Eles são bons em tudo, mas não
trabalham em equipe
Por Stela Campos | De São Paulo
A headhunter Danute Gardziulis diz que jovens não lidam bem com conflitos
Eles são jovens, brasileiros, têm entre 27 e 30 anos de idade e no fim deste ano
vão estar formados pelas melhores escolas de negócios do mundo. Não é difícil
imaginar que daqui a cinco anos muitos deles vão estar no comando de
empresas no país. Pesquisa inédita realizada com essa futura elite corporativa
mostra que, embora esteja preparada para assumir cargos de liderança por
reunir competências técnicas importantes, a tão falada geração Y ainda
precisa se desenvolver em certos aspectos.
No levantamento, apenas 7% desses jovens têm como uma forte característica
saber trabalhar em equipe. Para uma geração que se mostra altamente
empenhada em se relacionar nas redes sociais e em praticar o networking,
esse individualismo na hora de trabalhar é, no mínimo, inesperado. "A lógica
desde a formação desses alunos é muito mais baseada no uso de ferramentas
que os ajudam a descobrir os caminhos do que na experiência do trabalho em
equipe", afirma Danute Gardziulis, da Gardz Executive Search & Assessment,
que realizou a pesquisa junto a 85 estudantes de MBA nas principais escolas
de negócios internacionais.
O objetivo do levantamento, conduzido em parceria com Maria Cândida
Brumer de Azevedo, da People & Results, foi traçar o perfil desses futuros
líderes e saber o quanto eles vão se adequar às expectativas das empresas.
Segundo Danute, eles demonstram não ter tanta habilidade para conduzir
relações de longo prazo. Como possuem destreza em destrinchar informações
e buscar soluções sozinhos, acabam tendo dificuldade em lidar com situações
onde o jogo político é necessário. "Para levar um projeto adiante nas grandes
empresas é preciso saber negociar e convencer os outros."
A especialista acredita que muitos ainda não estão preparados
emocionalmente para lidar com isso. "Nas redes sociais, eles são muito bons
para desenvolver parcerias. Mas essas são relações estabelecidas virtualmente,
em prol de um objetivo comum e que não necessariamente terão continuidade
depois", diz. Outro mito da geração Y que a pesquisa desfaz é o de que eles são
empreendedores por natureza - apenas 15% têm essa competência fortemente
desenvolvida em seus perfis.
Algumas das fraquezas desses jovens com alto potencial de liderança,
entretanto, estão relacionadas ao fato de pertencerem a um grupo geracional
que teve grande liberdade dentro de casa, mas pouca experiência em
ambientes hierárquicos. Muitos, inclusive, tiveram a primeira experiência de
morar sozinhos durante o MBA e estão menos preparados para lidar com
conflitos. Na pesquisa, 55% apresentam um menor equilíbrio emocional para
enfrentar situações desgastantes.
A consultora afirma que o estudo se refere a um grupo altamente preparado e
que inclui os melhores estudantes do mundo. As ressalvas, portanto, não
ofuscam habilidades essenciais para a liderança, como a visão sistêmica e a
capacidade de inovar, negociar e se comunicar.
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