MÉTODO DELPHI DE COLETA E
ANÁLISE DE DADOS
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PESQUISA DOCUMENTAL
Maria das Graças Rua
O Método Delphi é um processo estruturado para
coletar e refinar o conhecimento de um grupo de peritos
por meio de uma série de questionários autoaplicados
com gabarito controlado. (Adler e Ziglio, 1996).
Helmer (1977) Delphi é um procedimento de
comunicação entre um grupo de peritos, de modo a
facilitar a formação de um julgamento do grupo. Seu
objetivo é definir e consolidar as tendências em um
dado tipo de evento, a partir da discussão assíncrona
dos especialistas
Wissema (1982)  o método foi desenvolvido a fim de
possibilitar a discussão entre peritos ,sem envolver qualquer
comportamento social interativo social como acontece
durante uma discussão normal do grupo, que pode dificultar
a formação da opinião.
Origem do Método Delphi estudos iniciais começaram em
1944, por interesse de construção de cenários de
desenvolvimento tecnológico para as forças militares
americanas. No início da década de 1950 foi patrocinado um
estudo da Rand Corporation, que se tornou a referência
central do método.
Características da discussão em um Painel Delphi
expertise, independência e anonimidade.
Antes de decidir se o Método Delphi deve ser usado é
indispensável esclarecer completamente o contexto no qual
o método deve ser aplicado (Delbecq et al. 1975).
Há perguntas essenciais a serem feitas antes de uma
decisão sobre a aplicação do Método Delphi (Adler e Ziglio,
1996):
•Que tipo do processo de comunicação de grupo é
desejável a fim explorar o problema?
•Quem são os peritos no problema e onde eles podem ser
encontrados?
•Quais são as técnicas alternativas disponíveis e que
resultados pode-se razoavelmente esperar de sua
aplicação?
Quando empregar o Método Delphi:
• O problema não se presta à aplicação de ténicas analíticas
quantitativas, mas pode se beneficiar de julgamentos subjetivos numa
base coletiva.
• Os informantes necessários para examinar um problema complexo
não têm uma comunicação adequada e podem ser muito diferenciados
quanto às suas experiências ou especialização.
• São necessários mais informantes do que se poderia conduzir com
efetividade numa interação de comunicação face-a-face.
• Tempo e custo inviabilizam reuniões frequentes do grupo de
informantes.
• A eficiência das reuniões face-a-face de um grupo pode ser
aumentada por processos de comunicação suplementares.
• Os conflitos entre os indivíduos são tão graves ou tão inaceitáveis que
o processo de comunicação deve ser arbitrado e o anonimato deve ser
garantido.
• A heterogeneidade dos participantes deve ser preservada para garantir
a validade dos resultados evitar dominação por quantidade ou por
força de personalidade ("efeito bandwagon")
"Exercício Delphi" ou Delphi convencional.
Uma pequena equipe de monitores elabora o
primeiro questionário, que é enviado para um grupo
maior de respondentes.
Após retorno desse questionário, a equipe de
monitores sumariza os resultados e, com base neles
desenvolve o segundo questionário, que é enviado
para para o gruporespondente. O grupo
entrevistado geralmente tem pelo menos uma
oportunidade de reavaliar suas respostas originais
com base no exame da resposta do grupo.
Esta forma de Delphi é a combinação de um
procedimento de pesquisa e de conferência, que
tenta deslocar uma porção significativa do esforço
de comunicação entre os indivíduos para
comunicar-se do grupo maior para a equipe de
pesquisa).
"Conferência Delphi" ou “Delphi de ganho-real”
A equipe de monitores é substituída por um
computador programado para realizar a compilação
dos resultados do grupo. Isso tem a vantagem de
eliminar a demora causada para resumir cada
rodada do Delphi, e transforma o processo em um
sistema de comunicações em tempo real.
No entanto, ele exige que as características da
comunicação sejam bem definidas antes do Delphi
ser realizado (especialmente tempestividade,
anonimato e a confidencialidade)
Ambos os modelos passam por quatro distintas fases.
1-Exploração do assunto em discussão, na qual cada um
contribui com informações adicionais consideradas
pertinentes para o problema em estudo.
