INSTRUMENTO PARA EDUCAÇÃO CONTINUADA DE DOCENTES Prof. Daniel Brod Rodrigues de Sousa 1. Escreva um pouco sobre a sua história de vida (contexto socioeconômico, familiar etc.) Nasci no dia 29/12/71, tendo atualmente 33 anos de idade. Sou filho de Alberto Rufino Rosa Rodrigues de Sousa, professor na Escola de Direito da Universidade Católica de Pelotas, no Programa de pós- graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (aposentado), advogado e Promotor de Justiça aposentado e de Léa Brod Rodrigues de Sousa, psicóloga. No ano de 1994 me formei em Direito pela UFPEL, tendo iniciado minha carreira docente na Escola de Direito da UCPEL, em 1995, mediante conc urso público, ministrando aulas na disciplina de Direito Penal. De 1998 a 2001 exerci atividades docentes como professor substituto de Direito Penal na Faculdade de Direito da UFPEL. No ano de 2004 concluí o Mestrado em Ciências Criminais da PUCRS. No presente momento encontro- me em fase de redação conclusiva de tese do Curso de Doutorado em Direito. 2. Você identifica alguma influência que tenha. contribuído de modo decisivo para o desenvolvimento da sua competência? (experiência profissional, algum ex-professor, formação pedagógica etc.) O fator propulsor e estimulador que me fez enveredar para a carreira docente, vinculando- me ao Direito Penal, está relacionado à circunstância de meu pai ser professor dessa mesma disciplina há vários anos. Tal aspecto fez com que, em conjunto, formássemos uma considerável biblioteca na área das ciências criminais, além de possibilitar que estabelecêssemos, freqüentemente, debates construtivos acerca dos conteúdos dessa disciplina em nossa convivência diária. Aliado a tudo isso, as contribuições de natureza psicológica fornecidas pela minha mãe, que também possui um apreciável acervo bibliográfico, igualmente colaboram para a elucidação dos mecanismos inerentes ao comportamento delinqüencial, que constitui questão central das investigações do Direito Penal e da Criminologia. 3. Em relação a sua pratica pedagógica, quais as relações que você estabelece: Com o "ser" e o "sentir" (prazer, entusiasmo, exigência, princípios etc.); Com o "saber" (conteúdo de ensino, relação teoria e prática, linguagem, produção do conhecimento etc.); Com a "fazer" (planejamento, métodos, objetivos, motivação dos alunos, avaliação etc.)? Com respeito ao primeiro tópico, ser e sentir, quero repisar o enorme prazer intelectual e o permanente entusiasmo com que verso as atraentes questões ligadas ao conteúdo da disciplina que ministro, ainda acrescidas pela estimuladora receptividade e acolhida que percebo junto aos alunos. A isso somo, ainda, a circunstância positiva que encontro no ambiente universitário em que estou imerso, caracterizado pela seriedade cientifica, pelo profissionalismo e pela atmosfera de colaboração e integração que proporciona. No que tange ao segundo item, o saber a que está direcionada a disciplina, cumpre lembrar que a presença da criminalidade é tão enfática e variável na sociedade contemporânea, que o investigador desse campo dispõe permanentemente, de um rico e inesgotável laboratório de observação, onde lhe é possibilitado, a todo momento, testar a veracidade e a ressonância prática dos posicionamentos teóricos que assume e difunde. Como indicado anteriormente, pôde o declarante, no curso dos anos, reunir material bibliográfico e informativo que muito tem facilitado a realização de seu trabalho. Esse acervo o declarante tem procurado permanentemente atualizá- lo, mas talvez o mais significativo do referencial em que apóia suas meditações, venha do cotidiano da vida social, de onde, a todo instante, chegam notícias vivas acerca dos dramas e conflitos presentes nas inter-relações humanas de cada dia. Quanto à terceira questão, o fazer, o planejamento relativo ao desdobramento do curso em cada semestre, busca, de um lado, ratificar as noções teóricas essenciais que a experiência docente acumulada nestes dez anos de atividade, sempre gravitando em torno da mesma disciplina, tem possibilitado sedimentar; de outra parte, a tais conteúdos de permanência, busca acrescentar sempre os novos motivos e realidades que a dinâmica social vai inesgotavelmente oferecendo. A motivação dos alunos tenho buscado alcançar precisamente através desse descortino dos fatos reais que a vida vai apontando. A metodologia adotada busca a conciliação do perene e do episódico e transitório, procurando ressaltar que a vida social, onde o fato criminoso aparece, se por um lado é dinamismo e mudança, não se resume a esse puro e irrefreável devenir, havendo, ao contrário, elementos que possibilitam afirmar aspectos de identidade e constância na estrutura social. 4. Quais as suas principais satisfações e dificuldades? A principal satisfação que encontro no magistério é poder dar continuidade e aprofundamento as indagações e atividades que, desde cedo, pelas razões expostas acima, vi serem suscitadas em meu ambiente doméstico e projetadas no âmbito acadêmico. Referida satisfa ção fica multiplicada frente à constatação do amplo interesse que os alunos habitualmente demonstram pelos temas da disciplina a que me encontro devotado. As únicas dificuldades e limitações que sinto na transmissão do conteúdo programático de Direito Penal, encontram-se relacionadas com a carga horária disponível para a disciplina. Embora seja ela razoável, quando vista no contexto geral do currículo, o fato é que, dada a abrangência e complexidade das questões correlatas a esse campo do conhecimento, desejaria poder dispor de espaço mais amplo para a intensificação do exame de determinados tópicos essenciais.