DA DIVERSIDADE À UNICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Maria Elisa Gabardo Tavares
FACINTER – Faculdade Internacional de Curitiba
Resumo
Faz-se necessário hoje, e por muitas décadas no futuro, a participação ativa das
instituições públicas e privadas na inserção dos desprovidos na aquisição da leitura e
escrita, visando a assegurar a todos os brasileiros o exercício pleno da cidadania. Sendo
que fazemos parte integrante deste processo na atualidade, nossa tarefa é a de viabilizar a
todos os que atuam como alfabetizadores que se transformem em agentes de mudança na
comunidade em que atuam e que a inclusão
social por fim ocorra.
O processo
desenvolvido e praticado procurou valorizar as pessoas e o seu saber e transformou a
alfabetização em um ato de sedução.
Palavras-chaves: Valorização - Comunidade - Sedução
FROM DIVERSITY TO UNITY IN YOUNGSTER AND ADULT LITERACY
Summary
At the present time, and during many decades in the future, the partnership of public and
private institutions aiming the acess of marginalized people to literacy is very important,
ensuring this way, the full exercise of citizenship to all Brazilian people. Considering that
we take part on this process, our task is to make adult educators to become agents of
transformation on the community where they teach, so that the social inclusion will be
possible.
The process developed and performed aimed to give value to people and their background
and the act of literacy turned on an act of seduction.
Key-words: Valorization – Community - Seduction
DA DIVERSIDADE À UNICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Maria Elisa Gabardo Tavares
FACINTER – Faculdade Internacional de Curitiba
O contínuo ato de refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos é de suma importância no
contexto educacional vigente. Alternativas e propostas já foram executadas em diferentes setores
da sociedade brasileira. Os resultados amplamente divulgados são do conhecimento de todos.
Mesmo assim, o índice de analfabetismo apresenta-se alto nas regiões do nordeste e norte do
Brasil.
Como então realizar alfabetização com garantias de
envolvimento pleno entre
alfabetizador e alfabetizando,visando à aquisição não somente do domínio gráfico mas de todas as
relações que permeiam o ato de ler?
Em um primeiro momento despertar no jovem e adulto o desejo de interagir com o
processo de leitura e escrita como razão inerente de seu crescimento pessoal perante a sociedade na
qual está inserido.
O alfabetizador é o elo fundamental e necessita ser orientado e motivado para viabilizar
essa ação. O desenvolvimento das atividades de aquisição da escrita com o jovem e adulto que
nunca
esteve na escola
ou oriundo de fracassos é um grande desafio. Cabendo a ele o
entendimento de que o alfabetizando já traz uma imensa gama de experiências oriundas da cultura
na qual está inserido. E sendo assim o início de seu trabalho é, portanto, planejar juntos,
valorizando o que o alfabetizando traz para o espaço de convivência com alfabetização.
Questionamentos são inúmeros sobre que processos utilizar na sistematização da
escrita.Cabe lembrar que ele, nosso aluno, está inserido em um ambiente com atividades comuns e
diversificadas e que iniciar a escrita partindo desses estímulos será de seu interesse e prazeroso.
Devemos levar sempre em consideração que o jovem e o adulto já convivem com um mundo
letrado e interagem de forma própria com o mesmo.
Valorizar a experiência do aprendiz é fundamental para o alfabetizador.
Também é precípuo trazer situações de vida para o grupo que venham a enriquecer,
contribuir, esclarecer e auxiliar o convívio com a comunidade.
Relevante também é: o despertar dos conceitos de cidadania através da
valorização da saúde, (prevenção das doenças endêmicas, DSTs, HIV, AIDS, controle da
natalidade), direitos trabalhista, preservação ambiental (uso correto da terra, plantio),
sustentabilidade, movimentos culturais, questões de gênero, movimentos sociais e políticos, não
esquecendo da participação de profissionais da própria comunidade trazendo a sua contribuição
para junto dos momentos de aprendizagem.
Assim agindo estaremos propiciando ao jovem e adulto analfabeto o conhecimento dos
recursos que sua cidade provê e que muitas vezes por desconhecimento deixa de fazer uso ou de
reivindicá-lo
Através dessa proposta de atividades a serem desenvolvidas pelo alfabetizador, a rotina
transforma–se em um processo dinâmico e interativo, que permite o desenvolvimento da pessoa na
sua totalidade: fala, escrita, leitura, expressão plástica e corporal.
