CAPÍTULO IV
CAPITAL DE GIRO E EQUILÍBRIO FINANCEIRO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
1. Definir capital de giro ou capital circulante e capital circulante líquido mostrando
as transações que elevam e reduzem o CCL.
2. Definir e representar graficamente o ciclo operacional e financeiro de empresas
comerciais e industriais através da formulação de cálculos dos prazos operacionais.
3. Analisar a necessidade de investimento em capital de giro e o dilema do riscoretorno na composição dos seus financiamentos.
A administração de Capital de Giro envolve basicamente as decisões de compra e
vendas tomadas pela empresa, assim como suas mais diversas atividades operacionais e
financeiras. Nessa abrangência, coloca-se de forma nítida que a administração do capital de
giro deve garantir a uma empresa a adequada consecução de sua política de estocagem,
compra de materiais, produção, venda de produtos e mercadorias e prazo de recebimento.
A importância da administração do capital de giro para as empresas tem-se
acentuado bastante nos últimos tempos, em razão, principalmente, das elevadas taxas de
juros praticadas no mercado, do acirramento da concorrência determinados pela abertura
de mercado e das políticas de expansão adotadas pelas empresas.
Como resultados da maior preocupação com a administração do capital de giro,
foram aprimoradas as técnicas de controle e gerenciamento dos valores circulantes,
tornando esse segmento de estudo mais especializado.
4.1.
Conceitos Básicos
Apesar da definição usual de capital de giro apresentar interpretações e
metodologia distintas, de acordo com as definições consideradas, seu conceito identifica os
recursos que giram (circulam) várias vezes em determinado período. Capital de giro,
portanto, é o ativo circulante que sustenta as operações do dia-a-dia da empresa e
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representa a parcela do investimento que circula de uma forma a outra, durante a condução
normal dos negócios.
O capital de giro é formado basicamente por três importantes ativos circulantes:
•
Disponível (caixa e aplicações financeiras);
•
Valores a receber; e
•
Estoques.
4.1.1.
Capital de Giro (CG) ou Capital Circulante (CC)
O Capital de Giro corresponde aos ativos circulantes mantidos por uma empresa.
Representa o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar seu ciclo
operacional. Ciclo operacional é o período identificado desde a compra da matéria-prima
até a venda e recebimento do produto vendido.
A figura abaixo retrata o fluxo de capital de giro de acordo com o ciclo de produção
e venda de uma empresa industrial.
RECURSOS
APLICADOS
NO ATIVO
CIRCULANTE
ESTOQUE DE
MATERIAIS
DISPONÍVEL
REALIZÁVEL
VENDAS A
PRAZO
VENDAS A
VISTA
ESTOQUE DE
PRODUTOS
ACABADOS
PRODUÇÃO
Figura 4.1 Fluxo do capital de giro
Através desta figura é possível observar que os recursos aplicados no ativo
circulante são canalizados, num ponto inicial do processo de produção e venda da empresa,
para o disponível, o qual irá suprir todas as necessidades financeiras de suas operações.
Assim, numa primeira saída, os recursos são transferidos para a produção da
empresa, através de aquisição de estoques de materiais e pagamentos de custos fabris. Em
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seguida, os produtos acabados são estocados aguardando serem vendidos e geram novos
custos à empresa. Quando vendidos, os recursos obtidos retornam, alguns de forma
imediata (caso as vendas sejam a vista) e outros no curto prazo (caso as vendas sejam a
prazo), ao disponível da empresa, dando-se início novamente ao ciclo operacional descrito.
Uma importante característica do capital de giro é seu grau de volatilidade, que é explicado
pela curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros
de natureza idêntica.
Comparando-se, por outro lado, o capital de giro e o capital fixo (permanente)
pode-se observar duas outras importantes características:
•
Baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes, exceto em
empresas comerciais.
•
Divisibilidade dos elementos circulantes, que se apresenta bem superior à dos
ativos fixos. Ex: Aporte de recursos em níveis variados.
Resumindo:
ATIVO CIRCULANTE = CAPITAL DE GIRO = CAPITAL CIRCULANTE
ATIVO CIRCULANTE = DISP. + VALORES A REC. A CURTO PRAZO + ESTOQUES
4.1.2.
