PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À HIPERTENSÃO EM UM GRUPO DE IDOSOS DE SELBACH DEBIASI, Marieli¹. KLASSMANN, Jocielize Paula¹. SEIBEL, Raquel¹. STÜRMER, Jaqueline¹. JESUS, Neida Maria da Luz de². STÜRMER, Giovani³ Palavras-chave: Hipertensão; Idosos; Qualidade de vida. Introdução O envelhecimento populacional constitui a mais importante mudança demográfica observada atualmente tanto em países desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento. Uma importante conseqüência do envelhecimento da população é um significativo aumento da carga de doenças cardiovasculares, que constituem as causas mais freqüentes de óbito da população idosa nesses países, incluindo o Brasil (FIRMO e col., 2004). A hipertensão é um dos principais agravos à saúde no Brasil. Afinal, ela eleva o custo médico social, principalmente pelas suas complicações, como as doenças: cérebro-vascular, arterial coronoriana, vascular de extremidades, insuficiência cardíaca e insuficiência renal crônica (MION e col., 2002). De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, considera-se hipertenso o indivíduo que apresentar a pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mm/Hg e a pressão arterial diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mm/Hg e/ou que estejam em tratamento com drogas antihipertensivas. Entretanto, mesmo em níveis pressóricos abaixo desses limiares, foi verificado que o risco de doença cardiovascular duplicaria a cada incremento de 20 a 10 mmHg para a PAS e PAD respectivamente, a partir de 115/75 mmHg (ZAITUNE, 2005). A HAS é mais prevalente em indivíduos idosos, apresentando elevada morbimortalidade nessa população. Isso ocorre em razão das alterações anatômicas e da musculatura lisa e do tecido conjuntivo dos vasos sanguíneos relacionadas ao envelhecimento, presentes principalmente a partir da quinta década de vida, que leva a um progressivo aumento na rigidez das artérias, ocasionando redução da sua distensibilidade e um contínuo aumento da pressão arterial sistêmica (PIATI, 2009). ___________________________ ¹Acadêmicas do Sexto Semestre Curso de Nutrição da Unicruz/RS. E-mail [email protected] ² Professora Orientadora M.S.c do Curso de Nutrição da Unicruz. E-mail [email protected] ³ Orientador M.S.c Docente da Unicruz. E-mail [email protected] Algumas das intervenções não-farmacológicas apontadas na literatura como eficazes na diminuição da pressão arterial são: redução do peso corporal, redução do consumo de bebida alcoólica, controle da ingestão de sódio, e prática de atividade física regular. (ZAITUNE, 2005). Outro aspecto que merece consideração é a modificação no perfil da população brasileira com relação aos hábitos alimentares e de vida, que indica uma exposição cada vez mais intensa a riscos cardiovasculares. A mudança nas quantidades de alimentos ingeridos e na própria composição da dieta provocou alterações significativas do peso corporal e distribuição da gordura, com o aumento progressivo da prevalência de sobrepeso ou obesidade da população. Adicione-se a isso a baixa freqüência à prática de atividade física, que também contribui no delineamento desse quadro. (JARDIM e col, 2006). Metodologia Foi realizada uma pesquisa exploratória, descritiva, com olhar quantitativo. Aplicou-se o questionário em 85 idosos pertencentes ao grupo de idosos da cidade de Selbach, no mês de junho de 2010. Sendo considerado as seguintes variáveis: sexo, idade, Índice de Massa corporal, tabagismo, alcoolismo, atividade física, história familiar de hipertensão, consumo de sal, controle de das últimas três medidas de pressão e medicamentos. Os dados foram tabulados por programa Excel 2003, sendo formatados e analisados conforme os objetivos propostos no presente trabalho. Resultados e discussões No estudo avaliou-se que a maior parte da população de idosos era de mulheres 63,53%, e 36,47% homens. Sendo que a média de idade dos dois sexos de idosos foi 72,15 anos. Segundo o Ministério da Saúde, o risco para hipertensão aumenta com a idade, após os 55 anos, mesmo as pessoas com pressão arterial normal, têm 90% mais chances de desenvolver a hipertensão. Dos idosos entrevistados a média do IMC foi de 27,74 kg/m², sendo 28,27 kg/m² e 26,81 kg/m² respectivamente para o sexo feminino e masculino. Considerando este resultado pode-se perceber que as mulheres estavam com sobrepeso e os homens estavam eutróficos. Observou-se que a maioria dos idosos (62) nunca