Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal Hospital Regional da Asa Sul (HRAS) Unidade de Neonatologia do HRAS Sessão de Anatomia Clínica Erro Inato do Metabolismo (Leucinose) Apresentação: Natália Bardal (R3); Dda. Daniella R. Gonçalves, Dda. Mariana Campos Reis Coordenadores: Dra. Maria Teresinha de Oliveira Cardoso (Geneticista) e Dr. Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Brasília, 28/09/2011 Dda Daniella, Dra. Natália, Dr. Paulo R. Margotto e Dda Mariana História Clínica • DATA: 10/06/2011 Unidade: HRSM • IDENTIFICAÇÃO: RN do sexo feminino , 3 dias de vida, natural e procedente de Santa Maria – DF. • QUEIXA PRINCIPAL: “vômitos” há 1 dia. História Clínica • HDA: RN nascido de parto normal, a termo, IG: 38 semanas (CAPURRO), peso ao nascer 3182g, AIG, APGAR: 9 – 10, encaminhado ao ALCON em boas condições clínicas. No terceiro dia de vida apresentou quadro de vômitos, distensão abdominal , hipoatividade e leve desconforto respiratório. • ANTECEDENTES: Mãe, 24 anos, G:1 P: 1 A: 0 Realizou 9 consultas pré natais. Sorologias 3°trim. : sífilis, HIV, HTLV, HBV, TORCH negativas. Vulvovaginite persistente durante a gestação. Exames • Ao exame físico: REG, hidratada, corada, acianótica, anictérica, afebril, taquipnéica, FR: não registrada. ACV: RCR, 2T, BNF, sem sopros. FC: 136 bpm AR: MVF, presença de leve retração de fúrcula esternal , sem RA. Abd: globoso, algo distendido, RHA+, sem massas ou VMG. Ext.: sem edema, bem perfundidas. SNC: fontanelas planas e normotensas, ausência de sinais focais. Genitália: sem alterações • Realizado investigação infecciosa e radiológica: Hemograma completo normal PCR normal Rx de abdome: distensão gástrica importante com diminuição de gás no intestino. Evolução • Avaliação CIPE: evidência de débito bilioso em SOG e eliminação de mecônio • HD: obstrução gastroduodenal parcial • CD: dieta zero + hidratação venosa • ATB: ampicilina + gentamicina por suspeita de broncoaspiração • Em 12/06 admitido UTIN – HRSM para monitorização, aporte venoso e pré-operatório. 10.06.11 12.06.11 14.06.11 Hgb 15,6 16,3 Hct 48 % 48,5% Leuc. 10200 5800 Neut. 77 % 63% Plq. 277000 237000 Exames BT 4,7 7,5 BI 3,8 7,0 BD 0,9 0,5 Ca 7,7 6,3 Mg 2,6 2,1 Glic. 138 Na 131 148 137 K 6,2 4,8 6,0 Cl 102 113 105 PCR 0,58 0,43 TAP 24,5% 28,7% TTPA 54” 54,9” • Ecocardio: PCA e FOP • Rx: sugestivo Membrana Duodenal e Má rotação intestinal. CD: Aporte Ca e suspenso K Evolução • 14/6: tremores em MSD • 15/6: ↓ Sat O2 , ↓ perfusão periférica, hiperglicemia • Hemoculturas: CGP • CD: Expansão cristalóide, ↓ TIG, IOT ATB: Cefepime e Vancomicina Remoção UTIN do HRAS UTIN – HRAS • Permanece comatoso, em VM. Apresentando flapping em membros e movimentos tônicos em face. • Ao exame: icterícia zona II, fígado palpável a 2 cm RCD. Pupilas mióticas e não fotorreagentes. • CD: Prescrito fenobarbital Mantido antibioticoterapia. Solicitado parecer neuropediatria e genética. 15.06.11 16.06.11 Hgb / Hct 15 / 41,3% 15 / 40,8 % 14 / 39,4% Leuc 4630 5970 1470 Segm. 51 66 11 Bastões 04 04 01 I/T 0,072 0,057 0,083 Plaq 138.000 112.000 21.000 TGO 100 124 94 116 TGP 40 52 61 32 Ur 31 25 43 35 Creat 0,8 0,8 0,9 0,9 Na 129 140 126 125 126 K 4,1 4,6 5,1 4,6 3,9 Mg 1,4 2,8 1,6 1,0 2,3 104 88 86 88 Cl 17.06.11 19.06.11 20.06.11 Ca 6,7 8,4 7,6 5,2 7,8 BT 9,84 10,66 9,44 5,03 3,20 10,11 8,61 4,00 0,55 0,83 0,92 BI BD 0,79 Gasometria arterial 15.06.11 16.06.11 18.06.11 19.06.11 20.06.11 ph 7,49 7,47 7,29 7,247 7,26 pO2 198 210 85,5 81,7 94 pCO2 19,9 18 41,9 24,9 24 HCO3 19,6 12,9 19,1 13,1 10,4 BE -7,7 - 8,4 -6,1 -15,4 -15,1 SO2 99,8 99 97 96,3 Hb 13,8 13,6 13,6 Lac 2,8 1,5 2,7 24 30,5 AG 27,7 31,5 E.A.S EAS 19.06.11 Ph 5 Densid. 