Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
Hospital Regional da Asa Sul (HRAS)
Unidade de Neonatologia do HRAS
Sessão de Anatomia Clínica
Erro Inato do Metabolismo
(Leucinose)
Apresentação: Natália Bardal (R3); Dda. Daniella R.
Gonçalves, Dda. Mariana Campos Reis
Coordenadores: Dra. Maria Teresinha de Oliveira Cardoso
(Geneticista) e Dr. Paulo R. Margotto
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 28/09/2011
Dda Daniella, Dra. Natália, Dr. Paulo R. Margotto e Dda Mariana
História Clínica
• DATA: 10/06/2011
Unidade: HRSM
• IDENTIFICAÇÃO: RN do sexo feminino , 3 dias
de vida, natural e procedente de Santa Maria –
DF.
• QUEIXA PRINCIPAL: “vômitos” há 1 dia.
História Clínica
• HDA: RN nascido de parto normal, a termo, IG: 38 semanas
(CAPURRO), peso ao nascer 3182g, AIG, APGAR: 9 – 10,
encaminhado ao ALCON em boas condições clínicas. No
terceiro dia de vida apresentou quadro de vômitos, distensão
abdominal , hipoatividade e leve desconforto respiratório.
• ANTECEDENTES:
Mãe, 24 anos, G:1 P: 1 A: 0
Realizou 9 consultas pré natais.
Sorologias 3°trim. : sífilis, HIV, HTLV, HBV, TORCH negativas.
Vulvovaginite persistente durante a gestação.
Exames
• Ao exame físico: REG, hidratada, corada, acianótica, anictérica, afebril,
taquipnéica, FR: não registrada.
ACV: RCR, 2T, BNF, sem sopros. FC: 136 bpm
AR: MVF, presença de leve retração de fúrcula esternal , sem RA.
Abd: globoso, algo distendido, RHA+, sem massas ou VMG.
Ext.: sem edema, bem perfundidas.
SNC: fontanelas planas e normotensas, ausência de sinais focais.
Genitália: sem alterações
•



Realizado investigação infecciosa e radiológica:
Hemograma completo normal
PCR normal
Rx de abdome: distensão gástrica importante com diminuição de gás no
intestino.
Evolução
• Avaliação CIPE: evidência de débito bilioso em
SOG e eliminação de mecônio
• HD: obstrução gastroduodenal parcial
• CD: dieta zero + hidratação venosa
• ATB: ampicilina + gentamicina por suspeita de
broncoaspiração
• Em 12/06 admitido UTIN – HRSM para
monitorização, aporte venoso e pré-operatório.
10.06.11 12.06.11 14.06.11
Hgb
15,6
16,3
Hct
48 %
48,5%
Leuc.
10200
5800
Neut.
77 %
63%
Plq.
277000
237000
Exames
BT
4,7
7,5
BI
3,8
7,0
BD
0,9
0,5
Ca
7,7
6,3
Mg
2,6
2,1
Glic.
138
Na
131
148
137
K
6,2
4,8
6,0
Cl
102
113
105
PCR
0,58
0,43
TAP
24,5%
28,7%
TTPA
54”
54,9”
• Ecocardio: PCA e FOP
• Rx: sugestivo Membrana
Duodenal e Má rotação
intestinal.
CD: Aporte Ca e suspenso K
Evolução
• 14/6: tremores em MSD
• 15/6: ↓ Sat O2 , ↓ perfusão periférica,
hiperglicemia
• Hemoculturas: CGP
• CD: Expansão cristalóide, ↓ TIG, IOT
ATB: Cefepime e Vancomicina
Remoção UTIN do HRAS
UTIN – HRAS
• Permanece comatoso, em VM. Apresentando flapping
em membros e movimentos tônicos em face.
• Ao exame: icterícia zona II, fígado palpável a 2 cm RCD.
Pupilas mióticas e não fotorreagentes.
• CD: Prescrito fenobarbital
Mantido antibioticoterapia.
