Estudos Setoriais Integrados Volume 4 Abril de 2010 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte Estudos Setoriais Integrados Volume 4 Abril de 2010 Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional e Política Urbana - SEDRU SUMÁRIO VOLUME I Introdução........................................................................................................................................2 1 Uso do Solo, Dinâmica Imobiliária e Escalas de Centralidades Metropolitanas – USDEC............................................................................................................................................3 2 Mobilidade Urbana, Comunicações, Transportes e Sistema Viário - MCT.............................115 3 Habitação, Vida Cotidiana e Qualidade de Vida – HVQ.........................................................174 VOLUME II 4 Cultura, Educação, Segurança Alimentar, Trabalho e Renda - CEAT.....................................272 5 Saúde, Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Saneamento - SMARHS...................................422 VOLUME III 6 Complexos Ambientais Culturais - CAC.................................................................................611 7 Capacidade Institucional de Planejamento e Gestão –CIPLAG...............................................768 VOLUME IV 8 Risco Socioambiental, Vulnerabilidade Social e Segurança Pública - RIVS..........................884 9 Aspectos Demográficos e Ambientais da Demanda Social - ADAMS...................................980 10 Estrutura Produtiva, Conhecimento, Tecnologia e Alternativas Energéticas - ETC............1043 11 Estudo Complementar Prioritário: Oferta e Utilização de Serviços Ambulatoriais e Hospitalares...............................................................................................................................1072 VOLUME V 12 Estudo Complementar Prioritário: Evolução do Perfil Epidemiológico nos Municípios da RMBH entre 1998 e 2006..........................................................................................................1117 13 Estudo Complementar Prioritário: Capacidade De Investimento, Base Tributária E Arranjos Financeiros Metropolitanos.......................................................................................................1148 14 Estudo Complementar Prioritário: Mudanças Climáticas: Impactos, Vulnerabilidades e Políticas de Controle de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na RMBH......................1229 15 Equipe técnica ......................................................................................................................1270 8 RISCOS SOCIOAMBIENTAIS, VULNERABILIDADES E SEGURANÇA PÚBLICA - RIVS 8.1 Introdução Apresenta-se, a seguir, o diagnóstico crítico relativo às vulnerabilidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com uma abordagem focada na análise dos riscos sociais e ambientais a que estão expostos os cidadãos metropolitanos. Propõe-se, aqui, um diagnóstico tridimensional, considerando as necessidades das pessoas, a estrutura de oportunidades ofertada e a percepção da população acerca de sua qualidade de vida e das políticas públicas, como se descreve a seguir: Mensuração das necessidades das pessoas, realizada através de indicadores demográficos, econômicos e sociais, considerando diversas fontes de dados, dentre as quais os Censos Demográficos e o Atlas de Desenvolvimento Humano Municipal e Intrametropolitano. Mensuração da estrutura de ofertas, realizada através de indicadores de acesso social e espacial aos bens e serviços, considerando múltiplas fontes de dados, como o Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) e o Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU). Medidas de percepção da população, utilizando dados de surveys sobre Desigualdade Social, Participação Política e Qualidade de Vida na RMBH, desenvolvidos pelo Departamento de Sociologia e Antropologia da FAFICHUFMG. Por fim, numa perspectiva propositiva, a Área Temática RIVS indicará algumas propostas-diretrizes para o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI-RMBH), priorizando as populações e lugares mais vulneráveis da RMBH. Tais proposições visam a analisar a RMBH de forma integrada, envolvendo as dimensões conceituais diagnosticadas, bem como de forma desagregada, produzindo análises em separado das diversas dimensões envolvidas, em especial as dimensões ambiental, de saúde e de segurança pública. O objetivo final de tais proposições será a redução das desigualdades e da segregação socioespacial 884 através da implantação de mecanismos de atenção e prevenção a situações de riscos e voltados para a promoção do desenvolvimento humano. 8.2 Análise das Vulnerabilidades na RMBH Tendo em conta o conceito de vulnerabilidade aqui adotado, que se refere aos riscos socioambientais a que estão submetidas as comunidades residentes na metrópole, propõe-se um esforço de categorização das vulnerabilidades presentes na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A diversidade existente no quadro socioeconômico, político e ambiental, dada pelas diferentes formas de exploração dos espaços e pelo seu grau de antropização, sugere que os riscos experimentados pela população dos 34 municípios sejam sensivelmente diferentes em natureza e intensidade. Ademais, de acordo com as discussões já conduzidas pela equipe RIVS, a manifestação dos riscos socioambientais torna complexo o estudo desse fenômeno, tendo em conta que grupos diferentes irão perceber e reagir aos riscos de forma diferenciada. Partindo desse pressuposto, o esforço aqui conduzido de identificação e categorização das vulnerabilidades presentes na RMBH se vale da utilização de indicadores sociais, econômicos e ambientais que reflitam um quadro geral dos riscos a que a população da metrópole está submetida, não obstante as grandes limitações na disponibilidade de informações sobre os municípios. A utilização articulada de indicadores sobre múltiplos temas de interesse como uma ferramenta de apoio ao planejamento público, metodologia em uso desde a década de 1960, é particularmente útil como resposta às questões formuladas em torno do conceito de Vulnerabilidades Socioambientais. A percepção de que o esforço de crescimento econômico e a sua mensuração (através do PIB, por exemplo) não eram capazes de produzir, independentemente, as transformações sociais necessárias à redução das crescentes desigualdades sociais e espaciais, deflagradas pela expansão da lógica urbano-industrial em direção às periferias do Capitalismo, conduziu a uma ampliação no escopo das temáticas relacionadas à promoção da qualidade de vida da população. Além da dimensão econômica, floresceram então discussões sobre sustentabilidade ambiental, saúde pública, habitação, segurança alimentar e contra a violência. (NAHAS et al., 2006). Nessa perspectiva, ganham importância as formas de análise que integrem as múltiplas dimensões nas quais a vulnerabilidade se manifesta. Assim, propõe-se que os fatores que 885 conduzem a exposição das populações aos riscos socioambientais são resultado da interação de três componentes básicas, a saber: 1) As vulnerabilidades pertinentes ao acesso social aos bens e serviços, materializadas no conjunto das privações existentes nas características individuais da população, bem como das famílias ou domicílios. Como exemplos dessas privações, citam-se: baixa renda, baixa instrução, condições de moradia precárias, déficits nutricionais. A existência dessas condições limita o acesso das populações aos bens e serviços de utilidade pública e as expõe aos riscos supracitados. 2) As vulnerabilidades no acesso espacial aos bens e serviços. Essa dimensão faz referência à possibilidade de acesso à infraestrutura necessária para reprodução das condições de sobrevivência e garantia da Qualidade de Vida Urbana, tendo em conta a existência dos bens e serviços nas unidades espaciais de interesse. Mesmo que os elementos que garantam o acesso social estejam presentes, é possível que as pessoas estejam expostas a riscos em função do distanciamento espacial, ou inexistência dos bens e serviços ofertados. Como exemplos de indicadores dessa componente, tem-se a existência de equipamentos médicos e profissionais, a existência de equipamentos de segurança pública, a oferta de emprego e a oferta de alimentos. 3) As vulnerabilidades existentes na capacidade de resposta. Também denominada resiliência, essa dimensão compreende a ligação entre as duas anteriores, já que considera que a capacidade dos indivíduos de reagir diante de situações de risco socioambiental é tão maior quanto melhor sua conexão em redes sociais de apoio. Assim, através dessa dimensão, realiza-se a integração entre as pessoas e os lugares (os indivíduos e a estrutura social) nas suas múltiplas representações, identificando quais elementos são fundamentais para minimizar a manifestação dos riscos em sociedades marcadas por profundas desigualdades sociais. Além da integração dos indivíduos nas redes sociais, a capacidade de resposta também pode ser verificada a partir da análise dos esforços do poder público para diminuição das condições de vulnerabilidade (existência de programas sociais, estímulo à economia solidária e ao microcrédito, incrementos nos investimentos em saúde e educação etc.). 886 O esforço de classificação das Vulnerabilidades aqui proposto focalizou as análises na mensuração do acesso social e do acesso espacial dos bens e serviços. Sabe-se que um estudo completo das condições de vulnerabilidade não pode omitir a dimensão da capacidade de resposta. Contudo, a precariedade das informações disponíveis até o momento impede a realização de estudos mais aprofundados (incursões) nesta temática. Como proposição alternativa a essa limitação, apresenta-se análise da percepção da população residente na RMBH com a utilização dos dados da Pesquisa da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PRMBH) realizada pela UFMG nos anos de 2002, 2005 e 2008 no escopo desse trabalho. A proposta do modelo de classificação dos 34 municípios da RMBH de acordo com as condições de vulnerabilidade ocorreu em três fases, descritas a seguir. 8.2.1 Fase 1: Seleção dos Indicadores No Brasil, os estudos sobre aspectos da Vulnerabilidade a partir de indicadores sociais têm se multiplicado nos últimos anos, como resultado da expansão das pesquisas empíricas e da utilização de determinadas metodologias, como ferramentas de apoio ao planejamento público. Tendo em conta a existência dessas metodologias em áreas como saúde, economia, desenvolvimento humano, segurança pública, mercado de trabalho e qualidade de vida urbana, dentre outras, optou-se pela utilização de dados seguros e disponíveis, mesmo cientes das limitações de dados secundários na análise aqui proposta. A princípio, foram selecionados cerca de 40 indicadores pelos especialistas da equipe a partir de várias pesquisas, entre as quais: Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) (Banco de Dados do Sistema único de Saúde – DATASUS, Ministério da Saúde); Zoneamento Econômico Ecológico de Minas Gerais (Governo de Minas Gerais); Índice de Qualidade de Vida Urbana dos Municípios Brasileiros (Ministério das Cidades e PUC Minas); Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (PNUD Brasil); Índice Mineiro de Responsabilidade Social (Governo de Minas Gerais); Anuário de Informações Criminais de Minas Gerais (NESP, FJP). A partir deste conjunto inicial, procedeu-se a uma triagem dos indicadores, segundo a dimensão refletida pelos mesmos. Isto é, se de acesso social ou acesso espacial, seguida por um refinamento destes, através de métodos estatísticos, resultando na exclusão de alguns (Ver anexo I). Foram utilizados dois métodos estatísticos para o refinamento da seleção dos indicadores. O primeiro deles foi a análise de correlação bivariada, que consiste em uma avaliação do quanto duas ou mais variáveis estão relacionadas entre si em um determinado 887 universo de dados. As análises de correlação fornecem um número que resume o grau de relacionamento entre duas variáveis. Desta forma, os indicadores que apresentaram pouca ou nenhuma correlação com outros indicadores teoricamente associados foram excluídos das análises. O segundo método utilizado foi a aplicação de uma análise fatorial exploratória sobre o conjunto de dados. Tal análise tem como objetivo principal explicar a correlação entre um grupo de variáveis, a partir da combinação linear das mesmas em um conjunto menor de fatores. Essas medidas resumo, não observáveis, também fornecem indicadores para verificar o grau de relação entre as variáveis na constituição de uma ou mais tendências, manifestadas pelos fatores. Assim, os indicadores que na análise fatorial exploratória se associaram a um único fator de forma isolada, indicando baixa associação com os demais indicadores, também foram removidos da análise. Ao final do processo de seleção, restaram treze indicadores de acesso social, a saber: a) Percentual da população com acesso ao abastecimento de água e com banheiro (IMRS, 2007); b) Taxa de formalidade da ocupação (IQVU-Br, 2000); c) Proporção de jovens sem ensino fundamental Completo (IQVU-Br, 2000); d) Percentual de pobres (IDH-M, 2000); e) Proporção de mães com menos de 8 anos de estudo (DATA-SUS, 2005 a 2007); f) Taxa de escolarização líquida no ensino médio (IQVU-BR, 2000); g) Densidade demográfica (Observatório Saúde Urbana, 2007); h) Taxa anual média de crime violento por 100 mil hab. (NESP, FJP, 2006 a 2008); i) Renda média familiar "per capita" (IQVU-Br, 2000); j) Proporção de mães adolescentes (DATA-SUS, 2005 a 2007); l) Taxa de mortalidade infantil (DATA-SUS, 2005 a 2007); m) Esperança de vida ao nascer (IDH-M, 2000), e n) Taxa de ocupação (IQVU-Br, 2000). Quanto aos indicadores de acesso espacial, foram selecionados seis: a) Percentual de domicílios servidos por rede de esgotamento sanitário (IQVU-Br, 888 2000); b) Nº de Profissionais de Segurança Pública por 1000 habitantes (IQVU-Br, 2005); c) Percentual da área do município com risco ambiental muito elevado (ZEE, 2009); d) Nº de profissionais de saúde com nível superior por mil hab. SUS (DATA-SUS, 2009); e) Nº de leitos de internação e repouso no SUS (DATA-SUS, 2009); f) Nº de Equipes de Saúde da Família por mil hab. (DATA-SUS, 2009). Os mapas a seguir apresentam os indicadores selecionados, divididos em classes dos 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte categorizados em quartis, que consiste na subdivisão do conjunto de dados em função da posição ocupada numa distribuição empírica. Desta maneira, cada classe possui cerca de 25% das observações subdivididas com os dados classificados. É importante notar que a disposição dos tons utilizados nos mapas temáticos atendeu à lógica da vulnerabilidade constatada entre os municípios e não à grandeza da informação. Assim, quanto mais escuros os tons no mapa, mais vulneráveis são aqueles municípios na dimensão retratada pelo indicador. 889 Figura 1 – Indicador de acesso social 890 Figura 2 – Indicador de acesso social 891 Figura 3 – Indicador de acesso social 892 Figura 4 – Indicador de acesso social - 893 Figura 5 – Indicador de acesso social 894 Figura 6 – Indicador de acesso social 895 Figura 7 – Indicador de acesso social 896 Figura 8 – Indicador de acesso social (Taxa por 100 mil hab.) 897 Figura 9 – Indicador de acesso social 898 Figura 10 – Indicador de acesso social 899 Figura 11 – Indicador de acesso social - 900 Figura 12 – Indicador de acesso social 901 Figura 13 - Indicador de acesso social 902 Figura 14 – Indicador de acesso espacial 903 Figura 15 – Indicador de acesso espacial - 904 Figura 16 – Indicador de acesso espacial 905 Figura 17 – Indicador de acesso espacial 906 Figura 18 – Indicador de acesso espacial 907 Figura 19 – Indicador de acesso espacial 908 8.2.2 Fase 2: Análise Fatorial Para caracterizar os municípios de forma consistente, os diferentes indicadores foram agrupados em um número menor, por meio da técnica de análise fatorial das componentes principais, com rotação dos fatores pelo critério varimax (Mingoti, 2005). Este método foi aplicado separadamente para os indicadores de acesso social e acesso espacial e permitiu resumir indicadores correlacionados em fatores independentes. Os fatores resultantes foram interpretados de acordo com os indicadores associados. A Tabela 1 apresenta o resultado da análise fatorial aplicada aos indicadores de acesso social e a Tabela 2 apresenta o resultado para os indicadores selecionados na dimensão do acesso espacial. No primeiro caso, foram definidos três fatores independentes que se associam mais fortemente a conjuntos distintos de indicadores. Neste sentido, pode-se considerar que os indicadores de acesso social revelaram três tendências diferentes quanto à manifestação das vulnerabilidades. A primeira delas (Fator 1) apresenta uma maior quantidade de indicadores e reúne diversos temas: pobreza, escolaridade, mercado de trabalho, habitação, etc. Pode-se afirmar, assim, que os municípios com valores mais baixos no Fator 1 irão apresentar o quadro mais amplo de vulnerabilidade. Os coeficientes apresentados na Tabela 1 indicam a correlação entre cada indicador, nas linhas, e os fatores, nas colunas. O fator 1, por exemplo, possui associação negativa com o percentual de pobres do município, indicando que valores altos do fator estão relacionados a municípios com menor percentual de pobres. Quanto ao Fator 2, percebe-se uma tendência à vulnerabilidade relacionada com o forte adensamento populacional, que vem acompanhada de alta incidência de criminalidade. A renda média familiar per capita aparece também associada positivamente ao Fator 2 indicando uma associação positiva entre adensamento populacional e rendimento médio. Entretanto, foi verificado posteriormente que o aumento da renda média se associa à desigualdade social, com valores mais altos de renda média indicando aumento das diferenças entre ricos e pobres no município. O coeficiente de correlação de Pearson entre o indicador de renda média e o coeficiente de Gini (segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000), que mede o grau concentração na distribuição de renda municipal, foi igual a 0,42 (pvalor 0,01). Finalmente, o terceiro fator apresenta uma dimensão da vulnerabilidade mais associada com a questão da saúde da população, além de mostrar a correlação positiva entre 909 precariedade das condições de saúde e a gravidez na adolescência. A taxa de ocupação está associada ao fator 1 e fator 3, mas com pouco peso em ambos. Tabela 1 Indicadores de acesso social convertidos em três fatores independentes através da análise de componentes principais Fator1 Fator2 Fator3 Variação não explicada Percentual da população com acesso ao abastecimento de água e com banheiro 0.84 0.25 -0.09 0.22 Taxa de formalidade da ocupação 0.84 0.26 0.21 0.18 Proporção de Jovens sem Ensino Fundamental Completo -0.83 -0.09 0.21 0.25 Percentual de pobres -0.75 -0.46 0.25 0.16 Proporção de mães com menos de 8 anos de estudo (2005 a 2007) -0.75 -0.35 0.19 0.28 Taxa de Escolarização Líquida no Ensino Médio 0.58 0.16 -0.53 0.36 Número de habitantes por km² 0.21 0.82 0.01 0.28 Taxa anual média de crime violento por 100 mil hab. (2006 a 2008) 0.26 0.82 0.04 0.26 Renda média familiar "per capita" (em R$ de 1º agosto de 2000) 0.41 0.73 -0.28 0.23 Proporção de mães adolescentes (2005 a 2007) 0.00 -0.38 0.73 0.32 Taxa de mortalidade infantil bruta (2005 a 2007) -0.15 0.14 0.71 0.45 Esperança de vida ao nascer 0.37 -0.20 -0.66 0.39 Taxa de ocupação -0.57 0.37 -0.57 0.22 Indicadores Fonte: Elaboração própria As figuras 20, 21 e 22 apresentam a distribuição dos escores dos fatores 1, 2 e 3, respectivamente, resultantes das análises com os indicadores de acesso social. Novamente, tons mais escuros no mapa indicam maior vulnerabilidade dos municípios na dimensão retratada pelo fator. 910 Figura 20 - Acesso social: Distribuição dos escores do fator 1 Fator 1: pobreza, baixa escolaridade, informalidade e habitação precária 0.59 0.26 -0.43 -2.48 to 1.81 (8) to 0.59 (8) to 0.26 (10) to -0.43 (8) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim CapimBranco Branco Branco Branco Capim Capim Capim Branco Branco Nova Nova NovaUnião União União Lagoa LagoaSanta Santa Santa Lagoa Santa Pedro Pedro PedroLeopoldo Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Lagoa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taq uaraçu uaraçude de de deMinas Minas Minas Minas Taquaraçu Taquaraçu Taq de de Minas Minas São São São José José da da Lapa Lapa São São SãoJosé José José Joséda da da daLapa Lapa Lapa Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa SantaLuzia Luzia Luzia Santa Luzia Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirãodas das das dasNeves Neves Neves Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das Neves Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo BeloHorizonte Horizonte Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Igarapé Igarapé Mateus MateusLeme Leme Igarapé Igarapé Igarapé Igarapé Mateus Leme Mateus Mateus Leme Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São São Joaquim Joaquim de de Bicas Bicas São São SãoJoaquim Joaquim Joaquim Joaquimde de de deBicas Bicas Bicas Bicas Mário MárioCampos Campos Campos Mário Campos Mário Mário Campos Nova Nova NovaLima Lima Lima Lima Nova Nova Nova Lima Lima Rio Rio RioAcima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio RioManso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Manso Itaguara Itag Itaguara uara Itaguara Itag Itaguara uara Fonte: Elaboração própria 911 Figura 21 - Acesso social: Distribuição dos escores do fator 2 Fator 2: adensamento populacional, criminalidade e desigualdade social 0.18 to 4.26 -0.05 to 0.18 -0.46 to -0.05 -1.68 to -0.46 (8) (9) (8) (9) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Nova Nova Nova União União União Lagoa Lagoa Santa Santa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Lagoa Santa Leopoldo Lagoa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de Minas Minas Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de de Minas Minas Minas Minas São São São José José José da da da Lapa Lapa Lapa José da Lapa São São São José da Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Luzia Luzia Luzia Santa Luzia Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das Neves Neves Neves das Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Horizonte Horizonte Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Leme Leme Igarapé Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São São Joaquim Joaquim Joaquim de de de Bicas Bicas Bicas Joaquim de Bicas São São São Joaquim de Bicas Mário Mário Mário Campos Campos Campos Nova Nova Nova Lima Lima Lima Rio Rio Rio Acima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio Rio Manso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria 912 Figura 22 - Acesso social: Distribuição dos escores do fator Fator 3: mães adolescentes, mortalidade infantil e baixa esperança de vida 0.62 to 2.2 -0.12 to 0.62 -0.68 to -0.12 -2.39 to -0.68 (9) (7) (9) (9) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Branco Capim Capim Capim Branco Nova Nova Nova União União União União Nova Nova Nova União Lagoa Lagoa Santa Santa Santa Lagoa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Lagoa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de Minas Minas Minas de Minas Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de Minas São São São José José da da Lapa Lapa São São São José José José José da da da da Lapa Lapa Lapa Lapa Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Santa Luzia Luzia Luzia Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das Neves Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das das Neves Neves Neves Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Igarapé Igarapé Mateus Mateus Leme Leme Leme Igarapé Igarapé Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Leme Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São São Joaquim Joaquim Joaquim de de de Bicas Bicas Bicas Mário Mário Mário Campos Campos Mário Mário Mário Campos Campos Campos Campos Nova Nova Nova Lima Lima Nova Nova Nova Lima Lima Lima Lima Rio Rio Rio Acima Acima Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio Rio Manso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria Com relação às tendências apresentadas pela análise fatorial aplicada aos indicadores de acesso espacial, a Tabela 2 mostra que foi possível identificar duas tendências (fatores) associadas a esses indicadores. O primeiro fator apresenta as condições de vulnerabilidade provavelmente manifestadas nas áreas de maior adensamento demográfico e, conseqüentemente, maiores alterações do quadro natural. Essa tendência associa a ocorrência de desequilíbrios ambientais à violência (cuja concentração dos profissionais de segurança é Proxy), correlacionando os dois positivamente com a presença de rede de esgotamento 913 sanitário. Quanto ao segundo fator nota-se uma tendência relacionada à precariedade na oferta dos equipamentos de saúde. Assim, as áreas com maiores valores neste fator provavelmente são os espaços mais periféricos e mais carentes na oferta geral de serviços, se tomado o atendimento médico como referência. Tabela 2 Indicadores de acesso espacial convertidos em dois fatores independentes através da análise de componentes principais Fator1 Fator2 Variação não explicada Perc. de domicílios servidos por rede de esgotamento sanitário 0.80 -0.08 0.3475 Nº de Profissionais de Segurança Pública por 1000 habitantes 0.79 0.08 0.3683 Perc. da área do município sobre risco ambiental muito elevado 0.74 0.19 0.419 Nº de profissionais de saúde com nível superior por mil hab. SUS 0.38 0.72 0.3378 Nº de leitos de internação e repouso (público SUS) 0.29 0.61 0.544 Nº de Equipes de Saúde da Família por mil hab. (2009) -0.29 0.78 0.3064 Indicadores Fonte: Elaboração própria As figuras 23 e 24 apresentam a distribuição dos escores dos fatores resultantes das análises com os indicadores de acesso espacial/oferta. Tons mais escuros no mapa indicam maior vulnerabilidade dos municípios na dimensão retratada pelo fator. Entretanto a interpretação do fator 1 como um indicador de vulnerabilidade é confusa, já que o fator de influência humana (antropização), indicada pelo adensamento populacional e relacionada a aspectos de vulnerabilidade ambiental, está associada positivamente a uma melhoria das condições de saneamento. Assim, a interpretação do mapa deve ser criteriosa. 914 Figura 23 - Acesso espacial/oferta: Distribuição dos escores do fator 1 Fator 1: antropização, saneamento e presença policial 0.32 to 2.75 0 to 0.32 -0.6 to 0 -1.72 to -0.6 (9) (8) (9) (8) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Nova Nova Nova União União União Lagoa Lagoa Santa Santa Santa Lagoa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Lagoa Santa Leopoldo Pedro Pedro Pedro Leopoldo Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de Minas Minas Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de de Minas Minas Minas Minas São São São José José José da da da Lapa Lapa Lapa José da Lapa São São São José da Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Luzia Luzia Luzia Santa Luzia Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das Neves Neves Neves das Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Horizonte Horizonte Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Leme Leme Igarapé Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São São Joaquim Joaquim Joaquim de de de Bicas Bicas Bicas Joaquim de Bicas São São São Joaquim de Bicas Mário Mário Mário Campos Campos Campos Nova Nova Nova Lima Lima Lima Rio Rio Rio Acima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio Rio Manso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria 915 Figura 24 - Acesso espacial/oferta: Distribuição dos escores do fator 2 Fator 2: baixa cobertura PSF, baixo nº de profissionais de saúde e de leitos 0.75 to 2.41 (8) 0.02 to 0.75 (10) -0.87 to 0.02 (7) -1.98 to -0.87 (9) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Branco Capim Capim Capim Branco Nova Nova Nova União União União União Nova Nova Nova União Lagoa Lagoa Santa Santa Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Lagoa Lagoa Lagoa Santa Santa Santa Santa Leopoldo Pedro Pedro Pedro Leopoldo Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de Minas Minas Minas de Minas Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de Minas São São São José José José da da da Lapa Lapa Lapa José da Lapa São São São José da Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Luzia Luzia Luzia Santa Luzia Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das Neves Neves Neves das Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Leme Igarapé Igarapé Igarapé Leme Mateus Mateus Mateus Leme Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São Joaquim Joaquim Joaquim de de de Bicas Bicas Bicas São Joaquim de Bicas São São Joaquim de Bicas Mário Mário Campos Campos Campos Mário Campos Mário Mário Campos Nova Nova Nova Lima Lima Lima Lima Nova Nova Nova Lima Rio Rio Rio Acima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio Rio Manso Manso Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria 916 8.2.3 Fase 3: Análise de Cluster Após estimar os cinco fatores mais importantes e descrever as tendências gerais associadas à vulnerabilidade, os municípios da RMBH foram agrupados, através dos fatores, em dois conjuntos de clusters, segundo as dimensões do acesso social e espacial. A análise permitiu o agrupamento dos municípios com características semelhantes naquele âmbito. Após a identificação dos grupos de municípios homogêneos, foram avaliados os aspectos que seriam mais ou menos críticos nesses agrupamentos, individualizando os territórios vulneráveis. O agrupamento dos municípios em conglomerados ocorreu através do método Ward, visando obter grupos de municípios homogêneos (menor variância interna) em relação aos fatores avaliados. A distribuição espacial desses grupos de municípios foi avaliada por meio de mapas temáticos. A distribuição dos escores de cada fator segundo os quatro clusters estimados para a dimensão do acesso social pode ser visualizada na figura 25. -2 0 2 4 Figura 25 - Dimensão acesso social: Distribuição escores dos fatores segundo cluster Grupo 1 Grupo 2 Fator 1 Grupo 3 Fator 2 Grupo 4 Fator 3 Fonte: Elaboração própria 917 Uma melhor compreensão da relação do escore de cada fator com os indicadores principais pode ser visualizada na Tabela 3 abaixo: Tabela 3 Relação entre Score dos fatores e Indicadores Principais Score Indicadores Baixo no fator 1 Adensamento populacional, criminalidade e desigualdade social. Alto no fator 2 Pobreza, baixa escolaridade, informalidade e habitação precária Alto no fator 3 Alta proporção de mães na adolescência, mortalidade infantil e baixa esperança de vida. Fonte: Elaboração própria De modo geral, os quatro agrupamentos encontrados podem ser descritos nos seguintes termos: Grupo 1: alta densidade populacional, taxa elevada de criminalidade violenta e amplas desigualdades de renda Grupo 2: baixa renda, trabalho precário, baixa escolaridade materna e da juventude; precariedade habitacional (intensa vulnerabilidade) Grupo 3: acesso precário à saúde, taxa elevada de mães adolescentes e trabalho informal Grupo 4: medianamente vulneráveis no contexto da RMBH. A Figura 26 apresenta os agrupamentos de acordo com os 34 municípios da RMBH. 918 Figura 26 - Dimensão acesso social: Distribuição escores dos fatores segundo cluster Clusters dos municípios segundo vulnerabilidades no acesso social Grupo 1 (2) Grupo 2 (3) Grupo 3 (14) Grupo 4 (15) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Nova Nova Nova União União União Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Leopoldo Lagoa Lagoa Lagoa Santa Santa Santa Confins Confins Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de Minas Minas Minas São São São José José José da da da Lapa Lapa Lapa José da Lapa São São São José da Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Santa Luzia Luzia Luzia Luzia Santa Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das Neves Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das das Neves Neves Neves Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo Belo Horizonte Horizonte Horizonte Horizonte Belo Belo Belo Horizonte Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Ibirité Igarapé Igarapé Igarapé Igarapé Mateus Mateus Mateus Leme Leme Leme Igarapé Leme Mateus Mateus Mateus Leme Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São São São Joaquim Joaquim Joaquim Joaquim de de de Bicas Bicas Bicas de Bicas São São São Joaquim Joaquim de Bicas Mário Mário Mário Campos Campos Campos Campos Mário Mário Mário Campos Nova Nova Nova Lima Lima Lima Rio Rio Rio Acima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio Rio Manso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria 919 A distribuição dos valores de cada fator segundo os três clusters estimados para a dimensão do acesso espacial pode ser visualizada na Figura 27. Figura 27 - Dimensão acesso espacial: Distribuição escores dos fatores segundo -2 -1 0 1 2 3 cluster Grupo 1 Grupo 2 Fator 1 Grupo 3 Fator 2 Fonte: Elaboração própria A relação dos valores dos escores de cada fator com os indicadores é apresentada a seguir: 1) Escore alto no fator 1 - relacionado à alta antropização, boa cobertura de saneamento básico e presença policial; 2) Escore baixo no fator 2 - relacionado à baixa cobertura do PSF, baixo número de profissionais com nível superior e de leitos. De modo geral, os quatro agrupamentos encontrados podem ser descritos nos seguintes termos: Grupo 1: Alta antropização e alta vulnerabilidade ambiental. Boa cobertura de redes de saneamento e profissionais de segurança. Grupo 2: Baixa oferta de serviços de saúde Grupo 3: Baixa cobertura de redes de saneamento e profissionais de segurança. Boa cobertura de serviços de saúde. 920 A Figura 28 apresenta os agrupamentos espacializados de acordo com os 34 municípios da RMBH. Figura 28 – Dimensão do acesso social - Resultado da análise de cluster Clusters de municípios segundo vulnerabilidades no acesso espacial Grupo 1 (3) Grupo 2 (11) Grupo 3 (20) Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Baldim Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Jaboticatubas Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Matozinhos Capim Capim Capim Branco Branco Branco Branco Capim Capim Capim Branco Nova Nova NovaUnião União União União Nova Nova Nova União Pedro Pedro Pedro Leopoldo Leopoldo Lagoa Santa Santa Leopoldo Lagoa Santa Santa Pedro Pedro Pedro Lagoa Santa Confins Confins Confins Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de de de Minas Minas de Minas Taquaraçu Taquaraçu Taquaraçu de São São SãoJosé José José da da da Lapa Lapa Lapa José da São São São José da Lapa Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Esmeraldas Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Vespasiano Santa Santa Luzia Luzia Luzia Luzia Santa Santa Luzia Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das Neves Neves Ribeirão Ribeirão Ribeirão das das das das Neves Neves Neves Neves Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Sabará Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Florestal Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Juatuba Betim Betim Betim Betim Betim Betim Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Caeté Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Contagem Belo Belo BeloHorizonte Horizonte Horizonte Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Raposos Ibirité Ibirité Ibirité Igarapé Igarapé Igarapé Igarapé Igarapé Mateus Mateus Leme Leme Leme Igarapé Mateus Leme Mateus Mateus Leme Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo Sarzedo São SãoJoaquim Joaquim Joaquim de de Bicas Bicas São Joaquim de Bicas Bicas São São Joaquim Bicas Mário Mário Mário Campos Campos Campos Campos Mário Mário Mário Campos Nova Nova Lima Lima Nova Nova Lima Lima Lima Lima Rio Rio RioAcima Acima Acima Acima Rio Rio Rio Acima Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Brumadinho Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Itatiaiuçu Rio Rio RioManso Manso Manso Manso Rio Rio Rio Manso Itaguara Itaguara Itaguara Itaguara Fonte: Elaboração própria 921 8.3 As UDH: o Desenvolvimento Humano numa Perspectiva Intrametropolitana Desde o início dos anos 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) criou uma medida mais complexa para avaliar o bem estar de populações, indo além da dimensão unicamente econômica, como o PIB per capita, combinando três componentes no chamado Índice de Desenvolvimento Humano: a longevidade, a educação e a renda, operacionalizadas pelos valores da esperança de vida ao nascer, pelas taxas de alfabetização de adultos combinadas com a freqüência à escola no ensino fundamental e ainda pela renda familiar per capita. Inicialmente, o Desenvolvimento Humano, segundo a metodologia do PNUD, se referia a países ou regiões, o IDH. Na segunda metade dos anos 1990, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro (FJP) fizeram adaptações nos componentes demográfico e econômico, consideradas mais apropriadas à realidade dos municípios brasileiros. O chamado IDH-M foi então produzido em 1996 para todos os anos dos censos demográficos a partir de 1970, para os municípios de Minas Gerais e, em 1998, para todos os municípios do Brasil. É também de 1998, o passo mais significativo no refinamento deste tipo de análise, quando se publicam índices do desenvolvimento humano referentes à dimensão intra-urbana. Os chamados campos eram unidades de vida urbana no sistema de unidades espaciais em uso no planejamento metropolitano desde o inicio da década de 1980, especialmente para a RMBH. Em 2006, tal procedimento se repetiu com os dados do censo de 2000, não mais apenas para a RMBH, mas também para outras metrópoles do país, o que implicou mudanças nas unidades espaciais. As novas unidades, que revelaram rígidas preocupações metodológicas relativas à expansão da amostra do Censo Demográfico, receberam a denominação de Unidades de Desenvolvimento Humano, as UDHs, as quais continuam a ser operacionalizadas com agregação de setores censitários. (FJP e IPEA, 1996; FJP e IPEA, 1998 e FJP e IPEA,2006) 922 8.3.1 As Unidades de Desenvolvimento e os Espaços Intrametropolitanos Os resultados ora apresentados partem daquele estudo realizado em 2006 e mostram 287 unidades para o conjunto dos 34 municípios metropolitanos. A maioria considerável deles, 21, conta com uma única unidade, graças ao tamanho da população residente, menos que 16 mil, o que significa uma amostra no Censo Demográfico menor que 400 domicílios. É o caso de Baldim, Brumadinho, Capim Branco, Confins, Florestal, Igarapé, Itaguara, Itatiaiuçu, Jaboticatubas, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova União, Raposos, Rio Acima, Rio Manso, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo e Taquaraçu de Minas. Nos demais municípios, quanto maior a população, mais densa a ocupação do território e maior o nº de unidades. Em três municípios já foi possível distinguir o Centro da cidade; em Caeté, a categoria residual engloba o entorno dele e os distritos; em Lagoa Santa, especificam-se de um lado o Centro e a Lapinha e, de outro, a Vila Militar, a Lagoinha de Fora e a região da Soeicom. Em Esmeraldas, separam-se o núcleo tradicional daquele organizado às margens da BR-040, que inclui Novo Retiro, os condomínios Nossa Fazenda e Ipê Amarelo e Melo Viana. O resultado encontrado em Nova Lima e Pedro Leopoldo já aponta para uma maior complexidade. Em Nova Lima, distinguem-se três unidades. As duas primeiras são a do Centro Histórico, que inclui Cabeceira e Morro Velho e a do seu entorno tradicional, na sede e fora dela, como Cascalho, Matadouro e Honório Bicalho. A terceira unidade é a mais recente, marcada pelos condomínios residenciais, e é articulada por rodovias, como o Jardim Canadá, Macacos, Morro do Chapéu, Miguelão e Lagoa dos Ingleses. Em Pedro Leopoldo também são identificadas três unidades, a do Centro, a do Dr. Lund e Fidalgo e a da Lagoa de Santo Antônio, agregada à expansão urbana mais recente, incluindo os bairros São Geraldo e da Lua. Em Vespasiano, foram constatadas quatro unidades: a do Centro, incorporando ainda a região industrial e o Caieiras, e três frentes distintas de expansão metropolitana das últimas décadas: o Morro Alto e Cipriano; os bairros Nova York e Nova Pampulha e a região de Vila Esportiva a Angicos, lindeira à atual Linha Verde. 