DETERMINANTES DA RETENÇÃO DE CLIENTES EM UMA OPERADORA DE PLANOS DE SAÚDE: A COMPARAÇÃO ENTRE MODELOS RIVAIS BIC - UCS GOULART, Pedro Selbach; EBERLE, Luciene; MILAN, Gabriel Sperandio (coordenador) INTRODUÇÃO Nas empresas prestadoras de serviços, o marketing de relacionamento visa à manutenção e à ampliação das trocas relacionais, tendo a retenção de clientes como um diferencial perante a concorrência. Para as empresas se habilitarem a adotar estratégias de retenção de clientes, é fundamental que conheçam o processo pelo qual seu cliente passa nos encontros de serviço identificando os diversos construtos que estimulam a conquista e a retenção de clientes. Dentre os diferentes segmentos, à prestação de serviços em saúde recebem destaque pelas suas particularidades que influenciam nas definições estratégicas e nas práticas gerenciais. Neste contexto, os serviços de saúde possuem como características principais o atendimento eficaz, diferenciando-se através da utilização das práticas adequadas do marketing que favorecem a excelência no seu desempenho competitivo (LOVELOCK; WRITZ, 2006). O objetivo geral deste trabalho é verificar, dentre os modelos a serem testados (Modelo Teórico e Modelos Rivais), qual apresenta o melhor encaixe no sentido de explicar a interdependência entre os antecedentes da retenção de clientes de uma operadora de planos de saúde, sendo que os planos coletivos empresariais são o objeto de estudo para a pesquisa. Cabe ressaltar que o grande desafio deste setor, é perceber como as ferramentas do marketing de relacionamento podem auxiliar no desenvolvimento de laços relacionais, para que os clientes satisfeitos possam criar vínculos duradouros. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nos dias atuais, as economias modernas são movidas por empresas prestadoras de serviço, pelo fato que este setor é responsável pela geração da maioria significativa dos postos de trabalho, absorvendo a mão-de-obra com ou sem qualificação (FITZIMMONS; FITZIMMONS, 2005). De acordo com o IBGE (2010), estima-se a existência de mais de um milhão de empresas no segmento de serviços, desenvolvendo as mais diversas atividades, no Brasil. De acordo com a literatura, as estratégias de retenção de clientes devem ser direcionadas para que as ações sejam voltadas à maximização da probabilidade do cliente retornar para compras futuras, aumentando o volume de negócios e minimizando a possibilidade de comprar de um fornecedor alternativo (ZEITHAML, 2000; RUST; ZEITHAML; LEMON, 2000). Segundo McKenna (1998), há uma inversão dos papéis tradicionais nos relacionamentos entre cliente e empresa, onde o consumidor dita exatamente como gostaria de ser servido. Gregório (2009) afirma que o grande desafio para a área da saúde é perceber como as ferramentas do marketing de relacionamento podem gerar uma imagem de confiança e aumentar a percepção de um serviço de qualidade, trazendo avanços significativos para o desempenho profissional e empresarial deste setor. Outro fator a considerar em uma operadora de saúde é o fato que este cliente não está buscando atender primordialmente a um desejo, e sim a uma necessidade básica do ser humano, que é a manutenção de sua saúde e de seu bem-estar. O método a ser utilizado nesta pesquisa é o hipotético-dedutivo, que tem como pressuposto enfatizar as relações de causa e efeito em um modelo explicativo. Levando em conta o delineamento deste estudo, este será dividido em duas fases: a primeira fase, compreende a revisão bibliográfica. Já a segunda fase será caracterizada como uma pesquisa quantitativa, de caráter conclusivo (MALHOTRA, 2006). Quanto à coleta de dados, na etapa quantitativa serão utilizadas as técnicas de questionário estruturado do tipo survey. Em relação à análise dos dados, serão utilizadas técnicas estatísticas multivariadas, como análise fatorial, associada ao método de estimação dos fatores por meio da Análise de Componentes Principais, e também, a análise de regressão. Em especial, serão utilizadas Equações Estruturais (MEE) para validar os modelos em estudo, sendo esta uma extensão de diversas técnicas multivariadas utilizadas por diversas áreas de estudo, em especial pela área de administração/marketing e da saúde (MALHOTRA, 2006). DISCUSSÃO O fator de origem destacado neste projeto de pesquisa é a replicação do Modelo Teórico proposto por Milan (2006), o qual também foi testado em outras situações de pesquisa, e que apresentou resultados que instigam novos esforços