1030 Prot. + Glicose ++ Acetona + Hgb +++ CED Raros Leuco. 5 p/c Hc. 20 p/c Cilindros ++ Flora + muco ++ Exames complementares • Punção lombar (15/6): LCR normotenso e amarelo citrino • Ecotransfontanela (15/6): normal • EED (17/06): sem sinais obstrutivos e sem certeza quanto a ausência de má rotação. Considerar possibilidade de atonia gástrica • Ecocardio (18/06): Hipertensão pulmonar importante, PCA, FOP • Parecer Genética (20/06): triagem neonatal no papel filtro,manter correção do bicarbonato, BQ urinária, dosar Imunoglobulinas, prescrito megavitaminas Evolução • 20/06: RN mal perfundido, com bradicardia, mosqueamento de pele e edemaciado. • Iniciado drogas vasoativas , push de gluconato de cálcio e sulfato de magnésio e concentrado de hemácias e plaquetas. • Evolui com coma progressivo, insuficiência respiratória e PCR, sendo constatado óbito ás 20h 35min. Lista de problemas • Vômitos, distensão abdominal , letargia, desconforto respiratório, tremores em MSD. • Hepatomegalia • Hiperbilirrubinemia • Hiponatremia, Hipomagnesemia, Hipocalcemia • Alterações hematológicas • Alterações urinárias • Acidose metabólica (AG elevado) Hipóteses Diagnósticas Hipóteses Diagnósticas • Obstrução intestinal parcial ? • Meningite ? Sepse ? • Erros Inatos do Metabolismo ? - Acidemia orgânica - Defeito de β- oxidação de ácidos graxos - Aminoacidopatias AUTÓPSIA/A67 Macroscopia Sessão de Anatomia Clínica Macroscopia: • Abertura das cavidades: derrame pleural citrino; hematoma próximo ao manubro • Coração: tamanho e forma habituais; câmaras concordantes; hematoma em VE • Pulmão: superfície pleural enegrecida com rendilhado linfático • Fígado: aumento de tamanho(2,5cm abaixo da RCD e 4cm abaixo do AX) • Baço: tamanho habitual • Trato digestivo: tumoração em íleo direito, a 65 cm da válvula íleo-cecal; rotura de delgado (fezes impactadas); aderência intestinal na parede gástrica Diagnóstico: septicemia; rotura de delgado DISCUSSÃO: QUAL ERRO INATO DO METABOLISMO? Vamos recordar!!!!! Erros Inatos do Metabolismo (Garrot,1908) • Erros inatos do metabolismo (EIM) são mutações em genes contidos no DNA recebido dos progenitores que codificam moléculas metabolicamente ativas, determinado alterações anatômicas e funcionais. • Essa Herança pode ser recessiva ou dominante, autossômica ou ligada ao X, ou ser transmitida pelo DNA mitocondrial (sempre materno) Erros Inatos do Metabolismo • • • • Existem mais de 500 tipos A incidência cumulativa é de 1:5.000 (isoladamente são raras) 10% das patologias genéticas decorrem de EIM A maioria é autossômica recessiva Herança autossômica recessiva (progenitores portadores, risco de recorrência de 25%) Herança recessiva ligada ao X (mãe portadora, 50 % dos filhos do sexo masculino afetados, 50% das filhas portadoras) Herança autossômica dominante (um dos progenitores portador, risco de 50 % dos filhos serem afetados, com igual distribuição entre os sexos) Erros Inatos do Metabolismo • São a causa das doenças metabólicas hereditárias • A grande maioria dos EIM envolve anormalidades nas enzimas e proteínas de transporte. • Grupo de doenças geneticamente determinadas, decorrente da deficiência em alguma via metabólica que está envolvida na síntese (anabolismo), transporte ou na degradação (catabolismo) de uma substância, acarretando acúmulo de substrato ou deficiência de um produto. Classificação Fisiopatológica (Fernades, Saudubray et al, 2006) • Grupo I: Erros inatos do metabolismo intermediário Aminoacidopatias Acidemias orgânicas Defeitos do Ciclo da uréia Intolerâncias aos açúcares – – – Características clínicas: intervalos livres de sintomas relação evidente com o aporte alimentar intoxicação aguda e recorrente ou crônica e progressiva Classificação Fisiopatológica • Grupo II: Deficiência na produção ou uso de energia Glicogenoses Hiperlacticemias congênitas Doenças mitocondriais da cadeia respiratória Defeitos na beta-oxidação de ácidos graxos Características clínicas: – alterações de produção ou consumo energético (comprometem fígado, miocárdio, músculos e cérebro) – retardo de crescimento, hipoglicemia, hipotonia generalizada, miopatia, insuficiência cardíaca e morte súbita Classificação Fisiopatológica • Grupo III: Distúrbios de síntese ou catabolismo de moléculas complexas Doenças lisossomais Doenças peroxissomais Defeitos de Glicosilação Deficiência de alfa1-antitripsina Defeitos na síntese do colesterol Características clínicas: – Sintomas permanentes que se acentuam (fácies grosseira, visceromegalias, alterações hematológicas, alterações ósseas progressivas e neurodegeneração) Sintomas agudos no período neonatal Identificação da criança de risco • Sinais e elementos invocadores: – antecedentes familiares abortos de repetição mortes neonatais inexplicáveis consangüinidade – intervalo neonatal livre de sintomas – deterioração progressiva sem causa aparente – não responsividade à terapia sintomática Sintomas agudos no período neonatal • Sinais clínicos inespecíficos: – alteração do estado geral – desidratação – transtorno neurológico (hipotonia, sonolência, letargia, coma, convulsões,...) – transtornos digestivos (recusa alimentar, sucção débil, vômitos, dor abdominal, diarréia...) – transtornos respiratórios (taquipnéia, bradipnéia, apnéia, desconforto respiratório...) *A presença de uma infecção não descarta a coexistência de um EIM, já que o EIM desencadeia a mesma sintomatologia. Sintomas agudos no período neonatal • Sinais clínicos específicos: – deterioração neurológica rápida e progressiva (alteração de consciência, tônus, movimentos anormais, alteração especial EEG) – odor especial no hálito ou urina – miopatias, cardiomiopatias – dismorfia crânio facial – apresentação essencial como doença hepática (hepatomegalia, icterícia, vômitos, letargia, alteração da função hepática) Sintomas agudos no período neonatal • 1-Deterioração Neurológica - é a apresentação mais comum na Leucinose, no Ciclo da Uréia. O tratamento iniciado imediatamente evita seqüela cerebral. • 2-Insuficiência Hepática - Icterícia prolongada - Galactosemia, intolerância à frutose e Tirosinemia tipo I. Seu controle é emergencial. • 3-Hipoglicemia – especialmente nos três grupos de doenças: Hiperinsulinismo, Glicogenoses e Defeitos da Beta-oxidação mitocondrial. • 4-Insuficiência Cardíaca - doença cardíaca tratável no recém nascido; é característica marcante nos defeitos da beta-oxidação mitocondrial. • 5-Hiperlacticemia primária – associada ao déficit energético celular, pode apresentar resposta com uso de Vitaminas / Cofatores em alguns defeitos. • 6-Convulsões intratáveis - nesses casos deve-se sitematicamente tentar o uso de Piridoxina ou piridoxal fosfato, ácido folínico ou biotina. • 7-Distúrbio do equilíbrio Acido-básico - nas Acidemias orgânicas e Ciclo da Uréia. Sinais clínicos e Etiologia das Doenças Metabólicas • TIPO I: Distúrbio Neurológico tipo intoxicação com cetose: Doença mais freqüente: