24POLÍTICA SEXTA-FEIRA, 1º DE MAIO DE 2015 A GAZETA GOVERNANDO COM O INIMIGO FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR “PT SÓ GANHA QUANDO TEMOS PENA”, DIZ CUNHA Presidente da Câmara fez críticas ao PT e enalteceu protagonismo do PMDB BRASÍLIA Em jantar do PMDB, o PT virou prato principal. Entre 40 e 50 deputados do partido decidiram confraternizar na noite de terça-feira, no apartamento de Newton Cardoso Júnior (MG) – filho do ex-governador mineiro Newton Cardoso. No cardápio, dadinhos de tapioca, linguiça mineira e arroz carreteiro. Aos apreciadores, estava disponível uma cachaça de Salinas (MG), cidade famosa pela qualidade de sua aguardente. O toque político, no entanto, foi dado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, em discurso de três minu- tos, enalteceu o atual “protagonismo” do PMDB na Câmara e foi irônico, zombando as seguidas derrotas do PT em votações no plenário. Em pé, a seu lado, estava o ministro do Turismo, o peemedebista Henrique Eduardo Alves. O ministro Eliseu Padilha, da Secretaria de Aviação Civil, também compareceu. Para gargalhadas dos convidados, Cunha disse que o PT só ganha votação na Câmara quando o PMDB fica com pena. “Muito bom ver essa bancada unida. É um bom momento para todos nós. Não ter dependido do PT e da oposição (para ganhar a eleição de presidente da “Onde o PT vai, está todo mundo contra. No plenário... O PT não ganha uma votação. Só quando a gente fica com pena na última hora” Casa) permitiu ao PMDB esse protagonismo político. E nos deu a liberdade para fazer o que estamos fazendo. É só olhar. É impressionante. Onde o PT vai, está todo mundo contra. No plenário... Impressionante. O PT não ganha uma votação. Só quando a gente fica com pena na última hora.” Outro deputado do PMDB, aproveitou a deixa do presidente e comparou o desempenho do PT na Câmara à sofrida goleada imposta pela seleção da Alemanha ao Brasil na Copa do Mundo de 2014. “Isso aí. É 7 a 1”, disse o parlamentar. EDUARDO CUNHA (PMDB) PRESIDENTE DA CÂMARA FALTOSOS Todos em pé, ao redor ALFINETADAS “Não ter dependido do PT e da oposição (para ganhar a eleição de presidente da Casa) permitiu ao PMDB esse protagonismo político. E nos deu a liberdade para fazer o que estamos fazendo” Eduardo Cunha jantou com peemedebistas na terça da mesa, celebravam. O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), deu vivas ao anfitrião mineiro. Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), em bronca humorada, cobrou de Cunha menos rigor com os parlamentares faltosos às sessões de votação, que têm seus salários descontados: “E abaixo o corte de salários!”, bradou Vieira Lima. Cunha aproveitou a deixa. “Ainda bem que ele (Newton Cardoso Jr.) não entrou no corte. Por isso, pode patrocinar o jantar. (...) Me perdoem o desconto de salários.” Ao fazer um relato sobre o encontro, deputados do PMDB elogiaram o cardápio, falaram da união do partido, mas, alguns deles, desconversavam sobre o discurso político e as farpas no PT. “Falamos de futebol e pescaria”, disse Carlos Marun (PMDB-MS). Darcísio Perondi (PMDB-RS) contou que se tratoudepolíticanojantar. “Jantar de políticos se fala de política”, falou. (AG) Michel Temer: “Não uso o cargo para agredir” Dilma falará nas redes ANTONIO CRUZ/ABR Em nota publicada ontem, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirma que não usará o cargo “para agredir autoridades de outros Poderes” e ressalta que o “país precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados” pelo Brasil. O posicionamento de Temer, que também é presidente nacional do PMDB, ocorreumenosdetrêshoras depois de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),criticá-lo.Osenador afirmou, ontem, que o PMDB não pode ser coordenador de Recursos Humanos do governo Dilma. Desde o início do mês de abril, o vice-presidente Temer rebateu as críticas do presidente do Senado acumula o cargo de articulador do Palácio do Planalto tendo como uma das missões negociar os cargos do segundo e terceiro escalões. “Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes. Respeito institu- cional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura. Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais”, rebate Temer na nota divulgada na tarde de ontem. Ele ressalta ainda que o país precisa de políticos à altura para enfrentar os problemas postos na área econômica. “Trabalho hoje com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro. Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei”, conclui o vice-presidente. AUTOEXPLICATIVA Questionada se a nota se refere às recentes declarações do presidente do Senado, a assessoria da Vice-Presidência informou que a nota é “autoexplicativa”. (Com agências) sociais, responde ministro Em resposta ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ministro da Secretaria Geral, Miguel Rossetto, disse ontem que a presidente Dilma Rousseff vai se manifestar sobre o Dia do Trabalho pelas redes sociais. A presidente gravou os vídeos na tarde de ontem. Pela primeira vez desde que assumiu a Presidência da República, em 2011, Dilma não fará o pronunciamento do Dia do Trabalho,emcadeiaderádioetelevisão. A intenção do Planaltoéqueosaliadosdivulguem a mensagem da presidente nas redes sociais. “A presidente Dilma Rousseff vai se manifestar em relação ao 1o de maio e vai falar para os trabalhadores e as trabalhadoras do país, sim, através das redes sociais, um conjunto importantedemeiosdecomunicaçãoqueelajáestáutilizando e vai utilizar durante todo o dia”, afirmou Rossetto. Os vídeos serão postados nos portais oficiais do governo e nas redes sociais. Serão dois ou três vídeos diferentes. Rossetto disse que o governo não teme panelaço e que tem políticas a serem mostradas, como a valorização do salário mínimo. Afirmouaindaqueogoverno respeita as manifestaçõesdemocráticasnopaíse estimula o diálogo. (AG)