Solicitado parecer neuropediatria e genética.
15.06.11
16.06.11
Hgb / Hct
15 / 41,3%
15 / 40,8 %
14 / 39,4%
Leuc
4630
5970
1470
Segm.
51
66
11
Bastões
04
04
01
I/T
0,072
0,057
0,083
Plaq
138.000
112.000
21.000
TGO
100
124
94
116
TGP
40
52
61
32
Ur
31
25
43
35
Creat
0,8
0,8
0,9
0,9
Na
129
140
126
125
126
K
4,1
4,6
5,1
4,6
3,9
Mg
1,4
2,8
1,6
1,0
2,3
104
88
86
88
Cl
17.06.11
19.06.11
20.06.11
Ca
6,7
8,4
7,6
5,2
7,8
BT
9,84
10,66
9,44
5,03
3,20
10,11
8,61
4,00
0,55
0,83
0,92
BI
BD
0,79
Gasometria arterial
15.06.11
16.06.11
18.06.11
19.06.11
20.06.11
ph
7,49
7,47
7,29
7,247
7,26
pO2
198
210
85,5
81,7
94
pCO2
19,9
18
41,9
24,9
24
HCO3
19,6
12,9
19,1
13,1
10,4
BE
-7,7
- 8,4
-6,1
-15,4
-15,1
SO2
99,8
99
97
96,3
Hb
13,8
13,6
13,6
Lac
2,8
1,5
2,7
24
30,5
AG
27,7
31,5
E.A.S
EAS
19.06.11
Ph
5
Densid.
1030
Prot.
+
Glicose
++
Acetona
+
Hgb
+++
CED
Raros
Leuco.
5 p/c
Hc.
20 p/c
Cilindros
++
Flora
+
muco
++
Exames complementares
• Punção lombar (15/6): LCR normotenso e amarelo
citrino
• Ecotransfontanela (15/6): normal
• EED (17/06): sem sinais obstrutivos e sem certeza
quanto a ausência de má rotação. Considerar
possibilidade de atonia gástrica
• Ecocardio (18/06): Hipertensão pulmonar importante,
PCA, FOP
• Parecer Genética (20/06): triagem neonatal no papel
filtro,manter correção do bicarbonato, BQ urinária,
dosar Imunoglobulinas, prescrito megavitaminas
Evolução
•
20/06: RN mal perfundido, com bradicardia,
mosqueamento de pele e edemaciado.
• Iniciado drogas vasoativas , push de gluconato de
cálcio e sulfato de magnésio e concentrado de
hemácias e plaquetas.
• Evolui com coma progressivo, insuficiência
respiratória e PCR, sendo constatado óbito ás 20h
35min.
Lista de problemas
• Vômitos, distensão abdominal , letargia,
desconforto respiratório, tremores em MSD.
• Hepatomegalia
• Hiperbilirrubinemia
• Hiponatremia, Hipomagnesemia, Hipocalcemia
• Alterações hematológicas
• Alterações urinárias
• Acidose metabólica (AG elevado)
Hipóteses Diagnósticas
Hipóteses Diagnósticas
• Obstrução intestinal parcial ?
• Meningite ? Sepse ?
• Erros Inatos do Metabolismo ?
- Acidemia orgânica
- Defeito de β- oxidação de ácidos graxos
- Aminoacidopatias
AUTÓPSIA/A67
Macroscopia
Sessão de Anatomia Clínica
Macroscopia:
• Abertura das cavidades: derrame pleural citrino; hematoma
próximo ao manubro
• Coração: tamanho e forma habituais; câmaras concordantes;
hematoma em VE
• Pulmão: superfície pleural enegrecida com rendilhado
linfático
• Fígado: aumento de tamanho(2,5cm abaixo da RCD e 4cm
abaixo do AX)
• Baço: tamanho habitual
• Trato digestivo: tumoração em íleo direito, a 65 cm da válvula
íleo-cecal; rotura de delgado (fezes impactadas); aderência
intestinal na parede gástrica
Diagnóstico: septicemia; rotura de delgado
DISCUSSÃO:
QUAL ERRO INATO DO
METABOLISMO?