MSUD (leucinose). • TIPO II a: Distúrbio Neurológico tipo intoxicação com desidratação: Doenças mais freqüentes: MMA (acidemia metilmalônica), PA (acidemia propiônica), IVA (acidemia isovalérica), MCD (deficiência múltipla de carboxilase). Sinais clínicos e Etiologia das Doenças Metabólicas • Tipo II b: Distúrbio Neurológico tipo deficiência energética com sinais hepáticos: Doenças mais freqüentes: GA II (acidúrias glutárica), CPT II (carnitina palmital transferase II), LCAD (deficiência de acilcoenzima A desidrogenasse de cadeia longa), HMGcoaliase (coenzima A 3metil-glutaril-3hidroxi). • TIPO III: Distúrbio Neurológico tipo deficiência energética com taquipnéia e hipotonia: Doenças mais freqüentes: Acidose Láctica Congênita (PC, PDH, Ciclo Krebs, Cadeia Respiratória), MCD (deficiência múltipla de carboxilase). Sinais clínicos e Etiologia das Doenças Metabólicas • TIPO IV a: Distúrbio neurológico tipo intoxicação com sinais hepáticos: Doenças mais freqüentes: Doenças do Ciclo da Uréia, HHH (homocitrulinúria, hiperamonemia e hiperornitinemia), Defeitos da oxidação de ácidos graxos (GA II, CPT II, LCAD, LCHAD). • TIPO IV b: Distúrbio Neurológico tipo convulsões e mioclonias: Doenças mais freqüentes: NKH(hiperglicinemia não cetótica), SO-XO (sulfite oxidase e xantine oxidase). Sinais clínicos e Etiologia das Doenças Metabólicas • TIPO IV c: Doenças de acúmulo, fácies grosseira, hepatoesplenomegalia, ascite, hidropisia neonatal, macroglossia, mancha vermelha cereja, linfócitos vacuolados: Doenças mais freqüentes: GMI (gangliosidose), ISSD (sialidose tipo I), Doença de Gauche, Niemann-Pick tipo C, Mucopolissacaridose tipo VII, Galactosialidose, Sialúria. Sinais clínicos e Etiologia das Doenças Metabólicas • TIPO V a: Hepatomegalia e Hipoglicemia: Doenças mais freqüentes: Glicogenose tipo I e III, Deficiência difosfatase frutose. • Tipo V b: Hepatomegalia, Icterícia e Insuficiência Hepática: Doenças mais freqüentes: Intolerância hereditária a frutose, Galactosemia, Tirosenemia tipo I, Hemocromatose neonatal, Doença de Wilson, Alfa-1antitripsina, Doença de cadeia respiratória. Investigação Laboratorial de EIM • Sangue: - *congelar 5ml de plasma heparinizado Hemograma Glicemia Na, K, Cl Ca Mg Gasometria Ânion-Gap CK, CK-MB, LDH - Lactato Amônia TGO, TGP, GGT Lipidograma Uréia, Creatinina Ácido Úrico Aminoácidos plasmáticos Investigação Laboratorial de EIM • Urina: *congelar 10ml de urina – Parcial (pH, densidade, corpos cetônicos) – Triagem para EIM Substâncias redutoras (Benedict e Glicose Oxidase) Pesquisa de cetoácidos (Dinitrofenilhidrazina) Pesquisa de sulfitos (Sulfitest) – Cromatografia de aminoácidos – Quantificação de açúcares e ácidos orgânicos Conduta • Evitar as conseqüências fisiopatológicas do defeito genético em vias metabólicas específicas; • O tratamento deve ser iniciado mesmo antes do diagnóstico definitivo; • As primeiras 48 a 72 horas representam um período crítico em que deve ser instalado um tratamento agressivo para se evitar as seqüelas neurológicas e mesmo o óbito. Conduta • Controle do acúmulo de substrato: Aminoacidopatias , Organoacidopatias, Galactosemia com retirada do aminoácido específico ou da galactose da dieta • Controle da produção: distúrbio do ciclo da uréia com suspensão temporária da alimentação proteica . • Aceleração da remoção: Hiperamonemia removida com diálise peritonial ou hemodiálise nos casos mais graves . • Reposição de Produto deficiente: nas Hiperplasias adrenais e no Hipotireoidismo. Conduta • Reposição de Vitamina ou Co-fator