Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 4 • Número 12 • maio 2014 Edição Especial • Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O FERNANDO TARALLO EM TRÊS MOMENTOS Antonio Carlos Santana de Souza (UEMS / PPGLETRAS – UFGRS) [email protected] Reúno aqui a resenha de três textos que foram muito importantes para a minha formação sociolinguística. A Pesquisa Sociolinguística lido e relido várias vezes mostrou na seção 8 – Bibliografia comentada o caminho que eu deveria seguir na área de Linguística em meados de 1993. TARALLO, F.; DUARTE, M. E. L. Processos de mudança linguística em progresso: a saliência vs. não saliência de variantes. Ilha do Desterro, vol. 20, 44-58, 1988. Os autores frisam a questão da mudança linguística em progresso, defendem o pensamento laboviano e o modelo multi-variacional que teórica e metodologicamente prevê a interação entre fatores condicionadores de natureza linguística e não-linguística. Sendo que desta forma elenca-se detalhes dos os possíveis contextos favoráveis ou inibidores ao emprego de determinadas variantes. Citam os avanços teóricos e metodológicos da sociolinguística laboviana na questão da mudança linguística, falam também da perda da hierarquia interna através da inobservância de variáveis não salientes, também falam sobre a análise de Scherre com base em uma amostra da fala de pessoas de diferente idade, sexo, e escolaridade, bem como seis tabelas que quantificam o condicionamento da regra por fatores internos, e afirmam também que os contextos menos favoráveis à preservação da norma podem, segundo sua própria configuração linguística, ser enraizados na gramática de uso da comunidade. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 1 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 4 • Número 12 • maio 2014 Edição Especial • Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O Diante do contexto analisado é possível perceber que o estudo sociolinguístico e gramatical estão intimamente ligados ao fator cultural. O indivíduo aprende de acordo com o que lhe é familiar, por isto o ensino deve transpor essa barreira, ensinando os moldes padrão sem, contudo deixar de valorizar o outro lado da questão, e apesar de todos os processos de mudança limito-me a dizer que as questões linguísticas estão em constantes mudanças, e sempre em fase de evolução, ante a diversidade de linguajar. TARALLO, F.; KATO, Mary. Harmonia trans-sistêmica: variação intra-e-inter linguística. Campinas: Preedição, 1989. A variação de uma língua é a forma pela qual ela difere de outras formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta vários traços de identificação, sendo que um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores como: tempo, espaço, nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente. O texto acima mencionado procura mostrar quais são os efeitos desta variação, a maneira como acontece, qual é a influência dos dialetos, dos idiomas e estabelece um elo entre a variação intra-e-inter linguística, fala de como os resultados intralinguísticos podem ser úteis ao realinhamento das propriedades paramétricas previstas no modelo inter-linguístico. Este mesmo texto analisa a variação da ordem, sujeito/verbo num quadro teórico como o que foi proposto no início do presente trabalho, ou seja, analisa perspectiva variacionista inter-e-intra linguística. Fala também de como línguas diferentes podem ser em determinados momentos agrupadas como pertencentes a um mesmo parâmetro, por compartilharem uma mesma propriedade. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 2 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 4 • Número 12 • maio 2014 Edição Especial • Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O Diante do exposto, apesar de não possuir grau de conhecimento necessário, permito um breve comentário a respeito daquilo que subentendo por variação linguística, seguido de uma também breve crítica. A variação linguística se dá tendo em vista as diferenças existentes. Estas diferenças são em todos os aspectos, desde a diferença de etnia, de idade, grau de educação e etc. Classifico estas diferenças da seguinte maneira: social, geográfica, estilística e histórica. Concluo, portanto afirmando que; a variação seja intra, seja inter-linguística, ou qualquer outra será sempre objeto de análise, estudos e especulações, mas o que importa para um estudante ou professor de português é saber que elas existem e devem ser todas respeitadas. As diferentes modalidades de variação linguística não existem isoladamente, há, e haverá sempre uma inter-relação entre elas. Ex. uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Ouro exemplo ainda é o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes antigas, o conhecimento do padrão de prestigio pode ser fator de mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos favorecida. Concluo, portanto afirmando que; a variação seja intra, seja inter-linguística, ou qualquer outra será sempre objeto de análise, estudos e especulações, mas o que importa para um estudante ou professor de português é saber que elas existem e devem ser respeitadas. TARALLO, F. Regularizando as formas. In: Tempos Linguísticos. São Paulo: Ática, 1990. pp. 43-55. A tentativa de estabelecer estágios “pré-língua” representava a busca de um período idealizado em que formas teriam convivido em trégua. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 3 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 4 • Número 12 • maio 2014 Edição Especial • Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O A prática da linguística do momento atual tem primado pela busca não de regras de aplicação unívoca, e sim de tendências e princípios de natureza mais geral. As exceções às rígidas regras de mudança podem revelar outras pistas sobre as mudanças das línguas. No último quartel do século XIX, houve um grupo de historiadores de línguas que levavam as regularidades das formas às últimas consequências, e são conhecidos na literatura linguística como os “neogramáticos”. Este grupo era composto de vários historiadores linguistas como, H. Osthoff, K. Brugmann, A. Leskien e H. Paul, e tinham como objetivo e prática principais demonstrar a ação e o princípio da regularidade da mudança linguística. Em 1878 dois componentes deste grupo iniciaram a divulgação da escola ao mundo e às práticas de linguística histórica então vigente, que são a reconstrução comparada e a teoria das ondas e a reconstrução interna. Aconteceu também um manifesto, nesse mesmo ano, que marcou o aparecimento da defesa das idéias desse grupo. A segunda crítica feita pelos neogramáticos tem a ver com a questão do objeto de estudo. Segundo os historiadores, a língua do papel pode comprometer seriamente os resultados da análise projetada. Os trechos traduzidos do manifesto de 1878 deixam claro que a linguística histórica deveria ocupar-se mais dos “vivos” e deixar um pouco de lado a preocupação obsessiva da linguística comparada com os “mortos” e com os “velhos”. Portanto, os neogramáticos herdam traços da linguística comparada e já adiantam em 1878 muito do que viria a ser a linguística histórica de cem anos mais tarde no aspecto metodológico-empirista. Os princípios da regularidade da mudança fonológica e o princípio da analogia são os dois princípios mais importantes da escola neogramática. O princípio da regularidade da mudança fonológica subentende que os processos operantes independem da função morfológica, sintática e semântica da palavra na qual Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 4 Web-Revista SOCIODIALETO • www.sociodialeto.com.br Bacharelado e Licenciatura em Letras • UEMS/Campo Grande Mestrado em Letras • UEMS / Campo Grande ISSN: 2178-1486 • Volume 4 • Número 12 • maio 2014 Edição Especial • Homenageado F E R N A N D O T A R A L L O elas ocorrem, enquanto que para a aplicação do princípio da analogia entram em ação os processos operantes na mudança fonológica no nível da gramática, morfologia e sintaxe. Para concluir, podemos dizer que duas grandes hipóteses de trabalho marcaram o perfil das investigações sobre a linguagem do século XIX, retratados pelos princípios que foram acima citados, que ao serem colocados, rebatiam as práticas analíticas desenvolvidas e defendidas durante a primeira metade do mesmo século, os princípios da regularidade e da analogia. Recebido Para Publicação em 28 de fevereiro de 2014. Aprovado Para Publicação em 21 de março de 2014. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Linc., Mestrado Letras UEMS/Campo Grande, v. 4, nº 12, mai. 2014 5