Mattos Filho Advogados
Veículo: Portal UOL/Última Instância
Data: 19/08/13
Editoria: Gestão e Direito
COLUNA GESTÃO DE ESCRITÓRIOS
Inovação nas organizações
19 de agosto de 2013
Por Mario Esequiel
“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma
coisa e esperar resultados diferentes.” (Albert Einstein)
As organizações estão cada vez mais inovando, REINVENTANDO -SE, seja pelas constantes
mudanças tecnológicas, seja por novas demandas dos consumidores.
Falar de inovação em escritórios de advocacia é algo comp licado, pois a estrutura legal se
movimenta muito lentamente; haja vista a idade dos códigos que levam anos, décadas
para serem revisados e reformulados em seus princípios básicos. Portanto, os profissionais
que atuam neste ambiente estão condicionados a m anterem uma estrutura mais rígida e
menos inovadora.
Acontece que não estamos falando de estrutura legal, mas de gestão do negócio, mesmo
que este negócio seja um escritório de advocacia. Sendo assim, fica o desafio deste
profissional inovar.
A inovação está na forma de melhor compreender seus clientes, int erpretar suas
necessidades adequando-as às possibilidades legais.
Devemos pensar em inovação como forma de agregar valor a nosso serviço, tornando -o
diferente do senso comum.
Sendo o mercado bastante conservador, portanto pouco inovador, se tivermos a
capacidade de ver e fazer algo novo estaremos desenvolvendo uma diferença competitiva,
que, dependendo do seu grau de importância, poderá tornar -nos líder de mercado.
Inovar pode ser uma filosofia e seu exercício no dia a dia, nas coisas mais simples, pode,
primeiro fazer-nos ver aqueles que são naturalmente inovadores e, segundo, orientar os
que não costumam praticar.
Ter comportamento inovador pode nos dar a oportunidade de ver, perceber, sentir o
mundo diferente, algumas vezes até pior; talvez seja por isso que muitos fogem ou têm
aversão à inovação. Mas são estas novas experiências, mesmo piores, que nos fazem
crescer, evoluir, entender outros pontos de vista e enxergar oportunidades.
Como exercício básico para introduzir a inovação em nosso comportamento, é mudar o
caminho de casa ao trabalho, por exemplo.
Esta simples ação fará com que conheçamos outras ruas, eventualmente pontos de
interesse, outros restaurantes, bares, lojas, caminhos alternativos mais rápidos, mais
agradáveis, rotas alternativas para dias de congestionamento.
Como também, mudar o relógio de pulso.
Isto fará com que usemos o outro hemisfério do cérebro, que saiamos do “condicional” ao
ver as horas, dando a oportunidade de treinar habilidades não natas.
Mudar de sala ou mesmo virar a mesa de posição.
Neste caso teremos a chance de ver o esc ritório ou mesmo nossa própria sala por outro
ângulo.
Por aí vai uma série de coisas que podemos e devemos mudar, pois além do efeito
imediato de experimentar outras reações e sentimento, este exercício em si irá despertar,
ao longo do tempo, a capacidade de inovação em tudo mais.
É importante que a organização seja permissiva à inovação, dando oportunidade para
ideias e comportamentos inovadores, evitando críticas gratuitas e desaprovação àqueles
que assim se portarem.
Sem dúvida que as inovações devem ser adequadas à realidade de cada negócio, não
ferindo a natureza do meio em que acontece.
A reação à inovação, muitas vezes, está relacionada à assunção de verdades como se
absolutas fossem; porém este comportamento tem levado a humanidade a constantes
atrasos e comportamentos refratários a grandes ideias. Por isso, no mínimo, dar a
oportunidade a ouvir, ver e sentir novas experiências será uma chance de crescimento.
Na área de gestão, inovar não é mais um diferencial competitivo, mas uma necessidade de
sobrevivência, pois as pessoas, conceitos e ferramentas surgem e deixam de existir com
uma velocidade espantosa.
Para inovar é preciso ter tempo. Se estivermos o tempo todo envolvidos em atividades
operacionais, teremos muito mais dificuldade para inovar, porta nto abrir espaço na agenda
para coisas diferentes da rotina profissional, dará grandes oportunidades para pensar,
criar e experimentar novidades.
Relacionar-se com pessoas diferentes de outra atividade profissional, outros costumes,
outras experiências etc., vai nos permitir trocar ideias novas (pelo menos para nós).
Vamos ouvir outras opiniões a respeito de determinados temas, vamos sentir outras
sensações, enfim, vamos ajudar a ver as coisas diferentes e, portanto, abrir espaço para
inovações.
Em escritórios de advocacia podemos:
Introduzir a digitalização em 100 % dos arquivos em papeis, abolindo o seu uso. Muitos
dirão: impossível! Será mesmo?
Eliminar estações fixas de trabalho para todos os profissionais, partindo do pressuposto
que nunca todos estarão simultaneamente no escritório, pois alguns estarão em férias;
clientes; home office; licença, com isto, economiza -se mobiliário e espaço físico tão caro
atualmente. Cada profissional, ao chegar ao escritório, conecta seu equipamento
(computador e telefone) na mesa que encontrar disponível. Muitos dirão: inviável! Será
mesmo?
Outras tantas ideias podem surgir quando se tem criatividade e não se bloqueia as
iniciativas inovadoras.
Costumo dizer que nem toda inovação representa evolução, mas para evoluir voc ê
necessariamente tem que inovar, tem que mudar. Não mudar, fazer sempre da mesma
forma, fará com que você não evolua.
Mario Leandro Campos Esequiel é gestor do escritório Mattos Filho Advogados.
Economista, MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV e professor
convidado do GVLaw da FGV. É membro fundador do Grupo de Excelência de Administração
Legal do CRA SP (Conselho Regional de Administração de São Paulo) e do CEAE (Centro de
Estudos de Administração de Escritórios de Advocacia), e coautor do livro Administração
Legal para Advogados da série GVLaw
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