EIXO TEMÁTICO: ESPORTE Tema: O processo de esportivização Tópico 5 D: Esporte, lazer e sociedade - O processo de esportivização das práticas corporais: jogos, artes marciais, ginástica e dança Habilidades: Conhecer o processo de esportivização de outras práticas corporais e suas implicações. Esportivização, como o próprio nome indica, é o processo de transformação de certas práticas corporais em esporte institucionalizado. Hoje em dia, esse processo tem ampliado o número de modalidades esportivas em todo o mundo. Um exemplo disso é a capoeira, patrimônio cultural brasileiro, com o qual nos deparamos nas ruas e comunidades de inúmeras cidades brasileiras, tradicionalmente considerado um jogo com elementos de dança e de artes marciais, mas que já tem, em alguns lugares (como em São Paulo), tomado também a conotação de esporte de competição (tendo inclusive torneios oficiais, organizados por federações de capoeira). O pular corda é outro exemplo interessante. Uma atividade lúdica, inicialmente associada às crianças, hoje possui também uma vertente competitiva nos Estados Unidos em que há campeonatos nacionais de pular corda. A ginástica aeróbica, inicialmente uma modalidade de ginástica de academia, acabou também se tornando um esporte altamente competitivo. Quando uma prática corporal sofre o processo de esportivização, normalmente ela passa a existir em duas formas: a sua forma original, não esportiva (por exemplo, o jogar queimada como brincadeira), e em sua forma esportivizada (os campeonatos de queimada). Esse processo de esportivização atinge práticas corporais tão distintas quanto jogos e brincadeiras populares (em Belo Horizonte, já há torneio interescolares de queimada, por exemplo, para não citar o exemplo da peteca que já há muito foi esportivizada), artes marciais (quase todas elas, como o judô e o karatê, por exemplo, tem uma federação internacional e são parte do programa olímpico), ginásticas (com o exemplo óbvio da ginástica olímpica, mas também com as competições oficiais de ginástica aeróbica) e danças (freqüentemente ouvimos falar de concursos de dança, em que se utiliza o formato esportivo de definição de posições, entrega de medalhas, troféus e prêmios). Cabe ao professor de Educação Física problematizar, em suas aulas, essa esportivização generalizada de tantas práticas corporais, buscando possibilitar aos alunos a compreensão do porquê desse fenômeno e o entendimento das suas conseqüências (positivas e negativas, alterando sentidos e formas de práticas corporais diversas). O que podemos ensinar nesse tópico? Inicialmente, é importante definir o que é esportivização, citando exemplos de práticas corporais que já sofreram esse processo. Além disso, as discussões sobre essa temática devem levar os alunos a responder as seguintes questões: o que existe de comum nos processos de esportivização de diferentes práticas corporais? Que transformações nessas práticas são comuns quando sofrem a esportivização? Que tensões se estabelecem entre a prática corporal na sua forma original e a prática corporal esportivizada (por exemplo, a tensão entre a capoeira jogo e a capoeira esporte)? Por fim, é importante refletir sobre como o esporte atingiu uma influência tão grande sobre a sociedade, no caso específico das práticas corporais e também das atividades acadêmicas (as olimpíadas de matemática ou de química, por exemplo) e de atividades do nosso cotidiano. A questão seguinte é como ensinar esse tópico, levando os alunos a experimentarem, corporalmente, as duas possibilidades de uma prática corporal (a forma original e a forma esportivizada), permitindo perceber as diferenças entre ambas as formas. Assim, por exemplo, pode-se propor a realização de rodas de capoeira, em que se joga capoeira, num sentido mais tradicional dessa prática, mas também promover um mini-torneio de capoeira-esporte, utilizando regras oficiais de uma federação de capoeira. A comparação das duas formas de praticar a capoeira ou qualquer outra prática corporal pode possibilitar uma compreensão mais ampla e contextualizada do fenômeno da esportivização. Que tal realizar um exercício de esportivização nas aulas, criando regras unificadas e formas de competição para algumas práticas corporais ainda não esportivizadas? Essa estratégia pode contribuir para os alunos compreenderem como se dá esse processo em sua origem e que tipo de transformações ocorrem. Um grupo de alunos poderia, por exemplo, esportivizar a amarelinha, tendo como meta organizar um torneio interno dessa nova modalidade de esporte. Ao final do processo, toda a turma poderia avaliar essa esportivização fictícia, prevendo as possíveis conseqüências dessa ação. Pesquisar diferentes práticas corporais que tenham sido esportivizadas também pode ser um procedimento interessante, pois contribui para o conhecimento da dimensão desse fenômeno, seu alcance e as conseqüências reais para diferentes práticas corporais. Terão sido extintas as formas originais de certas práticas em benefício da prática exclusiva da sua forma competitiva? Terá o sentido das práticas esportivizadas mudado completamente? A esportivização de uma prática corporal contribui para o aumento ou diminuição da motivação para sua prática? Terá a esportivização contribuído para a popularização de alguma prática corporal? A avaliação desse tópico esportivização pode centrar-se na análise da capacidade do aluno de diferenciar a prática de uma modalidade em sua forma original e em sua forma esportivizada, vivenciando-as conforme os diferentes sentidos. Pode-se também analisar pesquisas sobre práticas corporais esportivizadas e trabalhos de esportivização hipotética de práticas corporais ainda não esportivizadas. Outra possibilidade é aplicar testes escritos que questionem os alunos sobre o significado desse fenômeno e suas conseqüências sobre modalidades já esportivizadas. Orientação Pedagógica: O processo de esportivização das práticas corporais: jogos, artes marciais, ginástica e dança Currículo Básico Comum - Educação Física Ensino Médio Autor(a): Guilherme Carvalho Franco da Silveira Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2005