FORMAÇÃO DE PREÇO COMO FORMA DE GERAR VANTAGEM COMPETITIVA Armando Noé Carvalho de Moura Júnior, M.Sc Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção /UFSC/ EPS Av. Vitor Lima 410 BL A4 APT. 304 - CEP: 88040-400 - Florianópolis - SC Carlos Henrique Orssatto, M.Sc Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção /UFSC/ EPS Rua Europa 82 Apt. 314 - CEP: 88036-135 - Florianópolis - SC - EMAIL: [email protected] Abstract: The question of price setting, throughout history, has generated controversies, not only due to its polemical contents, but because it depends on a privileged viewpoint. For the economy, the reflex of price setting blends with the coordination of the social system through the means of the market, or system of prices, reflecting at last the signs generated by the efficient movement of resources. In the view of business, the price should reflect the question of cost recovery and to generate some kind of surplus to guarantee its continuity. For the individuals, price marks the limit in their capacity to supply for their needs. This paper intends to discuss pricing not as a transactional element, but as an element within the process, resulting from a systematic planning activity. Keywords: value, price, competitivety 1 INTRODUÇÃO A concepção do preço está ligada estreitamente com a troca de recursos. Ao se desenvolver uma transação qualquer, um indivíduo (entidade, organização) desembolsa uma quantidade de moeda para adquirir um produto (ou serviço) que lhe é útil1, ofertado por uma outra parte, representada por um indivíduo, entidade ou empresa. Em outras palavras, quem está comprando desfaz-se de uma quantia monetária para satisfazer suas exigências/necessidades e, quem está vendendo, recebe uma compensação por oferecer um produto ou serviço, que dada suas características possui um valor de venda que procura recuperar seus custos de produção mais alguma quantidade que compense a própria manutenção da atividade produtiva. Conceitualmente, parece justo dizer que é com base no preço determinado para a transação que o negócio é consolidado e as partes se satisfazem. Dentro de uma economia de mercado, se pela ótica do comprador o pagamento do preço pode ser a diferença entre satisfazer ou não a sua necessidade, pela ótica do vendedor, sobre o preço incide, além da satisfação, a responsabilidade de gerar excedente monetário para garantir a sobrevivência e o crescimento. 1 A noção de utilidade, dentro da economia clássica, representa a satisfação das necessidades dos consumidores pelos atributos inerentes ao bens que são adquiridos. Esta relação representada por compradores e vendedores é sensível e sujeita a interferência, visto que, não ocorrem no vácuo, pelo contrário, está sujeita a uma quantidade considerável de fatores de interferência, tais como renda, preço de bens substitutos, as preferências dos consumidores, ou pelo lado da oferta, a tecnologia, fatores político-legais, fatores climáticos ou o custo dos insumos. Espera-se neste trabalho oferecer uma análise útil dos fatores representativos na formação do preço, levando em conta a noção da geração de valor ao comprador, expandindo a noção consolidada de que a formação do preço é resultado dos custos acrescido de um lucro pré-definido. Ao longo do texto serão abordadas algumas visões de autores que tratam do tema, como forma de dar subsídio para uma discussão final, onde pretende-se consolidar a necessidade do estabelecimento do preço como meio de gerar vantagem competitiva a longo prazo. 2. ANÁLISE DAS DIVERSAS ABORDAGENS SOBRE FORMAÇÃO DE PREÇOS A seguir serão abordadas diversas opiniões de autores, com relação a que fatores devem ser considerados e qual a importância da determinação do preço de venda para as empresas, tendo em vista o mercado competitivo atual. 2.1 Visão de Marn & Rosiello Segundo estes autores, atingir o preço correto é uma das mais fundamentais e importantes funções da administração (Marn & Rosiello, 1992). A determinação do preço será um fenômeno diverso, intrincado e relacionado com os vários aspectos de uma empresa. Como principais aspectos estes autores apontam: • oferta e demanda da indústria Verificar os efeitos que mudanças na oferta e demanda provocam sobre os negócios • estratégia de mercado do produto Verificar como os clientes percebem os benefícios dos produtos e serviços associados entre os fornecedores disponíveis • transações Neste tópico a questão crítica é qual o preço exato a ser cobrado em cada transação, ou seja, como usar a estrutura disponível de descontos, abatimentos, incentivos e bônus a fim de maximizar o desempenho dos preços dos produtos. Os autores introduzem o conceito de “faixa do preço ao cliente” (pocket price band) que consiste na associação entre os preços praticados e a percentagem do volume de vendas a estes preços relacionada. O entendimento da “faixa do preço ao cliente” é crítico para compreender os efeitos do preço sobre os resultados financeiros da empresa, visando gerenciar seus preços, obtendo uma noção de quais níveis devem ser praticados a fim de alcançar uma melhor lucratividade. Para estes autores, as empresas que não gerenciam ativamente toda estrutura correlata aos preços, perdem todo tipo de oportunidade para melhorarem seus lucros. Portanto, o entendimento das variações do preço ao consumidor é um fator crítico para compreender as oportunidades relativas ao preço. 