Capital de Giro Líquido (CGL) ou Capital Circulante Líquido (CCL)
Representa, de maneira geral, o valor líquido dos investimentos (deduzidos das
dividas de curto prazo) realizados no ativo (capital) circulante da empresa. Tendo como
base esse conceito, a maneira mais simples de se encontrar o valor do capital de giro
líquido é por meio da simples diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante.
CCL = ATIVO CIRCULANTE – PASSIVO CIRCULANTE
Seguindo um enfoque mais rigoroso, o capital circulante líquido representa
normalmente a parcela dos recursos de longo prazo (permanentes) aplicados em itens
ativos de curto prazo (circulantes).
CCL = (PATRIMONIO LIQUIDO + EXIGIVEL A LONGO PRAZO) – (ATIVO
PERMANENTE + REALIZÁVEL A LONGO PRAZO)
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Parcela de financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de
longo prazo.
Exemplo:
A.C $ 150.000
P.C $ 130.000
RLP $ 150.000
ELP $ 80.000
A.P $ 120.000
P.L $ 110.000
(I) CCL = $ 150.000 - $ 130.000 = $ 20.000
(II) CCL = ($ 110.000 + $ 80.000) – ($ 120.000 + $ 50.000) = $ 20.000
CCL negativo / CCL nulo
Quando o capital circulante é negativo, os recursos passivos permanentes da
empresa não são suficientes para cobrir todas as suas necessidades de investimento de
longo prazo, devendo, nessa situação, serem utilizados fundos provenientes do passivo
circulante (curto prazo).
A presença de um capital circulante líquido nulo ocorre quando há total igualdade
entre os prazos e os valores dos recursos captados e aplicados pela empresa. Neste caso, a
empresa não trabalha com recursos de longo prazo financiando seus ativos circulantes, ou
seja, não apresenta folga financeira.
Qualquer das posições de liquidez comentadas é decidida muitas vezes (mas nem
sempre) pela preferência entre risco (liquidez) e retorno (lucratividade), e a opção deve
recair evidentemente sobre a estrutura que melhor satisfaça às necessidades e aos objetivos
da empresa.
- Reduções no CCL produzem dois grandes benefícios á empresa:
(I) Libera capital investido em giro
Reduz o custo de capital
Maior
valor econômico (EVA) para empresa.
(II) Redução no giro “incentiva” a empresa a demonstrar maior eficiência operacional em
produzir e vender com menor folga financeira.
- Limite: Limite mínimo suportável pela empresa.
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- Custos para redução no CCL:
• Perda de vendas por falta de estoques;
• Atrasos na produção por falta de matéria-prima;
• Perdas de vendas por políticas mais rígidas de crédito e cobrança.
4.1.3.
Capital de Giro Próprio (CGP)
Indica quanto dos recursos próprios da empresa estão sendo utilizados no Capital
de Giro. É comumente obtido pela seguinte expressão de cálculo:
Patrimônio Líquido
(-) Aplicações permanentes
Ativo Permanente
Realizável a Longo Prazo
Capital de Giro Próprio
XXX
XXX
XXX
XXX
Essa medida não identifica rigorosamente os recursos próprios da empresa em
que estão financiando sua atividade. Dada a evidente impossibilidade de se relacionar
todas as operações de captação e aplicação de uma empresa, o valor encontrado reflete
mais adequadamente recursos do passivo de longo prazo (próprios ou de terceiros)
alocados em itens ativos não permanentes, e não necessariamente do patrimônio líquido.
Exemplo:
A.C $ 100.000
P.C $ 30.000
RLP $ 40.000
ELP $ 50.000
A.P $ 60.000
P.L $ 120.000
(I) C.G.P = $ 120 - $ 60 - $ 40 = $ 20
Não necessariamente este valor vai financiar o capital de giro.
- Principais transações que alteram o CCL:
Transações que elevam o CCL
•
Novos empréstimos e financiamentos de longo prazo;
•
Aumento de capital por integralização de novas ações;
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•
Geração de lucro líquido;
•
Reduções (vendas) de ativos permanentes;
•
Recebimentos de realizável a longo prazo etc.
124
Transações que reduzem o CCL
•
Reduções (amortizações) nas dívidas de longo prazo;
•
Reduções do patrimônio líquido através de ocorrência de prejuízos, recompra das
próprias ações da companhia, pagamento de dividendos etc.
•
Aumento de ativos permanentes (aquisições) com pagamentos a vista.
