Os mais altos padrões de qualidade
A saúde nas suas mãos
Jornal Saúde
da
Ano 1 - Nº 7 Setembro 2010 - Mensal Preço 100Kz OFERTA
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
Angola
Oferta em farmácias, clínicas, consultórios, centros de saúde, hospitais e ginásios
www.jornaldasaude.org
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Jornalistas unem-se pela saúde
A Associação Angolana de Jornalistas pela Saúde
foi constituída este mês. Vai informar, educar
e comunicar para a saúde. Págs. 8 e 9.
Sucesso escolar Os contributos da saúde
Para que o sucesso escolar infantil não seja uma
miragem, é necessário que o seu filho tenha boas
condições de saúde. Nesta edição, as médicas
Ermelinda Soito Ferreira e Paulina Semedo dão-lhe
a conhecer tudo o que precisa de saber para que a
escola seja uma boa aliada do bem-estar físico e
psíquico das crianças. Pág. 16
A viagem fantástica do sangue
Os dez
mandamentos
para prevenir
um ataque
cardíaco
"Hoje é um bom dia para dar sangue." Eis o
apelo do Centro Nacional de Sangue aos angolanos
para que se tornem dadores e ajudem a salvar vidas.
Pág. 6
Parabéns aos trabalhadores da saúde
Leia os conselhos da cardiologista Joseth Rita
de Sousa para viver mais anos com saúde.
O que comer, beber, que exercício fazer,
como diminuir o stress e a depressão.
PAGs. 2, 3, 4 e 22.
Os trabalhadores da saúde em Angola
assinalam amanhã, 25 de Setembro, o seu dia.
A direcção do Jornal da Saúde presta a sua
homenagem àqueles profissionais que lutam para
que as pessoas sejam atendidas com qualidade
e respeito. Salienta ainda a necessidade de a
categoria dos profissionais da saúde ser cada vez
mais reconhecida, uma vez que é fundamental
para a qualidade de vida das populações.
O Dia do Trabalhador da Saúde é comemorado
em memória do médico Américo Boavida, que
fez parte do corpo de guerrilheiros do MPLA.
A Direcção do Jornal da Saúde
2 EDITORIAL
MARIA ODETE MANSO PINHEIRO,
Directora-Adjunta
[email protected]
Empresas socialmente
responsáveis contribuem para
promover a saúde dos angolanos
A
ambição do Jornal da Saúde é chegar a toda a
população. Gratuitamente. Para, assim, poder
cumprir a sua missão de contribuir para o
prolongamento e melhoria da vida dos angolanos,
através da educação, prevenção e promoção da
saúde. Ao mesmo tempo, constitui o meio de informação
dos médicos, farmacêuticos, enfermeiros e técnicos. Foi
assim que se concebeu o projecto, de raiz, em conjunto com
o senhor Ministro da Saúde e o senhor Bastonário da
Ordem dos Médicos. Para o efeito, contamos com o apoio
das empresas e outras instituições socialmente responsáveis,
quer da área da saúde, quer de outros sectores, cujos
gestores entendem a dimensão e a importância deste
desiderato. Integram voluntariamente as preocupações
sociais e ambientais nas suas operações e contribuem, de
forma positiva, para toda a sociedade. Pode vê-las já nas
nossas páginas.
Este mês demos mais um passo naquele sentido. Fomos à
Huíla, a convite da Associação dos Diabéticos de Angola
(ASDA), e preparámos o terreno para a expansão maciça do
Jornal da Saúde nesta Província. Seguir-se-ão as restantes.
Não descansaremos. Continue a ler-nos. Contamos também
consigo. Passe o Jornal aos seus amigos e familiares. Façalhes bem à saúde. Se é profissional da saúde difunda a
informação. A saúde é o maior tesouro!
CORAÇÃO
Dia Mundial
Trabalhe com
o coração
10
mandamentos para
prevenir um ataque cardíaco
Provérbios
"Trate primeiro da sua saúde que diamantes são pedras"
"Quem tem saúde e liberdade, é rico e não o sabe"
"Não há saúde sem satisfação, nem alegria com cuidados"
"Dinheiro e saúde só têm valor depois que se perde"
"Quem goza de saúde perfeita, é rico sem o saber"
"Só se sabe o que é saúde, quando se está doente"
FICHA TÉCNICA
Parceria:
O Jornal da Saúde de Angola é uma publicação mensal de educação e promoção da saúde, estilos de vida saudáveis e prevenção da doença, com a
missão de contribuir para o prolongamento e melhoria da vida dos angolanos, através da divulgação de informação de saúde, rigorosa e clara. Ao
mesmo tempo constitui um veículo de formação e informação para os médicos, farmacêuticos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais de saúde.
Conselho editorial: Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra. Arlete Borges, Dr.
Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição Martins, Dra. Filomena Wilson,
Dra. Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra. Isabel Neves, Dr. Joaquim
Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra.
Maria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Prof. Dr. Miguel Santana Bettencourt Mateus, Dr. Paulo Campos. Colunistas: Nádia Ferreira;
Paulina Semedo.
Director: Rui Moreira de Sá [email protected]; Directora-a
adjunta: Maria Odete Manso Pinheiro [email protected]; Redacção: Arnaldo Vieira; Cláudia Pinto; Esmeralda Miza; João
Dila; Paulo Dila. Patrícia Van-Dúnem; Sandra Cardoso; Sofia Filipe. Publicidade: Maria Odete Pinheiro Tel.: 935 432 415 [email protected] Revisão: Marta Olias; Fotografia: António Paulo Manuel
(dos Anjos). Editor: Marketing For You, Lda - Rua Comandante Gika, 189 E
- 5º - Luanda - Angola, Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780 462, [email protected]
Delegação em Portugal: Beloura Office Park, Edif.4 - 1.2
2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247 670 Fax: + (351) 219
247 679; e-mail: [email protected]
Periodicidade: mensal
Design e maquetagem: Fernando Almeida;
Impressão e acabamento: Damer Gráficas, SA
Tiragem: 20 000 exemplares - Encartado no País.
Audiência estimada: 100 mil leitores.
Distribuição gratuita a médicos, farmacêuticos, administradores hospitalares, enfermeiros, outros profissionais de saúde e à população interessada,
nas farmácias, hospitais, centros de saúde, ginásios e health centres.
Joseth Rita de Sousa
Médica cardiologista
Ordem dos Médicos
Membro do Conselho Editorial
do Jornal da Saúde
Adopte um estilo de vida activo
e diminua os factores de risco para
uma vida longa.
H
á 10 anos, a
Fe d e r a ç ã o
Mundial do
Coração
(World Heart
Federation)
instituiu o último domingo
de Setembro como o Dia
Mundial do Coração, uma
vez que as doenças cardiovasculares são a principal
causa de morte em todo
mundo (cerca de 17,1 milhões de mortes por ano).
Esta federação é constituída por aproximadamente 189 instituições e associações médicas ligadas ao
coração, distribuídas em
mais de 100 países.
A maior missão desta fe-
deração é preventiva. Neste sentido, promove em
muitos países a realização
de uma série de actividades,
entre fóruns científicos (rastreios, palestras, etc.), exposições, espectáculos, torneios desportivos e outros,
para a consciencialização
sobre o risco cardiovascular
e a difusão de hábitos saudáveis.
A cada ano é definido
um lema para esta campanha. Em 2010, o lema é "Eu
trabalho com o coração",
pretendendo-se valorizar o
estilo de vida activo para
uma vida longa e estimular
a prática rotineira do exercício físico para melhor fun-
cionamento do coração como bomba.
Angola também já aderiu, mas de forma ainda tímida, a esta corrente mundial. É necessário fazermos
todos juntos muito mais em
prol da prevenção das
doenças cardiovasculares.
AS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
Doenças cardiovasculares
são todas as entidades em
que existe alteração do sistema circulatório, isto é, do
coração e dos vasos sanguíneos, tais como artérias,
veias e capilares.
A designação "cardiovasculares" advém de "cardio"
Setembro 2010 JSA 3
- Pare
de fumar.
Se é fumador, parar de fumar diminui muito o
risco de ocorrer um infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Este risco diminui 50% em dois anos, podendo tornar-se igual ao de alguém que nunca fumou em 7 a 12
anos. O risco relativo de um infarto dobra
a partir de 5 a 10 cigarros por dia. Este risco
aumenta até oito vezes nos indivíduos que fumam cerca de duas carteiras por dia (40 cigarros).
1
cure restringir a
ingestão de álcool em 30 g de etanol por dia (700 ml
de cerveja = 2 latas
de 350 ml, ou 300 ml de
vinho = 2 taças de 150 ml,
ou 100 ml de destilado = 3
doses de 30 ml). Se é mulher, essa ingestão deverá ser de 15 g de
etanol, ou seja, 50% da quantidade
aconselhada aos homens. Lembre-se: o
álcool é calórico, pode aumentar os níveis de
açúcar, ácido úrico e triglicerídeos, além de poder causar dependência física e psíquica (alcoolismo).
2
5
3
- Não deixe de ir a consultas médicas periódicas. Consulte regularmente o(s) seu(s) médico(s) de confiança. Retorne ao consultório
para as reavaliações clínicas dentro do tempo estipulado pelo seu médico.
- Faça exercício físico regularmente. Recomenda-se a realização de exercícios físicos
aeróbicos (andar, correr, pedalar, dançar, nadar e fazer hidroginástica), pelo menos 3 vezes
por semana (5 a 7 vezes para os indivíduos que
precisam perder peso), no mínimo durante 30
minutos, com uma intensidade moderada (ao fazer o exercício, fica um pouco ofegante, mas
consegue dizer frases inteiras). As actividades físicas do dia-a-dia (ex.: caminhar durante 15 minutos para ir ao trabalho e mais 15 minutos para
voltar do trabalho) também trazem resultados positivos.
(coração) e de vasculares
(vasos sanguíneos).
OS FACTORES
DE RISCO
Factores de risco cardiovascular são factores que geralmente associados possibilitam o desenvolvimento
de doença cardiovascular,
habitualmente mais comum
a partir dos 45 anos de idade.
Por causa dos hábitos erróneos do dia-a-dia, tais
como trabalhar sem descanso, fumar muito, consumo de alimentos muito salgados, consumo excessivo
de bebidas alcoólicas, de
doces, sedentarismo (pessoas que se movimentam
pouco), excesso de peso,
cada vez mais cresce o número de doentes independentemente da idade, sexo,
raça e nível social. Todos
estes factores dependem do
comportamento do indivíduo. Existem outros factores
que são independentes, isto
é, não podem ser modificados, tais como a idade, sexo
e história familiar, que também influenciam este quadro dramático.
DOENÇAS
SILENCIOSAS
As doenças cardiovascula-
res muitas vezes são silenciosas e só se manifestam
de forma muito grave.
Exemplo desta situação são
pessoas aparentemente
saudáveis que são levadas
às urgências pelos familiares porque têm uma dor
forte no peito, deixam de
mexer os braços e/ou as
pernas, paralisam um lado
do corpo, ficam com a boca torta, deixam de falar ou
caem ao chão aparentemente sem razão. Quando
ainda for possível, o médico diagnostica o que vulgarmente se chama trombose ou ataque do coração.
- Alimente-sse de uma forma saudável. Procure ingerir uma quantidade de calorias diárias
que lhe ajude a atingir um peso adequado. A
ingestão diária de fruta, verduras e legumes ajuda a prevenir um infarto do miocárdio. Limite a
ingestão de sal em menos de 6 gramas por dia
(cerca de 6 colheres rasas de chá de sal, ou seja,
4 colheres rasas de chá de sal para o preparo dos
alimentos mais duas colheres de sal próprio dos
alimentos). Evite os alimentos ricos em colesterol
(ingira menos de 300 mg de colesterol por dia),
os quais são exclusivamente de origem animal
(derivados do leite com alto teor de gordura, gordura aparente das carnes, gema dos ovos, pele
das aves, miúdos, embutidos e certos frutos do
mar).