2-Análise das tendênciasBusca do entendimento de como
o grupo vê a questão onde os membros concordam ou
discordam e o que eles entendem quanto a termos relativos
(como conveniência, importância ou de viabilidade).
3-Análise das divergências Se existem discordâncias
significativas, elas serao exploradas de modo a esclarecer as
razoes subjacentes a tais divergências e, possivelmente,
avaliá-las.
4-Avaliação final, que ocorre quando toda a informação
anteriormente recolhida foi inicialmente analisada e as
avaliações foram repassados ​para a consideração dos
informantes e já é possível ter suas reações.
Fowles (1978) descreve dez passos operacionais do Método
Delphi:
1-Formação de uma equipe para conduzir um Delphi sobre um
problema.
2-Seleção dos que informantes que vão participar do exercício
Geralmente são peritos na área a ser investigada.
3-Desenvolvimento do questionário para a primeira rodada de
Delphi.
4-Teste do questionário para assegurar a linguagem apropriada
(por exemplo, ambigüidades, falta de clareza).
5-Transmissão dos primeiros questionários aos informantes.
6-Análise das respostas da primeira rodada.
7-Preparação dos questionários da segunda rodada (e teste, se
possível) .
8-Transmissão dos questionários da segunda rodada aos
informantes.
9-Análise das respostas da segunda rodada (etapas 7 a 9 podem
ser repetidas por tantas vezes quantas forem necessárias
conseguir a estabilidade nos resultados.)
10-Preparação do relatório, pela equipe de análise, com suas
conclusões.
Fatores que podem levar uma pesquisa Delphi ao
fracasso:
a)A imposição de pontos de vista e preconceitos da
equipe que monitora sobre o grupo respondente
mediante uma super-especificação do Delphi, que pode
impedir a manifestação de outras perspectivas
relacionadas com o problema.
b)Considerar o Delphi um substituto para todos os
outros tipos de comunicação humana em uma dada
situação.
c)Uso de técnicas pobres na sumarização e
apresentação das respostas do grupo e utilização de
interpretações comuns das escalas de avaliação
utilizadas.
Fatores que podem levar uma pesquisa Delphi ao
fracasso:
d)Ignorar e não explorar as divergências, de modo que
os dissidentes são desencorajados e abandonam a
discussão e
se preduz um consenso artificial.
e)Subestimar a natureza exigente do Delphi e esquecer
que os informantes devem ser reconhecidos como
consultores e (se o Delphi não for uma parte integrante
das suas atribuiçoes no trabalho) devem ser
adequadamente compensados pelo seu tempo e
contribuição
PRINCIPAIS PROBLEMAS, ERROS E LIMITAÇOES DO MÉTODO
DELPHI
A Pressão da Previsão Exata:A maioria das pessoas prefere uma
previsão precisa ao invés de descrições de cenários alternativos. A
mesma tendência é vista na interpretação e utilização de estudos de
Delphi: Resultados com elevado grau de convergência são mais
aceitos, enquanto que aqueles que envolvem grandes diferenças após a
iteração final são considerados inúteis. A supressão da incerteza pode
mascarar o real significado dos resultados Delphi.
A Pressão pela Simplificação: Do mesmo modo que se prefere a
certeza à incerteza, a simplicidade é preferível à complexidade. Mas o
mundo é complexo, mesmo que a maioria de nós não consiga lidar
mentalmente com a multiplicidade de interações. Queremos crer que a
complexidade dos sistemas sociais pode ser reduzida para fins de
análise, sem sacrificar o realismo. Mas não é verdade: tudo interage
com tudo e as ferramentas do modelo clássico das ciências são
geralmente inadequadas.
PRINCIPAIS PROBLEMAS, ERROS E LIMITAÇOES DO MÉTODO
DELPHI
A Ilusão da Expertise: No uso do Delphi para a previsão, a
confiança é quase sempre baseada nos painéis de peritos ou
especialistas. Mas o especialista não é necessariamente
quem faz a melhor previsão. Ele se concentra em detalhes de
um subsistema e freqüentemente não leva em conta o
sistema maior: um grupo de especialistas, cada qual com
conhecimento profundo sobre um aspecto de um complexo
sistema, não necessariamente compreende o sistema
total.Em suma, um consenso de especialistas não garante o
bom senso, nem estimativas mais corretas.