Quantas vezes estão dividindo o espaço de aprendizagem da língua escrita, artesãos,
músicos, poetas e outros, que se bem conduzidos serão despertados para um novo projeto de vida.
Alfabetizar jovens e adultos é estar atento às peculiaridades e necessidades locais, é
democratizar a ação e torná-las criativas.
Embasado nesses pressupostos o processo de alfabetização de jovens adultos realizado pela
FACINTER - PR na Região Nordeste compreendendo os Estados de Pernambuco município de
Poção, e o Estado de Alagoas municípios de Campo Alegre e Boca da Mata. Envolvendo 1.300
Alfabetizandos e 50 Alfabetizadores desenvolveu sua prática nos momentos contínuos de
capacitação através do:
RESGATE DA AUTOESTIMA ATRAVÉS DE
DINÂMICAS DE SENSIBILIZAÇÃO E TEXTOS PARA
REFLEXÃO
O DESENVOLVIMENTO DAS POTENCIALIDADES
INDIVIDUAIS ATRAVÉS DE PRÁTICAS AS QUAIS
ESTIMULAM AS
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: lingüística,
musical,
lógico- matemática,
espacial, corporal
-sinestésica,
A VALORIZAÇÃO
DE RECURSOS
ALTERNATIVOS
pessoais, ecológica
DE CADA LOCALIDADE:
SUSTENTABILIDADE,
RECICLAGEM,
FORMAÇÃO DE COOPERATIVAS
QUESTÕES DE SAÚDE,
FITOTERÁPICOS (...) .
.
CIDADANIA
VALORIZAÇÃO DO EJA
Esta metodologia de trabalho foi escolhida pelos Coordenadores Setoriais responsáveis
pela capacitação porque os mesmos acreditam que não basta apenas o desenvolvimento de
atividades de letramento voltadas à alfabetização de jovens e adultos isoladas da formação integral
do ser humano inserido na ALFASOL. Sendo que os mesmos foram excluídos da escolarização
normal e estão à margem da sociedade por fatores que perpassam pelo desemprego, ausência de
moradia e alimentação adequada saneamento básico e assistência à saúde.
Paulo Freire, em seu artigo Alfabetização e miséria cita:
1
... “Partindo de que a experiência da miséria é uma violência e não expressão da preguiça popular
ou fruto da mestiçagem ou da vontade punitiva de Deus, violência contra a qual devemos lutar, tenho
enquanto educador de me ir tornando cada vez mais competente sem o que a luta perderá eficácia. ...
Como alfabetizar sem conhecimentos precisos sobre a aquisição da linguagem, sobre a linguagem e
ideologia, sobre técnicas e métodos de ensino da leitura e escrita? Por outro lado, como trabalhar não
importa em que campo da alfabetização, no da produção econômica em projetos cooperativos, no da
evangelização ou no da saúde ser ir conhecendo as manhas com que os grupos humanos produzem sua
própria sobrevivência? Como educador preciso ir “lendo” cada vez melhor a leitura do mundo que
os grupos populares com quem trabalho fazem seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte.
O que quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas minhas relações políticopedagógico com grupos populares, desconsiderar ser saber de experiências feito. Sua explicação do
mundo de que faz parte a compreensão de sua presença no mundo. E isso tudo vem explicitado ou
sugerido ou escondido no que chamo “leitura do mundo” que precede a “leitura da palavra” ...
Com essa práxis pedagógica que navega pelos caminhos da emoção a razão acreditamos
que estamos fazendo “a diferença “ para todos os integrantes do processo ALFASOL /
MÓDULOS XVIII E XIX - 2005.
MARIA DA GRAÇA PEGO FRANCO
Coordenadora –Campo Alegre, AL.
MARIA ELISA GABARDO TAVARES
Coordenadora – Poção, PE.
ROSA ELVIRA NANAMI
Coordenadora Boca da Mata , AL.
1
Paulo Freire “ Pedagogia da indignação cartas pedagógicas e outros escritos Editora UNESP, 2000.
BIBLIOGRAFIA
POSTER, Ciril – ZIMMER, Jürgem. Educação comunitária no terceiro mundo. Campinas :
PAPIRUS, 1992.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional . Rio de Janeiro : Objetiva, 1995.
GARDNER, Howard . Estruturas da mente: as inteligências múltiplas. São Paulo : Artes
Médicas, 1994.
ENGUITA, Mariano F. Trabalho, escola e ideologia. São Paulo : Artes Médicas, 1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:
Editora UNESP, 2000.
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