Evite também as gorduras saturadas (frituras)
e as gorduras trans ou hidrogenadas, que se encontram em alguns produtos industrializados, como molhos, sorvetes, bolos e certos biscoitos.
Procure ingerir peixe, principalmente os ricos em
ácidos graxos ómega-3 (sardinha, truta, salmão
e bacalhau), pelo menos duas vezes por semana.
Os fitoesteróis são substâncias antioxidantes de
origem vegetal que podem ser encontradas em
margarinas enriquecidas, uma óptima opção para substituir a manteiga ou as margarinas com
gorduras hidrogenadas. Procure ingerir alimentos ricos em fibras (cereais, fruta, verduras e legumes). Derivados da soja, grão, integrais, nozes,
assim como outros alimentos, apresentam efeitos
comprovadamente benéficos sobre as gorduras
do sangue e a aterosclerose (leia as páginas sobre alimentos funcionais).
4
- Procure ingerir bebidas alcoólicas moderadamente. A ingestão regular de bebidas alcoólicas, como o vinho tinto, não deve ser estimulada, com o objectivo de prevenir um infarto
do miocárdio. Se é homem e costuma beber, pro-
- Persiga o seu peso ideal. Um índice de massa corporal (IMC = peso dividido pela altura
ao quadrado) inferior a 25 kg/m2 e uma circunferência abdominal inferior a 94 cm nos homens e 80 cm nas mulheres são as metas a atingir quando o assunto é peso e medidas. Para
uma perda de peso, uma dieta hipocalórica e a
prática diária de exercícios físicos são fundamentais. A utilização de medicamentos poderá ser
útil. A cirurgia bariátrica pode ser indicada para
casos seleccionados.
6
7
- Realize todos os exames complementares
solicitados pelo seu médico. O resultado destes exames será fundamental para a avaliação do seu quadro clínico e, consequentemente,
para a definição de um plano de prevenção e tratamento adequado a si.
8
- Não deixe de usar as suas medicações de
uso contínuo. Para o combate dos factores
de risco para o infarto do miocárdio (como
a hipertensão arterial, as dislipidemias, a diabetes mellitus, a obesidade, o hábito de fumar,
entre outros), poderá ser necessária a utilização de medicamentos. A maioria destas drogas será de uso contínuo e indefinido. Use regularmente as medicações prescritas pelo seu
médico. Não pare de usá-las sem a permissão
do mesmo. Evite trocas no balcão das farmácias.
9
- Combata o stress e a depressão. Se está
stressado ou até depressivo, procure o seu
médico de confiança. Estas duas situações
aumentam o risco de sofrer um infarto do miocárdio. Provavelmente será necessária a avaliação de um profissional especializado na área,
como um psiquiatra ou psicólogo. Exercícios físicos, técnicas de relaxamento, psicoterapia e uso
de medicamentos poderão ser necessários.
10
- Dedique pelo menos um dia da semana
totalmente para si e para o convívio junto
dos seus familiares. Permaneça a maior
parte do tempo possível junto das pessoas que
ama. Procure viver em paz e harmonia com o
mundo que está à sua volta.
4 CORAÇÃO
Setembro 2010 JSA
"O conselho para
viver mais anos uma
vida saudável é que
tenha tempo para si,
faça exercício físico
regularmente sob
orientação médica,
aumente o consumo
de frutas, legumes e
verduras, ou melhor,
opte por uma
alimentação
diversificada, troque
o guisado pelo
grelhado, não gaste
o seu dinheiro a
comprar cigarros e
bebidas alcoólicas e
tenha o hábito de ir
ao médico para
saber como está a
sua saúde"
Joseth de Sousa “Os hábitos saudáveis devem começar com as crianças”
CONSELHOS PARA
VIVER MAIS
ANOS SAUDÁVEIS
O conselho para viver mais
anos uma vida saudável é
que tenha tempo para si
(não só de trabalho vive o
homem; tire férias, dê um
passeio), faça exercício físico regularmente sob orientação médica (caminhe pelo menos 30 minutos três vezes por semana), aumente o
consumo de frutas, legumes
e verduras, ou melhor, opte
por uma alimentação diversificada, troque o guisado
pelo grelhado, não gaste o
seu dinheiro a comprar cigarros e bebidas alcoólicas,
tenha o hábito de ir ao médico para saber como está a
sua saúde e para ser mais
bem orientado, de forma a
prevenir situações graves,
como doença do coração
(insuficiência cardíaca, infarto, etc.), doenças do rim
(insuficiência renal), má circulação, acidente vascular
cerebral, etc.
Todos os hábitos saudáveis devem começar com as
crianças.
Se se sentir cansado, dificuldade em respirar (falta de
ar, respiração curta), dor no
peito, batimento rápido do
coração, dores nas pernas
ao andar, inchaço no rosto e
nas pernas, urinar pouco,
etc., vá ao médico, não
fique com o problema em
casa, ou procure curiosos,
para não atrasar o início do
tratamento.
O CORAÇÃO BATE 100 MIL VEZES POR DIA
O coração humano é o órgão responsável
pelo percurso do sangue bombeado através
de todo o organismo, que é feito em aproximadamente 45 segundos em repouso. Bate
cerca de 100 mil vezes por dia, bombeando
aproximadamente 7 500 litros de sangue.
Neste tempo o órgão bombeia sangue suficiente a uma pressão razoável, para percorrer todo o corpo nos sentidos de ida e volta,
transportando assim oxigénio e nutrientes
necessários às células que sustentam as actividades orgânicas.
LOCALIZAÇÃO E POSIÇÃO
O coração é o órgão central da circulação, localizado na caixa torácica, levemente inclinado para a esquerda e para
baixo (mediastino médio). Sendo constituído por uma massa contráctil, o miocárdio, revestido interiormente por uma
membrana fina, o endocárdio, é envolvido por um saco fibro-seroso, o pericárdio.
O coração é constituído por duas porções: a metade direita ou coração direito, onde circula o sangue venoso, e a metade esquerda, onde circula sangue arterial. Cada uma destas metades do coração é constituída por duas cavidades,
uma superior – a aurícula – e uma inferior
– o ventrículo. Estas cavidades comuni-
cam entre si pelos orifícios auriculoventriculares. As duas aurículas encontram-se
separadas pelo septo interauricular, e os
dois ventrículos pelo septo interventricular.
Na cavidade atrioventricular esquerda
encontra-se a valva mitral, e no orifício
atrioventricular direito a valva tricúspide
(são valvas que se abrem em direção ao
ventrículo e se fecham para evitar o refluxo do sangue). A circulação sanguínea é
assegurada pelo batimento cardíaco, ou
seja, o batimento do coração, que lança
o sangue nas artérias. O coração é um
órgão musculoso que, no homem, tem o
tamanho aproximado de um punho.
FUNCIONAMENTO
O coração está constantemente a contrair
e a relaxar, para bombear todo o sangue
do nosso corpo. É uma bomba hidráulica, em que os tubos de saída são as artérias e os tubos de entrada as veias; o líquido que anda a circular é o sangue. O
seu sincronismo actua como se fossem
duas bombas trabalhando simultaneamente. Uma das bombas engloba a aurí-
cula e o ventrículo direitos e a outra a aurícula e o ventrículo esquerdos. A função
da aurícula e do ventrículo direitos é arrastar o sangue para os pulmões, onde se liberta o dióxido de carbono e se fornece de
oxigénio. Por outro lado, a aurícula e o
ventrículo esquerdos têm o trabalho de
arrastar o sangue enriquecido de oxigénio
para todas as partes do corpo.
Quer viver mais anos saudáveis?
Faça exercício físico, sob orientação médica,
três vezes por semana, durante
pelo menos 30 minutos
Setembro 2010 JSA
PUBLICIDADE
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6 SANGUE
Setembro 2010 JSA
A rota do sangue
O PAÍS COLHE
POR ANO CERCA DE
80 MIL UNIDADES
DE SANGUE. PARA
SATISFAZER AS SUAS
NECESSIDADES
ANGOLA PRECISA
DE TRÊS VEZES MAIS.
tável. Nesta sala, o dador permanece não mais de 10 minutos, e de seguida é servido um
outro lanche baseado em frutas,
iogurtes, etc., para aumentar o
seu potencial energético.
PATRÍCIA VAN-D
DUNEM
O
sangue humano é considerado um elemento terapêutico
insubstituível em
várias situações
clínicas de risco de vida. Dar
sangue é um dever cívico de
todos cidadãos saudáveis para com a sua comunidade.
A promoção da dádiva, a
selecção dos dadores, a colheita e o tratamento do sangue são algumas das tarefas
do Centro Nacional de Sangue, uma entidade do Ministério da Saúde que coordena todas as actividades ligadas à
doação e transfusão de sangue a nível do país e que tem
como objectivo primordial assegurar o acesso ao sangue
seguro a todos os cidadãos
que dele necessitarem.
O Centro, que deveria
abastecer as unidades hospitalares de todo país, não tem
capacidade para responder às
reais necessidades de sangue
nos hospitais, em consequência do ainda reduzido número
de dadores voluntários.
Minimamente equipado, o
Centro Nacional de Sangue
abastece apenas duas unidades hospitalares públicas, nomeadamente o Hospital Pediátrico de Luanda e o Josina
Machel. Luanda é, segundo o
Centro Nacional de Sangue, a
província que consome mais
sangue e seus componentes.
Alcançar 100% de doação
de sangue voluntária e não remunerada é umas das metas
que estão longe de ser atingidas. Com uma necessidade de
20 a 50 dadores voluntários
por dia, o Centro Nacional de
Sangue regista apenas, em
média, 1 a 2 dadores voluntários por dia e cerca de 15 dadores familiares.
Segundo dados avançados
por uma responsável do Centro, trata-se de um dos maiores
défices de sangue dos últimos
anos. A referida fonte, que defende um maior trabalho de
sensibilização no sentido de
aumentar ao máximo o número de dadores voluntários, fez
saber que cerca de 80% dos
dadores que procuram este
Luísa Cambelela “As cirurgias cardíacas e os transplantes hepáticos são algumas das intervenções que necessitam de grandes quantidades de sangue”
António Domingos Kiteque a dar sangue – um exemplo de cidadania responsável!
serviço são familiares, o que
constitui um risco acrescido, já
que estudos revelam que a
maior parte dos indivíduos que
contraíram infecções por transfusões em todo mundo recebeu doações de sangue dos
seus familiares.
DOAÇÃO DE SANGUE
Segundo dados de 2007 do
Centro Nacional de Sangue, o
país colhe por ano cerca de
80 000 unidades de sangue,
das quais 28 468 provêm de
Luanda e 51 619 das restantes
províncias, mas, para satisfazer as suas necessidades, Angola precisava de aproximadamente 280 000 unidades
"Está habilitado a
dar sangue todo e
qualquer cidadão
que tenha entre 18 e
60 anos de idade,
pelo menos 50 kg e
que seja saudável"
"Se o candidato a
dador for aprovado,
é-lhe oferecido um
lanche"
de sangue.
Está habilitado a dar sangue todo e qualquer cidadão
que tenha entre 18 e 60 anos
Após a colheita, o sangue segue
dois caminhos: para o laboratório de doenças
transmissíveis e para o laboratório
de imuno-hematologia
de idade, pelo menos 50 kg e
que seja saudável. Os homens
podem doar sangue 4 vezes
por ano, enquanto as mulheres podem fazê-lo apenas 3
vezes por ano.
Ao chegar ao Centro Nacional de Sangue, o dador tem
o primeiro contacto com os
técnicos de saúde no denominado laboratório de triagem,
onde lhe é feito o doseamento
da hemoglobina e a pesquisa
do plasmódio, ou gota espessa, que poderá detectar ainda
outras prováveis infecções que
o dador tenha.
A triagem clínica é um outro momento da dádiva de
sangue. Numa sala própria, o
dador ou candidato a dador
deve ser sincero quando é
questionado de forma confidencial sobre a existência de
algum problema de saúde ou
comportamento de risco que
tenha tido e que o impeça de
dar sangue.