Transações que ocorrem unicamente no âmbito do curto prazo ou do longo prazo e
que não afetam o capital circulante liquido:
•
Pagamentos de dívidas de curto prazo reduzem o ativo circulante e
passivo circulante no mesmo volume, não alterando o CCL;
•
Compras de estoques a vista reduzem e elevam o ativo circulante no
mesmo montante;
•
Aquisição de bens fixos através de financiamento de longo prazo. Os
valores não transitam pelo circulante etc.
4.2.
Ciclos Operacionais
São as atividades de produção de bens e serviços e a realização de vendas e
respectivos recebimentos realizados de forma seqüencial e repetitiva. Nessas operações, a
empresa busca obter lucro, de forma a remunerar seus credores e proprietários. Inicia-se
com a aquisição das matérias-primas, passa pela armazenagem, produção e venda e
desemboca no efetivo recebimento das vendas realizadas. A figura abaixo ilustra de forma
linear esse processo:
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Espera
PMEMP
PMF
Recebimento
PMEPT
ou
PMV
Venda
Armazenagem
(Início)
Fabricação
(Início)
Armazenagem
(Recebimento)
Compra (pedido)
Figura: Ciclo operacional de uma empresa industrial.
PMC
Ciclo Operacional Total
Ciclo Econômico
PMPF
Ciclo de Caixa (Financeiro)
•
PMEMP = prazo médio de estocagem das matérias-primas;
•
PMF = prazo médio de fabricação;
•
PMEPT/PMV = prazo médio de estocagem dos produtos terminados / prazo médio de
venda;
•
PMC = prazo médio de cobrança;
•
PMPF = prazo médio de pagamento a fornecedores.
(I) CICLO OPERACIONAL TOTAL = PMEMP + PMF + PMV + PMC
É composto de todas as fases operacionais da empresa.
(II) CICLO ECONÔMICO = PMEMP + PMF + PMV
Engloba toda a base de produção da empresa.
(III) CICLO FINANCEIRO = (PMEMP + PMF + PMV + PMC) – PMPF
Identifica a necessidade de recursos da empresa.
Períodos operacionais
O ciclo operacional descrito na figura acima revela as diversas fases operacionais:
compra, fabricação, estocagem (matérias-primas e produtos em transformação), venda e
cobrança. Cada uma dessas fases operacionais possui determinada duração.
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Assim, a compra (pedido) de matérias-primas embute, além do prazo de espera de
recebimento, um prazo de armazenagem; a produção, o prazo de transformação das
matérias-primas em produtos terminados; a venda, o prazo de armazenagem dos produtos
terminados; e a cobrança, o prazo de recebimento das vendas realizadas a prazo.
Como gerenciar o Ciclo Financeiro
As necessidades de caixa da empresa aumentam à medida que os prazos de
estocagem e de cobrança das vendas crescerem acima dos prazos de pagamento aos
fornecedores. Ao contrário, reduzindo os prazos operacionais dos ativos e alongando os
dos passivos operacionais, verifica-se uma diminuição do ciclo de caixa (ciclo financeiro).
Elencamos a seguir, algumas estratégias básicas para gerenciar o ciclo financeiro:
•
Reduzir ao mínimo os investimentos em estoques, promovendo maior giro aos
estoques, cuidando, porém, para que a estratégia não ocasione perdas de vendas ou
atrasos na produção por faltas de produtos;
•
Manter um controle mais eficiente sobre as contas a receber, aprimorando as técnicas
de análise de concessão de créditos e políticas de cobrança;
•
Negociar prazos de pagamentos mais longos com os fornecedores, tendo sempre o
cuidado em não incorrer em custos financeiros acima dos ganhos.
- Exemplo ilustrativo:
ANO X6
ANO X6
PMEmp
PMF
PMV
PMC
15 dias
10 dias
20 dias
30 dias
20 dias
15 dias
30 dias
30 dias
CICLO OPERACIONAL
75 dias
95 dias
PMPF
20 dias
50 dias
CICLO FINANCEIRO
55 dias
45 dias
(I) ↑ C.O :
- Estocagem;
- Produção;
- Vendas.
(II) ↓ C.F :
↑ PMPF.
(III)
Interpretação:
Maiores
investimentos
nas
atividades
operacionais
compensadas, com folga, pelos prazos mais longos concedidos pelos fornecedores.
foram
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4.2.1. Formulação de cálculo dos prazos operacionais
As expressões de cálculo das durações de cada fase operacional são representadas
abaixo:
Índice
PMEMP
PMF
PMV
PMAT
PMAM
PMC
PMPF
Fórmula
O que identifica
Prazo médio (em dias) em que os materiais
x 360 permanecem estocados à espera de ingressarem no
processo de produção.
