Amor perfeito Por: Charlie Hogg Coordenador nacional da Brahma Kumaris na Austrália. (Aula conduzida num retiro para tradutores na Academia para um mundo melhor – Gyan Sarovar – Monte Abu, Índia) Março, 2015. É adorável fazer parte desta reunião. Eu nunca traduzi nada e não sei o que me qualifica estar aqui. Conheci a Brahma Kumaris em Londres e comecei a estudar Hindi. Eu estava um pouco orgulhoso sobre isso e um dia comentei com Dadi Janki que eu estava estudando Hindi e ela disse: perda de tempo, estude o conhecimento espiritual em vez de Hindi. Uma das coisas que faz com que haja uma valorização da parte de nossas Dadis e Seniores em relação aos estrangeiros foi a capacidade de reconhecermos este conhecimento atrás da cortina grossa da cultura e da linguagem e de fato essa é uma cortina bem grossa. Sou fascinado por culturas, pois cultura é algo muito poderoso, não é apenas a comida, as roupas, mas é a percepção da mente, a forma como cada situação é percebida de uma maneira diferente. Há algum tempo li uma parte de um livro Clash of civilizations, muito interessante. O autor faz um estudo da cultura das principais civilizações e seu sistema de valores. Ele aborda que quando você olha com o filtro ou prisma da sua cultura e julga as outras culturas, cada uma tende achar a outra não civilizada, sem educação. Nisso cada uma das culturas revela-se como arrogante: “nossa cultura é melhor”. Eu aprecio muito como somos ensinados a ir além disso. Então eu estava refletindo sobre qual é a linguagem que vai além da “cultura”? É a linguagem do amor. Na nossa aula matinal de hoje falou-se do amor, amor e amor umas 50 vezes. Eu sinto que o amor é o grande poder da vida. Para mim, o amor é o que me dá coragem e me faz continuar a progredir neste caminho espiritual não importa o que quer que surja no caminho. Lembro de um encontro de coordenadores regionais onde tivemos a participação de Dadi Janki em 2 ou 3 sessões. Em uma delas, estávamos numa conversação bem animada e Dadi a interrompeu e nos deu um olhar tão amoroso, um amor realmente profundo foi transmitido ali e ela disse: “É o amor que me faz me mover, é o amor que me faz ir além de todos os limites, é o amor que me faz incansável, e amor é como uma corrente de poder espiritual” e ela estava realmente interessada que aprendêssemos como atrair esse tipo de amor de Deus. Eu estava refletindo e observando como quando o nosso coração está preenchido do amor de Deus, tudo parece funcionar facilmente e de forma fluída. É como se fosse o óleo que faz todo o sistema funcionar. Minha atitude em direção aos outros é sempre benevolente. Observei também que quando esta qualidade do amor está faltando, a mente nunca descansa, pois a primeira necessidade essencial da mente não está lá. Então uma série de desejos e necessidades emergem e dirigem os pensamentos. Vivemos neste mundo onde há o excesso de pensamentos e penso que isso ocorre especialmente porque não há a qualidade do amor. Todos os direitos reservados. Arquivo disponível para download no site da Editora Brahma Kumaris: http://www.editorabk.org.br. Lá você também encontra mais artigos e trechos de livros sobre espiritualidade e meditação Raja Yoga. Página 1 de 3 Sempre penso e nesta manhã estava refletindo que o momento da meditação é único na eternidade em recebermos o amor de Deus e então podemos conhecer esse tipo de amor. Eu sempre me pergunto se realmente estou me preenchendo desta qualidade do amor. É dito no Gita: “Apenas um punhado de pessoas conhecerão Deus e dentro desse punhado, poucos reconhecerão Deus como Ele realmente é”. Então sempre me pergunto sobre a minha distância do “reconhecimento” de Deus e do “amor” de Deus e quanto eu realmente experimento isto. Amor verdadeiro é o que estamos procurando por vidas. É claro que experimentamos o amor do ambiente familiar, mas a alma anseia por um amor profundo que parece ter se desconectado em algum momento. É como se estivesse gravado profundamente na memória da alma “o amor perfeito”. Em algum momento da nossa existência aquilo despontará como algo a ser experimentado novamente com Deus. Eu me lembro de uma psiquiatra americana chamada Elizabeth Kübler Ross, uma mulher incrível que tem estudos sobre o sofrimento humano. Ela diz que muitos de nós carregamos sofrimento internamente especialmente conectado a perdas. Quando quer que ela ouvisse as pessoas que perderam algo ou alguém, quer seja marido, esposa, filho, emprego, por fim sempre existia essa constatação dessa perda ter tocado a ferida profunda da alma de que um dia experimentamos amor perfeito e perdemos isso. Em algum momento perdemos a conexão e esse é o real sofrimento que a alma humana carrega. E por isso acredito que quando tocamos nesse aspecto de “amor”, a verdadeira cura começa. Quando fiz o curso de meditação em Londres, já havia experimentado muitas coisas, fui ateísta na adolescência e depois de ter viajado muito, me tornei agnóstico. O conceito sobre Deus na Brahma Kumaris se assentou bem internamente de maneira intelectual apenas, mas um dia enquanto caminhando em direção à BK, estava pensando sobre quem realmente é esse “Baba” que eles falam. Lembro-me, logo após isso, ocorreu um momento daqueles que chamamos de “momentos eternos” quando parece que o tempo para e a experiência era de estar imerso no amor Divino e sentindo que este é meu lugar, sensação de estar “em casa” sentindo o quanto o amor de Deus nos derrete e faz um trabalho maravilhoso em cada um