1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO SERVIÇO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ADMINISTRAÇÃO Erik Júnio Avelino dos Santos Gestão do Capital de Giro nas Micro e Pequenas Empresas: Um estudo sobre a importância da escolha das fontes de financiamento na Rede de Supermercados Paraíba. João Pessoa Agosto de 2009 2 Erik Júnio Avelino dos Santos Gestão do Capital de Giro nas Micro e Pequenas Empresas: Um estudo sobre a importância da escolha das fontes de financiamento na Rede de Supermercados Paraíba. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Coordenação do Serviço de Estágios Supervisionado em Administração, do curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às exigências para obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Professor Ms. Wagner Soares Fernandes dos Santos João Pessoa Agosto de 2009 3 Ao Professor Mestre Wagner Soares Fernandes dos Santos, solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso do aluno Erik Júnio Avelino dos Santos. João Pessoa, 03 de Agosto de 2008 _________________________________ Prof. Doutor Rosivaldo de Lima Lucena Coordenador do SESA Parecer do Professor Orientador: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ________________________________________ Prof. Ms. Wagner Soares Fernandes dos Santos Orientador 4 Erik Júnio Avelino dos Santos Gestão do Capital de Giro nas Micro e Pequenas Empresas: Um estudo sobre a importância da escolha das fontes de financiamento na Rede de Supermercados Paraíba. Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em:_____de Agosto de 2009. Banca Examinadora ________________________________________ Prof. Ms. Wagner Soares Fernandes dos Santos Orientador ______________________________________ Prof. Ms. Carlos Eduardo Cavalcante Examinador _______________________________________ Prof. Especialista Khalil Gibran Sousa Leite Examinador 5 SANTOS, Erik Júnio Avelino dos. Gestão do Capital de Giro nas Micro e Pequenas Empresas: Gestão do Capital de Giro nas Micro e Pequenas Empresas: Um estudo sobre a importância da escolha das fontes de financiamento na Rede de Supermercados Paraíba. (Monografia Curso de Graduação em Administração). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009. RESUMO As micro e pequenas empresas tentam diariamente encontrar o equilíbrio entre ativos e passivos circulantes. Se esse equilíbrio é mantido, os ativos circulantes podem ser pagos em tempo, os estoques continuam sendo abastecidos, assim como continuam sendo suficientes para atender a demanda de vendas. Entretanto, se a situação financeira fugir desse equilíbrio, os problemas se multiplicarão e a empresa caminhará rumo à falência. A gestão do capital de giro, dos recursos financeiros de curto prazo e a gestão do capital de curto prazo é extremamente importante para essas empresas, porém é perceptível que quanto menor a organização maior o grau de desconhecimento dos gestores. A revisão da literatura existente gerou a base teórica sobre a gestão financeira, o empreendedorismo, gestão das micro e pequenas empresas, aspecto histórico da análise financeira, análise financeira de empresas, capital de giro, liquidez, fluxo de caixa, ciclo operacional, financeiro e econômico, política de crédito, administração financeira de estoques, necessidade de capital de giro e fontes de financiamentos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas. Os resultados da pesquisa mostram o conhecimento restrito dos gestores na escolha de alternativas para o financiamento e a adoção de fontes de financiamento geralmente mais onerosas. Palavras-chave: Capital de Giro. Gestão financeira. Micro e pequenas empresas. Fontes de Financiamento 6 SANTOS, Erik Júnio Avelino dos. Administration of the working capital in the Micro and Companies: A study on the importance of the choice of the financing sources and your influence in the growth of Supermaket Paraíba's Net. (Monograph (degree course in Administration). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2009. ABSTRACT Small and micro enterprises try to find daily the balance between circulating assets and liabilities. If this balance is kept, circulating assets can be paid on time, stocks can be continuously supplied and are also enough to attend sales demand. However, if the financial situation flees of that balance, problems will multiply and the company will walk heading for the bankruptcy. The management of the working capital, of the short time financial resources and of the short time capital administration are extremely important for those companies, despite the fact that it can be noticed that the smaller a company is, the greater is the degree of the managers' ignorance. The existent revision of literature generated the theoretical basis about financial management, entrepreneurship, management of micro and small enterprises, historical aspects of the financial analysis, company’s financial analysis, working capital, liquidity, cash flow, operational, financial and economic cycle, credit politics, stocks financial management, working capital need and sources of financings. The data were collected through interviews. The results of the research show the managers' restricted knowledge while choosing among alternatives for the financing and adoption of financing sources usually more onerous. Word-key: Working capital. Financial management. Small and micro enterprises. Sources of Financing 7 LISTA DE QUADROS Quadro 01 – Características do comportamento empreendedor------------------------------- 15 Quadro 02 – Critérios para classificação das pequenas empresas---------------------------- 18 Quadro 03 – Cálculo da Liquidez Geral – LG--------------------------------------------------- 23 Quadro 04 – Cálculo da Liquidez Imediata – LI------------------------------------------------ 24 Quadro 05 – Cálculo da Liquidez Seca – LS---------------------------------------------------- 24 Quadro 06 – Cálculo da Liquidez Corrente – LC----------------------------------------------- 25 Quadro 07 – Ciclos da Empresa------------------------------------------------------------------- 28 Quadro 08 – Indicadores operacionais------------------------------------------------------------ 28 Quadro 09 – Composição da Política de Crédito------------------------------------------------ 31 Quadro 10 – Índices de análise do LEC--------------------------------------------------------- 33 Quadro 11 – Necessidade líquida de capital de giro – Fontes de financiamentos---------- 36 Quadro 12 – Modalidade de leasing-------------------------------------------------------------- 39 Quadro 13 – Variável da Pesquisa---------------------------------------------------------------- 43 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 – Você concede Descontos nas compras à vista?---------------------------------- 45 Gráfico 02 – O prazo que obtém para pagamento é superior ao prazo de recebimento?--- 46 Gráfico 03 - Você controla o estoque de acordo com a demanda dos produtos?----------- 46 Gráfico 04 - Qual o prazo médio de reposição de estoque?------------------------------------ 47 Gráfico 05 - Qual desses fatores você considera ser maior gerador da Necessidade de Capital de Giro?-------------------------------------------------------------------------------------- 48 Gráfico 06 - Com que freqüência a empresa recorre à capital de terceiros?----------------- 49 Gráfico 07 - Com que freqüência a empresa recorre ao capital próprio (Patrimônio Líquido, aumento de capital ou retenção de lucro----------------------------------------------- 49 Gráfico 08 - Você costuma recorrer a financiamentos bancários?---------------------------- 50 Gráfico 09 - Caso recorra a financiamentos bancários, quais as modalidades utilizadas-- 51 Gráfico 09.1 – Cheque especial-------------------------------------------------------------------- 51 Gráfico 09.2 – Empréstimos------------------------------------------------------------------------ 53 Gráfico 09.3 – Descontos de duplicatas---------------------------------------------------------- 55 Gráfico 09.4 – Outras modalidades--------------------------------------------------------------- 57 Gráfico 10 – Qual a fonte de financiamento mais utilizada pela empresa? Justifique.----- 57 9 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Pessoa Jurídica – Cheque Especial Pré-Fixado----------------------------------- 52 Tabela 02 – Pessoa Jurídica – Capital de Giro Pré-Fixado.------------------------------------ 53 Tabela 03 – Pessoa Jurídica – Desconto de duplicatas----------------------------------------- 55 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................12 1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA....13 1.2 JUSTIFICATIVA ..............................................................................................................14 1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO ...............................................................................................15 1.3.1 Objetivo geral.................................................................................................................15 1.3.2 Objetivos Específicos.....................................................................................................15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................16 2.1 CONTEXTUALIZANDO O EMPREENDEDORISMO..................................................16 2.2 GESTÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ......................................................18 2.3 ASPECTO HISTÓRICO DA ANÁLISE FINANCEIRA ..................................................19 2.4 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS......................................................................20 2.5 CAPITAL DE GIRO ..........................................................................................................21 2.6 CAPITAL DE GIRO E LIQUIDEZ ...................................................................................22 2.6.1 Liquidez Geral (LG)......................................................................................................23 2.6.2 Liquidez Imediata (LI)..................................................................................................23 2.6.3 Liquidez Seca (LS).........................................................................................................24 2.6.4 Liquidez Corrente (LC) ................................................................................................25 2.7 FLUXO DE CAIXA...........................................................................................................25 2.8 CICLO OPERACINAL, FINANCEIRO E ECONÔMICO. .............................................26 2.8.1 Indicadores Operacionais .............................................................................................30 2.9 POLÍTICA DE CRÉDITO ................................................................................................29 2.9.1 Elementos de uma política de crédito ..........................................................................29 2.9.2 Análise de crédito ..........................................................................................................31 2.10 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE ESTOQUES...................................................31 2.10.1 Enfoque ABC ...............................................................................................................32 2.10.2 Modelo do Lote Econômico de Compra ....................................................................32 2.11 NECESSIDADES DE CAPITAL DE GIRO ...................................................................33 2.12 FONTES DE FINANCIAMENTO ..................................................................................34 2.12.1Parcerias estratégicas ...................................................................................................36 2.12.2 Factoring ......................................................................................................................36 2.12.3 Vendor Finance............................................................................................................36 2.12.4 Compror Finance.........................................................................................................37 2.12.5 Hot Money ....................................................................................................................37 2.12.6 Leasing ..........................................................................................................................38 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................................40 3.1 DELINEAMENTOS DA PESQUISA................................................................................40 3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ...............................................................................................41 3.3 COLETAS DE DADOS .....................................................................................................42 3.4 VARIÁVEIS DA PESQUISA............................................................................................42 3.6 TRATAMENTO DE DADOS ...........................................................................................45 4 ANÁLISE DOS DADOS .....................................................................................................46 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................50 5.1 RECOMENDAÇÕES.........................................................................................................59 11 5.2 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS....................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................58 APÊNDICES............................................................................................................................63 Apêndice I – Roteiro de entrevista............................................................................................64 12 1. INTRODUÇÃO Dados recentes indicam que mais da metade das micro e pequenas empresas fecham suas portas em menos de dois anos de existência. São inúmeros os fatores que levam a tais números e bastante complexa é a elucidação do problema, que vai desde o despreparo dos administradores até a conjunturas econômicas adversas. (SEBRAE/ES, 2003) “O planejamento financeiro envolve a realização de projeções de vendas, renda e ativos baseadas em estratégias alternativas de produção e de marketing, seguidas pela decisão de como atender às necessidades financeiras previstas.”(BRIGHAM, 2004, p.343) A necessidade de gerenciamento do capital de giro surge em função da não sincronização entre produção, vendas e cobranças, esse capital demonstra os recursos necessários da empresa para financiamento de suas atividades operacionais, desde as aquisições de insumos básicos, até o recebimento pela venda da produção acabada. Para produzir, são necessários recursos financeiros que, salvo nos casos excepcionais de adiantamentos de clientes, a empresa os terá de dispor até que o produto da venda seja recebido. A má gestão desse ativo causa, geralmente, impactos diretos no crescimento das empresas, principalmente as micro e pequenas. Normalmente, as empresas buscam manter um equilíbrio específico entre ativos e passivos circulantes e entre vendas e cada categoria de ativos circulantes em suas operações. Enquanto esse equilíbrio for mantido, os passivos circulantes podem ser pagos em tempo, os fornecedores continuarão a embarcar os produtos e a restabelecer os estoques e estes serão suficientes para atender à demanda de vendas. No entanto, se a situação financeira fica fora de equilíbrio, os problemas surgem e se multiplicam, e a empresa pode entrar rapidamente em uma espiral declinante que a leva à falência. (BRIGHAM, 2004, p.377) De acordo com Gitman (2001), Uma importante consideração sobre as empresas é a capacidade de financiar operações recorrentes: a transição do caixa para os estoques, depois para duplicatas a receber e a volta ao caixa. Existem várias estratégias para o financiamento desse ciclo, dependendo da proporção que a empresa utiliza de recursos de curto ou longo prazo, para o financiamento de suas necessidades de capital. A pesquisa aqui apresentada decorre acerca da área de Finanças com ênfase nas influências que a escolha das fontes de financiamentos do Capital de Giro exercem no crescimento das micro e pequenas empresas de comércio varejista. 13 1.1. DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA É perceptível que quanto menor a organização maior o grau de desconhecimento das técnicas de gestão de capital de giro em determinadas circunstâncias e necessidades. Na verdade o micro e pequeno empresário possui limitações naturais para captação de recursos. Primeiro porque, geralmente, não possuem poder de barganha junto às instituições financeiras, segundo porque muitas vezes recorrem aos bancos quando já se encontram em uma situação crítica e sem as garantias para viabilizar a aprovação do capital pretendido. A gestão do capital de giro, dos recursos financeiros de curto prazo e gestão do capital de curto prazo é extremamente importante para as micro pequenas empresas. “De fato, não existe matéria na área de finanças mais importante e ao mesmo tempo mais mal-entendida. As boas oportunidades de negócio podem ser irreparavelmente danificadas pela gestão ineficiente dos ativos e passivos de curto prazo” (LONGENECKER et al., 2007.). À medida que as micro e pequenas empresas desejam expandir suas atividades, muito tempo é gasto na análise das aplicações em ativos permanentes, mas pouca atenção é dada em relação aos investimentos em clientes e estoques. A concessão de prazo para clientes ou a opção por um aumento nos níveis de estoque pode significar uma decisão de investimento tão ou mais duradoura do que aquela efetuada em ativos permanentes. Dessa forma, a ausência de capital para suprir as variações e as necessidades de capital de giro pode levar à falência muitas empresas. Além disso, as empresas necessitam que a manutenção de sua estrutura física, permanente e operacional necessária para suas atividades estejam garantidas. Devido à acirrada competitividade no setor, as micro e pequenas empresas são cada vez mais exigidas em termos de eficácia na gestão de seus recursos, induzindo os responsáveis pela gestão empresarial a avaliarem suas decisões em informações que possuam credibilidade. Para Assaf Neto e Silva (2002), a importância e o volume do capital de giro para as empresa são determinados pelo seu volume de vendas, o qual é lastreado pelos estoques, valores a receber e caixa; pelas sazonalidades dos negócios, que determina variações nas necessidades de recursos ao longo do tempo; pelos fatores cíclicos da economia, como recessão, comportamento do mercado, etc.; pela tecnologia, principalmente aplicada aos custos e tempo de produção; e pelas políticas de negócios, centradas em alterações nas condições de venda, de crédito, produção etc. 14 Dessa forma, nos deparamos com a seguinte questão de pesquisa: Qual a importância da escolha das fontes de financiamento do Capital de Giro na Rede de Supermercados Paraíba? 1.2 JUSTIFICATIVA O planejamento financeiro é considerado uma das grandes fontes de contribuição ao sucesso organizacional, pois é o capital de giro que fornece respostas ao administrador com relação a decisões fundamentais como o nível de endividamento a assumir e o aproveitamento de oportunidades de investimentos. A maioria das micro e pequenas empresas, por não possuírem setores específicos para o tratamento de informações, se deparam com questões cruciais ao seu crescimento como, por exemplo, a análise da Necessidade de Capital de Giro – NCG. A análise da NCG se mostra relevante, pois é a partir dela que os gestores tomam suas decisões quanto a questões financeiras atuais e para períodos futuros calculados por meio de projeções. Marion (1998, p.27) descreve que: observa-se com certa freqüência que várias empresas, principalmente as pequenas, têm falido ou enfrentam sérios problemas de sobrevivência. Ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, a falta de recursos, os juros altos etc., fatores esses que, sem dúvida, contribuem para debilitar a empresa. Entretanto, descendo fundo em nossas investigações, constatamos que muitas vezes a ’célula cancerosa’ não repousa nessas críticas, mas na má gerência, nas decisões tomadas sem respaldo, sem dados confiáveis. (MARION, 1998, p. 27) Dessa forma, a otimização da administração do capital de giro requer atenção especial na escolha de suas fontes de financiamento devido a sua onerosidade, que pode vir a prejudicar a sobrevivência e o crescimento das micro e pequenas empresas. A pesquisa auxiliará as micro e pequenas empresas a adotarem uma nova estratégia na sua Gestão Financeira, mais especificamente do Capital de giro, como também para tomarem medidas que venham trazer-lhes vantagens e benefícios aos seus negócios. Observando que tal tema não possui muitos estudos realizados faz-se necessário uma ampliação do conhecimento científico a respeito dele, por se tratar de uma temática de interesse ao campo da Administração e mais especificamente da Gestão Financeira, visto que a mesma precisa de um maior aprofundamento no saber a cerca de alternativas que melhoram o seu desempenho. 15 Assim, o estudo das influências que a escolha das fontes de financiamentos do Capital de Giro exercem no crescimento das micro e pequenas empresas de comércio varejista é justificado. A realização deste trabalho atende, ainda, como requisito básico de uma pesquisa científica para a conclusão do curso de Bacharel em Administração da Universidade Federal da Paraíba, e será de grande relevância para o pesquisador, pois irá contribuir para seu aperfeiçoamento nesta temática. 1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO 1.3.1 Objetivo geral Estudar a importância da escolha das fontes de financiamento do Capital de Giro na Rede de Supermercados Paraíba. 1.3.2 Objetivos Específicos • Avaliar a política de crédito e a gestão financeira dos estoques; • Analisar a necessidade de capital de giro; • Identificar as fontes de financiamento mais utilizadas 16 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Buscar-se-á a apresentação dos principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvimento deste trabalho, discutindo os seguintes pontos: empreendedorismo, gestão de micro e pequenas empresas, aspecto histórico-conceituais da análise financeira do capital de giro, liquidez, fluxo de caixa, fontes de financiamentos, entre outros. 