PRINCIPAIS PROBLEMAS, ERROS E LIMITAÇOES DO MÉTODO
DELPHI
A Execução Descuidada: compreende vários problemas:
a)Má seleção dos participantes pode produzir um grupo que se torna
um veículo para a endogamia.
b)Interação pobre entre participante e analista pode dar ao
participante a impressão de que ele está em uma enquete ou não que
ele não terá nenhum ganho com o processo, ou que ele é "usado" para
ensinar o analista. Compete ao analista proporcionar uma atmosfera
de comunicação frutífera entre pares, na qual o tempo não é
desperdiçado em aspectos óbvios, e onde as sutilezas nas respostas
são apreciadas e compreendidas.
c) Formulação inadequada dos enunciadosEspecificação excessiva
ou imprecisão nos enunciados reduz a informação produzida para e
pelos participantes..
PRINCIPAIS PROBLEMAS, ERROS E LIMITAÇOES DO MÉTODO
DELPHI
A Execução Descuidada: compreende vários problemas:
d)Problema mais grave falta básica de imaginação do analista. Um
bom analista deve ser capaz de conceituar estruturas diferentes para
examinar o problema. Deve ser capaz de perceber como os indivíduos
diferentes podem ver o mesmo problema de forma diferente e que ele
deve desenvolver proposiçoes correspondentes que permitem que
estes indivíduos a oportunidade de fazer suas contribuições. Um bom
analista não produz um questionário aparentemente interminável
sobrecarregados com trivialidades, superficialmente independentes, ou
declarações repetitivas.
e)Análise superficial das respostas é uma fraqueza mais comum.
F)Execução descuidada por parte dos entrevistadosassume a forma
de impaciência para "Fazer o trabalho logo." As respostas são dadas às
pressas sem a consideração adequada.
PRINCIPAIS PROBLEMAS, ERROS E LIMITAÇOES DO MÉTODO
DELPHI
O Bias do Otimismo – PessimismoUma ocorrência comum é um
viés em direção ao pessimismo em previsões de longo prazo e
excesso de otimismo no curto prazo. Estas tendências são complicadas
por características individuais: alguns participantes são inerentemente
otimistas, outros pessimistas. A percepção para este tipo de viés pode
minimizar a sua intromissão no processo Delphi através de ajustes
seletivos.
Uso exagerado e impróprio do Método
EnganoOs participantes não ignoram uma falsa informação, mas
posteriormente distorcem suas respostas, para refletir a aceitação desta
nova informação. Há uma lição vital: o processo Delphi não está imune
à manipulação ou uso de propaganda. Nesse caso, o anonimato pode
facilitar os eventos enganosos do processo: como podem os
participantes de um Delphi detectar a distorção do feedback que eles
recebem?
A principal contribuição para a melhoria da qualidade dos
resultados de um estudo Delphi é a análise que a equipe de
concepção e coordenação pode realizar com os resultados
de cada rodada. Esta análise tem objetivos bem específicos:
•Melhorar a compreensão dos participantes através da
análise de julgamentos subjetivos, para produzir uma
apresentação clara da extensa gama de pontos de vista e
considerações.
•Detectar divergências ocultas e preconceitos que devem ser
expostos visando maiores esclarecimentos.
•Detectar falta de informações ou casos de ambiguidade de
interpretação por diferentes informantes.
•Permitir o exame de situações muito complexas que só
podem ser resumidas após os procedimentos de análise.
•Detectar padrões de informação e posições de sub-grupos
•Detectar pontos críticos que precisam ser focalizados.
PESQUISA DOCUMENTAL
O uso de documentos em pesquisa deve ser apreciado e
valorizado pela riqueza de informações que deles podemos
extrair e resgatar Exemplo: na reconstrução de uma história
vivida,
“[...] o documento escrito constitui uma fonte extremamente
preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é,
evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição
referente a um passado relativamente distante, pois não é
raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da
atividade humana em determinadas épocas. Além disso,
muito freqüentemente, ele permanece como o único
testemunho de atividades particulares ocorridas num
passado recente.” (CELLARD, 2008: 295).
Documento permite acrescentar a dimensão do tempo à
compreensão do social.