923 Tabela 4: UDHs segundo os municípios. RMBH. 2000 Nº de UDH Municípios Baldim 1 Belo Horizonte 160 Betim 20 Brumadinho 1 Caeté 2 Capim Branco 1 Confins 1 Contagem 37 Esmeraldas 2 Florestal 1 Ibirité 7 Igarapé 1 Itaguara 1 Itatiaiuçu 1 Jaboticatubas 1 Juatuba 1 Lagoa Santa 2 Mário Campos 1 Mateus Leme 1 Matozinhos 1 Nova Lima 3 Nova União 1 Pedro Leopoldo 3 Raposos 1 Ribeirão das Neves 12 Rio Acima 1 Rio Manso 1 Sabará 5 924 Santa Luzia 9 São Joaquim de Bicas 1 São José da Lapa 1 Sarzedo 1 Taquaraçu de Minas 1 Vespasiano 4 RMBH 287 Fonte: FJP. Atlas do Desenvolvimento Humano, Belo Horizonte: 2006 Na histórica Sabará, o Atlas do Desenvolvimento Humano da RMBH identificou cinco situações urbanas configuradoras de unidades espaciais. Em duas delas, nota-se uma dinâmica própria, definindo o Centro Histórico, que inclui a região da Belgo Mineira e o bairro Alto do Fidalgo, bem como outra unidade, que lhe é tributária, a do Caieira, Arraial Velho e Mestre Caetano. As outras retratam a inserção de parcelas do município na conurbação a partir da Capital, seja na expansão da região do Santa Inês e Nova Vista, seja no vetor da BR 381, região dos Borges, conjugada com Nações Unidas e finalmente no Carvalho de Brito conjugado com a expansão do Taquaril. Em Ibirité, as sete unidades constatadas identificam diferentes realidades: a primeira delas mostra uma dinâmica local expressa na delimitação do Centro, incluindo a Vila Pinheiro. As demais revelam marcas de sua formação espacial metropolitana, sendo a do Durval de Barros a mais antiga e relacionada com o dinamismo de ocupação a partir do Barreiro; as relativamente mais novas – a do Washington Pires/Piratininga e a do Marilândia/Parque Elizabeth – são um desdobramento do mesmo tipo, agora focadas a partir do Vale do Jabotá. As outras três unidades se definem a partir da região central do município com a região da Petrobrás, ainda nos limites municipais, como a de Jardim das Rosas, Petrolina e ainda a de Ouro Negro e Jardim Montreal, ou ainda com a dinâmica provocada a partir de Betim¸ como a de Bandeirinhas. Em Santa Luzia são nove as unidades configuradas pelo Atlas. Na realidade são três grandes frentes configurando a dinâmica urbana naquele território: o Centro Histórico, a região do São Benedito e a virtual área de expansão, quais sejam: a) O núcleo tradicional, que revela na sua formação a dinâmica local e comporta duas unidades, o centro propriamente dito, incluindo o Industrial Americano e Mansões, e o 925 outro lado da cidade: a Estação, Tanque e o Carreira Comprida. b) A região do São Benedito, que é, de longe, a mais populosa e complexa: seu pólo central inclui duas unidades. Outras duas são configuradas por conjuntos habitacionais dos anos 1980, a do Palmital e a do Cristina, ambos com seus prolongamentos e bolsões de pobreza. Há finalmente duas unidades constituídas da relação complexa do São Benedito com as extremidades das regionais Venda Nova e Norte, de Belo Horizonte: as unidades do Asteca/Baronesa, e a Belo Vale/Chácara Santa Inês e Duqueza, vizinhas da região do Izidoro/BH. c) A última unidade foi construída residualmente, englobando os bairros Fonte dos Camelos, Bom Destino e o povoado de Pinhões, espaços isolados e desconectados em si, misturando zona rural e extrema periferia urbana. O município de Ribeirão das Neves, nos últimos quarenta anos, década após década, apresenta crescimento populacional classificado de explosivo, a muito grande ou grande, segundo os analistas. O resultado são as doze unidades espaciais identificadas, numa primeira aproximação e que podem ser reunidas em quatro grandes frentes, quais sejam: a) A primeira é a da sede municipal, com duas unidades, a do Centro, das penitenciárias e dos bairros Savassi e da Cidade Neviana e, no seu entorno, a unidade constituída pelos bairros Hortinha, Santinho, Sevilha, Santa Marta e Roseana. b) A segunda é a de Justinópolis, sede do distrito e pólo do seu entorno. Contígua à Venda Nova, conta com cinco UDHs: a do Centro de Justinópolis e do Botafogo; Atalaia e Maria Helena; Coqueiros e Nova Pampulha; Jardim de Alá e Papine, e ainda São Januário e Guadalajara. c) A região das Areias é a terceira frente. Localizada entre Justinópolis e a sede do município, incorpora a unidade de Areias de Cima, Menezes e Espinheiro e a de Areias de Baixo, Pedra Branca e Landi. d) A última frente se dá às margens da BR-040 e conta com três unidades, com profundas diferenças entre elas. A sua referência mais conhecida é a região do Veneza, que conta ainda com o Conjunto Liberdade e o bairro Napoli, que relaciona os condomínios Vale do Ouro e Vale da Prata de um lado, e os bolsões de pobreza San Genaro, Florença e Metropolitano, de outro. 926 Betim tem seu território bastante comprometido com os processos de metropolização, na produção industrial de bens duráveis e intermediários e no espaço de moradia de trabalhadores que marcam diferentemente o seu território. São vinte as UDHs constatadas, configurando sete arranjos (bastante congruentes com a divisão adotada pelo executivo local na gestão de seu território), a saber: a) O primeiro é o do Centro em dois vetores. O primeiro incorpora os bairros tradicionais Filadélfia e Brasiléia e mesmo o Jardim da Cidade e o Cidade Verde; e outro, os bairros Salomé, Angola, e também o Decamão e a Cachoeira. E, com a ampliação da concepção de Centro, o São João também participa deste último, com a companhia, de um lado, do Jardim Petrópolis e, de outro, do Espírito Santo e Niterói. b) O segundo, chamado de Norte, não deixa de ser uma relativa extensão do Centro, em direção às Alterosas, nos bairros Novo Horizonte, Nossa Senhora das Graças e Bom Retiro. c) O terceiro, ainda num prisma mais local, consiste nas áreas potenciais de expansão das atividades econômicas, entre as quais a de moradia, em Vianópolis e ou Citrolândia, aqui reunidos e agregados aos bairros São Salvador, São José e Jardim Paulista, em virtude do tamanho absoluto da população residente em cada um deles. d) Os demais arranjos têm uma forte conotação metropolitana, dado que acolhem a maior parte da população e apresentam maiores densidades e maiores problemas habitacionais. Assim, o quarto arranjo mostra o PTB com duas unidades, a primeira é a do bairro consolidado e da refinaria da Petrobrás e das instalações da Fiat, enquanto a outra é lugar de moradia de trabalhadores pobres no Petrovale, Vista Alegre e Dona Izabel. e) O quinto é o do Imbiruçu, espaço historicamente alterado graças às manobras das composições ferroviárias a serviço da refinaria de petróleo vizinha. Esta frente comporta quatro unidades, sendo uma especial: a região do Clube Forense, a do São Luiz e o conjunto de bairros populares Universal, Granja Verde e Capelinha; a unidade especial é a favela Subaco de Cobra, que somada a outras, configura uma UDH. f) O sexto é a região das Alterosas, a mais populosa do município, organizada a partir do Jardim das Alterosas, Alterosa e Inconfidência e pelo bolsão de pobreza localizado 927 entre esses bairros e a Várzea das Flores, a saber, Cruzeiro do Sul, Icaivera e Chácara São José. g) O último é a região do Teresópolis, que articula moradias de população de baixos rendimentos nas favelas do Amazonas, Alvorada e Piemonte¸ logo no começo do município, no sentido de quem parte de Contagem pela Fernão Dias e, continuando, no Parque Jardim Teresópolis, o DI Paulo Camilo Pena, espaço especializado para a produção. Dispensável concluir que as 37 Unidades de Desenvolvimento Humano definidas para os municípios de Contagem são plenamente capazes de oferecer informações sobre o grau de satisfação das necessidades das populações e a oferta de serviços de consumo coletivo pelo poder publico e, desta forma, constrangendo ou incrementando a qualidade de vida de seus residentes. As UDHs definidas permitem uma leitura de sete conjuntos de unidades para o entendimento das riquezas e vulnerabilidades de seus moradores, quais sejam: a) O da Sede, com 5 unidades, inclui o Centro, Fonte Grande e Santa Helena; Alvorada e São Gonçalo; Bernardo Monteiro e Bela Vista, e a região dos Três Barras. b) O segundo é o da Cidade Industrial Juventino Dias, lugar da produção, de serviços e também de moradias, sobretudo vilas e favelas: Industrial 3ª Seção, São Paulo e JK; favelas Magnesita, Antonio Cambraia, Industrial, Jardim Industrial, Tito Fulgêncio, Jardim Emaús e Sandoval de Azevedo. c) Entre os dois anteriores, o espaço planejado da região do Eldorado e do CINCO Eldorado, Jardim Eldorado, Fátima, Cinco e Novo Eldorado e sua favela Marimbondos – e também o Água Branca e a favela Córrego do Água Branca. d) O quarto conjunto é o seu vizinho, a oeste, a chamada região do Riacho: o das Pedra, Granja Lemp e Vera Cruz; o Riacho Novo, Jardim Riacho; e o Santa Cruz Industrial e também Amazonas/Inconfidentes e o Flamengo Bandeirantes. e) A região da Ressaca é uma área que historicamente se firmou como extensão do Pe. Eustáquio e do Alípio de Melo, em Belo Horizonte, e que comporta quatro unidades e uma série de bairros (Balneário, Turista; Laguna e Novo Progresso;Colorado e Morada Nova, Tijuca e São Mateus) e sua extensão – de um lado, o Nacional e, de outro, o São Sebastião e Kenedy. f) Existem três lugares que parecem espaços potenciais de expansão urbana, 928 especialmente os dois primeiros, considerada sua baixa densidade demográfica, mas que, de qualquer forma, destacados como bastante vulneráveis: o Xangri-lá, que poderia participar do grupo da Ressaca ou da expansão do Centro, situado que está entre ambos, como o do Retiro e Caivera. Já relativamente isolada, em termos locais, está a densa e pobre Nova Contagem. Belo Horizonte, município da Capital, é o principal pólo metropolitano e, como tal, estruturador da região, comporta cento e sessenta unidades, número que não deixa de ser revelador de sua complexidade, riquezas e problemas. Essas unidades foram distribuídas em cinco áreas, Centro, Pericentro, Pampulha, Eixo Industrial e Periferia, como a seguir: a) O Centro, que ainda se destaca pela sua força simbólica, pela concentração dos benefícios e equipamentos urbanos de porte, pela localização crescente de atividades, especialmente dos serviços, encontra-se agregado à Zona Sul. Consiste em espaço residencial das classes sociais mais abastadas, distribuídas pelo Hipercentro e Funcionários, São Lucas e Serra, Cruzeiro e Anchieta, Carmo e Sion, Mangabeiras e Belvedere, São Pedro e Santo Antônio, Lourdes e Santo Agostinho, Cidade Jardim e Luxemburgo, São Bento e Santa Lúcia e também suas favelas, a da Serra, a do Sion e do Santa Lúcia. b) O Pericentro, expansão do Centro e corredor de passagem para as periferias, vive a tensão de local de moradia de setores médios, de conflito na ocupação do solo e de substituição de uso, passa, em algumas porções por perda de residentes e, em outras, por uma intensa elitização. Dele participam Floresta, Horto, Santa Tereza, Sagrada Família e Santa Efigênia e também favelas do Perrela, Cabeça de Porco e Alto Vera Cruz e Taquaril, mais a leste; a nordeste e a noroeste, Cidade Nova, Renascença, Concórdia, Graça, Cachoeirinha; Carlos Prates, Lagoinha, Bonfim, Favela Prado Lopes; e a oeste, Jardim América, Nova Granada, Gameleira e Morro do Querosene. Vale dizer, alta complexidade, predomínio de setores médios e espaços segregados e vulneráveis. c) A Pampulha, como espaço residencial, é uma mescla de zona sul e periferia e em acentuado processo de elitização; como espaço de atividades se destacam os serviços ligados ao campus universitário da UFMG, aos equipamentos esportivos e ao aeroporto, além obviamente dos serviços pessoais. Dela participam o São Luiz, Bandeirantes, Ouro Preto e Castelo, Jaraguá, Planalto e Itapoã e também o Jardim 929 Leblon, Brunas, Favelas do Paquetá, Santa Rosa e São Francisco. d) O município de Belo Horizonte também participa do Eixo Industrial metropolitano, particularmente na região do Barreiro, que engloba uma série de bairros como Milionários e Bonsucesso, Barreiro de Baixo e de Cima, Vale do Jatobá e Tirol. É um espaço de residência de trabalhadores industriais, em crescente diversificação, incluindo setores médios dos serviços. Seus extremos mostram grande vulnerabilidade. e) Dos grupos de espaços, as Periferias são os mais carentes, apesar das grandes alterações do processo de urbanização das últimas décadas, consideradas as melhorias na acessibilidade ao centro, bem como a relativa diversificação dos moradores. A Periferia é a área que mais cresce e que apresenta o maior incremento nas densidades de ocupação e de população. Como exemplo, delas participam os bairros Gorduras, Céu Azul, Guarani, Floramar, Jardim Felicidade, Goiana, São Gabriel, Serra Verde e Venda Nova. 8.3.2 As vulnerabilidades e os Espaços A análise das carências e progressos nas condições de vida das populações tem, pois, sido consolidadas no Índice de Desenvolvimento Humano e nos seus três componentes, os índices de longevidade, educação e renda. Antes de apresentá-los, o diagnóstico referente à dinâmica intrametropolitana, passou pela analise mais detida de alguns indicadores selecionados. 8.3.2.1 Longevidade O indicador clássico para análise da longevidade é a esperança de vida ao nascer. Para o contexto metropolitano, em 2000, essa esperança era de quase 71 anos, três anos a mais do que na década anterior. O adágio “vive mais quem vive melhor” confirma a desigualdade social, pois a diferença é significativa considerando o espaço da residência: enquanto a esperança de vida ao nascer dos favelados das regiões do São Gabriel, do Carlos Prates e Santo André e da Sta. Efigênia é de 64 anos; no outro extremo, a do morador do Carmo Sion é de 80,3. Uma análise mais detida mostra destaques positivos e negativos. Entre os primeiros, destacam-se os valores da esperança de vida ao nascer no município de Florestal e na 930 Esmeraldas tradicional, excluída a parcela conurbada às margens da BR-040. Merecem também registro os relativamente altos valores verificados, não no todo, mas em manchas em Betim (norte e centro); em áreas menos densas de Contagem; em grande parte de Belo Horizonte (Centro, Zona Sul, Pericentro e Pampulha); e em verdadeiras ilhas em Pedro Leopoldo, Vespasiano, Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Sabará. Os destaques negativos são para os menores valores de esperança de vida ao nascer nos municípios de São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Nova União; em manchas urbanas em Sabará, Santa Luzia, Ribeirão das Neves e no norte de Lagoa Santa; e em ilhas em Ibirité e Belo Horizonte. Vale finalmente registrar as profundas desigualdades no interior dos municípios de Contagem e Vespasiano, por causa das manchas diferencias com menores, médios e maiores valores na esperança de vida, dependendo do endereço de seus munícipes. Esperança de Vida ao nascer, para todas as UDHs da RMBH, 2000 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – Longevidade, para todas as UDHs da RMBH, 2000 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD 8.3.2.2 Analfabetismo A estrutura de oportunidade produzida pela sociedade – empresas, estado e instituições filantrópicas – está longe de suficiente para a eliminação do analfabetismo. O direito 931 elementar de ler, entender, de se comunicar por escrito não é exercido por 6,6% dos moradores com 15 anos e mais na região metropolitana. O realce positivo está nas quase nulas taxas de analfabetismo no Centro, Zona Sul, Pericentro e ilhas na região da Pampulha. Há espaços nos quais a proporção de analfabetos é inferior a um em cada grupo de cem adultos. Não se trata, porém, simplesmente de poder aquisitivo, hajam vistas as mesmas taxas na região industrial de Contagem, do Jatobá e mesmo do Centro de Sabará, cujos resultados foram melhores que a média metropolitana. Esta vulnerabilidade social se destaca negativamente em duas situações: a primeira é a vivida em algumas favelas de Belo Horizonte – nas regiões de Santa Efigênia, do Sion, do Morro das Pedras, do Barreiro e da Pampulha; e em Betim, em favelas e em fronteiras urbanas nas frentes de Citrolândia, Vianópolis, Marimbá e Santo Afonso. A segunda é a de habitantes de um conjunto de pequenos municípios da região – Nova União, Rio Manso, Jaboticatubas, Itatiaiuçu, São Joaquim de Bicas, Taquaraçu, Mário Campos, Igarapé e Baldim – todos com mais esta dívida social com seus moradores. Na maioria deles e também na Favela do Perrela, da Ventosa ou da Cemig, um em cada grupo de seis adultos é analfabeto. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD 932 8.3.2.3 Renda A dimensão econômica do IDH é a que expressa com maior amplitude as desigualdades vividas pela população residente nas diferentes unidades espaciais. A menor renda per capita é a constatada em favelas localizadas no norte da aglomeração metropolitana, que vive o pior dos mundos, o de ser favela longe do centro, dos locais de trabalho e ocupação, dos serviços e vizinhos de pobres e muito pobres. E a maior renda per capita é a verificada na Zona Sul de Belo Horizonte, do São Lucas ao Gutierrez. Uma segunda mancha de alta renda per capita é compartilhada por um estrato residente na orla da Lagoa da Pampulha – São Luiz e Bandeirantes – e, logo abaixo, pela expansão da Cidade Nova e do Buritis. Outro estrato, já de renda média superior, pode ser construído pelos rendimentos auferidos, de um lado, pelos moradores do Centro e, em grande parte, do Pericentro, numa ordem decrescente – Barroca/Prado, Coração Eucarístico, Santo Agostinho, Novo São Lucas, Pe. Eustáquio e Santa Tereza. E de outro lado, por moradores da chamada região da Pampulha, como Santa Amélia/Santa Mônica, Castelo, Ouro Preto e Jaraguá. Semelhante renda é auferida pela média dos residentes na Pompéia, em Venda Nova, no Caiçara, no Renascença, no Jardim Eldorado e no Centro de Betim, unidades que são representativas do grau de riqueza / pobreza da região metropolitana. Uma leitura mais acurada das unidades espaciais de mais baixa renda (inferior à metade da renda per capita metropolitana) revela que a maioria dos municípios do entorno da conurbação é de pequeno porte demográfico e de população destacadamente pobre, como a de Igarapé, Confins, Mario Campos, Raposos, Itaguara, Juatuba, Jaboticatubas, São Joaquim de Bicas, Capim Branco, Rio Acima, Baldim, Rio Manso, Nova União e Taquaraçu. Esmeraldas, apesar do indicador apresentar uma performance relativamente melhor, participa do grupo de renda per capita muito baixa. Os demais municípios apresentam uma situação mais complexa. Vale destacar nesse contexto os espaços mais vulneráveis e redutos de desigualdades sociais mais extremadas. Assim, Ribeirão das Neves é genética e morfologicamente periférica. Consiste num exemplo do crescimento via agregação de periferias e ausência do poder público na expansão da Sede, como em Justinópolis, Areias e Veneza, todos com prolongamentos e uma população com alta proporção de pobres. 933 Santa Luzia é, desde os anos 1980, destino de uma intensa migração intrametropolitana, graças ao crescimento urbano periférico, a exemplo do Bom Destino, e às políticas governamentais e seus conjuntos habitacionais de grande porte. Sabará cresce graças ao crescimento da metrópole na sua jurisdição, a exemplo de Borges, na BR 381; de Alvorada, a partir de Santa Inês, no sentido de Nações Unidas, ou da extensão do Taquaril no município. Todos esses bairros são locais de moradia de população muito pobre. As três porções do território de Ibirité – a do centro, a tensionada pela Petrobrás e Betim – e a estruturada pelo Barreiro, Durval de Barros, e pelo Jatobá, Washington Pires, são marcadamente espaços de moradias de trabalhadores pobres. Em Pedro Leopoldo, o destaque é para a maior vulnerabilidade na unidade em pleno processo de expansão, sobretudo na região do Fidalgo. Betim é sabidamente um município com alto PIB, mas também com muitos pobres na maior parte do território: na região do São João, Citrolândia e Imbiruçu/São Luiz, na região da Petrobrás, do PTB, das Alterosas, especialmente Cruzeiro do Sul e as favelas na região da fábrica da FIAT. Em Contagem merecem destaque como espaços mais vulneráveis o Retiro, Nova Contagem e favelas da região industrial e do córrego Água Branca. Finalmente, em Belo Horizonte se destacam as favelas da Zona Sul; no mínimo, duas frentes no Barreiro – a Independência/ Mineirão e o Jatobá; em Venda Nova, uma parte dos Comerciários e as favelas do Norte, da Pampulha e do Santa Mônica; as favelas da região Oeste, como a Ventosa e as da Barão Homem de Melo; as favelas da região Nordeste, como as da região do bairro São Paulo, Gorduras e Paulo VI, além do complexo Taquaril, a leste, todos espaços vulneráveis. Os mapas seguintes expressam as desigualdades analisadas, em categorias de valores absolutos da renda auferida. 934 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD O índice de Gini é uma informação sobre o grau de concentração da renda em cada uma das unidades. Como as unidades espaciais adotadas, as UDHs, são relativamente pequenas, agregando bairros vizinhos, é de se esperar que o seu valor seja mais baixo, manifestando assim alta homogeneidade. É o que parece ter acontecido onde os índices foram mais baixos (0,40), como no Carmo Sion, zona sul da Capital; no Conjunto Cristina, na região do São Benedito, em Santa Luzia; na unidade Jatobá / Marilândia, Barreiro, em BH, quase limite com Ibirité, e nos bairros consolidados do Botafogo / Maria Helena, na região mais central de Justinópolis, em Ribeirão das Neves e ainda os conurbados, como Venda Nova – espaços diferentes entre si e altamente homogêneos, segundo o indicador analisado. Há um outro grupo de unidades, cujos valores do índice de Gini indicam maior complexidade e heterogeneidade entre seus moradores: é o que parece ter acontecido na região que agrega Santa Efigênia e o Novo São Lucas; na UDH que unifica o Bairro União com o Fernão Dias, na extensão da Cidade Nova; ou ainda os bairros Adelaide e Engenho Nogueira, na vertente do Caiçara mais próxima ao Shopping Del Rei. 935 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD Tal complexificação e certamente elitização ocorrem também em bairros mais populares, a exemplo do Heliópolis / Viação, nas proximidades do Aeroporto da Pampulha. O mesmo parece estar acontecendo nos Centros de Contagem e de Betim e também nas sedes municipais de São Joaquim de Bicas, Lagoa Santa, Taquaraçu de Minas, Santa Luzia, Brumadinho, Caeté e Esmeraldas. Finalmente há um pequeno número de unidades espaciais nas quais os altos valores do Gini, superiores a 0.70, indicam mistura e diferenças significativas. Este fato foi observado nos bairros Monsenhor Messias e Celeste Império, no final da Av. Pedro II e Padre Eustáquio; na UDH construída a partir da BR040, unificando Jardim Canadá, Lagoa do Miguelão e Lagoa dos Ingleses, ou ainda na composição interna da renda auferida no grupo de favelas do Morro do Querosene, Santa Lúcia e Ventosa. 8.4 O Índice de Desenvolvimento Humano Intrametropolitano O Índice de Desenvolvimento Humano verificado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com os dados censitários de 2000, produzido pela Fundação João Pinheiro e pelo 936 Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, revela um resultado global satisfatório, 0.813, ligeiramente superior ao preconizado pelas Nações Unidas. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD Como referência do todo, bairros do Centro de Betim e da Ressaca, em Contagem, são as unidades espaciais que tiveram o mesmo resultado da média metropolitana. Tendo como referência esta média constatada empiricamente e o índice preconizado como bom, estabeleceu-se uma escala, que pretende mostrar as desigualdades sociais marcando o território metropolitano, com uma intensa variação. Tomando em conta este corte metodológico, apenas um terço das unidades vivenciou um desenvolvimento humano com índice superior ao desejado. Elas estão localizadas sobretudo em seis das nove administrações regionais da Capital; em porções bastante expressivas na região do Eldorado, Amazonas/ Inconfidentes e Riacho em Contagem, na parte dos condomínios, Belvedere e Jardim Canadá e o núcleo da sede em Nova Lima; na mancha urbana mais central de Betim, a exemplo de Filadélfia/ Brasiléia e Salomé/Angola, em ilhas no centro de Vespasiano, de Pedro Leopoldo, Santa Luzia e Sabará. Foram verificados resultados ainda inferiores ao que é considerado bom ou desejável pelas Nações Unidas (entre 0,80 a 1), a saber; Brumadinho, Igarapé, Juatuba, Florestal, Capim Branco, Matozinhos, Confins, Lagoa Santa, Caeté e Raposos. Pedro Leopoldo apresentou 937 melhor perfil, pois conta também com uma área de bom desempenho, ao contrário de Esmeraldas e Ibirité que mesclam resultado considerado médio e baixo. A relação de unidades com resultados considerados insatisfatórios, baixos e inferiores ao índice no valor 0,75 são as seguintes: a) Os municípios de Itaguara, Rio Manso, Itatiaiuçu, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas, Mário Campos, Sarzedo, Rio Acima, São José da Lapa, Baldim, Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas e Nova União; b) A população residente na maior porção de Ribeirão das Neves, pois a única unidade com resultado ao redor da média é a do conjunto dos bairros Hortinha, Santinho, Sevilha, Santa Marta e Roseana; c) Extensas e significativas populações residentes fora do núcleo da sede e da região do Ana Lucia, a saber, Caivera, Borges, Mestre Caetano, Carvalho de Brito e Nações Unidas; d) Populações residentes em Belo Horizonte, com mais significado em extensas áreas de Venda Nova, nos limites com Justinópolis e Ribeirão das Neves; na regional Norte, em ocupação, na região do Isidoro e nas porções extremas do Barreiro; e)Populações moradoras de Contagem, em Nova Contagem; Retiro e Icaivera; Petrolândia e São Caetano; Pedra Azul e Nacional; f) Extensas populações de Betim, residentes no Teresópolis, Alvorada, Imbiruçu e Alterosas, em Vianópolis e Citrolândia, no São Salvador e Jardim Paulista; O resultado mais baixo, 0.685/8, foi verificado em favelas relativamente centrais da Capital, entre Santa Efigênia, Pompéia e Taquaril, e em favelas periféricas na região do São Gabriel, Paulo VI e Gorduras. Por outro lado, o valor mais alto, de 0.973, foi constatado no Carmo–Sion e vizinhanças. E finalmente o mais complexo, compreendido pelas UDHs de Betim e Contagem, tamanha a heterogeneidade interna de unidades com bom, razoável e precário índice de desenvolvimento humano. Quando se observam os subíndices, grandes diferenças entre eles se tornam patentes. O indicador relacionado à educação é o que apresenta os resultados mais semelhantes entre as unidades – as UDHs. E também alcançam os valores mais altos, enquanto ocorre o contrário com o indicador relativo à variável renda. Este último é o que aponta mais diferenças entre os espaços no interior da região metropolitana. E, conseqüentemente, o índice parcial da 938 longevidade ocupa uma posição intermediária, não tendo a flexibilidade do da educação e nem a rigidez do da renda. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD 939 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, 2006. FJP/PNUD 8.5 Percepção dos Metropolitanos da RMBH A análise dos dados da Pesquisa da Região Metropolitana de Belo Horizonte – PRMBH – contribui para a compreensão das desigualdades sociais nos municípios componentes da RMBH. Baseia-se na análise dos processos de estratificação e mobilidade social na RMBH, informada pela premissa de Erikson & Goldthorp (1993) de que o processo de desenvolvimento capitalista atenua as desigualdades sociais por um lado, e cria novas por outro, no mesmo tempo em que proporciona novas oportunidades, democratizando o acesso a posições sociais. Nesse sentido, incorpora a informação estratégica da percepção da população para a implementação e desenvolvimento de políticas públicas assertivas. A PRMBH, por meio da aplicação de um survey em série histórica, relativa aos anos de 2002, 2005 e 2008, analisa aspectos das desigualdades sociais, as redes de sociabilidade e participação política, relativos à população da RMBH. A Pesquisa contribui para o levantamento de informações relativas à percepção da qualidade de vida na cidade e no bairro onde se mora, bem como sobre aspectos das políticas públicas de saúde, educação, segurança pública, saneamento, dentre outros. A amostra da PRMBH obedece aos princípios da amostragem probabilística por estágios, se valendo de dados populacionais do Censo 2000 para a seleção dos setores censitários e, a seguir, dos domicílios, a partir de uma listagem fornecida pela Fundação João 940 Pinheiro (Aguiar, 2007). A amostra foi composta de 1440 entrevistas, distribuídas em 120 setores censitários, equivalendo a uma média de 12 entrevistas por setores censitários, possibilitando uma desagregação representativa dos dados relativos à cidade de Belo Horizonte e aos demais municípios da RMBH. 8.5.1. Qualidade de Vida A percepção constitui-se em componente estratégico para mensuração da qualidade de vida de uma população, principalmente em ambientes urbanos. O pressuposto é que a vida dos indivíduos em uma cidade está continuamente exposta a uma série de características ambientais, que podem produzir percepções de satisfação, aversão ou indiferença (KEINERT, VIITE, JANUZZI & KEINERT, 2002). Nessa perspectiva, o conceito de qualidade de vida, segundo Silva (1996), introduz uma valorização de horizontes desejáveis para os grupos sociais, havendo diferenciações nos níveis de exigência e de aspirações dos mesmos. Assim, é um conceito que lida com interpretações subjetivas, devendo-se considerar as percepções individuais e coletivas. A partir dos dados da Pesquisa BH Survey para 20021, observa-se que a análise comparativa entre a Qualidade de Vida (QV) autodeclarada foi de que 70% dos residentes em Belo Horizonte concordam que há uma boa QV na cidade e, em contrapartida, cerca 58% dos residentes nos demais municípios da RMBH partilham da mesma opinião (GRÁFICO 1). Em princípio, observa-se uma avaliação muito positiva da QV em Belo Horizonte e nos demais municípios, pois se agregarmos as declarações boa e regular atinge-se um patamar da ordem de 80% para ambos espaços metropolitanos. 1 Os ciclos do BHSurvey de 2005 e 2008 não incluem essa variável sobre QV na cidade e no Bairro e, nem qualquer outra variável proxy impossibilitando uma análise comparada longitudinal (séries históricas). 941 GRÁFICO 1 - Qualidade de Vida nas cidades da RMBH - Minas Gerais - RMBH, 2002 Fonte: PRMBH, UFMG A avaliação da qualidade de vida no bairro pelos residentes na cidade de Belo Horizonte aponta, também, que cerca 75% dos residentes em Belo Horizonte a avaliam como boa, em contrapartida aos 60% dos residentes nas demais cidades da RMBH (GRÁFICO 2). Esses resultados corroboram para um reconhecimento por parte dos cidadãos metropolitanos de que a qualidade de vida é considerada melhor na cidade pólo, produzindo uma percepção com valoração dos atributos atinentes a áreas com maior grau de urbanização e com maior oferta de bens e serviços nos âmbitos público e privado. GRÁFICO 2 - Qualidade de Vida nos bairros das cidades da RMBH - Minas Gerais RMBH, 2002 Fonte: PRMBH, UFMG Nesse caso, a premissa da percepção da população sobre QV na RMBH pode vir a ser um bom indicador qualitativo para monitoramento e avaliação das políticas públicas, contribuindo para uma re-orientação das ações governamentais voltadas para o bem-estar dos cidadãos metropolitanos. Na medida em que o PDDI-RMBH propõe uma estratégia de 942 implantação de políticas de inversão de prioridades, produzindo um ciclo virtuoso no campo das políticas, seria recomendável incorporar essa dimensão qualitativa sobre a QV da população em um Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação das Políticas Públicas adotadas na RMBH. Nessa direção, pode-se observar na próxima análise a comparação da QV nos bairros entre o município pólo de Belo Horizonte e demais municípios da RMBH, referente ao período de 2002 a 2008. Entre 2002 e 2008 aqueles que avaliam a QV como boa e regular, entre a população residente nos demais municípios, apresentam uma tendência de melhora qualitativa da avaliação, corroborada pela redução da avaliação feita por aqueles que consideram a QV ruim (GRÁFICO 3). GRÁFICO 3 -Qualidade de Vida nos bairros das cidades da RMBH - Minas Gerais RMBH, 2002 -2008 Fonte: PRMBH, UFMG Em adição, nota-se uma tendência de relativo decréscimo da avaliação, entre 2002 e 2008, no tocante à QV na cidade de Belo Horizonte como boa e também como ruim. No mesmo período, apenas no patamar regular, há uma tendência de melhora. Isso pode expressar a percepção dos residentes de uma relativa piora da QV nos bairros, talvez devido a saturações dos espaços urbanos e à baixa eficácia das políticas públicas, dentre outros aspectos. 943 GRÁFICO 4 - Qualidade de Vida nos bairros da cidade de Belo Horizonte - Minas Gerais - RMBH, 2002 -2008 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.2. Políticas Públicas Revela-se cada vez mais estratégica para as ações governamentais a compreensão da percepção da população em relação aos serviços e bens ofertados pelo Estado. Estratégica, na medida em que se caracteriza como um indicador sensível e longitudinal acerca da opinião sobre o acesso e qualidade desses serviços e bens disponibilizados aos cidadãos metropolitanos. Nesse sentido, as análises desenvolvidas a seguir indicam o grau de satisfação dos metropolitas em relação aos serviços públicos básicos e sua percepção, tanto em termos de quantidade, quanto de qualidade da oferta na área de infra-estrutura e de serviços sociais. 8.5.2.1. Vagas nas Escolas e Creches Em relação às vagas nas escolas e creches, a população declara uma redução da intensidade do problema (menos e pouco grave), sinalizando, tanto para a Capital, quanto para os demais municípios uma percepção de melhora da oferta de serviços. No entanto, mantémse a percepção da questão, como um problema grave ou muito grave, em um patamar expressivamente alto (em torno de 40%), com uma percepção mais acentuada de melhora para a Capital e de relativa estabilidade para os demais municípios. 944 GRÁFICO 5 - Vagas em escolas ou creches nos bairros das cidades da RMBH - Minas Gerais – Belo Horizonte, 2002 – 2008 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 6 – Vagas em escolas ou creches nos bairros das demais cidades da RMBH Minas Gerais – RMBH , 2002 – 2008 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.3. Relação de Bem-estar com a Vida nos Bairros Apresenta-se uma tendência positiva sobre a sensação de bem-estar relacionada aos bairros de residência na RMBH ao longo do período de 2002 a 2008, expressada no fato de que os cidadãos metropolitanos hoje se sentem “mais em casa” em seus bairros de residência, do que nos anos anteriores. Bem como, também se infere, a partir do gráfico abaixo, uma tendência na estagnação sobre a percepção negativa da população da RMBH sobre bem-estar em seus bairros (GRÁFICO 7). 