deficiente: – Na deficiência de Biotinidase, o uso de biotina, co-fator das Holocarboxilases reverte o quadro convulsivo, as lesões cutâneas e a acidose. – O uso de vitamina B12, cianocobalamina por deficiência de enzimas mitocondriais dependentes de B12 reverte o quadro. – O uso de Piridoxina ou vitamina B6 é tanto para os casos de homocistinúria quanto para as convulsões neonatais dependentes de Piridoxina • Reposição de produto gênico : – Reposição enzimática específica como na doença de Gaucher , nas Mucopolissacaridoses Conduta RESUMINDO – após coleta dos exames: • Suspensão da ingesta protéica • Infusão de soro glicosado 10% • Iniciar coquetel de Megavitaminas • Contactar o Serviço de Genética para avaliação do quadro específico e orientação do coquetel de Megavitaminas • Encaminhar família ao ambulatório de Genética para orientação e Aconselhamento Genético • Neuroimagem Conduta Coquetel de Megavitaminas: – – – – – – Tiamina = 600mg /dia Biotina = 40mg/dia Riboflavina =50mg/dia L-Carnitina =50 a 100mg/kg/dia Cianocobalamina = 500ug /dia ou 2 vezes por semana IM Piridoxina =600 a 900 mg/dia • Administração via oral ou endovenosa • Coquetel de co-fatores enzimáticos com megadoses de vitaminas • Não apresenta contra-indicações • É capaz de corrigir alguns EIM específicos, melhorando o prognóstico. E agora, qual provável erro do metabolismo? RN de parto normal a termo, Apgar de 9/10 • 3º dia de vida evolui com vômitos, distensão abdominal, desconforto respiratório (hemograma, PCR, Rx de abdomen, gasometria, eletrólitos, anion gap) Introduz antibiótico Evolução: Tremores/Convulsões Choque Coma Óbito Agora fixando..... Formas de Apresentação Clínica • Primeira forma: RN alimentou bem COMA ( acúmulos de metabólitos tóxicos: leucinose) • Segunda forma: Comprometimento neurológico logo ao nascer (deficiência energética:distúrbios de beta oxidação mitocondrial) • Terceira forma: Hipoglicemia/ alterações das funções hepáticas (Glicogenose) Resultado final do teste do pezinho ampliado: LEUCINOSE (Doença do Xarope de Bordo) Feferbaum,1994 Erros Inatos do Metabolismo no Período Neonatal: Abordagem ... Doença do Xarope de Bordo Folha de Bordo “Maple” Sinonímia • • • • Doença do xarope de bordo Doença da urina em xarope de ácer Doença da urina em xarope de bordo Leucinose Classificação Erros Inatos do Metabolismo • Grupo I: Erros inatos do metabolismo intermediário que culminam em intoxicação aguda ou crônica Grupo II: Deficiência na produção ou utilização de energia Grupo III: Distúrbios de síntese ou catabolismo de moléculas complexas Definição • Menkes, Hurst e Craig em 1954 • Desordem autossômica recessiva – mais de 150 mutações • Erro inato do metabolismo grupo 1 Deficiência da enzima desidrogenase de cetoácidos de cadeia ramificada, resultando em acúmulo dos aminoácidos leucina, isoleucina e valina Incidência • A sua incidência na população geral é de cerca de 1:120.000 - 1: 500.000 nascimentos. • Pensilvânia– EUA : incidência aumentada na população de menonitas (1:200) • Casamentos consanguíneos –Turquia (1: 50.000) • • • • Apresentação clínica Doença do xarope de bordo Acidemia isovalérica Acidemia propiônica Acidemia metilmalônica ***Bioquímica/ Clinicamente semelhantes*** Apresentação Clínica • 1. Forma severa de início no período neonatal • 2. Forma recorrente e aguda, de início tardio • 3. Forma crônica, progressiva • 4. Forma assintomática (detecção na triagem neonatal ampliada) Forma Severa Neonatal • Encefalopatia tóxica (acúmulo de metabólitos tóxicos) • Cetose/ Cetoacidose • 75% dos casos • Atividade enzimática 2% Forma Severa Neonatal Cenário típico: • RNT, sem antecedentes relevantes na gestação e parto • Período assintomático (horas – semanas) • Deterioração do estado clínico sem causa aparente Forma Severa Neonatal recusa alimentar e sonolência seguidos por estado comatoso inexplicável Soluço, apnéia, bradicardia, hipotermia Tônus muscular alterado, movimentos involuntários Opstótono, movimentos de pedalar, boxe, elevação lenta das extremidades (espontâneo ou após estimulação) Edema cerebral, abaulamento de fontanela (diagnóstico diferencial: infecção de SNC) Forma Severa Neonatal Hipotonia axial e hipertonia dos membros, com tremores de alta amplitude ( diagnóstico diferencial:convulsão) Outros sintomas: desidratação , hepatomegalia discreta Convulsão (tardias) EEG: padrão surto-supressão Forma tardia Apresentação aguda e recorrente • ¼ dos pacientes • Período assintomático: > 1 ano (adolescência/ idade adulta) • Evolução em crises -Estresse metabólico -Quadro infeccioso -Aumento do consumo de alimentos ricos em proteína Forma tardia Apresentação aguda e recorrente • • • • • Apresentação Neurológica Ataques recorrentes de letargia/ coma com ataxia Cetoacidose pode estar presente Hipoglicemia Sintomas focais: hemiplegia, hemianopsia, edema cerebral (mimetizando encefalite, AVC, TU) Subdiagnóstico: ataxia, episódios inexplicados de desidratação, anorexia, vômitos, failure to thrive, hipotonia, atraso de DNPM, Forma tardia Apresentação aguda e recorrente Forma Hepática • Reye-Síndrome like : Coma, edema cerebral, hepatomegalia, disfunção hepática, hiperamonemia • Atividade enzimática da apresentação: 3-30% Forma progressiva Crônica Apresentação Gastro-intestinal • Anorexia, vômitos recorrentes, failure to thrive, osteoporose - inespecíficos • Subdiagnóstico: DRGE , ALV, Doença Celíaca, intolerância à frutose. Forma progressiva Crônica Apresentação Neurológica • Hipotonia, fraqueza muscular, diminuição de massa muscular (mimetiza miopatia), retardo de DNPM, demência, convulsões. Características específicas Doença do Xarope de Bordo • Odor característico da urina: doce, caramelo • Exames laboratoriais: alterações discretas • Desidratação leve • Não há acidose metabólica • Não há hiperamonemia / aumento discreto (<130mml/l) • Não há aumento do lactato • Hemograma normal • Exames laboratoriais Denitrofenilhidrazina na urina – realizar 1x ao dia (controle da concentração de aa de cadeia rfamificada) • Níveis séricos elevados de leucina, isoleucina e valina por análise quantitativa de aminoácidos (cromatografia de aminoácidos) Complicações A)Neurológicas: • Edema cerebral e morte • Desmielinização ( controle bioquímico) (redução da densidade da substância branca, comhipomielinização/desmielinização) B)Dermatológicas • Descamação superficial, alopecia, ulceração córnea (diagnóstico diferencial: síndrome da pele escaldada estafilocócica, epidermólise bolhosa, acrodermatite enteropática Complicações Dermatológicas Acrodermatite enteropática Tratamento Princípios: 1) Inibição do catabolismo protéico 2)Manutenção da síntese de proteínas 3)Prevenção da deficiência de aminoácidos essenciais, possível por meio de ingestão de proteína na forma de hidrolisado de aminoácidos sem leucina, isoleucina e valina (aminoácidos de cadeia ramificada) – fórmulas metabólicas Product Age Characteristics msud 1-mix 0 - 1 year infant formula msud 1 0 - 1 year amino acid mixture msud 2-prima toddlers and children over 1 amino acid mixture year msud 2-secunda