2.1 CONTEXTUALIZANDO O EMPREENDEDORISMO O Empreendedorismo mostra-se um grande aliado no desenvolvimento econômico, dando suporte à maioria das inovações que promove esse desenvolvimento. “As nações desenvolvidas têm dado especial atenção e apoio às iniciativas empreendedoras, por saberem que são a base do crescimento econômico, da geração de emprego e renda” (DORNELAS, 2003). O termo empreendedor, embora tenha se originado a partir de pesquisas em economia, recebeu diferentes contribuições da psicologia e da sociologia, provocando diferentes definições e variações em seu conteúdo. Enquanto os economistas associam o indivíduo empreendedor à inovação, os psicólogos e sociólogos concentram-se nos aspectos ligados à criatividade e intuição. Os empreendedores são indivíduos que: descobrem as necessidades de mercado e abrem novas empresas para satisfazer essas necessidades. Os empreendedores assumem riscos e estimulam mudanças, inovação e progresso do setor econômico, ao contrário de empregados assalariados, que recebem remuneração específica e não assumem os riscos do empreendimento. (LONGENECKER et al., 2007, p.7) 17 1. Busca de oportunidade e iniciativa; 2. Persistência; 3. Comprometimento; 4. Exigência de qualidade e eficiência; 5. Correr riscos calculados; 6. Estabelecimento de metas; 7. Busca de informações; 8. Planejamento e monitoramento sistemáticos; 9. Persuasão e redes de contato; e 10. Independência e autoconfiança. Quadro 01-Características do comportamento empreendedor Fonte: Adaptado do Curso IPGN (2002). De acordo com o Quadro 1, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem, pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de identificar oportunidades. Tendo a capacidade de transformar idéias em realizações, beneficiando assim toda comunidade. Dessa forma, é notado que o empreendedor é alguém que não resiste a novos desafios e que está sempre propondo novas idéias, além de ser motivado pela auto-realização, independência e desejo de assumir responsabilidades. Segundo Longenecker et al. (2007, p.12) os empreendedores podem ser classificados de duas maneiras distintas, diferindo no grau de profissionalismo e no estilo de gestão adotado pela empresa. O primeiro são os empreendedores artesanais que “possuem experiência técnica, mas falham em manifestar habilidades para boa comunicação e para a formação gerencial”. O segundo são os empreendedores de oportunidade que “evitam o paternalismo, delegam poder sempre que necessário, empregam diversos tipos de estratégias de marketing e vendas, obtêm capitais de mais de duas fontes para abrir a empresa e planejam-se para o crescimento futuro.” O termo empreendedor relaciona-se com a prática, visão de mercado e a evolução. Além disso, o trabalho do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente (DRUCKER, 1974). Um empreendedor pode ser alguém que inicie sua própria empresa ou alguém comprometido com a inovação de empresas já estabelecidas, desde que seja fator que permita 18 que os negócios prosperem em um ambiente econômico de mudanças. Os indivíduos com visão empreendedora tendem a perceber novas oportunidades na economia e explorá-las (SCHUMPETER, 1983). No Brasil, infelizmente, a maioria dos negócios gerados é baseado no empreendedorismo de necessidade, ou seja, “não são baseados na identificação de oportunidades de negócio diferenciados, mas no suprimento das necessidades básicas de renda daquele que empreende, para que tenha condições de subsistência, mantendo a si e sua família” (DORNELAS, 2003). O empreendedorismo poderia ser definido simplesmente como a gestão e apropriação de recursos materiais e humanos, partindo de uma visão de criar, desenvolver e implantar soluções, atendendo às necessidades da sociedade 2.2 GESTÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Muito esforço já foi feito para definir e classificar as micro e pequenas empresas usando critérios como volume de vendas, número de funcionários e valor de ativos, mas ainda não existe uma definição universal aceita. Para Longenecker et al. (2007, p.7-8), alguns fatores são primordiais para essa classificação, como os apresentados no Quadro 2: 1. A empresa é financiada por uma ou por poucas pessoas; 2. Com exceção da função de marketing, as operações da empresa são geograficamente localizadas; 3. Comparadas a empresas maiores do mesmo segmento, a empresa é pequena; 4. O número de empregados da empresa é, em geral, menor que cem. Quadro 02 - Critérios para classificação das pequenas empresas Fonte: Adaptado de Longenecker et al. (2007, p.8). Independentemente do tamanho da empresa, todo gestor precisa de conhecimento para um processo eficaz de gestão. De acordo com Almeida apud Kassai (1997, p. 71), “na pequena empresa a administração é geralmente feita pelos seus proprietários ou por seus parentes, que muitas vezes não têm conhecimento aprofundado de técnicas administrativas.” Segundo Gazzoni apud Arantes (1998, p.48), 19 o sistema de gestão empresarial é composto por instrumentos que constituem ferramental extremamente útil e contribuem para a eficácia e a eficiência da administração. As necessidades de revisão e ajustes no sistema de gestão empresarial são decorrentes do próprio processo de evolução da empresa e inerentes aos requisitos de sobrevivência, crescimento e continuidade. Portanto, a empresa desempenha importante papel econômico e social no mundo moderno, tendo a função de coordenar os chamados fatores da produção para obtenção de bens e serviços destinados à satisfação das necessidades humanas. Segundo Silva (2004), a atividade econômica desenvolvida pela empresa na produção de bens abrange desde as atividades de extração, cultivo e criação, até o processo de transformação. Um dos maiores problemas enfrentados pelos gestores de micro e pequenas empresas é a busca e obtenção de financiamentos, em virtude da política adotada pelos agentes financiadores no Brasil. Realmente o Brasil não é exemplo de como financiar a pequena empresa, mas algumas atitudes por parte do empreendedor deveriam ser tomadas com o intuito de mudar esse cenário. O fato de não existirem políticas públicas claras que apóiem o empreendedorismo no país não justificam jogar toda culpa do insucesso do empreendimento no governo. O empreendedor deve utilizar de sua capacidade de planejamento e habilidade de negociação, bem como seu networking, para identificar as melhores alternativas no mercado para injetar capital em seu negócio. (DORNELAS, 2003, p.175). Do ponto de vista de análise financeira, se faz importante uma análise multidisciplinar, envolvendo os produtos que a empresa analisada produz e a importância desses produtos para a satisfação das necessidades de seus clientes. 2.3 ASPECTO HISTÓRICO DA ANÁLISE FINANCEIRA A análise financeira sempre esteve muito ligada à necessidade de identificação da solidez e da performance das empresas. A partir de meados do século XIX, fatos como o surgimento das grandes corporações nos Estados Unidos levaram à separação das funções de proprietários e de administrador da empresa. Desta maneira passou-se a exigir um sistema de avaliação formal de performance da própria administração. Em 1890, já era rotineiro para os bancos comerciais solicitarem demonstrações contábeis para avaliação de seus clientes. Durante a primeira década do século XX já se fazia uso dos índices financeiros e índice de liquidez corrente (SILVA 2004). 20 Portanto, diversos profissionais atualmente desenvolvem e aprimoram diversos índices com o objetivo de analisar a solidez financeira das empresas, técnicas de comparação das empresas com os padrões dos respectivos segmentos de atuação, modelos de previsão de insolvências ou de classificação de risco baseados no uso de técnicas de métodos quantitativos, como também o uso de metodologias para identificação do fluxo de caixa e para determinação da necessidade de capital de giro das empresas. 2.4 ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS A análise financeira de uma empresa consiste em uma avaliação minuciosa dos dados financeiros disponíveis, bem como das condições internas e externas que a afetam financeiramente. Tais dados financeiros referem-se às demonstrações contábeis, programas de investimentos, projeções de vendas e projeção de fluxo de caixa. As demonstrações contábeis são apenas canais de informação sobre a empresa, tendo como objetivo principal subsidiar a tomada de decisão. “É importante destacar que a análise financeira não pode ser limitada apenas aos indicadores de natureza financeira, pois há uma série de fatores que, mesmo não podendo ser chamados de financeiros, causam impacto na saúde financeira da empresa.” (SILVA, 2004, p.28). Tais fatores referem-se a questões que devem ser elucidadas, como por exemplo: • O que faz a empresa? • Quem são os proprietários, quem tem poder de mando? • Quem são os administradores? • Que padrão de tecnologia apresenta? • Quais os planos de investimento? • É lucrativa e próspera? • É sólida ou corre o risco de quebrar em pouco tempo? • Está muito endividada? • Que tipo de público consome seus produtos? • Quem são seus principais concorrentes? • A empresa é tão forte quanto seus concorrentes? 21 • Qual a tendência da empresa de potencialidade de geração de lucro? Diversas questões podem e devem ser levantadas, objetivando tornar cada vez mais transparentes a performance e a solidez da empresa. 2.5 CAPITAL DE GIRO Para Assaf Neto e Silva (2002), a qualidade nas decisões que envolvem Capital de Giro é depende diretamente da capacidade analítica do administrador para compreender o problema em toda sua extensão, e do seu conhecimento técnico para definir a melhor solução. A administração do capital de giro refere-se à administração das contas dos elementos de giro, que são os ativos e passivos circulantes e as inter-relações existentes entre eles. Dessa forma, são observados fundamentalmente os níveis adequados de estoques que as empresas devem manter, seus investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e estrutura dos passivos correntes, de forma consistente, com objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de determinado nível de rentabilidade e liquidez. “O capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais, que vão desde a aquisição de matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado”. (ASSAF NETO; SILVA, 2002, p. 35) Para Fleuriet (2003, p. 12), “o capital de giro é um conceito econômico financeiro e não uma definição legal, constituindo uma fonte de fundos permanente utilizada para financiar a necessidade de capital de giro da empresa”. O gerenciamento de capital de giro envolve a otimização da inter-relação dos elementos que o constituem. A busca do equilíbrio financeiro é o objetivo maior da administração de capital de giro, isso pode se dar, principalmente, pela obtenção de um nível de estoque compatível com as necessidades da empresa, investimentos proporcionais em créditos a clientes, critérios de gestão de caixa e de passivos circulantes, coerentes com um nível de rentabilidade ótima e liquidez segura. (PAULO; MOREIRA, 2003). Segundo Agustini (1999), o capital de giro de uma empresa pode se encontrar em três situações diferentes: capital de giro nulo, capital de giro próprio e capital de giro de terceiros. O primeiro ocorre quando o ativo circulante é igual ao passivo circulante, ou seja, os haveres, 22 bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são iguais às dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo. O segundo é a relação em que o ativo circulante é maior que o passivo circulante da empresa, ou seja, seus haveres, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano são maiores do que as dívidas ou obrigações exigíveis no mesmo prazo. O terceiro é a relação em que o ativo circulante é menor que o passivo circulante, sendo esse o mais preocupante às micro e pequenas empresas. Dessa forma, a administração do capital de giro vem se tornando cada vez mais reconhecida como uma área importante para que o ocorra um equilíbrio financeiro nas micro e pequenas empresas, tendo uma participação decisiva em seus sucessos. 