945 GRÁFICO 7 - Bem-estar em relação ao bairro de Residência Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.4 Segurança Locacional As pessoas se sentem mais seguras se deslocando no bairro durante o dia e muito inseguras se deslocando à noite, indicando uma sensação inversamente proporcional entre o deslocamento diurno e noturno nos bairros onde residem (GRÁFICOS 8 e 9). GRÁFICO 8 Fonte: PRMBH, UFMG 946 GRÁFICO 9 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.5 Serviços no Bairro Em relação à falta de comércio ou serviços observa-se uma tendência de avaliação positiva tanto em Belo Horizonte, quanto nas demais cidades da RMH entre os anos de 2002 e 2008, mas maior intensidade para o município de Belo Horizonte. (GRÁFICOS 10 E 11) GRÁFICO 10 Fonte: PRMBH, UFMG 947 GRÁFICO 11 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.6. Lixo no Bairro Entre o período de 2002 a 2008 os residentes na RMBH tem uma avaliação altamente positiva no quesito recolhimento do lixo e, apenas uma minoria (10%) considera esse problema como algo grave (GRÁFICOS 12 E 13) GRÁFICO 12 Fonte: PRMBH, UFMG 948 GRÁFICO 13 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.7 Saneamento no Bairro Há por parte da população da RMBH um reconhecimento de que os serviços de saneamento básico não é um problema grave atingindo patamares superiores a 60% em Belo Horizonte e demais municípios, com um tendência crescente positiva entre o período de 2002 e 2008 (GRÁFICOS 14 e 15) GRÁFICO 14 Fonte: PRMBH, UFMG 949 GRÁFICO 15 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.8 Transporte Coletivo Enquanto na cidade de Belo Horizonte há uma relativa piora da avaliação sobre o transporte coletiva entre o período de 2002 e 2008, ocorre uma ligeira melhora nos demais municípios da RMBH (GRÁFICOS 16 E 17) . GRÁFICO 16 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 17 Fonte: PRMBH, UFMG 950 8.5.9 Sistema Hospitalar e Postos de Saúde no Bairro Há uma percepção de relativa piora desses serviços na Capital e de estabilidade nos demais municípios da RMH (GRAFICOS 18 E 19). GRÁFICO 18 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 19 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.10 Policiamento no Bairro A tendência em Belo Horizonte e demais municípios da RMBH é semelhante no tocante à presença de policiamento entre o período de 2002 a 2008, reduzindo a percepção de que esse serviço social é algo grave nos bairros (GRÁFICOS 20 E 21) 951 GRÁFICO 20 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 21 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.11 Áreas de Lazer Em termos de disponibilidades de áreas de lazer na RMBH, os metropolitas apontam um relativa melhora dessa situação, seja em Belo Horizonte ou nos demais municípios (GRÁFICOS 22 E 23) 952 GRÁFICO 22 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 23 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.12 Tráficos de Drogas no Bairro Os residentes na cidade de Belo Horizonte têm uma percepção de inalteração do tráfico de drogas entre o 2005 e 2008, enquanto os residentes nos demais municípios da RMH apontam para uma relativa redução dessa percepção (GRÁFICOS 24 E 25) 953 GRÁFICO 24 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 25 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.13 Presença de Gangues no Bairro No tocante a presença de gangues no Bairro, a percepção dos metropolitas seja em Belo Horizonte ou nos demais municípios é semelhante indicando que ao logo do tempo analisado houve uma piora dessa situação (GRÁFICOS 26 e 27). GRÁFICO 26 Fonte: PRMBH, UFMG 954 GRÁFICO 27 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.14 Mendigos no Bairro Há uma percepção de redução de presença de mendigos, pedintes e meninos de rua nos bairros na RMBH no período de 2005 e 2008 tanto para a cidade de Belo Horizonte, quanto para os demais municípios (GRÁFICOS 28 E 29). GRÁFICO 28 Fonte: PRMBH, UFMG GRÁFICO 29 Fonte: PRMBH, UFMG 955 8.5.15 Confiança na Polícia Dados exclusivos para 2008 mostram que a confiança na polícia na RMHB é semelhante entre os residentes na cidade de Belo Horizonte e nos demais municípios, mas o grau de confiança é relativamente baixo de acordo com o Gráfico 30, a seguir, apenas 30% confiam muito na Polícia, enquanto mais de 50% confiam pouco. Entre aqueles que não confiam (em tornbo de 15%), há um maior grau de desconfiança entre os cidadãos residentes nos demais municípios (GRÁFICO 30). GRÁFICO 30 Fonte: PRMBH, UFMG 8.5.16. Confiança nos Vizinhos Já entre vizinhos, há um alto grau de confiança, alcançando patamares superiores a 60%, o que ocorre de forma semelhante entre os metropolitas de Belo Horizonte e demais municípios. Esse elevado grau de confiança entre vizinhos, embora não seja suficiente por si só, é um indicador que corrobora para uma compreensão (positiva) do tecido social metropolitano, baseada no elevado estoque de capital social instalado. (GRÁFICO 31). GRÁFICO 31 Fonte: PRMBH, UFMG 956 8.6 Considerações Sobre o Diagnóstico Tridimensional A RMBH, como uma das principais metrópoles regionais do Brasil, com uma concentração de 25% da população do estado de Minas Gerais, sendo que a metade dessa população vive na cidade de Belo Horizonte, vem experimentando um processo de periferização da população, com o adensamento populacional em áreas situadas junto aos limites da capital. Em termos do desenvolvimento humano, observa-se uma relativa melhora ao longo dos anos analisados, com intensificação nos anos recentes, apontando para uma aproximação entre os indicadores para Belo Horizonte e para os demais municípios componentes da RMBH (PRATES et al, 2010). Em termos de renda per capita, nota-se a aceleração do ritmo de crescimento dessa variável na última década, com maior intensidade para as franjas mais pobres, implicando significativa redução da pobreza, mas, ainda, com manutenção de um alto patamar de desigualdade de renda. Apesar do crescimento da renda e da diferença socioespacial, ainda permanece um hiato na dimensão educação entre pobres e ricos, com uma acentuada disparidade, principalmente, nos níveis educacionais médio e superior. A permanência dessas condições induz os jovens mais pobres a uma inserção mais precarizada no mercado de trabalho, determinada em parte pelas disparidades de acesso aos serviços educacionais e pela desigualdade estrutural de renda. No aspecto longevidade, as condições sociais e econômicas precarizadas dos estratos sociais mais pobres refletem uma expectativa de vida ao nascer em torno de 03 anos menor em relação aos estratos sociais mais ricos (PRATES et al, 2010). Em termos da evolução do IDHM, os dados mais recentes indicam uma sensível melhora da situação da RMBH na última década, partindo de um patamar de 0,802 em 2001 e atingindo 0,850 em 2008, enquanto que, no estado de Minas Gerais, a transição é da ordem de 0,781 para 0,824. No entanto, essa diferença entre a RMBH e o Estado deve-se estritamente à performance do índice na Capital, que atingiu, em 2008, o patamar de 0,880, indicando que os demais municípios da RMBH estão em um nível próximo à média estadual. 957 A análise segmentada por UDHs entre os 60% mais pobres e 40% mais ricos2 (PNAD 2008), permite uma melhor visualização das disparidades intrarregionais e intramunicipais. Os dados mostram um menor grau de desenvolvimento humano do grupo formado pelos 60% mais pobres, cujo IDHM é 15% inferior ao do grupo de 40% mais ricos. Considerando a evolução do indicador para no período recente, entre os anos de 2005 e 2008, de acordo com Prates et al.(2010, p. 44), o índice relativo ao grupo dos mais pobres só alcançaria o nível já alcançado pelos mais ricos em 17 anos (PRATES et al, 2010). As disparidades sociais e econômicas aqui analisadas expressam-se em territórios compostos de múltiplas vulnerabilidades possibilitando a identificação de manchas urbanas (ver análises anteriores sobre IDH por UDH) possibilitando um mapeamento preciso para o desenvolvimento de políticas públicas com foco nas políticas de inversão de prioridades (própobre e de inclusão social). Assim, as políticas de vulnerabilidades devem ser cotejadas com as políticas públicas existentes, nos diversos âmbitos de atuação governamental (Federal, Estadual e Municipal). As vulnerabilidades identificadas na RMBH indicam as áreas e populações mais carentes, tanto da atuação do estado nessas três esferas, em termos de infraestrutura básicas, como provavelmente de oportunidades de trabalho, emprego e renda e acesso a serviços. Em outra perspectiva, a percepção da população residente na RMBH vem experimentando um incremento favorável em quase todas as áreas de atuação das políticas governamentais (ver as análises anteriores sobre a Pesquisa de Percepção da RMBH) indicando um feedback positivo e de alta resiliência às políticas desenvolvidas até então, mas demandando, ainda, a sua intensificação para uma maior homogeneização das condições socioeconômicas dos cidadãos da RMBH e produção de uma ambiência cosmopolita com maior justiça social e elevado comportamento cívico. 2 O corte dos dois grupos corresponde ao valor de R$545,54 de renda familiar per capita ( a preços de agosto de 2009) , enquanto a renda per capita média dos 60% mais pobres e a dos 40% mais ricos equivalem, respectivamente, a R$ 287 e R$ 1497,00 958 8.7 Proposições Setoriais Na seqüência processa-se as análises setoriais nas áreas de meio-ambiente, saúde e segurança pública, numa tentativa de esboçar as diretrizes gerais de cada área e apontar estratégias de soluções dos pontos críticos encontrados nos diagnósticos desenvolvidos anteriormente. Ou seja, a idéia força é a de informar Políticas e Programas públicos visando a superação dos obstáculos e pontos de estrangulamento diagnosticados previamente. 8.7.1. Mapeamento de Risco do Plano Municipal de Redução de Risco – PMRR RMBH O Governo Federal, com a criação do Ministério das Cidades em 2003, instituiu a Ação de Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários, no âmbito do Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários. Tratase de articular um conjunto de ações visando à redução de risco nas áreas urbanas, ações que, associando-se ao Sistema Nacional de Defesa Civil, avancem no sentido de incorporar as necessárias atividades municipais de gestão do território urbano e estejam em concordância com os programas de urbanização e regularização de favelas e loteamentos precários, áreas particularmente vulneráveis à ocorrência de desastres, associados aos deslizamentos de encostas. Esta Ação compreende três modalidades, quais sejam: 1) Treinamento de equipes municipais, com o objetivo de capacitar técnicos das prefeituras para a elaboração de diagnóstico, prevenção e gerenciamento de risco; 2) Apoio financeiro para elaboração, pelo município, do plano de redução de risco, instrumento que planejamento que contempla o diagnóstico de risco, as medidas de segurança necessárias, a estimativa de recursos necessários, o estabelecimento de prioridades e a compatibilização com os programas de urbanização de favelas e regularização fundiária; e, 3) Apoio financeiro para elaboração de projetos de contenção de encostas em áreas de risco consideradas prioritárias nos Planos Municipais de Redução de Riscos. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (SEDRU-MG) elaborou, para municípios da RMBH, Planos Municipais de Redução de Risco (PMRR). A ação, iniciada em 2009, baseou-se em dados da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil no período de chuvas 2007/2008. Desta forma, foram priorizados os municípios de Caeté, Ibirité, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Santa Luzia, Vespasiano e Matozinhos. Além 959 desses, outros quatro municípios da RMBH possuem Planos Municipais de Redução de Risco, realizados anteriormente, sendo eles: Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima e Sabará. A SEDRU-MG também vem trabalhando, desde 2008, na capacitação de gestores municipais em mapeamento de áreas de risco. Foram mais de 200 pessoas capacitadas, em mais de 60 municípios mineiros. A elaboração do diagnóstico incluiu atividades de levantamento de dados e trabalhos de campo para a definição de setores de risco geológico e áreas sujeitas a inundação em: 115 assentamentos do Município de Ribeirão das Neves Destas 115 áreas, 16 não apresentaram situações de risco geológico ou possuíam apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 99 assentamentos (ver Quadro 3) nos quais delimitou-se e descreveu-se 442 setores, sendo 11 setores de risco muito alto, 109 setores de risco alto e 189 setores de risco médio, além de 133 setores mapeados como risco geológico baixo ou áreas não ocupadas predispostas ao risco geológico. Foram mapeadas 13.811 edificações entre os três níveis de risco geológico quantificados no diagnóstico, quais sejam, muito alto, alto e médio. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto existem 4.447 edificações, que correspondem às situações prioritárias para intervenção. 13 assentamentos do Município de Caeté Destas 13 áreas, 3 não apresentaram situações de risco geológico ou apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 10 assentamentos, nos quais foram delimitados e descritos 21 setores, sendo 4 setores de risco muito alto, 8 setores de risco alto, 6 setores de risco médio e 2 setores de risco baixo. Foram também mapeadas 356 edificações entre os três níveis de risco geológico. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto, existem 245 edificações, as quais correspondem às situações prioritárias para intervenção. 18 assentamentos do Município de Raposos Destas 18 áreas, 4 não apresentaram situações de risco geológico ou apresentaram apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 14 assentamentos nos quais delimitou-se e descreveu-se 31 setores, sendo 3 setores de risco muito alto, 13 setores de risco alto, 11 setores de risco médio e 4 setores de risco baixo. Foram mapeadas 559 edificações entre os três níveis de risco geológico. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto existem 363 edificações, que correspondem às situações prioritárias para intervenção. 960 12 assentamentos do Município de Rio Acima Destas 12 áreas, 3 não apresentaram situações de risco geológico ou apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 9 assentamentos nos quais foram delimitados e descritos 25 setores, sendo 2 setores de risco muito alto, 9 setores de risco alto, 10 setores de risco médio e 4 setores de risco baixo. Foram mapeadas 434 edificações entre os três níveis de risco geológico. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto existem 145 edificações, que correspondem às situações prioritárias para intervenção. 61 assentamentos do Município de Santa Luzia Das 61 áreas visitadas, 22 áreas não apresentaram situações de risco geológico ou apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 39 assentamentos, nos quais foram delimitados e descritos 100 setores, sendo 29 setores de risco alto e 46 setores de risco médio, além de 25 setores mapeados como risco geológico baixo. Foram mapeadas 5.519 edificações entre os dois níveis de risco geológico contabilizados no diagnóstico, quais sejam, alto e médio. Entretanto, em situação de risco alto existem 817 edificações, que correspondem às situações prioritárias para intervenção. 23 assentamentos do Município de Vespasiano Destas 23 áreas, 4 não apresentaram situações de risco geológico ou apenas setores de risco baixo a inexistente. Mapeou-se, então, 19 assentamentos nos quais foram delimitados e descritos 121 setores, dos quais 9 setores de risco geológico muito alto, 36 setores de risco alto e 55 setores de risco médio, além de 21 setores mapeados como risco geológico baixo a inexistente. Foram mapeadas 5.991 moradias entre os três níveis de risco geológico contabilizados no diagnóstico, a saber: muito alto, alto e médio. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto, existem 2.520 moradias, o que corresponde às situações prioritárias para intervenção. O diagnóstico de risco geológico contemplou a identificação dos processos geodinâmicos com potencial destrutivo nos Municípios, avaliando sua magnitude e contabilizando o número de edificações envolvidas. Foram indicadas também as intervenções para eliminação/redução das situações de risco diagnosticadas. A metodologia utilizada para a identificação e mapeamento das áreas de risco geológico de Caeté cumpriu os seguintes procedimentos: Identificação de evidências de movimentação do terreno. 961 Análise dos condicionantes geológico-geotécnicos e das características da ocupação dos assentamentos. Avaliação da probabilidade de ocorrência de processos associados a escorregamentos de encostas, erosão, queda de blocos rochosos, solapamento de margens de córregos e inundação com potencial para afetar a segurança de moradias. Delimitação dos setores com probabilidade de sediar os processos destrutivos identificados. Estimativa do número de edificações de cada setor de risco. Os trabalhos de campo para elaboração do diagnóstico de áreas de risco constituíramse basicamente em investigações geológico-geotécnicas de superfície, buscando identificar condicionantes dos processos de instabilização, existência de agentes potencializadores e indícios do desenvolvimento de processos destrutivos. Além da observação e identificação dos aspectos descritos, a atividade de campo seguiu os procedimentos indicados a seguir: Identificação de pontos de referência para localização das áreas de risco (ruas, córregos, feições marcantes); Delimitação dos setores de risco com atribuição do grau de probabilidade de ocorrência de processo de instabilização, com base nos critérios descritos no Quadro 2 (BRASIL, Ministério das Cidades, 2006); Estimativa das conseqüências potenciais do processo destrutivo, por meio da avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do processo atuante, definindo e registrando o número de edificações ameaçadas (total ou parcialmente), em cada setor de risco muito alto, alto e médio; Indicação de ações emergenciais necessárias para o enfrentamento do período chuvoso 2009/2010, incluindo a remoção de moradias. Riscos Geológicos em Belo Horizonte Com base nos resultados apresentados, pode-se concluir que, nas vilas, favelas e conjuntos habitacionais populares de Belo Horizonte, existem atualmente 5.379 edificações, 962 ocupando 546 setores de risco alto e muito alto associado a escorregamentos, erosão hídrica do solo e solapamento de margens de córregos. Este total de edificações em risco alto e muito alto representa, em relação aos números do Diagnóstico de Risco de 2004, uma redução de aproximadamente 49%. Vale lembrar aqui que os levantamentos do presente estudo não consideraram as edificações sujeitas ao risco de inundação, presentes nos números do Diagnóstico de Risco de 2004. Algumas considerações sobre as necessidades para o gerenciamento desses riscos podem ser feitas: atualização do diagnóstico de risco geológico; fomento à formação e capacitação dos NUDECs (atualmente com seiscentos voluntários); criação dos CREARs (responsável por 60% das vistorias no último período de chuva); criação do Programa Bolsa-Moradia, como alternativa de abrigo; possibilidade de abrigo temporário de famílias durante as chuvas; convênio com o instituto MG Tempo, o que permitiu a obtenção e repasse de alertas meteorológicos para os técnicos da PBH e para as comunidades, com previsão de quantidade e localização de chuvas. Em termos de dificuldades a serem vencidas têm-se: monitoramento das áreas onde ocorreram remoções de famílias; controle da expansão urbana e do adensamento em vilas e favelas; grande demanda de intervenção em edificações com risco construtivo. Como forma educativa de intervir neste problema a PBH participa do Programa de Arquitetura e Engenharia públicas, que, nas áreas de vilas e favelas, vem atuando ainda de forma incipiente na execução de projetos para a ocupação adequada de áreas remanescentes e reconstrução de moradias atingidas por processos geológicos. 963 Risco Geológico em Contagem O Diagnóstico de Risco Geológico do Município de Contagem foi realizado em 124 áreas, identificadas na etapa de levantamento de dados, correspondentes a assentamentos precários (vilas), loteamentos e até mesmo bairros onde se julgou haver situações de risco geológico. Foram mapeadas 1256 moradias entre os quatro níveis de risco geológico apontados no diagnóstico, quais sejam, muito alto, alto, médio e baixo. Entretanto, em situação de risco muito alto e alto, existem 447 moradias, o que corresponde às situações prioritárias para intervenção. Em resumo, a formulação de uma política pública referente a riscos geológicos merece necessariamente uma ação integrada entre todos os municípios da RMBH. Dessa forma, podese articular um conjunto de ações que incluam os investimentos em obras de eliminação de risco, o monitoramento e acompanhamento das situações de risco, o esclarecimento e a prevenção através da participação comunitária, assim como a fiscalização e o controle urbano. 8.7.1.1. Risco Ambiental A Região Metropolitana de Belo Horizonte, dotada de atributos bióticos, econômicos, culturais e estéticos significativos, destaca-se por sua vocação minerária, responsável pelo surgimento dos núcleos de população desde o Século XVIII. A exploração econômica da mineração de ouro e, posteriormente substituída, em maior escala, pela mineração de ferro, é considerada como um dos vetores de expansão urbana, iniciada historicamente pelos municípios de Nova Lima e Brumadinho. A RMBH possui áreas naturais remanescentes dos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Campos Rupestres. Nas áreas modificadas pelas atividades humanas, ainda são encontradas zonas rurais com atividades tradicionais, agricultura familiar e mecanizada. Nesse contexto, o crescimento urbano desordenado tem criado condições desfavoráveis para a qualidade de vida. As metodologias de cálculo dos indicadores de Política Pública Ambiental e Gestão Ambiental têm proporcionado um bom diagnóstico para os municípios da RMBH. Entre eles, pode-se destacar o indicador de qualidade de água para as bacias do Rio das Velhas, Paraopeba e Pará; o Indicador de Qualidade de Vida Urbana (IQVU); o Índice Mineiro de 964 Responsabilidade Social; o Zoneamento Econômico Ecológico de Minas Gerais; e o ICMS ecológico. A ação humana sobre a natureza tem causado impactos cada vez mais graves sobre a saúde humana e os ecossistemas. Associada a um panorama de desigualdades sociais e econômicas, a degradação ambiental aponta para conseqüências que já vivemos no presente: o esgotamento dos recursos naturais; os processos acelerados de desertificação; a intensificação de eventos climáticos extremos; a crise urbana relacionada à carência de serviços de saneamento básico, habitação, transporte e segurança pública; poluição química de ambientes urbanos e rurais; e a emergência e reemergência de doenças. Estes problemas são interdependentes. Seus impactos vão além das fronteiras locais e seus efeitos são produzidos e sentidos pelas populações. A busca de soluções para este quadro diversificado requer a formulação e gestão de políticas públicas interdisciplinares, integradas, intersetoriais, participativas e territorializadas. A não aplicação da legislação ambiental constitui um dos principais fatores que acarretam a degradação dos ecossistemas e que expõe as populações aos riscos. Paralelamente, as deficiências de planejamento urbano e nas políticas sociais tornam as populações ainda mais vulneráveis a esses riscos. No aspecto emergencial, torna-se necessário identificar as áreas prioritárias para a intervenção do poder público no espaço intra-urbano e no sistema ambiental micro-regional. A ocupação das áreas de preservação permanente, em especial com maior declividade, e margens dos cursos d’água tem exposto a população a inundações e escorregamento de terra, representando esses os principais riscos principalmente quando estão associados às moradias precárias. Os critérios restritivos, encontrados nas legislações vigentes dos municípios, especificamente na Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, precisam estar alinhados, para definir as áreas edificáveis e adensáveis, considerando fatores naturais, especialmente aqueles relativos a áreas hidricamente sensíveis (nascentes), corpos d'água e declividade do terreno. A identificação de áreas de risco, monitoramento, planejamento e capacitação devem constar nas ações integradas entre os municípios juntamente com uma planificação de vulnerabilidades regionais baseada em indicadores sociais, econômicos e ambientais. Nesse sentido, é fundamental estimular fatores que promovam o ordenamento da ocupação urbana em função da sustentabilidade nos projetos dos sistemas de drenagem e das edificações; na 965 regulamentação, tal como os Planos Diretores, Zoneamentos, Código de Posturas; e nas políticas, programas e projetos do Poder Público, da iniciativa privada e da sociedade. A incorporação da gestão de riscos deve estar vinculada a um departamento metropolitano que considere toda a dinâmica urbana, principalmente na gestão de bacias hidrográficas, com o envolvimento dos diversos atores. Nas ações integradas, deve-se considerar: Conhecimento, identificação e análise dos riscos Planejamento e implementação de intervenções Monitoramento permanente Informação pública Capacitação para prevenção Para uma avaliação dos riscos de inundações, o grau de importância dos elementos urbanos, tais como condições socioeconômicas da população; informações sobre cheias históricas; mapas de solos; fotografias aéreas; imagens de satélites; modelo hidráulico do rio, simulado em ambiente SIG, dentre outros, devem estar identificados em mapas de riscos de cheias, contendo a localização de tais vulnerabilidades. O impacto do crescimento demográfico e das atividades econômicas sobre a manutenção dos serviços ecossistêmicos deve ser condição de análise para o estabelecimento de diretrizes e ordenamento do espaço urbano. A produção de água e alimentos está cada vez mais distante dos grandes centros populacionais, criando riscos para o abastecimento. Para conservação dos mananciais e preservação da integridade do solo, é preciso criar incentivos fiscais que vão além do ICMS ecológico, constituindo programas de pagamento pelos serviços ecossistêmicos. Além disso, a produção agrícola e o extrativismo de matérias-primas precisam incorporar novas práticas, com indicadores que possam medir a sustentabilidade. O desmatamento, as alterações do clima, a poluição atmosférica e os altos índices de contaminação da água e do solo têm provocado efeitos danosos para a população da RMBH. Apesar dos indicadores positivos que demonstram a evolução da oferta dos serviços de saúde, ainda se verifica a presença de doenças negligenciadas sob as quais estão os problemas ambientais. Tendo em vista a estrutura econômica da RMBH, localizada no quadrilátero ferrífero, com importantes jazidas minerais, é fundamental reconsiderar os critérios, compromissos e 966 responsabilidades dos empreendimentos minerários, bem como da sua cadeia econômica, sobre os ecossistemas e também na teia social das comunidades. Verificou-se que a RMBH, por reunir grande fator de ameaça numa área bastante sensível, foi a que obteve maior nível de risco no Estado de Minas Gerais como um todo. Tal fato pode ser explicado historicamente, tendo em vista que as áreas mineradoras foram fatores atrativos para o estabelecimento da população no seu entorno. As barragens devem ser cadastradas no Banco de Declarações Ambientais (BDA) e sofrer auditoria periódica de segurança, cujos resultados e recomendações devem ser declarados à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), na freqüência estabelecida na legislação em vigor. Com base nas informações declaradas, a FEAM está divulgando o Inventário Estadual de Barragens de Minas Gerais de 2009, contendo a situação relativa à condição de estabilidade das 720 estruturas cadastradas. Para aprimorar a Gestão de Barragens do Estado de Minas Gerais, foi criado um sistema informatizado no BDA. O Banco de Declarações é uma ferramenta de gestão que contém os sistemas de gerenciamento de áreas, de gerenciamento de barragens, de gerenciamento de resíduos sólidos industriais e de resíduos minerários e um módulo para declaração de carga poluidora no âmbito do Estado de Minas Gerais. Numa escala especial, é preciso construir mapeamentos intra-urbanos que subsidiem as legislações de regulamentação, fiscalização e incentivos. Além disso, é fundamental estruturar políticas públicas participativas, onde questões como saneamento, resíduos sólidos, prevenção de epidemias, enchentes e deslizamentos sejam de fato discutidas com as comunidades e incorporadas no cotidiano dos cidadãos. A sociedade é igualmente responsável pela sustentabilidade, portanto, deve estar imbuída de consciência ambiental e ser orientada à prática da ocupação urbana sustentável, valendo-se de mecanismos tanto econômicos quanto ambientalmente corretos. O incentivo de práticas voltadas para o consumo consciente, coleta seletiva de resíduos, uso de transporte coletivo, uso racional da água e energia, através de ações educacionais, certamente contribuirão para diminuição dos riscos e vulnerabilidades socioambientais. O acompanhamento dos dados pluviométricos e previsão meteorológica, com repasse de alertas, a identificação e análise de riscos, a adoção de medidas de prevenção de acidentes e redução de riscos, o planejamento para situações de contingência e de emergência, a informação pública, a capacitação e mobilização social para autodefesa e implementação plena de políticas de habitação, com aprimoramento das ações de controle da expansão urbana 967 e adensamento, são medidas que devem ser compartilhadas através de instrumentos de cooperação, maximizando os recursos e harmonizando as ações entre os municípios da RMBH. Questão prioritária de todas as grandes metrópoles, as mudanças climáticas3 e o controle da emissão dos gases de efeito estufa estão contemplados no PDDI através de um estudo específico. As propostas do Estudo de Mudanças Climáticas no PDDI englobam 3 aspectos: vulnerabilidade, adaptação e mitigação. O primeiro conjunto de propostas tem como objetivo o controle e monitoramento climático para a RMBH. Essas propostas se justificam devido à elevada incerteza e pouco conhecimento científico sobre o fenômeno das mudanças climáticas em áreas metropolitanas, como a RMBH. Assim, deve-se construir/aprimorar um sistema de monitoramento das condições e mudanças climáticas, assim como da concentração de poluentes ambientais, tanto atmosféricos como hídricos. O segundo conjunto de propostas foca a adaptação às mudanças climáticas e tem como objetivo preparar e planejar a infraestrutura da região para impactos prováveis desse fenômeno, principalmente sobre o sistema de saúde pública e de Defesa Civil. As propostas de mitigação se inserem tanto na estratégia de “economia de baixo carbono” e desenvolvimento sustentável na RMBH, como no esforço das políticas públicas em diminuir as emissões e criar para as gerações futuras uma situação que evite a intensificação das mudanças climáticas em curso. 8.7. 2 Saúde Do ponto de vista da política de saúde, as propostas se pautarão pela elaboração de diretrizes relativas ao modelo assistencial, à gestão do sistema e ao financiamento das políticas. 8.7.2.1. Modelo Assistencial Em relação ao modelo assistencial, se coloca como linha mestra a integralidade do cuidado, com fortalecimento da atenção básica, a partir da estratégia da saúde da família, enquanto referência especial para o usuário na sua linha de cuidado em todos os ciclos de 3 Os países da América do Sul devem preparar-se para possíveis impactos das mudanças climáticas e eventos extremos, tanto do tempo quanto de clima, a fim de desenvolver avaliações de vulnerabilidade e fornecer dados para propor medidas de adaptação. A mudança climática tende a afetar o abastecimento de água para cidades e regiões rurais, levando a ciclos mais graves de secas que contribuem para os incêndios florestais mais intensos por outro lado o aumento da força e intensidade das precipitações provoca inundações e deslizamentos de terra. 968 vida, com suas especificidades (criança, adolescente, adulto, idoso, mulher, homem). Estas devem ser colocadas para todos os municípios da região metropolitana e sua cobertura deve ser a mais ampla possível e de acordo com as necessidades da população. As referências de urgência, média e alta complexidade para o usuário devem se colocar como direito e dever do Sistema Único de Saúde (SUS), podendo se organizar de acordo com o porte dos municípios, bem como de redes instaladas. Podem se configurar nos modelos hoje existentes ou em alternativas, como os consórcios de municípios, tendo sempre como ponto central a conformação de rede, com a clara definição dos papéis e responsabilidades de cada município. Será necessária a ampliação do acesso através da maior oferta de portas de urgência mais resolutivas, leitos de retaguarda e procedimentos ambulatoriais e hospitalares de média complexidade, já que na alta complexidade a RMBH não padece de demanda reprimida significativa, com exceção dos leitos de UTI adulto. Todo este cuidado deve ser resolutivo e humanizado, com vínculos fortes entre trabalhadores e usuários. No que tange à governabilidade própria dos municípios e dos Estados e no que concerne à saúde, o papel da equipe de Saúde da Família na constituição de redes solidárias familiares e comunitárias, na formação da população e no vínculo qualificado ao usuário é fundamental. Como o processo saúde-doença é multideterminado, as parcerias com outros setores do governo, municipal e estadual, e com a sociedade é premente e as políticas intersetoriais "saudáveis" são fundantes para a garantia da vida e da saúde. 8.7.2.2. Gestão Em relação à gestão, o fortalecimento da municipalização e da autonomia dos municípios é preceito fundamental. Entretanto há que se levar sempre em consideração a parceria das três esferas de governo nesta construção. Há que se fortalecer o papel da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da Gerência Regional de Saúde (GRS-BH) como articuladores, organizadores e formuladores da política de saúde e na organização dos serviços, não sendo mais suficiente apenas uma competente coordenação das pactuações. A garantia de efetivação dos pactos firmados depende de um novo modelo de governança que possa monitorar, avaliar e, se necessário, assessorar na implementação dos planos traçados. A lógica metropolitana só se viabiliza na forma de pactos solidários, potentes e resolutivos para a população da região, se este papel se estabelece como diretivo. Os pactos 969 devem respeitar o papel histórico das instâncias do SUS – Comissão Intergestora Bipartite – CIB/ Conselho de Secretários Municipais de Saúde – COSEMS, com vistas à sua legitimação e capilaridade. Há também que se fortalecer ainda os conselhos estaduais, municipais e locais de saúde, como local de formação de pactos entre gestores, trabalhadores, prestadores de serviços e usuários, de formulação e irradiação da política de saúde. Deve ser considerada a constituição de um Conselho Metropolitano de Saúde para a discussão de políticas e ações, bem como o seu financiamento, relacionada às situações e agravos próprios da conurbação. Além disto, devem ser discutidos e pactuados a organização dos serviços que são estruturantes para a consolidação do SUS Metropolitano. Ressalte-se que trabalhadores e usuários são atores que fazem "vivo" o trabalho e os serviços de saúde. Mais uma vez, deve estar presente a preocupação com a superposição de comando, havendo ofertas descentralizadas, com mecanismos de regulação do acesso e dos fluxos unificados, respeitando o papel da gestão municipal junto aos seus serviços (ex. central de regulação de leitos hospitalares, central de regulação do SAMU). Ao lado de política de financiamento e de organização da oferta, desde a promoção até a recuperação da saúde, um reordenamento da política de recursos humanos tem relevância crucial. A pactuação e investimentos em perfis para a investidura nos cargos, de modelos de remuneração que contemplem as especificidades dos municípios e serviços, e que leve em conta o desempenho desses profissionais, precisam ser pensados e viabilizados para minimizar a relação predatória na disputa pelos profissionais, especialmente médicos e profissionais da gestão. Não poderá ser esquecida a real valorização dos profissionais da atenção primária, a exemplo dos sistemas de saúde mais equânimes e resolutivos. Além disso, vencer o isolamento de serviços e/ou municípios nas negociações com as entidades sindicais pode ser uma estratégia para a negociação da REDE com seus trabalhadores, mediante uma linguagem unificada de princípios e diretrizes dos gestores que paute essas negociações. 8.7.2.3. Financiamento Inicialmente, no mínimo, cada esfera de governo deve se responsabilizar com o cumprimento das metas contidas na Emenda Constitucional 29. O financiamento dos pactos intermunicipais (política de RH, investimentos em serviços e projetos compartilhados) carece de mecanismos de transferência de recursos 970 intermunicipais ou de instância gestora dos recursos, dentro dos princípios de transparência e eficiência, e fiscalização pelos controles externos. Contratos de prestação de serviços com financiamento global, que levem em conta os perfis de morbidade/complexidade dos casos e que estabeleçam indicadores e metas de desempenho qualitativos e quantitativos, seriam indicados para substituir o já esgotado modelo de pagamento por produção, na lógica da tabela SUS. Essa modalidade de financiamento dos serviços remete a modelos alternativos de pactuação entre municípios, não sendo suficiente o modelo de PPI (Programação Pactuada e Integrada) vigente. 8.7.3. Segurança Pública A gestão metropolitana da Segurança Pública, em grande medida, deve acompanhar o modelo adotado pelo Pronasci, em consonância com o PMDI, adotando sua ênfase na prevenção da criminalidade e violência urbana. Ou seja, ademais do controle e coerção dos delitos e crimes já amplamente desenvolvidos pelas Polícias Civil e Militar integradas e uso de estratégias avançadas de análise de informações e aprimoramento da ação policial investigativa e de inteligência, é crucial o desenvolvimento de políticas preventivas de natureza socioeconômica, com objetivo de produção da inclusão social de estratos populacionais excluídos dos benefícios do Sistema de Proteção Social Nacional, do Estado e Municípios integrantes da RMBH. No entanto, demanda uma maior intensificação e integração dos planos, programas e projetos, com maior grau de investimento público e privado, para empoderamento social, econômico e político das áreas urbanas de risco e (re)inserção das suas populações segregadas. Na área de Segurança Pública, há a necessidade de manutenção e intensificação das políticas de segurança pública, focalizadas numa abordagem preventiva – já que a experiência de vitimização influencia negativamente na qualidade de vida relativa à segurança – e centrada no cidadão, especialmente naqueles com pior percepção de segurança pública, com ações focalizadas por classes sociais, gênero, raça/cor e faixa etária. Mas o aspecto proeminente é a continuidade de investimento na sensibilização e capacitação das corporações, com ênfase na Polícia Militar, para melhoria das estratégias interativas com os cidadãos metropolitanos. Para o alcance de maior efetividade da política de segurança, é indispensável criar, nos territórios com alta vulnerabilidade econômica e social, uma nova estrutura de oportunidades, para alavancar a reintegração e fortalecer os laços (empowerment) de sociabilidade e 971 cooperação mútua. Cabe ressaltar o potencial da confiança interpessoal na família, amigos e vizinhança como uma rede de consolidação e transmissão de comportamentos estratégicos preventivos, diante dos riscos de violência e criminalidade, implicando na sua elegibilidade como uma matriz “sociofamiliar” para matizar e incrementar as ações de defesa social. Outras questões relevantes são a necessidade de potencialização de ações na mídia para mudança da percepção, atitudes e comportamentos relacionados à prevenção e autoproteção da população; da minimização do efeito multiplicador do medo e insegurança em função da abordagem sistemática sobre a violência disseminada pela mídia; e a demanda de investimento estratégico no reforço dos laços sociais entre familiares e vizinhos, para fazer frente à sensação de medo e insegurança que permeia a sociedade civil. Para atingir esses objetivos, pode-se desenvolver um enforcement das políticas de policiamento comunitário; o desenvolvimento da publicidade governamental, para estímulo a adoção de ações e comportamentos preventivos por parte da população e a propagação de uma agenda publicitária, que produza um contraponto à presença massiva de notícias negativas na área de segurança pública na multimídia, entre outras. 8.8 Referências Bibliográficas BRASIL, Câmara dos Deputados. Estatuto da cidade. Guia para implementação pelos municípios e cidadãos. Brasília: Coordenação de Publicação, 2001.273p. BRASIL, Ministério das Cidades, Cities Alliance. Prevenção de Riscos de Deslizamento em Encostas – Guia para Elaboração de Políticas Municipais. Brasília. Ministério das Cidades. Cities Alliance. 111p. 2006. CAMERON, J.W. Managing risks across the public sector – Good practice guide. Auditor CAMPBELL, P.L.; STAMP, J.E. A Classification Scheme for Risk Assessment Methods. General Victoria. Austrália, 2004. Disponível em: <http://www.audit.vic.gov.au/reports_better_practice/Risk_guide_final.pdf> CARVALHO, C.S. Análise quantitativa de riscos e seleção de alternativa de intervenção: exemplo de um programa municipal de controle de riscos geotécnicos em favelas. In: Workshop sobre Seguros na Engenharia, 1. São Paulo: ABGE, 2000, P.49-56. 972 CARVALHO, C.S. Gerenciamento de riscos geotécnicos em encostas urbanas: uma proposta baseada na análise de decisão. 1996, 192f. 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Qualidade de Vida e Gestão Local; Considerações sobre Necessidades Subjetivas e a Sociabilidade. Trabalho apresentado ao IX Encontro Nacional da ANPUR, Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional, Belo Horizonte, 2003. 