A análise documental favorece a observação do processo de
maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos,
conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas,
entre outros. (CELLARD, 2008).
May (2004: 206) chama esse procedimento de Pesquisa
Documental e reconhece a dificuldade de lidar com o tema:
Não é uma categoria distinta e bem reconhecida, como a
pesquisa survey e a observação participante. Dificilmente
pode ser considerada como constituindo um método, uma
vez que alguém dizer que se utilizará documentos é não
dizer nada sobre como eles serão utilizados.
Análise Documental
“A análise documental busca identificar informações factuais
nos documentos a partir de questões e hipóteses de
interesse” (CAULLEY apud LÜDKE e ANDRE, 1986:38);
“Uma pessoa que deseja empreender uma pesquisa
documental deve, com o objetivo de constituir um corpus
satisfatório, esgotar todas as pistas capazes de lhe fornecer
informações interessantes”(CELLARD, 2008: 298);
“A técnica documental vale-se de documentos originais, que
ainda não receberam tratamento analítico por nenhum autor.
[...] é uma das técnicas decisivas para a pesquisa em
ciências sociais e humanas” (HELDER, 2006:1-2).
E Kelly apud Gauthier (1984: 296):
Trata-se de um método de coleta de dados que elimina, ao menos
em parte,a eventualidade de qualquer influência – presença ou
intervenção do pesquisador – do conjunto das interações,
acontecimentos ou comportamentos pesquisados, anulando a
possibilidade de reação do sujeito à operação de medida.
Pimentel (2001: 179) mescla esses termos quando aborda o tema
do trabalho acadêmico com documentos. No artigo O método de
análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica, a
autora nos apresenta as possibilidades para o uso desse
procedimento metodológico:
Processo de Investigação documental[...] São descritos os
instrumentos e meios de realização da análise de conteúdo,
apontando o percurso em que as decisões foram sendo tomadas
quanto às técnicas de manuseio de documentos: desde a
organização e classificação do material até a elaboração das
Alguns autores afirmam que pesquisa documental e pesquisa
bibliográfica são sinônimas.
Appolinário (2009), no Dicionário de Metodologia Científica
descreve o seguinte: pesquisa documental: [bibliographical
research; documental research]; pesquisa bibliográfica:
[bibliographical research; documental research]. Pesquisa que se
restringe à análise de documentos.
Appolinario informa que:
primeira estratégia de coleta de dados refere-se ao local onde os
dados são coletados (estratégia-local) e, neste item, há duas
possibilidades: campo ou laboratório. [...]
A segunda estratégia refere-se à fonte dos dados:
documental ou campo. Sempre que uma pesquisa se utiliza
apenas de fontes documentais (livros, revistas, documentos legais,
arquivos em mídia eletrônica, diz-se que a pesquisa possui
estratégia documental
Quando a pesquisa não se restringe à utilização de
documentos, mas também se utiliza de sujeitos (humanos ou
não), diz-se que a pesquisa possui estratégia de campo
(APPOLINÁRIO, 2009: 85).
Tanto a pesquisa documental como a pesquisa bibliográfica
têm o documento como objeto de investigação. No entanto, o
conceito de documento ultrapassa a ideia de textos escritos
e/ou impressos.
A pesquisa bibliográfica remete para as contribuições de
diferentes autores sobre o tema, atentando para as fontes
secundárias, enquanto a pesquisa documental recorre a
materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou
seja, as fontes primárias.
Documento:
O que é um documento?
Para Cellard (2008: 296) “definir o documento representa em
si um desafio”.
Recuperar a palavra “documento” é uma maneira de
analisar o conceito e então pensarmos numa definição:
“documento:
1. declaração escrita, oficialmente reconhecida, que serve
de prova de um acontecimento, fato ou estado;
2. qualquer objeto que comprove, elucide, prove ou
registre um fato, acontecimento;
3. arquivo de dados gerado por processadores de texto”
(HOUAISS, 2008:260).
Preparando um documento para análise:
•Inicialmente deve-se localizar os textos pertinentes e avaliar
a sua credibilidade, assim como a sua representatividade.
O autor do documento conseguiu reportar fielmente os
fatos? Ou ele exprime mais as percepções de uma fração
particular da população?
