XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
ESTUDO ANATÔMICO DA ESTRUTURA FOLIAR DE
MORINDA CITRIFOLIA L. (RUBIACEAE): UMA ESPÉCIE
COM POTENCIAL TERAPÊUTICO
Veridiana Soares dos Santos – Discente do curso de Ecologia da Universidade Federal da Paraíba/UFPB,
Departamento de Engenharia e Meio Ambiente/DEMA, Laboratório de Ecologia Vegetal (LABEV), Rio Tinto-PB.
Haymee de Alencar – Discente do curso de Ecologia da Universidade Federal da Paraíba/UFPB, DEMA, Rio
Tinto-PB. [email protected]
Evelise Locatelli – Docente da Universidade Federal da Paraíba/UFPB, Departamento de Engenharia e Meio
Ambiente/DEMA, Laboratório de Ecologia Vegetal (LABEV).
INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais para o tratamento das doenças vem ocorrendo desde os primórdios da civilização. O
desenvolvimento de metodologias de isolamento de substâncias ativas tem tornado possível à identificação de
substâncias em amostras complexas como os extratos vegetais (Turolla & Nascimento 2006).
Morinda citrifolia L. popularmente conhecida por “noni” é uma espécie originária do Sudeste Asiático, sendo
amplamente difundido em todas as regiões brasileiras. O fruto do noni possui sabor muito amargo e cheiro pouco
atraente, além disso, possui um polissacarídeo que comprovadamente possui ação antitumoral sendo utilizado como
analgésico, anestésico, antidiabético e hipotensor (Marques 2009; Nayak 2009). Estudos detalhados acerca do
isolamento de compostos fixos da planta já estão bastante avançados, cerca de 200 substâncias já foram isoladas,
sendo predominante a presença de antraquinonas, triterpenos, iridóides, entre outros (Pawlus & Kinghorn 2007).
O desenvolvimento de estudos que envolvem comunidades tradicionais e espécies da flora é denominado de
Etnobotânica. Para isso, são utilizadas várias técnicas auxiliares, como a análise das estruturas anatômicas que, por
exemplo, podem identificar as possíveis estruturas vegetais que proporcionam efeitos terapêuticos importantes para
a manutenção do bem estar das comunidades tradicionais.
OBJETIVO
Esta pesquisa tem como objetivo realizar o estudo anatômico da estrutura foliar da Morinda citrifolia L. a fim de
proporcionar informações que possam auxiliar os estudos etnobotânicos.
MATERIAIS E MÉTODOS
O material botânico foi coletado no município de Mamanguape, Estado da Paraíba. Nos estudos anatômicos, para a
observação da epiderme foram efetuados cortes paradérmicos e transversais seccionados à mão livre, com auxilio
de lâmina de barbear, os cortes foram clarificados com hipoclorito de sódio a 50%, em seguida lavados com água
destilada e posteriormente corados com Safranina a 1% onde foram montados entre lâmina e lamínula com
glicerina a 50%. Para a classificação dos estômatos, tricomas e feixes vasculares foram seguidos os métodos de
Metcalfe & Chalk (1950). As imagens digitais dos cortes anatômicos foram capturadas sob microscopia óptica e
câmera digital.
1
XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O corte paradérmico da lâmina foliar demonstra a presença de células estomáticas na face abaxial, caracterizando
uma folha hipoestomática com estômatos do tipo paracítico circundado por células subsidiárias de tamanhos
diferentes com paredes anticlinais retas, de forma quase regular poliédricas e alongadas. A distribuição dos
estômatos na face abaxial pode representar proteção contra as condições microambientais, como temperatura mais
elevada na face adaxial e o grau de umidade, que é maior na face abaxial (Kundu & Tigerstedt 1998). O mesofilo
dorsiventral é constituído de apenas uma camada longa de parênquima paliçádico na epiderme superior e o
parênquima lacunoso constitui células de tamanhos e formas variadas com espaços intercelulares quase que
invisíveis. O mesofilo do tipo dorsiventral corresponde ao padrão característico para a família Rubiaceae (Metcalfe
& Chalk, 1950). Vários autores, como Wylie (1951), Jackson (1967), em seus estudos sobre a influência da luz na
estrutura foliar, afirmaram que o número de estratos de parênquima paliçádico é maior nas folhas de sol do que nas
de sombra.
Apresentam feixes vasculares em formato cilíndrico contínuo cujo xilema bem diferenciado e evidenciado
encontra-se envolto pelo floema. Mantovani et al. (1995) descrevem o sistema vascular de Rudgea macrophylla
(Rubiaceae), destacando a disposição do floema em torno de toda a porção xilemática. O uso de M. citrifolia não se
restringe às zonas rurais ou regiões desprovidas de assistência médica e farmacêutica, são também utilizadas no
meio urbano, como forma alternativa ou complementar aos medicamentos da medicina oficial.
CONCLUSÃO
Trabalhos de pesquisa que envolve anatomia foliar de M. citrifolia são escassos, porém importantes porque
contribuem com informações que serão utilizadas no desenvolvimento de novos trabalhos em diversas áreas, além
de servir como subsídios para estudos taxonômicos e contribuir para o conhecimento de sua relação com o
ambiente no qual se desenvolve.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
JACKSON, L. W. R. 1967. Effect of shade on leaf structure of deciduous tree species. Ecology, v. 48, p. 498-499.
KUNDU, S. K.; TIGERSTEDT, P. M. A.1998. Variation in net photosynthesis, stomatal characteristics, leaf area
and whole plant phytomass production among ten provenances of neem (Azadirachta indica). Tree Physiology,
n.19, p.47-52.
MANTOVANI, A.; GOMES, M.; GOMES, D. M. S.; VIEIRA, R. C. 1995. Anatomia foliar de Rudgea decipiens
Müell. Arg. e R. macrophylla Benth. (Rubiaceae). Acta Botanica Brasilica, v.9, n.2, p.247-261.
MARQUES, N. F. Q. 2009. Avaliação teratológica da exposição da Morinda citrifolia Linn em ratas wistar.
[Dissertação]. Curitiba: Setor de Ciências Biológicas - Universidade Federal do Paraná.
METCALFE, C. R.; CHALK, L. 1950. Anatomy of the Dicotyledons. Oxford: Clarendon Press, 1950. v.2. 1500 p.
NAYAK, B. S.; SANDIFORD, S. & MAXWELL, A. 2009. Evaluation of the wound-healing activity of ethanolic
extract of Morinda citrifolia L. leaf. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine; 6(3): 351–356.
PAWLUS, A.D.; KINGHORN, A.D. 2007. Review of ethnobotany, chemistry, biological activity and safety of the
2
XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
botanical dietary supplement Morinda citrifolia (noni), Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 59, p. 15871609.
TUROLLA M. S. R, NASCIMENTO E. S. 2006. Informações toxicológicas de alguns fitoterápicos utilizados no
Brasil. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas; 42(2): 289-306.
WYLIE, R. B. 1951. Principles of foliar organization shown by sunshade leaves from ten species of deciduous
dicotyledon trees. American Journal of Botany, v. 38, p355-361.
3
Download

estudo anatômico da estrutura foliar de morinda citrifolia l.