É ainda nesta área que o
potencial dador é aprovado,
reprovado ou lhe é dada a
possibilidade de se auto-excluir, sem no entanto ter de justificar a sua auto-exclusão ao
técnico de saúde.
Se o candidato a dador for
aprovado, é-lhe oferecido um
lanche e logo a seguir dirige-se
para a sala de colheita, onde todo o material utilizado é descar-
TESTAGEM
DO SANGUE
Após a colheita, o sangue segue dois caminhos, ou seja,
para o laboratório de doenças
transmissíveis e para o laboratório de imuno-hematologia,
este último para saber o grupo
sanguíneo e de seguida ser
processado. Para o rastreio
das infecções transmissíveis
pela transfusão são feitos testes para o despiste de VIH-1/2,
sífilis, hepatite B e C e malária.
A prevalência média de VIH
em dadores de sangue a nível
nacional é de 1,6%, de hepatite B 5,4%, de hepatite C 1,7%
e de sífilis 0,6%.
Depois deste processo, são
obtidos três componentes do
sangue, nomeadamente o
concentrado de glóbulos vermelhos, que tem a capacidade de transportar oxigénio para todos os tecidos do corpo e
que é muito utilizado em caso
de anemia e hemorragia. O
concentrado de glóbulos vermelhos é refrigerado no chamado banco de sangue, a
uma temperatura que vai de
2°C a 8°C, e pode ser conservado durante 35 dias.
Pode-se ainda obter o plasma, que pode ser conservado
por um ano a uma temperatura de -30°C, e as plaquetas,
conservadas a uma temperatura que vai de 22°C a 23°C
durante 5 dias.
Para a médica Luísa Cambelela, especialista em imuno-hemoterapia do Centro Nacional de Sangue, é necessário que os serviços de hemoterapia acompanhem o desenvolvimento do sector da saúde
em Angola.
A médica explica que as cirurgias cardíacas e os transplantes hepáticos são algumas
das intervenções que necessitam de grandes quantidades de
sangue. Segundo Luísa Cambelela, numa cirurgia cardíaca
o doente pode receber 3 a 5
unidades de sangue ou mais,
enquanto num transplante hepático o doente pode receber
até 30 unidades de sangue.
Organizações não governamentais, associações juvenis, empresas e igrejas são alguns dos parceiros do Centro
Nacional de Sangue, que,
através de doações voluntárias, o ajudam a manter o normal funcionamento.
Setembro 2010 JSA
GESTÃO HOSPITALAR 7
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
Peritos debatem a gestão
das unidades de saúde
O
s gestores das
unidades de
saúde de Angola e dos restantes países
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reúnem-se,
em Luanda, de 27 a 29 de
Outubro, na IV Conferência
de Gestão Hospitalar para
debater, com especialistas
convidados, a eficiência na
administração de unidades
de saúde e o seu contributo
para a melhoria dos sistemas
nacionais.
A inovação em gestão clínica, os modelos mais adequados, a infecção hospitalar e seus custos, a formação, a bioética e a responsabilidade social das instituições de saúde são alguns
dos temas em análise no encontro, que conta com a
participação de peritos da
OMS, do Bastonário da Or-
dem dos Médicos de Angola, Pinto de Sousa, do presidente da Associação Portuguesa dos Administradores
Hospitalares, Pedro Lopes,
do presidente da Federação
Brasileira dos Hospitais, Luiz
Aramicy, e do Bastonário da
Ordem dos Médicos de Moçambique, Aurélio Zilhão,
entre outros oradores de Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Em simultâneo, decorre a
primeira edição da HOSPITALAR ANGOLA, um salão
profissional onde são expostos os mais recentes produtos, tecnologias e serviços
para a modernização de clínicas e hospitais, em prol da
saúde das populações,
apresentados pelas principais empresas farmacêuticas
e de equipamentos. De
acordo com Mário Dias, comissário do evento, "o espaço exposicional está quase
esgotado, dada a oportuni-
dade única que é oferecida
de comunicar com gestores
e médicos dos PALOP".
Para o vice-ministro, Carlos Masseca, que presidirá à
sessão de abertura, "só com
gestores capacitados para
olharem para um hospital
como um todo, capazes de
utilizar da melhor maneira os
recursos postos à sua disposição é que podemos atingir
o objectivo final de um serviço de saúde, a satisfação total dos utentes". De acordo
com este responsável, "queremos que os nossos gestores tirem o maior proveito
desta conferência e exposição" e também que "possamos oferecer aos que vêm
aquilo que é o conhecimento acumulado dentro do
nosso país". A Conferência
é encerrada pelo ministro da
Saúde de Angola.
Mais informações em
www.gestaohospitalar.org.
8 ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS DE SAÚDE
Para o jornalista Liberato Furtado (à esq.) “como profissionais, podemos criar acções integradas para produzir e transmitir os propósitos e as
mensagens utilitárias do sistema de saúde às comunidades”
A jornalista Stela Silveira intervém no debate
Jornalistas "unem-se" pela saúde
Um encontro longo, mas conclusivo, na passada quinta-feira, 16 de
Setembro de 2010, proclamou a Associação Angolana de Jornalistas pela
Saúde (AJOSA). Vai informar, educar e comunicar para a saúde.
A
ltamente determinado, o grupo pretende
trabalhar para
a melhoria da
saúde e o bem-estar social em Angola.
"É mais um parceiro do
MINSA e do Ministério da
Comunicação Social", disse
a Dr.ª Paulina Semedo, que
também fundou a AJOSA.
"Permitirá a análise e diagnósticos na procura de soluções de saúde e a melhoria
do comportamento das pessoas. O objectivo é a advocacia da Associação em busca de mais parceiros em prol
da saúde dos angolanos."
A assembleia geral decorreu no Centro de Educação Ambiental da Elisal, em
Luanda, e, por unanimidade, ela aprovou os estatutos
da AJOSA como uma associação de âmbito nacional,
pessoa colectiva de direito
privado, nãogovernamental,
isenta de ideologias políticas, partidárias ou religiosas
e possuindo fins não lucrativos.
"Uma vez concluído este
acto, vamos passar agora ao
processo de legalização junto do sistema judicial", disse
o jornalista Herculano Coroado, a quem foi atribuído
o cargo interino de assistente executivo da AJOSA, até à
nomeação dos corpos gerentes da Associação. "Segue-se uma fase muito importante e democrática da
nossa Associação."
Nesta assembleia constituinte, os membros aprovaram a proposta da atribuição do título de presidente
de honra da AJOSA a Paixão
Júnior, o actual PCA do Banco de Poupança e Crédito.
O evento reuniu jornalistas,
médicos e empresários, que,
juntos, fundaram a AJOSA e
prometem trabalhar na melhoria da saúde e alargar o
bem-estar social.
ADVOCACIA SOCIAL
"O conhecimento dos problemas da saúde ajudaria a
esclarecer quer os gestores
quer a sociedade", disse o
jornalista Teixeira Cândido,
que participou na assembleia geral que fundou a
AJOSA. "É uma associação
que vai permitir fazer advo-
cacia social e ajudar os directores dos hospitais públicos e privados, por exemplo,
para que conheçam melhor
o nível de satisfação das pessoas a quem servem."
Embora se antecipe uma
adesão de vários outros associados, a AJOSA vai reunir
jornalistas na luta pela melhoria do deficiente Sistema
Nacional de Saúde Pública.
"Como profissionais, podemos criar acções integradas para produzir e transmitir os propósitos e as mensagens utilitárias do sistema de
saúde às comunidades", afirmou o jornalista Liberato
Furtado, que acredita na
"Como o seu
principal objecto
social, a AJOSA vai
informar, educar e
comunicar para a
saúde"
"A AJOSA vai reunir
jornalistas na luta
pela melhoria do
Sistema Nacional de
Saúde Pública"
possibilidade da melhoria da
relação entre a comunicação social e a saúde em Angola. "Porque não fazer chegar às autoridades e ao público as inquietações populares e, ao fim, contribuir na
concepção de políticas públicas para a saúde?"
O médico ginecologista
Professor Doutor Pedro de
Almeida coordena a Mesa
da Assembleia Geral (AG).
Já o jornalista e director do
semanário O País, Luís Fernando, é o subcoordenador.
A jornalista e directora do
Centro de Educação Ambiental de Luanda, a secretária da Mesa até à eleição
dos corpos gerentes.
Como o seu principal objecto social, a AJOSA vai informar, educar e comunicar
para a saúde. Também antecipa a defesa e a promoção
da ciência, o direito universal aos cuidados de saúde, o
livre acesso às fontes de informação e a liberdade de
expressão. Além disso, compromete-se a fazer advocacia e a proteger os interesses
de todos os seus membros e
associados. Mas é no âmbito da responsabilidade social que assentam os seus
objectivos.
"A saúde não é só vista do
ponto de vista particular",
alertou a Dr.ª Paulina Semedo. Após a fundação da
AJOSA, "quando as pessoas
têm de ter um comportamento social, no contexto de
comunidade, isto ganha
mais peso. Cada indivíduo
tem de ser visto como membro associado."
Membros fundadores e ordinários poderão concorrer
às eleições para os quatro órgãos sociais da AJOSA, os
Conselhos de Direcção, de
Peritos, Benfeitores e Fiscal. A
Comissão Eleitoral, dirigida
pelo engenheiro Marcos
Nostre, deve receber as listas
até 15 dias depois da proclamação da Associação. As
eleições são aguardadas
duas semanas após a recepção das listas de candidatos
pela Comissão Eleitoral.
Setembro 2010 JSA 9
ENTREVISTA AO DR. PEDRO DE ALMEIDA
Um trabalho sob o signo
da humanização
O desafio está lançado. A Associação Angolana de Jornalistas pela
Saúde (AJOSA) passa a ser uma realidade. Mas juntar jornalistas para
engajar a favor da saúde e do bem-estar social uma sociedade dominada
pela pobreza não será fácil.
ESMERALDA MIZA
A missão é liderada pelo médico e professor da Universidade Agostinho Neto (UAN), Pedro de Almeida, ginecologista
obstetra da Maternidade Lucrécia Paím que coordena a Mesa da Assembleia Geral. O Dr. Pedro é um antigo director do
Programa Nacional de Informação e Educação para a Saúde do Ministério da Saúde. Foi secretário permanente da Comissão Nacional de Saúde, sendo hoje um sénior profissional de saúde com um longo historial no jornalismo angolano. O Jornal da Saúde falou com o Dr. Pedro de Almeida.
– Quais os objectivos da AJOSA?
– A Associação Angolana de Jornalistas pela Saúde (AJOSA) é uma organização nacional não governamental que
tem como grande objectivo estratégico adequar a relação
entre a comunicação social e o sector hospitalar do sistema
angolano de saúde, para que os serviços sanitários sejam
prestados à população em geral, sob o signo da humanização.
A AJOSA tem como balizas fundamentais contribuir para uma melhor informação, comunicação e educação pela
saúde, impulsionando o acesso universal aos cuidados de
saúde por parte da população. A acção da AJOSA estará
virada essencialmente para as grandes endemias, tendo a
malária em primeiro lugar, saúde materno-infantil, doenças
crónicas não transmissíveis, saúde mental, saneamento básico e problemas ambientais, entre outras prioridades.
– Quais são as expectativas?
– As expectativas em torno da AJOSA são bastante animadoras. A iniciativa da sua constituição conta com o
apoio inequívoco dos Ministérios da Saúde e da Comunicação Social, duas estruturas do executivo angolano, em
relação às quais os membros da Associação contam obter o grande suporte na sua missão de usar os meios de comunicação social para elevar a responsabilidade social,
reforçar a confiança pública para a melhoria do estado de
saúde e bem-estar social da população em Angola. Em
nosso entender, a existência de uma associação como a
AJOSA reflecte a materialização da acção de um punhado de pessoas, interessadas no bem-estar da colectividade, como exercício de cidadania, obedecendo a valores
como a liberdade de expressão, responsabilidade social,
respeito pela diferença, humanismo, honestidade, transparência, rigor, ciência e compromisso.