O investigador deve compreender adequadamente o sentido
da mensagem e contentar-se com o que tiver na mão:
eventuais fragmentos, passagens difíceis de interpretar e
repletas de termos e conceitos que lhes são estranhos e
foram redigidos por um desconhecido.
É fundamental usar de cautela e avaliar adequadamente, com
um olhar crítico, a documentação que se pretende fazer
análise.
A avaliação preliminar dos documentos primeira etapa de toda a
análise documental que se aplica em cinco dimensões:
1-O contextoAvaliação do contexto histórico no qual foi
produzido o documento, o universo sócio-político do autor e
daqueles a quem foi destinado, seja qual tenha sido a época em
que o texto foi escrito.
O autor (ou os autores)Elucidar a identidade do autor
possibilita, avaliar melhor a credibilidade do texto, a
interpretação que é dada de alguns fatos, a tomada de
posição que transparece de uma descrição, as deformações
que puderam sobrevir na reconstituição de um
acontecimento.
Uma questão é fundamental“esse indivíduo fala em nome
próprio, ou em nome de um grupo social? Qual?”.
Cellard (2008) acreditar ser “bem difícil compreender os interesses
(confessos, ou não!) de um texto, quando se ignora tudo sobre
aquele ou aqueles que se manifestam, suas razões e as daqueles a
quem eles se dirigem” (p. 300).
2-A autenticidade e a confiabilidade do texto
Cellard (2008: 301)  “é importante assegurar-se da
qualidade da informação transmitida”.
•Verificar a procedência do documento. Em alguns casos, é
também necessário considerar o fato de que alguns
documentos nos chegam por intermédio de copistas que
tinham, às vezes, de decifrar escritas quase ilegíveis.
•É importante estar atento à relação existente entre o autor e
o que ele escreve. Ele foi testemunha direta ou indireta do
que relatou?
•Quanto tempo decorreu entre o acontecimento e a sua
descrição?
•Ele reportou as falas de alguma outra pessoa? Ele poderia
estar enganado?
•Ele estava em posição de fazer esta ou aquela observação,
de estabelecer tal julgamento?
3-A natureza do texto
Deve-se levar em consideração a natureza do texto,
ou seu suporte, antes de tirar conclusões.  a
abertura do autor, os subentendidos, a estrutura de
um texto pode variar enormemente, conforme o
contexto no qual ele é redigido.
Cellard (2008)  “é o caso, entre outros, de
documentos de natureza teológica, médica, ou
jurídica, que são estruturados de forma diferente e
só adquirem um sentido para o leitor em função de
seu grau de iniciação no contexto particular de sua
produção” (p. 302).
4-Os conceitos-chave e a lógica interna do texto
Delimitar adequadamente o sentido das palavras e dos
conceitos é uma precaução totalmente pertinente no caso de
documentos mais recentes nos quais, por exemplo, utiliza-se
um “jargão” profissional específico, ou nos que contém
regionalismos, gíria própria, linguagem popular, etc.
Deve-se prestar atenção aos conceitos-chave presentes em
um texto e avaliar sua importância e seu sentido, segundo o
contexto preciso em que eles são empregados.
Examinar a lógica interna, o esquema ou o plano do texto:
Como um argumento se desenvolveu? Quais são as partes
principais da argumentação?  pode ser um apoio muito
importante, quando, por exemplo, comparam-se vários
documentos da mesma natureza.
5-A análise documental propõe-se a produzir ou reelaborar
conhecimentos e criar novas formas de compreender os
fenômenos.
É condição necessária que os fatos devem ser mencionados, pois
constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmos, não
explicam nada. O investigador deve interpretá-los, sintetizar as
informações, determinar tendências e na medida do possível fazer
a inferência.
May (2004) diz que os documentos não existem isoladamente, mas
precisam ser situados em uma estrutura teórica para que o seu
conteúdo seja entendido.
Análise dos dados: “é o momento de reunir todas as partes –
elementos da problemática ou do quadro teórico, contexto,
autores, interesses, confiabilidade, natureza do texto, conceitos
chave” (CELLARD, 2008: 303) O pesquisador poderá, assim,
fornecer uma interpretação coerente, tendo em conta a temática ou
o questionamento inicial.
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