2.6 CAPITAL DE GIRO E LIQUIDEZ Devido às constantes mudanças do capital de giro, adequá-lo as necessidades da empresa provavelmente representará a diferença entre a insolvência e a liquidez, fator fundamental para a manutenção dos negócios e para a determinação de lucro ou prejuízo. A capacidade de uma empresa de pagar suas dívidas em até um ano é medida pelos indicadores de liquidez, exceto no caso da liquidez geral em que são englobados todas as obrigações e ativos conversíveis. Esses indicadores são muito utilizados pelos profissionais responsáveis por crédito e vendas, para a tomada de decisões em relação a vendas a prazo e empréstimos em geral, sendo o volume de capital circulante líquido um dos mais importantes indicadores de liquidez das micro e pequenas empresas. O capital de giro e a liquidez possuem estreita ligação, à medida que ambos relacionam itens do balanço patrimonial (AGUSTINI, 1999). Hoji (2001, p.27) define liquidez como a “capacidade de pagar compromissos de curto prazo. Em sentido amplo, a liquidez é relacionada com as disponibilidades mais os direitos e bens realizáveis no curto prazo. Em sentido restrito, a liquidez é relacionada somente com as disponibilidades.” Segundo Assaf Neto e Silva (2002), a avaliação da liquidez com base no valor do Capital Circulante Líquido (CCL) não é suficiente para que sejam definidas conclusões, sendo melhor explicado pelas características operacionais de atuação da empresa, pelas condições de seu setor de atividades e pela sincronização entre pagamentos e recebimentos. Algumas 23 empresas podem apresentar um CCL baixo, ou até mesmo negativo, e conviverem com boa liquidez, outras podem possuir um CCL alto, mas trabalharem com uma situação restrita de caixa, refletindo uma situação desfavorável entre os prazos de realização de seus ativos e os pagamentos de seus passivos circulantes. 2.6.1 Liquidez Geral (LG) Segundo Agustini (1999) a liquidez geral (LG) refere-se a razão da soma entre o ativo circulante (AC) com o ativo realizável a longo prazo (ARLP), pela soma do passivo circulante (PC) com o passivo exigível a longo prazo (PELP). Quadro 03 - Cálculo da liquidez geral (LG) Fonte: adaptado de Agustini (1999) A liquidez geral é a demonstração do valor que a empresa possui de recursos não imobilizados em ativo permanente, para cada real de sua dívida total. Nos casos em que liquidez geral de uma empresa for menor que um, para manter sua liquidez, ela dependerá de fatores como: venda de ativo fixo, geração de lucros, renegociação de suas dividas, entre outros. 2.6.2 Liquidez Imediata (LI) Liquidez imediata refere-se à capacidade que a empresa tem de honrar seus compromissos, utilizando apenas seu saldo de disponível, ou seja, é o percentual de liquidação imediata das dividas correntes. A Liquidez imediata é medida pela razão entre disponível (D) e passivo circulante (PC) (AGUSTINI, 1999). 24 Quadro 04 - Cálculo da liquidez imediata Fonte: adaptado de Agustini (1999) Segundo Paulo e Moreira (2003, p.4) o índice de liquidez imediata “demonstra a capacidade de liquidação dos compromissos correntes, com a utilização das disponibilidades. Quanto maior a sua magnitude, maior será a capacidade da empresa em saldar seus compromissos apenas com recursos de caixa.” 2.6.3 Liquidez Seca (LS) Liquidez seca, refere-se ao percentual do exigível a curto prazo em condições de serem liquidadas apenas com o uso de ativos circulantes de maior liquidez, sendo geralmente formado pelo disponível e pelos valores a receber. A Liquidez Seca é medida da seguinte forma: Quadro 05 - Cálculo da liquidez seca Fonte: adaptado de Agustini (1999) O índice de liquidez seca mede a capacidade de liquidação dos passivos correntes com a utilização dos ativos monetários de maior grau de liquidez, basicamente disponibilidades imediatas e duplicatas a receber. Os estoques são excluídos, por se tratarem de valores que, para sua conversão, passam necessariamente pelo processo de venda. As despesas antecipadas constituem Num artifício contábil. A crítica sobre esse índice consiste no fato de ele não contemplar a existência de empresas com altos índices de rotação de estoques, ou seja, alta capacidade em termos de velocidade de conversão de estoques em itens monetários, que é menosprezada pelo seu critério de cálculo. (PAULO; MOREIRA, 2003) 25 2.6.4 Liquidez Corrente (LC) A Liquidez corrente refere-se a quantidade de haveres e direitos que a empresa possui, que podem ser convertidos em caixa no prazo de até um ano, para pagar as dívidas exigíveis com prazo compatível, sendo medida pela razão entre Ativo Circulante e Passivo Circulante. Quadro 06 - cálculo da liquidez corrente Fonte: Adaptado de Agustini (1999) De acordo com Paulo e Moreira (2003, p.4), o índice de liquidez corrente “nada mais é do que a própria expressão do CCL. Torna-se necessário aprofundar sua utilização mediante a análise de sua estrutura e grau de liquidez de seus elementos constitutivos, para se verificar a existência de sincronização.” Para Agustini (1999, p. 39), capital de giro e a liquidez “possuem estreita ligação, à medida que ambos relacionam itens circulantes do balanço patrimonial. Além dessa ligação, o capital de giro depende ainda do comportamento de alguns indicadores operacionais”. 2.7 FLUXO DE CAIXA Segundo Assef (1999), o administrador financeiro da empresa tem como uma das tarefas mais árduas o cálculo da dimensão do fluxo de caixa, que mede as necessidades futuras de recursos, a capacidade de pontualidade dos compromissos assumidos e a disponibilidade de recursos para investimento. Esse fluxo é composto basicamente por contas a receber e contas a pagar. O Fluxo de Caixa se apresenta como uma ferramenta utilizada pelo administrador financeiro, com o objetivo de apurar os somatórios de ingressos e de desembolsos financeiros em determinado momento, prognosticando se haverá excedente ou escassez de caixa, em função do nível desejado pela empresa. Daí a importância dos ciclos no sistema de liquidez: a conjugação das velocidades entre os meios de pagamento e as necessidades de pagamento para que ocorra o equilíbrio no sistema. (GAZZONI, 2003, p.37-38) 26 No entendimento de Gitman (1997), o fluxo de caixa pode ser conceituado como o instrumento utilizado pelo gestor financeiro no intuito de apurar os somatórios de ingressos e os somatórios financeiros da empresa em determinado momento, prognosticando se haverá escassez ou excedente de caixa, em função do nível desejado para a empresa. Para Assef (1999), o fluxo de caixa pode ser elaborado a partir de planilhas, mas não é a forma mais recomendada em face do caráter volátil dos dados, sendo mais indicado o uso de softwares especializados. Sobre saldo negativo de caixa pode-se afirmar que: não é possível sobreviver, notadamente no horizonte de pequenas e médias empresas, a longo prazo, nesta situação de caixa. Uma empresa pode ter margens unitárias de comercialização fantásticas, mas se não tiver fluxo de caixa equilibrado, pode inviabilizar um grande projeto ou negócio. Em muitos instantes da vida empresarial é oportuna uma correção na política de preços e prazos, mesmo em detrimento das margens, para a correção do fluxo de caixa. É questão de sobrevivência (ASSEF, 1999, p.7) O fluxo de caixa é considerado por muitos analistas um dos principais instrumentos de análise, propiciando-lhes identificar o processo de circulação do dinheiro, através da variação de caixa (e equivalente). 2.8 CICLO OPERACINAL, FINANCEIRO E ECONÔMICO. Segundo Santos (2001, p.17), ciclo operacional é o intervalo gasto na execução de todas as atividades operacionais (compra de matéria-prima, pagamento aos fornecedores, produção, estocagem, venda e recebimento de vendas). Ele representa o número de dias transcorridos entre a compra de matéria-prima ou produtos e o recebimento dos produtos fabricados ou comercializados. Segundo Hoji (2001, pg. 25) o ciclo operacional de uma empresa, inicia-se com a compra da matéria-prima e encerra-se com o recebimento da venda. Assaf Neto e Silva (1997, p.18-19) afirmam que “O ciclo operacional incorpora seqüencialmente todas as fases operacionais presentes no processo empresarial de produçãovenda-recebimento.” Segundo Hoji (2001, p.109), “o capital de giro é conhecido também como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que transformam-se constantemente dentro do ciclo operacional”. 27 Ross; Westerfield; Jaffe (1995, p.538) afirmam que o ciclo financeiro ou de caixa “começa quando se faz o pagamento de compras de matérias-prima e termina quando se recebe dos clientes”, ou seja, é o período entre a saída e o recebimento do dinheiro. Para Santos (2001), ciclo financeiro é o intervalo de tempo entre os eventos financeiros ocorridos ao longo do ciclo operacional, representados pelo pagamento a fornecedores e pelo recebimento das vendas. No caso de empresas varejistas, o prazo de estocagem e os prazos de pagamento e recebimento definem seu ciclo financeiro. De acordo com Hoji (2001, p. 25), ciclo econômico tem início na compra da matériaprima e finaliza com a venda do produto fabricado. Entretanto, “caso ocorram desembolsos ou gastos antes da compra da matéria-prima, é nesse momento que se inicia o ciclo econômico”. Da mesma forma, se ocorrem desembolsos de custos e despesas nas operações após o recebimento da venda, o ciclo econômico se encerra após o último desembolso. O tempo de cada ciclo pode ser determinado através da relação existente, conforme o Quadro abaixo: Ciclo operacional Prazo Médio de Estocagem + Prazo Médio de Cobrança. Ciclo financeiro Prazo Médio de Estocagem + Prazo Médio de Cobrança – Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores. Ciclo econômico Prazo Médio de Estocagem = Prazo Médio de Estocagem de Matéria Quadro 07: Ciclos da empresa Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Silva (1997). Assim sendo, durante todo este processo ocorrem vários eventos que caracterizam o ciclo econômico e o ciclo financeiro. Caso ocorram desembolsos ou gastos antes da compra da matéria-prima, inicia-se o ciclo econômico e seu encerramento dar-se após a ocorrência do último desembolso. O ciclo financeiro tem início com o primeiro desembolso e termina, geralmente, com o recebimento da venda. Caso haja pagamento de custos ou despesas após o recebimento da venda, é neste momento que se encerra o ciclo financeiro. 