976 ANEXO 1: LISTAGEM E DESCRIÇÃO DOS INDICADORES SELECIONADOS Nome Densidade Populacional Fórmula de Cálculo [(População do município ) ÷ (Área do município)] Descrição A densidade populacional dos municípios tem como referência o ano de 2007. A população foi extraída dos dados da contagem populacional de 2007 (IBGE) e a área em Km² corresponde à área territorial oficial segundo quadro territorial vigente em 01 de janeiro de 2001 (IBGE). Nome Número de leitos de internação e repouso por mil habitantes (público SUS) Fórmula de Cálculo [(1000 * Número médio de leitos destinados à internação, repouso ou observação não particulares) ÷ (População do município )] Descrição O número de leitos corresponde à média de leitos no ano de 2009 destinados à internação/complementares em ambientes hospitalares, disponível para atendimento pelo SUS, e, destinados ao repouso/observação em ambientes de urgência, emergência ou ambulatoriais de prestadores públicos ou filantrópicos. Os dados referentes ao número de leitos foram obtidos do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/SUS) para o ano de 2009, no site do DATASUS. A população corresponde às estimativas populacionais de 2009 do IBGE elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA. Nome Número de Equipes de Saúde da Família por mil habitantes Fórmula de Cálculo [(1000 * Número médio de equipes de saúde da família, exceto equipes de atenção a saúde do sistema penitenciário) ÷ (População do município)] Descrição Foi estimado o número médio de equipes de saúde da família referente ao ano de 2009. Os dados de equipes de saúde da família foram obtidos do CNES (DATASUS). A população corresponde às estimativas populacionais de 2009 do IBGE, elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA. Nome Número de profissionais de saúde com nível superior por mil habitantes 977 Fórmula de Cálculo [(1000 * Número médio de profissionais de saúde com nível superior que atendiam pelo SUS) ÷ (População do município)] Descrição Foi estimado o número médio de profissionais de saúde com nível superior que atendiam pelo SUS no ano de 2009. Os dados de equipes de saúde da família foram obtidos do CNES (DATASUS). A população corresponde às estimativas populacionais de 2009 do IBGE, elaboradas no âmbito do Projeto UNFPA. Nome Proporção de mães adolescentes Fórmula de Cálculo [(Número de nascidos vivos com mães de 10 a 19 anos de idade, 20052007) ÷ (Número de nascidos vivos, 2005-2007)] Descrição O numerador foi estimado com o número de nascidos vivos com mães de 10 a 19 anos de idade no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da mãe. O denominador corresponde ao número de nascidos vivos no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da mãe. Os dados são provenientes do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC/DATASUS). Nome Proporção de mães com menos de 8 anos de estudo Fórmula de Cálculo [(Número de nascidos vivos com escolaridade materna de 7 anos ou menos de estudo, 2005-2007) ÷ (Número de nascidos vivos, 2005-2007)] Descrição O numerador foi estimado com o número de nascidos vivos com escolaridade materna de 7 anos ou menos de estudo no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da mãe. O denominador corresponde ao número de nascidos vivos no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da mãe. Os dados são provenientes do SINASC/DATASUS. Nome Taxa de mortalidade infantil bruta Fórmula de Cálculo [(1000 * Número de óbitos de crianças durante o primeiro ano de vida, 2005-2007) ÷ (Número de nascidos vivos, 2005-2007)] Descrição O numerador corresponde ao número de óbitos de crianças durante o primeiro ano de vida no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da mãe. O denominador corresponde ao número de nascidos vivos no período de 2005 a 2007 segundo município de residência da 978 mãe. Os dados são provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do SINASC/DATASUS. Nome Taxa média de Crimes Violentos Fórmula de Cálculo [(Média das taxas anuais de crime violento por 100 mil habitantes dos anos de 2006, 2007 e 2008)] Descrição Os crimes violentos correspondem às ocorrências classificadas como Homicídio, Homicídio Tentado, Estupro, Roubo e Roubo a Mão Armada, segundo a caracterização determinada pelo Código Penal Brasileiro. As informações são provenientes do armazém de dados de ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e Divisão de Crimes Contra a Vida da Polícia Civil de Minas Gerais (DCCV-PCMG), e foram elaborados pela Fundação João Pinheiro (FJP) - Núcleo de Estudos em Segurança Pública (NESP). NOTA: A opção pela agregação de informações de 3 anos em alguns indicadores foi adotada para aumentar a confiabilidade das estimativas de municípios com numerador pequeno. 979 9 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DA DEMANDA SOCIAL (ADAMS) 9.1 Introdução Nas últimas décadas, a população brasileira tem se caracterizado por mudanças demográficas importantes. A distribuição etária da população apresentava um grande percentual de pessoas em idades mais jovens, até os anos 70. A partir de então, a estrutura etária da população tem mudado gradativamente para uma distribuição mais envelhecida. A transformação na estrutura etária da população pode ter efeitos importantes sobre as condições socioeconômicas da população e a qualidade de vida em geral, afetando diretamente a demanda e oferta por serviços de saúde e educação, bem como grande impacto sobre o ambiente, mercado de trabalho e a produtividade das economias. As transformações na estrutura etária refletem um processo conhecido como “transição demográfica”, que começou com as melhorias nas condições de saúde e o declínio da mortalidade ainda nos anos 1930, posteriormente acompanhada pelo declínio das taxas de fecundidade a partir de 1960. Apesar de ter iniciado o processo tardiamente, a transição no Brasil e em suas regiões tem ocorrido de forma acelerada (CARVALHO e WONG, 1999). A taxa de fecundidade total (número médio de filhos por mulher) caiu de 5,3 em 1970 para cerca de 1,9 em 2005. A esperança de vida (número médio de anos de vida que uma pessoa que nasce em uma população deve experimentar) subiu de 57,5 em 1970 para mais de 71 anos em 2000. Até o ano 2000, observa-se um declínio da população mais jovem, um rápido aumento da população adulta (em idade ativa) e uma mudança significativa na estrutura etária. Como conseqüência da menor fecundidade e de maior longevidade, um aumento significativo da população idosa será observado nas próximas décadas. As projeções do IBGE e das Nações Unidas indicam que a população acima de 65 anos de idade representará cerca de 20% da população total em 2050 comparado com 3% em 1970. As mudanças na estrutura etária são vistas e sentidas mais claramente na razão de dependência. A razão de dependência total é a razão do número de crianças de até 14 anos e pessoas com 65 anos ou mais em relação à população de 15 a 64 anos. A razão de dependência jovem considera no numerador apenas as crianças de até 14 anos. Já a idosa considera somente a 980 população com 65 anos ou mais no numerador. A razão de dependência total deve cair até 2010, por causa do declínio da razão de dependência dos jovens. A tendência é que ela volte a aumentar após 2020 com o aumento acentuado da razão de dependência dos idosos. As mudanças demográficas descritas acima, somadas às mudanças econômicas e culturais, podem ainda levar a significativas mudanças na formação e composição de domicílios, assim como a distribuição da população e domicílios no território. Essa nova conformação deverá ter impactos diretos nas escolhas individuais e devem ser consideradas quando da elaboração de políticas públicas. Os trabalhos da Área Temática “Aspectos Demográficos e Ambientais das Demandas Sociais” (ADAMS) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) abordarão questões relativas aos impactos das mudanças demográficas, especificamente em termos de cenários de migração, mobilidade espacial, mudança na estrutura etária, transição urbana, transição de saúde, transição educacional e força de trabalho e na elaboração e aplicação de políticas públicas na região. O presente relatório apresenta os resultados da projeção populacional e de domicílios na RMBH até 2050, bem como a discussão sobre os impactos das grandes mudanças observadas para a família e sociedade. O trabalho também apresenta uma discussão sobre as atuais condições do mercado de trabalho e da educação na RMBH, e uma visão geral das condições de vida da população. A próxima etapa do trabalho irá apresentar uma análise mais detalhada da expansão da mancha urbana na RMBH. Essas projeções dependem dos diagnósticos e projetos apresentados pelas demais equipes. 9.2 Urbanização e Transição Urbana na RMBH A RMBH apresentou intenso processo de urbanização a partir dos anos 50, assim como nas demais Regiões Metropolitanas do país. Esse rápido crescimento urbano, alimentado pelas altas taxas de crescimento populacional e pela migração rural-urbana em larga escala, desafiou as competências política e administrativa além de sua capacidade de prover as amenidades urbanas básicas. Essa situação ficou mais grave devido à pobreza estrutural já existente no país (HOGAN, 1999; COSTA & MONTE-MÓR, 2002, MATOS et al, 2005). 981 A Tabela 1 ilustra o crescimento populacional da RMBH e seus 34 municípios em 2010. Pode-se verificar que, apesar do arrefecimento ocorrido no crescimento ao longo das décadas, as taxas em 1991-2000 ainda são expressivas, bem como o número de pessoas residentes nas áreas tabuladas. A redução das taxas de crescimento populacional, ocorrida a partir dos anos 90, não tem sido verificada em todo o espaço metropolitano, uma vez que algumas regiões do entorno da capital continuam a expandir-se de modo acelerado. Como explicação para essa expansão, destaca-se a migração intrametropolitana em direção a loteamentos populares para os segmentos de baixa renda e para os condomínios fechados destinados às pessoas mais abastadas (COSTA, 2003; MATOS et al, 2005). Entre 1970 e 2000, o rápido processo de urbanização ocorrido no Brasil ocorreu de forma combinada ao processo de industrialização concentrada em determinados pontos do território, bem como a situação de concentração fundiária e modernização do campo. Esse processo promoveu, dentre outros efeitos, o processo de metropolização acelerada com grande crescimento do núcleo metropolitano para a posterior expansão demográfica em direção aos municípios adjacentes que compõe a periferia metropolitana. Nesse processo de expansão urbana dos grandes centros, o processo de conurbação é parte da manifestação das interações do mercado da terra entre os municípios. Todavia, além da conurbação decorrente da integração entre os sítios urbanos municipais, o maior fluxo de bens, mercadorias e pessoas torna as regiões metropolitanas brasileiras cada vez maiores, abarcando um número maior de municípios e gerando seus efeitos multiplicadores nestes últimos. 982 Tabela 1 - População e Taxa de Crescimento Geométrico da RMBH no período 19702000 Local RMBH* Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Nova União Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano Data Emancipa ção 1948 1893 1938 1938 1840 1953 1997 1948 1901 1962 1962 1962 1943 1962 1938 1993 1938 1997 1938 1943 1891 1987 1923 1948 1953 1948 1962 1711 1856 1997 1993 1997 1962 1948 População TCG 1970 1980 1991 2000 2007 2010 1,724,820 9,362 1,235,030 37,815 17,874 25,166 4,147 111,235 15,698 4,430 19,508 7,675 9,030 5,330 12,159 14,053 11,929 8,674 33,992 3,958 20,670 10,133 9,707 5,118 5,214 45,149 25,301 4,034 12,429 2,681,778 7,567 1,780,839 84,193 18,018 30,630 4,930 280,470 16,215 4,809 39,967 16,561 9,763 5,426 11,569 19,499 18,659 16,201 41,217 4,066 30,007 11,801 67,249 5,073 4,445 64,210 59,893 3,455 25,046 3,522,908 8,383 2,020,161 170,934 19,308 33,251 6,344 449,588 24,298 5,053 92,675 27,400 10,671 7,366 12,716 29,824 27,033 23,606 52,400 4,865 41,594 14,242 143,853 7,066 4,461 89,740 137,825 3,383 54,868 4,354,404 7,953 2,237,700 306,630 26,614 36,294 7,900 4,880 537,030 47,084 5,647 133,044 24,838 11,302 8,517 13,529 16,372 37,818 10,535 24,144 30,160 64,379 5,427 53,954 14,289 245,480 7,658 4,646 115,350 184,903 18,152 15,000 17,274 3,491 76,410 4,934,210 8,278 2,412,937 415,098 31,919 37,424 8,766 5,680 608,650 55,426 5,944 148,075 31,135 12,284 8,936 15,496 19,548 44,932 11,421 25,627 33,569 72,207 5,495 56,261 14,886 329,112 8,267 5,002 120,738 222,507 22,214 17,867 23,256 3,762 91,491 4,999,365 7,725 2,512,532 395,022 30,742 38,161 9,022 5,931 593,831 52,475 5,925 154,155 30,159 12,334 9,131 15,248 17,731 44,226 11,741 26,148 34,554 75,192 5,816 64,346 14,716 311,959 8,463 4,873 133,060 216,797 21,333 18,801 20,568 3,624 93,026 1970-80 1980-91 1991-2000 2000-2010 4.5 -2.1 3.7 8.3 0.1 2.0 1.7 - 2.5 0.9 1.2 6.6 0.6 0.7 2.3 - 9.7 0.3 0.8 7.4 8.0 0.8 0.2 -0.5 - - - - - 2.7 - 3.4 3.5 2.2 1.6 3.0 1.7 7.2 3.1 0.0 3.1 7.9 - -1.5 7.3 2.0 7.7 1.3 4.1 -1.1 0.6 1.6 0.7 3.9 4.6 6.4 1.9 0.3 3.8 1.5 21.4 -0.1 -1.6 3.6 9.0 1.4 -0.3 1.2 2.6 1.5 0.5 1.3 2.0 1.0 1.1 0.5 1.5 2.0 0.9 0.7 1.2 0.8 1.6 1.1 0.8 1.4 1.6 0.7 1.8 0.3 2.4 1.0 0.5 1.4 1.6 1.6 2.3 1.8 0.4 2.0 4.4 3.7 0.5 7.9 4.7 0.8 2.8 0.9 3.3 - 2.4 -0.6 1.2 6.8 3.7 1.0 2.5 -1.3 2.8 2.3 1.2 3.0 0.0 6.2 0.9 0.5 2.9 3.4 - -0.2 7.4 0.4 3.8 Nota: * Os municípios integrantes das RMBH em 2007 foram retroprojetados até 1970. Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970 a 2000. Contagem da População 2007. Projeção Populacional Cedeplar 2010. Elaboração: Glauco Umbelino - Cedeplar/UFMG. Uma das manifestações desse processo é a aceleração da transição urbana dos municípios adjacentes às regiões metropolitanas. A expressão “transição urbana” é polissêmica, adquirindo significados diferentes em áreas do conhecimento diversas (SANTOS, 1993; LEFEBVRE, 2002; CORREA; 2001; SINGER, 1998). Em nossa análise, a transição urbana corresponde ao processo em que a população se torna predominantemente urbana, ou seja, habitante do espaço considerado urbano. Todavia, a mobilidade da população para ambientes urbanos ou a expansão desses espaços para áreas rurais contíguas desenvolve a reconfiguração social dos grupos populacionais envolvidos, mudando seus hábitos culturais, imprimindo maior velocidade na propagação de informação e comportamento, bem como insere a população não urbana no circuito de consumo de mercadorias e serviços antes não acessíveis. Mais do que isso, a transição urbana se traduziu numa mudança de comportamento 983 em áreas rurais, quando estes assumem para seu cotidiano formas de vida e consumo tipicamente urbanos (LINHARES, MAGALHÃES e MONTE-MÓR, 2004). Entretanto, essa natureza da transição urbana é de difícil mensuração para os interesses da Demografia em medir o crescimento presente e passado para, de alguma forma plausível, projetar a população futura, suas características e suas possíveis demandas. O interesse específico desta área temática é entender como essa transição e sua evolução geram demandas sociais e ambientais na RMBH, em especial decorrentes do crescimento urbano. A Tabela 2 apresenta a evolução do grau de urbanização, ou seja, o percentual da população que reside em áreas urbanas. Percebe-se que entre 1970 e 2000 a maioria dos municípios passou por sua transição urbana, passando a ter a maior parte de sua população residindo em áreas urbanas. Em contrapartida, alguns municípios apresentavam em 2000 uma população predominantemente rural. O Gráfico 1 apresenta esse balanço, apontando que boa parte dos municípios já era considerada urbana em 1970 (13 municípios), incluindo Belo Horizonte, Contagem e Raposos com mais de 90% da população urbana. Dois municípios ainda eram rurais em 2000, Taquaraçu de Minas e Nova União, assim como 6 municípios emanciparam-se já predominantemente urbanos no período. Daqueles municípios que já eram existentes em 1970 e que assistiram a transição urbana entre 1970 e 2000, a maioria deles – 7 municípios –, sofreu a transição na década de 1970. Isso denota o impacto do cenário de fortes investimentos no setor industrial e de construção, bem como o processo de forte urbanização decorrente. 984 Tabela 2 - Participação percentual da população urbana dentro dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (1970-2000) Nome do Município Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Nova União Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano Grau de Urbanização (%) 1970 1980 1991 2000 35,3 46,6 51,8 60,6 99,5 99,7 99,7 100,0 46,3 91,2 94,9 97,3 40,1 47,8 60,0 72,8 78,2 82,0 87,6 87,2 43,1 51,8 87,1 90,5 64,1 97,1 99,2 93,4 99,2 26,1 32,9 29,0 92,6 37,0 55,3 58,9 68,0 19,5 68,6 98,4 99,7 45,1 66,6 72,7 92,5 36,5 50,5 59,2 69,1 29,2 38,2 50,7 59,2 21,9 30,5 39,4 52,6 16,9 16,8 23,7 26,3 97,3 75,7 78,9 93,8 93,5 87,4 50,2 65,0 72,4 84,5 83,4 88,6 92,3 91,7 80,6 85,0 84,0 97,9 69,3 69,6 79,1 80,6 90,6 93,7 93,5 94,2 57,1 91,7 83,4 99,7 66,3 68,3 79,8 85,9 14,2 16,4 46,2 61,6 64,3 90,5 83,3 97,7 76,7 86,6 94,5 99,6 80,7 66,7 94,8 13,6 26,3 28,7 39,5 42,3 84,2 64,5 98,4 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970 a 2000. 985 Gráfico 1 - Transição Urbana dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (1970-2000) 14 13 12 10 8 7 6 6 4 3 3 2 2 0 Transição ocorrida antes Transição ocorrida entre Transição ocorrida entre Transição ocorrida entre de 1970 1970 e 1980 1980 e 1991 1991 e 2000 Emanciparam predominatemente Urbanos Predominantemente Rural em 2000 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970 a 2000 A seguir são apresentados os resultados das projeções populacionais para os municípios integrantes da RMBH entre 2010 e 2050. Ao longo do período, são estimadas taxas de crescimento decrescentes para os municípios da RMBH, atingindo valores negativos em todos os municípios no decênio 2040-2050. Observa-se que, no horizonte de projeção, Belo Horizonte permanecerá com a primazia metropolitana mesmo com o declínio em seu ritmo de crescimento, em relação aos outros municípios da RMBH. Destaca-se o município de Baldim, onde se estima crescimento populacional em torno de -0,3% a.a. em todo o horizonte de projeção. De modo geral, as estimativas apontam para o declínio rápido do crescimento populacional da periferia metropolitana em relação a Belo Horizonte, em muito relacionado à convergência no ritmo de crescimento e do comportamento das componentes demográficas no horizonte de projeção. 986 Tabela 3 - População e Taxa de Crescimento Geométrico da RMBH projetada para o período 2010-2050 População Local RMBH* Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Nova União Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano 2010 2020 2030 2040 2050 4,999,365 7,725 2,512,532 395,022 30,742 38,161 9,022 5,931 593,831 52,475 5,925 154,155 30,159 12,334 9,131 15,248 17,731 44,226 11,741 26,148 34,554 75,192 5,816 64,346 14,716 311,959 8,463 4,873 133,060 216,797 21,333 18,801 20,568 3,624 93,026 5,477,783 7,505 2,716,418 460,597 33,805 39,546 9,854 6,710 635,970 56,474 6,131 169,816 34,107 13,099 9,586 16,523 18,739 48,979 12,636 27,635 37,813 83,213 6,105 72,056 15,032 361,277 9,061 5,042 146,197 240,458 23,693 21,621 23,012 3,722 105,352 5,737,155 7,291 2,826,994 496,160 35,466 40,297 10,305 7,133 658,823 58,643 6,243 178,309 36,248 13,514 9,833 17,215 19,286 51,558 13,121 28,441 39,581 87,564 6,261 76,237 15,204 388,025 9,385 5,134 153,323 253,290 24,973 23,151 24,338 3,775 112,037 5,822,750 7,085 2,863,543 507,915 36,015 40,545 10,454 7,272 666,377 59,360 6,280 181,117 36,956 13,651 9,914 17,443 19,467 52,410 13,281 28,708 40,166 89,002 6,313 77,619 15,261 396,865 9,492 5,164 155,678 257,532 25,396 23,656 24,776 3,793 114,247 5,738,111 6,885 2,827,574 496,347 35,475 40,301 10,308 7,135 658,943 58,655 6,244 178,354 36,259 13,516 9,834 17,218 19,289 51,571 13,123 28,445 39,590 87,586 6,262 76,259 15,205 388,165 9,386 5,134 153,360 253,357 24,979 23,159 24,344 3,776 112,072 20102020 0.9 -0.3 0.8 1.5 1.0 0.4 0.9 1.2 0.7 0.7 0.3 1.0 1.2 0.6 0.5 0.8 0.6 1.0 0.7 0.6 0.9 1.0 0.5 1.1 0.2 1.5 0.7 0.3 0.9 1.0 1.1 1.4 1.1 0.3 1.3 TCG 202020302030 2040 0.5 0.1 -0.3 -0.3 0.4 0.1 0.7 0.2 0.5 0.2 0.2 0.1 0.4 0.1 0.6 0.2 0.4 0.1 0.4 0.1 0.2 0.1 0.5 0.2 0.6 0.2 0.3 0.1 0.3 0.1 0.4 0.1 0.3 0.1 0.5 0.2 0.4 0.1 0.3 0.1 0.5 0.1 0.5 0.2 0.3 0.1 0.6 0.2 0.1 0.0 0.7 0.2 0.4 0.1 0.2 0.1 0.5 0.2 0.5 0.2 0.5 0.2 0.7 0.2 0.6 0.2 0.1 0.0 0.6 0.2 20402050 -0.1 -0.3 -0.1 -0.2 -0.2 -0.1 -0.1 -0.2 -0.1 -0.1 -0.1 -0.2 -0.2 -0.1 -0.1 -0.1 -0.1 -0.2 -0.1 -0.1 -0.1 -0.2 -0.1 -0.2 0.0 -0.2 -0.1 -0.1 -0.1 -0.2 -0.2 -0.2 -0.2 0.0 -0.2 Nota: * Os municípios integrantes das RMBH em 2007 foram retroprojetados até 1970. Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970 a 2000. Contagem da População 2007. Projeção Populacional Cedeplar 2010. Elaboração: Glauco Umbelino - Cedeplar/UFMG. De forma complementar, o Gráfico 2 mostra a evolução da população total da RMBH entre 1991 e 2050. Mesmo com a convergência (tendência à similaridade) das taxas de crescimento demográfico ao final do horizonte de projeção, a inércia de crescimento atual da periferia metropolitana irá reduzir o hiato do contingente entre esta última e o do núcleo metropolitano. Destarte, já em 2020 é esperado que a população da periferia metropolitana seja superior ao da capital mineira e que, entre 2040 e 2050, o arrefecimento das taxas de crescimento se traduza no início do declínio da população da RMBH. 987 Gráfico 2 – Evolução da população total da RMBH projetada para o período 1991-2050 População Total da RM BH entre 1991 e 2050 6.500.000 6.000.000 RMBH BH 5.500.000 Outros Municípios 5.000.000 4.500.000 População 4.000.000 3.500.000 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Ano Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Projeções do Cedeplar O Gráfico 3 corrobora as observações feitas nos parágrafos anteriores, mostrando a redução da taxa de crescimento geométrico da população da Região Metropolitana. Estima-se que as taxas de crescimento da RMBH sofram forte convergência com um declínio mais rápido das taxas de crescimento da periferia metropolitana em relação às taxas da capital. A expansão metropolitana e a difusão do comportamento reprodutivo dentre as mulheres acompanhada da melhoria das condições de saúde são fortes pilares dessa redução convergente das taxas de crescimento, além da perspectiva da estabilização dos fluxos migratórios intra e intermetropolitanos. 988 Gráfico 3 – Taxa de Crescimento Geométrico da população da RMBH projetada para o período 1991-2050 Taxa de Crescimento Geométrio anual da População da RMBH entre 1991 e 2050 6,00 RMBH 5,50 BH 5,00 Outros Municípios 4,50 4,00 População 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 1991-2000 2000-2010 2010-2020 2020-2030 2030-2040 2040-2050 -0,50 Ano Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Projeções do Cedeplar Analisando o crescimento domiciliar na RMBH, entende-se que o crescimento demográfico dos municípios é acompanhado pela mudança no perfil da formação das unidades domiciliares, com crescimento dos domicílios de tipo unipessoal, muito em decorrência do padrão de fecundidade. Além disso, percebe-se que são esperadas taxas maiores de crescimento dos domicílios no último decênio de projeção dos municípios do eixo Sul e Oeste da Região Metropolitana. A Tabela 4 mostra que o crescimento do número de domicílios é superior ao da taxa de crescimento populacional graças a esta tendência. Além disso, novos padrões na ação especulativa do capital imobiliário contribuem para a expansão domiciliar em áreas potenciais como os municípios de Esmeraldas, Florestal e outros do Eixo Sul de expansão metropolitana. Assim, é esperado que até mesmo municípios onde a taxa de crescimento dos domicílios assista atual declínio tenham, no futuro, expansão devido à ação do mercado imobiliário em busca de novos espaços de ação. 989 Tabela 4 - Total de domicílios e Taxa de Crescimento Geométrico da RMBH projetada para o período 2010-2050 População Local RMBH* Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Nova União Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano 1991 970586 2508 569996 45682 6795 8832 1935 119958 8575 1627 23289 6889 3459 2577 4145 1446 9316 7674 6289 13665 11691 3356 35815 1970 1620 22552 34051 1202 13672 2000 2010 1365704.4 1,656,697 2897.3044 2,173 725348.9 771,799 94334.616 103,102 9263.8614 8,478 10871.787 9,936 2455.9708 2,387 1626.8176 1,547 163042.5 161,528 15177.719 13,497 1996.0261 1,667 38439.228 39,848 7545.6522 7,891 4041.7066 3,524 3006.3989 2,497 4666.5968 4,027 5333.9587 4,784 12218.499 11,759 3454.9027 3,056 8078.796 7,172 8876.74 8,863 19362.439 19,963 1883.5353 1,490 16594.103 16,957 3977.2315 3,688 72088.271 80,350 2385.5961 2,170 1662.6844 1,356 33180.24 34,463 52826.933 55,897 5981.633 5,582 4589.1298 4,888 5411.1207 5,351 1244.7894 973 21838.724 23,793 2020 2030 2040 2050 1,604,995 2,133 863,823 122,654 9,510 10,506 2,660 1,786 176,499 14,764 1,758 44,787 9,103 3,818 2,674 4,450 5,158 13,287 3,351 7,733 9,896 22,540 1,596 19,375 3,843 94,940 2,370 1,432 38,633 63,255 6,317 5,730 6,103 1,020 27,492 1,700,079 2,094 902,994 134,860 10,184 10,927 2,840 1,937 186,627 15,657 1,827 48,000 9,876 4,021 2,800 4,733 5,419 14,275 3,553 8,124 10,573 24,210 1,671 20,923 3,968 104,080 2,505 1,488 41,354 68,010 6,798 6,264 6,590 1,056 29,842 1,739,228 2,055 911,540 140,975 10,563 11,227 2,942 2,017 192,757 16,256 1,879 49,786 10,284 4,149 2,883 4,899 5,585 14,818 3,678 8,374 10,956 25,128 1,720 21,751 4,067 108,701 2,588 1,528 42,878 70,610 7,072 6,545 6,860 1,083 31,075 1,711,763 2,019 879,857 140,740 10,635 11,400 2,965 2,022 194,723 16,542 1,911 50,085 10,311 4,198 2,922 4,944 5,654 14,896 3,724 8,478 11,032 25,262 1,742 21,829 4,139 108,615 2,616 1,552 43,154 70,965 7,128 6,559 6,900 1,101 31,143 19912000 3.90 1.63 2.74 8.47 3.54 2.36 2.71 3.50 6.61 2.32 5.78 1.03 1.76 1.74 1.34 15.76 -10.53 1.65 13.44 -19.93 4.01 1.92 8.16 2.17 0.29 4.43 5.05 0.39 5.39 20002010 1.95 -2.83 0.62 0.89 -0.88 -0.90 -0.28 -0.50 -0.09 -1.17 -1.79 0.36 0.45 -1.36 -1.84 -1.46 -1.08 -0.38 -1.22 -1.18 -0.02 0.31 -2.32 0.22 -0.75 1.09 -0.94 -2.02 0.38 0.57 -0.69 0.63 -0.11 -2.43 0.86 20102020 -0.32 -0.19 1.13 1.75 1.15 0.56 1.09 1.45 0.89 0.90 0.54 1.18 1.44 0.80 0.69 1.01 0.76 1.23 0.93 0.76 1.11 1.22 0.69 1.34 0.41 1.68 0.88 0.54 1.15 1.24 1.24 1.60 1.32 0.47 1.46 TCG 202020302030 2040 0.58 0.23 -0.19 -0.18 0.44 0.09 0.95 0.44 0.69 0.37 0.39 0.27 0.66 0.36 0.82 0.40 0.56 0.32 0.59 0.38 0.39 0.28 0.70 0.37 0.82 0.41 0.52 0.31 0.46 0.29 0.62 0.35 0.49 0.30 0.72 0.37 0.59 0.35 0.49 0.30 0.66 0.36 0.72 0.37 0.46 0.29 0.77 0.39 0.32 0.25 0.92 0.44 0.56 0.33 0.39 0.27 0.68 0.36 0.73 0.38 0.74 0.40 0.90 0.44 0.77 0.40 0.35 0.25 0.82 0.41 20402050 -0.16 -0.18 -0.35 -0.02 0.07 0.15 0.08 0.02 0.10 0.18 0.17 0.06 0.03 0.12 0.13 0.09 0.12 0.05 0.12 0.12 0.07 0.05 0.13 0.04 0.18 -0.01 0.11 0.16 0.06 0.05 0.08 0.02 0.06 0.16 0.02 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970 a 2000. Contagem da População 2007. Projeção Populacional Cedeplar 2010. Elaboração: Glauco Umbelino - Cedeplar/UFMG. O Gráfico 4 apresenta, para cada década, o total de domicílios particulares permanentes existentes na RMBH. Tal como ocorre com a população, a partir de 2040 o número de domicílios particulares permanentes sofrerá declínio, todavia sem que a periferia metropolitana consiga superar a capital em número de domicílios dentro do horizonte de projeção. Isso mostra que, mesmo com a mudança no perfil dos domicílios e do mercado imobiliário, espera-se uma redução do número de domicílios na RMBH em conseqüência da desaceleração do crescimento populacional. De fato, mesmo não superando a capital em número de domicílios, a diferença entre a periferia metropolitana e a capital se reduzirá numa tendência de inversão para além do horizonte de projeção. 990 Gráfico 4 – Evolução do total de domicílios da RMBH projetada para o período 19912050 Domicílios Particulares Permanentes da RMBH entre 1991 e 2050 2.200.000 RMBH 2.000.000 1.800.000 BH Outros Municípios 1.600.000 População 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Ano Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Projeções do Cedeplar De acordo com o Gráfico 5, o crescimento domiciliar da RMBH na última década ocorreu a taxas elevadas e tende a diminuir seu ritmo de crescimento. Mesmo assim, a atuação do mercado imobiliário metropolitano poderá manter as taxas de crescimento dos domicílios da periferia superiores ao da capital mineira dentro do horizonte de projeção. Nesse sentido, a redução do número de domicílios da RMBH, que provavelmente ocorrerá após 2040, refletirá o impacto da redução do número de domicílios de Belo Horizonte. 991 Gráfico 5 – Taxa de Crescimento Geométrico domiciliar da RMBH projetada para o período 1991-2050 Taxa de Crescimento Geométrio anual dos domicílios da RMBH entre 1991 e 2050 6,00 RMBH 5,50 BH 5,00 Outros Municípios 4,50 4,00 População 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 1991-2000 2000-2010 2010-2020 2020-2030 2030-2040 2040-2050 -0,50 Ano Fonte: IBGE, Censos Demográficos e Projeções do Cedeplar 9.2 Dinâmica demográfica recente na Região Metropolitana de Belo Horizonte A população brasileira apresentou, historicamente, suas maiores taxas de crescimento populacional entre 1950-1970, em torno de 3% ao ano. A partir dos anos 70, observou-se um declínio acentuado do ritmo de crescimento populacional, resultado da redução da fecundidade. Entre 1960 e 2000 o número médio de filhos por mulher caiu para menos da metade no Brasil, de 5,3 para 2,1 filhos por mulher. Ao mesmo tempo, a esperança de vida ao nascer – número de anos que se espera que uma pessoa viva segundo as condições atuais de mortalidade – aumentou de forma consistente: de 57 anos em 1970 para mais de 70 anos em 2000. 992 A interação entre essas duas tendências transformou a estrutura etária da população brasileira. De uma estrutura etária jovem, nos anos 70, a composição da população está mudando para um perfil de idade mais avançado. Até essa década, as mudanças mais importantes foram a redução da população jovem e o aumento da participação da população em idade ativa (20-60 anos) e uma pequena participação da população idosa (acima de 65 anos de idade). As baixas taxas de fecundidade, principalmente e, em menor escala, a queda da mortalidade, causarão uma grande mudança na estrutura etária da população. Após o período de crescimento mais rápido da população em idade ativa, a RMBH irá observar um crescimento acelerado dos grupos etários acima de 65 anos. A Região Metropolitana de Belo Horizonte e o estado de Minas Gerais vêm passando por uma transição bastante similar ao observado no Brasil. A população da RMBH cresceu, em média, 3.08% ao ano, entre 1970 e 2000. O ritmo de crescimento da população é afetado por três variáveis demográficas: fecundidade, mortalidade e migração. Assim como observado para o Brasil, a taxa de fecundidade total (TFT) na RMBH vem caindo em ritmo acelerado desde os anos 80. O Mapa 1 mostra a Taxa de Fecundidade Total por município da RMBH em 2000, explicitando os diferenciais intrametropolitanos e mostrando que a RMBH ainda estará longe de ser homogênea quanto ao comportamento reprodutivo de suas mulheres. Nota-se, nesse sentido, que em Pedro Leopoldo, Confins, Belo Horizonte, Contagem, Raposos, Nova Lima e Brumadinho já eram estimadas taxas de fecundidade total inferiores ao nível de reposição (2,1 filho por mulher), o que destoa da realidade de outros municípios em 2000, tal como Nova União e Caeté que possuíam taxas de fecundidade total superiores a 2,75 filhos por mulher em 2000. Optamos aqui por não apresentar dados de anos anteriores por existir apenas diferença de níveis e não nos diferenciais regionais. 993 Mapa 1 – Taxa de Fecundidade Total na RMBH, por município, 2000 O Gráfico 6 mostra as projeções de fecundidade entre 2000 e 2050. A TFT em 1970 era superior a 4 filhos por mulher, e atingiu 1,72 em 2000. A projeção realizada pelo CEDEPLAR/UFMG indica que a taxa de fecundidade deve continuar caindo até atingir cerca de 1,5 filhos por mulher em 2050, um nível próximo aos países mais desenvolvidos do mundo, e bem abaixo a taxa de reposição da população (ao redor de 2,1). 994 Gráfico 6 – Taxa de Fecundidade Total na RMBH no período 1970-2050 1,75 Taxa de Fecundidade 1,7 1,65 1,6 TFT 1,55 1,5 1,45 1,4 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Anos Fonte: CEDEPLAR 2009, 2010. O aumento da esperança de vida ao nascer é uma das maiores conquistas da sociedade no último século (WILMOTH, 1999). O aumento da esperança de vida é resultado do declínio das taxas de mortalidade observada em todos os grupos etários, sendo que nos primeiros momentos a contribuição mais significativa foi da queda das taxas de mortalidade infantil e na infância. Além do declínio das taxas de mortalidade, observou-se uma significativa mudança no perfil de morbi-mortalidade da população, que será discutido mais adiante. O Mapa 2 mostra o diferencial regional na esperança de vida ao nascer em 2000. Quanto à esperança de vida, chama a atenção o fato de que Pedro Leopoldo, Confins, Florestal e Taquaraçu de Minas possuem mais de 71,76 anos de esperança de vida, à frente, inclusive, de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima que possuem esperança de vida entre 69,46 e 70,69 anos. São Joaquim de Bicas, Mário Campos e Nova União experimentaram, no ano de 2000, esperança de vida entre 64,91 e 66,36 anos. Longe de serem aleatórios, estes indicadores se relacionam positiva ou negativamente com o acesso a renda, serviços de saúde, grau de escolaridade e outros ativos sociais que reduzem a vulnerabilidade social e implicam diretamente na expectativa de vida e no comportamento reprodutivo. 995 Mapa 2 – Esperança de Vida ao Nascer na RMBH, por município, 2000 O Gráfico 7 apresenta a projeção da esperança de vida ao nascer para homens e mulheres na RMBH. A esperança de vida aumentou rapidamente entre 1980 e 2000, saltando de 62,8 anos para 67,6 anos para os homens e de 70,53 para 73,2 anos para as mulheres. Os avanços da medicina e as melhorias nas condições gerais de vida da população repercutem no sentido de elevar a média de vida dos mineiros. De acordo com a projeção do Cedeplar/UFMG, a esperança de vida em 2050 deverá atingir 75,6 e 79,3 anos para homens e mulheres, respectivamente. A diferença entre as esperanças de vida masculinas e femininas tende a se reduzir ao longo dos próximos anos caindo de 7.1 em 1980 para 3.8 anos em 2045. A redução do diferencial pode ser explicada por uma série de fatores, entre eles a queda das mortes por causas externas (particularmente homicídios e acidentes no trânsito). 996 Gráfico 7 – Esperança de Vida ao Nascer por sexo na RMBH projetada para o período 1980-2045 82 80 Esperança de Vida 78 76 74 72 Homens 70 Mulheres 68 66 64 62 60 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Anos Fonte: CEDEPLAR 2009, 2010. A combinação dos elementos demográficos, especialmente o rápido declínio da fecundidade, além de afetar a taxa de crescimento da população tem um grande impacto na estrutura etária da população. Um resultado importante da dinâmica demográfica da região metropolitana apresentada anteriormente é o processo de mudança da estrutura etária, caminhando de uma população relativamente jovem (1990) para uma população envelhecida (2050) nos próximos anos. O envelhecimento populacional é causado pelo ritmo mais rápido do crescimento da população idosa em relação aos demais grupos etários da população. Os Gráficos 9 a 13 apresentam as pirâmides etárias da população metropolitana derivadas da projeção realizada pelo Cedeplar/UFMG. As pirâmides populacionais mostram de forma clara as grandes mudanças pelas quais devem passar a população da RMBH e de seus municípios nas próximas décadas. Uma análise cuidadosa das pirâmides etárias mostra a redução proporcional (significativa) da população abaixo de 15 anos de idade. O grupo populacional mais jovem que em 1991 representava cerca de 30% da população total, vai reduzir a sua participação para cerca de 15% da população total. Essa mudança abre grandes oportunidades para investimentos em qualidade na educação. No outro extremo da pirâmide, observa-se um aumento da população acima de 65 anos de idade. Esse grupo salta de cerca de 4-5% da 997 população para mais de 25%. Esse crescimento irá alterar as necessidades e a forma de investimento em saúde e no cuidado com os idosos (por exemplo, em termos de seguridade e acessibilidade). Gráfico 8 – Estrutura Etária por sexo da população por sexo da RMBH em 1991 1991 80+ 75-79 70-74 65-69 Homens Mulheres 60-64 Faixa Etária 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Porcentagem da População Fonte dos dados básicos: IBGE, PNAD 1996-2006 e Censo 1991-2000. 998 Gráfico 9 – Estrutura Etária por sexo da população por sexo da RMBH em 2000 2000 80+ 75-79 70-74 65-69 Homens Mulheres 60-64 Faixa Etária 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Porcentagem da População Fonte dos dados básicos: IBGE, PNAD 1996-2006 e Censo 1991-2000. Gráfico 10 – Estrutura Etária por sexo da população por sexo da RMBH em 2010 2010 80+ 75-79 70-74 65-69 Home ns Mulheres 60-64 55-59 Faixa Etária 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Porce ntage m da População Fonte dos dados básicos: IBGE, PNAD 1996-2006 e Cens o 1991-2000. 