2.2 Visão de Shapiro Segundo Shapiro (1986), existe uma relação entre preço e qualidade percebida, a qual se estrutura na premissa de que as pessoas tendem a associar níveis de preços em relação direta com a qualidade do produto. Para o autor, o consumidor, em muitos casos, percebe preço de uma maneira não econômica, e sim como indicador de qualidade. Shapiro (1986) conclui que o conceito de preço associado como indicador de qualidade deve ser aplicado com habilidade e cuidado, necessitando de um estudo profundo sobre os tipos de consumidores e produtos, que podem ser enquadrados nesta abordagem. 2.3 Visão de Morris & Morris. Morris & Morris (1994) partem do princípio produto deve ter em consideração que a no mercado, e que a função do preço é chaves para tal intento são as necessidades de que a determinação do preço de um principal tarefa do negócio é criar valor refletir o valor do produto. As questões e desejos dos clientes. Para os autores, os preços devem refletir continuamente as mudanças das condições do mercado; e a característica fundamental das empresas bem sucedidas será a capacidade de abordar a administração de preços como uma atividade criativa. Morris & Morris (1994) consideram a ênfase nos custos, uma estratégia de formação de preço arriscada, admitindo que as empresas devem administrar as muitas dimensões do preço de um produto a fim de melhorar sua condição e cobrar um preço condizente com o valor que os clientes atribuem ao produto. Segundo Morris & Morris (1994), cinco componentes-chave devem ser considerados para a determinação do preço: objetivos e estratégia globais, custos, demanda, concorrência e questões legais. Morris & Morris (1994) também discutem a psicologia subjacente a determinação dos preços, colocando que os clientes não reagem aos preços de forma perfeitamente lógica e racional, ou seja, eles não procuram simplesmente o menor preço, dado que preços mais elevados podem sugerir maior qualidade. Assim, os clientes comportam-se de modo a conciliar metas de custo com metas de qualidade, resultando disso um conjunto de considerações psicológicas correlatas ao problema. Para Morris & Morris (1994) a formação de preço receberá cada vez mais importância como arma competitiva, por isso existe a necessidade de novas abordagens para a determinação dos preços, onde a estratégia a ser utilizada, para sua formação, está relacionada com as condições do mercado. 2.4 Visão de Ross Ross (1994) afirma que as estratégias e táticas de preço têm-se tornado mais importantes, para a maioria das companhias industriais, do que as estratégias de baixo custo. Os preços tornaram-se os mais eficientes instrumentos de promoção de venda. O crescimento da importância do preço deve-se aos seguintes fatores: • aumento da intensidade competitiva Em um mercado de grande competição, os preços de uma empresa estão muito mais sujeitos aos preços da concorrência em comparação com o caso de mercado menos competitivos; • tecnologia da computação permite administrar grandes volumes de mercadorias e preços a custos reduzidos; • comunicações permite acessar um grande número de clientes de forma eficiente e relativamente barata. O segredo para a formação do preço é entender como o preço repercute na indústria e particularmente como os consumidores percebem os preços. Em geral, o consumidor irá medir o preço de compra a partir do valor de desempenho que é esperado para o produto ou serviço. Ross (1994) afirma que existe uma faixa de preços possíveis em toda a indústria. Isto se deve ao fato de existirem variações, tanto nos fatores de demanda como nos de oferta. Como exemplo de fatores de demanda, temos: inércia do cliente, poder de barganha do cliente e visibilidade de preço. Como exemplo de fatores de oferta, temos: diferenças entre competidores, serviços associados, condições de preço e eficiência ou eficácia de vendas. Ross (1994) sugere os seguintes procedimentos para um sistema de formação de preço eficaz: 1. reunir uma grande quantidade de informações sobre as características do mercado e do consumidor 2. coleta e análise dos dados de preços, para cada produto, deve começar no desenvolvimento e continuar por toda a vida do produto 3. organização e atualização dos dados 4. sistemas flexíveis de coletas e uso dos dados 5. equipe apta para coletar, analisar e usar as informações de preços eficazmente 6. controle e feedback dos resultados. Obtido um entendimento da dinâmica do nível de preço, sua estrutura, conhecimento dos clientes, e consistência na sua execução; qualquer companhia pode obter sucesso, usando o preço como ferramenta para construir uma vantagem competitiva e obter lucro sustentável. 