– Que sentimentto tem, quando o desafio é enorme?
– O sentimento que me anima é o de franca dedicação,
buscando sinergias, para que o projecto AJOSA cresça, se
desenvolva e ganhe maturidade e notoriedade necessárias,
com o esforço e entrega dos seus membros e amigos da Associação. Apesar da grandeza do desafio, o nosso querer
saberá suplantar todas as adversidades, dada a nobreza
dos nossos propósitos, cujo fim último é o de tornar a nossa terra-mãe Angola um melhor lugar para se viver.
– O senhor é médico e lidera uma associação de jornalistas. O que isso significa?
– Neste momento, estou a trabalhar com um grupo de
companheiros que procura unir esforços visando dar corpo à AJOSA. Neste conjunto de pessoas que exercitam o
seu direito de cidadania há jornalistas, comunicólogos,
marketistas, educadores, juristas, médicos e outros agentes sociais. Apesar da minha formação médica, considero-me com sensibilidade para trabalhar com todos os companheiros da AJOSA, incluindo os jornalistas, que constituem o grosso da equipa. Na condição de médico, penso
ter condições de contribuir para uma ligação mais estreiPedro de Almeida “Considero de suma importância este tipo de advocacia” ta entre o sector de saúde e o da comunicação social.
"UM GANHO PARA A SOCIEDADE ANGOLANA, AS POPULAÇÕES…"
Luís Fernando
Presidente da Associação Angolana
de Apoio aos Doentes de Anemia
Falciforme (ADAF)
O surgimento de uma entidade
como a Associação Angolana de
Jornalistas pela Saúde é claramente
um ganho que a sociedade
angolana vai ter. As populações nas
suas comunidades, o nosso povo,
todos, vão poder contar com a ajuda
fundamental de profissionais que, não
sendo técnicos nas artes das curas,
dos diagnósticos, da prestação
directa dos cuidados de saúde, são,
contudo, elementos-chave de um
sistema que tem de funcionar em
perfeita interligação para ser eficaz.
A saúde hoje é cada vez mais
prevenção. Antecipar-se aos
problemas, às crises, às epidemias.
Os bons sistemas nacionais de saúde
apoiam-se cada vez mais no
conceito da prevenção, da educação
das populações sobre como lidar
com os fenómenos susceptíveis de
pôr em risco a sua integridade física,
o bem-estar das suas famílias, o
meio que os circunda.
A ANJOSA, a meu ver, é um
parceiro de peso com que o
Ministério da Saúde vai poder contar,
porque será sempre fundamental
uma comunicação feita por gente
que sabe, que entende o peso das
mensagens, dos riscos adjacentes
aos ruídos entre quem emite e quem
recebe a informação.
A humanização dos serviços de
saúde está na ordem do dia e os
jornalistas podem com o seu
trabalho converter-se num fortíssimo
apoio do Estado na aplicação das
suas políticas no campo da
assistência médica, da prevenção, da
saúde de uma maneira geral.
Acredito nas boas intenções da
ANJOSA e no seu papel muito
nobre.
Herculano Coroado “A nossa saúde precisa do apoio daqueles que podem ajudar a prevenir os males da saúde, os jornalistas, os médicos, os
membros comunitários e as pessoas em geral”
ENTREVISTA
A HERCULANO COROADO
Um trabalho
sob o signo
da humanização
Saúde e bem-estar são um bem procurado por muitos angolanos. O
drama abre oportunidades para os jornalistas que proclamaram a AJOSA,
a Associação Angolana de Jornalistas pela Saúde, no Centro de Educação
Ambiental de Luanda. O jornalista Herculano Coroado é o assistente
executivo interino da Associação. O Jornal da Saúde entrevistou-o.
ESMERALDA MIZA
– Como jornalista, qual é a sua visão em relação à saúde em
Angola?
– Em progresso. Julgo que tem havido novos investimentos do
governo angolano e da cooperação internacional. Isso é encorajante. Mas muito mais pode ser feito.
Seria injusto dizer que as coisas estão satisfatórias. Com
efeito, ao invés de reclamarmos, decidimos fundar e proclamar a AJOSA para ajudar a melhorar a saúde e o bem-estar
das pessoas.
– Porquê a Associação de Jornallistas pela Saúde?
– Porque a nossa saúde precisa do apoio daqueles que podem
ajudar a prevenir os males da saúde, os jornalistas, os médicos, os membros comunitários e as pessoas em geral. Doenças como a malária, a maior fonte de morte em Angola, são
puramente preveníveis.
– Grandes debates já surgiram nos órgãos de comunicação
ação no sector da saúde. Qual será
social à volta da humaniza
o vosso papel neste campo?
– Todo. Primeiro, porque humanizar significa comunicar melhor. Segundo, porque o nosso objectivo é criar responsabilidade social e confiança pública. Se as pessoas não confiam
nos hospitais morrem em casa ou vão em busca da ajuda de
um curandeiro. Isso seria um retrocesso. A informação jogaria um papel fundamental no sentido da humanização dos serviços e da percepção que as pessoas têm sobre o real papel de
um agente de saúde.
dicos e jornalistas?
– A Associação vai congregar apenas méd
– Todos estes e aqueles que estejam interessados neste projecto totalmente laico e apolítico. Em questão de responsabilidade social, há espaço para todos.
– O que é necessário para pertencer à Ajosa?
– Aderir à causa, pagar as quotas, cumprir os estatutos e seguir os regulamentos da Associação.
10 AMBIENTE
Setembro 2010 JSA
Luandenses produzem quatro milhões de quilos de lixo por dia
KILAMBI KIAXI E CACUACO SÃO OS MUNICÍPIOS MAIS AFECTADOS. ELISAL QUER EDUCAR OS CIDADÃOS
São cerca de quatro mil
toneladas de resíduos que a
população da capital gera
diariamente. A Empresa de
Limpeza e Saneamento de Luanda
(Elisal) quer educar e sensibilizar
os cidadãos para esta problemática
e suas consequências no ambiente
e na saúde. O Programa de
Educação Ambiental, já em curso
em 18 escolas, prevê a realização
de 80 campanhas de
sensibilização nos mercados,
praias, junto ao pequeno
comércio, escolas e estações de
abastecimento de combustível,
com o apoio de 70 instrumentos
de sensibilização, com destaque
para a "lixomachimba", conforme
relatou Stella Silveira, directora de
comunicação e imagem da
empresa, em entrevista ao Jornal
da Saúde.
ESMERALDA MIZA
QUAL A QUANTIDADE
DE LIXO PRODUZIDA
EM LUANDA E QUAIS
OS MUNICÍPIOS QUE
MAIS O PRODUZEM?
A quantidade de resíduos
produzidos depende muito
da densidade populacional
por município, recursos humanos e materiais disponíveis, características socioeconómicas e culturais da população, entre outros factores.
QUAIS OS
MUNICÍPIOS
MAIS AFECTADOS
PELO LIXO,
E PORQUÊ?
Os municípios mais afectados são Kilamba Kiaxi e Cacuaco, devido, principalmente, à estruturação urbana,
que dificulta os acessos para
a recolha fundamentalmente
na estação chuvosa.
QUAL A QUANTIDADE
DE LIXO QUE A ELISAL
RECOLHE DA CAPITAL
DIARIAMENTE?
Cerca de quatro mil toneladas de lixo por dia.
QUAIS OS MAIORES
DESAFIOS NESTE
TRABALHO
DE RECOLHA?
Um dos nossos maiores desafios é trabalhar com a comunidade no grande Programa
de Educação Ambiental, que
prevê a realização de campanhas de sensibilização nos
mercados, praias, junto ao
pequeno comércio, nas esco-
las, estações de abastecimento de combustível, entre
outros, com o objectivo de introduzir alterações comportamentais efectivas junto do público mais jovem, inicialmente, por se entender ser este o
que melhor responde à mudança comportamental, mas
também poder levar o programa às famílias. Outro dos
desafios é sentirmos o crescimento paulatino dos nossos
colaboradores (as empresas
contratadas pela Elisal envolvidas no processo), quer do
ponto de vista operacional
quer de equipamento.
QUE DESTINO
É DADO AO LIXO
HOSPITALAR?
O lixo hospitalar é incinerado
na incineradora oficial, que é
operacionalizada pela Recolix. Só depois é que vai para o
Aterro Sanitário dos Mulenvos.
PARA QUE SERVEM OS
ATERROS SANITÁRIOS
EM TODO ESTE
PROCESSO?
Os aterros sanitários servem
para dar o tratamento e deposição ou destino final aos
resíduos sólidos urbanos, tendo em conta os princípios
ambientalistas de protecção
da terra, da água e do ar. Para o caso de Luanda, temos o
Aterro Sanitário dos Mulenvos, que é o destino final de
todos os resíduos sólidos recolhidos diariamente na província de Luanda.
DE QUE FORMA SE
PODE RECICLAR E
REAPROVEITAR O LIXO
QUE PRODUZIMOS EM
LUANDA?
Retirando da massa dos resíduos produtos que possuam
potenciais económicos e características de reaproveitamento e reciclagem. Para o
efeito, deve ser estabelecida
uma política de gestão de resíduos adequada, determinando princípios e responsabilidades, principalmente dos
grandes geradores/produtores de resíduos (aqueles que
mais resíduos produzem, os
grandes centros comerciais,
grandes importadores, etc.), e
fomentar industriais (que possam usar essa matéria) para
abastecer o mercado interno.
EM MUITAS PARTES
DO MUNDO, OS
RESÍDUOS LÍQUIDOS –
ÁGUAS USADAS – SÃO
REAPROVEITADOS PARA CONSUMO. QUAIS
OS PLANOS DA ELISAL
EM RELAÇÃO A ESTA
PRÁTICA?
A reutilização de águas residuais ainda é prematura na
nossa província. Oficialmente, são rejeitadas nos corpos
hídricos receptores, rios ou
mar, embora a Elisal tenha
construído a primeira Estação
de Tratamento de Águas Residuais, no projecto "Morar", em
Viana, mas acabou por não
ser usada. O traçado inicialmente eleito para lançamento
do emissário foi invadido por
construções não autorizadas,
ficando assim condicionada a
conclusão do programa da
macrodrenagem para a sua
posterior ligação. Há a necessidade de se estabelecer Planos Directores para a correcta
gestão destes efluentes.
QUAL A SITUAÇÃO
ACTUAL DO LIXO
EM LUANDA?
Com a inauguração do Aterro
Sanitário dos Mulenvos em
2007, Luanda completou o ciclo de gestão operacional
adequada. A recolha melhorou, mas é uma melhoria sazonal, porque na estação seca sempre atingimos níveis
mais altos, recolhemos áreas
que na estação chuvosa se
tornam inacessíveis.
Entretanto, também já se começam a concluir projectos na
rede viária, que permitirão um
aumento da capacidade de
mobilidade dos meios da Elisal e seus parceiros, o que nos
possibilitará estender os nossos serviços.
Houve também uma melhoria nos investimentos, grande parte das operadoras renovou e ainda está a renovar
as suas frotas, casos da Kiaxi
Waste (município do Kilamba
Kiaxi), Envirobac (Maianga),
Vista Waste (Samba), Triambiente (Rangel) e Ersol (Samba), aumentando assim a sua
capacidade. É necessário intensificar os trabalhos na procura de níveis de qualidade
acima do esperado.
Estas acções minimizariam
PRODUÇÃO DE LIXO POR MUNICÍPIO
TONELADAS/DIA
ÁREA
A
B
C
D1
D2
E1
E2
F
G1
G2
H1
H2
I1
I2
TOTAL
MUNICÍPIO
INGOMBOTA
RANGEL
MAIANGA
NÚMERO
DE HABITANTES
211 310
291 636
775 378
CAZENGA
1 241 174
KILAMBA KIAXI
1 059 500
CACUACO
1 001 721
VIANA
1 360 960
SAMBIZANGA
480 286
SAMBA
821 375
7 243 340
PRODUÇÃO
DE RESÍDUO
233
256
359
374
321
213
289
441
179
464
251
153
205
209
3947
os acumulados de resíduos
dispersos por toda a província.