Saldo Médio de Materiais
Consumo Anual
Valor médio dos produtos em
Prazo médio (em dias) em que a empresa despende em
elaboração
x 360
fabricar o produto final.
Custo de Produção Anual
Valor médio dos produtos
Prazo médio (em dias) que o produto acabado
acabados
x 360 permanece estocado à espera de ser vendido, isto é,
prazo médio de estocagem do produto acabado.
Custo dos Produtos Vendidos
Prazo médio (em dias) em que os estoques totais
(materiais, produtos em transformação e produtos
acabados) permanecem armazenados à espera de serem
consumidos, produzidos e vendidos. Ou seja, o tempo
médio total compreendido desde a compra dos
materiais até a venda do produto acabado.
PMEMP + PMF + PMV
Valor médio dos Estoques de
Mercadorias
Prazo médio (em dias), para empresas comerciais, em
x 360 que as mercadorias permanecem armazenadas à espera
de serem vendidas. De outra forma, é o prazo médio de
venda de empresas comerciais.
Custo Total da Mercadoria
Vendida
Valor médio das Duplicatas a
Receber
x 360 Prazo médio (em dias) em que a empresa recebe as
vendas realizadas a prazo.
Vendas Anuais a Prazo
Valor Médio das Duplicatas a
Pagar
x 360 Prazo médio (em dias) em que a empresa paga seus
fornecedores.
Compras Anuais a Prazo
Cálculo dos prazos operacionais
- Exemplo ilustrativo
Contas
Duplicatas a receber
Estoque de mercadorias
Fornecedores a pagar
Custo da mercadoria vendida (CMV)
Venda anual (Total)
Duplicatas a receber
Venda anual a prazo (média)
20x6
20x7
$ 25. 000
$ 45.000
$ 24.000
$ 30.000
-
$ 30.000
$ 65.000
$ 28.000
$ 330.000
$ 900.000
$ 50.000
80%
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(I) Cálculo do Ciclo Operacional:
I.1) PMAM = $ 65.000 + $ 45.000 / 2 x 360 = 60 dias
$ 330.000
GE = 360
= 360 = 6 vezes
PMAM
60
I. 2) PMC = $ 30.000 + $ 80.000 / 2 x 360 = 20 dias
80% x $ 900.000
GDR: 360/20 = 18 vezes.
I.3) CO = PMAM + PMC = 60 + 20 = 80 dias
(II) Cálculo do Ciclo Financeiro (Caixa):
II.1) PMPF: $ 24.000 + $ 28.000 / 2
$ 330.000
x 360 = 28,4 dias
- Em razão dos relatórios financeiros não disponibilizarem as compras anuais a prazo
efetuadas, utiliza-se o CMV do exercício (prática adotada pelos analistas).
II.2)
C.F = C.O – PMPF
CF = 80 dias - 28,4
C.F= 51,6 dias
4.3.
Investimento em Capital de Giro
É de conhecimento de muitos que o ativo circulante representa, para diversos
segmentos empresariais, como sendo o grupo patrimonial menos rentável. A manutenção
de determinado volume de recursos aplicado no capital de giro visa, fundamentalmente, à
sustentação de atividade operacional de uma empresa.
A necessidade de investimento em capital de giro é explicada pelo tempo que tarda
entre a empresa adquirir e pagar suas matérias-primas e o momento do recebimento das
vendas realizadas. É o denominado ciclo de caixa. O mais rentável para qualquer empresa
seria manter em seus ativos circulantes valores que atendam adequadamente as suas
necessidades operacionais. É claro que valores mais reduzidos de capital de giro podem
levar a empresa a um aperto em sua liquidez, por acaso se houver eventuais atrasos nos
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recebimentos, ou a sacrificar seu processo normal de produção e venda, na eventualidade
falta de estoques.
ROI = GIRO DO INVESTIMENTO X MARGEM OPERACIONAL
ROI = VENDAS X LUCRO OPERACIONAL (LÍQUIDO IR)
ATIVO TOTAL
VENDAS
Atenção: Baixos níveis de A.C determinam, juntamente com o aumento na rentabilidade,
uma elevação nos riscos da empresa (dilema risco-retorno).