Vamos recordar!!!!!
Erros Inatos do Metabolismo
(Garrot,1908)
• Erros inatos do metabolismo (EIM) são mutações
em genes contidos no DNA
recebido dos
progenitores
que
codificam
moléculas
metabolicamente ativas, determinado alterações
anatômicas e funcionais.
• Essa Herança pode ser recessiva ou dominante,
autossômica ou ligada ao X, ou ser transmitida pelo
DNA mitocondrial (sempre materno)
Erros Inatos do Metabolismo
•
•
•
•
Existem mais de 500 tipos
A incidência cumulativa é de 1:5.000 (isoladamente são raras)
10% das patologias genéticas decorrem de EIM
A maioria é autossômica recessiva
Herança autossômica recessiva
(progenitores portadores, risco de
recorrência de 25%)
Herança recessiva ligada ao X
(mãe portadora, 50 % dos filhos
do sexo masculino afetados,
50% das filhas portadoras)
Herança autossômica dominante
(um dos progenitores portador,
risco de 50 % dos filhos serem
afetados, com igual distribuição
entre os sexos)
Erros Inatos do Metabolismo
• São a causa das doenças metabólicas hereditárias
• A grande maioria dos EIM envolve anormalidades
nas enzimas e proteínas de transporte.
• Grupo de doenças geneticamente determinadas,
decorrente da deficiência em alguma via metabólica
que está envolvida na síntese (anabolismo),
transporte ou na degradação (catabolismo) de uma
substância, acarretando acúmulo de substrato ou
deficiência de um produto.
Classificação Fisiopatológica
(Fernades, Saudubray et al, 2006)
• Grupo I: Erros inatos do metabolismo intermediário
 Aminoacidopatias
 Acidemias orgânicas
 Defeitos do Ciclo da uréia
 Intolerâncias aos açúcares

–
–
–
Características clínicas:
intervalos livres de sintomas
relação evidente com o aporte alimentar
intoxicação aguda e recorrente ou crônica e progressiva
Classificação Fisiopatológica
• Grupo II: Deficiência na produção ou uso de energia
 Glicogenoses
 Hiperlacticemias congênitas
 Doenças mitocondriais da cadeia respiratória
 Defeitos na beta-oxidação de ácidos graxos
 Características clínicas:
– alterações de produção ou consumo energético
(comprometem fígado, miocárdio, músculos e cérebro)
– retardo de crescimento, hipoglicemia, hipotonia
generalizada, miopatia, insuficiência cardíaca e morte
súbita
Classificação Fisiopatológica
• Grupo III: Distúrbios de síntese ou catabolismo de
moléculas complexas
 Doenças lisossomais
 Doenças peroxissomais
 Defeitos de Glicosilação
 Deficiência de alfa1-antitripsina
 Defeitos na síntese do colesterol
 Características clínicas:
– Sintomas permanentes que se acentuam (fácies grosseira,
visceromegalias, alterações hematológicas, alterações
ósseas progressivas e neurodegeneração)
Sintomas agudos no período
neonatal
Identificação da criança de risco
• Sinais e elementos invocadores:
– antecedentes familiares
abortos de repetição
mortes neonatais inexplicáveis
consangüinidade
– intervalo neonatal livre de sintomas
– deterioração progressiva sem causa aparente
– não responsividade à terapia sintomática
Sintomas agudos no período
neonatal
• Sinais clínicos inespecíficos:
– alteração do estado geral
– desidratação
– transtorno neurológico (hipotonia, sonolência,
letargia, coma, convulsões,...)
– transtornos digestivos (recusa alimentar, sucção
débil, vômitos, dor abdominal, diarréia...)
– transtornos respiratórios (taquipnéia, bradipnéia,
apnéia, desconforto respiratório...)