O QUE SE PRETENDE
FAZER PARA
MELHORAR A
IMAGEM DE LUANDA?
Estamos a trabalhar, desde Novembro de 2009, na inauguração do Centro de Educação
Ambiental de Luanda, no Programa de Educação Ambiental. Este programa, além de estar a ser levado a cabo em 18
escolas do ensino primário da
rede pública de Luanda (duas
escolas de cada município),
prevê a realização de 80 campanhas de sensibilização, que
serão desenvolvidas com o
apoio de 70 instrumentos de
sensibilização, com destaque
para a "lixomachimba", que é
uma Unidade Móvel de Sensibilização (viatura de grandes
dimensões).
A aposta na área da educação ambiental, ferramenta imprescindível para a geração de
competências individuais e sociais de cidadania activa, é resultado do forte envolvimento
do governo da província de
Luanda, direccionado para a
dignificação e promoção da
qualidade de vida das populações envolvidas. Pretendemos
continuar o trabalho de melhoria da gestão técnica das operadoras envolvidas no sistema
de gestão de resíduos sólidos
urbanos na província, para que
haja remoção regular do lixo
produzido pela comunidade e
para que todos os dias Luanda
acorde limpa.
Setembro 2010 JSA
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11
12 HUÍLA
Governação huilana expande
serviços sanitários a todos
os municípios da província
Em termos de tratamento, os
serviços de saúde já se encontram
implantados em todos os
municípios da província da Huíla e
com um apetrechamento técnico-humano e material ao nível
adequado e aceitável dos actuais
desafios neste sector.
Conheça a Huíla
A Huíla, província do sul de Angola,
tem cerca de 1 559 mil habitantes e
79 022 quilómetros quadrados. A sua
capital é a cidade do Lubango. É constituída por 14 municípios: Caconda,
Cacula, Caluquembe, Chiange, Chibia,
Chicomba, Chipindo, Cuvango,
Humpata, Jamba, Lubango, Matala,
Quilengues e Quipungo.
Inicialmente, com a colonização portuguesa, a Huíla estava inserida no
território de Benguela e integrada no
Distrito de Moçâmedes (actual
Namibe). O município de Humpata
tem um grande potencial turístico. Foi
uma das zonas onde se fixaram os
primeiros colonos, tendo em conta a
beleza natural da região. Entre outra
pode-se destacar a Fenda do Alto Bimbi, o miradouro do Bimbe, a Escadaria
da Serra da Leba, a Cascata da Estação Zootécinica da Humpata e a
Barragem das Neves. A região foi descoberta pelos colonos Boers, a 4 de
Janeiro de 1881 e ascendeu à categoria de concelho a 17 de Janeiro de
1883.
Textos de ARNALDO VIEIRA
Sérgio da Cunha Velho “O executivo huilano tem políticas bem definidas para a saúde”
E
stes pronunciamentos foram
avançados ao
Jornal da Saúde
pelo vice-governador da Huíla
para a área social, Sérgio da
Cunha Velho.
De acordo ainda com o
responsável, o executivo huilano tem políticas bem definidas no que concerne à
saúde, isto porque tem seguido e implementado todas
as orientações do executivo
central, tendentes à oferta de
melhores condições para as
populações em relação ao
atendimento e prestação de
serviços de saúde. "Esta política tem passado pela construção de novos hospitais e
centros de saúde nos catorze municípios que comportam a província, bem como
pela melhoria da oferta de
medicamentos."
Interrogado sobre a situação dos recursos humanos
na área da saúde, Sérgio da
Cunha Velho disse pensar
que a Huíla está bem servida, acreditando por outro lado que, com a implantação
da Faculdade de Medicina e
com o Instituto Médio de
Saúde, dentro de poucos
anos a província vai ultra-
Sérgio da Cunha
Velho defende a
construção urgente
de uma pediatria, de
uma nova
maternidade,
psiquiatria e hospital
sanatório
passar os défices actuais no
tocante a quadros humanos.
Sobre o sector da saúde,
Sérgio da Cunha Velho falou
também da sua evolução re-
ferindo que ela se verifica em
varias áreas, quer em termos
de desenvolvimento humano
quer quanto à criação de
condições para a optimização da prestação de serviços
de saúde.
O responsável avançou
também nesta entrevista em
exclusivo ao Jornal da Saúde
que num horizonte temporal
de três anos o executivo huilano vai concluir todos os
projectos de desenvolvimento técnico, estrutural e estruturante para oferecer à população huilana, sendo este
um processo contínuo e evolutivo e não uma meta final.
Um olhar de alegria foi
ressaltado pelo governante
no que concerne às várias cooperações que existem no
sector da saúde. "Contamos
com parceiros de todos os estratos de conhecimento, quer
a nível empresarial, quer a nível nacional e internacional."
Como qualquer área de
intervenção social, a saúde
também tem as suas preocupações. Neste particular, Sérgio da Cunha Velho defende
a construção urgente de uma
pediatria e de uma nova maternidade, psiquiatria e hospital sanatório, bem como o
seu apetrechamento em
meios técnicos e materiais.
O vice-governador para
a área social da Huíla aproveitou esta entrevista ao Jornal d a S aúde para sugerir
que as mesmas unidades
passem a ser independentes
no tocante ao Orçamento
Geral do Estado.
Sérgio da Cunha Velho concluiu admitindo não
ser das melhores a situação
salarial dos quadros da
saúde nesta província. "Trata-se de casos de âmbito
central, e não local. O Governo pugna séria e urgentemente a mudança da situação", rematou.
Região Sul do país ganha centro de Odontologia
A clínica Danfran pôs à
disposição da população
do Sul do país serviços no
ramo da Odontologia.
O edifício localiza-se na
cidade do Lubango, no Prédio dos Médicos, e conta
com uma mão-de-obra
qualificada.
A ideia é procurar diminuir o número de angolanos
que se deslocam aos países
estrangeiros para cuidar da
boca e dos dentes.
Por isso, de acordo com
Bernardeth de Lurdes, funcionária sénior da instituição dos serviços de Odontologia, esta iniciativa reveste-se de grande importância, não só para os
proprietários mas também
para o país em geral e para
a província.
Frisou ainda que foram
feitos grandes investimentos
para se concretizar esta realidade. Os equipamentos a
utilizar no atendimento aos
pacientes são de ponta e
também foram contratados
médicos e pessoal técnico
altamente qualificados, dois
especialistas sul-africanos e
um namibiano, além de
uma angolana formada em
Portugal.
O centro dispõe ainda
de dois técnicos especialistas no fabrico e colocação
de próteses dentárias, segundo a nossa fonte.
Já o governador provincial, Isaac dos Anjos, que
esteve presente na inauguração do empreendimento,
louvou esta iniciativa privada e desafiou mais empresários a investir no ramo da
saúde.
Isaac dos Anjos parabenizou por estarem juntos
dois especialistas numa só
clínica.
"É maravilhosa a oportu-
nidade destes serviços na
nossa província, onde temos problemas sérios de
dentição e de cárie dentária
por falta de flúor na água",
disse o chefe do executivo
huilano, acrescentando que
muitos jovens ficam sem o
seu belo sorriso porque
muito cedo perdem a dentição nestas paragens.
Setembro 2010 JSA 13
Associação dos diabéticos abre núcleo na Huíla
A Associação dos Diabéticos
de Angola (ASDA) abriu este
mês, no Lubango, um núcleo
para "alertar, formar e educar
as pessoas afectadas pela
doença sobre as formas de
combate", de acordo com a
sua presidente, Filomena
Quiosa. Segundo esta
responsável, "trata-se de um
projecto destinado à melhoria de vida dos diabéticos e
redução do índice de afectados, pois o número tem aumentado nos últimos anos".
O núcleo provincial da ASDA na Huíla, sob gestão de
Arminda de Almeida, ficou
sedeado no Hospital Geral
Dr. Agostinho Neto, cedida
pelo director geral, Henrique
Chipenda, onde decorreu
uma sessão de despiste.
O Vice-governador para o
Sector Social, Sérgio da Cunha Velho, e a chefe do departamento provincial de
Saúde Pública e Controle de
Endemias, Judite dos Santos
Rocheta, acolheram a delegação da ASDA. A cerimónia
contou ainda com a participação da directora-adjunta
do Jornal da Saúde, Maria
Odete Pinheiro.
O acontecimento, veiculado pela rádio e imprensa local, teve repercussões imediatas junto à população. Dezenas de pessoas manifestaram
interesse em aderir à Associação para poderem beneficiar
dos seus serviços, ou simplesmente com o intuito de colaborarem, como é o caso de
responsáveis de algumas empresas locais, como a CocaCola e as Águas da Chela.
A ASDA pretende abrir núcleos em todo o País, para
que possa estender os seus
serviços de apoio aos diabéticos a todos os cidadãos angolanos.
O QUE É A DIABETES?
A diabetes é uma doença crónica
que se caracteriza pelo aumento
dos níveis de açúcar (glicose) no
sangue e pela incapacidade do
organismo em transformar toda a
glicose proveniente dos alimentos.
À quantidade de glicose no sangue
chama-se glicemia e quando esta
aumenta diz-se que o doente está
com hiperglicemia.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS
TÍPICOS DA DIABETES?
Nos adultos - A diabetes é,
geralmente, do tipo 2 e manifestase através dos seguintes sintomas:
– Urinar em grande quantidade e
muitas mais vezes, especialmente
durante a noite (poliúria);
– Sede constante e intensa
O director do hospital geral, Henrique Chipenda, dá o exemplo ao submeter-se ao despiste da diabetes.
(polidipsia);
– Fome constante e difícil de saciar
(polifagia);
– Fadiga;
– Comichão (prurido) no corpo,
designadamente nos órgãos
genitais;
– Visão turva.
Nas crianças e jovens - A diabetes
é quase sempre do tipo 1 e
aparece de maneira súbita, sendo
os sintomas muito nítidos. Entre
eles encontram-se:
– Urinar muito, podendo voltar a
urinar na cama;
– Ter muita sede;
– Emagrecer rapidamente;
– Grande fadiga, associada a
dores musculares intensas;
– Comer muito sem nada
aproveitar;
– Dores de cabeça, náuseas e
vómitos.
É importante ter presente que os
sintomas da diabetes nas crianças
e nos jovens são muito nítidos. Nos
adultos, a diabetes não se
manifesta tão claramente,
sobretudo no início, motivo pelo
qual pode passar despercebida
durante alguns anos.
Os sintomas surgem com maior
intensidade quando a glicemia está
muito elevada. E, nestes casos,
podem já existir complicações (na
visão, por exemplo) quando se
detecta a doença.
Abertura do núcleo da ASDA e sessão de despiste da diabetes com a presença de Arminda de Almeida, Filomena
Quiosa, Judite Rocheta e Henrique Chipenda
Hospital Central do Lubango aposta na melhoria da assistência
médica, medicamentosa e humanizada aos utentes
"A discussão das causas mais
profundas e principais da
morte da população é a nossa meta."
Foi com estas palavras
que Vitória da Conceição
Correria, vice-governadora
para a área técnica da província da Huíla, fez a abertura das primeiras jornadas técnico-científicas na história do
Hospital Central do Lubango,
a maior unidade sanitária da
região Sul do país, que decorreram a 15 e 16 de Setembro.
A responsável disse também acreditar que o evento
poderá propiciar um clima
para o refrescamento dos
conhecimentos dos profissionais da saúde.
Participaram no evento
mais de 200 delegados, sendo 160 dos 800 funcionários
do hospital, 40 convidados
das províncias do Cunene,
Namibe e Kuando Kubango,
além de alunos de formação
na área da saúde.
Devem estas jornadas encontrar solução para os problemas sanitários que afligem
as populações, de acordo
com Vitória da Conceição
Correia.