999 Gráfico 11 – Estrutura Etária por sexo da população por sexo da RMBH em 2030 2030 80+ 75-79 70-74 65-69 Home ns Mulhe res 60-64 55-59 Faixa Etária 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Porcentage m da População Fonte dos dados bás icos: IBGE, PNAD 1996-2006 e Censo 1991-2000. Gráfico 12 – Estrutura Etária por sexo da população por sexo da RMBH em 2050 2050 80+ 75-79 70-74 65-69 Homens Mu lhe res 60-64 55-59 Faixa Etária 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Porcentagem da População Fonte dos dados bás icos: IBGE, PNAD 1996-2006 e Cens o 1991-2000. As mudanças na estrutura etária podem ser vistas, de maneira mais simples, na relação entre a população dependente e população ativa. Esta medida é conhecida como “razão de 1000 dependência demográfica”. A razão de dependência total é a razão entre o número de pessoas com menos de 15 anos de idade mais a população com mais de 65 anos de idade e a população entre 15 e 64 anos de idade. A razão de dependência dos jovens considera apenas a relação entre os grupos com menos de 15 anos e a população de 15 a 64, e a razão de dependência dos idosos considera os idosos, aqueles com mais de 65 anos de idade, e a população em idade ativa (15-64 anos de idade). A razão total diminuirá até 2020 em função da redução na relação entre a população dependente jovem e a população em idade ativa. Os resultados são apresentados no Gráfico 14. A tendência irá se reverter a partir de 2020, quando a população em idade avançada, acima de 65 anos, passará a crescer mais rápido do que os demais grupos etários da população. Em 2050, a população mineira terá uma razão de dependência total de cerca de 6 dependentes para 10 ativos, mas com um peso maior da população acima de 65 anos. Gráfico 1 – Razões de Dependência Demográfica da RMBH, projetada para 1990-2050 70,0 60,0 Razão de Dependência 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 1991 2000 2010 2020 2030 2040 2050 Ano Razão de Depedência Jovem Razão de Depedência Idosos Razão de Depedência Total Fonte: CEDEPLAR 2009, 2010. A mudança demográfica observada na RMBH, assim como para o restante do país, irá gerar um período de oportunidades econômicas e sociais (Queiroz et al, 2008). Entre 2000 e 2020, a população em idade ativa crescerá em um ritmo mais acelerado do que a população 1001 considerada dependente. Esse período, chamado em demografia de “bônus demográfico” ou “janela demográfica”, gera um grande potencial de crescimento e desenvolvimento econômico. O crescimento mais acelerado da população economicamente ativa em relação à população dependente tem o potencial de proporcionar uma maior capacidade e disponibilidade de poupança para investimentos. O período da janela demográfica é curto, e não se pode esquecer que o processo de envelhecimento da população irá prosseguir após este período sinérgico, invertendo a situação depois de 2030. A partir daí, a participação da população idosa no contingente da RMBH irá se ampliar, gerando uma série de novas demandas na área de saúde, transporte e habitação. O bônus demográfico, contudo, pode ser também um elemento de pressão para a economia e sociedade, caso não sejam implementadas políticas públicas adequadas ao padrão demográfico. Por um lado, o crescimento da população em idade de trabalhar permite a possibilidade de avaliação dos sistemas públicos de previdência social e saúde. O aumento potencial de trabalhadores contribuintes para o sistema cria condições de mudanças no funcionamento da previdência. Por outro lado, há um grande déficit na qualificação da mãode-obra atual e futura. De acordo com dados do IBGE, cerca de 50% da população entre 15 e 17 anos está fora da escola, e esse grupo com menor qualificação formal será o grupo formador da mão-de-obra nas próximas décadas. De maneira geral, as pessoas que entram nas idades ativas no Brasil hoje apresentam um nível de produtividade mais baixo do que observado em outros países em desenvolvimento. Em resumo, esse potencial pode ser aproveitado ou não pela sociedade durante o período da janela de oportunidades. O seu aproveitamento dependerá de vários aspectos, tais como as condições econômicas, institucionais de Estado, de operação do setor financeiro e de comportamento da família, entre outras. A consolidação das oportunidades potenciais não é mecanicamente determinada pelas condições demográficas (QUEIROZ et al, 2008; TURRA & QUEIROZ, 2009; RIOS-NETO, 2005). Nas últimas décadas ocorreram diversas mudanças demográficas importantes, como a queda da fecundidade que resultou em famílias menos numerosas, e a queda da mortalidade que permitiu maior esperança de vida. Sendo assim, notamos que as famílias têm menos filhos e os idosos vivem mais. Juntamente a isto, a renda média da população também aumentou, o que traz impactos diretos sobre a demanda por novas habitações. Nesse sentido, podemos pressupor que haverá na RMBH mais jovens procurando novas moradias e mais idosos residindo sozinhos. 1002 A população em Belo Horizonte deverá crescer apenas 3% entre os anos de 2000 e 2050, enquanto o número de domicílios ocupados terá um crescimento de 38% no mesmo período. Em decorrência disso, a composição das famílias nesses domicílios também deverá mudar, sendo que teremos mais domicílios formados por poucas pessoas (uma ou duas). O município de Contagem, que em 1970 possuía 111.235 habitantes, cresceu bastante até a década de 80, atingindo a população de 280.470 habitantes. Já entre 2007 (608.650 habitantes) e 2010 (593.831 hab), a população apresentou uma queda, ao contrário do que vinha acontecendo nos anos anteriores. Os municípios da RMBH de menor porte como Baldim, Rio Manso, Rio Acima, Taquaraçu de Minas e Florestal também apresentaram queda na população entre 2007 e 2010. Essas cidades ainda apresentam população rural considerável em relação à população urbana. Dos domicílios ocupados em Baldim, por exemplo, 1.363 eram na área urbana e 803 na área rural. Já os municípios da RMBH mais populosos e desenvolvidos como Betim, dos 78.427 domicílios ocupados, 76.299 estavam na área urbana contra 2.173 na área rural. O estudo de Fiovarante (2009) mostra ainda que em 2050, haverá uma grande proporção de pessoas casadas acima de 65 anos, dado, provavelmente, à queda de mortalidade projetada, que pode estar fazendo com que os casais permaneçam por mais tempo juntos. Entre 2000 e 2050, haverá um crescimento da proporção dos domicílios de tamanho um (de 10,9% para 20,7%) e de tamanho dois (de 16,2% para 34,2%); enquanto que, a proporção daqueles de tamanho três manter-se-á, praticamente, constante (23%), e decrescente para os domicílios maiores. 9.4 Perfil dos Movimentos Migratórios na RMBH entre 1995 e 2000 Uma das características marcantes da migração em regiões metropolitanas é o papel que o mercado de terras exerce na determinação dos fluxos e, conseqüentemente, dos eixos de expansão da mancha urbana metropolitana. No caso da Região Metropolitana de Belo Horizonte, pode-se classificar alguns agrupamentos municipais como eixos de expansão metropolitana (Mapa 3). Brito (2006) e Brito & Souza (2005) apontam que esses eixos são palco tanto da imigração intrametropolitana, com a expansão da mancha urbana e fluxos 1003 emigratórios da capital, quanto de fluxos intermetropolitanos de grupos oriundos de outras regiões do Estado ou mesmo do país. Como já apontado, vários são os fatores que impulsionam a dinâmica do uso habitacional do solo metropolitano da RMBH. Tem-se, por exemplo, o elevado preço da terra na capital e a presença de amenidades urbanas maiores em municípios periféricos à Belo Horizonte, o que promove a saída de pessoas do núcleo metropolitano em direção aos municípios adjacentes. A especulação imobiliária em alguns vetores de expansão da RMBH e o crescimento dos domicílios unipessoais (ou com reduzido número de moradores) também contribuem para manter o forte dinamismo de crescimento do tecido urbano. São descritas abaixo, de forma sintética, algumas características dos indivíduos que imprimem movimentos no espaço metropolitano, tomando como referência o intervalo entre 1995 e 2000. Estas são datas de referência da variável de migração do último censo demográfico que permitem mensurar o estoque de população migrante que, no qüinqüênio anterior ao censo, não residia no domicílio declarado na data de referência presente. Trata-se de uma apresentação geral dos fluxos por vetores de expansão. Mapa 3 – Vetores de Expansão Urbana, RMBH, 2002 1004 Ao analisar as informações sobre o sexo dos migrantes, observa-se que, em sua maior parte, os fluxos imigratórios e emigratórios são compostos por mulheres, o que é confluente com a literatura que estuda movimentos migratórios e seus impactos em ambientes urbanos (SANTOS & DINIZ, 2004). Belo Horizonte possui 54,99% de seus fluxos composto por mulheres, com maior destaque nos movimentos femininos de imigração. Quanto à emigração, o Vetor sul figura-se como sendo aquele de maior deslocamento feminino, com 54,07% de sua composição, acompanhado do Vetor Norte, com 53,37%. Quanto ao perfil etário dos Migrantes, nota-se que Belo Horizonte têm seus imigrantes com idade predominante entre 15 a 29 anos na semana de referência do censo, além de ter a menor proporção de jovens entre 5 e 14 anos de idade (14,71%). Destacam-se da RMBH, os Vetores Norte, Sul e Sudoeste, que possuem concentração maior de imigrantes entre as idades de 30 a 64 anos. Esse fato mostra o papel da migração como busca de retorno ao trabalho nestes últimos vetores, ao passo que, para Belo Horizonte e os Vetores Leste, Norte Central e Oeste, a migração pode ser não só um investimento para o início da vida laboral como também de formação profissional no aproveitamento da estrutura educacional concentrada na metrópole. Tabela 5 - População Migrante por Vetor de Expansão Metropolitana – Belo Horizonte, 1995-2000 (%) Imigrantes Emigrantes Vetor Homens Mulheres Homens Mulheres Belo Horizonte 45,01 54,99 49,03 50,97 Leste 47,13 52,87 48,82 51,18 Norte 49,92 50,08 46,39 53,61 Norte Central 49,95 50,05 49,63 50,37 Oeste 49,48 50,52 50,04 49,96 Sudoeste 49,90 50,10 48,41 51,59 Sul 49,03 50,97 45,93 54,07 Total 48,20 51,80 49,09 50,91 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 1005 Já os Emigrantes possuem algumas nuances em relação aos fluxos imigratórios, como por exemplo, a maior concentração de emigrantes nas idades entre 30 a 64 anos na capital e nos Vetores Norte Central, Oeste e Leste. O Vetor Norte chama a atenção com 19,22% de jovens entre 5 e 14 anos, menor proporção da RMBH no período de referência. Mesmo assim, com algumas nuances, o perfil migratório para a RMBH segue o que outros estudos apontam para os fluxos de motivação econômica. Em sua maioria, há uma presença de jovens adultos, além de grande participação feminina nos fluxos de origem ou destino em ambientes urbanos (SANTOS & DINIZ, 2004). Tabela 6 - População Imigrante por Grupo de Idade, RMBH 1995-2000 (%) Vetor 5 a 14 anos 15 a 29 anos 30 a 64 anos 65 ou mais Total Belo Horizonte 14,71 48,86 33,52 2,92 100,00 Leste 21,15 39,22 36,61 3,03 100,00 Norte 23,33 32,77 40,97 2,93 100,00 Norte Central 22,98 37,49 36,90 2,63 100,00 Oeste 21,04 38,78 37,49 2,69 100,00 Sudoeste 25,04 32,85 38,06 4,05 100,00 Sul 21,81 33,20 41,63 3,36 100,00 Total 19,85 40,85 36,46 2,84 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 As informações sobre os anos de estudo indicam que Belo Horizonte apresenta boa parte de seus fluxos imigratórios compostos por indivíduos de escolaridade relativamente elevada, com 10 a 14 anos de estudo (35,56%), ao passo que o Vetor Sudoeste possuía no período de referência entre 1995-2000 fluxos predominantemente de indivíduos com escolaridade entre 0 e 4 anos de estudo. Essas variações denotam a distribuição e alocação da força de trabalho potencial que se direciona para a RMBH ou se move dentro dela. De todo modo, mais da metade dos fluxos imigratórios para os Vetores da RMBH ou mesmo para a capital é composta por indivíduos com menos de 9 anos de escolaridade. 1006 Tabela 7 - População Emigrante por Grupo de Idade, RMBH 1995-2000 (%) Vetor 5 a 14 anos 15 a 29 anos 30 a 64 anos 65 ou mais Total Belo Horizonte 20,97 33,42 42,58 3,02 100,00 Leste 21,42 35,88 39,53 3,17 100,00 Norte 19,22 39,06 37,22 4,49 100,00 Norte Central 23,87 35,91 38,06 2,15 100,00 Oeste 23,64 33,15 40,94 2,27 100,00 Sudoeste 24,65 37,40 33,80 4,14 100,00 Sul 23,75 35,26 37,52 3,47 100,00 Total 21,70 33,79 41,61 2,90 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 Tabela 8 - População Imigrante com 20 anos ou mais de idade por Grupo de anos de Estudo, RMBH, 1995-2000 Vetor 0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 ou mais anos Total Belo Horizonte 24,92 25,40 35,56 14,11 100,00 Leste 39,99 35,86 20,98 3,16 100,00 Norte 43,48 28,03 23,90 4,58 100,00 Norte Central 45,84 36,86 16,27 1,03 100,00 Oeste 38,27 36,97 22,22 2,54 100,00 Sudoeste 50,84 31,98 15,41 1,77 100,00 Sul 37,57 22,53 22,29 17,61 100,00 Total 36,43 32,42 24,87 6,28 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 1007 Quanto aos emigrantes, os resultados mostram que no qüinqüênio 1995-2000 os fluxos emigratórios de Belo Horizonte eram compostos por indivíduos com escolaridade inferior ao daqueles dos fluxos imigratórios. De fato, Belo Horizonte tinha, no período considerado, menor proporção de indivíduos emigrantes com escolaridade inferior a quatro anos de estudo se comparado com os vetores de expansão urbana. Dentre estes vetores, o Sul foi o que apresentou emigrantes com menor nível de escolaridade, dado pelo percentual elevado de indivíduos com menos de quatro anos de estudo, seguido do Vetor Sudoeste (43,80%) e Norte Central (41,70%). Tabela 9 - População Emigrante com 20 anos ou mais de idade por Grupo de anos de Estudo, RMBH, 1995-2000 Vetor 0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 ou mais anos Total Belo Horizonte 31,29 32,60 26,12 9,98 100,00 Leste 37,71 33,62 24,12 4,54 100,00 Norte 39,30 30,94 24,25 5,50 100,00 Norte Central 41,70 35,42 20,81 2,07 100,00 Oeste 38,41 36,42 22,06 3,11 100,00 Sudoeste 43,80 36,11 17,28 2,81 100,00 Sul 47,04 28,35 19,35 5,26 100,00 Total 33,90 33,35 24,79 7,97 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 Quanto à renda média desses migrantes, foram utilizadas informações sobre todos os indivíduos que efetuaram o movimento migratório e que exerciam algum tipo de atividade remunerada na data de referência do Censo Demográfico de 2000. Nesse contexto, identificou-se que Belo Horizonte e o Vetor Oeste foram aqueles que apresentavam menor proporção de imigrantes com renda média mensal inferior ao 1 salário mínimo (SM), numa fração inferior a 10% dos indivíduos. Por outro lado, Belo Horizonte, o Vetor Norte e o Vetor Oeste foram os que apresentaram maior proporção, superior a 10%, de imigrantes com rendimento médio mensal entre 10 e menos de 15 SM. Todavia, agregando os grupos salariais 1008 acima de 5 SM (salários mínimos), o Vetor Sul tem, no período de referência, 30,87% de seus imigrantes com rendimentos superiores a este limiar, acompanhado de Belo Horizonte com 25,74%. Tabela 10 - População Imigrante, Renda Média Mensal, RMBH, 1995-2000 Vetor < 1SM De 1 A <5 SM De 5 <10 SM De 10 < 15SM 15 ou mais SM Total Belo Horizonte 8,20 66,06 12,59 4,43 8,72 100,00 Leste 10,87 75,97 9,86 2,03 1,28 100,00 Norte 14,27 67,83 10,62 3,49 3,78 100,00 Norte Central 11,57 79,14 7,35 1,04 0,90 100,00 Oeste 9,51 75,51 11,33 2,14 1,51 100,00 Sudoeste 14,31 73,84 8,67 1,25 1,93 100,00 Sul 10,70 58,43 9,68 7,74 13,45 100,00 Total 9,88 72,24 10,78 2,87 4,23 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 Ao comparar essas informações com aquelas sobre os fluxos emigratórios, percebe-se que o nível de renda da população emigrante é ligeiramente inferior ao da população imigrante, a saber, comparando-se o percentual dos indivíduos com menos de 1 SM de rendimento médio mensal. Belo Horizonte assistiu, no qüinqüênio 1995-2000, fluxos emigratórios de indivíduos com rendimentos altos (26,26% dos indivíduos possuíam rendimentos médios mensais superiores a 5 SM). O Vetor Norte e Oeste assistiram a peculiar situação de emigrantes com rendimentos médios superiores aos daqueles imigrantes (20,84% e 19,16% que, respectivamente, possuíam mais de 5 SM de rendimento médio mensal). 1009 Tabela 11 - População Emigrante, Renda Média Mensal, RMBH, 1995-2000 Vetor < 1SM De 1 A <5 SM De 5 <10 SM De 10 < 15SM 15 ou mais SM Total Belo Horizonte 10,72 63,02 14,26 4,43 7,57 100,00 Leste 14,66 68,81 11,64 1,96 2,93 100,00 Norte 11,94 67,22 12,50 4,61 3,73 100,00 Norte Central 13,39 73,99 8,41 2,96 1,24 100,00 Oeste 11,17 69,67 13,23 2,94 2,99 100,00 Sudoeste 16,53 73,97 6,90 1,72 0,88 100,00 Sul 12,08 69,42 14,02 2,43 2,05 100,00 Total 11,15 65,24 13,59 3,97 6,05 100,00 Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 Em suma, percebe-se que, ainda em 2000, Belo Horizonte era um grande atrativo para a população de renda mais elevada e grau de escolaridade mais alto. Entende-se, por meio dessas informações, que o Vetor Sul também possui grande destaque na atração de população com escolaridade mais elevada e maior poder aquisitivo. Segundo Brito & Souza (2005), o Vetor Oeste, tendo como principais cidades Contagem e Betim, tiveram seu dinamismo marcado pela alocação de atividades industriais, como a instalação da Mannesmann, REGAP, Fiat e a criação da Cidade Industrial. Tais atividades atraíram empreendimentos de baixa rentabilidade no mercado imobiliário que facilitaram o crescimento desse vetor. Por outro lado, a seletividade foi mais homogênea e de nível de renda baixo, bem como um padrão de escolaridade também diminuto. Similar ao Vetor Oeste, o vetor Norte Central também concentrou grande parte dos migrantes que chegavam a RMBH, ou emigravam da capital, com baixa escolaridade e renda mais baixa. Essa seletividade do mercado imobiliário foi gerada pelos loteamentos de baixa renda empreendidos em propriedades de baixa rentabilidade agrícola e reduzida infraestrutura urbana. Diferente do Vetor Oeste, esse vetor não teve nenhum setor de incentivo econômico, a não ser o imobiliário. O Vetor Norte é uma região mais heterogênea em relação à ocupação recente, uma vez que seu dinamismo está relacionado a grupos de renda média e alta. A indústria de cimento e 1010 a base aeronáutica formam alguns dos pilares do crescimento, além dos condomínios que se multiplicaram nos últimos anos. O Vetor Leste, por seu turno, é marcado pelo menor crescimento em relação aos demais citados, com a expansão de loteamentos de baixa renda, em parte responsáveis pela conurbação com o município de Sabará. O Vetor Sul possui caracteres diversos daqueles supracitados, dentre eles, a atração de uma população mais heterogênea, bem como de maior renda média e maior escolaridade. O elevado preço da terra faz com que a densidade deste vetor seja menor, principalmente pela difusão dos condomínios fechados e a construção do Belvedere III junto à construção pioneira do BH Shopping. O Vetor Sudoeste, por seu turno, é marcado pela atividade agrícola de abastecimento aos mercados da região metropolitana, alem da alocação de algumas atividades industriais. Todavia, trata-se de uma região de atração de população com uma grande variação de renda, tal como a Sul, bem como de escolaridade, motivados pela coexistência necessária de áreas de habitação pobres e ricas. 9.5 Visão Geral do Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Belo Horizonte Neste item, discutiremos resultados sobre a inserção dos residentes da Região Metropolitana no mercado de trabalho, com o foco em alguns pontos específicos: a participação na população economicamente ativa, o desemprego e o nível de renda. Em primeiro lugar, é necessário apresentar algumas definições sobre ocupados, desocupados e população economicamente ativa (PEA). Segundo o FIBGE (2007), foram classificadas como “ocupadas” no período de referência – no caso aqui em análise, a semana de referência – as pessoas que tinham trabalho durante todo ou parte desse período. Incluíram-se, ainda, como ocupadas, as pessoas que não exerceram trabalho remunerado no período especificado por motivo de férias, licença, greve. Os indivíduos em trabalho que tomaram alguma providência efetiva de procura de trabalho nesse período foram classificados como “desocupados”. As pessoas economicamente ativas no período de referência, acima definido, eram aquelas ocupadas e desocupadas nesse período. Por fim, as pessoas que não tinha trabalho e nem procuraram trabalho foram consideradas “inativas”. A taxa de atividade econômica é obtida pela relação entre as pessoas que tinham emprego, somadas àquelas que procuraram emprego em relação à população em idade ativa. A taxa de desemprego relaciona o número de pessoas que procuram emprego (desempregados) e a população economicamente ativa. 1011 Os Gráficos 15 e 16 mostram a taxa de atividade econômica na RMBH, para homens e mulheres, em 1997, 2002 e 2007. De forma geral, os homens tendem a participar mais da PEA que as mulheres, em todas as idades. Para o sexo masculino, os valores apresentam uma tendência de aumento com a idade e chegam a quase 100% em idades acima de 25 anos e depois diminuem, principalmente a partir dos 50 anos. Para o sexo feminino, os valores também aumentam com a idade e se estabilizam em torno de 75% para idades entre 20 e 49 anos e depois diminuem. Com relação à variação no período, nota-se que não houve mudanças marcantes no período estudado para homens em idades acima de 20 anos. Entretanto nota-se, para homens em idades mais jovens, uma queda na participação na PEA, sugerindo um atraso na entrada do mercado de trabalho uma vez que esses jovens estão na escola em maior proporção. Para as mulheres, observa-se uma estabilização para as jovens com idade entre 15 e 19 anos. Para as demais, verifica-se um aumento na participação da PEA das mulheres, principalmente a partir dos 20 anos de idade, mostrando a maior inserção do sexo feminino no mercado de trabalho. Gráfico 14 - Taxa de Atividade Masculina, RMBH, 1997, 2002 e 2007 100,0 90,0 80,0 TEA 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 e mais Idade 1997 2002 2007 Fonte: PNAD 1012 Gráfico 15 - Taxa de Atividade Econômica Feminina, RMBH, 1997, 2002 e 2007 100,0 TEA 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 70 e mais Idade 1997 2002 2007 Fonte: PNAD Na última década (anos 2000), a taxa de desemprego medida pelo IBGE (Pesquisa Mensal de Emprego) mostrou uma queda acentuada na RMBH. A Taxa de Desemprego é a proporção de desocupados dentre aqueles que estavam na PEA. Observa-se que o indivíduo que não procurou emprego na semana de referência, mesmo que não estivesse trabalhando e gostaria de estar, não é considerado desocupado e não pertence à PEA. A queda do desemprego está relacionada diretamente às melhores condições da economia observadas nos últimos anos. Em 2002, a taxa de desemprego em abril foi estimada em 12,8% (semelhante aos 12,9% das demais regiões metropolitanas do Brasil), caindo para 6,3% em abril de 2010 (quando as demais regiões metropolitanas ficaram com 7,6%). 1013 Tabela 12 - Taxa de Desemprego na Região Metropolitana de Belo Horizonte – 2002 a 2010 (abril) Ano (abril) RMBH Brasil 2002 12,8 12,9 2003 10,3 12,1 2004 12,1 12,8 2005 10,7 10,9 2006 9,3 10,4 2007 8,6 10,2 2008 7,2 8,6 2009 6,6 9,0 2010 6,3 7,6 Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego, IBGE O aumento da qualificação da mão-de-obra está relacionado a taxas de desemprego mais baixas. Na RMBH, observa-se que as pessoas com mais de 11 anos de estudo apresentam taxas de desemprego bem mais baixas do que a população com educação formal entre 8 e 10 anos de escolaridade. Observa-se na Tabela 13, com base em dados da PME, que em 2002 e 2005 esse grupo apresentava as menores taxas de desemprego. No período mais recente, abril de 2010, a taxa de desemprego da população com mais baixos níveis de escolaridade era o menor na RMBH. 1014 Tabela 13 - Taxa de Desemprego por Nível de Escolaridade, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2002-2010 Anos de Estudo 2002 2005 2010 0 a 8 anos 13,4 10,4 5,3 8 a 10 anos 15,5 14,7 8,3 11 e mais anos 10,9 9,2 6,2 Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego, IBGE A taxa de desemprego (gráficos não apresentados) é maior para a população jovem, de ambos os sexos, do que para os mais velhos. A taxa de desemprego da população com menos de 18 anos de idade foi, no período, em média 5 vezes superior à da população acima de 19 anos de idade. Os resultados da PNAD e da PME mostram que, à medida que a transição entre adolescência e o mundo adulto se desenvolve, não só a participação na PEA aumenta como as taxas de desemprego diminuem. Além disso, nota-se que as taxas para as mulheres eram superiores às dos homens em todas as idades. Entretanto, o resultado de altas taxas de desemprego abaixo de 18 anos de idade, com a elevada taxa de evasão escolar (apresentado a seguir), apontam para um cenário de grande vulnerabilidade. A combinação desses dois resultados mostra que a população jovem não está na escola provavelmente por necessidade de entrar no mercado de trabalho. Mas, ao buscarem uma vaga no mercado de trabalho, esses jovens não encontram emprego e deixam de se qualificar. Esse resultado pode impactar negativamente as condições de vida da população e a capacidade de desenvolvimento econômico na RMBH. A evolução da distribuição da população ocupada segundo os ramos de atividade ajuda a captar a diferenciação no mercado de trabalho, e a análise do período recente permite avaliar a dinâmica do mercado de trabalho na RMBH. A Tabela 14 mostra a desagregação por ramo de atividade, que se mostra maior no setor de serviços. Esse setor é marcado por uma grande expansão nos últimos anos e incorpora boa parte da população ocupada na RMBH. Os serviços, com uma taxa acima de 70%, concentram a maioria dos ocupados. A indústria emprega o restante dos ocupados (cerca de 25%), sendo a construção civil responsável por cerca de 10%, seguida pela indústria tradicional, 8%, e a indústria moderna, 5%. O que se destaca dentro desta estabilidade é o aumento verificado em 2002 do peso dos serviços em geral, principalmente dos serviços pessoais e distributivos. Paralelamente àquele aumento, a 1015 indústria, em geral, apresenta-se constante no período analisado, e a mesma estabilidade é observada para a construção civil. Há também um percentual significativo da população ocupada na Administração Pública na RMBH. Tabela 14 – Grupamento de Atividade do Trabalho Principal, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2002-2010 Setor 2002 2005 2010 Indústria 17,8 17,7 17,4 Construção 8,6 8,1 8,7 Comércio 20,3 19,6 18,2 Financeiro 11,7 12,3 13,9 Adm. Pública 15,9 16,1 16 Serviços Domésticos 8,8 9,8 8,5 Outros Serviços 16,7 15,4 16,6 Outras Atividades 0,3 1,1 0,7 Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego, PME A Tabela 15 apresenta a distribuição da população pela posição na ocupação, ou seja, a inserção no mercado de trabalho. Nos anos 2000, observa-se um aumento do número de trabalhadores com carteira assinada e uma queda no número de pessoas sem carteira e/ou conta-própria. O aumento da formalização do mercado de trabalho significa uma melhoria nas relações de trabalho e uma melhor condição de trabalho para as pessoas. Além disso, os trabalhadores formais são cobertos pelos programas públicos como previdência social e seguro desemprego. Em relação à remuneração, observa-se que o rendimento médio do trabalho principal é mais baixo na Região Metropolitana de Belo Horizonte do que a média das demais Regiões Metropolitanas. Todavia, a diferença de rendimento entre a RMBH e o restante das RMs está diminuindo ao longo dos anos 2000. O rendimento médio na RMBH aumentou cerca de 1,5% ao ano desde 2002, enquanto para as demais regiões do país o rendimento em 2010 atingiu os níveis observados em 2002. 1016 Tabela 15 – Distribuição Percentual da População por Posição na Ocupação na Semana de Referência, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2002-2010 Posição 2002 2005 2010 Carteira Assinada 45,98 44,92 50,9 Sem carteira 21,14 22,09 18,03 Conta – Própria 19,26 19,62 18,64 Empregador 4,92 5,17 4,54 Func. Público 7,3 7,37 7,31 Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego, PME Tabela 16 – Rendimento Médio Real, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 20022010 Rendimento Médio RMBH Brasil 2002 1.152,51 1.415,74 2003 1.091,13 1.231,40 2004 1.061,96 1.204,18 2005 1.087,35 1.206,02 2006 1.098,29 1.239,03 2007 1.118,71 1.301,20 2008 1.210,06 1.326,84 2009 1.249,20 1.393,05 2010 1.316,30 1.413,40 Fonte: Pesquisa Mensal de Emprego (PME) O rendimento médio do trabalho principal cresceu significativamente na RMBH ao longo dos últimos anos. Os dados da PME não permitem uma análise adequada da dinâmica da renda nos municípios da região, devido ao tamanho da amostra utilizada na pesquisa. 1017 Dessa forma, com base nos dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000, é possível analisar a dinâmica da renda na RMBH e os diferenciais observados entre os municípios. A Tabela 17 apresenta a renda média per capita (renda do trabalho dividida pelo número de pessoas, incluindo também as que não trabalhavam) em 1991 e 2000. Tabela 17 - Renda Média per Capita, Região Metropolitana de Belo Horizonte, 1991 e 2000 Renda p er Capita Município 1991 2000 RMBH* Baldim 114.49 156.8 Belo Horizonte 414.94 557.44 Betim 161.67 203.22 Brumadinho 165.95 274.1 Caeté 148.59 259.17 Capim Branco 144.09 180.1 Confins 121.15 192.05 Contagem 208.93 280.59 Esmeraldas 116.85 184.52 Florestal 191.21 226.6 Ibirité 115.78 149.59 Igarapé 144.65 198.59 Itaguara 142.72 207.9 Itatiaiuçu 124.91 168.47 Jaboticatubas 117.24 184.33 Juatuba 117.21 186.99 Lagoa Santa 206.49 291.75 Mário Campos* Mateus Leme 148.71 218.14 Matozinhos 135.01 234.2 Nova Lima 244.92 404.75 Nova União 78.28 153.32 Pedro Leopoldo 197.24 268.92 Raposos 156.54 189.23 Ribeirão das Neves 122.2 159.14 Rio Acima 109.31 183.14 Rio Manso 89.68 145.66 Sabará 178.14 214.34 Santa Luzia 146.7 192.36 São Joaquim de Bicas 131.21 164.22 São José da Lapa 154.52 211.1 Sarzedo* Taquaraçu de Minas 114.31 140.65 Vespasiano 134.7 196.51 *Dados não disponíveis. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. Os resultados mostram que a renda de Belo Horizonte e de Nova Lima é superior à renda dos demais municípios da RMBH. A renda de Belo Horizonte é quatro vezes superior à 1018 renda média do município com menor nível de rendimento (Taquaraçu de Minas) e 2,5 vezes superior à média simples da RMBH. A desigualdade de renda na RMBH é mensurada pelo Índice de Gini, superior a 0,50 em 2000 e bem próximo ao observado no país. O Índice de Gini mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). Além de ser uma região com grau elevado de concentração de renda, a RMBH também é marcada por um número elevado de pobreza entre a população. O percentual de pobres nos municípios da RMBH ficou em torno de 20% em 2000. Por fim, é importante destacar o rápido crescimento da renda observado ao longo dos anos 1990 na RMBH. Entre 1991 e 2000, a renda média per capita cresceu aproximadamente 4% ao ano, saltando de R$ 153,00 por pessoa em 1991 para R$ 218,00 em 2000. 9.6 Visão Geral da Educação na Região Metropolitana de Belo Horizonte 9.6.1 Taxas de analfabetismo e anos médios de estudo Essa seção discute alguns aspectos relacionados ao sistema de ensino na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Existem diversos indicadores educacionais, como os apresentados em RIANI; GOLGHER (2004) e em GOLGHER (2004) e, dentre esses, dois foram selecionados e sintetizam em grande medida o nível educacional de uma população: a taxa de analfabetismo e a média de anos de estudo. Os resultados são apresentados para a RMBH como um todo e para os municípios pertencentes à região. Como a discussão é feita em um detalhamento geográfico municipal, optou-se por utilizar os Censos Demográficos. Algumas informações apresentadas para a RMBH como um todo utilizam dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), que não permite a desagregação por áreas menores, mas foi a alternativa considerada para fazer uma análise mais recente do quadro da educação na RMBH. A Tabela 18 compara as taxas de alfabetização dos municípios da RMBH para os anos de 1991 e 2000, considerando-se apenas a população com mais de 15 anos de idade. Entre os 1019 dois períodos analisados há um avanço importante no nível de alfabetização da população metropolitana, persistindo, contudo, diferenças marcantes. Em 1991, a taxa de alfabetização variou de 71%, em Rio Manso, até 92%, em Belo Horizonte. Em 2000, há uma redução da variabilidade, com Rio Manso chegando a 85%, o mais baixo nível de alfabetização da Região Metropolitana, e com Belo Horizonte alcançando 95%, o maior nível. Tabela 18 – Taxa de Alfabetização dos Municípios da RMBH, 1991 e 2000 Taxa de Alfabetização Município 1991 2000 RMBH 90.80 93.70 Baldim 80.27 86.35 Belo Horizonte 92.88 95.38 Betim 84.87 91.45 Brumadinho 84.82 89.91 Caeté 89.23 91.54 Capim Branco 87.31 89.29 Confins 85.65 90.62 Contagem 91.69 94.38 Esmeraldas 82.17 88.11 Florestal 82.4 90.86 Ibirité 84.71 90.74 Igarapé 84.13 88.07 Itaguara 84.09 88.43 Itatiaiuçu 77.23 85.28 Jaboticatubas 72.27 83.51 Juatuba 80.5 88.4 Lagoa Santa 87.68 92.14 Mário Campos* Mateus Leme 81.25 88.31 Matozinhos 86.19 91.68 Nova Lima 91.36 94.73 Nova União 76.19 82.52 Pedro Leopoldo 88.52 92.41 Raposos 86.86 91.5 Ribeirão das Neves 84.61 90.63 Rio Acima 85.97 88.94 Rio Manso 71.92 83.48 Sabará 88.51 92.01 Santa Luzia 89.08 92.21 São Joaquim de Bicas 78.42 86.03 São José da Lapa 86.69 91.55 Sarzedo* Taquaraçu de Minas 78.39 85.79 Vespasiano 83.3 90.43 *Dados não disponíveis. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. Neste período, os Estados da Região Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal apresentaram taxas de alfabetização maiores que a RMBH. Os Estados da Região Nordeste e 1020 a maioria dos Estados da Região Norte apresentaram valores mais baixos do que a RMBH. Em relação à RMBH, observa-se queda significativa no diferencial observado entre os municípios. A Tabela 19 apresenta a média de anos de estudo da população com 25 anos e mais de idade, em 1991 e 2000. Esse grupo etário da população é considerado por já ter concluído sua escolaridade, enquanto a grande maioria dos indivíduos com idade inferior ainda está na escola. Quanto à variação da escolaridade no tempo, Rio Manso apresentou os menores níveis (2,3 anos de estudo em 1991 e 3,5 anos de estudo em 2000). Belo Horizonte apresentou os maiores índices de escolaridade: 7,19 anos de estudo em 1991 e 8 anos de estudo em 2000. Houve, portanto, um aumento da educação média de cerca de um ano de estudo no período analisado. É importante ressaltar que a RMBH apresentou uma população com média de sete anos de estudo em 2000, o mesmo nível observado para Minas Gerais e para o Brasil. Esse nível é inferior a possuir o Ensino Fundamental completo, o qual é de oito anos de estudo, concluídos com aprovação. O Ensino Médio completo é o mesmo que 11 anos de estudo e o Ensino Superior completo é o mesmo que 15 anos ou mais de estudo. 1021 Tabela 19 - Anos Médios de Estudo da População, RMBH, 1991 e 2000 Anos de Estudo Município 1991 2000 RMBH 6.20 7.00 Baldim 3.56 4.41 Belo Horizonte 7.19 8.13 Betim 4.36 5.58 Brumadinho 4.29 5.64 Caeté 4.86 5.85 Capim Branco 4.01 4.92 Confins 3.92 5.47 Contagem 5.46 6.49 Esmeraldas 3.42 4.39 Florestal 4.13 5.54 Ibirité 3.61 4.8 Igarapé 3.71 4.63 Itaguara 3.69 4.63 Itatiaiuçu 2.99 3.87 Jaboticatubas 3.12 4.03 Juatuba 3.57 5.05 Lagoa Santa 5.29 6.45 Mário Campos* Mateus Leme 4.09 5.16 Matozinhos 4.55 5.74 Nova Lima 5.76 6.78 Nova União 2.89 3.76 Pedro Leopoldo 5.2 6.08 Raposos 4.38 5.46 Ribeirão das Neves 3.83 4.78 Rio Acima 3.92 4.78 Rio Manso 2.39 3.46 Sabará 4.95 5.8 Santa Luzia 4.58 5.52 São Joaquim de Bicas 3.41 4.47 São José da Lapa 4.6 5.54 Sarzedo* Taquaraçu de Minas 3.19 4.09 Vespasiano 4.2 5.37 *Dados não disponíveis. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. 9.6.2 Freqüência à Escola na Região Metropolitana de Belo Horizonte Conforme discutido acima, a escolaridade do residente na RMBH e no país, apesar dos marcantes avanços observados, não é elevada. Segundo NÉRI et al (2008), o nível de escolaridade está aquém do que seria desejado do ponto de vista individual ou social. Uma explicação para a baixa escolarização é a elevada taxa de evasão dos alunos. Esses autores constataram que o principal motivo dessa evasão é a falta de interesse por parte do aluno, indicando a clara dissonância entre escola e realidade do estudante. Outro motivo para esta 1022 evasão é a baixa renda da maioria dos alunos, os quais se vêem forçados a procurar emprego para sua sustentação e da sua família, ainda muito jovens. Embora em proporções menores, os problemas relacionados à oferta de escolas também são uma razão da evasão escolar. Questões como a reprovação e o abandono escolar também determinam a escolaridade final do indivíduo. A Tabela 20 mostra a taxa bruta de freqüência à escola por município da RMBH em 1991 e 2000. A taxa bruta de freqüência mede o número de alunos matriculados por idade, entre 7 e 17 anos de idade, independente da série cursada. Ou seja, a taxa bruta não considera a repetência nem a distorção idade-série que pode ocorrer. Em grande medida, a freqüência à escola, até o nível fundamental de educação, já é um problema resolvido pela maioria dos municípios brasileiros, incluindo-se os da RMBH. Há ainda três questões a serem resolvidas pelos gestores públicos municipais da RMBH na área de educação e que terão impactos importantes no mercado de trabalho. Em primeiro lugar, é fundamental reduzir a evasão escolar no ensino médio. Enquanto a evasão escolar entre 7 e 14 anos encontrou-se em menos de 3% em 2000, a evasão escolar dos jovens entre 15 e 17 anos de idade, nesse ano, situou-se em 16%, segundo dados do Censo Demográfico. Em segundo lugar, é importante a continuidade de investimentos no ensino superior para atender a demanda potencial de jovens no futuro recente. A entrada desses jovens no ensino superior aumentará a qualidade e produtividade da mão-de-obra da RMBH com impactos importantes sobre o mercado de trabalho. Em terceiro lugar, é também importante investir na qualidade do ensino fundamental e médio na RMBH. Uma vez que o desafio de ampliar o acesso ao ensino fundamental está sendo cumprido, os investimentos devem ser feitos na melhoria da qualidade do ensino, ampliando os investimentos necessários. Como o número de crianças vem diminuindo nos últimos anos (conforme dados apresentados acima), haverá uma menor necessidade de investimentos na oferta de vagas. Porém, para aumentar a qualidade do ensino, será preciso um aumento do gasto por estudante nos próximos anos. 1023 Tabela 20 - Taxa Bruta de Matrícula na RMBH, 1991 e 2000 Frequencia a Escola Município 1991 2000 Baldim 54.64 79.93 Belo Horizonte 74.11 87.89 Betim 67.36 82.74 Brumadinho 62.64 83.83 Caeté 69.01 83.37 Capim Branco 60.03 76.82 Confins 62.74 80.67 Contagem 67.34 81.68 Esmeraldas 49.64 74.09 Florestal 53.2 81.07 Ibirité 59.73 75.09 Igarapé 58.11 82.35 Itaguara 52.59 71.91 Itatiaiuçu 53.1 76.86 Jaboticatubas 57.24 76.73 Juatuba 62.53 80.69 Lagoa Santa 67.86 83.78 Mário Campos* Mateus Leme 63.62 76.23 Matozinhos 64.86 75.5 Nova Lima 72.05 89.08 Nova União 55.39 73.92 Pedro Leopoldo 69.32 84.44 Raposos 63.69 79.49 Ribeirão das Neves 62.06 75.46 Rio Acima 56.5 69.91 Rio Manso 44.61 69.81 Sabará 62.28 82.32 Santa Luzia 62.47 76.83 São Joaquim de Bicas 55.95 77.76 São José da Lapa 67.85 73.51 Sarzedo* Taquaraçu de Minas 55.69 71.89 Vespasiano 64.48 76.95 *Dados não disponíveis. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. 9.6.3 Educação e Mercado de trabalho Observa-se na RMBH uma grande concentração de mão-de-obra qualificada e com rendimentos mais elevados em alguns municípios. Há grande evidência na literatura sobre a relação educação e salários (CARD, 1999), mostrando que quanto maior o nível de instrução do indivíduo, maior o salário potencial que ele pode vir a receber. A concentração de mão-deobra qualificada, medida em anos de educação formal, tem dois efeitos indiretos relacionados ao rendimento. Em primeiro lugar, municípios com maior concentração de capital humano atraem um número maior de pessoas com nível de educação mais elevado, concentrando 1024 ainda mais o nível de qualificação (QUEIROZ; GOLGHER, 2008). Em segundo lugar, municípios com indivíduos com maior qualificação atraem indústrias e serviços de mais alta tecnologia, gerando um efeito potencial para maiores salários. O Quadro 1, retirado de GOLGHER (2006), apresenta os clusters de municípios na RMBH baseado na concentração de mão-de-obra qualificada, pessoal ocupado na economia criativa e setores de alta tecnologia, além de algumas variáveis demográficas. Os resultados mostram uma grande concentração de qualidade em Belo Horizonte e Nova Lima. Quadro 1 – Clusters de Alta Tecnologia e Concentração de Qualificados, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, 2000. Cluster Municípios Valores baixos de concentração de capital Baldim, Jaboticatubas, Nova União, Raposos e humano e ocupados em alta tecnologia. Baixo Rio Manso crescimento populacional e baixa urbanização Valores elevados de concentração de capital Belo Horizonte e Nova Lima humano e ocupados em alta tecnologia. População com baixo crescimento e alta taxa de urbanização Valores baixos de concentração de capital humano e ocupados em alta tecnologia. Baixo crescimento populacional e elevada taxa urbanização Betim, Confins, Esmeraldas, Ibirité, Igarapé, Juatuba, Mário Campos, Ribeirão das Neves, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, Sarzedo e Vespasiano Valores baixos ou médios de concentração de Brumadinho e Taquaraçu de Minas capital humano e ocupados em alta tecnologia. Valores elevados de alta tecnologia relativa. Valores baixos ou médios de concentração de capital humano e ocupados em alta tecnologia. Elevado índice de urbanização e índice de entretenimento Caeté, Capim Branco, Contagem, Florestal, Itaguara, Lagoa Santa, Mateus Leme, Matozinhos, Pedro Leopoldo, Rio Acima, Sabará e Santa Luzia. Fonte: Golgher (2006) Vários estudos apontam essas relações para o Estado de Minas Gerais e a Região Metropolitana de Belo Horizonte (QUEIROZ; GOLGHER, 2008; GOLGHER, 2008; CALAZANS; QUEIROZ, 2010). A análise apresentada nestes trabalhos sugere uma maior concentração de capital humano (trabalhadores mais escolarizados e qualificados) em poucos municípios da RMBH, principalmente em Belo Horizonte. A concentração tem um efeito de gerar um ganho salarial para os demais trabalhadores dos municípios com maior concentração de trabalhadores escolarizados. Por fim, CALAZANS e QUEIROZ (2010) mostram que os 1025 efeitos positivos da concentração de capital humano em poucos municípios são mais fortes para os trabalhadores com maior renda e escolaridade. 