*A presença de uma infecção não descarta a coexistência de um EIM, já que o
EIM desencadeia a mesma sintomatologia.
Sintomas agudos no período
neonatal
• Sinais clínicos específicos:
– deterioração neurológica rápida e progressiva
(alteração de consciência, tônus, movimentos
anormais, alteração especial EEG)
– odor especial no hálito ou urina
– miopatias, cardiomiopatias
– dismorfia crânio facial
– apresentação essencial como doença hepática
(hepatomegalia, icterícia, vômitos, letargia,
alteração da função hepática)
Sintomas agudos no período
neonatal
• 1-Deterioração Neurológica - é a apresentação mais comum na Leucinose,
no Ciclo da Uréia. O tratamento iniciado imediatamente evita seqüela
cerebral.
• 2-Insuficiência Hepática - Icterícia prolongada - Galactosemia,
intolerância à frutose e Tirosinemia tipo I. Seu controle é emergencial.
• 3-Hipoglicemia – especialmente nos três grupos de doenças:
Hiperinsulinismo, Glicogenoses e Defeitos da Beta-oxidação mitocondrial.
• 4-Insuficiência Cardíaca - doença cardíaca tratável no recém nascido; é
característica marcante nos defeitos da beta-oxidação mitocondrial.
• 5-Hiperlacticemia primária – associada ao déficit energético celular, pode
apresentar resposta com uso de Vitaminas / Cofatores em alguns
defeitos.
• 6-Convulsões intratáveis - nesses casos deve-se sitematicamente tentar o
uso de Piridoxina ou piridoxal fosfato, ácido folínico ou biotina.
• 7-Distúrbio do equilíbrio Acido-básico - nas Acidemias orgânicas e Ciclo
da Uréia.
Sinais clínicos e Etiologia das
Doenças Metabólicas
• TIPO I: Distúrbio Neurológico tipo intoxicação
com cetose: Doença mais freqüente: MSUD (leucinose).
• TIPO II a: Distúrbio Neurológico tipo
intoxicação com desidratação: Doenças mais
freqüentes: MMA (acidemia metilmalônica), PA (acidemia
propiônica), IVA (acidemia isovalérica), MCD (deficiência
múltipla de carboxilase).
Sinais clínicos e Etiologia das
Doenças Metabólicas
• Tipo II b: Distúrbio Neurológico tipo
deficiência energética com sinais hepáticos:
Doenças mais freqüentes: GA II (acidúrias glutárica), CPT II
(carnitina palmital transferase II), LCAD (deficiência de
acilcoenzima A desidrogenasse de cadeia longa), HMGcoaliase (coenzima A 3metil-glutaril-3hidroxi).
• TIPO III: Distúrbio Neurológico tipo deficiência
energética com taquipnéia e hipotonia:
Doenças mais freqüentes: Acidose Láctica Congênita (PC, PDH,
Ciclo Krebs, Cadeia Respiratória), MCD (deficiência múltipla de
carboxilase).
Sinais clínicos e Etiologia das
Doenças Metabólicas
• TIPO IV a: Distúrbio neurológico tipo
intoxicação com sinais hepáticos: Doenças
mais freqüentes: Doenças do Ciclo da Uréia, HHH
(homocitrulinúria, hiperamonemia e hiperornitinemia),
Defeitos da oxidação de ácidos graxos (GA II, CPT II, LCAD,
LCHAD).
• TIPO IV b: Distúrbio Neurológico tipo
convulsões e mioclonias: Doenças mais freqüentes:
NKH(hiperglicinemia não cetótica), SO-XO (sulfite oxidase e
xantine oxidase).
Sinais clínicos e Etiologia das
Doenças Metabólicas
• TIPO IV c:
Doenças de acúmulo, fácies grosseira,
hepatoesplenomegalia, ascite, hidropisia
neonatal, macroglossia, mancha vermelha
cereja, linfócitos vacuolados:
Doenças mais freqüentes: GMI (gangliosidose), ISSD (sialidose
tipo I), Doença de Gauche, Niemann-Pick tipo C,
Mucopolissacaridose tipo VII, Galactosialidose, Sialúria.