↓ Custo de Capital - ↑ Tx de Retorno - ↑ Risco
Dilema Risco-Retorno
Política conservadora – Levaria a empresa a diminuir seu risco mediante
aplicações mais elevadas em capital de giro;
Política média e agressiva – Prevêem progressivas reduções em investimentos
circulantes, o que determina elevado risco da empresa e também paralelo incremento em
sua rentabilidade por adotar menor participação relativa de itens menos rentáveis.
Definição de volume adequado (Ótimo) de C.G:
•
Particularidades operacionais da empresa e seu ambiente;
•
Maximização de seu retorno;
•
Minimização de riscos.
Custos de Investimento em C.G:
(I) Custos de carregamento
•
Custos com manutenção e armazenagem de produtos;
•
Custo de oportunidade de capital aberto no ativo circulante.
(II) Custos de falta
•
Ineficiência de caixa para pagamento ou para concessão de crédito a clientes;
•
Falta de estoques para atender aos pedidos de venda.
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4.4.
130
Financiamento de Capital de Giro
Quanto maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior será seu custo em
razão do risco que o credor assume em não obter um retorno condizente com os padrões de
juros da época.
Assim:
Os juros dos empréstimos de LP > juros dos empréstimos de C.P: o custo da
empresa se eleva ao preferir financiar seu giro com financiamento de longo prazo.
- Razões:
(I) Risco de flutuação das taxas de juros;
4.4.1. Dilema risco-retorno na composição do financiamento
Ao utilizar mais de crédito de longo prazo, há uma redução do risco; no entanto,
por serem os juros de longo prazo geralmente superiores aos de curto prazo, este tipo de
financiamento diminui, ao mesmo tempo, a taxa de retorno da empresa.
Enquanto um empréstimo de longo prazo mantém o encargo de juros inalterado
por um período de tempo maior, um empréstimo de curto prazo, a ser renovado
periodicamente, absorve com maior freqüência as oscilações (normalmente crescentes) nas
taxas de juros.
(I) ↑ Financiamento de L.P - ↓ Risco - ↓ Tx. de retorno da empresa
(II) ↑ Financiamento de Curto prazo - ↓ Folga financeira - ↑ Risco
Abordagem para Financiamento do Capital de Giro
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131
O ativo circulante de uma empresa sofre variações ao longo do tempo determinadas
principalmente pelo crescimento da atividade, do mercado e pela sazonalidade das vendas.
Este comportamento determina limites altos (máximos) e baixos (mínimos) de
investimento em ativo circulante. Por exemplo, uma indústria de brinquedo mantém altos
níveis de estoques e, conseqüentemente de capital de giro, em meses anteriores ao pico de
vendas. Após este período, o ativo circulante tende a decrescer, atingindo seus limites
mínimos.
A parte variável (ou sazonal) do capital de giro é medida pela diferença, em
determinado momento, entre o montante do investimento no pico máximo e no pico
mínimo. O volume mínimo de investimento é o capital de giro permanente.
Abordagem pelo Equilíbrio Tradicional
Nessa abordagem, o ativo permanente e o capital de giro permanente são
financiados também por recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros). As
necessidades sazonais de capital de giro, por sua vez, são cobertas por exigibilidades de
curto prazo. Ao adotar essa abordagem compensatória, a empresa não teria recursos
dispendiosos aplicados em itens sem nenhum retorno.
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Abordagem de Risco Mínimo
Nessa composição mais extrema e de pouca aplicação prática, a empresa encontrase totalmente financiada por recursos permanentes (longo prazo), inclusive em suas
necessidades sazonais de fundos. O capital de giro líquido, nessa situação, é igual ao
capital de giro (ativo circulante) da empresa.
O risco é colocado em níveis mínimos em razão da empresa não necessitar utilizar
sua capacidade de captação de recursos de curto prazo, a qual seria acionada somente para
atender a necessidades financeiras inesperadas.
- Definição da melhor estrutura para empresa:
(I) Características operacionais e seu ambiente;
(II) Grau de aversão ao risco de seus administradores;
(III) Taxas de juros de mercado
4.5. Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG) e Saldo de
Tesouraria(ST)
A análise do capital de giro envolve também o dimensionamento da necessidade
líquida de capital de giro e o estudo de prazos equivalentes em dias de vendas, além do
cálculo de ciclo financeiro e giro de caixa.