9.7 Condições de Habitação e Saneamento A análise dos aspectos físicos dos domicílios de determinada localidade pode ser realizada através de indicadores, tais como: composição do material das paredes, pisos e telhado; ligação à rede de energia elétrica; forma de abastecimento de água; saneamento; existência de guias e sarjetas; e coleta de lixo. Além disso, é possível analisar o espaço disponível para cada morador no domicílio: número de cômodos; número de quartos de dormir; separação de funções de alimentação, higiene, repouso no domicílio. Alguns aspectos subjetivos também podem ser captados para analisar as condições ambientais como, por exemplo, satisfação quanto à moradia, vizinhança, bairro, facilidades de transportes, serviços e comércio. Essas informações habitacionais são disponibilizadas nos Censos Demográficos e nas Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios do IBGE. O estudo das taxas de cobertura de serviços urbanos é importante para políticas de desenvolvimento humano. As taxas de cobertura são calculadas como a proporção de pessoas que vivem em domicílios com acesso a serviços básicos, bens de consumo e condição domiciliar, utilizando dados de amostras ou censos. Com universalização do acesso, a qualidade e nível dos serviços passam a ser o foco de pesquisas, tais como: qualidade e regularidade de abastecimento da água; nível de consumo de água, freqüência de coleta de lixo, disponibilidade de rua pavimentada e calçadas, acesso à linha telefônica, acesso à rede de serviços públicos (escola, postos de saúde, etc.). No entanto, este tipo de informação mais detalhada é mais difícil de ser apropriado para análise da qualidade de moradia da população. Quanto ao acesso a serviços básicos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) calculou taxas de cobertura com base nos dados do Censo Demográfico de 2000. Segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD 2000), a proporção de pessoas em domicílios com água encanada e banheiro foi de 87,2% em Minas Gerais em 2000, verificando-se o percentual mínimo no Maranhão (26,9%) e o máximo em São Paulo (96,6%). A Tabela 21 apresenta o percentual de famílias que vivem em domicílios com água encanada, energia elétrica e serviço de coleta de lixo nos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), em 2005 e 2009, segundo dados do 1026 DATASUS (2010). Os dados do PNUD ilustram também que, em 2009, o percentual de domicílios com acesso à água encanada ficou abaixo de 60% em três municípios metropolitanos (Taquaraçu de Minas com 43,06%, Esmeraldas com 51,65% e Jaboticatubas com 59,57%). Estes três municípios apresentaram os menores percentuais de domicílios com serviço de coleta de lixo em 2009, cujas taxas foram, respectivamente, 47,27%, 62,37% e 54,45%. O acesso à energia elétrica e casas construídas com tijolos sempre apresentaram percentuais acima de 80% em 2009. Observa-se que os percentuais de domicílios com acesso a serviços básicos são altos na RMBH, verificando-se, contudo, que há ainda disparidades entre os municípios da região. Tabela 21 - Percentual de Famílias que Vivem em Domicílios com Água Encanada, Energia Elétrica e Serviço de Coleta de Lixo e Casa de Tijolo nos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2005 e 2009. Município Água encanada Energia elétrica Coleta de lixo Casa de tijolo 2005 2009 2005 2009 2005 2009 2005 2009 Baldim 81,37 78,90 96,45 97,82 59,96 64,66 99,87 99,64 Belo Horizonte 97,64 96,49 99,43 100,00 98,83 97,81 99,68 99,78 Betim 97,68 97,83 95,80 97,20 98,28 98,70 99,45 99,69 Brumadinho 70,36 68,51 99,35 98,73 88,24 91,38 99,64 99,52 Caeté 89,30 90,21 94,22 96,94 80,71 86,96 98,31 98,74 Capim Branco 98,73 99,36 99,75 99,50 91,89 98,85 99,58 99,63 Confins 97,60 96,36 99,54 99,79 98,68 97,79 99,61 99,57 Contagem 98,50 98,54 97,54 97,62 96,37 96,16 99,54 99,53 Esmeraldas 18,03 51,65 99,32 98,20 3,72 62,37 99,28 99,28 Florestal 71,59 81,08 99,19 99,60 83,30 88,69 99,69 100,00 Ibirité 99,33 99,59 99,78 99,32 94,20 97,54 99,77 99,87 Igarapé* ––– 87,08 ––– 99,54 ––– 88,23 ––– 99,65 Itaguara 74,83 76,96 98,91 99,45 75,95 77,75 99,73 99,95 Itatiaiuçu 75,98 72,55 98,73 98,58 83,36 81,70 72,16 88,04 Jaboticatubas 29,72 59,57 96,58 96,85 26,18 54,45 98,92 99,47 Juatuba 67,81 87,53 94,48 97,76 78,11 87,00 98,59 99,42 1027 Lagoa Santa 97,49 96,56 98,98 98,13 86,52 94,64 98,10 99,35 Mário Campos* ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– Mateus Leme* ––– 81,09 ––– 89,58 ––– 75,02 ––– 99,88 Matozinhos 99,20 96,81 99,96 96,05 99,15 97,74 99,79 99,49 Nova Lima 95,94 96,34 95,71 91,13 99,44 99,41 99,52 99,72 Nova União 68,37 68,46 91,07 92,76 65,24 66,98 96,56 96,47 Pedro Leopoldo 97,48 97,62 98,25 99,03 94,25 95,80 99,52 99,58 Raposos* ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– Ribeirão das Neves 94,67 96,37 97,45 96,58 78,89 87,47 99,37 99,58 Rio Acima* ––– 94,86 ––– 99,87 ––– 98,43 ––– 99,69 Rio Manso* 58,87 ––– 99,87 ––– 58,27 ––– 99,93 ––– Sabará 84,47 87,45 95,04 96,83 78,46 84,16 99,03 99,18 Santa Luzia 97,61 99,03 93,09 81,90 85,69 96,43 99,16 99,75 São Joaquim de Bicas 47,46 82,15 90,45 97,47 41,21 73,18 97,65 99,42 São José da Lapa* ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– ––– Sarzedo* ––– 96,23 ––– 98,34 ––– 97,75 ––– 99,03 Taquaraçu de Minas 37,23 43,06 98,67 98,47 44,00 47,27 99,38 99,52 Vespasiano 94,10 94,22 98,61 98,74 86,29 87,12 94,04 95,31 Mínimo 18,03 43,06 90,45 81,90 3,72 47,27 72,16 88,04 Máximo 99,33 99,59 99,96 100,00 99,44 99,41 99,93 100,00 * Dados não disponíveis. Fonte: DATASUS. Como forma de melhor analisar informações de acesso a bens de consumo e condição domiciliar nos municípios da RMBH, foram preparados mapas descritivos. A determinação das categorias das legendas foi baseada na distribuição dos 34 municípios da RMBH em cinco quantis da distribuição de cada informação. Os quantis dividem os dados ordenados subconjuntos de dimensão essencialmente igual. Ou seja, cada categoria da legenda possui aproximadamente o mesmo número de municípios, variando de 6 a 8 áreas. Quanto ao acesso a bens de consumo, o Mapa 4 apresenta o percentual de pessoas que vivem em domicílios com acesso a telefone, carro, computador e com pelo menos três bens (dentre televisão, telefone, carro e geladeira) nos municípios da RMBH em 2000. Como as 1028 taxas de cobertura têm crescido nos últimos tempos, a intenção foi utilizar mapas que apresentam bens de consumo ainda de baixo acesso à população, bem como combinações dos bens que permitam diferenciar os municípios metropolitanos. De uma forma geral, os mapas indicam que os municípios situados na parte central da RMBH apresentam os maiores percentuais de acesso a bens de consumo, enquanto os municípios do Nordeste, Oeste e Sudoeste apresentam os menores. Mais especificamente, os municípios de Baldim, Jaboticatubas, Taquaraçu de Minas (Nordeste), Capim Branco, Esmeraldas (Oeste), Itatiaiuçu e Rio Manso (Sudoeste) possuem menos de 21% de seus domicílios com acesso à televisão. Ao passo que, os municípios de Belo Horizonte, Contagem, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves e Sabará (Centro) apresentam percentuais acima de 52%. Quanto à posse de carro, a variação entre as categorias do mapa não é tão acentuada, partindo de um valor de 21% a 45% dos domicílios com acesso a este bem de consumo. De todo modo, observa-se que os municípios de Capim Branco e Esmeraldas continuam na faixa percentual mais baixa, e os municípios centrais tendem a apresentar os maiores percentuais. Em relação à posse de computador e de pelo menos três bens (dentre televisão, telefone, carro e geladeira), observa-se que os municípios da área central (Belo Horizonte, Contagem, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sabará e Nova Lima) apresentam os maiores percentuais de domicílios com estes bens (pelo menos 10% com computador e 57% com pelo menos três bens). Em contrapartida, verifica-se que os municípios do Nordeste (Baldim, Jaboticatubas, Nova União e Taquaraçu de Minas), Oeste (Capim Branco e Esmeraldas) e Sudoeste (Itatiaiuçu e Rio Manso) possuem domicílios de menores percentuais com posse de computador e com pelo menos três bens (dentre televisão, telefone, carro e geladeira). 1029 Mapa 4. Percentual de pessoas que vivem em domicílios com acesso a bens de consumo nos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2000. * Este mapa se refere à posse de pelo menos três destes bens: televisão, telefone, carro e geladeira. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. Sobre a condição domiciliar, o Mapa 5 apresenta o percentual de pessoas que vivem em domicílios com densidade acima de duas pessoas e em domicílios localizados em terrenos próprios e quitados nos municípios da RMBH, em 2000. Os municípios de Esmeraldas, Ibirité, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas e Vespasiano apresentam mais 1030 de 22% de seus habitantes vivendo em domicílios com mais de duas pessoas. Esse indicador apresenta percentual é inferior a 11% em municípios do Sudoeste (Brumadinho, Itaguara, Itatiaiuçu e Rio Manso), Oeste (Florestal) e Nordeste (Nova União e Taquaraçu de Minas). Em relação ao percentual de pessoas vivendo em domicílios localizados em terrenos próprios e quitados, observa-se que não há alta variação entre os municípios da RMBH em 2000, com percentuais que vão de 63% a 81%. De todo modo, observa-se que municípios do Oeste (Florestal, Igarapé e Mateus Leme), Centro (Belo Horizonte e Contagem) e Sudeste (Rio Acima) apresentam menos de 70% de pessoas vivendo em domicílios localizados em terrenos próprios e quitados. Por outro lado, os municípios de Confins, Ibirité, Rio Manso, Santa Luzia, Sarzedo e Vespasiano apresentam mais de 78% de sua população vivendo em domicílios localizados em terrenos próprios e quitados. Mapa 5. Percentual de pessoas que vivem em domicílios com condições domiciliares específicas nos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2000. Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. 1031 9.8 Qualidade de Vida O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) utilizou a metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para medir o desenvolvimento humano em vários países, inclusive o Brasil. Os três indicadores básicos do desenvolvimento humano são aqueles que captam deficiências em educação (índice de analfabetismo e taxa de matrícula), longevidade (medido pela esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita corrigido pelo poder de compra da moeda de cada país). O índice permite a classificação dos países, já que varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) a uma unidade (desenvolvimento humano total). Os países com IDH de até 0,499 possuem desenvolvimento humano baixo. Aqueles com índices entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano. Os países com IDH de 0,800 a 0.899 têm desenvolvimento humano considerado elevado. Por fim, os países com IDH superior a 0,899 possuem desenvolvimento humano muito elevado. Segundo dados do PNUD (2009), o Brasil teve um IDH de 0,813 em 2007, ocupando a 75ª posição mundial, dentre os 182 países analisados, o que o coloca no grupo de desenvolvimento humano elevado. É bom salientar que o país saiu de um IDH de 0,685 em 1980 (médio desenvolvimento humano), passando por 0,694 em 1985, 0,710 (1990), 0,734 (1995), 0,790 (2000), 0,805 (2005) e 0,808 (2006). O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH–M) possui as mesmas dimensões do IDH nacional, mas alguns dos indicadores usados são diferentes. Os indicadores levados em conta no IDH–M são mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais menores. Na dimensão de educação do IDH–M, o percentual de pessoas com mais de 15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples (adultos alfabetizados) gera a taxa de alfabetização destes indivíduos e possui peso dois. O somatório de pessoas que freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior, dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos do município, estima a taxa bruta de freqüência à escola e possui peso um. A taxa de matrícula não é utilizada no índice municipal, porque estudantes podem morar em uma cidade e estudar em outra. É importante ressaltar que estão incluídos alunos de cursos supletivos, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária, mas classes especiais de alfabetização são descartadas. As taxas de alfabetização e de freqüência variam entre zero e um, sendo desnecessário convertê-las em um índice, como nas dimensões saúde e renda. É preciso 1032 apenas aplicar os pesos de cada indicador para se chegar a uma média. Se o município tem uma taxa de alfabetização de 91% e uma taxa bruta de freqüência à escola igual a 85%, o IDHM–E será de 0,89 {[(2*0,91)+0,85]/3}. Quanto à dimensão de longevidade, o IDH–M utiliza o mesmo indicador do IDH de países, ou seja, a esperança de vida ao nascer. Esse indicador apresenta o número médio de anos que uma pessoa nascida em um município no ano de referência deve viver, considerando as taxas de mortalidade estimadas nesse período. O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade do município, por considerar as taxas de mortalidade das diferentes faixas etárias. Todas as causas de morte são contempladas, tanto as ocorridas em função de doenças, quanto aquelas provocadas por causas externas (violências e acidentes). Como as estatísticas do registro civil são inadequadas para o cálculo da esperança de vida por município, perguntas do Censo Demográfico sobre número de filhos nascidos vivos e número de filhos ainda vivos são utilizadas para o cálculo de proporções de óbitos. Essas proporções são transformadas em probabilidade de morte, para então calcular a esperança de vida. O número de anos é transformado em um índice, tomando 85 anos como parâmetro máximo de longevidade, e 25 anos como parâmetro mínimo. Se o município tem uma esperança de vida ao nascer de 70 anos, seu IDHM–L será de 0,75 [(70–25)/(85–25)]. Para a avaliação da dimensão renda no IDH–M, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. O PIB per capita não é utilizado porque nem toda a renda produzida dentro da área do município é apropriada pela população residente. A renda média municipal per capita é a soma da renda de todos os residentes (salários, pensões, aposentadorias, transferências governamentais, dentre outros), dividida pelo número total de habitantes do município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero). Este valor indica a renda média dos indivíduos residentes no município expressa em reais. Os valores anuais, máximo e mínimo, expressos em dólar PPC (Paridade do Poder de Compra) adotados nos relatórios internacionais do PNUD são US$ PPC 40.000,00 e US$ PPC 100,00, respectivamente. Esses valores são convertidos em valores mensais expressos em reais: R$ 1.560,17 e R$ 3,90 (no dia 1º de agosto de 2000, o qual é a referência do Censo Demográfico de 2000). São então calculados os logaritmos da renda média municipal per capita, e dos limites máximo e mínimo. O logaritmo é usado porque ele expressa melhor o fato de que um acréscimo de renda para os mais pobres é proporcionalmente mais relevante do que para os mais ricos. Um município com renda 1033 municipal per capita de R$827,35, teria um IDHM–R de 0,894 {[ln(827,35)– ln(3,90)]/[ln(1.560,17)–ln(3,90)]}. Uma vez coletados os indicadores de cada dimensão, são calculados os índices específicos: IDHM–E (educação), IDHM–L (longevidade) e IDHM–R (renda). Os valores de referência mínimo e máximo de cada categoria são determinados, os quais serão equivalentes a zero e um, respectivamente, no cálculo do índice. Os sub-índices de cada município serão valores proporcionais dentro dessa escala. Ou seja, quanto melhor o desempenho municipal naquela dimensão, mais próximo o seu índice estará de uma unidade. O IDH–M de cada município é fruto da média aritmética simples desses três sub-índices. O Mapa 6 apresenta o IDH–M, o IDH–M de Educação, o IDH–M de Longevidade e o IDH–M de Renda dos municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte em 2000. De uma forma geral, observa-se que municípios localizados à Sudoeste e Nordeste da RMBH apresentam os menores Índices de Desenvolvimento Humano. Sendo que os municípios da área central da Região Metropolitana tendem a apresentar os maiores índices. É importante salientar que o IDH–M na RMBH varia de 0,700 (desenvolvimento médio) a 0,839 (desenvolvimento elevado), conforme o padrão estipulado pelo PNUD. Porém, os índices da Região Metropolitana foram organizados de forma a agrupar o mesmo número de municípios em cada categoria da legenda, assim como nas figuras anteriores. Ao analisar cada mapa separadamente, observa-se que os municípios do Sudoeste (Ibirité, Itatiaiuçu, Mário Campos, Rio Manso e São Joaquim de Bicas) e Nordeste metropolitano (Jaboticatubas e Nova União) apresentam IDH–M inferior a 0,731. Os municípios de Belo Horizonte, Caeté, Contagem, Florestal, Nova Lima e Pedro Leopoldo apresentam, por seu turno, os maiores índices, que ultrapassam o coeficiente de 0,784. A dimensão educacional indica que municípios centrais (Belo Horizonte, Contagem, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Nova Lima) apresentam os maiores valores (acima de 0,889). Os menores índices são apresentados por municípios do Sudoeste (Itaguara, Itatiaiuçu e Rio Manso), Nordeste (Jaboticatubas, Nova União e Taquaraçu de Minas) e Sudeste (Rio Acima), com valores que não ultrapassam 0,829. De todo modo, observa-se que esta dimensão do índice de desenvolvimento humano é a mais elevada nos municípios metropolitanos, em comparação ao IDHM–L e IDHM–R, já que não é inferior a 0,789. O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Longevidade apresenta um padrão diferenciado dos demais índices, quanto aos municípios com os maiores valores. Betim, Caeté, Confins, Florestal, Pedro Leopoldo e Taquaraçu de Minas apresentam IDHM–L 1034 superior a 0,777. Os menores índices são observados no Sudoeste (Ibirité, Itatiaiuçu, Mário Campos, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas), além de Nova Lima, São José da Lapa e Vespasiano (abaixo de 0,728). O IDH–M de Renda é o que apresenta os menores valores na RMBH, variando de 0,598 a 0,828. Os municípios com os menores indicadores de rendimento estão dispersos pela RMBH: Baldim, Ibirité, Nova União, Ribeirão das Neves, Rio Manso, São Joaquim de Bicas e Taquaraçu de Minas. Assim como o IDH–M e o IDHM–E, os maiores índices da dimensão de renda estão concentrados em municípios centrais (Belo Horizonte, Contagem, Lagoa Santa e Pedro Leopoldo), assim como em Brumadinho e Nova Lima. Mapa 6. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), IDH-M de Educação, IDH-M de Longevidade e IDH-M de Renda dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte, 2000. 1035 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 2000. 9.9 Considerações Finais Neste relatório, foram discutidos vários aspectos demográficos da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Houve análise de indicadores da região, no que concerne a: (1) urbanização e transição urbana; (2) tendências da dinâmica demográfica recente; (3) perfil dos movimentos migratórios; (4) características do mercado de trabalho; (5) características de escolaridade da população, incluindo taxas de analfabetismo, anos médios de estudo, freqüência à escola, além da relação entre educação e mercado de trabalho; (6) condições de habitação e saneamento; e (7) qualidade de vida na região metropolitana. Estas análises indicam que fatores demográficos devem ser levados em consideração na elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da RMBH. Mesmo que a taxa de crescimento populacional esteja decrescendo nos últimos anos, o contingente populacional continua aumentando. Por isso, é importante considerar a dinâmica demográfica no planejamento urbano. É preciso levar em conta o impacto geral que o contingente futuro da população causará no transporte, saúde, educação, habitação e outros serviços na região metropolitana. 1036 O planejamento é feito para a população, a qual tem algumas características que estão mudando no tempo. A projeção do número de crianças indica número menor de matrículas no futuro. Deste modo, os recursos públicos para educação poderão ser investidos para aumentar a qualidade do ensino fundamental e médio. Haverá ainda um número maior de adolescentes e adultos matriculados, principalmente no ensino superior, o que deve ser refletido junto com o ensino infantil, para a elaboração de políticas na área. A projeção dos domicílios indica novas tendências de ocupação do território, principalmente nos municípios limítrofes a Belo Horizonte, o que configura uma expansão vertical e horizontal na região metropolitana. Isso deverá ser levado em consideração no planejamento territorial. Cabe refletir onde os zoneamentos municipais permitirão a implantação de novos conjuntos habitacionais, novos condomínios fechados e novos bairros, dado que a população pobre está se deslocando cada vez mais longe do centro de Belo Horizonte. Esse crescimento domiciliar estará intimamente relacionado à estruturação viária da RMBH. A população da região metropolitana também está envelhecendo. Por isso, a gestão dos serviços de saúde deverá levar em consideração esse processo de envelhecimento. O grupo de idade elevada tem mais tempo livre e mais renda, mas não há muitos programas culturais direcionados a eles. É importante incentivar eventos culturais em geral e que facilitem a participação dos idosos, em termos de acesso, transporte e custo. Esses programas públicos, voltados aos idosos, também teriam efeito na melhoria de saúde. De um modo geral, o envelhecimento da população e sua dificuldade de acessibilidade devem ser levados em consideração no planejamento do sistema de transporte. Por fim, é preciso elaborar uma projeção da mancha urbana da RMBH com a utilização de várias informações (lei de uso do solo, ocupação do solo, novas centralidades, novas áreas de crescimento, grandes eixos viários, etc.) para estimar as novas áreas de ocupação da região metropolitana. Em outras palavras, não somente a dinâmica demográfica deve ser considerada. Um ponto muito importante é pensar nos grandes eixos viários que poderão surgir além do Rodoanel. Estes eixos certamente atrairão a mancha urbana para próximo deles, o que demanda o trabalho de profissionais de diferentes áreas neste planejamento. 1037 9.10 Referências Bibliográficas ALVES, H. População e Desmatamento no Vale do Ribeira: integração de dados censitários com dados de sensoriamento remoto dentro da estrutura de um sistema de informação geográfica (GIS). In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 13, 2002. Ouro Preto. Anais Eletrônicos... Ouro Preto: ABEP, 2002. Disponível em: <http://www.abep.nepo. unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/GT_MA_ST29_Alves_texto.pdf>. Acesso em 12 fev. 2006. ANDRADE, G.A.P; SANTANA, S.A.; MOURA, A.C.M; PATROCINIO,Z; PATROCIONIO; A.M. Desenvolvimento de aplicativos de geoprocessamento para Planos Diretores Municipais em Minas Gerais, Brasil. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 5075-5082. BDMG. Economia Mineira: 1989, diagnóstico e perspectivas. 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Trabalhar em diferentes escalas significa que o estudo privilegia a organização territorial da produção e reconhece a interdependência entre as múltiplas escalas na conformação do território e de seu desenvolvimento. Destaca-se a importância da RMBH estar aberta para a dimensão supranacional e supra-regional para evitar o risco de trancamento e ser capaz de criar e recriar oportunidades de crescimento. Subjacente a essa concepção, prevalece o entendimento do território como construto social, resultante das interações entre os agentes, de sua história, cultura e relações sociais e econômicas. Privilegiam-se o desenvolvimento humano, os valores e as diferenças culturais, a criatividade e a diversidade e uma institucionalidade participativa de construção do processo decisório da metrópole. 1043 Além disso, a definição de uma rede de (novas) centralidades, irradiadoras de desenvolvimento - em oposição a um crescimento do tipo centro-periferia, prevalecente até hoje - é considerada fundamental para a redução das disparidades econômicas e sociais intrametropolitana. A configuração socioeconômica dos novos centros deverá estimular uma nova distribuição de atividades econômicas e promover maior articulação microrregional, de forma a reduzir a fragmentação do espaço metropolitano e suas disparidades. Em última instância, o fortalecimento da unidade (coesão) social e territorial da RMBH deve ser buscado. O sucesso da reorganização do espaço intrametropolitano, conforme proposto, será crucial para garantir uma inserção mais ativa da metrópole no cenário nacional e global e, conseqüentemente, uma mudança de sua posição relativa na rede urbana nacional, almejando se tornar um dos três centros primazes da rede metropolitana. Para isso, é necessária a superação do modelo centro-periferia predominante na metropolização de Belo Horizonte. Associado à pouca densidade urbana (ou à existência de núcleos urbanos incompletos no sentido de não serem capazes de incorporar um setor de serviços complexo), o entorno da RMBH é de subsistência e marcado por grandes disparidades de renda e de capital social e físico, resultante do processo de periferização de contingente crescente da população ao longo do processo de desenvolvimento da metrópole. Ocorreu, portanto, uma forte segmentação da hierarquia urbana, com escasso número de centros urbanos de porte médio capazes de absorver atividades produtivas complementares. Tais aspectos implicaram na dificuldade de se desenvolver um mercado de trabalho metropolitano dinâmico, bem como na fragilidade da imersão social dos núcleos urbanos do entorno. Finalmente, as grandes disparidades de renda intrametropolitana determinaram uma baixa densidade de demanda do aglomerado metropolitano, comprometendo a escala de produção, a divisão do trabalho em seu interior e o transbordamento de economias externas e sua absorção pelo entorno. Esses aspectos são ainda mais graves quando se consideram atividades mais intensivas tecnologicamente, onde os requerimentos de capacitações sociais e de absorção são mais elevados e a complementaridade com o setor de serviços complexos é determinante para a sua reprodução em escala ampliada. Em suma, o processo de desenvolvimento desigual da metrópole levou ao surgimento de um espaço social construído baseado em relações sociais frágeis, tornandose crítico a elaboração de políticas que levem à “aproximação territorial” dos atores locais e ao desenvolvimento equilibrado do ambiente socioeconômico. 1044 Impõem-se, portanto, a retomada de políticas regionais e urbanas, que incorporem políticas de desenvolvimento endógenas aos locais, que promovam a um só tempo a coordenação horizontal e vertical das ações no espaço que resgate a visão de conjunto da RMBH. É crucial que a estratégia de desenvolvimento metropolitana seja baseada nos princípios de equidade, coesão e competitividade sistêmica e que crie entre os municípios a consciência e o sentimento de pertencimento metropolitanos. Somente assim será possível superar a fragmentação e desarticulação da estrutura urbana da RMBH. 10.2 Economia e Sociedade 10.2.1 Crescimento Econômico, Pobreza e Desigualdade Uma das características centrais da dinâmica econômica da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como já destacado por diversos núcleos temáticos do PDDI, é a concentração produtiva e de renda, combinada à relativa estagnação de alguns municípios da região. Isto, acompanhado de um direcionamento produtivo baseado no complexo mínerometalúrgico, pode gerar resultados indesejados sobre o meio-ambiente e a qualidade de vida da população. Com efeito, tendo como ponto de partida a proposta de repensar o desenvolvimento produtivo da RMBH, em suas diferentes dimensões – estrutura produtiva, conhecimento, tecnologia e alternativas energéticas – é importante entender a dinâmica econômica recente do estado de Minas Gerais e seus efeitos sobre a região em estudo. Grande parte do crescimento econômico de Minas Gerais entre 2004 e 2010 tem se baseado na forte demanda internacional por produtos intensivos em recursos naturais e commodities primárias. De fato, o desempenho dos preços desses produtos no mercado internacional tem garantido um bom desempenho da balança comercial brasileira e, particularmente, da de Minas Gerais. Esta dinâmica, não obstante seja capaz de puxar um crescimento liderado pelas exportações e gerar um dinamismo de curto prazo para a RMBH, gera um crescimento desordenado que impõe analisar o planejamento de longo prazo de forma metropolitana, e não municipal, como salienta o relatório da CIPLAG. Em primeiro lugar, este crescimento gera inequívocos efeitos ambientais, uma vez que se baseia fundamentalmente no complexo mínero-metalúrgico. Os efeitos ambientais dos 1045 investimentos neste setor são discutidos nos núcleos temáticos CIPLAG, CAC e ADAMS e merecem preocupação especial. Em segundo lugar, como os dados da Tabela 1 podem demonstrar, a dinâmica do crescimento é concentrada em três municípios, quais sejam, Belo Horizonte, Betim e Contagem. Tabela 1: RMBH e Colar Metropolitano: Indicadores Econômicos e Sociais (2007) RMBH Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Nova União Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano Total RMBH Colar Metropolitano Barão de Cocais Belo Vale Bomfim Fortuna de Minas Funilândia Inhaúma Itabirito Itauna Moeda Pará de Minas Prudente de Morais Santa Bárbara São Jose da Varginha Sete Lagoas Total PIB* 54,207.00 38,209,473.00 21,536,564.00 580,187.00 196,906.00 39,979.00 907,985.00 12,364,319.00 237,505.00 40,084.00 826,848.00 209,419.00 104,836.00 192,933.00 77,996.00 629,025.00 551,509.00 54,439.00 262,188.00 422,306.00 1,916,707.00 32,611.00 637,835.00 59,992.00 1,221,529.00 60,321.00 25,966.00 748,114.00 1,448,892.00 204,903.00 217,445.00 186,186.00 23,302.00 803,212.00 85,085,723.00 400,255.00 35,286.00 37,061.00 18,766.00 21,040.00 52,268.00 775,841.00 1,163,096.00 22,465.00 1,027,941.00 57,723.00 189,510.00 53,213.00 3,927,398.00 92,867,586.00 PIB PERCAPITA** Indústria Serviços Agropecuaria Índice de Gini Incidência de Pobreza 6,552.00 14,288.00 23,644.00 14,561.00 0.45 38.41 15,835.00 5,358,657.00 26,235,899.00 155.00 0.42 5.43 51,883.00 9,685,574.00 7,501,639.00 9,827.00 0.41 17.41 18,151.00 312,380.00 213,254.00 17,381.00 0.41 15.12 5,044.00 27,517.00 145,719.00 9,925.00 0.41 21.98 4,562.00 8,906.00 24,931.00 2,800.00 0.40 37.33 159,856.00 8,924.00 163,856.00 477.00 0.36 23.84 20,314.00 3,552,168.00 6,785,974.00 1,019.00 0.37 11.08 4,284.00 31,690.00 155,731.00 37,516.00 0.34 17.95 6,762.00 3,955.00 22,246.00 12,046.00 0.39 13.72 5,567.00 216,149.00 514,895.00 6,177.00 0.33 26.02 6,726.00 65,965.00 119,611.00 7,536.00 0.36 22.54 8,529.00 24,431.00 58,961.00 12,596.00 0.42 22.81 21,549.00 104,006.00 64,787.00 11,390.00 0.37 32.39 5,033.00 7,910.00 52,913.00 13,324.00 0.42 31.47 32,211.00 326,956.00 153,682.00 4,181.00 0.36 17.34 12,277.00 147,410.00 325,745.00 2,435.00 0.40 16.28 4,767.00 6,210.00 33,283.00 12,948.00 0.35 25.72 10,231.00 102,529.00 112,567.00 22,250.00 0.39 18.44 12,675.00 188,339.00 166,279.00 5,964.00 0.38 21.97 26,545.00 921,641.00 820,974.00 154.00 0.40 11.05 5,972.00 3,107.00 18,466.00 9,658.00 0.35 19.27 11,286.00 228,904.00 299,514.00 18,911.00 0.41 18.88 4,033.00 9,958.00 45,901.00 27.00 0.39 28.86 3,712.00 244,498.00 871,363.00 2,026.00 0.33 23.20 7,305.00 7,175.00 45,906.00 180.00 0.42 33.66 5,186.00 3,827.00 14,889.00 6,169.00 0.38 33.58 6,195.00 268,891.00 399,524.00 2,371.00 0.38 20.41 6,512.00 547,875.00 701,637.00 3,581.00 0.35 19.28 9,224.00 86,298.00 87,269.00 3,035.00 0.37 21.88 12,148.00 89,833.00 75,793.00 5,608.00 0.35 14.57 7,997.00 51,668.00 106,636.00 9,185.00 0.33 18.12 6,202.00 4,392.00 13,188.00 4,591.00 0.35 18.67 8,527.00 323,906.00 345,045.00 465.00 0.36 20.85 533,652.00 22,985,937.00 46,721,721.00 270,469.00 15,149.00 4,856.00 5,519.00 7,647.00 5,782.00 9,775.00 18,685.00 14,213.00 4,986.00 12,873.00 6,505.00 7,237.00 14,015.00 18,057.00 678,951.00 206,796.00 5,743.00 3,960.00 1,220.00 1,966.00 6,032.00 404,152.00 406,244.00 2,907.00 355,500.00 19,322.00 49,764.00 3,060.00 1,620,076.00 26,072,679.00 151,681.00 21,742.00 22,295.00 9,090.00 11,096.00 21,275.00 305,705.00 555,814.00 16,371.00 498,322.00 29,276.00 109,120.00 16,561.00 1,746,056.00 50,236,125.00 4,428.00 6,040.00 9,140.00 7,899.00 7,069.00 22,315.00 6,196.00 26,375.00 2,079.00 60,994.00 3,721.00 6,599.00 32,251.00 17,376.00 482,951.00 0.40 0.39 0.43 0.32 0.34 0.35 0.41 0.42 0.38 0.39 0.38 0.40 0.36 0.40 40.25 22.79 31.40 23.98 30.25 33.46 26.78 22.58 18.16 21.92 48.98 38.15 22.41 26.34 Fonte: IBGE, dados de 2007 Economia e Censo e POF para dados Sociais * Mil Reais ** Reais 1046 De fato, mais de 75% do PIB, indústria e serviços, da RMBH se concentra nessas cidades, ao passo que a incidência de pobreza (percentual de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza) se concentra nos municípios menos dinâmicos economicamente (Tabela 2). Este fenômeno é conseqüência de uma típica dinâmica centro-periferia, na qual há uma tendência à concentração de renda em regiões com maior capacidade de absorção. Neste sentido, o reordenamento do espaço e da produção para setores de maior desenvolvimento tecnológico e com a utilização de energias limpas e sem agressão ao meio ambiente é fundamental para romper esta dinâmica perversa. Os dados da Tabela 2 são capazes de esclarecer alguns pontos importantes para o nosso estudo. Tabela 2: RMBH e Colar Metropolitano: Indicadores Econômicos e Sociais (Percentuais Relativos – 2007) RMBH Baldim Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Capim Branco Confins Contagem Esmeraldas Florestal Ibirité Igarapé Itaguara Itatiaiuçu Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Nova União Pedro Leopoldo Raposos Ribeirão das Neves Rio Acima Rio Manso Sabará Santa Luzia São Joaquim de Bicas São José da Lapa Sarzedo Taquaraçu de Minas Vespasiano Total RMBH Colar Metropolitano Barão de Cocais Belo Vale Bomfim Fortuna de Minas Funilândia Inhaúma Itabirito Itauna Moeda Pará de Minas Prudente de Morais Santa Bárbara São Jose da Varginha Sete Lagoas Total PIB* 0.06 41.14 23.19 0.62 0.21 0.04 0.98 13.31 0.26 0.04 0.89 0.23 0.11 0.21 0.08 0.68 0.59 0.06 0.28 0.45 2.06 0.04 0.69 0.06 1.32 0.06 0.03 0.81 1.56 0.22 0.23 0.20 0.03 0.86 91.62 0.43 0.04 0.04 0.02 0.02 0.06 0.84 1.25 0.02 1.11 0.06 0.20 0.06 4.23 100.00 PIB PERCAPITA** Indústria 0.97 2.33 7.64 2.67 0.74 0.67 23.54 2.99 0.63 1.00 0.82 0.99 1.26 3.17 0.74 4.74 1.81 0.70 1.51 1.87 3.91 0.88 1.66 0.59 0.55 1.08 0.76 0.91 0.96 1.36 1.79 1.18 0.91 1.26 78.60 2.23 0.72 0.81 1.13 0.85 1.44 2.75 2.09 0.73 1.90 0.96 1.07 2.06 2.66 100.00 Serviços 0.05 20.55 37.15 1.20 0.11 0.03 0.03 13.62 0.12 0.02 0.83 0.25 0.09 0.40 0.03 1.25 0.57 0.02 0.39 0.72 3.53 0.01 0.88 0.04 0.94 0.03 0.01 1.03 2.10 0.33 0.34 0.20 0.02 1.24 88.16 0.05 52.23 14.93 0.42 0.29 0.05 0.33 13.51 0.31 0.04 1.02 0.24 0.12 0.13 0.11 0.31 0.65 0.07 0.22 0.33 1.63 0.04 0.60 0.09 1.73 0.09 0.03 0.80 1.40 0.17 0.15 0.21 0.03 0.69 93.00 0.79 0.02 0.02 0.00 0.01 0.02 1.55 1.56 0.01 1.36 0.07 0.19 0.01 6.21 100.00 0.30 0.04 0.04 0.02 0.02 0.04 0.61 1.11 0.03 0.99 0.06 0.22 0.03 3.48 100.00 Agropecuaria Índice de Gini Incidência de Pobreza 3.02 0.45 38.41 0.03 0.42 5.43 2.03 0.41 17.41 3.60 0.41 15.12 2.06 0.41 21.98 0.58 0.40 37.33 0.10 0.36 23.84 0.21 0.37 11.08 7.77 0.34 17.95 2.49 0.39 13.72 1.28 0.33 26.02 1.56 0.36 22.54 2.61 0.42 22.81 2.36 0.37 32.39 2.76 0.42 31.47 0.87 0.36 17.34 0.50 0.40 16.28 2.68 0.35 25.72 4.61 0.39 18.44 1.23 0.38 21.97 0.03 0.40 11.05 2.00 0.35 19.27 3.92 0.41 18.88 0.01 0.39 28.86 0.42 0.33 23.20 0.04 0.42 33.66 1.28 0.38 33.58 0.49 0.38 20.41 0.74 0.35 19.28 0.63 0.37 21.88 1.16 0.35 14.57 1.90 0.33 18.12 0.95 0.35 18.67 0.10 0.36 20.85 56.00 21.75 0.92 1.25 1.89 1.64 1.46 4.62 1.28 5.46 0.43 12.63 0.77 1.37 6.68 3.60 100.00 0.40 0.39 0.43 0.32 0.34 0.35 0.41 0.42 0.38 0.39 0.38 0.40 0.36 0.40 40.25 22.79 31.40 23.98 30.25 33.46 26.78 22.58 18.16 21.92 48.98 38.15 22.41 26.34 Fonte: IBGE, dados de 2007 Economia e Censo e POF para dados Sociais * Mil Reais ** Reais 1047 Em primeiro lugar, a centralidade é inversamente proporcional à incidência de pobreza. De fato, municípios com baixo dinamismo econômico tendem a concentrar a pobreza, embora não apresentem altos índices de concentração de renda. Com efeito, o município de Ibirité, com alta incidência de pobreza (26%), apresenta um índice de Gini baixo (menor concentração de renda). Esta característica apenas reforça o fato de que a pobreza em geral eclipsa o efeito da concentração de renda municipal, uma vez que é na dimensão metropolitana onde é possível identificar com maior clareza as diferenças. Neste sentido, novas centralidades são fundamentais para possibilitar a mitigação dos efeitos perversos da dinâmica centro-periferia que se reproduz no nível metropolitano. De fato, conforme já salientado anteriormente, a perspectiva teórico-metodológica subjacente à análise aqui realizada é de integração da dimensão regional, relativa ao posicionamento da RMBH na rede de cidades brasileira, com a dimensão intra-urbana da metrópole determinada por suas relações com seu entorno. Isto reitera a necessidade de privilegiar a organização territorial da produção e sua integração em múltiplas escalas (metropolitana, microrregional e municipal, referenciadas no estado e no país), e que esta não deverá se ater aos aspectos econômicos, mas considerar os condicionantes ambientais e a identidade e a vinculação da população com o território (entendido como espaço social construído). 10.3 Estrutura produtiva 10.3.1 Posicionamento do Sistema Metropolitano na Rede de Cidades Nacional A Região Metropolitana de Belo Horizonte foi favorecida pelo esforço de industrialização da economia mineira a partir do final dos anos 1960. Como é sabido, houve avanços significativos na estrutura industrial da economia estadual, especialmente no que se refere ao adensamento e diversificação da matriz industrial do complexo mínero-metalúrgico para o complexo metal-mecânico. Conseqüentemente, parte expressiva do entorno metropolitano se industrializou e Belo Horizonte progrediu em direção a serviços produtivos modernos ligados aos novos requerimentos da estrutura industrial, que eram até então inexistentes. 