28 2.8.1 Indicadores Operacionais Para Matarazzo (1999, p. 324) “a análise dos prazos médios só é útil quando os três prazos são analisados conjuntamente”. Indicadores Operacionais Definição Quocientes Abreviações e siglas Prazo médio de recebimento (PMR) É o tempo que a empresa demora para receber suas vendas a prazo SMDR x 360 dias PMR = ---------------------VP SMDR = Saldo médio de duplicatas a receber; VP = total de vendas anuais a prazo; Prazo médio de pagamento (PMP) É o tempo médio que a empresa demora a pagar as suas compras de insumos a prazo SMDP x 360 dias PMP = -----------------------CP Prazo médio de estocagem (PMP) É o tempo decorrido entre a compra e a venda de mercadorias SME x 360 dias PME = ------------------------CV Quadro 08: Indicadores operacionais Fonte: Adaptado de Agustini (1999). SMDP = Saldo médio das duplicatas a pagar; CP = total de compras anuais a prazo; SME = Saldo médio dos estoques; CV = custo das vendas; Desta forma, como os quocientes de prazos médios são administrados pelo gestor, a análise do prazo médio é também uma análise do capital de giro e sua má administração afeta diretamente o resultado e a liquidez das empresas. Para que os indicadores operacionais venham a se tornar compatíveis a uma boa Administração do Capital de Giro, nota-se que é necessário, por parte do administrador, o acumulo de esforços no sentido de: aumentar ao máximo o giro dos estoques, desde que não comprometa suas vendas; adiar ao máximo o pagamento aos fornecedores, desde que não comprometa sua relação com os mesmos; acelerar o recebimento em suas vendas; e aplicar fundos ociosos, tomando cuidado com imprevistos. 29 2.9 POLÍTICA DE CRÉDITO Assaf Neto e Silva (2002, p. 108) definem crédito da seguinte forma: crédito diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma empresa que concede crédito troca produtos por uma promessa de pagamento futuro. Já a empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso de efetuar o pagamento no futuro. Para Santos (2001), o prazo de pagamento concedido a seus clientes representa uma operação financeira denominada crédito comercial, constituindo política de crédito comercial o conjunto das condições sob as quais a empresa efetua suas vendas a prazo. No momento em que a empresa vai definir sua política de crédito deve-se levar em consideração o fluxo de caixa proveniente dessa política e o investimento necessário para colocá-la em prática, devendo a análise deter-se nos aspectos diferenciadores da política atual de crédito em face da política proposta. Por afetar o volume de vendas, uma mudança na política de crédito influi nos investimentos de capital de uma empresa, podendo gerar Necessidade de Capital de Giro, no caso de adoção de uma nova política de crédito (ASSAF NETO; SILVA, 2002). Os atrasos nos recebimentos são muito prejudiciais as empresas, devendo, portanto, acelerar os recebimentos para diminuir o período de cobranças. As empresas podem operar sua própria função de cobrança ou contratar uma firma externa especializada. Outro enfoque nesse processo é o pagamento pré-autorizado, onde os pagamentos fixados com antecedência e quando chega a data pré-determinada o montante é automaticamente transferido da conta bancária do cliente para a conta bancária da empresa (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000). 2.9.1 Elementos de uma política de crédito Segundo Santos (2001), uma política de crédito contém diretrizes de natureza mercadológica e financeira que tem efeito sobre vários parâmetros econômico-financeiros da empresa. Os vários elementos da política de crédito precisam ter sua importância 30 hierarquizada, o que varia de empresa para empresa. Os principais elementos de uma política de crédito são os seguintes: • prazo de recebimento: prazo concedido aos clientes para fazer seus pagamentos; • critérios de aprovação de crédito: utilizado para a concessão de crédito comercial a um novo cliente; • limite de crédito: valor máximo estabelecidos de venda para cada cliente; • condições financeiras do crédito: avaliação de descontos por pagamentos antecipados e juros de mora para os pagamentos efetuados com atraso; e • tratamento dispensado aos clientes inadimplentes: ações a serem tomadas em relação a clientes inadimplentes. Na política de crédito, são definidos os parâmetros básicos para a efetiva realização das vendas a prazo. Nela devem constar os elementos primordiais para a concessão, monitoramento e cobrança das vendas, devendo ser encarada como um fator de alavancagem das receitas. Elementos que compõem a política de crédito Padrões de crédito Política de cobranças Concessão de descontos Prazo de crédito Definição Requisitos mínimos para que seja concedido crédito a um cliente. Abrange a estratégia da empresa para recebimento de crédito. Corresponde a redução do valor no preço de venda quando o pagamento é efetuado a vista ou num prazo menor. Corresponde ao tempo dado ao cliente para quitar sua dívida. Quadro 09: Composição da política de crédito Fonte: Adaptado de Santos (2001). Ferreira (2000) relata que durante uma política de crédito deve-se explicitar o padrão de concessão, que representa os requisitos mínimos a serem atendidos pelos clientes para venda a prazo. Padrões mais relaxados geram aumento de vendas e devedores duvidosos; padrões mais rígidos reduzem os problemas de cobrança, mas baixam as vendas, e paralelamente o lucro operacional. 31 2.9.2 Análise de crédito Santos (2001, p.44) afirma que análise de crédito “é uma técnica que permite à empresa vendedora estimar a capacidade de pagamento a curto prazo do pretendente ao crédito. A utilização da análise de crédito é justificada pelo fato de que apenas a análise cadastral não é suficiente para avaliar a capacidade de pagamento do pretendente”. A análise de crédito refere-se ao processo de decidir se o crédito será ou não concedido a determinado cliente, envolvendo dois fatores fundamentais: informações de crédito e avaliação e escore de crédito. O primeiro refere-se à coleta de informações de crédito de seus clientes, podendo utilizar fontes como: demonstrações financeiras, relatório de crédito, bancos e histórico de pagamento do cliente a própria empresa. O segundo refere-se aos cinco C’s do crédito (caráter, capacidade, capital, garantias e condições) e ao cálculo de um índice numérico para um cliente com base nas informações coletadas (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000) 2.10 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE ESTOQUES Para Assaf Neto e Silva (2002), o investimento em estoques é um dos fatores mais importantes para a adequada gestão financeira de uma empresa. Esta relevância pode ser conseqüência tanto da participação deste ativo no total de investimento, quanto da importância de gerir o ciclo operacional ou por ambos os motivos. São poucos os setores da economia que não apresentam como aspecto fundamental a administração financeira de estoques. Assef (1999, p.9) afirma sobre estoques: responsável pela absorção de parcela considerável do capital de giro, os estoques devem ser dimensionados, entre outros fatores, de acordo com os níveis de venda de cada produto, das condições de fornecimento e dos níveis máximos de capital de giro disponíveis. 32 Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000, p. 453), os estoques representam um investimento significativo em várias empresas. Numa empresa varejista, os estoques podem representar mais de 25% dos ativos. Para Seidel e Kume (2003), normalmente, uma empresa define a quantidade física ideal dos estoques para sua operação, porém as contas do ativo circulante operacional e passivo circulante operacional têm saldos operacionais ideais que podem ser medidos em função de quantidades físicas dos estoques, tendo, portanto os mesmos reflexos quando das variações dos primeiros. Segundo Assaf Neto e Silva (2002), a política de venda do fornecedor pode ser outro fato que explique a existência de maiores volumes de estoques numa empresa. Por receber descontos por parte de fornecedores para adquirir maior quantidade de matéria-prima, o gestor é incentivado a ter maior comprometimento de recursos em estoques. 2.10.1 Enfoque ABC O enfoque ABC pode ser definido como: técnica simples de administração de estoques, cuja idéia básica consiste em três ou mais grupos. O raciocínio implícito é o de que um pequeno número de itens estocados pode representar uma grande proporção do estoque em termos de valor. Por exemplo, essa situação existiria numa empresa industrial que usasse alguns componentes de tecnologia avançada e relativamente caros, bem como alguns matériais básicos, relativamente baratos na fabricação de seus produtos (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000, p.455) Para Assaf Neto e Silva, outrora, o enfoque ABC pode ser entendido da seguinte forma: metodologia que segrega os estoques por sua importância e permite que a administração da entidade dê mais atenção aos itens mais representativos. Numa empresa existirão, por uma lado, uma pequena parcela dos estoques responsável pela maioria de sua receita; por outro lado, existirá uma grande quantidade de itens que terão reduzida participação na receita. 2.10.2 Modelo do Lote Econômico de Compra 33 Para Assaf Neto e Silva (2002), O Lote Econômico de Compra (LEC), é um dos modelos mais utilizados na gestão financeira de estoques. O LEC procura a melhor estratégia para determinar qual será a quantidade que deve ser mantida em estoque e de quanto em quanto tempo deverá fazer um novo pedido, portanto, o LEC ajuda a encontar a quantidade ótima de cada pedido. O lote econômico de compras analisa o quanto a empresa deve ter disponível de estoque em cada momento, determinando o reabastecimento que minimiza os custos totais da empresa (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000). Dessa forma, ele estabelece índices para melhor análise do LEC, conforme o Quadro abaixo, que são: Quadro 10: Índices de análise do LEC Fonte: Adaptado de Ross, Westerfield e Jordan (2000) 2.11 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), para que se avaliem as efetivas necessidades de capital de giro de uma empresa é necessária a utilização de uma importante metodologia de estudo da posição do ponto de equilíbrio dessa empresa, baseada na distinção de seus ativos e passivos circulantes em itens operacionais e financeiros. Longenecker et al. (2007, p.397) afirma que: muitos dos problemas financeiros dos pequenos empresários são decorrentes da inabilidade de compreender o ciclo do capital de giro necessário pela empresa. É imperativo para os donos de pequenas firmas o entendimento do capital de giro nos termos de necessidade de investimento e a entrada desse capital nos cofres da empresa. Para Matarazzo (1999, p.344), “o Ativo Circulante Operacional - ACO é o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra, produção, estocagem e 34 venda, enquanto o Passivo Circulante Operacional - PCO é o financiamento, também automático, que decorre dessas atividades. Portanto: NCG=ACO-PCO.” A insuficiência de caixa pode determinar cortes de créditos, suspensão de entrega de mercadorias, descrédito junto a fornecedores e clientes. A falta de capital de giro faz a empresa recorrer a recursos com custos financeiros elevados, podendo perder o controle sobre endividamento (GAZZONI 2003). Assaf Neto e Silva (2002, p. 63) vêem a NCG quando a atividade operacional da empresa cria um fluxo de saídas mais rápido que o da entrada (os pagamentos dos fatores de produção ocorrem antes ao recebimento da venda, por exemplo), identifica-se claramente uma necessidade de investimento em seu giro, que é apurada pela diferença existente entre os ativos e passivos cíclicos, ou seja: necessidade de Investimento em capital de Giro é igual a diferença entre Ativo Circulante Operacional e Passivo Circulante Operacional. Dessa forma, a empresa terá necessidade de financiamento de capital giro quando a NCG for positiva, terá recursos disponíveis para aplicações quando a NCG for negativa e não haverá necessidade de financiamento, nem recursos disponíveis a aplicações quando a NCG for igual a zero. Portanto, quanto maior a NCG apurada, mais delicada é a situação que a empresa se encontra, pois necessita de mais capital de giro próprio ou recursos de terceiros por empréstimos. 