UNIDADE I
HISTÓRIA DA FILOSOFIA - TEMA 2
IMMANUEL KANT: QUEM O OBRIGA A FAZER AS COISAS CERTAS?
(1724 a 1804: viveu 80 anos)
A Europa, à época do nascimento de Kant, havia passado por conflitos e fora devastada pela peste.
Felizmente, sua família não pertencia à metade da população que havia morrido de fome. Por aí já se pode
calcular as muitas privações da sua infância. Porem, mesmo que o pão branco fosse raro, não o era a afeição.
Enquanto era estudante, muitas vezes dava aulas em troca de pão.
Sua formação religiosa, foi uma base importante para sua Filosofia. Se bem que os exageros o levaram a
decidir não frequentar os cultos públicos quando adulto. Na sua lápide foi escrito: “Duas coisas enchem a minha
mente de assombro e reverência cada vez maiores, quanto mais freqüente e mais intensamente a reflexão nelas
se detém: o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim”. Ele estava com oitenta anos.
Kant viveu praticamente toda a sua vida na cidade onde nasceu, Könisberg. Dela nunca se afastou mais de
alguns quilômetros. Isso talvez seja pouco para demonstrar a grande regularidade de sua vida. Todas as tardes,
no verão ou no inverno, durante mais de trinta anos, exatamente às três e meia, Kant saía para o seu passeio
diário, seguido de seu criado Lampe que levava seu guarda chuva para o caso de uma tempestade. Essa cena
infalível fazia com que os habitantes de sua cidade acertassem seus relógios por esse passeio. Em dezenas de
anos, falhou duas vezes, e nelas toda a cidade se atrasou.
Kant cuidava muito de sua saúde. Nunca ficou doente. Uma atitude que mostra os seus cuidados é que nos
seus passeios no inverno, não respirava pela boca e não falava com ninguém, para que não entrasse pela boca
aberta os “ventos da pneumonia”. Nunca se casou, talvez porque os pensamentos românticos não eram o seu
forte.
Mas isso não significa que Kant não tenha tido vida social. Foi por um período curto, mas saiu-se muito
bem. Apresentado, por um conde e uma condessa, aos mais altos círculos sociais, vestindo seu pequeno corpo
com trajes baratos, mas elegantes, passou a animar os saraus dos salões das grandes damas, além de jogar
cartas e bilhar com habilidade. Depois dessas experiências de sentir o mundo, recolheu-se ao mundo da
reflexão interior. A partir daí suas aventuras seriam no mundo riquíssimo de sua imaginação, a qual influenciou
praticamente todo o pensamento moderno.
Ação por dever e conforme o dever
Kant fazia distinção entre uma ação por dever e uma ação conforme o dever.
Quando agimos conforme o dever? Quando agimos por uma tendência qualquer ou mesmo por interesses
pessoais e, portanto, por uma motivação egoísta. E quando agimos por dever ? Quando realizamos a ação moral
apenas pela lei moral. Vejamos como pode ser vista a ação de um comerciante:
- Um comerciante age conforme o dever quando a todos os fregueses vende por um preço igual pelo fato de
que se assim não o fizer poderá perder a sua freguesia por má conduta.
- Um comerciante age por dever quando a todos os fregueses vende por um preço igual não porque tenha medo
de ser punido, mas por uma questão de princípios, ou seja, pelo fato de que a lei moral assim o obriga.
Da mesma a forma podemos interpretar uma boa ação que alguém faça:
- Uma pessoa age conforme o dever quando ajuda outra por um interesse pessoal, mesmo que seja por um bom
sentimento (compaixão, simpatia). Quando estiver sentindo outra coisa, não ajudará mais
- Uma pessoa age por dever quando ajuda outra porque a lei moral assim o obriga.
Isso quer dizer que para Kant uma ação é moral apenas quando ela é feita por dever. Kant não está dizendo
com isso que os sentimentos não são boa coisa, mas que eles não são garantia para saber se uma ação é livre.