1048 A partir da segunda metade dos anos 1980, a competição com novos centros emergentes significou certa inflexão no crescimento e diversificação da RMBH. De um lado, os efeitos de reversão da polarização industrial da Região Metropolitana de São Paulo, nos anos 1970 e início dos 1980, beneficiaram não apenas a RMBH e parte do interior de Minas próximo a São Paulo (Triângulo Mineiro e parte do Sul de Minas), mas também cidades nãometropolitanas de grande porte do estado de São Paulo, como Campinas e São José dos Campos, e áreas dos estados da Região Sul, especialmente a Região Metropolitana de Curitiba e, em segundo lugar, a Região Metropolitana de Porto Alegre, além de cidades médias de grande porte, como Joinville, Londrina, Maringá, Caxias do Sul, Blumenau e cidades emergentes do oeste catarinense. De outro, o esforço de desconcentração regional resultou em impactos positivos a partir dos anos 1980 sobre algumas aglomerações urbanas do Nordeste, em especial a Região Metropolitana de Salvador. Com isso, novos espaços metropolitanos e não-metropolitanos surgiram como alternativas locacionais para abrigar atividades intensivas em escala urbana, que envolvem um conjunto amplo de atividades industriais com altos requerimentos de serviços produtivos (Diniz, 1993). Apesar de sua localização privilegiada, a integração produtiva da RMBH teve reflexos paradoxais dessa vantagem, determinando uma macropolarização restringida geograficamente. Em termos de sua integração físico-territorial, a localização da RMBH pode ser considerada estratégica, pois se localiza em um dos vértices da rede nacional de transportes, servindo de principal entroncamento da malha vinculada de transporte rodoviário e ferroviário do território brasileiro na direção Norte-Sul (BR 381, BR 262, BR 040, FerroOeste, Ferrovia Vitória Minas e Ferrovia do Aço). Em termos de sua integração produtiva, de um lado, sua proximidade com a cidade de São Paulo, e secundariamente, ao Rio de Janeiro possibilitou uma integração relativamente forte com a indústria metal-mecânica paulistana e acesso aos dois maiores mercados urbanos do país. De outro lado, sua capacidade de desenvolvimento de complementaridades produtivas com seu entorno regional foi severamente prejudicada pela presença polarizadora, de ordem superior, da RMSP. Conseqüentemente, além de seu entorno imediato, a RMBH possui uma área de influência constituída pelas regiões mais pobres e menos dinâmicas do estado de Minas Gerais, perdendo, em poder de polarização, para São Paulo as regiões mineiras mais virtuosas do Triângulo Mineiro e Sul de Minas. Adicionalmente, perde para a RMRJ a cidade de Juiz de Fora e seu entorno meso-regional. 1049 Não obstante o rápido crescimento dos investimentos no complexo mínerometalúrgico na RMBH, Colar e entorno metropolitano, na última década, está ainda por se criar na RMBH e Colar um crescimento diferenciado que não dependa da base de recursos naturais. De fato, parece ter-se reforçado a dificuldade da RMBH de apresentar um crescimento “diferenciado” em direção a atividades de maior conteúdo tecnológico e de conhecimento, que possibilitaria, no longo prazo, uma inserção mais ativa no cenário nacional e global e, portanto, uma mudança de sua posição relativa na rede urbana nacional. Apesar de ainda não se poder afirmar que na RMBH e seu entorno têm experimentado um tipo de desenvolvimento determinado pela “maldição dos recursos naturais”, os consideráveis investimentos planejados pelas empresas mínero-metalúrgicas para a região colocam essa possibilidade claramente e um grande desafio na sustentabilidade de um desenvolvimento econômico diversificado no longo prazo. A “maldição dos recursos naturais” significa que as rendas obtidas com a exploração dos recursos naturais é tão significativa que há uma reversão da diversificação produtiva e “queima” de capacitações em setores mais intensivos em tecnologia e conhecimento. A competitividade da região passa assim a ser crescentemente determinada pela disponibilidade de recursos naturais e capacitações mais simples vinculadas ao seu processamento. Antes que este processo avance, é crítico que uma política regional de desenvolvimento produtivo seja adotada. Ela deve promover a agregação de valor e a diversificação produtiva da cadeia mínero-metalúrgica com o reforço, em primeiro lugar, das capacitações na indústria metalmecânica e atividades de alta tecnologia (notadamente baseadas nas nanos, bios e tics), bem como nas atividades prestadoras de serviços complexos; em segundo lugar, da inclusão de produtores locais na cadeia produtiva das grandes empresas; em terceiro lugar, da formação e treinamento dos recursos humanos locais a serem absorvidos por estes novos investimentos e sua demanda derivada, evitando-se assim a “exportação” de empregos para outros estados; e, em quarto lugar, da rede transporte ferroviário e rodoviário, que permita uma maior integração intrametropolitana, de forma a aumentar a mobilidade da mão de obra no espaço. Somente dessa forma poderão ser estimulados maiores encadeamentos com a economia local e, conseqüentemente, ampliados os multiplicadores de renda e emprego. Ademais, esse desenvolvimento vinculado ao complexo mínero-metalúrgico deve ser descentralizado, de forma a promover uma maior dispersão de seus impactos e demandas no território. É importante reconhecer que, apesar dos desafios apontados, a RMBH desfruta de vantagens que certamente podem contribuir para seu reposicionamento estratégico no âmbito 1050 da rede metropolitana nacional. A seguir, apontamos as principais vantagens desfrutadas pela RMBH. Uma primeira vantagem é o compartilhamento de serviços mais sofisticados com São Paulo e Rio de Janeiro nos dois sentidos, vale dizer, como consumidores desses serviços e como produtores para um mercado mais amplo. Uma segunda vantagem é o compartilhamento das relações interindustriais do complexo industrial paulista, viabilizando a expansão industrial mais diversificada nestas duas regiões. Terceira, a possibilidade de intensificação da venda sistemática de serviços produtivos normais (projetos de engenharia civil, consultorias diversas e outros), tendo como base o menor custo das remunerações, real e nominal, prevalecente em Belo Horizonte. Quarta, as indústrias relativamente exigentes em escala e custo de transporte podem optar, em função do menor custo urbano, pela localização na RMBH, decidindo pelo abastecimento, a partir daqui, para Rio e São Paulo. Quinta, a base de recursos naturais, tanto minério de ferro, como minerais não metálicos, tem sido uma importante fonte de atração de investimentos, notadamente na última década com o aquecimento da demanda local. Acoplado a isso, a infraestrutura criada pelas bases exportadoras mineral e metal-mecânica vêm contribuindo para a integração da região. Sexta, tem-se a centralidade de Belo Horizonte como ponto de passagem para parte do Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, bem como a ligação do Centro-Oeste com os portos no Sudeste, principalmente Espírito Santo. Neste sentido, localizações industriais, comerciais ou mesmo de alguns serviços que combinem escala relevante com custo de transporte mediano, o que configuraria uma área de mercado ideal para regiões centrais, poderiam optar por Belo Horizonte, ao invés de se fixarem conservadoramente no Rio e São Paulo ou mesmo avançarem para macropólos geograficamente mais distantes. Sétima, a atuação dos fatores desaglomerativos no Rio e São Paulo – que propiciam aumento do custo urbano, com conseqüências, tanto no custo de vida quanto na qualidade de vida – comparativamente a Belo Horizonte, acabam por gerar um fator locacional negativo para aquelas duas metrópoles, especialmente ao se combinarem todos os fatores acima assinalados. Oitava, como conseqüência e fator cumulativo de todos estes pontos, à medida que esta região metropolitana cresce, vão se desenvolvendo economias externas, isto é, ganhos de aglomeração, os quais fazem aumentar, em muito, suas possibilidades locacionais. 1051 Por último, as capacitações científicas da RMBH, refletidas no desenvolvimento de APLs de base tecnológica (biotecnologia e software), na existência de 7 Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e na decisão de implantação do Parque Tecnológico de BH, a colocam em posição privilegiada para aproveitar das “janelas de oportunidade” abertas pelo novo paradigma da nano / bio / TICs (BH Século XXI; Minas Gerais Século XXI). 10.3.2 Fragmentação e Desigualdades Econômicas Ao longo dos anos, Belo Horizonte progrediu em sua função de centralidade urbana, concentrando os serviços produtivos complexos ligados aos novos requerimentos da estrutura produtiva. O entorno metropolitano, notadamente o Vetor Oeste (Betim e Contagem) e Santa Luzia, Pedro Leopoldo e Vespasiano, se industrializou. Particularmente, pode-se afirmar que Betim e Contagem vieram a se constituir, juntamente com BH, nas principais centralidades produtivas da RMBH. Sem dúvida, o eixo metropolitano dinâmico da industrialização foi Belo Horizonte / Betim / Contagem, que ao longo dos anos se consolidaram como centros urbanos de hierarquia superior. Vale ainda lembrar a importância que Venda Nova assumiu, com o desenvolvimento do conjunto arquitetônico da Pampulha. Forjou-se, ao longo dos anos, um desenvolvimento do tipo centro-periferia. Vale dizer, o rápido crescimento populacional experimentado pela periferia, notadamente Ribeirão das Neves, Ibirité e Santa Luzia, não foi acompanhado por igual desenvolvimento da infraestrutura habitacional, transporte, saneamento, etc., tampouco pela atração de investimentos que ajudassem a estabelecer uma dinâmica própria endógena para esses municípios. Consolidou-se, portanto, um processo de fragmentação e desarticulação intermunicipal e de desigualdades de renda e emprego. Este processo manifesta-se na incapacidade de atração de investimentos de maneira equilibrada e, com isso, redução do crescimento entre os municípios da RM, nas deficiências do sistema viário e do transporte inter-regional – que agravaram a desarticulação da RMBH seja interna ou externamente; na “municipalização” das estratégias e políticas de desenvolvimento que aprofundou a desarticulação intrametropolitana com a guerra fiscal entre municípios; no negligenciamento da geração de externalidades para outros municípios a partir das ações tomadas individualmente; na perpetuação e mesmo aprofundamento da disparidade intermunicipal na dotação de capital básico e social e de capacitações determinaram dinâmicas heterogêneas de crescimento. Como argumentado anteriormente, na última década, o dinamismo das atividades de exploração mineral associado ao aquecimento da demanda internacional tem levado a uma 1052 descentralização dos investimentos associada à base de recursos naturais, notadamente minério de ferro. Nesse caso, há expectativa de significativos investimentos em Caeté / Raposos (Serra da Gandarela), Itatiaiuçu (Serra Azul); Brumadinho (Serra da Moeda); Barão de Cocais/Santa Bárbara e Sete Lagoas (minerais não metálicos, notadamente cimento). Ademais, os elevados investimentos previstos no complexo mínero-metalúrgico no entorno da RMBH e Colar (no Alto Paraopeba, em Conceição do Mato Dentro e em Ouro Preto) deverão ter significativas externalidades para a RMBH, notadamente BH / Contagem / Betim tanto na demanda derivada de serviços (minerários e mais complexos) como em equipamentos para estas indústrias. Da mesma forma, é esperada uma considerável geração de postos de trabalho tanto na construção quanto na operação desses empreendimentos. Para que a população da RMBH, Colar e seu entorno possam se aproveitar das oportunidades abertas por estes investimentos coloca-se como premente o desenvolvimento de programas de formação, treinamento e capacitação da mão de obra. Além disso, tem sido fortalecido o transbordamento de atividades produtivas para municípios de hierarquia inferior, em razão do desenvolvimento de rede de fornecedores de grandes empresas, como no caso da Fiat (por exemplo, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Matozinhos). Paralelamente, algumas atividades de maior conteúdo tecnológico, como aparelhos e equipamentos médicos, material eletroeletrônico, produtos farmacêuticos e biotecnológicos e bens das tecnologias da informação e comunicação têm expandido a sua produção, mas ainda sem serem capazes de “rivalizar” na pauta produtiva com os de menor valor agregado e com a automotiva. Nesse contexto, vale destacar a decisão do governo de estado em potencializar o desenvolvimento econômico do Vetor Norte, na região do Aeroporto Internacional e entorno do Rodoanel, pela atração de investimentos e criação de pólos de alta tecnologia em aeronáutica, microeletrônica/semicondutores e saúde. Estes investimentos poderiam criar uma demanda derivada para as atividades intensivas em tecnologia que viriam a alterar estruturalmente o posicionamento da RMBH nacional e internacionalmente, e, simultaneamente, criariam novas centralidades, que poderiam contribuir para a redução da fragmentação territorial. Para isso, entretanto, é necessário que estes investimentos endogenizem essa demanda e não sejam apenas montadoras de peças a partir de insumos e bens importados. Em contraste, vários municípios da RMBH continuaram (e continuam) praticamente excluídos das oportunidades de investimento. Exemplos são Ribeirão das Neves, Pedro 1053 Leopoldo, Baldim, Esmeraldas, dentre outros. Dessa forma, uma das questões prioritárias que se coloca é o desenvolvimento de estratégias que sejam capazes de promover um menor desequilíbrio intrametropolitano. Nesse caso, o desenvolvimento de “capacidades de absorção” e do capital social deve ser uma prioridade. Isso permitirá que o “empreendedorismo de necessidade” seja transformado em “empreendedorismo de oportunidade”. Ainda, a regulamentação da Lei Geral das MPEs nos municípios da RMBH e a criação de uma agência de desenvolvimento de projetos poderá dinamizar o desenvolvimento das MPEs, gerando emprego e renda. Finalmente, deve-se ressaltar a importância do pleno desenvolvimento das funções de interesse comum (uso do solo, transporte intermunicipal e sistema viário de âmbito metropolitano, habitação, saneamento básico e meio ambiente, segurança pública, abastecimento de água, instalação de aterros sanitários e penitenciárias) para a integração e coesão metropolitana. Em particular, deve-se buscar a apropriação menos desequilibrada de suas externalidades positivas e socialização dos custos associados às externalidades negativas ou mesmo a transformação das externalidades negativas em oportunidades de desenvolvimento (por exemplo, criação, em aterros sanitários, de incubadoras de econegócios relacionados à biomassa, reciclagem, etc., ou valoração dos serviços ambientais prestados por municípios ainda predominantemente rurais ou com importantes áreas de preservação ou recursos hídricos). 10.3.3 Carteira de Investimentos A seguir, apresentamos a carteira de investimentos para os municípios da RMBH e Colar. Esta carteira foi montada utilizando diversas fontes de informação (INDI, Jornais, Licenciamento Ambiental). Vale ressaltar que os valores dos investimentos são estimativas apenas, podendo ser revistos na medida em que os empreendimentos envolvidos forem confirmados. Deve-se ser observado que a montagem da carteira contempla três objetivos: em primeiro lugar, indicar como será a distribuição da atividade econômica no espaço metropolitana no futuro a partir dos investimentos planejados; em segundo lugar, indicar as necessidades de capacitação e treinamento de forma que os empregos gerados sejam ocupados por pessoas da RMBH e não “exportados”; e, em terceiro lugar, estimar os impactos desses investimentos nos PIB municipais. Inicialmente, um importante aspecto para o desenvolvimento da RMBH, como visto anteriormente, é a distribuição dos investimentos no espaço. A elevada concentração desses 1054 em uns poucos municípios perpetua as desigualdades nas oportunidades de crescimento entre os municípios metropolitanos, bem como alimenta a competitividade predatória entre eles, transmutada em guerra fiscal, com efeitos perversos sobre coesão metropolitana. Como mostra a Tabela 3, Belo Horizonte e Betim concentram quase 60% dos investimentos previstos, lembrando que detêm mais de 64% do PIB da RMBH (Tabela 1). Uma outra característica que chama a atenção é a crescente participação de “municípios mineradores” nos novos investimentos. De fato, a base de recursos naturais tem sido um “drive” orientador dos investimentos no espaço metropolitano. Dois problemas emergem nesse caso. De um lado, a proximidade entre as áreas de atividades extrativas, zonas urbanas e áreas de preservação tem originado conflitos, muitas vezes irreconciliáveis, que colocam, de um lado, grandes empresas e interesses econômicos poderosos e, de outro, a comunidade local e ambientalistas. De outro, a extrativa mineral e a metalurgia/siderurgia foram as atividades que aumentaram a sua eficiência através de um forte processo de ganhos de produtividade e, conseqüentemente, de redução do emprego. Isso significa que os novos investimentos têm pequena capacidade de geração de postos de trabalho diretos. Entretanto, dada a dimensão de alguns investimentos previstos, este problema poderia ser compensado por uma política de inclusão de produtores locais em sua cadeia de fornecedores, bem como por uma política de agregação de valor e adensamento da cadeia, notadamente em serviços complexos. 1055 Tabela 3 – Estimativas de Investimento por Município, 2009-2015 (R$ mil; %) Município Estimativas de Investimento R$ 1.000,00 Barão de Cocais Belo Horizonte Betim Brumadinho Caeté Confins Contagem Esmeraldas Ibirité Igarapé Itabirito Jaboticatubas Juatuba Lagoa Santa Mário Campos Mateus Leme Matozinhos Nova Lima Pará de Minas Pedro Leopoldo Ribeirão das Neves Rio Acima S. José da Lapa Sabará Santa Barbara Santa Luzia São Joaquim de Bicas Sarzedo Sete Lagoas Vespasiano RMBH (rodoanel, vetor norte) TOTAL 265.620,00 14.358.420,00 13.657.501,00 96.382,00 5.000.000,00 528.200,00 1.599.535,00 12.500,00 11.951,00 2.532,00 2.096.500,00 1.000.000,00 377.632,00 1.511.770,00 40.000,00 3.640,00 2.000,00 1.583.517,00 93.638,00 46.600,00 100.909,00 20.000,00 13.841,00 182.466,00 408.775,00 67.520,00 63.350,00 17.187,00 1.769.392,00 1.383.236,00 998.865,00 47.313.479,00 Participação relativa no total (%) 0,56 30,35 28,87 0,20 10,57 1,12 3,38 0,03 0,03 0,01 4,43 2,11 0,80 3,20 0,08 0,01 0,00 3,35 0,20 0,10 0,21 0,04 0,03 0,39 0,86 0,14 0,13 0,04 3,74 2,92 2,11 100,00 Fonte: INDI, Jornais, Programas de Governo, Licenciamento Ambiental Não se pode deixar de mencionar, ainda, a decisão do governo de estado em alterar a organização territorial metropolitana a partir de seus investimentos no Vetor Norte. Entretanto, tais investimentos, apesar de tentarem criar novas centralidades, novas oportunidades de negócios em setores de alta tecnologia e, particularmente, fortalecer o Aeroporto – peça fundamental para a integração e inserção da RMBH na economia global – trazem em seu bojo importantes desafios: primeiro, não criam uma demanda derivada endógena, capaz de puxar e liderar o crescimento de outros setores da economia metropolitana por se caracterizarem como empresas montadoras (no caso da microeletrônica, por exemplo); segundo, os requisitos técnicos de investimentos desse tipo (montadoras) não 1056 geram complementaridades com a base de conhecimento científica e tecnológica local, significando uma grande perda de oportunidade para dinamização dos clusters de alta tecnologia e para a geração de inovações; terceiro, a possibilidade de exportação de emprego é significativa, na medida em que não estão sendo criadas as capacitações necessárias pari passu à implantação de alguns empreendimentos (como no caso do pólo de serviços da indústria aeronáutica); e, finalmente, a alta concentração de investimentos em uma região ambientalmente sensível pode trazer consideráveis problemas ambientais no médio – longo prazo. Impõe-se, portanto, uma redefinição desses investimentos em consonância com uma política regional e urbana de desenvolvimento produtivo que contemple não só os municípios da RMBH, mas a economia mineira como um todo, de forma a que estes investimentos ancorem, a partir de sua demanda derivada para a base científico-tecnológica e de formação/treinamento de recursos humanos, a diversificação produtiva e de serviços complexos e a consolidação de setores mais intensivos em tecnologia. Dessa forma, poderá ser, de fato, criado um mercado de trabalho dinâmico e potencializados os efeitos multiplicadores de renda e emprego. Além disso, análise do ciclo de vida do produto e das formas de compensar seus impactos sobre o meio ambiente deve antecipar a execução desses investimentos de forma a adequá-los aos requisitos da sustentabilidade ambiental. A Tabela 4 apresenta a carteira de investimentos classificados setorialmente. Como se pode observar, os investimentos no complexo automotivo (envolvendo a montadora e seus fornecedores) e no complexo mínero-metalúrgico são os de maior valor (respectivamente, 29% e 16% da carteira total). Chamam a atenção os investimentos na química e da eletroeletrônica. No caso da química, estão incluídos os investimentos na modernização da REGAP e atividades farmacêuticas e veterinárias – por exemplo, os investimentos da Hertape. Não estão computados os possíveis investimentos (de aproximadamente R$ 2 bilhões) na implantação do complexo acrílico em Betim/Ibirité. No caso da eletroeletrônica, um único investimento (Companhia Brasileira de Semicondutores) é responsável por mais de 70% do total previsto. Vale destacar, ainda, que dentre os investimentos nessa indústria destacam-se aqueles relacionados a aparelhos médicos. De fato, esta parece ser uma das importantes especializações da RMBH. 1057 Tabela 4 – Carteira de Investimentos Previstos por Setor Econômico, 2009-2015 (R$ mil; %) Setor Agroindustria Automotivo Calçados e Couro Comércio Confecções Educação Elétrico Eletroeletronico Energia Gás Gráfico Infraestrutura Mecânica Metalurgia Mineração Moveleiro Não-metálico P&D Químico Saneamento Saúde Segurança Serviços Siderurgia Têxtil Transporte Aéreo Transporte Terrestre TOTAL Estimativa de Investimento R$ 1.000,00 750.408,00 12.158.582,00 10.150,00 2.296.800,00 600,00 967.213,00 21.494,00 1.799.121,00 7.995,00 40.000,00 4.027,00 3.830.450,00 217.685,00 273.525,00 3.596.919,00 82.738,00 2.027.903,00 126.260,00 2.056.142,00 1.424.467,00 445.463,00 149.406,00 2.181.014,00 965.488,00 59.050,00 1.164.300,00 5.716.004,00 42.373.204,00 Participação relativa no total (%) 1,77 28,69 0,02 5,42 0,00 2,28 0,05 4,25 0,02 0,09 0,01 9,04 0,51 0,65 8,49 0,20 4,79 0,30 4,85 3,36 1,05 0,35 5,15 2,28 0,14 2,75 13,49 100,00 Fonte: INDI, Jornais, Programas de Governo, Licenciamento Ambiental Deve-se, ainda, destacar os investimentos associados ao Vetor Norte: Aeroporto, Centro Administrativo, Rodoanel, Linha Verde, Transporte Aéreo, Companhia Brasileira de Semicondutores, dentre outros. Estes investimentos totalizam mais de R$ 3,5 bilhões. Finalmente, a partir da carteira de investimentos foram realizadas estimativas do impacto sobre os PIBs municipais. Os mapas abaixo mostram os resultados obtidos. O Mapa 1 mostra que apenas Betim tem ganhos mais significativos no PIB estadual, enquanto Contagem perde participação. Alguns municípios do Vetor Norte, juntamente com Belo Horizonte, também são favorecidos, mas de maneira menos importante. Na maior parte da RMBH, a posição relativa dos municípios permanece inalterada. Note-se, ainda, a importância dos investimentos no entorno da RMBH – no Alto Paraopeba e em Conceição do 1058 Mato Dentro. Estes investimentos poderão vir a ter importantes rebatimentos para a RMBH, notadamente BH, como fornecedora de serviços e máquinas e equipamentos para as atividades desses locais. Mapa 1 – Estimativas da mudança de participação do PIB municipal no PIB estadual (pontos percentuais) Fonte: CEDEPLAR e Domingues (2010) O Mapa 2 mostra a distribuição dos impactos da carteira de investimentos no espaço. Como se vê, os municípios mais beneficiados são Belo Horizonte, Betim e Contagem. Em seguida, destacam-se os municípios do Vetor Norte, Nova Lima e Sete Lagoas. Fora da RMBH e Colar, os investimentos mínero-metalúrgicos no Alto Paraopeba e em Conceição do Mato Dentro e no Vale do Aço é que têm maior impacto. 1059 Mapa 2 - Estimativas da distribuição percentual dos impactos dos investimentos (%) Fonte: CEDEPLAR – Domingues, E. As considerações anteriores indicam a necessidade das instâncias decisórias governamentais em estabelecer uma política regional e urbana de desenvolvimento produtivo ou, se preferir, um planejamento regional, para a RMBH e Colar, que equilibre a distribuição dos investimentos entre os diversos municípios, garanta que todos se beneficiem (ou pelo menos, estejam capacitados para absorver) as externalidades positivas geradas pelos novos investimentos e que implemente medidas compensatórias no caso de externalidades negativas desses investimentos. Em outras palavras, para que haja de fato a estruturação de uma rede metropolitana de cidades mais equilibrada, é necessário que sejam selecionados e realizados investimentos públicos e privados em infraestrutura hard e soft substanciais (“eixos de integração e desenvolvimento”), acoplados com uma base de investimentos privados, que permita o estabelecimento de um ciclo virtuoso de crescimento baseado na capacidade de atração de atividades dinâmicas pelo local. 1060 O papel planejador e coordenador do Estado é de fundamental importância no estímulo à desconcentração dos investimentos. É importante ressaltar que o papel do Estado na construção de uma rede metropolitana de cidades mais equilibrada deve ser, principalmente, construir novas centralidades, usualmente contra as tendências concentradoras do mercado em regiões mais desenvolvidas da rede. Por esta razão, às vezes o Estado deve “arriscar” na construção de novas centralidades se pretende reduzir as disparidades intrametropolitanas. Por isso, para a construção da rede metropolitana de cidades almejada seria necessário, de um lado, a combinação de ousadia no planejamento público – com a seleção de novas centralidades e de projetos de logística e infraestrutura prioritários a serem implementados nos curto e médio prazos – e, de outro, o desenvolvimento e implementação de uma política desenvolvimento produtivo, em consonância com a PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo) nacional – que fomente o adensamento de cadeias produtivas selecionadas e permita o aproveitamento de oportunidades em segmentos de maior intensidade tecnológica ou mesmo a entrada em novos nichos (meio ambiente, energias renováveis, etc). 10.3.4 Carteira de Investimentos, Demografia e Rede de Centralidades Os investimentos previstos para a RMBH e seu entorno deverão influenciar a sua dinâmica populacional, particularmente a de alguns municípios. Inicialmente, deve-se considerar a influência dos investimentos sobre o crescimento populacional da RMBH e Colar. De um lado, é de se esperar que os investimentos, na medida em que levem à melhoria de renda e da qualidade de vida da população, promovam uma elevação da expectativa de vida e uma redução da mortalidade da população. De outro lado, tais investimentos podem gerar fluxos migratórios intra e interestaduais intensos, determinados não só por aqueles que buscam empregos, mas também por seus cônjuges e filhos. Deve-se, ademais, considerar que, dado a dinâmica do mercado imobiliário é bastante provável que haja uma segmentação entre o local de moradia e de trabalho, com os trabalhadores de maior nível de renda e educação residindo fora da localidade do trabalho. Dessa forma, o crescimento populacional conjugado ao fluxo migratório intrametropolitano e interestadual deverá requerer do governo um melhor planejamento no que tange aos serviços públicos de saúde, saneamento, transporte e habitação para que não haja uma deterioração de sua qualidade e sua oferta seja capaz de acompanhar o aumento esperado da demanda. 1061 Em segundo lugar, a efetivação destes investimentos vai requerer um contingente de trabalhadores com diferentes níveis de qualificação, distribuídos entre os vários municípios. Nesse sentido, é fundamental conhecer a disponibilidade de mão de obra por nível e tipo de qualificação disponível e sua distribuição territorial, de forma a antecipar possíveis gargalos que possam vir a surgir em razão da indisponibilidade de mão de obra com a qualificação requerida pelos novos investimentos. Conseqüentemente, investimentos em educação e, especificamente, em cursos técnicos voltados para a formação e treinamento da mão de obra impõem-se como um desafio para a RMBH. Finalmente, devem-se considerar as implicações que a concentração de investimentos em poucas áreas terão sobre o fluxo migratório e a construção de novas centralidades e, portanto, da rede de cidades metropolitana mais equilibrada. Para que estes investimentos não tenham a característica de enclaves, sem articulações com a economia local e seu entorno, é necessário que sejam adotadas políticas de inclusão social voltadas para a formação de fornecedores locais e prestadores de serviços para atuar na cadeia desses grandes investimentos. Isso reteria parcialmente a renda e os efeitos multiplicadores no local, posto que naquelas atividades de maior valor agregado é esperado o seu transbordamento para BH, principalmente. Ademais, o fluxo migratório gerará uma necessidade de aumento na oferta de bens públicos. Como saúde e educação são bens centrais, fundamentais para a construção da centralidade de uma região, à medida que estes investimentos forem sendo realizados, ocorrerá o reforço da centralidade dessas regiões. Esse processo seria beneficiado pela elevação do nível de renda nessas localidades, que, ao expandir a área de mercado, permitiria uma maior diversificação dos serviços e, assim, também reforçaria a centralidade dessas regiões. Dessa forma, pode ser criado um “círculo virtuoso” de consolidação de novas centralidades, desde que a oferta de serviços centrais cresça à frente da demanda ao invés de ser puxada pela demanda. 10.4 Conhecimento, Tecnologia e Energias Alternativas Considera-se que a economia do conhecimento – na qual a educação e a qualificação/capacitação das pessoas é a característica definidora – é a base a partir da qual se pode construir uma sociedade sustentável de baixo carbono, na medida em que as novas 1062 tecnologias (biotec, nanotec, tecnologias da informação) são capazes de transformar a partir de dentro os sistemas produtivos tradicionais e, por isso, promover um melhor aproveitamento dos recursos envolvidos, uma redução das “distâncias” (por meio de uma aproximação virtual), e tornar ambientalmente sustentáveis a produção de bens e serviços, que passam a ter um conteúdo intangível significativo. A maior parte dos empregos passa a ser gerada, portanto, em atividades com menores impactos ambientais e que fazem maior utilização de recursos renováveis (o talento e a criatividade, os bens intangíveis). Da mesma forma, o uso de energias alternativas – principalmente energia solar, da biomassa e biocombustíveis – e a promoção da eficiência energética combinada com a utilização de materiais recicláveis deverão contribuir para a construção de uma sociedade sustentável de baixo carbono. De maneira geral, novos nichos e oportunidades de desenvolvimento econômico e socioambiental deverão ser criados, considerando-se as potencialidades e especificidades locais, bem como a construção de vantagens competitivas dinâmicas, a partir da incorporação do conhecimento aos produtos e processos, da geração, absorção e difusão de novas tecnologias e de processos de aprendizagem. Os fatores de criação e sustentação de tais vantagens estão estruturados no chamado sistema de inovação, no qual diferentes atores – universidades, instituições de pesquisa, firmas, associações empresariais, associações de trabalhos, instituições públicas de diferentes níveis de governo, instituições da sociedade civil e instituições tácitas de cultura, religião, instituições financeiras, etc. – estão articulados e é moldada uma governança voltada para a inovação. Coloca-se como ponto central a valorização da inovação e da diversidade cultural e étnica da metrópole, de forma a produzir uma verdadeira revolução qualitativa na base social e produtiva da RMBH. Deve-se, ainda, preparar a RMBH para se aproveitar de janelas de oportunidade, que hoje são também janelas locacionais, tendo como substrato a excelência científica e tecnológica e dos recursos humanos incorporados nas diversas instituições de C,T&I (por exemplo, UFMG, CDTN, Fiocruz/Rene Rachou, CEFET, UEMG, CETEC, Biominas e Inova, BH-TEC, entre outros), e sistemas produtivos de alta tecnologia (biotecnologia e TICs) nela localizados. A infraestrutura científico-tecnológica deve ser a base para a estruturação de uma série de equipamentos tecnológicos, que atuem não só na transferência de tecnologias, mas também na sua aplicação. Estes equipamentos devem estar relacionados com a base produtiva do estado, bem como com a disponibilidade de capacitações que sejam capazes de sustentá1063 los dinamicamente nos médio e longo prazos. Estes equipamentos são instrumentos fundamentais de agregação de valor à produção mineira e metropolitana e de aumento de sua competitividade. De fato, espera-se que a geração de inovações seja potencializada e que sejam atraídos centros de P&D e indústrias de alta tecnologia a partir da experiência desses centros. Com base na estrutura produtiva e nas capacitações disponíveis na RMBH, propõe-se a criação dos seguintes centros: Centro de Desenvolvimento Farmacêutico e de Produção de Modelos Animais de Doenças, Centro de Tecnologias em Nanotubos de Carbono; Centro de Tecnologia Alimentar; Instituto de Pesquisas em Energias Alternativas. Finalmente, reconhecendo-se a existência de um “estrangulamento relacionado à baixa articulação entre o setor produtivo e instituições de pesquisa, com produção tecnológica de sofisticação reduzida”, deve-se induzir a parceria entre o setor produtivo, universidades e centros de pesquisa e governo para a promoção da criação e crescimento de empresas de base tecnológica e intensivas em conhecimento e tecnologia. Como argumentado por fundos de capital semente e de capital de risco, o maior problema enfrentado por esses empreendimentos é a falta de um bom plano de negócios a ser utilizado para levantar recursos para o financiamento de suas atividades. Nesse caso, a criação de uma Agência de Desenvolvimento de Projetos – voltada para a elaboração empreendimentos de base tecnológica e outros de maior vulto, com participação de bancos, fundos de venture capital, governo, universidade, empresas – reduziria os problemas anteriormente apontados. Esta agência deve ser responsável pela contratação e acompanhamento de estudos necessários à elaboração de plano de negócios de empreendimentos na RMBH. A agência assumiria todas as despesas com o desenvolvimento do projeto e a realização de estudos técnicos necessários (por exemplo, EVTEC), bem como sua modelagem econômico-financeira. Em caso do empreendimento criado ser bem-sucedido, ele reembolsaria a ADP os gastos realizados com o desenvolvimento de seu projeto, de forma a criar um círculo virtuoso de criação de novas empresas. Como é sabido, a RMBH possui importantes economias de aglomeração, propiciadas pela escala demográfica e econômica já alcançada, bem como pela base da infraestrutura física, especialmente do sistema de transportes, e da infraestrutura social, refletida pelo mercado de trabalho profissional, pela base acadêmico-universitária e pela oferta de serviços urbanos modernos. No entanto, as vantagens locacionais e a base produtiva local são condições necessárias, mas não suficientes para o catching up com os líderes nacionais. Os fatores de oferta científica e tecnológica são decisivos, ou seja, a capacitação científica local, 1064 a capacidade de absorção de conhecimento científico aplicado e as capacitações sociais dos recursos humanos. Sem dúvida, a existência de uma universidade de grande porte, capaz de estabelecer sinergias de conhecimento com outras instituições locais de pesquisa e criar ambiente favorável para interação com empresas de P&D é importante. Entretanto, deve-se democratizar e ampliar o máximo possível o acesso ao conhecimento. A criação de uma universidade aberta, estruturada a partir das universidades existentes na RMBH, combinada com uma ampla estrutura de comunicação digital para permitir o uso das TICs em e-learning e conteúdos multimídia, é pensada como um aglutinador da criatividade e da cultura e, conseqüentemente, contribuiria para a difusão da importância da ciência e tecnologia para a comunidade periférica metropolitana. A construção do Parque Tecnológico de Belo Horizonte e do pólo multimodal de alta tecnologia no Vetor Norte vinculado ao projeto do Aerotrópolis são equipamentos tecnológicos urbanos para induzir e explorar a realização do potencial inovativo da RMBH. A política de criação de pólos de excelência pela SECTES em áreas onde o Estado possui massa crítica, expertise, conhecimento acumulado, experiência institucional e base produtiva capaz de se apropriar dos benefícios científicos e tecnológicos gerados complementa este esforço. No que tange especificamente à construção de uma economia de baixo carbono, a utilização de energias alternativas e promoção da eficiência energética se colocam como tema central do futuro. Dada a configuração da matriz energética brasileira e as vantagens comparativas naturais em várias áreas relacionadas a tecnologias limpas, acredita-se que o desenvolvimento tecnológico de energias alternativas é não somente uma necessidade, mas também uma janela de oportunidade para a inserção competitiva internacional em um segmento com enorme potencial de crescimento – tanto em termos de crescimento das exportações de tecnologias como nas exportações de créditos de carbono e de posição próativa e de liderança no cenário mundial referente às políticas de matriz híbrida ambiental e energética. Como demonstrado pelo Inventário das emissões de gases de efeito estufa da FEAM, a base produtiva do Estado (agropecuária, indústrias intensivas no uso de energia e importantes emissoras de gases de efeito estufa como a siderurgia e o cimento) tem significativos impactos sobre o meio ambiente e compromete o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Se isso significa, de um lado, um grande desafio, por outro, implica que Minas Gerais tem uma ampla demanda latente para o uso de energias alternativas e para o desenvolvimento de tecnologias limpas para esses setores. Particularmente a RMBH concentra uma ampla massa 1065 crítica intelectual e acadêmica em instituições consolidadas de PD&I, bem como uma das mais importantes empresas energéticas do país, a Cemig, que realiza pesquisas e desenvolve tecnologias nessas áreas. Portanto, coloca-se em uma posição privilegiada para fomentar a geração de inovações e a difusão do uso de tecnologias energéticas limpas. A criação do Instituto de Pesquisa em Energias Renováveis é o reconhecimento desse potencial. O Instituto deverá reunir as capacitações científicas e tecnológicas dispersas na RMBH e no Estado, em formato de redes, com o propósito de atuar na cadeia de desenvolvimento de tecnologias avançadas para fontes de energia renováveis, envolvendo desde a pesquisa aplicada até comercialização de produtos, processos e serviços. Outro importante projeto que vem sendo estruturado na RMBH se refere à geração de energia a partir de resíduos sólidos e a captura de CO2, com a utilização de MDLs. O formato assumido por este projeto parece ser de um consórcio intermunicipal, envolvendo grandes empresas da área de energia e centros de pesquisa da RMBH. Mais uma vez, a aliança empresas – governo – academia abre oportunidades de novos investimentos para municípios da RMBH. Pode-se também pensar no desenvolvimento de incubadoras de econegócios vinculas às atividades de aterros sanitários para a produção de biogás, reciclagem de materiais, fertilizantes orgânicos e outras atividades (plantio de florestas, criação de animais, etc.)1 que possam gerar emprego e renda para a partir de atividades de PMEs em negócios sustentáveis. Finalmente, não se pode deixar de considerar que municípios de base agropecuária ou com amplas extensões de terra desocupadas, com limitadas capacidades de absorção de novos conhecimentos e tecnologias, podem se inserir nessa nova área a partir da prestação de serviços ambientais e da participação em projetos voltados para produção de energias alternativas, como no caso dos resíduos sólidos ou da energia solar. 