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Os balanços patrimoniais fornecem dados para cálculo da necessidade de capital de
giro. A necessidade líquida de capital de giro (NLCG) é a diferença entre o ativo
circulante operacional (ACO) e o passivo circulante operacional (PCO). Portanto, as contas
do ACO e do PCO são chamadas contas cíclicas.
O saldo de tesouraria (ST) é a diferença entre os ativos e passivos pertencentes a
contas não cíclicas, assim chamadas porque não precisam ser repostas com os ativos e
passivos de mesma natureza, para que a empresa continue funcionando. São as contas do
ativo circulante não operacional (ACNO) e do passivo circulante não operacional
(PCNO), de natureza financeira, não relacionada diretamente com as atividades de
operações.
O ACO representa a aplicação natural de capital de giro e o PCO representa a fonte
natural de capital de giro, ambos existentes em função dos negócios. O ACNO representa a
aplicação de capital de giro em “atividades financeiras” e o PCNO representa fonte de
capital de giro de natureza não operacional (ou seja, de natureza financeira).
Apresentam-se as seguintes situações de capital de giro:
•
NLCG = ACO – PCO
•
ST = ACNO – PCNO
•
ACO = PCO: existe equilíbrio entre o capital de giro e as fontes naturais de
financiamento do negócio (NLCG = 0);
•
ACO > PCO: a empresa necessita de recursos de natureza financeira para
financiar o giro dos negócios.
•
ACO < PCO: a empresa dispõe de excedente de fontes naturais do negócio para
aplicações financeiras.
•
ACNO > PCNO: a empresa possui aplicações financeiras, portanto, tem uma
situação financeira folgada no curto prazo.
•
ACNO < PCNO: recursos financeiros, de terceiros, estão financiando as
atividades operacionais.
EXEMPLO: Analisa-se a situação financeira de curto prazo da empresa com base nas
contas abaixo.
Balanço Encerrado em:
31/12/06
31/12/07
31/12/08
Ativo circulante operacional
505.882
803.191
1.067.271
Ativo circulante não operacional
472.381
360.709
359.591
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Total do ativo circulante
978.263
1.163.900
1.426.862
Passivo circulante operacional
485.667
316.420
454.613
Passivo circulante não operacional
123.993
215.088
428.279
Total do passivo circulante
609.660
531.508
882.892
Indicadores de liquidez
Índice de liquidez corrente (ILC) = AC/PC
Capital circulante líquido (CCL) = AC – PC
Necessidade líquida de capital de giro (NLCG)= ACO-
31/12/06 31/12/07 31/12/08
1,60
2,19
1,62
368.603
632.392
543.970
20.215
486.771
612.658
348.388
145.621
(68.688)
PCO
Saldo de tesouraria (ST) = ACNO - PCNO
Os dados de 31/12/06 mostram que foram aplicados $20.215 em operações e
$348.388 em atividades de natureza financeira, totalizando $368.603 de CCL. Os
indicadores de liquidez mostram uma situação financeira folgada com ILCs maiores do que
1 (um).
O método de NLCG é um instrumento bastante útil para analisar a situação
financeira e as políticas de gestão da empresa, pois fornece informações analíticas sobre as
atividades operacionais. A empresa precisa minimizar os investimentos em atividades
financeiras, pois a sua remuneração é geralmente menor do que o custo de captação.
Analisando o cálculo de ciclo financeiro e giro de caixa, o ciclo financeiro pode
ser calculado com a seguinte equação:
CF =
NLCG x N
RB
Onde:
CF = ciclo financeiro;
NLCG = necessidade líquida de capital de giro;
N = número de dias do período (um ano = 365 dias):
RB = receita bruta deduzida das vendas canceladas.
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135
EXEMPLO: O ciclo financeiro dos três exercícios sociais é:
Período
31/12/06
31/12/07
31/12/08
Receita bruta
1.363.566
1.892.353
2.186.687
20.215
486.771
612.658
5,4
93,9
102,3
NLCG
Ciclo financeiro (dias)
A empresa apresentou um forte aumento do seu ciclo financeiro ao longo do
período em análise, o que significa que a mesma passou a depender substancialmente do
capital de giro. Quanto menor o ciclo financeiro, melhor para a empresa.
O giro de caixa é a quantidade de vezes que o ciclo financeiro (ou ciclo de caixa)
ocorre dentro de determinado período.
Por exemplo, os dados de 31/12/08 indicam que o giro de caixa ocorre 3,6 vezes ao
ano, calculado como segue: 365 dias / 102,3 dias = 3,6.