Por exemplo, se encontramos uma linda criança na rua pedindo esmola, podemos ter compaixão e ajudá-la
dizendo que a rua não é lugar para uma criança como aquela. Mas, e se a criança for muito agressiva, não for
nada bonitinha e estiver bem suja? Não teríamos o sentimento de compaixão e então não seríamos movidos a
ajudá-la? Kant diria que devemos ajudar a todas as crianças por uma questão de princípio e não de sentimento.
“Eu trato bem quem me trata bem”, pode dizer alguém. O que podemos dizer é que se uma pessoa agir sob
esta condição, agirá por uma reação emocional, e não por uma liberdade. Só é livre, dirá Kant, quem age por uma
racionalidade, por princípios.
“Mas então, professor, quer dizer que eu tenho que tratar bem aquela menina que roubou o meu celular
dentro da minha casa?” O que se está querendo dizer é que você a trataria de uma forma que não fosse injusta
com quem comete uma falta, imaginando o que seria o justo com você se você tivesse roubado o celular na casa
dela. O que não seria certo é resolver essa ou qualquer outra questão na base de um sentimento, como a
vingança e nem mesmo a compaixão, que poderia perdoar mas não seria justa se não houvesse uma sanção.
Aliás, segundo Kant, quem age por sentimentos não age, mas re-age, como os animais. É como se só
pudéssemos usar a palavra “agir” ao nos referirmos aos humanos. Animais, então, não agem, pois para agir é
preciso ter liberdade de escolha. Poderíamos dizer então que foram livres aqueles que agiram por princípios e
não por re-ação, como dão testemunho grandes personagens da nossa História.
Veja bem. Isso não significa que uma pessoa tenha que ser fria e impessoal em sua boa ação. O que se
está querendo dizer é que o que vai dizer se uma ação é moral é a análise dos interesses profundos da pessoa
que a praticou. E ela só poderá ser considerada moral se for livre se não for reativa, ou seja, se for feita com
base em princípios e ser feita por dever.
Está certo. A pessoa pode agir por dever ou conforme o dever. Mas como saberemos se uma pessoa age
por princípios ou conforme interesses? Pelo histórico de sua conduta. Se, por exemplo, uma pessoa agiu bem
várias vezes sem nada obter e mesmo assim continuou agindo bem, podemos concluir que agiu por princípios. O
que significa que, no final das contas, não foram os sentimentos que prevaleceram, nem interesses egoístas,
nem o fazer bonito para os outros verem.
É por isso que se afirma que a moral kantiana é uma moral do dever. Kant opõe impulsos sentimentais e
consciência racional. Houve outros que defendiam idéias diferentes. David Hume (1711-1776), por exemplo,
defendia que a distinção entre o certo e o errado caberia aos nossos sentimentos.
Somos regidos por uma lei moral universal?
Uma pergunta que fica é: Alguém não poderia escolher um princípio mal?
A resposta de Kant é: não, pois um princípio só pode ser considerado bom se ele passar pelo teste dos
princípios. E qual é este teste? É o teste da universalização. Um princípio só serve para princípio moral
(comportamental) se puder ser utilizado por todas as pessoas e todas se satisfizerem com a sua utilização.
Roubar pode ser se tornar um princípio? Se virar princípio, todos poderão se utilizar dele. “Assim, não dá! Aí
não. O que é meu eu não quero que ninguém mexa!”, dirá o ladrão... E que dirá o assassino frio a respeito do
assassinato? E o que dirá o filho que abandonou o pai no asilo a respeito da velhice? E o que dirá o infiel a
respeito da infidelidade de seu parceiro? Por aí podemos ver que mesmo os que fazem ações que não se
enquadram em princípios, acabam por defender um mundo em que os princípios universalizáveis devem ser
seguidos por todos. Quando o narcotráfico toma conta de uma região (periferia, cidade ou Estado), qual o
primeiro procedimento? Baixar normas que devem ser seguidas por todos... como por exemplo proibir o roubo
dos cidadãos que estão sob os seus cuidados...