2.12 FONTE DE FINANCIAMENTO “Muitos empreendedores se queixam que obter financiamento no Brasil é o principal problema enfrentado por suas empresas, em virtude das exigências estabelecidas pelos agentes financiadores (bancos de varejo principalmente), das altas taxas de juros cobradas e das dificuldades em pagar os empréstimos depois de concretizado o acordo” (DORNELAS, 2003, p. 175). Para Assef (1999, p.6-7), ao ser identificada uma necessidade de capital de giro o gestor financeiro pode recorrer a alternativas como: negociação antecipada dos juros de mora com fornecedores, de modo a mostrar interesse em liquidar o débito o quanto antes; atraso do 35 pagamento ao governo; atraso do pagamento de pessoal, colocando em risco o clima organizacional e o desenvolvimento dos negócios; ou recorrer ao capital de terceiros. Já para Seidel e Kume (2003), a NCG pode ser financiada através de: Capital de Terceiros (Exigível de Curto e Longo Prazo, tais como, empréstimos bancários, empréstimos de empresas coligadas e controladas;) e Capital Próprio (Patrimônio Líquido, através do aumento de Capital ou da retenção de lucros.), tendo essas fontes sempre algum custo para a companhia, sendo que o Capital de Terceiros representa um custo direto, através dos juros cobrados e, o Capital Próprio, pela remuneração dos acionistas, via lucros distribuídos. O problema é que a maioria dos empreendedores recorre apenas aos bancos de varejo, quando poderiam ser mais bem informados sobre as várias formas de financiamentos existentes, antes de tomar a decisão de qual, ou quais, utilizará em sua empresa e em que momento (DORNELAS 2003, p.175). Recursos • • • • • Próprios Terceiros Fontes de financiamento Patrimônio líquido; Ativo permanente (através do leaseback). Factoring; Comercial Paper; Mercado bancário (través de duplicatas, cheques prédatados, Vendor finance e empréstimos). Quadro 11: Necessidade líquida de capital de giro – Fontes de financiamento Fonte: adaptado de Agustini (1999). Como forma de captação de recursos para as micro e pequenas empresas de comércio varejista pode-se excluir dessa lista de recursos de terceiros o Comercial paper, que é um título emitido apenas por sociedade por ações. Podemos ainda incluir as Parcerias estratégicas, Hot Money, o Compror Finance e o Leasing. Outra forma muito interessante de financiamento de capital de giro é o baseado em economia pessoal, família e amigos. Este tipo de financiamento é comum nas micro e pequenas empresas e geralmente é conseguido devido a fatores pessoais e do ambiente que a cerca. Algumas alternativas de economia pessoal são: venda de imóveis ou automóveis, fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS) e a utilização de cartão de crédito para financiamento de curto prazo. 36 2.12.1 Parcerias estratégicas As micro e pequenas empresas devem necessariamente utilizar todas as possíveis alternativas para manter seu capital de giro e fluxo de caixa positivo. Os parceiros estratégicos são alternativas de financiamento indireto e de curto prazo, que ajudam a empresa, sabendo que serão recompensados no futuro próximo. Segundo Dornelas (2003), podem ser citados como exemplos comuns de parceiros estratégicos os fornecedores, os clientes e os funcionários. No caso dos clientes essa parceria pode vir através de descontos ou outros benefícios em troca de antecipações de pagamentos de mercadorias. No caso de fornecedores dá-se através de parcelamento a compra de mercadorias e até mesmo de carência para pagamento. Por ultimo os funcionários, que podem abrir mão de parte de seu salário em troca de ações da empresa 2.12.2 Factoring Segundo Fortuna (1998), factoring é uma atividade de prestação de serviços associada à compra de direitos de um contrato de venda mercantil, desenvolvido por uma empresa de caráter comercial. Dessa forma, para as pequenas e médias empresas que não dispõem de suporte para acompanhamento de suas aplicações de crédito e financiamento, ou que não tem cacife para bancar a reciprocidade exigida pelos bancos, é recomendável avaliar a relação custo/beneficio de recorrer ao factoring. A atividade de factoring, para as pequenas e médias empresas, resume basicamente ao desconto de cheques pré-datados e a compra de duplicatas a vencer. 2.12.3 Vendor Finance O Vendor Finance pode ser definido como: 37 operação de financiamento de vendas baseada no princípio da cessão de crédito, que permite a uma empresa vender seu produto a prazo e receber o pagamento à vista. A operação de vendor supõe que a empresa compradora seja cliente tradicional da vendedora, pois será está que irá assumir o risco do negócio junto ao banco. A vendedora transfere seu crédito ao banco e este, em troca de uma taxa de intermediação, paga ao vendedor à vista e financia o comprador. A principal vantagem para a empresa vendedora é a de que, como a venda não é financiada diretamente por ela, a base do cálculo para a cobrança de impostos, comissões de venda e royalties, no caso de licença de fabricação, torna-se menor (FORTUNA, 1998, P.127). No vendor a empresa vendedora, faz a transferência do crédito à instituição bancária, que recebe em troca uma taxa de intermediação, pagando ao vendedor à vista e financiando o comprador, desde que o vendedor assuma o risco junto ao banco. 2.12.4 Compror Finance Segundo Agustini (1999), o Compror Finance pode ser classificado como uma forma variante do Vendor finance, destinando a financiar a necessidade de capital de Giro com as seguintes características: a empresa paga ao fornecedor a vista e financia a compra a prazo através de crédito bancário; o banco dá crédito á empresa com destinação específica, para reduzir o spread em relação a uma operação de empréstimo para Capital de Giro garantido por avalista e/ou nota promissória. 2.12.5 Hot Money O Hot Money é um empréstimo de curtíssimo prazo, normalmente por um dia ou um pouco mais. Por ser uma operação de curto prazo, tem a vantagem de permitir tomador rápida mudança de posição no caso de uma mudança brusca de taxa de juros (FORTUNA, 1998) É uma forma cômoda de tomar dinheiro emprestado, já que pode ser feita através apenas de um telefonema ou fax, desde que garantido por uma nota promissória previamente assinada. 38 2.12.6 Leasing Segundo Fortuna (1998), o leasing é uma operação realizada mediante contrato, na qual o dono do bem concede a outro a utilização do mesmo, por prazo determinado. O leasing financia integralmente, a longo prazo, qualquer bem móvel ou imóvel, novo ou usado, de fabricação nacional ou estrangeira, para uma empresa sem que ela precise se descapitalizar. As operações de arrendamento mercantil se tornaram, principalmente nos países de economia avançada, uma das mais importantes fontes de capital. A decisão que envolve o arrendamento mercantil por parte de uma empresa não é simples, envolvendo disponibilidade de caixa, regulamentação do imposto de renda, além de inúmeros outros fatores. O crescimento da atividade de leasing resultou na associação desta com as atividades bancárias (BLATT 1998). De acordo com Santos et al. (2004), devido à constante necessidade de renovação do maquinário, bem como a falta de capital de giro, o leasing surgiu como um novo tipo contratual com o escopo de ser uma alternativa de financiamento para as empresas, buscando aperfeiçoar o processo produtivo com a liberação do capital de giro. Já para Roveroni (2004, p. 8), o leasing visa solucionar a necessidade de financiamento e desmobilização de capital. A finalidade do leasing é permitir ao arrendatário o uso de certo objeto do qual necessite, sem que tenha de arcar com o seu preço inicial. De forma simples, o leasing é uma das melhores alternativas para solucionar a necessidade de financiamento do capital de giro através da desmobilização do capital. Para Blatt (1998) o leasing é divido em duas modalidades: o leasing operacional e o leasing financeiro que, além da forma convencional, apresentam-se como características especiais em operações, como o leaseback. 39 Modalidades • • Leasing Operacional • • • • Leasing financeiro • • Principais características O total dos pagamentos da espécie não pode ultrapassar 75% (setenta e cinco por cento) do custo do bem arrendado; As contraprestações contemplam o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes a sua colocação a disposição da arrendatária; As despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos a operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendadora ou arrendatária; O preço do exercício de compra do bem deve ser o valor de mercado do bem arendado; Sua operação é privada aos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e as sociedades de arrendamento mercantil As contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato normalmente são suficientes para que a arrendadora recupere o bem arrendado durante o prazo contratual e obtenha um retorno sobre os recursos investidos; As despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos a operacionalidade do bem sejam de responsabilidade da arrendatária; O preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado. Quadro 12: modalidades de leasing Fonte: adaptado de Blatt (1998). O Leasing financeiro é a operação de arrendamento mercantil que transfere ao arrendatário substancialmente todos os riscos inerentes ao uso do bem arrendado, como obsolescência tecnológica, desgastes, etc. As operações de arrendamento operacional, por serem em modalidade em que o bem arrendado proporciona a utilização dos serviços sem que haja comprometimento futuro de opção de compra - caracterizando-se, essencialmente, como uma operação de aluguel - não devem integrar as contas do balanço patrimonial. 40 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os procedimentos metodológicos apresentados a seguir serviram de base para a realização desta pesquisa, cujo objetivo geral é estudar as influências que a escolha das fontes de financiamentos do Capital de Giro exercem no crescimento da rede de Supermercados Paraíba. 