Sinais clínicos e Etiologia das
Doenças Metabólicas
• TIPO V a: Hepatomegalia e Hipoglicemia:
Doenças mais freqüentes: Glicogenose tipo I e III, Deficiência
difosfatase frutose.
• Tipo V b: Hepatomegalia, Icterícia e
Insuficiência Hepática: Doenças mais freqüentes:
Intolerância hereditária a frutose, Galactosemia, Tirosenemia
tipo I, Hemocromatose neonatal, Doença de Wilson, Alfa-1antitripsina, Doença de cadeia respiratória.
Investigação Laboratorial de EIM
• Sangue:
-
*congelar 5ml de plasma heparinizado
Hemograma
Glicemia
Na, K, Cl
Ca
Mg
Gasometria
Ânion-Gap
CK, CK-MB, LDH
-
Lactato
Amônia
TGO, TGP, GGT
Lipidograma
Uréia, Creatinina
Ácido Úrico
Aminoácidos
plasmáticos
Investigação Laboratorial de EIM
• Urina:
*congelar 10ml de urina
– Parcial (pH, densidade, corpos cetônicos)
– Triagem para EIM
Substâncias redutoras (Benedict e Glicose Oxidase)
Pesquisa de cetoácidos (Dinitrofenilhidrazina)
Pesquisa de sulfitos (Sulfitest)
– Cromatografia de aminoácidos
– Quantificação de açúcares e ácidos orgânicos
Conduta
• Evitar as conseqüências fisiopatológicas do
defeito genético em vias metabólicas
específicas;
• O tratamento deve ser iniciado mesmo antes
do diagnóstico definitivo;
• As primeiras 48 a 72 horas representam um
período crítico em que deve ser instalado um
tratamento agressivo para se evitar as
seqüelas neurológicas e mesmo o óbito.
Conduta
• Controle do acúmulo de substrato:
Aminoacidopatias , Organoacidopatias, Galactosemia
com retirada do aminoácido específico ou da
galactose da dieta
• Controle da produção: distúrbio do ciclo da uréia
com suspensão temporária da alimentação proteica .
• Aceleração da remoção: Hiperamonemia removida
com diálise peritonial ou hemodiálise nos casos mais
graves .
• Reposição de Produto deficiente: nas Hiperplasias
adrenais e no Hipotireoidismo.
Conduta
• Reposição de Vitamina ou Co-fator deficiente:
– Na deficiência de Biotinidase, o uso de biotina, co-fator
das Holocarboxilases reverte o quadro convulsivo, as
lesões cutâneas e a acidose.
– O uso de vitamina B12, cianocobalamina por deficiência de
enzimas mitocondriais dependentes de B12 reverte o
quadro.
– O uso de Piridoxina ou vitamina B6 é tanto para os casos
de homocistinúria quanto para as convulsões neonatais
dependentes de Piridoxina
• Reposição de produto gênico :
– Reposição enzimática específica como na doença de
Gaucher , nas Mucopolissacaridoses
Conduta
RESUMINDO – após coleta dos exames:
• Suspensão da ingesta protéica
• Infusão de soro glicosado 10%
• Iniciar coquetel de Megavitaminas
• Contactar o Serviço de Genética para avaliação do
quadro específico e orientação do coquetel de
Megavitaminas
• Encaminhar família ao ambulatório de Genética para
orientação e Aconselhamento Genético
• Neuroimagem
Conduta
Coquetel de Megavitaminas:
–
–
–
–
–
–
Tiamina = 600mg /dia
Biotina = 40mg/dia
Riboflavina =50mg/dia
L-Carnitina =50 a 100mg/kg/dia
Cianocobalamina = 500ug /dia ou 2 vezes por semana IM
Piridoxina =600 a 900 mg/dia
• Administração via oral ou endovenosa
• Coquetel de co-fatores enzimáticos com megadoses de
vitaminas
• Não apresenta contra-indicações
• É capaz de corrigir alguns EIM específicos, melhorando o
prognóstico.