Kant disse que existe a lei que rege os princípios, e deu um nome para essa lei: Imperativo Categórico.
Chamou de “imperativo” porque comanda, ordena ou seja, é obrigante. Chamou de “categórico” porque não
admite dúvidas.
Vejamos duas formulações do Imperativo Categórico:
“Age apenas de acordo com aquela máxima pela qual você possa ao mesmo tempo desejar que ela deva tornarse uma lei universal”.
“Age de tal maneira que você use sempre a humanidade (o ser humano), em sua própria pessoa, assim como na
pessoa de qualquer outro, nunca meramente como meio, mas ao mesmo tempo como um fim”.
Causas e razões
Para entender porque se diz que o ser humano só é humano quando age e não quando re-age, podemos
fazer uma diferenciação entre causa e razão. Vejamos estes três exemplos:
1º. Se alguém pega um fósforo e incendeia uma casa por vingança, podemos perguntar: Qual a causa do
incêndio? A inflamação do fósforo. E qual o motivo? A vingança.
2º. Se alguém dá um tiro em uma pessoa por legítima defesa, podemos perguntar: Qual a causa do
ferimento? A perfuração da bala. E qual o motivo? A legítima defesa.
3º. Se alguém corta uma folha de papel com a tesoura para fazer um trabalho, podemos perguntar: Qual a
causa do corte? O entrecruzamento das lâminas. E qual o motivo? O objetivo da pessoa.
Portanto, podemos afirmar que causas são sempre naturais e motivos são sempre humanos.
Causas  Naturais
Motivos  Humanos
Não podemos dizer que o agir de alguém é causado por algo, pois todo agir humano é motivado. Assim,
frases como "Eu cheguei atrasado por causa de...", "Eu colei por causa de...", "Eu reprovei de ano por causa
de...", não seriam verdadeiras, porque seres humanos não são causados. O ser humano é livre. Então, ele se
atrasa, cola ou reprova de ano sempre por um motivo, ou seja, por um motivo escolhido entre outros motivos.
Motivo é aquilo que move. E o que move interiormente um ser humano? A preguiça, a vingança ou a maldade.
Mas também a perseverança, o perdão ou a bondade. Assim, ele sempre escolhe por qual motivo irá agir.
Muitos criminosos violentos afirmam: “Eu não pude deixar de fazer o que fiz, pois uma voz me forçava a
fazê-lo”. Pois seja. Assim como um câncer no braço impede a movimentação do braço, uma doença na cabeça
pode impedir que a pessoa aja racionalmente. Então, uma pessoa que sofre de uma doença psicológica não age
livremente, pois é prisioneira desta doença. Não se pode atribuir-lhe a responsabilidade de algo censurável. Um
crime não lhe pode ser imputado. Ela é inimputável. Se comete um crime, não irá para a penitenciária para
penitenciar seu crime, mas irá para o manicômio judiciário para ser tratada. Da mesma forma no caso do
cachorro que atacou a criança. O animal não pode ser julgado pois um crime não lhe imputável. Quem será
julgado é o seu dono. Enfim, pessoas sãs sempre responderão por suas ações e nunca poderão justificar-se
dizendo: “Foi por causa de...” pois elas não são causadas por nada. Elas são motivadas e esses motivos que as
movem interiormente são sempre escolhidos por elas mesmas. Diante dessa ética ninguém poderá justificar-se
dizendo: “Eu não consegui resistir...” Que ética dura, não?
Liberdade e racionalidade
Isso nos leva a considerar a questão da liberdade na Filosofia de Kant. O ser humano é livre? Sim, é livre
porque é racional. Só é livre o racional, que age por princípios e não re-age na base de sentimentos ou se deixa
levar por interesses ou inclinações.
O ser racional é um ser livre e isso não poderia ser diferente, porque ser racional e ser livre, para Kant é
a mesma coisa:
Racional  Livre
Se o agente moral não fosse livre, simplesmente ele não poderia dizer “eu faço isso”, mas diria “eu sinto
isso acontecer em mim”, como o doente psicológico.