de nós. Nessa jornada espiritual, acredito que todos passem pela experiência de se questionar sobre “o que é meditação de fato”. Para mim, a meditação é permitir-se ser completamente amado pelo Oceano de Amor. O que é conhecimento? É observar o que bloqueia o amor. Isso é sabedoria. Por que eu me coloco diante do “Oceano de amor” e não consigo experimentar esse amor? Essa é uma pergunta muito bonita não para se sentir frustrado, mas para trabalhar isso. Existe uma lista de motivos do porquê algumas vezes não conseguimos experimentar aquele amor, mas quando me observo sobre o que está me segurando, posso me libertar daquilo que me segura. Para mim, quando absorvemos amor Divino, isso se transforma em poder espiritual. Através da meditação nos tornamos mais doces e pacíficos, mas o momento presente exige que nos tornemos poderosos, realmente fortes espiritualmente. O que é serviço? Por exemplo, certa vez Dadi Janki estava se encontrando com uma senhora política na Austrália no evento “Call of Time” (O Chamado do Tempo) – essa senhora era bem próxima à BK e nessa conversa, Dadi Janki disse a ela: “Você tem que se tornar a Dadi da Austrália!” e a senhora então perguntou: Qual a descrição do trabalho de uma Dadi? E Dadi Janki respondeu: Simplesmente amar todo mundo! E ao assistir a essa cena, pensei: que vida maravilhosa é esta! O drama da vida funciona com base no amor. Todos os direitos reservados. Arquivo disponível para download no site da Editora Brahma Kumaris: http://www.editorabk.org.br. Lá você também encontra mais artigos e trechos de livros sobre espiritualidade e meditação Raja Yoga. Página 2 de 3 A “idade de ouro*” é o mundo de amor, um mundo sem dualidade, onde há uma atmosfera de amor e união. Mas quando começamos a amar o próprio corpo, então a influência do ego começa. Uma das principais lições da espiritualidade é que Amor verdadeiro é aquele que é para coisas que são permanentes. O empenho essencial é o de focar o nosso amor ao que é eterno e toda a transformação necessária será consequência. Quanto mais o coração se apega ao que é temporário, mais eu irei sofrer. É como uma lei espiritual. Temos que amar as coisas corretas. Existem dois tipos de amor, um é o amor indireto devocional, de acreditar e ter fé, e o segundo é amor direto e espiritual, isto é, quando estou absolutamente conectado e envolvido com Deus. Estou sentado apenas acreditando em Deus ou estou realmente conectado? Ambos os tipos de amor são bons, porém o que promove autotransformação é o amor de estar conectado em meditação. Se amo Aquele que é incorpóreo, sem vícios e sem ego, o que eu me torno? O mesmo. Existe algo muito sutil acontecendo em termos do progresso interior. Há uma grande conexão entre ego e amor. Quanto mais ego tenho, menos amor experimento. Lembro sempre de algo que ouvi sobre como a maioria das senhoras idosas e bebês são tão amados, eles atraem amor. Eles são amados devido a serem sem ego. O papel do ego é fazer você se sentir separado. Quanto mais ego, menos o sentimento de “pertencer”. Porque se cria uma realidade na cabeça em que você não sente amor, não sente que pertence, não sente proximidade e se convence que são as pessoas e você se sente separado de Deus, separado do “eu” verdadeiro e das pessoas. Um dos principais desafios na vida é na área de relacionamentos. O estado mais poderoso para sermos bem-sucedidos na área dos relacionamentos é o de sermos amorosos tanto quanto somos desapegados. Se alguém está de bom ou mau humor, você não absorve ou se influencia. Como realmente sei que estou progredindo internamente? O sentimento nos relacionamentos é um indicador poderoso da qualidade da minha espiritualidade e pureza. Se rejeito as pessoas, esses são os piores traços de personalidade. Se a minha mente é crítica cronicamente ou se fico chateado com coisas pequenas, significa que há uma camada de impureza sobre o ser. Os melhores traços de personalidade são aqueles de ver as virtudes, ter bons sentimentos e interagir bem com todos. É quase impossível progredir se não reconheço a importância de ver as virtudes. Todos nós carregamos um conjunto de virtudes e defeitos e é minha escolha focar onde eu queira. Posso me permitir e ver os defeitos e o que isso acarreta para a minha espiritualidade ou optar por aprender com as virtudes dos outros e o que isso promove. Outra medida de autoestima (ser livre de ego) é quando sou capaz de ver virtudes. É necessário ser capaz de observar cada um como tendo seu papel único. Tenho que amar e aceitar o meu próprio papel e quando isso acontece, entendo e aceito o papel de todos os demais. O maior serviço acontece através da nossa face e vibração e para isso temos que proteger a nossa mente. Nossa mente é um local sagrado e apenas o que é Divino deveria influenciá-la, ser leve, feliz, pacífica, amorosa. Não importa o que aconteça, amor é um grande poder e isso se sustenta através da minha mente. * Idade de Ouro – o primeiro quarto do ciclo do tempo, o apogeu da civilização. (A visão cíclica da história é um modelo completo e integrado da realidade. Ela foi a base do pensamento filosófico da antiguidade durante um longo tempo antes de ser relegada ao esquecimento). Aula transcrita e adaptada por Katia Roel. Todos os direitos reservados. Arquivo disponível para download no site da Editora Brahma Kumaris: http://www.editorabk.org.br. Lá você também encontra mais artigos e trechos de livros sobre espiritualidade e meditação Raja Yoga. Página 3 de 3