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X Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Avaliação da Utilização de Agrotóxicos no Município de Três de
Maio (RS).
Fabiano Menegat, Fabiane Moreira Farias (orientador)
Curso de Farmácia, Departamento de Ciências da Saúde, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai
e das Missões – Campus de Santo Ângelo
Resumo
Introdução
No Brasil, a produção agrícola cresce e bate recordes de safra a cada ano, fruto de
pacotes tecnológicos que introduziram a mecanização em larga escala, associada a outros
fatores de produção. Porém a introdução dos agrotóxicos, que contribui de forma decisiva
neste avanço, não foi feita de forma organizada (MOREIRA et al., 2002). Neste quadro, o
enfoque básico é o aumento da produtividade, sem considerar riscos à saúde ou ao meio
ambiente. Ao longo do tempo, foram observados diversos casos de contaminação ambiental,
intoxicações de trabalhadores rurais e a presença de resíduos em alimentos. Esses fatores
desencadearam o reconhecimento dos riscos decorrentes do uso abusivo e descontrolado dos
agrotóxicos (SILVA et al., 2007).
A comercialização de praguicidas cresce continuamente, sendo o Brasil um dos
principais consumidores mundiais. Dados de organizações como o SINITOX (2008)
demonstram o elevado número de intoxicações por agrotóxicos no Brasil, devido à atividade
agrícola. O presente estudo analisou o processo de trabalho, as substâncias utilizadas, as
práticas de segurança adotadas e os efeitos à saúde, bem como os riscos aos trabalhadores
rurais, que utilizam agrotóxicos no município de Três de Maio.
Metodologia
Foi realizado um estudo com uma amostra constituída por 30 agricultores,
considerando como critério de inclusão o trabalho ativo na lavoura, seja através de plantação,
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colheita, armazenagem e transporte, assim como na aplicação de agrotóxicos. Foram
excluídos os agricultores que não fazem a utilização de agrotóxicos. Aos participantes do
estudo, foram aplicados questionários com perguntas simples e objetivas sobre o dia-dia, tais
como o uso de equipamentos de proteção individual, seguimento de orientações técnicas e o
relato de sintomas de intoxicação. Através de levantamento junto às agropecuárias locais,
Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e Sindicato dos Trabalhadores
Rurais, foram obtidas informações sobre a agricultura local e os agrotóxicos mais vendidos no
município.
Resultados
Em Três de Maio, a agricultura é basicamente familiar, onde o trabalho rural é
realizado majoritariamente por pessoas do sexo masculino (pais e filhos adultos), com idade
média de quarenta e cinco anos e nível de escolaridade médio. Na região são típicas as
culturas de milho, trigo e soja. A grande maioria dos agricultores recebe assistência técnica,
sendo esta atividade desempenhada por agrônomos ou técnicos agrícolas das agropecuárias do
município ou da Emater, e recebem instruções de manuseio do produto no momento da
compra. Ainda assim, poucos agricultores lêem os rótulos dos agrotóxicos que utilizam. A
pulverização das lavouras é feita por trator ou pulverizador; e esta rotina acontece em torno de
dois dias por mês. Dos entrevistados, 30 % relataram fazer o uso de algum tipo de
medicamento de uso continuo, sendo a hipertensão o motivo mais citado (16%), seguido da
depressão (6,6%), da artrite e alergia (3,3%). A maior parte dos entrevistados (86%) não
ingere nenhum tipo de bebida ou faz qualquer refeição durante a aplicação dos agrotóxicos. O
destino da maioria das embalagens é a devolução para o fornecedor (80%). De acordo com a
pesquisa, a roupa de proteção (80%), o calçado fechado (90%) e a máscara (83,3%) são os
equipamentos de proteção individual mais utilizados, sendo que somente 63% utilizam luvas
e 26,6%s empregam os óculos de proteção. Dentre os principais produtos comercializados,
classificados em 17 grupos ativos, a principal classe utilizada no município é a dos herbicidas,
seguido pelos fungicidas e inseticidas. Grande parte dos entrevistados (70%) afirmou já ter
passado por alguma indisposição ao fazer o uso de agrotóxicos.
Embora a literatura evidencie a toxicidade destes compostos químicos e os
agricultores possuam um nível mínimo de conhecimento sobre os efeitos nocivos dos
agrotóxicos, é quase inevitável a exposição ocupacional a estes produtos.
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Conclusão
Os resultados deste trabalho demonstram a necessidade do desenvolvimento de
estratégias que assegurem a integralidade da saúde dos trabalhadores rurais, como processos
educativos entre os usuários e a criação de políticas de regulação capazes de reduzir o risco
aos agricultores.
Referências
MOREIRA, J. C.; JACOB, S. C.; PERES, F.; LIMA, J. S.; MEYER, A.; OLIVEIRA-SILVA, J. J.;
SARCINELLI, P. N.; BATISTA, D. F.; EGLER, M.; FARIAS, M. V. C.; ARAÚJO, A. J.; KUBOTA, A. H.;
SOARES, M. O.; ALVES, S. R.; MOURA, C. M.; CURI, R. Avaliação integrada do impacto do uso de
agrotóxicos sobre a saúde humana em uma comunidade agrícola de Nova Friburgo, RJ. Ciência e Saúde
Coletiva, vol. 7, N° 2 (2002), pp. 299-311.
SILVA, M.; ALVES, S. M. F. Análise dos Registros de Intoxicação Por Agrotóxicos em Goiás, no Período de
2001 a2004. Revista Eletrônica de Farmácia, vol. IV, N° 2 (2007), pp. 194-201.
SINITOX - SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICAS. Disponível em:
http://www.fiocruz.br/sinitox/agrotoxicos/tabelas_casos/agricola_casos.pdf. Acesso em: 24 de out. 2008.
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