Todo ser que é humano possui uma independência causal de paixões, inclinações ou afetos. Ele sente
raiva? Sim, mas pode suspender esse estado. Diante da raiva, o seu eu sempre pode decidir o que fazer:
vingar-se ou perdoar, por mais duro que isso seja, visto que temos exemplos de seres humanos que não
perdoaram nas condições mais duras. Kant deu a essa condição o nome de liberdade prática. Portanto, ninguém
pode dizer que fez algo ruim impulsionado por algum sentimento ruim, pois se fosse assim o ser humano não
seria livre e racional. Se alguém não tiver controle sobre si mesmo, não é livre.
Nunca podemos transformar a raiva em simpatia, mas podemos cultivar a simpatia naquilo que o dever
nos exige. Segundo Kant, primeiro devemos fazer o bem ao nosso próximo e depois iremos amá-lo.
Assumindo uma inclinação
E quando uma pessoa fica com raiva e age por essa raiva? Na verdade, ele tinha a vingança e perdão. Ele
aceitou tomar a vingança como motivo de ação. Mas a vingança não pode ser um princípio, pois não passa pelo
Imperativo Categórico, ou seja, não é universalizável. Imagina se todos fossem se vingar sempre? E breve
estaríamos todos mortos. Mas ela vingou-se e pronto. O que ocorreu? A pessoa, neste caso, escolheu ser
motivada interiormente pela vingança. Para Kant, nós sempre agimos por motivos e sempre escolhemos entre
vários motivos um que moverá a nossa ação. Muitas vezes podemos decidir agir por sentimentos ruins,
interesses egoístas ou tendências cruéis.
Concluindo sobre a liberdade
Por isso não é verdadeiro dizer que alguém é obrigado a fazer o que faz. Aliás, a única coisa que pode
obrigar alguém é a sua liberdade. Só a liberdade pode obrigar. Só a racionalidade pode obrigar, e nos obriga a
seguir os princípios da razão.
Por exemplo, quando se diz que a causa da mudança de comportamento de uma pessoa é por suas más
companhias. A verdade é que cada um muda por escolha própria e não por causa de um outro. Mudanças de
comportamento só podem ser por motivos e nunca por causas. Só podem ser escolhidas, não forçadas. Se
ocorressem por causas, significaria que alguma coisa obrigasse alguém, que não fosse a sua liberdade. Nada é
obrigante para o ser humano. O fato é que nada pode causar algo na razão humana, porque eles são racionais e
livres. Uma ação sua pode ter uma grande dose de causação, mas sempre lhe resta um fator racional, pois afinal
o agente é sempre um racional.
Mesmo que tenha sucumbido a uma inclinação, é sempre um racional que sucumbiu a inclinação. Sempre é
a partir de uma racionalidade que se sucumbe, então sempre há o fator escolha presente nessa entrega. Nenhum
ser humano são deixa de pertencer ao conjunto dos racionais. E o conjunto dos racionais é obrigado pela razão.
O conjunto dos seres humanos está dentro do conjunto dos seres racionais. A característica fundamental dos
seres humanos é que eles são obrigados pelo Imperativo Categórico. Se todos são, cada um é.
Somos obrigados a saber?
Mas, alguém pode perguntar: “Como Kant explica então a maldade que de fato é praticada no mundo?”
Podemos dizer que Kant responderia esta questão da seguinte forma. Uma pessoa até poderia gritar “-Pula!
Pula!”, quando alguém está para se jogar de um edifício. Mas esta pessoa sabe que não deveria gritar... Uma
pessoa até pode agir por um sentimento ou inclinação ruim. Mas o fato é que sabem que não deveriam agir...
O que ocorre é que a lei moral, a racionalidade do ser humano obriga-o a saber o certo, mas não pode
obrigá-lo a fazer o certo. Ele faz o errado, mas sabe qual seria o certo. A sua razão o aponta.