2.5 Considerações gerais Baseado nas diversas opiniões citadas acima, podemos concluir que devido a importância estratégica da formação de preços, o mesmo não pode ser mais considerado isoladamente, ou determinado de forma a cobrir os custos e garantir um lucro estipulado. O preço tem que ser considerado juntamente com o mercado a que pertence o produto, seus clientes e a estratégia competitiva escolhida pela empresa. Fundamentalmente, o preço deve basear-se no valor que o consumidor percebe do produto, pois sua função é refletir este valor. Deste modo, torna-se fundamental entendermos de que forma as empresas conseguem gerar, constantemente, valor aos clientes, tornando seus produtos competitivos. Por isso, no próximo item, analisaremos de que forma as forças competitivas na indústria, influenciam os preço e na maneira como os clientes percebem o valor do produto. 3 O EQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E A DEMANDA E A GERAÇÃO DE VALOR AOS CLIENTES a) ESTRUTURA DA INDÚSTRIA E O EQUILÍBRIO ENTRE A OFERTA E A PROCURA Uma visão comumente defendida sobre a rentabilidade industrial é que os lucros constituem uma função do equilíbrio entre a oferta e a procura. Se a procura for maior que a oferta, isto resulta em alta rentabilidade. Contudo, este equilíbrio a longo prazo sofre uma forte influência da estrutura industrial, da mesma forma que as conseqüências de um desequilíbrio entre a oferta a procura para a rentabilidade. Portanto, muito embora as flutuações a curto prazo na oferta e na procura possam afetar a rentabilidade a curto prazo, a estrutura industrial é a base da rentabilidade à longo prazo. Dentro do campo das análises de competitividade industrial, os trabalhos de Porter2 foram por quase duas décadas tomados como ponto de referência. Estes trabalhos ofereciam, em essência, como base para discussão sobre a capacidade da organização competir em um dado mercado, a manipulação dos recursos técnicos e econômicos dentro de um cenário composto basicamente por cinco forças ambientais (Figura 1) regidas, essencialmente, pelo poder e pela capacidade de barganha. ENTRANTES POTENCIAIS AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES PODER DE BARGANHA DE FORNECEDORES CONCORRENTES NA INDÚSTRIA FORNECEDORES PODER DE BARGANHA DE FORNECEDORES COMPRADORES AMEAÇA DE SUBSTITUIÇÃO SUBSTITUTOS Figura 1 - Forças Competitivas na indústria Fonte: Porter (1992). 2 As primeiras idéias lançadas por Porter com relação aos modelos de análise de competição foram desenvolvidas no artigo “ How Competitive Foreces Shape Strategy”, de Michael E. Porter, publicado pela Harvard Business Review no volume de março/abril de 1979. Para Porter (1992) as cinco forças determinam a rentabilidade da indústria porque influenciam os preços, os custos e o investimento necessário das empresas na indústria, isto é, os elementos do retorno sobre o investimento. O poder do comprador influencia os preços que as empresas podem cobrar, por exemplo, da mesma forma que a ameaça de substituição. O poder dos compradores também pode influenciar os custos e o investimento, porque compradores poderosos exigem serviços dispendiosos. O poder de negociação dos fornecedores determina os custos das matérias-primas e de outros insumos. A intensidade da rivalidade influencia os preços assim como os custos da concorrência em áreas como fábrica, desenvolvimento de produto, publicidade e força de vendas. A ameaça de entrada coloca um limite nos preços e modula o investimento exigido para deter entrantes. Se é verdade que a oferta e a procura modificam-se constantemente, ajustando-se uma a outra, então, segundo Porter (1992) é a estrutura da indústria que irá determinar com que rapidez os concorrentes acrescentarão uma nova oferta. Muito embora exista espaço para a discussão da relação oferta/demanda neste tipo de concepção teórica, novamente, restringese a sua importância analítica, visto que segundo Porter (1992), a satisfação das necessidades do comprador é um pré-requisito para a rentabilidade da indústria, mas não é, por si só, suficiente para explicar o comportamento do mercado. Assim, mesmo que para um dado momento a empresa equalize corretamente o binômio preço/mercado, gerando rentabilidade em curto prazo, é a conjugação das forças de mercado que irão indicar a base da rentabilidade à longo prazo, possivelmente