fumaram. Apenas 2 pessoas fumam, e 21 pararam de fumar a mais de um ano. O fato das pessoas terem parado de fumar pode ter sido devido à hipertensão, pois ela é um fator de risco. Segundo o Ministério da Saúde depois da hipertensão, o fumo é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Em relação ao consumo de bebidas alcoólicas identificou-se que somente 1,85% do sexo feminino e 35,48% do sexo masculino consumiam bebida alcoólica. Portanto, 85,88% (73 pessoas) não consumiam bebida alcoólica o que é positivo, pois esta pode elevar os níveis pressóricos. A maioria das pessoas não praticava atividade física, 71,76% apenas realizavam deslocamento e 28,24% praticavam atividade física por lazer. A prática de atividade física regularmente tem como princípio melhorar a condição física e a saúde, pois melhora o funcionamento do organismo, reforçando a função circulatória, muscular, pulmonar, óssea e as articulações. Além disso, auxilia na redução e/ou na manutenção do peso corporal e, sobretudo, contribui para a prevenção de doenças crônicas (PIATI E COL. 2009). Verificou-se no grupo que 54,1% tinham antecedentes familiares de problemas de hipertensão. 22,35% não tinham antecedentes familiares e 22,35% não sabiam informar sobre o assunto. No grupo apenas duas pessoas adicionavam sal na comida depois de pronta. A maioria das pessoas não adicionava sal, sendo 53 mulheres (98,14%) e 30 homens (96,7%), o que é positivo no controle da pressão alta. Conforme o Ministério da Saúde a pessoa é considerada hipertensa quando a pressão arterial estiver maior ou igual a 140/90 mmHg (14 por 9). Para essas considerações os dados devem ser medidos várias vezes, de forma correta, com aparelhos calibrados por profissionais capacitados. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) os valores admitidos são: 120/80 mmHg, em que a pressão arterial é considerada ótima e 130/85 mmHg sendo considerada limítrofe. Relacionando com dados do estudo a média da pressão foi de 13 por 7 mmHg para mulheres e de 13 por 8 mmHg para homens, pode-se perceber que as pressões estão no limite, mas pelo fato de utilizarem medicamentos controlados e ter acompanhamento no grupo, pode-se considerar que a pressão está controlada. Todos os idosos tomavam medicamentos, e consultavam em média, duas vezes ao ano. Dentre os mais consumidos estão: atenolol, propanolol, enalapril, captopril, hidrolon, hidroclorotiazida e tenoretic. Conclusão A hipertensão arterial (HA) está entre os mais expressivos problemas de saúde e com tendência crescente devido ao processo de envelhecimento populacional. Manter hábitos alimentares e uma vida ativa são fatores que interferem no controle da hipertensão arterial. O consumo de sal também é um fator importante, nos chamou atenção que os idosos entrevistados estão controlando o consumo de sal diário. Pode-se concluir que é necessário o idoso manter o estado nutricional adequado, através de uma alimentação balanceada e atividade física, diminuindo assim o risco de doenças relacionadas ao envelhecimento, garantindo longevidade e melhorando a qualidade de vida. Referências FIRMO, J.O.A.; COSTA, M.F.L.; UCHÔA, E. Projeto Bambuí: maneiras de pensar e agir de idosos hipertensos. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol. 20, n 04, julho-agosto, 2004. JARDIM, P.C.B.V.; GONDIM, M.R.P.; MONEGO, E.T.; MOREIRA, H.G.; VITORINO, P.V.O.; SOUZA, W.K.S.B.; SCALA, L.C.N. Hipertensão Arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Goiás – GO, 2006. MION Jr., D., MACHADO, C.A.; GOMES, M.A.M.; NOBRE, F.; KOHLMANN Jr. O.; AMODEO, C.; PRAXEDES, J.N.; PASCOAL, I.; MAGALHÃES, L.C. Hipertensão arterial – Abordagem Geral. Revista de AMRIGS, vol. 47, n 03, julho – setembro, 2003. PIATI, J.; FELICETTI, C.R.; LOPES, A.C. Perfil Nutricional de hipertensos acompanhados pelo Hiperdia em Unidade Básica de Saúde de cidade paranaense. Revista Brasileira de Hipertensão, Céu Azul, vol. 16, n 02. 2009. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. A campanha. São Paulo, 2010. Disponível em: < - A Campanha - Sociedade Brasileira de Hipertensão faz campanha de combate à doença que atinge 30% dos brasileiros.mht> Acesso em: 20 jul. 2010. ZAITUNE, M.P.A. Fatores associados à pressão arterial e à prática de atividade física no lazer em idosos no município de Campinas – SP. 2005. 81 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) – Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, SP. Campinas, 2005.