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
DISCIPLINA: ÉTICA
PROFESSOR: ABRÃO IUSKOW
ACADÊMICO(A): ___________________________________ DATA: ___ / ___ /___
PROVA
1. Kant afirmava que todas as pessoas sabem distinguir o certo do errado, pois isso é inerente à razão. A esta
inteligência chamou de Razão Prática. Assim, segundo Kant, todas as pessoas são governadas por uma lei moral
universal e são obrigadas pela própria razão a seguir uma lei moral.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que a lei moral é:
A. de Kant
B. governada
C. universal
D. errada
E. prática
2. Com isso, Kant está dizendo que, por sermos racionais, somos obrigados por nós próprios a escolher o bem.
Não são os outros que nos forçam a isso. Para falar isso, Kant se utilizou da famosa fórmula que chamou de
Imperativo Categórico. Por exemplo, se formos tomar uma atitude e, para isso, tivermos que decidir sobre a
justeza ou não dessa atitude, faremos vários questionamentos, mas haverá um questionamento que será o
último, para além do qual não poderemos ir.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que o questionamento do Imperativo
Categórico é:
A. próprio
B. uma atitude
C. justo
D. um exemplo
E. último
3. O Imperativo Categórico diz que uma coisa somente pode ser considerada um bem quando, ao ser pensada na
prática, se apresenta como viável para todos, socialmente praticável. Pelo fato de ser um comando que força a
nossa razão (imperativo) e por ser um questionamento depois do qual nada mais se questiona (categórico), ele
se tornou a base para a decisão a respeito das leis.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que o Imperativo Categórico é:
A. um comando
B. uma decisão
C. um bem
D. um fato
E. viável
4. Em outra formulação do Imperativo Categórico, Kant afirma: “- Age de tal maneira que você use sempre a
humanidade (o ser humano), em sua própria pessoa ou na pessoa de qualquer outro, nunca meramente como
meio, mas ao mesmo tempo como um fim”.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que o Imperativo Categórico alerta a pessoa
a considerar o outro:
A. como um meio
B. como um fim
C. meramente
D. de uma maneira
E. na pessoa de qualquer outro
5. Kant distinguia entre uma ação por dever e uma ação conforme o dever.
“Agimos por dever quando realizamos uma ação acima de tudo pelo princípio que diz que aquela é a ação que
deve ser realizada, por ser universalmente válida”.
“Agimos conforme o dever quando a ação que vamos realizar será conforme nossos interesses pessoais. Isso
quer dizer que, no final das contas, se não fosse vantajoso para nós, poderíamos não fazê-la. Mesmo quando a
ação é aparentemente bem intencionada por uma compaixão: se não nos condoêssemos, não a faríamos?”
Assim, para Kant, quando uma ação é por uma reação emocional, ela não é livre. Se não é livre, não é
moral.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que uma ação conforme o dever é:
A. por compaixão
B. por raiva
C. por medo
D. por interesses pessoais
E. livre
6. Isso que dizer que, para Kant, não é o que sentimento envolvido na ação que vai dizer que ela é uma ação
nobre, mas sim se ela é feita por um princípio, ou seja, por dever. Isso não significa que a pessoa não possa ter
bons sentimentos ao fazer uma boa ação. Significa que o que vai dizer se aquela ação é moral (por dever) é a
verificação dos interesses profundos da pessoa que a praticou.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que o sentimento, na ação moral, é:
A. menos importante que o princípio que rege a ação
B. o que lhe dá a nobreza
C. o principal
D. o que vai dizer se ela é por dever
E. o que vai dizer a intenção profunda da pessoa
7. Outro ponto a se considerar na filosofia de Kant é a questão da liberdade. Para Kant, só é livre quem age por
princípios e não por interesses ou por inclinações, mesmo que os interesses sejam bons e as inclinações
(sentimentos) sejam boas. Um animal faz o que faz porque é impulsionado por alguma coisa que lhe obriga. No
ser humano nada o obriga a fazer o que faz. O ser humano possui uma independência das paixões, das
inclinações ou dos afetos. Ele pode sentir raiva e suspender esse estado. O nosso “eu” sempre pode decidir o
que fazer, independente do que sente.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que, para Kant, ser livre é:
A. um ponto a considerar
B. ser animal
C. poder sentir raiva
D. ser independente das paixões, das inclinações e dos afetos
E. ser obrigado a fazer o que faz
8. Para entender que o ser humano sempre escolhe, podemos fazer uma diferenciação entre causa e motivo:
1º Se alguém pega um fósforo e incendeia uma casa por vingança, podemos perguntar: qual a causa do
incêndio? A inflamação do fósforo. E qual o motivo? A vingança.