Martinho Angelina, director pedagógico e científico do
hospital central do Lubango,
frisou que o evento vai alavancar os profissionais da instituição com mais ferramentas de trabalho. "Vamos discutir formas para melhorar o
A Vice-governadora, Vitória da Conceição Correia, acompanhada pelo reitor
da Universidade Mandume ya Ndemufayo, Viriato Gaspar, à direita
nosso desempenho", disse.
Já o Dr. Adriano Cassela,
coordenador das jornadas
técnico-científicas, adiantou
que cerca de vinte e seis temas serão abordados nesta
actividade, com destaque para as principais patologias
que atormentam as populações na região Sul do país.
A margem destas primeiras
jornadas técnico-científicas do
Hospital Central do Lubango,
que decorreram sob o lema
"Investigação e pesquisa em
saúde, ao serviço da melhoria
da assistência médica, medicamentosa e humanizada aos
utentes", foi rubricado um
protocolo de cooperação com
a Faculdade de Medicina da
Universidade Mandume Ya
Ndemufayo.
A decana desta instituição
de ensino superior, Ana Silva
Gerardo, disse que este facto
vai melhorar a aprendizagem
dos estudantes, pois estarão
facilitadas as aulas teóricopráticas
"Os estudantes poderão ter
no Hospital central do Lubango acesso à área de anatomia
patológica e contacto directo
com o doente", sustentou Ana
Silva Gerardo.
O Hospital Central Dr. António Agostinho Neto situa-se
no Município do Lubango, no
Bairro Comandante Cowboy,
ocupa uma área de 11 200
m2 e com uma população estimada para assistir de 3 154
854 habitantes.
A primeira fase foi inaugurada em 1972, com a construção da torre principal.
De 2006 a 2008, o hospital beneficiou de obras para a
sua conclusão e reabilitação,
tendo sido reinaugurado a 29
de Agosto de 2008.
É um hospital de referência
provincial e também assiste alguns doentes provenientes das
províncias vizinhas (Namibe,
Cunene e Kuando Kubango).
Tem uma capacidade instalada de 520 camas e uma
média de 351 camas reais.
14 VIH/SIDA E ITS
Setembro 2010 JSA
Novo plano nacional à vista
Todos os dias, ao cair do sol,
Joana, mãe solteira de 23 anos de
idade, toma um longo tempo à
janela da varanda do seu quarto,
num prédio de construção colonial
portuguesa que resiste à invasão
da favela no Bairro Prenda, em
Luanda. Voltada à vista do mar e
ao céu azul dourado desta tarde, a
jovem olha para o sol que se afoga
no fundo da paisagem, como se
observasse o tempo que resta, até
que algo seja feito, para, pelo
menos, como ela sublinha,
"prolongar a sua vida". Isso caso
não seja possível salvá-la "das
garras" da doença, o VIH/sida.
"Sinto uma grande agonia na alma
ao ver o tempo passar", disse
Joana. "Às vezes, a sensação é
pior do que a dor que sinto no
corpo."
JOÃO DILA
Domingas, seropositiva:"Há falta de centros de tratamento para doentes com sida e os equipamentos avariam-se por falta de assistência adequada"
U
ma ex-trabalhadora do sexo
nas noites de
Luanda, Joana
consta entre o
crescente número de seropositivas que anseiam melhores dias para o
seu tratamento médico. Para
muitas, uma vez detectado o
vírus, o socorro é deficiente.
Mas agora as esperanças voltam-se para o Quarto Plano
Estratégico Nacional (PEN IV)
de controlo das infecções
transmitidas sexualmente (ITS)
e do VIH/sida, no triénio
2011-2014, que o governo
poderá adoptar.
Após revisão, o processo
foi entregue, a versão final do
PEN IV foi apresentada ao vice-presidente angolano, Fernando da Piedade Dias dos
Santos. O vice-presidente lidera o sector social do Executivo e reuniu a Comissão Nacional de Luta contra a Sida e
Grandes Endemias.
Em análise esteve a situação seroepidemiológica do
VIH/sida no país e as respostas que se impõem, de acordo
com uma nota de imprensa
publicada pela Comissão.
Segundo o esboço 2 desta
resposta, revisto por especialistas e parceiros sociais do
Governo, o PEN IV visiona um
futuro comum, sem as ameaças do VIH/sida à saúde pública, permitindo o desenvolvimento socioeconómico do
país e o bem-estar dos cidadãos.
As metas seriam o controlo
e a inversão dos efeitos negativos da pandemia mundial
em Angola. O destino é o que
o Executivo considera ser "a
concretização dos Objectivos
do Milénio definidos no ano
2000 em Nova Iorque, Estados Unidos da América, e o
Acesso Universal até 2015".
Uma estimativa do esboço
2 do PEN IV antecipa que em
2012 a taxa de seroprevalência do vírus será de 2,03% das
pessoas entre os 15 e os 49
anos de idade. A população
total seropositiva seria de 180
mil pessoas. Para o corrente
ano, a estimativa oficial apontava os 173 261 casos. A seroprevalência rondaria os
"Uma estimativa do
esboço 2 do PEN IV
antecipa que em
2012 a taxa de
seroprevalência do
vírus será de 2,03%
das pessoas entre
os 15 e os 49 anos
de idade. A
população total
seropositiva seria de
180 mil pessoas.
Para o corrente ano,
a estimativa oficial
apontava os 173 261
casos. A
seroprevalência
rondaria os 1,99%
em 2010. Mas esta
projecção oficial é
"extremamente
optimista" para
muitos especialistas
independentes"
1,99% em 2010.
Mas esta projecção oficial
é "extremamente optimista"
para muitos especialistas independentes. O argumento é
que Angola seria tecnicamente incapaz de fazer diagnósticos "efectivos". País com uma
população total estimada em
18 milhões de habitantes e
uma extensão territorial de
1 246 700 km², Angola emprega métodos de análises "indirectas" quando afere os níveis de seroprevalência.
DOENÇA URBANA,
FRONTEIRIÇA
E FEMININA
Num estudo da seroprevalência efectuado em mulheres
grávidas, apresentado há dois
anos e que constou do esboço 2, concluía-se que o vírus
ataca predominantemente as
províncias limítrofes, como o
Cunene (4,4%), Lunda-Norte
(4,4%) e Benguela (4,2%). A
capital, Luanda, no litoral, observou um índice de prevalência de 3,9%, nos seus mais de
7 milhões de habitantes.
Para o estudo, quem vivia
na cidade e nas áreas urbanas aparentemente enfrentava um maior risco de infecção
do que o habitante do meio
rural.
As mulheres formavam o
grosso da população infectada, em comparação com o
sexo oposto, uma relação de
2,4 mulheres por cada homem. A faixa etária feminina
mais afectada situava-se entre os 25 e os 29 anos de idade. Os homens, entre os 30 e
os 34 anos. Nas trabalhadoras do sexo de Luanda verificou-se uma seroprevalência
de 23% há 4 anos.
Entretanto, no esboço 2,
não houve qualquer referência ao custo do Plano em revisão. Nos últimos dois anos, o
combate ao VIH/sida consumiu 73 milhões de dólares. O
Governo angolano disponibilizou 77,34% deste valor. Parceiros e doadores internacionais, como o Banco Mundial
e o Fundo Global, custearam
16% do orçamento.
Até agora, o PEN III em
execução alargou a prevenção. Todavia, faltou melhorar
substancialmente os serviços
de tratamento aos doentes de
sida, como reclamam vários
pacientes. Uma seropositiva
há quase uma década e hoje
em tratamento médico, Domingas, de 40 anos de idade,
acusa a carência de centros
de tratamento para doentes
de sida. O Hospital Esperança é o único especializado.
Mas a capacidade seria limitadíssima. "Temos dificuldades
em fazer exames complementares, incluindo o CD 4", disse
Domingas. "Vejo que os
maiores problemas são os
aparelhos e equipamentos ultramodernos e sensíveis que
se avariam por falta de uma
assistência adequada e a frequente oscilação no fornecimento de energia eléctrica."
Às vezes, há dificuldades
no acesso ao kit completo de
anti-retrovirais, o principal
medicamento em uso que pode retardar a acção do vírus e
prolongar a esperança de vida do portador do VIH.
Em Angola, o Governo estabeleceu o acesso aos anti-retrovirais e ao tratamento
médico como universal e gratuito. "Mas há dificuldades no
acesso a todos exames", protestou Domingas, que viaja
para o estrangeiro em tratamentos mais completos. "O
drama cria custos no acesso
ao tratamento."
Solteira e mãe de um adolescente, Domingas observa
muita discriminação contra os
doentes de sida. O palco são
os hospitais públicos, que "devem" atender as doenças infecciosas. Atraídos pelo slogan "Acesso universal para todos", lá muitos doentes procuram tratamento a enfermidades "oportunistas, devido às
suas fragilidades imunológicas".
O drama não foge à realidade de Joana, já com a aflição à flor da pele. "Cada dia
que passa", disse a jovem seropositiva, que aprecia o ar
frio que a janela envelhecida
do seu quarto aspira enquanto observa o rápido anoitecer,
"parece ser uma batalha silenciosa e incerta que perco".
Mas no plano concluído,
os autores deixam claro que
será preciso tratar e cuidar
melhor dos doentes de VIH/sida, como esta jovem. O PEN
IV estabelece metas ambiciosas, como a redução da mortalidade e morbilidade entre
as pessoas que vivem com o
VIH, além de melhorar a sua
qualidade de vida. Tanto Joana como Domingas preferem
ver para crer.
SAÚDE MATERNO-INFANTIL 15
Setembro 2010 JSA
Governo quer reduzir mortes
João Teixeira procura resposta
para a sua aflição. Deve ou não
enviar a esposa para Londres e,
escrupulosamente, seguir o
tratamento médico até ao fim da
sua gravidez, que já tem seis
meses?
"A percentagem de
consultas pré-natais
pelos 20% da
população mais rica
foi de 89%,
enquanto aquela
que se regista nos
20% da população
mais pobre foi
apenas de 45%"
PAULO DILA
H
á dois anos
que a sua esposa quase
perdeu a vida,
quando interrompeu a primeira gravidez e abortou o
bebé por complicações na
gestação numa maternidade
em Luanda. Faltavam sete meses para o parto.
Estas complicações na gestação eram muito frequentes
em Angola. Segundo um estudo da Organização Mundial
da Saúde (OMS), cerca de
1400 mulheres por 100 000
nados-vivos morriam durante
a gestação até 2009.
Menores são as "chances"
de uma criança sobreviver ao
parto e chegar com vida e
saudável aos 5 anos de idade
em Angola.
Segundo o Inquérito Integrado ao Bem-Estar da População (IBEP), publicado no dia
19 de Agosto deste ano, no
país morrem 193 crianças em
mil nascidas, antes dos 5 anos
de idade.
Ambos os casos provam o
grau de risco que o Governo
angolano quer reverter radicalmente. O primeiro passo
foi o lançamento da campanha de redução acelerada da
mortalidade e morbilidade
materno-infantil, a 20 de
Agosto, no Centro de Convenções de Talatona, em
Luanda.
O ministro da Saúde, Dr.
José Van-Dúnem, disse que da
estratégia nacional consta o
planeamento familiar, o reforço da capacitação de recursos
humanos, das mulheres e das
comunidades para a redução
da mortalidade e morbilidade
materno-infantil. O ministro
Van-Dúnem também antecipou o reforço dos mecanismos de coordenação, a monitorização, mobilização e alocação de recursos para a saúde materno-infantil.
Esta campanha surge numa altura em que as Nações
Unidas se encontram engajadas para que neste mês de Setembro, através do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon,
se lance a estratégia global de
saúde materno-infantil.
"Em Angola, a taxa
de prevalência da
má nutrição em
crianças menores
de cinco anos
reduziu de 31% para
16%, e a
percentagem de
mulheres que
frequentam as
consultas pré-natais
cresceu de 66%
para 69%"
O objectivo é a reversão
dos oito milhões de óbitos infantis no planeta devido a causas preveníveis e o combate
ao número de mais de 350
mil mulheres que anualmente
morrem em todo o mundo devido a complicações evitáveis,
atribuídas à gravidez e ao parto.