children and adolescents over 9 years amino acid mixture msud 2 children, adolescents and adults over 1 year amino acid mixture msud 3-advanta adolescents and adults over amino acid mixture 15 years www.milupa-metabolics.com Tratamento • Forma Neonatal: retirada do metabólito tóxico (hemodiálise/ hemofiltração / peritoneal) • Restrição dietética: limitar a produção de ácidos orgânicos e seus metabólitos • Proteína natural: restrição (1/2 – 1/10 da recomendação habitual) • Ovo, carne, derivados do leite são evitados Seguimento • Avaliação metabólico/nutricional: Semanal no primeiro mês de vida Mensal até primeiro ano de vida • Desequilíbrio metabólico (febre, vômito, diarréia) – apatia, ataxia, alucinações, hipoglicemia, convulsões – catabolismo **Tratamento: suspender proteína natural, aumentar ingesta calórica, fórmula específica Triagem Neonatal Ampliada • espectrômetro de massas – detecção de aminoacidopatias Referências Bibliográficas • Doenças Metabólicas Hereditárias - Dra. Mara Lúcia Ferreira - Médica Neuropediatra responsável pelos ambulatórios de bebê de risco e erros inatos do metabolismo da Unidade de Neurologia Infantil do Hospital Pequeno Príncipe (UNIPP). Doenças Metabólicas Hereditárias • Cardoso MTO. Erros inatos do metabolismo. In. Margotto PR. Assistência ao recém-nascido de risco, ESCS, Brasília,2011 (no prelo) Jardim LB, Ashton-Prolla. Erros inatos do metabolismo em crianças e recém-nascidos agudamente enfermos: guia para seu diagnóstico e manejo. J Pediatr (Rio J.) 1996; 72:63-70. Erros inatos do metabolismo em crianças e recém-nascidos ... • • • Souza Carolina F. Moura de, Schwartz Ida Vanessa, Giugliani Roberto. Triagem neonatal de distúrbios metabólicos. Ciênc. saúde coletiva [serial on the Internet ]. 2002 [cited 2011 Sep 25] ; 7(1): 129-137 Triagem neonatal de distúrbios metabólicos Neonatal screening of • • ... Husny Antonette Souto El, Fernandes-Caldato Milena Coelho. Erros inatos do metabolismo: revisão de literatura. Rev. Para. Med. [periódico na Internet]. 2006 Jun [citado 2011 Set 25] ; 20(2): 41-45. Revista Paraense de Medicina - Erros inatos do metabolismo ... Erros Inatos do Metabolismo - Abordagem Clínica, 2ª edição – Profa. Dra. Ana Maria Martins Diretora do Centro de Referência em Erros Inatos do Metabolismo do Centro de Genética Médica da UNIFESP. MONOGRAFIA DE ERROS INATOS Consultem! Erros inatos do metabolismo Autor(es): Maria Teresinha de Oliveira Cardoso LEUCINOSE NUCLEO DE GENETICA Dra. Maria Teresinha de Oliveira Cardoso MENSAGENS • O diagnóstico clínico dos Erros Inatos do Metabolismo (EIM) deve ser levado em conta quando estivermos frente a um recém-nascido com o estado geral comprometido para o qual não há explicação convincente • É clinicamente semelhante a sepse e síndromes colestáticas • O diagnóstico precoce é crítico para o prognóstico da doença para as quais existe tratamento disponível (se não reconhecido, pode ser devastador para a criança e pais para futuras gestações) • Quando estes recém-nascidos morrem, a causa acaba sendo sempre atribuído a sepse. Os achados da anatomia patológica são inespecíficos Feferbaum,1994;Martins, 2011 TODO RECÉM-NASCIDO DEVE REALIZAR O TESTE DO PEZINHO AMPLIADO NAS PRIMEIRAS 24-48 HORAS DE VIDA OBRIGADO! Dr. Sérgio, Dra. Teresinha, Dr. Raulê. Dr.Paulo R. Margotto, Dda Natália, Dda Mariana, Dr. Romina, Dra. Giselle, Dda Daniella OBRIGADO! Dr. Sérgio H. Veiga (Neurologista), Dra. Teresinha de Oliveira Cardoso (Geneticista) Dr. Raulê de Almeida e Dr. Paulo R. Margotto (Neonatologistas)