Se a empresa desejar aumentar a receita bruta em 20%, em 19X9, mantendo o ciclo
financeiro de 102,3 dias, necessitará de capital de giro, calculado como segue:
CF x RB
NLCG =
NLCG =
, em que:
N
102,3 x $2.624.024
365
NLCG = $735.446
A NLCG aumentará de $612.658 para $735.446, ou seja, também 20%, pois o ciclo
financeiro em 19X9 é o mesmo.
O ciclo financeiro pode ser decomposto para melhor estudar o comportamento dos
diversos elementos que o compõem. Essa técnica contribui substancialmente para o
acompanhamento e gerenciamento de diversos prazos médios operacionais. Aplicando a
fórmula da NLCG para cada item do ativo e passivo operacionais com base em receita
bruta dos respectivos exercícios sociais, a evolução do prazo médio dos diversos itens pode
ser analisada mais detalhadamente.
Balanço encerrado em
31/12/06
31/12/07
31/12/08
Receita bruta
1.363.566
1.892.353
2.186.687
20.215
486.771
612.658
5,4
93,9
102,3
NLCG
Ciclo financeiro
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Ativo circulante operacional
Duplicatas a receber
43,15
73,49
69,96
Estoques
87,50
78,73
103,56
Total do ativo operacional (A)
135,4
154,9
178,2
Fornecedores
88,24
96,48
38,78
Salários e encargos sociais
14,46
13,14
14,36
Total do passivo operacional (B)
130,0
61,00
75,90
5,4
93,9
102,3
Passivo circulante operacional
Ciclo financeiro (A – B)
Por exemplo, o prazo médio de duplicatas a receber (em 31/12/06) foi calculado
com dados como segue:
CF =
NLCG x N $161.183 x 365 dias
=
= 43,15dias
RB
$1.363.566
Os prazos médios assim calculados podem ser somados por grupo (ACO e PCO).
Os prazos médios de realização do ACO são positivos e os prazos médios de pagamento do
PCO são negativos. A diferença dos dois grupos é o ciclo financeiro. Quanto menor o
prazo médio do ACO, melhor; quanto menor o prazo médio do PCO, é pior para a
empresa. Por terem sido todos os itens divididos pelo mesmo valor da receita bruta, foram
transformados em número de dias equivalente.
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TESTES DE VERIFICAÇÃO
1. Um indicador calculado pela relação capital circulante dividido pelas vendas denota:
a) A rentabilidade da empresa imobilizada em seu capital circulante líquido.
b) A proporção de capital circulante líquido em que a empresa possui visando a atender seu
volume de vendas.
c) Quanto menor esse indicador, maior a capacidade de auto-sustentação da empresa.
d) Quanto maior esse indicador, mais rápido a empresa recebe suas contas a receber.
e) Um maior volume de recursos aplicados em estoques.
2. Considerando que o endividamento de longo prazo da empresa seja destinado a financiar
seu capital circulante líquido, um índice Exigível Total (curto prazo e longo prazo)
dividido pelo capital circulante líquido igual a 1 significa que:
a) A empresa mantém um capital circulante líquido inferior ao seu volume de suas dívidas
de longo prazo.
b) A empresa captou recursos de terceiros de longo prazo para financiar seus ativos
permanentes.
c) O seu patrimônio líquido está em princípio totalmente aplicado em ativos de longo prazo
e permanente.
d) O ativo circulante da empresa não é suficiente para quitar as dívidas totais.
e) A empresa mantém um capital circulante líquido igual ao seu volume de dívidas de
curto prazo.
3. Identifique a expressão de cálculo correta:
a) (AC – PC) = (PL + ELP) – (AP + RLP).
b) CCL = AC.
c) CCL = AC + Fornecedores.
d) CGP = AC – PC.
e) CCL = AT – PL.
AC: ativo circulante; PC: passivo circulante; PL: patrimônio líquido; ELP: exigível a longo
prazo; AP: ativo permanente; RLP: realizável a longo prazo; CCL: capital circulante
líquido; CGP: capital de giro próprio; AT: ativo total.
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4. O capital circulante líquido (CCL) pode ser obtido pela seguinte expressão:
a) AC – PL.
b) AC – ELP.
c) RLP – AP.
d) PL + ELP – AP – RLP.
e) RLP – ELP.
