Fazendo a transformação que o momento exige
Luciana Ferraz
Que a mudança de um ano para outro exige roupa nova, quilos a menos e ânimo renovado,
todos sabemos. Mas, e sobre uma nova personalidade... um olhar diferente em relação às pessoas,
coisas e o mundo ao redor? Um estilo de vida mais sintonizado com o que o planeta está pedindo...
Parece que chegou a hora de nos transformarmos... com boa vontade ou à força. Acabo de retornar
de Cancun, onde participei da 16ª conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
Éramos uma delegação de 12 pessoas vindo de 11 países diferentes, representando a
Organização Brahma Kumaris, uma ONG internacional com status consultivo geral no ECOSOC
(Conselho Econômico e Social) da ONU, que se dedica à espiritualidade, à meditação e ao resgate
dos valores humanos. A pergunta inevitável que vinha de todos que encontrávamos era: qual a
conexão entre a espiritualidade e o meio ambiente? A resposta se encaixa como uma luva neste
momento em que o final de ano remexe algo dentro de nós. Para alguns é a esperança de que 2011
seja melhor do que este ano que está terminando. Para outros seja talvez a possibilidade de sair de
férias e relaxar, ou ainda que a nova presidente coloque finalmente na prática alguns de nossos
anseios... Mas a verdadeira novidade não depende de outros e de nada externo.
Dentro de nós existem todos os elementos necessários para criarmos nosso próprio mundo.
Contudo, isso só acontece se houver uma mudança profunda de atitude. Uma transformação da
consciência. Sair do casulo limitado e apertado dos preconceitos, da fofoca, do criticismo e mais
que tudo do egoísmo. Mudar o MEU em SEU, embora tenha a diferença de apenas uma letra,
requer extrema coragem. Incluir, compartilhar, abrir espaço, dar lugar, dividir, aceitar as
diferenças, acatar outras idéias... estão na raiz de tal metamorfose, semelhante àquela da lagarta
em borboleta. Começar a ver todos como membros da mesma humanidade, a cuidar do nosso
planeta como nossa casa comum, a enxergar Deus, ou o nome que se queira dar ao Supremo, como
o Pai/Mãe de todas as religiões, demandam recalibrar nossa mente e intelecto com pensamentos,
sentimentos, decisões que levem em conta o interesse do TODO e não apenas do meu EUZINHO
individualista.
A mudança de consciência é o que precede um novo estilo de vida: com mais simplicidade,
sem tantos desejos materialistas, mais coerência entre o que somos dentro e fora, congruência
entre pensar, falar e agir. A espiritualidade pode ser a semente para uma nova atitude frente à
natureza: de cuidado e respeito. Porque irei espelhar sempre aquilo que carrego internamente. Só
cuidando da minha primeira casa, a da consciência, poderei influir positivamente em todas as
outras casas: o corpo que me contém, o lar onde moro com minha família, a Terra, nossa casa
maior e o grande universo. A contribuição que cada um pode dar é imensa. É só começar a parar de
emitir os gases nocivos da inveja, ciúme, raiva, apego e arrogância. Aprontar-se com a roupagem
interna adequada que o momento exige é ser um verdadeiro ativista, que não delega a outros a
responsabilidade de sua própria autotransformação.
Fonte: site Somos todos um: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=24572
Luciana Marques de Souza Ferraz é cientista social e coordenadora nacional da Organização Brahma Kumaris –
ONG internacional dedicada ao resgate dos valores humanos e declarada pelas Nações Unidas como Mensageira da Paz.
Todos os direitos reservados. Arquivo disponível para download no site da Editora Brahma Kumaris: http://www.editorabk.org.br.
Lá você também encontra mais artigos e trechos de livros sobre espiritualidade e meditação Raja Yoga.
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