2º Se alguém dá um tiro em uma pessoa por legítima defesa, podemos perguntar: qual a causa do ferimento? A
perfuração do projétil. E qual o motivo? A legítima defesa.
3º Se alguém corta uma folha de papel com a tesoura para fazer um trabalho de escola, podemos perguntar:
qual a causa do corte? O entrecruzamento das lâminas. E qual o motivo? O querer fazer o trabalho.
Causas são sempre naturais. Motivos são sempre humanos. Portanto, podemos dizer que ocorrências
naturais são sempre causadas e ações humanas são sempre motivadas.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que o motivo é:
A. querer fazer o trabalho
B. a vingança que a pessoa quer fazer
C. sempre humano
D. uma legítima defesa
E. sempre natural
9. Então, não podemos dizer que o agir de alguém é causado por algo, pois todo agir humano é motivado. Assim,
frases como "Eu cheguei atrasado por causa de...", "Eu colei por causa de...", "Eu reprovei de ano por causa
de...", não seriam verdadeiras, pois estaríamos tentando transferir para a natureza das coisas uma
responsabilidade que ela não poderia ter. O ser humano é livre. Então, ele se atrasa, cola ou reprova de ano
sempre por um motivo, ou seja, por uma escolha. Mesmo quando ele falha, ou seja, escolhe se deixar vencer
por alguma fraqueza pessoal e não é, portanto, livre.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que se o ser humano é livre, ele sempre:
A. escolhe
B. pode colar
C. tenta fazer o melhor
D. pode responsabilizar a natureza
E. pode se atrasar
10. Poderíamos exemplificar que, para Kant, uma pessoa até poderia gritar "- Pula!", quando alguém, querendo
se matar, está para se jogar de um edifício, mas esta pessoa sabe que não deveria gritar. Uma pessoa consegue
fazer algum mal, mas sabe que não deveria fazê-lo. Ou seja, a lei moral dentro dele obriga-o a saber o certo,
mas pode obrigá-lo a fazer o certo.
Sendo assim, segundo o texto do parágrafo, podemos dizer que a lei moral:
A. obriga a ação
B. obriga a fazer o certo
C. obriga a razão
D. obriga ao bem
E. obriga a não dizer "-Pula!"
11. Se o ser humano não é causado, ou seja, forçado a fazer algo por inclinações ou por instintos, como os
animais, todos os nossos erros morais (de comportamento, de responsabilidade) são escolhidos, ou pelo menos
permitidos, por nós. Isso quer dizer que temos que assumir todos os nossos erros, inclusive os erros da nossa
criação? Comente, organizando o raciocínio. Envie-a esta resposta e o quadro de respostas preenchido para o
e-mail [email protected]
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2
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QUADRO
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DE RESPOSTAS
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9
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O QUE ESTE TEXTO FEZ VOCÊ PENSAR?
1. A melhor forma de aprofundar este texto é colocando em forma de pergunta aquilo que o texto fez você
pensar. “Mas, professor, como então...” “Será que...” “O que foi lido vale também para...”. O importante é que
você faça uma pergunta filosófica ao autor, uma pergunta que o faça pensar. Também envie-a a sua pergunta
para o e-mail [email protected]
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Aula de Ética - Filosofia Prática