Luís Sambo, director-regional para África da Organização Mundial da Saúde, sublinhou que as elevadas taxas
de mortalidade materna, neonatal e infantil na região africana continuam a constituir
um importante obstáculo ao
desenvolvimento da saúde. "A
tendência actual", alertou o Dr.
Luís Sambo, "mostra que muitos países da região africana
não irão alcançar o Objectivo
de Desenvolvimento do Milénio relativo à saúde infantil e
materna, se se continuar com
o ritmo actual".
SINAIS
DE ESPERANÇA?
Em Angola, no recente IBEP, a
proporção da mortalidade por
malária caiu de 35% para
23%. Basicamente, a quebra
deveu-se à distribuição de
mosquiteiros impregnados e à
disponibilidade de tratamento
antimalárico adequado para
as mulheres grávidas e crianças, segundo o que descrevem os especialistas.
Na observação dos parceiros internacionais do Governo, a taxa de prevalência da
má nutrição em crianças me-
nores de 5 anos reduziu de
31% para 16%, e a percentagem de mulheres que frequentam as consultas pré-natais cresceu de 66% para
69%.
A governadora de Luanda,
Francisca do Espírito Santo,
não podia estar mais radiante. "O facto de se registar um
aumento de 39 partos realizados nos centros de saúde na
província de Luanda desde
que vigora a paz em Angola,
em relação aos anos anteriores", disse a governadora Espírito Santo, "e a redução da
mortalidade infantil, significa
que as famílias depositam
maior confiança nos serviços
prestados, que o trabalho feito na comunidade tem surtido
efeito e que as gestantes consciencializam-se de que as salas de parto são o melhor local
para ter o bebé".
Mas há vozes de advertência. "É necessário, porém, eli-
minar as lacunas e disparidades ainda existentes", advogou
o Dr. Koen Vanormelingen,
que falava em representação
do sistema das Nações Unidas e dos parceiros em Angola. "A cobertura de saúde para as populações com menos
recursos é bastante reduzida e
o acesso aos serviços de qualidade é bastante influenciado
em função do acesso geográfico."
O Dr. Vanormelingen usou
PARA A REDUÇÃO DA MORTALIDADE MATERNO-INFANTIL
ORÇAMENTO PARA A SAÚDE TEM DE AUMENTAR 15 POR CENTO
O optimismo é partilhado pelo Executivo. O vice-presidente da República, Fernando
da Piedade Dias dos Santos, que encerrou o evento, disse que a campanha
acelerada para a redução da mortalidade materna e a informação constituem um
importante marco na realização dos vários compromissos nacionais e internacionais
assumidos por Angola para o desenvolvimento social do país e do continente
africano.
Não será fácil. O Dr. Vanormelingen apontou vários passos para que a aposta seja
efectiva. É o caso da clarificação das obrigações dos parceiros nacionais e
internacionais, públicos e privados, a diferentes níveis, para que se tenha um plano
único, de modo a orientar as acções.
Também se devem mobilizar os recursos humanos, técnicos e financeiros necessários
para que o plano possa ser implementado. Isso significa um aumento orçamental do
Estado para a saúde, até 15%, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Por último, espera-se pelo desenvolvimento de um mecanismo de monitoria única a
nível do sector de saúde, de forma a reforçar o sistema de informação para a saúde
e evitar a ineficiência por duplicação.
"Em nome das agências das Nações Unidas", afirmou o Dr. Vanormelingen, "reafirmo
o nosso compromisso de trabalhar em coordenação com o Governo e os seus
parceiros para reduzir a pobreza e melhorar a saúde materno-infantil no contexto dos
11 compromissos de Angola para as crianças, e tomar a redução da mortalidade
materno-infantil como prioridade absoluta em Angola".
Mais do que um mero ideal, João Teixeira gostaria que tudo isso fosse uma
realidade, para que pudesse optar por ter a sua esposa a dar à luz nos hospitais do
país.
uma análise de quantis para
demonstrar que a percentagem de consultas pré-natais
pelos 20% da população mais
rica foi de 89%, enquanto
aquela que se regista nos 20%
da população foi apenas de
45%.
A par disso, o atendimento
qualificado a mulheres grávidas permanece baixo, com
49%, e o acesso à água potável e ao saneamento básico
baixou de 60% para 42% e de
75% para 60%, respectivamente. Isso facilitou o surgimento de outras epidemias,
como é o caso da poliomielite, segundo a análise de especialistas.
"As altas taxas de mortalidade materna infantil representam uma rejeição dos direitos fundamentais à saúde
consagrados na própria
Constituição de Angola, na
Convenção dos Direitos da
Criança e na Convenção contra a violência e discriminação
da mulher", afirmou o Dr. Vanormelingen, que acredita
que um investimento na saúde
das crianças e das mulheres
ajuda substancialmente ao
desenvolvimento do país, pela
melhoria do capital humano e
pela diminuição das despesas.
Os parceiros sociais do
Governo, as Nações Unidas e
as suas agências sublinham
que a campanha lançada pelo Executivo angolano é uma
base fundamental para a redução da mortalidade materno-infantil em Angola.
16 PEDIATRIA
Setembro 2010 JSA
SUCESSO ESCOLAR Os contributos da saúde
Uma alimentação variada,
completa e equilibrada, com os
nutrientes necessários, constitui
uma das garantias indispensáveis
para um bom desenvolvimento
intelectual do indivíduo.
PATRÍCIA VAN-D
DÚNEM
C
omer bem é,
segundo muitos especialistas, o segredo
das crianças
que apresentam melhor desempenho escolar.
A ausência de alimentos
como o leite e seus derivados, sumos naturais, água,
sopas, frutas, peixe, carne,
vegetais, massa, feijão, pão
e ovos podem fazer toda a
diferença quando o assunto
é o rendimento escolar.
Em entrevista ao Jornal da
Saúde, a médica pediatra Ermelinda Soito Ferreira fala da
importância e influência de
uma boa alimentação no
rendimento escolar das
crianças.
CONSULTAS
REGULARES
De acordo com Ermelinda
Soito Ferreira, o estado de
saúde da criança influencia
muito o seu nível de aproveitamento escolar. Daí a chamada de atenção aos encarregados de educação para
levarem os seus petizes a
consultas regulares com o
pediatra, ter o calendário de
vacinação actualizado e levar a criança, pelo menos
uma vez por ano, a uma consulta de oftalmologia.
Segundo a médica pediatra, a integridade visual da
criança é muito importante,
e constitui uma premissa para o seu bom desenvolvimento.
ALIMENTAÇÃO
ADEQUADA
No que concerne à alimentação das crianças nas escolas
durante os intervalos, Ermelinda Ferreira alerta para a
necessidade das cantinas
existentes nas escolas terem
um médico nutricionista, de
forma a cultivar nas crianças
bons hábitos alimentares e
incluir na sua dieta alimentos
essenciais para um crescimento saudável, ao invés de
alimentos muito gordurosos
como hambúrgueres, refrigerantes , doces em excesso,
Comer bem é,
segundo muitos
especialistas, o
segredo das
crianças que
apresentam melhor
desempenho
escolar.
enlatados, batata fritas e alimentos pré-cozinhados.
Ermelinda Soito Ferreira
salienta a importância da
criança fazer todas as refeições começando por um pequeno-almoço, um lanche
de manhã e à tarde, o almoço e o jantar, factores básicos
para um estilo de vida saudável e consequentemente
um bom rendimento escolar.
O SONO
É IMPORTANTE
O sono é muito importante
para a criança, fazendo parte do ritmo de vida durante o
qual há maturação e desenvolvimento neurológico, essencial para uma aprendizagem eficiente, frisou.
Ermelinda Soito Ferreira
salienta que as crianças devem ter um número de horas
de sono adequado à sua idade para que tenham um des-
envolvimento saudável.
Ainda de acordo com a
especialista, os princípios
fundamentais de um ritmo de
vida normal e adequado ao
desenvolvimento da criança
devem ser cumpridos para
um bom rendimento escolar.
Uma criança que não tem
o período de sono necessário à sua idade está muito
mais susceptível ao fracasso
escolar que outras crianças
da sua idade, disse a médica. Ermelinda Soito Ferreira
lança por outro lado, um
apelo aos encarregados de
educação no sentido de educarem os seus filhos a respeitarem as horas de sono principalmente na idade pré-escolar.
Ermelinda Soito Ferreira
realçou também a importância dos pais conversarem
com os seus filhos, auxiliá-los
na sua aprendizagem e tarefas escolares, demonstrando
o seu interesse no seu rendimento dos mesmos.
Vale a pena
o tempo perdido!
Paulina Semedo “Encorajamos as mães a não desistir desta
árdua, mas gratificante, tarefa de promover a boa alimentação
e hábitos saudáveis”
Para alguns é mesmo o que diz o título: tempo perdido!
Horas de sono
Um recém-nascido deve ter em média
14 a 18 horas de sono por dia. Aos cinco anos as crianças necessitam de 12 a
13 horas de sono. Já na fase dos 7 aos
9 anos necessitam de 10 a 12 horas de
sono por dia.
ois, estamos a referir-nos ao tempo
que nós, as mães, dedicamos a
preparar os lanchinhos para os nossos
filhos comerem nos intervalos das
aulas. Preocupamo-nos em colocar uma peça
de fruta, uma sandes e às vezes uma
garrafinha de água ou de sumo.
Contudo, as nossas criancinhas preferem o
que a cantina da escola põe à disposição dos
mal-informados alunos em matéria de valor
nutricional dos alimentos, em detrimento
daquilo que, além de ser cuidadosa e
higienicamente preparado, não lhes vai custar
mais nada!
O nosso conselho é de encorajar as mães
a não desistir desta árdua, mas gratificante
tarefa, a de promover a boa alimentação e
hábitos saudáveis de bem comer e viver. Já
diz o ditado: é de pequeno que se torce o
pepino. Filhos que desde cedo aprendem a
conviver e a observar atitudes positivas e
estilos de vida saudáveis adoptam
comportamentos e têm a atitude que lhes vai
garantir uma qualidade de vida melhor.
Às direcções das escolas, públicas e
privadas, solicitamos e deixamos aqui o
desafio de também participarem na mudança
de comportamentos das crianças de Angola,
facilitando o acesso a alimentos mais
saudáveis nas cantinas escolares ou pelo
Programa de Merenda Escolar, para que
possamos garantir um futuro livre de doenças
crónicas não transmissíveis, como a diabetes
e a obesidade, e, desta forma, contar com
um desenvolvimento económico participativo
do nosso país.
P
É TEMPO DE MUDAR.
Ermelinda Soito Ferreira “Uma criança que não tem o período de sono necessário à sua idade está muito mais susceptível ao fracasso escolar”
Setembro 2010 JSA
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Setembro 2010 JSA
MEDICINA TRADICIONAL 19
Setembro 2010 JSA
JOSENANDO THÉOPHILE
"Devemos regulamentar a actuação
dos terapeutas tradicionais"
"Em caso de doença, o
primeiro passo da população
angolana residente na zona rural é
recorrer à medicina tradicional."
Por esta razão, Josenando
Théophile, médico especialista em
saúde pública, defende uma
cooperação mais intensa entre o
Ministério da Saúde e os
terapeutas tradicionais e a criação
de uma lei que a regulamente,
com a participação de juristas,
médicos, farmacêuticos, biólogos
e bioquímicos. Mas "é importante
que a medicina tradicional
também se modernize" e que " a
população saiba diferenciar o
espiritualismo e a feitiçaria da
medicina tradicional, afirma em
entrevista ao Jornal da Saúde.
PATRÍCIA VAN-D
DÚNEM
O
uso de raízes,
folhas e cascas de árvores
para o tratamento de doenças é uma
prática cada vez mais frequente em Angola. Existente
há cerca de quatro mil anos,
a medicina tradicional tem
desempenhado um papel
relevante no nosso país,
principalmente no seio das
comunidades rurais.
