgE de AG/g de extrato; c = mgE de Q/g de extrato e d = mgE de Cat/g de extrato) Fenóis totaisb Flavonóides totaisc Taninos totaisd Valor do IC50a Fator de Hill () Extrato Bruto 0,075 ± 0,0084 3,74 ± 2,968 Acetato 0,377 ± 0,144 1,04 ± 0,257 --- --- N- butanol 198,9 ± 22,1 * 0,61 ± 0,02 1169,0 ± 2,7 * 27,2 ± 3,8 1,84 ± 0,03 10,5 ± 3,61 9,4± 1,4 1,17 ± 0,02 10,5 ± 10 * diferença estatística em relação aos valores encontrados na fração acetato e n-butanol (p < 0,005) X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 567 Os dados indicam que os valores de fenóis e taninos totais foram significativamente maiores para o extrato bruto em relação às demais frações extrativas. Esse conteúdo aumentado de metabólitos pode ser associado ao maior potencial antioxidante, representado pelo IC50 (75 g/mL de extrato), o qual foi bem menor do que o observado para a outra fração ativa (acetato). Em relação a essa fração, esta apresentou conteúdo mais elevado de flavonóides totais, os quais podem ter sido responsáveis pelo efeito antioxidante, juntamente com os compostos fenólicos, no entanto, o potencial de atividade antioxidante apresentado foi moderado. Não foi observada atividade antioxidante para a fração n-butanol, a qual apresentou baixíssimos níveis de metabólitos polifenólicos extraídos. Conclusão Nesse estudo pode ser evidenciado que os processos extrativos aos quais as casca da noz-pecã foram submetidas, levou a obtenção de distintos perfis de conteúdos polifenólicos, os quais puderam ser relacionados aos diferentes atividades antioxidantes seqüestradora de radicais livres. Outros mecanismos de atividade dessa ordem precisam ser investigados para que se esclareça o real potencial de uso desse produto na prevenção de doenças como proposto empiricamente. Referências ASOLINI, F. C.; TEDESCO, A. M.; CARPES, S. T. Atividade antioxidante e antibacteriana dos compostos fenólicos dos extratos de plantas usadas como chás. Pato Branco, PR: Brazilian Journal of Food Technology, vol. 9, N° 3 (2006), pp. 209-215. BRASIL, J. L.;VAGHETTI, J. C. P.; ROYER, B; DOS SANTOS JR. A. A.; SIMON, N. M.; PAVAN, F. A.; DIAS, S.L. P.; LIMA, E. C. Planejamento estatístico de experimentos como uma ferramenta para otimização das condições de biossorção de cu (ii) em batelada utilizando-se casca de nozes pecã como biossorvente. Química Nova, vol. 30, N°.3 (2007), pp. 548-553. BROADHURST, R. B.; JONES, W. T. Analysis of condensed tannins using acidified vanillin Journal of the Science of Food and Agriculture, vol. 29 (1978), pp. 788. FARMACOPÉIA BRASILEIRA. 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