E agora, qual provável erro do metabolismo?
RN de parto normal a termo, Apgar de 9/10
• 3º dia de vida evolui com vômitos, distensão abdominal, desconforto
respiratório
(hemograma, PCR, Rx de abdomen, gasometria, eletrólitos, anion gap)
Introduz antibiótico
Evolução:
Tremores/Convulsões
Choque
Coma
Óbito
Agora fixando.....
Formas de Apresentação Clínica
• Primeira forma: RN alimentou bem
COMA
( acúmulos de metabólitos tóxicos: leucinose)
• Segunda forma: Comprometimento
neurológico logo ao nascer
(deficiência energética:distúrbios de beta
oxidação mitocondrial)
• Terceira forma: Hipoglicemia/ alterações das
funções hepáticas
(Glicogenose)
Resultado final do teste do pezinho ampliado:
LEUCINOSE (Doença do Xarope de Bordo)
Feferbaum,1994
Erros Inatos do Metabolismo no Período Neonatal: Abordagem ...
Doença do Xarope de Bordo
Folha de Bordo
“Maple”
Sinonímia
•
•
•
•
Doença do xarope de bordo
Doença da urina em xarope de ácer
Doença da urina em xarope de bordo
Leucinose
Classificação
Erros Inatos do Metabolismo
•
Grupo I: Erros inatos do metabolismo
intermediário que culminam em intoxicação
aguda ou crônica

Grupo II: Deficiência na produção ou
utilização de energia

Grupo III: Distúrbios de síntese ou
catabolismo de moléculas complexas
Definição
• Menkes, Hurst e Craig em 1954
• Desordem autossômica recessiva – mais de
150 mutações
• Erro inato do metabolismo grupo 1
Deficiência da enzima desidrogenase de
cetoácidos de cadeia ramificada, resultando em
acúmulo dos aminoácidos leucina, isoleucina e
valina
Incidência
• A sua incidência na população geral é de cerca
de 1:120.000 - 1: 500.000 nascimentos.
• Pensilvânia– EUA : incidência aumentada na
população de menonitas (1:200)
• Casamentos consanguíneos –Turquia
(1: 50.000)
•
•
•
•
Apresentação clínica
Doença do xarope de bordo
Acidemia isovalérica
Acidemia propiônica
Acidemia metilmalônica
***Bioquímica/ Clinicamente semelhantes***
Apresentação Clínica
• 1. Forma severa de início no período neonatal
• 2. Forma recorrente e aguda, de início tardio
• 3. Forma crônica, progressiva
• 4. Forma assintomática (detecção na triagem
neonatal ampliada)
Forma Severa
Neonatal
• Encefalopatia tóxica
(acúmulo de metabólitos tóxicos)
• Cetose/ Cetoacidose
• 75% dos casos
• Atividade enzimática 2%
Forma Severa
Neonatal
Cenário típico:
• RNT, sem antecedentes relevantes na
gestação e parto
• Período assintomático (horas – semanas)
• Deterioração do estado clínico sem causa
aparente
Forma Severa
Neonatal
recusa alimentar e
sonolência seguidos por
estado comatoso
inexplicável
Soluço, apnéia, bradicardia,
hipotermia
Tônus muscular alterado,
movimentos involuntários
Opstótono, movimentos de
pedalar, boxe, elevação lenta
das extremidades
(espontâneo ou após
estimulação)
Edema cerebral,
abaulamento de fontanela
(diagnóstico diferencial:
infecção de SNC)
Forma Severa
Neonatal
Hipotonia axial e hipertonia dos
membros, com tremores de alta
amplitude ( diagnóstico
diferencial:convulsão)
Outros sintomas:
desidratação ,
hepatomegalia discreta
Convulsão (tardias)
EEG: padrão surto-supressão
Forma tardia
Apresentação aguda e recorrente
• ¼ dos pacientes
• Período assintomático: > 1 ano (adolescência/