Para Josenando Théophile, médico especialista em
Saúde Pública, no momento
em que vivemos, é quase
impossível rejeitar os efeitos
terapêuticos da medicina
tradicional.
Josenando Théophile defende que deve existir uma
maior colaboração entre a
medicina tradicional e a medicina convencional, para
que se obtenham melhores
resultados. O médico citou
o exemplo de países como o
Brasil e a China, que já tiveram ganhos substanciais
com a utilização da medicina tradicional.
Josenando Théophile disse por outro lado que é importante que a medicina tradicional, a par da medicina
FEITIÇARIA
NÃO É MEDICINA
TRADICIONAL
"É importante que a
população saiba
diferenciar o
espiritualismo e a
feitiçaria da medicina
tradicional"
ATENÇÃO
AOS FALSOS
TERAPEUTAS
TRADICIONAIS
"Há muitos indivíduos
que afirmam ter
conhecimento para
curar doenças com
plantas medicinais,
mas não passam de
simples curiosos,
podendo deste modo
pôr em risco a vida de
quem recorre a este
tipo de tratamento"
convencional, também se
modernize adoptando medidas que visem uma maior
eficácia em termos terapêuticos.
Segundo o especialista
em Saúde Pública, esta modernização passa por uma
melhor arrumação, conservação e dosagem exacta dos
medicamentos tradicionais.
O também professor universitário disse ser necessário apostar mais no desenvolvimento da medicina tradicional angolana para valorizar e promover a sua integração no Sistema Nacional de Saúde.
Estimular a formação e a
investigação em saúde envolvendo a medicina tradicional pode ser um dos passos para a sua integração,
acrescentou.
COOPERAÇÃO ENTRE
O MINISTÉRIO
DA SAÚDE
E OS TERAPEUTAS
TRADICIONAIS
De acordo com Josenando
Théophile, em caso de doença, o primeiro passo da
população angolana residente na zona rural é recorrer à medicina tradicional.
Por isso, o médico defende
uma cooperação mais responsável entre o Ministério
da Saúde e os terapeutas
tradicionais, de forma a
melhorar os indicadores de
saúde pública e a prestação
dos cuidados primários de
saúde no país.
Josenando Théophile salientou entretanto a necessidade da criação de uma lei
que regulamente a actuação dos terapeutas tradicionais em Angola. O médico,
que reconheceu terem já sido dados alguns passos
nesse sentido, defende a
participação de juristas, médicos, farmacêuticos, biólogos e bioquímicos na elaboração de uma lei que vá ao
encontro da realidade angolana.
FALSOS TERAPEUTAS
Com trinta e um anos de experiência, o médico chamou
a atenção da população para a existência de falsos terapeutas tradicionais. Segundo Josenando Théophile, muitos indivíduos que
afirmam ter conhecimento
para curar doenças com
plantas medicinais não passam de simples curiosos,
"Deve existir uma
maior colaboração
entre a medicina
tradicional e a
medicina
convencional"
"É importante que a
medicina tradicional,
a par da medicina
convencional,
também se
modernize"
podendo deste modo pôr
em risco a vida de quem recorre a este tipo de tratamento.
Josenando Théophile disse também que é importante que a população saiba diferenciar o espiritualismo e
a feitiçaria da medicina tradicional. O médico especialista falou ao Jornal da Saúde por ocasião do 31 de
Agosto, dia consagrado à
medicina tradicional africana.
Perfil de Josenando Théophile
Médico "Chefe de Serviço" do MINSA. Doutorado em Parasitologia pela Universidade de
Rouen/França. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Católica de Louvain/Bélgica.
Especialista em Saúde Pública pelo Colégio de Pós-Graduação em Ciências Médicas da
Universidade Agostinho Neto/Angola. Licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina
da Universidade Nacional do Zaire, actual República Democrática do Congo.
Professor Titular na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto.
Membro do Comité Africano para o Desenvolvimento e Investigação em Saúde da Organização Mundial da Saúde.
Presidente do Comité Executivo do Conselho Científico Internacional para a Pesquisa e Luta
contra as Tripanosomoses da União Africana.
Membro do Conselho Superior de Ciência e Tecnologia de Angola, presidente da 6.ª Comissão de Ciências Médicas do mesmo Conselho e coordenador-adjunto do Conselho Científico
do Ministério da Saúde.
Presidente do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos de Angola.
Director-geral do Instituto de Combate e Controlo das Tripanossomíases (ICCT).
Tem várias publicações sobre a Tripanossomíase Humana Africana e Investigação em
Saúde.
Em anos anteriores foi: delegado da Saúde no Alto Zambeze/Moxico; director clínico do
Hospital Provincial do Luena/Moxico; director nacional do Controlo de Endemias;
director-adjunto do Instituto Nacional de Saúde Pública e membro do Colégio de Pós-Graduação em Ciências Médicas (CPGCM).
20 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
Setembro 2010 JSA
Centro de Segurança e Saúde no Trabalho
quer prevenir acidentes laborais em Angola
O CENTRO É A PRIMEIRA UNIDADE DO PAÍS NO ÂMBITO DA PREVENÇÃO DE DOENÇAS PROFISSIONAIS
Em operação desde Maio deste
O CSST tem como objectivo
reduzir e prevenir os acidentes
e doenças profissionais
ano, o Centro de Saúde e
Segurança no Trabalho (CSST),
projecto pioneiro em segurança e
saúde laboral em Angola, foi
criado com o objectivo de reduzir
e prevenir a nível nacional os
acidentes e doenças profissionais.
A
iniciativa do projecto é do Governo de
Angola, através do
Ministério da Administração Pública,
Emprego e Segurança Social
– MAPESS, em estreita cooperação com o Ministério da
Saúde e em parceria com o
Grupo LR, sendo deste último
a responsabilidade da
concepção, execução e gestão do projecto por 18 meses.
O CSST presta serviço a
empresas públicas e privadas,
actuando com êxito no diag-
nóstico precoce dos problemas clínicos de saúde, avaliação dos factores ocupacionais
de risco e encaminhamento
dos profissionais para tratamento efectivo das doenças
detectadas.
O CSST assume ainda um
importante papel pedagógico,
promovendo acções de sensibilização para a questão da
segurança no trabalho através
da promoção de encontros
científicos sobre medicina do
trabalho, serviços de consultoria e sessões de formação so-
bre segurança no trabalho para empresas.
O CSST – Centro de Segurança e Saúde no Trabalho está equipado com tecnologia
de ponta e disponibilizará as
mais variadas especialidades,
desde clínica geral, análises
clínicas, diagnóstico funcional,
auditometria, saúde ocupacional, oftalmologia, otorrinolaringologia, ortopedia, cardiologia, pneumologia, estomatologia, entre outras.
Localizado no Município de
Viana, em Luanda, nas proximidades do Centro de Reabilitação Profissional, o Centro
opera com uma capacidade
média diária de atendimento
de 200 consultas. O seu funcionamento é garantido por
20 especialistas nacionais e
12 israelitas, num total de 32
profissionais de saúde, entre
médicos, enfermeiros e técnicos de laboratório, técnico de
raio X, técnico de segurança
no trabalho, e outros.
"O CSST – Centro de Segurança e Saúde no Trabalho
vem inovar os serviços de assistência sanitária no país. Será uma referência a nível nacional e faz parte da estratégia
de Saúde Pública para estabelecer, aprofundar e oferecer
qualidade e soluções aos problemas de saúde, privilegiando a informação, a prevenção
e o tratamento das doenças
decorrentes do trabalho", afirma a Dr.ª Isabel Cardoso, directora do CSST.
UNIDADES MÓVEIS
A prever um maior alcance do
serviço e comodidade com
economia de tempo e recursos
financeiros para as empresas
com grande número de funcionários, o CSST conta com o
inovador serviço de Unidades
Móveis, equipadas com
consultório, laboratório de
análises clínicas e sala de raio
X. São duas unidades com capacidade de atendimento diário de 70 pessoas. Através das
Unidades Móveis, o CSST atenderá as necessidades das demais províncias do país.
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22 NUTRICIONISMO
Setembro 2010 JSA
Nutrição e doenças cardiovasculares
Nádia Ferreira
Nutricionista
A nutrição desempenha um
papel fundamental na prevenção e
tratamento das doenças
cardiovasculares.
O QUE SÃO DOENÇAS
CARDIOVASCULARES?
Nas doenças cardiovasculares
dá-se uma disrupção da acção
bombeadora do coração ou do
fluxo de sangue que passa atra-
vés dos vasos sanguíneos. As
artérias podem ser danificadas
pela tensão arterial alta e estreitadas pelos depósitos de gordura, sobretudo colesterol, que
restringem o fluxo sanguíneo.
Quando as artérias coronárias,
que fornecem sangue ao músculo cardíaco, se estreitam e
bloqueiam, ocorre o ataque
cardíaco. Se o fluxo de sangue
que é levado ao cérebro for
interrompido, ocorrerá um AVC
– acidente vascular cerebral.
DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
MAIS COMUNS
A hipertensão arterial – tensão
arterial superior a 140 mmHg
(sistólica) ou 90 mmHg (diastólica) – provoca tensão no coração e nas artérias, levando
a um estreitamento destas e dificultando o fluxo sanguíneo a
chegar ao seu destino.
Os níveis de colesterol total,
colesterol LDL ("mau colesterol") e triglicerídeos elevados,
aumentam o risco de acumulação de gordura – formação
de placas de gordura nos vasos sanguíneos que obstruem
a passagem normal do sangue. Uma alimentação rica
em gorduras saturadas e sal,
aliada a um défice de exercício físico, é responsável por
uma grande parte das doenças cardíacas existentes.
CONSELHOS
NUTRICIONAIS PARA
A PREVENÇÃO
E TRATAMENTO
DE DOENÇAS
CARDIOVASCULARES:
1-Reduza a ingestão de gorduras saturadas, responsáveis
pelo aumento do colesterol
LDL, ou seja, deve escolher
lacticínios magros e carnes
brancas (peito de frango, peito de peru, lombo de porco…)
e retirar todas as peles e gorduras visíveis.
2- Aumente a ingestão de gorduras mono e polinsaturadas,
pois, ao aumentar a ingestão
de ómega-3, ajuda a aumentar o "bom colesterol" colesterol HDL. Utilize apenas o azeite para temperar e cozinhar e
sempre em pouca quantidade; aumente o consumo de
peixe gordo, como carapau,
atum, sardinhas, e também de
frutos secos (nozes, avelãs,
amêndoas, pinhões, linhaça,
amendoim…), pois são alimentos ricos em gorduras insaturadas e antioxidantes.
3- Uma alimentação rica em
fibras diminui o risco de
ataque cardíaco, e também os
níveis sanguíneos de colesterol LDL. Aposte no consumo
de fibras, aumentando a
quantidade de cereais de
aveia, cereais integrais, frutos
e vegetais.
4- Diminua a quantidade de
sódio da sua alimentação, optando por temperar os alimentos com ervas aromáticas.
5- A prática de exercício físico
é fundamental para o fortalecimento dos vasos sanguíneos
e músculos.
EXEMPLO DE PLANO ALIMENTAR PARA TRATAMENTO
DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES
PEQ. ALMOÇO - 1 peça de fruta com
6 colheres de sopa de cereais integrais
e um copo de leite magro.
LANCHE - 1 iogurte magro com um
punhado de frutos secos e uma peça de
fruta.
MEIO DA MANHÃ - 1 fatia de pão integral
com uma fatia de queijo magro e uma
peça de fruta.
JANTAR - Sopa de vegetais, metade do
prato com salada variada, 1 bife de peito
de frango e três colheres de sopa de arroz
integral com legumes.
ALMOÇO - Sopa de vegetais, metade do
prato com salada variada, 1 posta de
peixe, 1 batata cozida.
CEIA - 1 copo de leite magro.
Para iniciar qualquer dieta deverá consultar
primeiro o seu nutricionista.
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jornal da saude - Ordem dos Médicos de Angola