afastada da relação anterior entre oferta/demanda. Deste modo, a discussão passa a girar em torno da capacidade das empresas em gerarem valor3 aos compradores constantemente, para tornarem-se competitivos na indústria. É o valor percebido dos atributos relativos aos produtos, ou serviços, que influenciam o comportamento do consumidor, e portanto, geram o sucesso competitivo. Conforme salienta Day (1990), “ o fato das perspectivas de lucratividade das empresas que atendem a um mercado serem baixas ou atraentes depende de como o valor econômico, criado para os clientes, é dividido entre os participantes no mercado. A identidade desses participantes depende de onde eles estão no sistema de negócios: a cadeia de atividades que obtém e transforma insumos e depois vende, distribui e dá assistência ao cliente final”. b) A CRIAÇÃO DE VALOR COMO FONTE PARA A LUCRATIVIDADE Uma empresa que intenciona gerar diferenciação em torno dos seus produtos ou serviços deve estar atenta aos diversos fatores, tais como a aquisição de matéria-prima de alta qualidade, um sistema ágil de atendimento aos clientes ou um projeto de produto superior. Nesta cadeia de eventos, cada atividade acrescenta, ou pelo menos deveria acrescentar, valor ao produto ou serviço. A natureza e a importância das atividades específicas dentro de cada cadeia será diferente entre indústrias, ou mesmo, para cada produto, ou serviço de uma mesma indústria. Porter (1992) propõe uma forma sistemática para o exame das atividades executadas por uma empresa quando se procura identificar como elas interagem, identificando assim as fontes de vantagem competitiva. 3 Conceitualmente, valor é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes oferece em termos de produtos e serviços. Porter (1992) desenvolve a noção da cadeia de valores (Figura 2), desagregando as atividades da empresa que têm relevância estratégica, para que se possa compreender o comportamento dos custos, bem como as atividades existentes e os potenciais para a diferenciação. Uma empresa obtém vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente importantes, de forma mais barata ou melhor do que a concorrência. Conforme exposto na figura 2, a obtenção e sustentação de uma vantagem competitiva depende da compreensão não só da cadeia de valor de uma empresa, mas também do modo como a empresa se adapta as demais cadeias de valor presentes nos vínculos que possui com fornecedores ou clientes, por exemplo. O nível relevante para a construção de uma cadeia de valores são as atividades de uma empresa em uma indústria particular (a unidade empresarial). Uma cadeia de valores a nível do setor ou da indústria é demasiadamente ampla, porque pode encobrir importantes fontes de vantagem competitiva. Embora empresas da mesma indústria possam ter cadeias similares, as cadeias de valores dos concorrentes freqüentemente diferem: são nestas diferenças que se encontram as fontes de vantagens competitivas. Os atributos de valor vão além das características físicas, abrangendo as atividades e sistemas auxiliares. É de se esperar que cada mercado possua atributos específicos, que são empregados pelos clientes na hora de julgar as ofertas competitivas. Fornecedores Empresa Canal de Distribuição Comprador Assistência Técnica Figura 2 - A cadeia de valor Fonte: Adaptado de Day (1990) e Porter (1992) 4 A BUSCA DA COMPETITIVIDADE: COMO AS DECISÕES SOBRE PREÇO PODEM SER FONTE DE VANTAGEM COMPETITIVA A razão para se tratar a questão da construção do preço de venda pela ótica geração de valor dentro da dinâmica da competição industrial é simples. As empresas não são ilhas. Cada vez mais se percebe, ou pelo menos deveria se perceber, que grande parte do sucesso empresarial vêm de fora das fronteiras das empresas4. O desafio portanto reside em como gerenciar positivamente seus mecanismos produtivos, mas também, as relações entre a empresa e seus fornecedores e clientes por exemplo. A essência da competitividade reside na criação, compreensão e desenvolvimento de valor dentro do sistema em que a empresa esta inserida, atingindo o cliente final com maior nível de satisfação, isto é, com uma adequada relação custo-benefício, o que nem sempre garante índices elevados de lucratividade. 