3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA O desenvolvimento do trabalho foi fundamentado nos métodos de pesquisa de campo e a pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa de dados, assumindo forma de análise teórico-empírica. A primeira parte da pesquisa constituiu-se de uma pesquisa bibliográfica que foi baseada no estudo de textos sobre capital de giro, liquidez, fontes de financiamento, política de crédito e indicadores operacionais. Gil (1991, p. 48) afirma que "a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de artigos científicos". Para Vergara (2004, p. 48), “pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao publico em geral”. Já a segunda parte do trabalho teve como base a pesquisa de campo, baseada no método de pesquisa descritiva, através de um contato direto com a rede de Supermercados Paraíba. A pesquisa descritiva é um tipo de estudo que permite ao pesquisador o alcance de uma melhor compreensão do desempenho de diversos aspectos e elementos que influenciam determinado fenômeno, por ser “abrangente, permitindo uma análise aprofundada do problema de pesquisa em relação aos aspectos sociais, econômicos, políticos, percepções de diferentes grupos, entre outros aspectos. Também utilizada para a compreensão de diferentes comportamentos, transformações, reações químicas para a explicação de diferentes fatores e elementos que influenciam um determinado fenômeno” (Oliveira, 2005, p. 37). Sobre pesquisa descritiva, Vergara (2004, p. 47) considera: expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlação entre variáveis e definir sua natureza. Não tem 41 compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Ao relatar sobre o estudo de caso, o mesmo determina a descoberta de aspectos e opiniões, tendo como objetivo retratar a realidade de forma completa e profunda, visando à representação de diferentes pontos de vista. Oliveira (2004, pág. 115) afirma sobre abordagem quantitativa: “significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações, assim como também com o emprego de recursos e técnicas estatísticas desde as mais simples, como percentagem, média, moda, mediana e desvio padrão, até as de uso mais complexo.” 3.2 SUJEITOS DA PESQUISA O universo da pesquisa de campo foram os profissionais atuantes na gestão financeira de uma rede composta por 11 (onze) supermercados, perfazendo um total de 11 gestores. Para Oliveira apud Marcondi (2005), “universo ou população é um conjunto de seres animados ou inanimados que, pelo menos, apresenta uma característica comum.” A amostra será definida pelo critério de acessibilidade, sendo composta por um total de 6 gestores, que representam 54,5% de universo de 11. De acordo com Vergara (2004, pág. 51) a amostra por acessibilidade está longe de qualquer procedimento estatístico e nela são selecionados elementos pela facilidade de acesso a eles. Oliveira (2004, pág. 160) afirma que amostra “é uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo”. Vergara (2004, pág. 51) afirma que universo e amostra: trata-se de definir a população amostral. Entenda-se aqui por população não o numero de habitantes de um local, como largamente conhecido o termo, mas um conjunto de elementos (empresas, produtos, pessoas, por exemplo) que possuem características que serão objeto de estudo. População amostral ou amostra é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de responsabilidade. 42 3.3 COLETAS DE DADOS A coleta de dados foi realizada a partir de pesquisa de campo, através de entrevista e experiência de estágio em parte do universo utilizado. O instrumento de coleta de dados escolhido foi o denominado questionário fechado. Segundo Vergara (2004, pág. 54) “o questionário caracteriza-se por uma série de questões apresentadas ao respondente, por escrito. Às vezes é chamado de teste, como é comum em pesquisa psicológica; outras, é designado por escala, quando quantifica respostas”. Oliveira (2005, pág. 32) afirma que os questionários fechados não permitem respostas livres, devendo delimitá-las. Os questionários foram entregues pessoalmente aos profissionais responsáveis pela gestão financeira para autopreenchimento. 3.4 VARIÁVEIS DA PESQUISA Para facilitar a pesquisa, foram criadas variáveis para facilitar a análise quantitativa e qualitativa da pesquisa. Desta forma, tais variáveis foram organizadas de acordo com os objetivos principais, estabelecendo a interligação do objeto de estudo aos vetores investigativos, conforme quadro 13. Variáveis da Pesquisa Objetivos da Pesquisa Vetores de Investigação Identificar a influência e as vantagens da gestão do Capital de Giro nos pequenos e médios varejistas. o o Liquidez Indicadores operacionais. o Dados Contábeis Analisar a necessidade de manter caixa para tirar proveito de descontos em compras. o Gestão financeira de estoques Concorrentes Fornecedores Negociações em o Informações do mercado o o o 43 compras. Identificar as melhores fontes de financiamento, quando houver Necessidade de Capital de Giro. o o Índices de liquidez Fluxo de caixa. Avaliar a política de crédito e a gestão financeira dos estoques. o Lote econômico de o compra Enfoque ABC Indicadores operacionais. o o o Custo do capital próprio e de terceiros Análise de índices Quadro 13 – Variáveis da Pesquisa Fonte: adaptado de Oliveira (2005). 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS Após a coleta de dados, os mesmos foram analisados e transformados em informações úteis ao objetivo a que se propôs a pesquisa. A análise teve caráter quantitativo e utilizou-se de técnicas estatísticas. Para Oliveira (2005, pág. 52) na pesquisa de campo “faz-se necessário o máximo de rigor científico, segundo o método e as técnicas adotadas para análise dos resultados, minimizando-se o viés da subjetividade para assegurar a confiabilidade e fidedignidade às informações obtidas”. 44 4. ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo analisaremos os dados obtidos de acordo com os objetivos propostos no trabalho, tendo como base o referencial teórico-científico coerente com o tema em estudo. Desta forma, os resultados serão analisados levando em consideração as respostas e experiências dos referidos gestores em relação às fontes de financiamento do capital de giro. Nesta primeira análise fizemos a seguinte indagação: Você concede descontos nas compras a vista? Fonte: pesquisa de campo (2009) É notado que parte considerável das empresas consultadas não incentivam as vendas à vista, por desconhecer ou não gerenciar o fluxo de caixa e os índices de liquidez, comprometendo a sua capacidade de pontualidade com os compromissos assumidos e disponibilidade de recursos para investimentos ou especulação. Sobre tal questão, Hoji (2001) afirma que o incentivo à liquidez está ligado diretamente a capacidade da empresa de pagar compromissos de curto prazo, pois está relacionado diretamente às disponibilidades. Em concordância, Paulo e Moreira (2003) afirmam que o controle da liquidez, mais especificamente do índice de liquidez imediata, é fator primordial a capacidade de liquidação dos compromissos correntes, com utilização das disponibilidades. Dessa forma, quão maior o 45 incentivo as vendas à vista, maior a capacidade da empresa em saldar suas dívidas apenas com recursos de caixa. No segundo questionamento, os entrevistados foram questionados se: o prazo que obtém para pagamento é superior ao prazo de recebimento? Fonte: pesquisa de campo (2009) Conforme observado no gráfico, todos os gestores responderam que raramente obtém prazos satisfatórios para honrar suas dívidas, visto que o prazo de pagamento praticado pelo mercado é superior ao de recebimento. Neste caso vemos que a política de crédito implantada na Rede é deficiente, afetando diretamente o ciclo financeiro, através dos indicadores operacionais e dos índices de liquidez. Santos (2001) afirma em seus estudos que, o ciclo financeiro inicia-se no momento do pagamento das compras e termina quando se recebe dos clientes. No caso de empresas varejistas, o prazo de estocagem e os prazos de pagamento e recebimento definem seu ciclo e estes, se mal geridos, geram problemas ao fluxo de caixa. Na terceira questão de pesquisa foi feito o seguinte questionamento as gestores da Rede: Você controla o estoque de acordo com a demanda dos produtos? 46 Fonte: pesquisa de campo (2009) É visto através da pesquisa que ainda há gestores descomprometidos com os investimentos em estoque, que é um dos fatores mais importantes para uma gestão financeira eficaz, principalmente nas micro e pequenas empresas varejistas, onde estes podem chegar a representar mais de 25% dos ativos. O estoque é responsável pela absorção de parcela considerável do capital de giro, podendo se tornar um dos grandes vilões à gestão financeira. Essa gestão precisa ser feita levando em consideração o Enfoque ABC ou o Modelo do Lote Econômico de Compras. Conforme Assaf Neto e Silva (2002), o Enfoque ABC segrega os estoques por nível de importância, permitindo que os gestores possam dar mais atenção aos itens mais representativos, diminuindo o percentual desses ativos. Ross, Westerfield e Jordan (2000) concordam que o Modelo do Lote Econômico de Compras é indicado a este tipo de empresa, afirmando que os valores em estoque são minimizados através da análise de quanto a empresa deve ter disponível em cada momento, utilizando para isso, o cálculo do custo de carregamento, do custo de falta e do custo total. Na quarta análise os entrevistados foram indagados sobre qual o prazo médio de reposição de estoques. 47 Fonte: pesquisa de campo (2009) É observado que a prática das empresas do ramo favorecem a gestão financeira, por não haver necessidade de níveis altos de estoque, influenciando positivamente o prazo médio de estocagem. Estes indicadores exercem grande peso em relação aos ciclos financeiro, econômico e operacional. Em contrapartida a questão anterior, mesmo os gestores tendo a possibilidade de reposição semanal dos estoques, na prática não fazem uso deste benefício, por não o controlarem de acordo com a demanda. Em concordância com o estudo, Longenecker et al. (2007) afirma que a gestão do capital de curto prazo é fundamental às micro e pequenas empresas, mas, mesmo assim, são deixadas em segundo plano devido ao fato dos gestores não possuírem conhecimentos específicos na área de finanças. Na quinta questão foi feito o seguinte questionamento aos gestores da Rede: Qual desse fatores você considera ser o maior gerador da necessidade de capital de giro? 48 Fonte: pesquisa de campo (2009) Apenas o item alguma combinação dos quatro fatores anteriores não foi citado. É observado que a maioria dos gestores financeiros citam como fator condicionante à NCG o pequeno prazo que recebem para honrar suas dívidas. Este fator poderia ser resolvido com um sistema de controle gerencial em relação ao prazo médio de pagamento (PMP), através de esforços no sentido de acelerar o recebimento de suas vendas e adiar ao máximo o pagamento junto aos fornecedores, desde que não comprometa a relação com os mesmos. Conforme estudo realizado por Ross, Westerfield e Jordan (2000), este problema pode ser controlado através da criação pela empresa de sua própria função de cobrança ou contratar uma firma externa especializada. Ainda sobre o tema, Ferreira (2000) ressalta a importância da criação de padrões de concessão, através da criação de requisitos mínimos a serem atendidos pelos clientes nas vendas a prazo. Na sexta questão de análise foi feita a seguinte indagação: com que frequência a empresa recorre à capital de terceiros? 