de pesquisa. Assim, como primeiro passo, são apresentados os construtos antecedentes da Retenção de Clientes e o Modelo Teórico a ser testado, conforme mostra a figura. H1 H2 Valor Fonte: Milan (2006, p. 178). H3 Reputação MODELOS RIVAIS O segundo modelo (Modelo Rival 1) a ser testado é uma adaptação do modelo proposto por Sirdeshmukh, Singh e Sabol (2002) que, contempla a confiança de forma bidimensional pelo fato que o consumidor deposita no Pessoal de Linha de Frente (PFL) e nas Políticas e Práticas Gerenciais (PPGs), a responsabilidade de uma boa prestação de serviço. A adaptação do modelo dos autores citados se caracteriza pelo fato de não se utilizar os construtos competência operacional, a benevolência operacional e a orientação para a solução de problemas como influenciadores nas dimensões Pessoal de Linha de Frente e nas Políticas e Práticas Gerenciais. Ressalta-se ainda, que o foco para está pesquisa é verificar os antecedentes da retenção de clientes e não da lealdade dos clientes como o trabalho original, sendo que ainda, será investigada a reputação no provedor de serviço como consequência do valor percebido influenciando positivamente a retenção de clientes. É importante ressaltar, que a partir de um abrangente estudo sobre a literatura em torno do tema, além do Modelo Rival 1, será identificado algum(ns) modelo(s) rival(s) e suas respectivas hipóteses, com a intenção de verificar o modelo que apresenta o melhor ajuste em relação aos construtos que influenciam os níveis de retenção de cliente em uma prestadora de serviços de saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS METODOLOGIA DE PESQUISA Satisfação de Clientes O primeiro construto a ser testado é a Satisfação de Clientes que pode ser definida como o julgamento de uma experiência total de consumo com um determinado produto ou serviço (Johnson; Fornell, 1991), considerando, ainda, o sentimento do consumidor, o nível de prazer ou de desprazer vivenciado, tentando explicar diferentes tipos de compra ou consumo (OLIVER, 1999). O Valor, ou Valor Percebido, desponta como o construto que faz a relação entre o que o cliente recebe (benefícios) e os esforços ou sacrifícios que o cliente dispõe ao adquirir um serviço, sendo considerado como a base de sustentação dos relacionamentos (SZAFIRGOLDSTEIN; TOLEDO, 2001; RUST; ZEITHAML LEMON, 2000). O terceiro construto é a Reputação do Provedor de Serviços, a qual está relacionada à imagem e a marca da empresa que permanece após as experiências reais de consumo, formando uma percepção do serviço prestado (STERN; ZINKHAN; JAJU, 2001). A Confiança no provedor de serviços e em seus colaboradores desenvolve laços emocionais entre as partes, diminuindo, assim, o risco de um desempenho insatisfatório (MILAN, 2006). E, por último, a Retenção de Clientes, que significa manter os clientes como compradores ativos, lucrativos e rentáveis, e por um período de tempo maior para a empresa (SOUZA; MOORI; MARCONDES, 2002). Dessa forma, as hipóteses propostas (Hi) nesta pesquisa são as seguintes: H1: O valor percebido pelos clientes é positivamente influenciado pela satisfação dos clientes; H2: A reputação do provedor de serviços é positivamente influenciada pelo valor percebido pelos clientes; H3: A confiança no provedor de serviços é positivamente influenciada pela reputação do provedor de serviços; H4: A retenção de clientes é positivamente influenciada pela confiança no provedor de serviços. H4 Confiança Retenção de Clientes FITZSIMMONS, James A.; FITZSIMMONS, Mona J. Administração de serviços: operações, estratégia e tecnologia de informação. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. GREGÓRIO, R.. Marketing Médico: criando valor para o paciente. Rio de Janeiro: Editora DOC, 2009. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa anual de serviços, v. 9, p. 1203. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. JOHNSON, Michael D.; FORNELL, Claes. A framework for comparing customer satisfaction across individuals and product categories. Journal of Economic Psychology, v. 12, n. 2, p. 267-286, June 1991. LOVELOCK, Cristopher; WIRTZ, Jochen. Marketing de Serviços: pessoas, tecnologias e resultados. 5ª edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre Bookman, 2006. McKENNA, Regis. Competindo em tempo real: estratégias vencedoras para a era do cliente nunca satisfeito. Rio de Janeiro: Campus, 1998. MILAN, Gabriel Sperandio. 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