idade adulta)
• Evolução em crises
-Estresse metabólico
-Quadro infeccioso
-Aumento do consumo de alimentos ricos em
proteína
Forma tardia
Apresentação aguda e recorrente
•
•
•
•
•
Apresentação Neurológica
Ataques recorrentes de letargia/ coma com ataxia
Cetoacidose pode estar presente
Hipoglicemia
Sintomas focais: hemiplegia, hemianopsia, edema
cerebral (mimetizando encefalite, AVC, TU)
Subdiagnóstico: ataxia, episódios inexplicados de
desidratação, anorexia, vômitos, failure to thrive,
hipotonia, atraso de DNPM,
Forma tardia
Apresentação aguda e recorrente
Forma Hepática
• Reye-Síndrome like :
Coma, edema cerebral, hepatomegalia,
disfunção hepática, hiperamonemia
• Atividade enzimática da apresentação: 3-30%
Forma progressiva
Crônica
Apresentação Gastro-intestinal
• Anorexia, vômitos recorrentes, failure to
thrive, osteoporose - inespecíficos
• Subdiagnóstico: DRGE , ALV, Doença Celíaca,
intolerância à frutose.
Forma progressiva
Crônica
Apresentação Neurológica
• Hipotonia, fraqueza muscular, diminuição de
massa muscular (mimetiza miopatia), retardo
de DNPM, demência, convulsões.
Características específicas
Doença do Xarope de Bordo
• Odor característico da urina: doce,
caramelo
• Exames laboratoriais: alterações discretas
• Desidratação leve
• Não há acidose metabólica
• Não há hiperamonemia / aumento
discreto (<130mml/l)
• Não há aumento do lactato
• Hemograma normal
•
Exames laboratoriais
Denitrofenilhidrazina na urina – realizar 1x
ao dia (controle da concentração de aa de
cadeia rfamificada)
• Níveis séricos elevados de leucina, isoleucina
e valina por análise quantitativa de
aminoácidos (cromatografia de aminoácidos)
Complicações
A)Neurológicas:
• Edema cerebral e morte
• Desmielinização ( controle bioquímico)
(redução da densidade da substância branca,
comhipomielinização/desmielinização)
B)Dermatológicas
• Descamação superficial, alopecia, ulceração córnea
(diagnóstico diferencial: síndrome da pele escaldada
estafilocócica, epidermólise bolhosa, acrodermatite
enteropática
Complicações
Dermatológicas
Acrodermatite
enteropática
Tratamento
Princípios:
1) Inibição do catabolismo protéico
2)Manutenção da síntese de proteínas
3)Prevenção da deficiência de aminoácidos
essenciais, possível por meio de ingestão de
proteína na forma de hidrolisado de
aminoácidos sem leucina, isoleucina e valina
(aminoácidos de cadeia ramificada) – fórmulas
metabólicas
Product
Age
Characteristics
msud 1-mix
0 - 1 year
infant formula
msud 1
0 - 1 year
amino acid mixture
msud 2-prima
toddlers and children over 1 amino acid mixture
year
msud 2-secunda
children and adolescents
over 9 years
amino acid mixture
msud 2
children, adolescents and
adults over 1 year
amino acid mixture
msud 3-advanta
adolescents and adults over amino acid mixture
15 years
www.milupa-metabolics.com
Tratamento
• Forma Neonatal: retirada do metabólito
tóxico (hemodiálise/ hemofiltração /
peritoneal)
• Restrição dietética: limitar a produção de
ácidos orgânicos e seus metabólitos
• Proteína natural: restrição (1/2 – 1/10 da
recomendação habitual)
• Ovo, carne,
derivados do leite são evitados
Seguimento
• Avaliação metabólico/nutricional:
Semanal no primeiro mês de vida
Mensal até primeiro ano de vida
• Desequilíbrio metabólico (febre, vômito,
diarréia) – apatia, ataxia, alucinações,
hipoglicemia, convulsões – catabolismo
**Tratamento: suspender proteína natural,
aumentar ingesta calórica, fórmula específica
Triagem Neonatal Ampliada
• espectrômetro de massas – detecção de
aminoacidopatias
Referências Bibliográficas
•
Doenças Metabólicas Hereditárias - Dra. Mara Lúcia Ferreira - Médica Neuropediatra
responsável pelos ambulatórios de bebê de risco e erros inatos do metabolismo da Unidade de
Neurologia Infantil do Hospital Pequeno Príncipe (UNIPP). Doenças Metabólicas Hereditárias
•
Cardoso MTO. Erros inatos do metabolismo. In. Margotto PR. Assistência ao recém-nascido de
risco, ESCS, Brasília,2011 (no prelo)
Jardim LB, Ashton-Prolla. Erros inatos do metabolismo em crianças e recém-nascidos
agudamente enfermos: guia para seu diagnóstico e manejo. J Pediatr (Rio J.) 1996; 72:63-70.
Erros inatos do metabolismo em crianças e recém-nascidos ...
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Souza Carolina F. Moura de, Schwartz Ida Vanessa, Giugliani Roberto. Triagem neonatal de
distúrbios metabólicos. Ciênc. saúde coletiva [serial on the Internet ].
2002 [cited 2011 Sep 25] ; 7(1): 129-137 Triagem neonatal de distúrbios metabólicos
Neonatal screening of
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Husny Antonette Souto El, Fernandes-Caldato Milena Coelho. Erros inatos do metabolismo:
revisão de literatura. Rev. Para. Med. [periódico na Internet]. 2006 Jun [citado 2011 Set 25]
; 20(2): 41-45. Revista Paraense de Medicina - Erros inatos do metabolismo ...
Erros Inatos do Metabolismo - Abordagem Clínica, 2ª edição – Profa. Dra. Ana Maria Martins Diretora do Centro de Referência em Erros Inatos do Metabolismo do Centro de Genética
Médica da UNIFESP. MONOGRAFIA DE ERROS INATOS
Consultem!
Erros inatos do metabolismo
Autor(es): Maria Teresinha de Oliveira
Cardoso
LEUCINOSE
NUCLEO DE GENETICA
Dra. Maria Teresinha de Oliveira
Cardoso
MENSAGENS
• O diagnóstico clínico dos Erros Inatos do Metabolismo (EIM)
deve ser levado em conta quando estivermos frente a um
recém-nascido com o estado geral comprometido para o qual
não há explicação convincente
• É clinicamente semelhante a sepse e síndromes colestáticas
• O diagnóstico precoce é crítico para o prognóstico da doença
para as quais existe tratamento disponível (se não
reconhecido, pode ser devastador para a criança e pais para
futuras gestações)
• Quando estes recém-nascidos morrem, a causa acaba sendo
sempre atribuído a sepse. Os achados da anatomia patológica
são inespecíficos
Feferbaum,1994;Martins, 2011
TODO RECÉM-NASCIDO DEVE REALIZAR O TESTE DO PEZINHO
AMPLIADO NAS PRIMEIRAS 24-48 HORAS DE VIDA
OBRIGADO!
Dr. Sérgio, Dra. Teresinha, Dr. Raulê. Dr.Paulo R. Margotto, Dda Natália, Dda Mariana,
Dr. Romina, Dra. Giselle, Dda Daniella
OBRIGADO!
Dr. Sérgio H. Veiga (Neurologista), Dra. Teresinha de Oliveira Cardoso (Geneticista)
Dr. Raulê de Almeida e Dr. Paulo R. Margotto (Neonatologistas)
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Sessão de Anatomia Clínica: Leucinose