49 Fonte: pesquisa de campo (2009) Através do questionamento anterior vemos que os gestores financeiros quase sempre recorrem à capital de terceiros, talvez por desconhecerem outras alternativas. Este financiamento faz com que a empresa recorra a recursos, na maioria das vezes, com custos financeiros elevados, podendo até perder o controle sobre o endividademento. Segundo Dornelas (2001), o maior problema é que na hora do financiamento através de capital de terceiros a maioria dos micro e pequenos empreendedores recorrem apenas aos bancos de varejo, quando poderiam ser mlehor informados sobre as várias formas de financiamentos existentes antes de tomar a decisão de qual ou quais utilizará em sua empresa e em que momento. Na sétima questão de pesquisa foi feito o seguinte questionamento aos gestores da Rede: com que freqüência a empresa recorre ao capital próprio (Patrimônio Líquido, aumento de capital ou retenção de lucros)? Fonte: pesquisa de campo (2009) 50 Foi observado com o questionamento que a maioria dos gestores financeiros da Rede afirmam quase sempre fazer uso do capital próprio no financiamento da NCG. O capital próprio é uma ótima alternativa para o financiamento da NCG, principalmente nos casos de retenção de lucros, devido, na maioria das vezes, estas empresas serem individuais ou possuírem um número reduzido de sócios. O financiamento através do capital próprio torna-se interessante à empresa, por ser um sinal que esta se encontra com um Capital de Giro Próprio, ou seja, seus haveres, bens e direitos conversíveis no prazo de até um ano demonstram ser maiores que as dívidas e obrigações exigíveis no mesmo prazo. A oitava questão de pesquisa faz a seguinte indagação: Você costuma recorrer a financiamentos bancários? Fonte: pesquisa de campo (2009) De acordo com o gráfico em análise vemos que a maioria dos gestores financeiros da Rede quase sempre recorrem aos financiamentos bancários. Muitos desses gestores se queixam da dificuldade que as micro e pequenas empresa tem para obter financiamentos, em virtude das exigências estabelecidas pelos agentes financiadores e das altas taxas de juros cobradas, além das dificuldades em pagar os empréstimos depois do acordo concretizado. Segundo Marion (1998), ouvimos empresários que criticam a carga tributária, os encargos sociais, os juros altos que o setor bancárioa apresenta, etc, fatores esses que realmente contribuem para debilitar as micro e pequenas empresas, porém descendo fundo nas investigações, constata-se que muitas vezes o problema principal não repousa nessas críticas, mas na má escolha das alternativas e nas decisões tomadas sem respaldo. 51 Na nona questão de pesquisa foram feitos questionamentos a respeito dos tipos de financiamentos bancários mais recorridos pelas empresas. Obtivemos o seguinte resultado: 68% (sessenta e oito por cento) citaram o cheque especial; os empréstimos foram citados por 50% (cinqüenta por cento) dos entrevistados; 50% (cinqüenta por cento) citaram o desconto de cheques; e Ninguém citou outras modalidades de financiamento. Fonte: pesquisa de campo (2009) O cheque especial oferece liquidez imediata, mas se mal administrado pode vir a representar perdas significativas, pois oferece como principal desvantagem altas taxas de juros, como a média bancária de acordo com a tabela 01. Posição Instituição Taxa de juros 3 BCO CRUZEIRO DO SUL S A 2,17 9 BANCO BONSUCESSO S.A. 3,72 14 BCO DO NORDESTE DO BRASIL S A 6,22 21 BCO DO BRASIL S A 7,78 27 BCO BRADESCO S A 8,44 28 BCO CITIBANK S A 8,46 30 BCO ITAU S A 8,52 33 HSBC BANK BRASIL SA BCO MULTIP 8,84 35 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 8,95 Tabela 01 – Pessoa Jurídica – Cheque Especial Pré-Fixado Fonte: adaptado de Brasil (2009) 52 Fonte: pesquisa de campo (2009) Os empréstimos para capital de giro são tidos por consultores como a melhor fonte de financiamento, desde que esta necessidade seja vista com antecedência. Essa modalidade de empréstimo apresenta vantagens em sua taxa de juros conforme visto na tabela 02, que classifica em ordem crescente os bancos. Posição Instituição Taxa de juros 8 BCO DO NORDESTE DO BRASIL S A 1,34 9 BCO CITIBANK S A 1,44 17 BCO ITAU BBA S A 1,81 22 BCO DO BRASIL S A 1,98 24 CAIXA ECONOMICA FEDERAL 2,05 39 BANCO BONSUCESSO S.A. 2,43 42 BCO ITAU S A 2,57 49 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 2,73 50 HSBC BANK BRASIL SA BCO MULTIP 2,76 53 BCO BRADESCO S A 2,82 Tabela 02 – Pessoa Jurídica – Capital de Giro Pré-Fixado Fonte: adaptado de Brasil (2009) 53 Fonte: pesquisa de campo (2009) O desconto de duplicatas é um adiantamento, feito pelos bancos de valores referenciados em notas promissórias ou duplicatas de cobrança, para antecipação do fluxo de caixa da empresa. É observado que parte dos gestores entrevistados utilizam esta modalidade, considerada uma das melhores ao financiamento da NCG, conforme observado na tabela 03 a seguir, que demonstra a classificação dos bancos em ordem crescente e as taxas mensais praticadas. Posição Instituição Taxa de juros 2 BCO CITIBANK S A 1,53 3 BCO DO NORDESTE DO BRASIL S A 1,65 7 BCO DO BRASIL S A 2,25 17 CAIXA ECONOMICA FEDERAL 2,55 21 BCO CRUZEIRO DO SUL S A 2,66 22 BCO SANTANDER (BRASIL) S.A. 2,68 25 HSBC BANK BRASIL AS BCO MULTIP 2,76 36 BCO BRADESCO S A 3,23 38 BCO ITAU S A 3,46 43 BANCO BONSUCESSO S.A. 3,93 Tabela 03 – Pessoa Jurídica – Desconto de duplicatas Fonte: adaptado Brasil (2009) 54 Fonte: pesquisa de campo (2009) Não foi observado em nenhuma das respostas a utilização de outras alternativas de financiamento, o que reforça a teoria apresentada sobre a falta de conhecimento desses gestores. Fonte: pesquisa de campo (2009) De acordo com o Gráfico 10, quando questionados sobre qual fonte de financiamento foi mais utilizada pela empresa, 33 % (trinta e três por cento) responderam que recorrem ao cheque especial, justificando sua utilização devido à agilidade e disponibilidade, que são características realmente apresentadas por esta modalidade; 34% (trinta e quatro por cento) optaram pelo desconto de cheques, justificando ser uma modalidade de financiamento onde as taxas são mais baixas, o crédito mais rápido e com pouca burocracia. A retenção de lucro 55 obteve uma percentagem de 33% (trinta e três por cento), os entrevistados justificam a sua opção por estar em fase inicial no mercado ou por ser a forma menos onerosa de financiar o crescimento da empresa. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo investigou a importância da escolha das fontes de financiamento e sua influência no crescimento da Rede de Supermercados Paraíba. Visto que a maioria destas empresas não dispunha de profissionais com qualidade para tomada de decisão, e considerando a importância desse tema, este trabalho vem com uma proposta de esclarecer alguns aspectos condicionantes a estes fatos. Após a análise e interpretação dos dados, concluiu-se que, do ponto de vista da gestão de estoques e política de crédito, não foi observado o cuidado necessário, principalmente quando o assunto são os indicadores operacionais e índices de liquidez. Nota-se também que há a adoção de políticas geralmente ineficientes, onde o descomprometimento com os investimentos em estoques torna-se uma barreira para o crescimento dessas empresas. Outro fator de extrema relevância é a análise da Necessidade de Capital de Giro. Constatou-se o conhecimento restrito de alternativas para o financiamento e a adoção de modalidades geralmente mais onerosas. Em relação às fontes de financiamento mais utilizadas, foi verificado que tais empresas possuem um leque restrito de modalidades para o financiamento da NCG. Nesta perspectiva, é fato que os empresários criticam a carga tributária, os encargos sociais e os juros altos que o setor bancário apresenta, contribuindo assim para debilitar as micro e pequenas empresas, mas o problema inerente está diretamente na gestão e na tomada de decisão. Desta forma, constatou-se que a escolha das fontes de financiamento da Necessidade de Capital de Giro influenciam significativamente o crescimento da Rede de Supermercados Paraíba, principalmente pelo fato de não possuir um gestor especialista na área de finanças. A concientização desses gestores torna-se fundamental para que estes fatores deixem de ser geradores de ônus aos supermercados da Rede e se tornem condicionantes ao crescimento e destaque, já que de acordo com referencial teórico esses são característicos às micro e pequenas empresas do ramo. 57 5.1 RECOMENDAÇÕES De acordo com estudo realizado, recomenda-se à Rede de Supermercados Paraíba, no tocante à política de crédito, a adoação de medidas efetivas que tomem como base os elementos que compõem esta política, estimulando o fluxo de caixa. Já para a administração financeira de estoques, recomenda-se a utilização do Enfoque ABC, haja visto o problema constatado com esse ativo. Recomenda-se também, levando em consideração a escolha das fontes de financiamento, a contratação de um gestor especialista em finanças à Rede, para acompanhamento e controle da tomada de decisões, como forma de buscar fontes sustentáveis e menos onerosas à NCG. 5.2 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS Em continuidade ao desenvolvimento deste estudo, recomendam-se novas pesquisas, específicas na área de administração financeira, como forma de contribuir para o processo produtivo das empresas e para o preparo e envolvimento profisional do administrador. 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, Alexandre. SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do Capital de Giro. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio - Administração do capital de Giro. – 3. ed. – São Paulo: Atlas, 2002. ASSEF, Roberto. Guia prático de administração financeira: pequenas e médias empresas/Roberto Assef. – Rio de Janeiro: Campus, 1999. BLATT, Adriano. 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São Paulo: Pearson Makron Books, 2000. 61 APÊNDICES 62 Apêndice I – Roteiro de entrevista Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Sociais Aplicadas Curso de Administração ROTEIRO DE ENTREVISTA COM FOCO NOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS PARTE I – Avaliação da política de crédito e gestão financeira de estoques. 1. Você concede desconto nas compras à vista? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca 2. O prazo que obtém para pagamento é superior ao prazo de recebimento? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca 3. Você controla o estoque de acordo com a demanda dos produtos? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca 4. Qual o prazo médio de reposição de estoque? ( )Mensalmente ( )Quinzenalmente ( )Duas ou mais vezes por semana ( )Semanalmente PARTE II – Análise da Necessidade de capital de giro 5. Qual desses fatores você considera ser maior gerador da Necessidade de Capital de Giro? ( )redução de vendas ( )crescimento da inadimplência ( )prazo de pagamento ( )aumento de custos ( )alguma combinação dos quatro fatores anteriores ( ) nenhuma das anteriores 6. Com que freqüência a empresa recorre à capital de terceiros? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca 7. Com que freqüência a empresa recorre ao capital próprio (Patrimônio Líquido, aumento de capital ou retenção de lucros)? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca PARTE III – IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO MAIS UTILIZADAS. 8. Você costuma recorrer a financiamentos bancários? ( ) Sempre ( ) Quase sempre ( ) Raramente ( )Nunca 63 9. Caso recorra a financiamentos bancários, quais as modalidades utilizadas? 10. Qual a fonte de financiamento mais utilizada pela empresa? Justifique.