5. Classificando as sentenças a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F), a indicação
correta pela ordem é:
I – O capital circulante líquido é a parcela dos recursos de longo prazo (próprios e de
terceiros) destinada a financiar as necessidades de investimento em giro.
II – A abordagem do equilíbrio tradicional sugere que todas as necessidades permanentes
de capital de giro sejam financiadas por dívidas de longo prazo, e as necessidades sazonais
(variáveis) sejam cobertas por passivos de curto prazo.
III – A parte fixa do ativo circulante é formada pelos bens fixos, como máquinas,
equipamentos etc.
a) V; V: V.
b) F; V; V.
c) F; F; F.
d) V; F; F
e) V; V; F.
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Suponha que uma empresa tenha realizado as seguintes operações em determinado
exercício social: aquisição de $ 9.500 de estoques, sendo $ 4.500 pagos no próprio
exercício e $ 5.000 devidos quatro meses após o encerramento do exercício; amortização
de $ 2.800 de dívidas circulantes; ao final do exercício foi apurado um lucro líquido de $
1.400; foi levantado um empréstimo bancário de curto prazo no valor de $ 3.000 e um
financiamento de longo prazo de $ 6.000; foram adquiridos bens imobilizados no valor de
$ 9.000, sendo integralmente pagos no exercício; a depreciação do ativo imobilizado
atingiu $ 800 no exercício. Pede-se: a variação determinada por essas operações sobre o
capital circulante líquido da empresa.
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2. Estudos financeiros prospectivos da Cia. Giro demonstraram que suas necessidades
totais de investimento em capital de giro, para cada trimestre do próximo exercício, vão de
um mínimo de $ 20.000.000 até $ 38.000.000, ou seja:
Períodos
1º trimestre
2º trimestre
3º trimestre
4º trimestre
Necessidade de Fin./ Inv.
R$ 20.000.000,00
R$ 27.000.000,00
R$ 24.000.000,00
R$ 38.000.000,00
Pede-se:
a) Descrever graficamente o comportamento sazonal (variável) e permanente (fixo) do
capital de giro.
b) Descrever graficamente a composição de financiamento de capital de giro segundo as
abordagens do “Equilíbrio Financeiro Tradicional” e “Risco Mínimo”.
Considere ainda uma abordagem intermediária na qual os recursos passivos de longo prazo
financiam também 50% dos investimentos sazonais de capital de giro.
3. O patrimônio líquido de uma empresa é de $ 6.000.000,00, o que corresponde a 60% do
seu ativo permanente. A empresa possui direitos a receber no valor de $ 1.000.000 para
daqui a 24 meses e financiamentos a pagar para daqui a 19 meses no valor de $ 4.000.000.
Determine o volume de recursos a longo prazo (próprios de terceiros) da empresa que se
encontra aplicado em itens circulantes.
4. Uma empresa comercial, em fase de avaliação de sua necessidade de investimento em
giro, apura, ao final do exercício de 2007 o seguinte balanço patrimonial:
Os resultados projetados pela empresa para o primeiro trimestre de 2008 são apresentados
a seguir.
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A empresa trabalha com os seguintes prazos operacionais: PME de 45 dias, PMC de 18
dias e PMPF de 15 dias. As compras de mercadorias previstas para o trimestre atingem $
2.998.000.
Pede-se completar o balanço final do trimestre, conforme apurado a seguir:
E
5. Uma empresa projetou, para determinado período, as seguintes necessidades mínimas e
máximas de investimentos em capital de giro:
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Por outro lado, as suas oportunidades de captação de recursos a curto prazo também
definidas em valores mínimos e máximos, estão previstas da forma seguinte:
Para um custo de capital de curto prazo inferior ao de longo prazo, pede-se:
a) Determinar o volume de capital circulante líquido que deve ser mantido pela empresa
visando maximizar o seu nível de rentabilidade.
b) Admitindo-se que a empresa mantenha um ativo permanente de % 35.000.000 e um
patrimônio líquido de $ 26.000.000, que seu realizável a longo prazo é nulo e que o custo
do dinheiro a curto prazo (aplicável a todo passivo circulante) é de 12% a.a. e o de longo
prazo de 15,5%, qual o montante de recursos de terceiros de longo prazo necessários em
cada nível de risco considerado?
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas,
2009. 820p.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10ªed. São Paulo: Pearson
Addison Wesley, 2004. 745p.
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capítulo 4 - capital de giro e equilíbrio financeiro