4 Conforme descrevem Hamel e Prahalad (1995), uma visão truncada da dinâmica da arena competitiva obscurece questões estratégicas importantes no que diz respeito a noções como consistência, continuidade, conservação de recursos e acúmulo de competência A definição das atividades de valor relevante, segundo Porter (1992), exige que atividades com economias e tecnologias distintas sejam isoladas. Então da cadeia genérica, buscam-se atividades de valor individuais. Após o mapeamento da cadeia de valor a empresa pode atingir um patamar sustentável de vantagem competitiva através do melhor controle dos geradores de custo de toda a cadeia e/ou realinhamento destes processos em relação aos objetivos cliente. Assim, desta análise, por exemplo, pode-se: eliminar ou simplificar processos que não agregam valor; investir em processos novos que aumentem a satisfação dos clientes. Assim, a empresa ao ofertar um produto qualquer, está sujeita a tradução, interpretação, ou percepção pelo lado da demanda. O consumidor não somente constrói uma interpretação do produto, como também, da empresa. Portanto, é desenhada uma configuração entre os diversos atributos que percebe. Segundo Levy (1992) a percepção, ou o conjunto percebido de cada marca, não é integrada, portanto, pelos atributos com que foi constituído o produto específico da empresa, é o consumidor que compara entre as possibilidades de escolha dentro do que seria a sua estrutura ideal de atributos. Essa estrutura ideal é uma representação de atributos que, para o cliente, traduzem a configuração ótima para a satisfação dos seus desejos. No contexto da construção do preço, pode-se agora inferir que existe uma ligação muito forte ente preço/valor/competitividade, e, mais do que uma obra do acaso, um preço competitivo é fruto de uma atividade sistemática da análise e planejamento. Então após este processo de construção do preço de mercado, baseado na configuração desenhada pelo cliente, na capacidade produtiva da empresa, bem como, nas ligações com os outros elos da cadeia produtiva, pode-se também inferir, que se estabelecerá um preço que servirá como alavancagem dos negócios da empresa, consolidando toda uma estratégia na interface cliente consumidor, ou em outras palavras entre oferta/demanda. 5 CONCLUSÃO Existem diversas variáveis que interagem na determinação e na análise do preço de venda de um produto, tornando essa tarefa complexa, por isso é necessário, por parte da empresa, a definição de uma eficiente política de fixação de preços, que tenha como principal objetivo determinar o preço que melhor utilize o potencial e os recursos da empresa. A concepção do preço pela ótica do equilíbrio entre a oferta e a demanda, amplamente debatido dentro da teoria microeconomica, pode gerar pistas para a determinação, por exemplo, de quem irá consumir um bem (produto ou serviço), seja ele escasso ou não. Pode também explicar, ou pelo menos dar pistas, das barreiras impostas pelos preços praticados no mercado aos novos competidores, como também, aos competidores já estabelecidos. Isto é, por um lado, delimita-se o campo de atuação dos competidores, e por outro, a capacidade de consumo. Porém, por si só, esta concepção não dá pistas suficientes para que se incremente os negócios das empresas, que é necessário para manutenção da capacidade competitiva e da sobrevivência da empresa. Por outro lado, a idéia da formação de preço focada na questão da recuperação dos custos acrescida de uma margem que proporcione rentabilidade, ou a reprodução do capital empregado em níveis preestabelecidos, é necessária mas insuficiente para explicar o que as empresas devem fazer para manterem ou melhorarem sua posição no mercado. A geração de uma sustentabilidade aos negócios, em termos de vantagens competitivas, pode ser conquistada pelo estabelecimento, ou construção, de uma política de preços suportada pelas estratégias das empresas, fruto de um planejamento orientado ao mercado, baseado na geração do valor e na expectativa de valor. Os clientes dentro desta visão, ao adquirirem os produtos da empresa, percebem a sua relação como sendo bilateral, na qual ambas as partes procuram atributos. Investimentos estão sendo feitos por ambos os lados, e cada parte deve perceber que o ato de dar e receber é eqüitativo. As relações tendem a ser mais pessoais com o passar do tempo. Se não for criado logo um clima de confiança, com os benefícios e as responsabilidades mutuamente compartilhados, a tarefa do vendedor torna-se mais difícil em cada negociação envolvendo aquele cliente em particular. Qualquer dos lados pode afastar-se caso suas necessidades não tiverem sendo minimamente satisfeitas por aqueles que estão do outro lado. 6 BIBLIOGRAFIA BORNIA, J. C. O uso do jogo de empresas GI-EPS no treinamento de decisões relativas a preços. Florianópolis: universidade Federal de Santa Catarina, 1996. Dissertação de Mestrado em Engenharia de produção. DAY, G. Estratégia voltada para o mercado: processos para a criação de valor dirigidos aos clientes. Rio de Janeiro: Record, 1990. HAMEL, Gray, PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro. estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995. LEVY, A. Competitividade organizacional. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1992. MARN, Michael V., ROSIELLO,R. 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