1 Ver a este respeito a experiência da incubadora de econegócios de Cariacica – Incubalix. 1066 10.5 Propostas de política e programas para a RMBH A partir dos comentários anteriores, políticas e programas podem ser propostos com o intuito de acelerar o desenvolvimento econômico mais equilibrado e ambientalmente sustentável para a RMBH. Em linhas gerais, três políticas devem ser desenvolvidas. Uma primeira, de enfoque mais imediato, visa a criação de postos de trabalho em um horizonte de curto-prazo e o lançamento das bases para fortalecimento da competitividade da RMBH, de forma a torná-la atrativa para novos investimentos. Procura-se, desta forma, estimular a construção de um ambiente econômico e social caracterizado por uma demanda efetiva elevada e inclusiva através da geração de emprego e uma infraestrutura “soft” e “hard” adequada aos investimentos que se pretendem atrair. Vale notar que se deseja “exportar” soluções para o futuro a partir do desenvolvimento do presente e não problemas (tais como, degradação ambiental, criminalidade, violência, etc.). Esta primeira linha de políticas sedimentaria as bases para que duas outras políticas, de médio e longo prazo e essencialmente voltadas para a construção de um desenvolvimento efetivamente sustentável, fossem implementadas. Uma primeira seria a Política de Regional e Urbana de Desenvolvimento Produtivo da RMBH e Colar, a exemplo da PDP nacional. Entretanto, ela difere da PDP nacional por possuir um claro viés regional, voltado para a redução das disparidades de renda entre os municípios da RMBH. Como discutido anteriormente, esta política deve privilegiar a desconcentração dos investimentos, promover a diversificação produtiva e a agregação de valor, notadamente em atividades de base científica e intensivas em conhecimento e tecnologia; estimular as MPMEs para acelerar a geração de empregos e renda; integrar atores locais na cadeia produtiva de grandes empresas e antecipar as necessidades e qualificações da mão de obra requeridas no futuro, dentre outras. Uma segunda política se caracterizaria pela consolidação da economia do conhecimento e de baixo carbono, onde capacitações sociais e de absorção seriam construídas e fortalecidas no espaço metropolitano. Esta segunda linha de política é essencial para inserir, de forma dinâmica e socialmente justa, a RMBH nos contextos nacional e internacional. A integração dessas duas dimensões passa pelo delineamento de uma política regional e urbana de desenvolvimento produtivo que planeje temporal e espacialmente os investimentos a serem realizados na metrópole e desenhe instrumentos de incentivos e compensatórios que ao 1067 mesmo tempo evitem guerras fiscais entre os municípios e garantam a endogeneização da capacidade de crescimento a partir da diversificação produtiva. A seguir apresentamos algumas propostas de programas que envolvem as dimensões discutidas anteriormente. O Aeroporto de Confins deve ser transformado em um “hub” internacional de passageiros e carga. Isso requererá investimentos superiores aos previstos atualmente pela Infraero; Investimentos no Vetor Norte planejados pelo governo, conforme proposto pela Jurong, devem ir além de atividades de montagem e prever explicitamente a articulação com a base científica e tecnológica da RMBH, nesta incluída os APLs de biotecnologia e tecnologias da informação e comunicação; A atração dos investimentos em serviços de manutenção de aeronaves deve ser acompanhada por uma política clara de formação de recursos humanos, liderada pela UFMG, com seu curso de Engenharia Aeronáutica, e CETEC, designado pelo governo de estado para implementar o pólo aeronáutico no Vetor Norte. Além disso, deve ser utilizada para gerar demandas derivadas a montante para as indústrias mineiras (por exemplo, desenvolvimento de simuladores de vôo por empresas de TICs e eletroeletrônicas) e para a base científica de forma lançar as bases para a criação de uma indústria aeronáutica em Minas Gerais; Utilização do poder de compra do estado, através de suas instituições e programas, para acelerar o crescimento das empresas de base tecnológica dos APLs de Biotecnologia e TICs e aquelas desenvolvidas nas incubadoras da RMBH; Criação do Centro Tecnológico de Nanotubos de Carbono; Criação do Centro de Tecnologia em Alimentos; Criação de Centro de Desenvolvimento Farmacêutico no BH-TEC, com infraestrutura certificada para ensaios pré-clínicos e biotério para desenvolvimento de modelos animais de doenças; Atração de centros de pesquisa de grandes empresas; Adensamento da cadeia produtiva da mínero-metalúrgica, inclusive com a promoção e atração de empresas prestadoras de serviços complexos a estas indústrias, bem como estímulo ao desenvolvimento de tecnologias e programas de recuperação de áreas degradadas, recursos hídricos e bacias de rejeitos. Utilização do projeto do Geopark 1068 como guarda-chuva para ações científicas, culturais e educacionais na área do Quadrilátero Ferrífero de forma a tornar as atividades extrativas ambientalmente sustentáveis e socialmente responsáveis. Desenvolver uma política produtiva que leve as grandes empresas a incorporarem em sua rede de fornecedores atores locais, notadamente nos grandes empreendimentos da extrativa mineral que vierem a se instalar na RMBH e Colar (por exemplo, através de programas de agricultura familiar – desenvolvendo as capacitações com Embrapa, Emater, Epamig – para abastecer as grandes empresas – consegue-se ao mesmo tempo geração de renda e emprego e redução na utilização de combustíveis fósseis para transporte desses produtos). Criar alternativas de diversificação econômica para estas comunidades para evitar efeitos de trancamento na mineração. Promover a utilização de biocombustíveis e outras energias alternativas, bem como co-geração pelas guseiras e empresas mineradoras. Estabelecer critérios rigorosos para abertura, operação e fechamento de minas com o acompanhamento por órgãos do estado e da sociedade civil de seus impactos sócioambientais (na forma, por exemplo, de uma licença social de implantação e operação). Incentivo à implantação de call-centers em Ribeirão das Neves: ressalte-se que os callcenters têm a vantagem de serem serviços intensivos em mão-de-obra, podendo beneficiar a força de trabalho local, bem como mitigar o seu deslocamento para o centro de Belo Horizonte; Implantação de aterro sanitário em Esmeraldas, com toda infraestrutura para produção futura de biogás, bem como área para empresas satélites em reciclagem, etc, localizadas em uma incubadora de econegócios. Atração de empresas de processamento de resíduos industriais e hospitalares em municípios próximos ao Vetor Norte onde será criado o pólo de saúde. Adicionalmente, consolidar na RMBH um pólo para prestação de serviços de saúde de alta complexidade para o restante do Brasil e outros países (ex: Gene – empresa de diagnóstico genético; empresas de fertilização in vitro; cirurgias de olhos; etc.). Tendo em vista a perda de oportunidade de transformar o Isidoro em uma cidade autosustentável em termos energéticos e ambientais (com utilização de materiais recicláveis, energias alternativas, novos materiais produzidos na região) para divulgação da RMBH durante a Copa do Mundo, colocando assim BH no mapa mundial, viabilizar tal desenvolvimento em Sete Lagoas, inclusive fortalecendo a sua 1069 centralidade. Realizar investimentos para desenvolver a centralidade de Betim, Sete Lagoas, Sabará/Caeté – visando um policentrismo intrametropolitano; Implantar centros de especializações médicas distribuídos territorialmente; Implantação um sistema de ensino do tipo Universidade Aberta, onde a aprendizagem à distância e o e-learning são as peças chave e estudantes de qualquer parte do mundo possam participar. Deve-se também promover o desenvolvimento de conteúdo multimídia para celulares pelas escolas de belas artes, educação, design, ciências da computação, etc. Criação de uma Agência de Desenvolvimento de Projetos para elaborar empreendimentos de base tecnológica e outros de maior vulto, com participação de bancos, fundos de venture capital, governo, universidade, empresas. Esta agência será responsável pela contratação e acompanhamento de estudos necessários à elaboração de empreendimentos na RMBH, à exemplo da ADP. A agência assumiria todas as despesas com o desenvolvimento do projeto e a realização de estudos técnicos necessários (por exemplo, EVTEC), bem como sua modelagem econômico-financeira. Em caso do empreendimento criado ser bem-sucedido, ele reembolsaria à ADP os gastos realizados com o desenvolvimento de seu projeto, de forma a criar um círculo virtuoso de criação de novas empresas. Promoção a utilização de gás natural na RMBH Criação um museu de arte e ciência (Projeto desenvolvido pelo Prof. João Antônio de Paula) Realização da valoração dos serviços ambientais dos municípios, principalmente naqueles ainda predominantemente rurais, bem como nos parques e áreas preservadas, com o intuito de geração de renda para estes locais e de compensação pelos os danos causados pelas atividades produtivas no território. Aproveitar as oportunidades criadas pela Copa do Mundo, em termos de infraestrutura e capacitação da mão de obra. Para a realização das obras associadas à Copa, deve-se privilegiar a utilização de mão de obra da RMBH e, simultaneamente, promover a sua capacitação. A infraestrutura de turismo criada deverá depois ser utilizada para potencializar o turismo de negócios e de saúde em BH. Além disso, sugere-se a construção de um hotel na região do BH-TEC / UFMG, que, após a Copa, se tornaria 1070 o local de residência temporária de talentos atraídos pelos negócios e pela base científica da RMBH. Criar um centro de realidade virtual na Agência Metropolitana, com terminais descentralizados nos municípios para construção da metrópole virtual, que permita a visualização, pela comunidade metropolitana, das mudanças planejadas a partir das intervenções realizadas em cada região. Esta seria a base de uma institucionalidade participativa de construção futura da metrópole e ferramenta fundamental de planejamento. As potencialidades de utilização dessa ferramenta não seriam apenas relativas à visualização de mudanças no território, mas de avaliação dos impactos (externalidades) positivos e negativos em outras regiões e estudar medidas compensatórias. Evitar que os novos investimentos no complexo mínero-metalúrgico se tornem meramente enclaves. Eles devem ser a base para a construção de centralidades (mesmo que de ordem inferior), através de investimentos em bens centrais realizados pelo governo (por exemplo, saúde e educação), bem como pelas empresas na diversificação produtiva por meio da criação de oportunidades de negócios na cadeia produtiva. 1071 11 OFERTA E UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS AMBULATORIAIS E HOSPITALARES 11.1 Introdução O Brasil é um país marcado por amplas desigualdades regionais na oferta de serviços de saúde, sendo as regiões menos desenvolvidas aquelas com maior escassez de oferta (RODRIGUES et al, 2007). Em um sistema de saúde que preconiza o atendimento universal, igualitário e integral, como é o sistema de saúde público no Brasil, a compreensão da distribuição espacial da oferta de serviços é de extrema importância para o planejamento em saúde, pois está estreitamente relacionada à noção de equidade em seu sentido mais amplo (MESQUITA, 2008). Esta configuração regional da oferta explica, em grande parte, a utilização de serviços na população e os fluxos de pacientes de uma localidade a outra. Pacientes se deslocam (ou são encaminhados) de municípios com baixa capacidade instalada e/ou baixa densidade tecnológica da oferta de serviços para áreas com maior oferta, ou que tenham disponibilidade de serviços capazes de atender o problema de saúde que originou a demanda. Este texto tem como objetivo apresentar a distribuição de serviços nos 48 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte e seu Colar Metropolitano, bem como os fluxos de pacientes entre os municípios, em relação à utilização de serviços ambulatoriais e hospitalares. O arcabouço teórico que fundamenta o estudo se pauta na Teoria do Lugar Central, de Christäller (1966). Serão apresentadas evidências sobre a distribuição de recursos em relação aos parâmetros estabelecidos pela Portaria GM 1101 de 2002 e, em seguida, sobre a distribuição espacial da oferta de serviços de saúde. A seção posterior apresenta uma análise dos fluxos de pacientes ambulatoriais e hospitalares, além de sua relação com a regionalização de serviços planejada e efetivada em Minas Gerais. 1072 11.2 O sistema hierarquizado de saúde e a Teoria do Lugar Central Conforme as diretrizes organizacionais do Sistema Único de Saúde (SUS), definidas pela Constituição Federal do Brasil de 1988, os serviços de cuidado à saúde constituem-se em um sistema regionalizado e hierarquizado por nível de assistência à saúde. A diferenciação da assistência se dá em termos de tecnologia envolvida e freqüência de utilização. A assistência é dividida em atenção primária, secundária (serviços especializados) e terciária (assistência hospitalar). Os níveis de tecnologia se desagregam em baixa, média e alta complexidade. A divisão dos serviços em termos do tipo de assistência e densidade tecnológica é refletida na distribuição espacial dos serviços. Essa distribuição pode, em alguma medida, ser entendida pelo referencial da Teoria do Lugar Central (TLC) de Christäller (1966). Esta teoria supõe que o espaço é organizado em torno de um núcleo urbano principal, denominado lugar central, que se apresenta como o lócus de oferta de bens e serviços urbanos. A região complementar, ou entorno, possui uma relação de interdependência com o núcleo principal, devido à necessidade da oferta de seus bens e serviços. Estes bens e serviços caracterizam-se por serem de ordens diferenciadas. Há uma variação segundo seu limite crítico, definido em termos do nível mínimo de demanda necessário para estimular a oferta do bem ou serviço, o que reflete nas economias de escala de prestação do serviço e nas economias urbanas de aglomeração. O alcance também é variável, já que depende da distância máxima que o indivíduo está disposto a percorrer para o usufruto do bem ou serviço. Essa diferenciação promove uma hierarquia de centros urbanos, segundo os bens e serviços que ofertam. Ao mesmo tempo, as áreas de influência de centros de diferentes tamanhos se sobrepõem, segundo a complexidade (hierarquia) dos serviços que ofertam, construindo redes urbanas de oferta de serviços complementares e interdependentes. A rede urbana hierárquica dos serviços de saúde pode ser alterada pelo caráter público da provisão dos serviços. Diante do objetivo primário de garantir o bem-estar da população e do princípio constitucional de universalização do acesso, justifica-se o fornecimento, embora ineficiente, de serviços que exigem maior economia de escala em áreas menos populosas. Isso é necessário já que tais áreas possuem dificuldades no acesso, em função da disponibilidade e barreiras geográficas. A esfera pública ainda influi sobre essa rede de oferta por meio do planejamento, definido pelo Plano Diretor de Regionalização, que se fundamenta nos princípios de equidade e eficiência. 1073 11.3 O sistema regionalizado de saúde e o Plano Diretor de Regionalização (PDR) de Minas Gerais A estruturação do SUS em um sistema regionalizado justifica-se pela caracterização hierárquica desse sistema e pelo princípio constitucional de igualdade no acesso à atenção à saúde. Uma vez que a distribuição geográfica dos serviços de saúde tem forte influência sobre seu acesso (BOS, 2007), a organização da rede urbana desses serviços é fator relevante, embora não suficiente, na busca da equidade na sua utilização. Dessa forma, o planejamento de redes funcionais de assistência e a coordenação dos fluxos intermunicipais de pacientes para atendimento são meios de buscar a redução das iniqüidades no acesso à saúde. Por isso, o SUS possui a proposta de apresentar-se de modo regionalizado. A conformação do sistema de saúde e seus resultados dependem das diretrizes organizacionais definidas, quanto à hierarquização e regionalização dos serviços e descentralização da gestão. Uma das características mais importantes do modelo de atenção do SUS é a desconcentração político-administrativa do provimento e financiamento dos serviços de saúde. Esta ação é uma tentativa de adequar o modelo assistencial às reais necessidades de saúde da população, buscando aproximar a solução dos problemas aos lugares onde eles ocorrem (ANDRADE, 2002). O processo de descentralização e regionalização dos serviços vem se consolidando gradualmente ao longo dos anos, com a implementação de normas ministeriais. No entanto, o processo de municipalização ocorreu de forma tão intensa, a partir da NOB 01/961, editada pelo Ministério da Saúde, que a esfera estadual permaneceu alheia ao sistema. Isso agravou o conflito entre municípios, decorrente do deslocamento de demandas para municípios com maior capacidade de atender demandas por serviços mais complexas. O aumento da pressão por serviços nesses municípios de maior porte dificultou o acesso da população residente nesses municípios a esses serviços (UGÁ et al., 2003, MONNERAT et al., 2002 e LEVCOVITZ, 1997). Na tentativa de solucionar estes problemas, o Ministério da Saúde editou a NOAS 01/01, que visa o fortalecimento da esfera estadual na coordenação do sistema de saúde. Os principais instrumentos que esta norma prevê como operadores dessa 1 As NOBs referem-se às Normas Operacionais Básicas, que se configuram em instrumentos setoriais para a regulação e coordenação do sistema. 1074 estruturação são a Programação Pactuada e Integrada (PPI)2, o Plano Diretor de Investimentos (PDI)3 e o Plano Diretor de Regionalização (PDR). O PDR é o instrumento de organização regional das redes de serviços de saúde, instituído pelo Ministério da Saúde com a Norma Operacional de Assistência à Saúde de 2001 (NOAS 01/01). Esse plano foi criado como forma de conferir racionalidade à oferta de serviços, organizando-os em uma rede hierárquica, sem, contudo, negligenciar a equidade no acesso. Para isso, o plano define um conjunto de ações de atenção básica, às quais todos municípios devem ser submetidos. Há ainda o incentivo de criação de unidades referenciadas, capazes de atender às demandas de saúde de um conjunto maior de pessoas. O PDR leva em consideração uma localização adequada das unidades, de acordo com as similaridades geográficas (contigüidade intermunicipal) e características epidemiológicas dos municípios. O planejamento proposto pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SESMG) organizou as regiões de assistência em micro e macrorregiões de saúde. No caso das microrregiões, essas delimitações dependem da capacidade de provisão de serviços de média complexidade hospitalar e ambulatorial (níveis 1 e 2). No caso das macrorregiões, considerase a provisão dos serviços de média complexidade ambulatorial de nível 3 e alta complexidade hospitalar e ambulatorial. Os pólos micro e macrorregionais foram identificados a partir de sua capacidade instalada (equipamentos, instalações e recursos humanos), conforme relacionado pela Tipologia Assistencial Hospitalar e Ambulatorial, que divide os municípios em termos da complexidade de serviços ambulatoriais e hospitalares que eles são capazes de ofertar (GERAIS, 2004). As micro e macrorregiões, definidas por esse plano, podem apresentar mais de um município-pólo. Conforme estabelecido pelo PDR, pólo microrregional é o “município que pelo seu nível de resolubilidade, capacidade de oferta de serviços, acessibilidade e situação geográfica, polariza os municípios da microrregião” (SES-MG, 2004, p. 16). O pólo macrorregional polariza as microrregiões circunvizinhas. Esses pólos têm capacidade de atração de demanda. Os pólos são municípios que dão cobertura assistencial no âmbito micro e macrorregional 2 A PPI consiste em uma programação estabelecida e acordada entre os gestores municipais na Comissão Intergestores Bipartite estadual e regional acerca do atendimento de referência e na transferência de recursos destinados para tais serviços para o município de atendimento. O Estado, como coordenador do sistema estadual de saúde, teria aqui a função de compatibilizar as programações municipais. 3 O PDI consiste em um planejamento da SES-MG para a realização de investimentos de curto, médio e longo prazos no sistema de saúde do Estado, a partir das necessidades verificadas em relação ao planejamento dessa rede de serviços (PDR). 1075 para um elenco de procedimentos ambulatoriais e hospitalares descritos como esperados por nível de atenção, segundo a carteira de serviços. Para um pólo microrregional, espera-se que ele oferte, além de serviços de atenção primária, inúmeros procedimentos de média complexidade e alguns procedimentos de alta complexidade. Para os pólos macrorregionais, espera-se a disponibilidade de serviços de média complexidade que exigem grande especialidade de diagnósticos e a maioria dos serviços de alta complexidade. Embora os municípios estejam interligados em termos de uma rede de serviços interdependentes, a rede assistencial corrente não coincide, necessariamente, com a rede planejada. A rede corrente é dependente da forma como os gestores dos sistemas de saúde se relacionam nessa conformação hierarquizada e regionalizada de bens e serviços, conforme será visto mais adiante. 11.4 Rede urbana de oferta de serviços de saúde Esta seção tem como objetivo apresentar uma caracterização da oferta de serviços nos municípios analisados, bem como analisar as similaridades existentes entre os municípios, em termos da capacidade instalada, por meio da técnica de agrupamentos (cluster). A oferta de serviços de saúde é dada pelo número de equipamentos, estabelecimentos, médicos e leitos, sem desagregação por tipo de assistência (pública ou privada). As informações são oriundas do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES/DATASUS) para o ano de 2007. Como os municípios maiores tendem a apresentar maior oferta de serviços4, a análise foi realizada com base na razão entre o número absoluto de unidades e o número de habitantes. 11.4.1 Caracterização geral da infraestrutura dos serviços O Estado de Minas Gerais possui 13 macrorregiões sanitárias, com 18 cidades-pólo e 75 microrregiões sanitárias, as quais contam com 95 municípios-pólo microrregionais. Esse planejamento, realizado pela Secretaria Estadual de Saúde, visa garantir uma adequada organização da rede de serviços em módulos assistenciais com níveis de complexidade tecnológica crescente. O objetivo é que a população possa ter acesso a todos os níveis de 4 A TABELA A1 do Anexo apresenta o coeficiente de correlação entre o número de habitantes e as variáveis analisadas. Com exceção do número de estabelecimentos da rede ambulatorial básica, todas as outras variáveis de oferta apresentam uma correlação com o tamanho populacional de mais de 90%, ao nível de 1% de significância. 1076 atenção, o mais próximo possível de sua residência. Sendo assim, os usuários devem encontrar serviços de atenção primária (ou básica) dentro do município que residem, serviços de atenção secundária na microrregião e serviços terciários na macrorregião a que pertencem. A FIGURA 1 apresenta a situação dos 48 municípios analisados – que compõem o Colar Metropolitano de Belo Horizonte – no que se refere à regionalização de saúde do Estado. Eles se inserem em duas macrorregiões de saúde com três municípios-pólo macrorregionais (Belo Horizonte, Sete Lagoas e Divinópolis) e nove microrregiões que abrangem 11 municípios-pólo microrregionais. A grande maioria dos municípios do Colar Metropolitano está inserida na macrorregião Centro, que tem Belo Horizonte e Sete Lagoas como municípios pólo. 1077 FIGURA 1- Municípios do Colar Metropolitano de Belo Horizonte, segundo macro e microrregiões de saúde do Estado de Minas Gerais Fonte: Plano Diretor de Regionalização – SES/MG Embora os 48 municípios analisados pertençam, em sua quase totalidade, à mesma macrorregião de saúde e sejam municípios contíguos, eles possuem características distintas em termos do número de habitantes e do gasto per capita em saúde (TABELA 1). A média da região de estudo em termos do gasto per capita em saúde (R$264,91) é pouco menor do que a média para o Estado de Minas (R$279,09) no ano de 2007, com grandes diferenças entre os municípios. O gasto de Brumadinho, município de maior gasto, é cerca de quatro vezes superior ao gasto em Sabará, município com o menor gasto. Em valores, a diferença entre os dois municípios é de R$362,59, superior à média do Estado. 1078 TABELA 1 - População e gasto per capita em saúde sob responsabilidade do município (em R$) – 2007 Gasto per Município População* Gasto per capita em Município População* saúde capita em saúde Sabará 137.137 (8º) 108,51 Rio Manso 4.811 (44º) 258,54 Ribeirão das Neves 334.469 (4º) 128,82 Pedro Leopoldo 64.482 (14º) 268,37 Caeté 38.894 (17º) 134,85 Florestal 6.151 (39º) 269,05 Igarapé 32.532 (20º) 140,55 Sete Lagoas 219.633 (6º) 279,16 Esmeraldas 66.477 (13º) 146,53 Contagem 613.251 (2º) 285,74 Capim Branco 9.221 (34º) 147,24 Sarzedo 24.139 (24º) 294,19 Raposos 14.334 (29º) 155,74 Barão de Cocais 26.026 (22º) 294,72 Jaboticatubas 14.224 (30º) 159,86 Itaúna 85.767 (10º) 307,22 Vespasiano 100.610 (9º) 167,90 Juatuba 22.286 (26º) 319,37 Mário Campos 14.970 (28º) 174,60 Nova União 5.907 (41º) 320,82 Santa Luzia 224.956 (5º) 175,23 Confins 5.940 (40º) 323,46 Mateus Leme 29.732 (21º) 184,14 Inhaúma 5.557 (42º) 323,86 Pará de Minas 83.058 (11º) 184,79 Funilândia 3.846 (45º) 331,23 São Joaquim de Bicas 23.723 (25º) 187,54 São José da Varginha 3.683 (46º) 337,28 Baldim 7.967 (36º) 194,85 Moeda 4.970 (43º) 355,21 Itaguara 11.839 (31º) 202,91 Itatiaiuçu 9.498 (32º) 362,27 Ibirité 179.743 (7º) 211,14 Itabirito 42.843 (16º) 369,45 Belo Vale 7.753 (37º) 223,62 Taquaraçu de Minas 3.595 (47º) 388,35 Bonfim 6.593 (38º) 227,10 Nova Lima 74.588 (12º) 401,05 Matozinhos 35.740 (18º) 229,65 Belo Horizonte 2.424.292 (1º) 415,53 1079 Prudente de Morais 9.437 (33º) 231,86 Betim 422.158 (3º) 425,99 Lagoa Santa 47.808 (15º) 234,24 Rio Acima 8.154 (35º) 428,05 Santa Bárbara 25.944 (23º) 239,17 Fortuna de Minas 2.568 (48º) 441,03 São José da Lapa 21.910 (27º) 253,60 Brumadinho 32.830 (19º) 471,10 Média Região 264,91 Média MG 279,09 Fonte: Sistema de Informação de Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS) - 2007 Nota: * Valores em parêntese indicam a colocação do município em termos do tamanho populacional, por ordem decrescente de tamanho. É importante observar como cada município se insere no contexto de capacidade instalada de saúde. A FIGURA 2 apresenta a infraestrutura de serviços em termos do número de estabelecimentos de saúde por nível de atenção (ambulatorial e hospitalar) e complexidade (baixa, média e alta). Pode-se observar que todos os municípios apresentam, pelo menos, um estabelecimento que presta serviços de atenção primária, com concentração nos municípiospólo microrregionais. Os municípios também tendem a apresentar serviços de média complexidade, embora em quantidade muito menor, em função das economias de escala presentes na oferta de serviços. Economia de escala na área da saúde significa a concentração de serviços, principalmente de alta densidade tecnológica, como recursos físicos e humanos destinados à cirurgia cardiovascular, por exemplo, em municípios de maior porte populacional. No entanto, para os serviços ambulatoriais de alta complexidade, observa-se que a grande maioria dos municípios e dois municípios-pólo microrregionais (Vespasiano e Caeté) não apresentam nenhum estabelecimento deste porte. Em relação aos estabelecimentos hospitalares, como os eventos associados aos cuidados deste nível de atenção são mais esporádicos, principalmente os de maior complexidade, seria ineficiente que hospitais fossem instalados em todas as localidades. É necessária uma escala populacional maior para viabilizar os investimentos, levando-se em consideração ganhos de qualidade e economia dos serviços oferecidos. Dessa forma, verificase que dos 48 municípios analisados, 75% deles não possuem nenhum hospital de média complexidade. Em relação a hospitais de alta complexidade, apenas Belo Horizonte, Contagem, Itaúna e Pedro Leopoldo possuem hospital dessa natureza. 1080 FIGURA 2 - Número de estabelecimentos de saúde, segundo nível de atenção e complexidade RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Ambulatorial básica Ambulatorial média Sete Lagoas Sete Lagoas Vespasiano Vespasiano Caeté Pará de Minas Belo Horizonte Contagem Contagem Pará de Minas Betim Betim Itaúna Nova Lima Itaúna Caeté Belo Horizonte Nova Lima LEGENDA Itabirito LEGENDA Itabirito Município pólo da micro-região 70 a 2.490 40 a 70 10 a 40 1a 10 Ambulatorial básica 61 a 370 25 a 61 8 a 25 6a 8 2a 6 Ambulatorial alta Hospitalar média Sete Lagoas Sete Lagoas Vespasiano Ves pas iano Contagem Município pólo da micro-região Ambulatorial média Pará de Minas Betim Caeté Pará de Minas Belo Horizonte Caeté Contagem Belo Horizonte Betim Nova Lim a Itaúna Itaúna Nova Lima Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Ambulatorial alta 20 a 93 9 a 20 3a 9 1a 3 Nenhum Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Hospitalar média 60 a 99 3 a 60 2a 3 1a 2 Nenhum 1081 Hospitalar alta Sete Lagoas Vespasiano Caeté Contagem Pará de Minas Belo Horizonte Betim Itaúna Nova Lim a Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Hospitalar alta 3 a 27 1a 3 Nenhum Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 Com exceção de Pedro Leopoldo, os outros três municípios figuram entre os 10 mais populosos dos 48 analisados, o que reflete as economias de escala presentes na oferta desses serviços, em que não é economicamente viável ter oferta de serviços de grande densidade tecnológica em municípios com pequeno número de habitantes. Apesar da oferta de serviços estar relacionada, em grande parte, aos investimentos em saúde, os municípios com oferta de serviços de alta complexidade não necessariamente são aqueles com maiores investimentos per capita em saúde (Tabela 1). Apenas Belo Horizonte situa-se entre os 10 municípios com maior investimento per capita. A oferta de equipamentos Figura 3 representa o total de equipamentos destinados à área da saúde. Refere-se ao total de equipamentos em uso, e não ao total de equipamentos disponíveis. Da mesma forma que outros tipos de serviços, a oferta total de equipamentos é maior em municípios maiores, em sua maioria nos municípios de referência da microrregião. 1082 FIGURA 3 - Número de equipamentos de saúde - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Sete Lagoas Vespasiano Caeté Contagem Pará de Minas Belo Horizonte Betim Itaúna Nova Lima Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Equipamentos 400 a 18.300 200 a 300 100 a 200 0a 100 Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde - 2007 Embora a oferta seja um indicador importante para avaliar os investimentos realizados nos municípios, é necessário medir a relação entre a oferta e a demanda. Para analisar a adequação dos serviços ofertados ao tamanho populacional, foram utilizados dois indicadores, relativos à disponibilidade de leitos e médicos por 1000 habitantes. Os indicadores são avaliados em relação aos parâmetros assistenciais mínimos propostos pelo Ministério da Saúde5. A recomendação técnica ideal para o planejamento, controle e avaliação dos recursos é que existam de 2,5 a 3 leitos para cada 1000 habitantes. A recomendação para o número de médicos é de um médico para cada 1000 habitantes. Embora essas recomendações sejam válidas somente para os serviços do SUS, foram adotados os mesmos parâmetros para o total de leitos e médicos, para fins de comparação. Valores abaixo dos parâmetros indicam que as áreas estão sendo subservidas pelos serviços de saúde. Valores acima dos parâmetros demonstram que a oferta excede o valor definido pelo governo. A Figura 4 apresenta o número de médicos por 1000 habitantes para os municípios analisados. Observa-se que 97% dos municípios apresentam um número de médicos inferior ao nível definido como adequado pelo governo. A média para os municípios analisados é de 0,89 médicos por 1000 habitantes, enquanto a média do Estado é de 2,53 em 2007. O número 5 Portaria Ministerial nº 1101, de 12 de junho de 2002. 1083 de médicos alcança o padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde nos municípios de referência das microrregiões, com exceção de Vespasiano, Caeté, Contagem e Patos de Minas. FIGURA 4 - Número de médicos por 1000 habitantes - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Sete Lagoas Vespasiano Caeté Contagem Pará de Minas Belo Horizonte Betim Itaúna Nova Lima Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Médicos por 1000 habitantes Mais de 1 por 1000 habitantes Menos de 1 por 1000 habitantes Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 O número de leitos6 apresenta uma situação mais crítica (Figura 5) do que os indicadores apresentados anteriormente. Quando se consideram apenas os municípios-pólo microrregionais, percebe-se que dez deles inseridos na RMBH e no Colar Metropolitano, apenas Belo Horizonte possui um número de leitos superior ao estabelecido pelo parâmetro do Ministério da Saúde. Dos outros 47 municípios, apenas Belo Vale, Itaguara e Confins apresentam leitos de acordo com o recomendado. 6 A variável “leitos” engloba leitos de repouso e observação ambulatoriais e hospitalares, leitos de urgência e emergência, leitos de internação hospitalares e leitos hospitalares complementares. 1084 FIGURA 5 - Número de leitos por 1000 habitantes - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Sete Lagoas Vespasiano Caeté Contagem Belo Horizonte Pará de Minas Betim Nova Lim a Itaúna Itabirito LEGENDA Município pólo da micro-região Leitos por 1000 habitantes A cima de 2,5 leitos por 1000 habitantes Menos de 2,5 leitos por 1000 habitantes Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 11.4.2 Método e Base de Dados para Análise da Distribuição Espacial dos Serviços de Saúde Essa seção tem dois objetivos: (1) analisar a forma como a oferta de serviços de saúde está distribuída espacialmente entre os municípios do colar metropolitano de Belo Horizonte; e (2) agrupar estes municípios de acordo com as variáveis de oferta de serviços de saúde. Para isto, será utilizada a metodologia de análise de clusters não hierárquicos (K-means). O método de cluster é uma técnica de agrupamentos que classifica um conjunto de unidades – municípios, neste trabalho – em grupos mutuamente excludentes, com base na similaridade dos indicadores destas unidades. A similaridade entre os grupos pode ser expressa como função da distância entre dois pontos num espaço multidimensional. A maneira mais usual de calcular a distância entre dois pontos a e b neste espaço é conhecida por distância euclidiana, dada por: n 2 X ab d aj d bj j 1 2 (1) 1085 Foi utilizada a distância euclidiana simples, num processo iterativo de recentragem e realocação dos indivíduos, até que a variância intraclasse fosse reduzida ao nível máximo. O software utilizado corresponde ao Stata, versão 9.0. Na análise de agrupamentos (cluster) é necessária uma escala quantitativa que permita o agrupamento dos casos similares. Por este motivo, a análise foi realizada para o número absoluto de unidades de análise (estabelecimentos, equipamentos, recursos físicos e humanos) e para o valor destas mesmas unidades por 1000 habitantes. 11.4.3 Análise de cluster Esta seção apresenta os resultados da análise de cluster, a qual descreve os municípios em termos de agrupamentos das variáveis de oferta analisadas. A Figura 6 apresenta a análise de cluster para o total de estabelecimentos e para seu valor per capita. Para o número de estabelecimentos, Belo Horizonte é um cluster separado dos demais. Na análise per capita, Itaúna e Pedro Leopoldo formam um aglomerado, por apresentarem o maior número de estabelecimentos per capita. Este aglomerado pode ser resultado do fato destes dois municípios possuírem universidades com cursos ligados à área da saúde, o que explicaria um maior número de estabelecimentos per capita (Tabela A2 no Anexo). 1086 FIGURA 6 - Cluster de estabelecimentos na RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Total de estabelecimentos Estabelecimentos per capita Sete Lagoas Sete Lagoas Vespasiano Vespasiano Contagem Pará de Minas Caeté Belo Horizonte Contagem Betim Betim Itaúna Caeté Belo Horizonte Pará de Minas Nova Lim a Nova Lima Itaúna LEGENDA Itabirito LEGENDA Itabirito Estabelecimentos per capita Município pólo da micro-região Cluster de estabelecimentos Cluster Cluster Cluster Cluster 3 1 4 2 Município pólo da micro-região Cluster 3 Cluster 1 Cluster 2 Cluster 1 Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 O agrupamento de municípios em relação ao número de equipamentos per capita (Figura 7) apresenta uma distribuição espacial mais esparsa em relação ao número absoluto. Em geral, os municípios que apresentam maior oferta de equipamentos são aqueles municípios de referência microrregional. Vale notar que o agrupamento dos municípios em termos da oferta per capita não guarda relação com o tamanho populacional. 1087 FIGURA 7 - Cluster de equipamentos na RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Total de equipamentos Equipamentos per capita Sete Lagoas Sete Lagoas Vespasiano Vespasiano Caeté Belo Horizonte Pará de Minas Contagem Betim Itaúna Caeté Contagem Pará de Minas Belo Horizonte Betim Nova Lima Itaúna Nova Lim a Itabirito LEGENDA Itabirito Município pólo da micro-região Cluster equipamentos Cluster Cluster Cluster Cluster 2 3 1 4 LEGENDA Município pólo da micro-região Equipamentos por 1000 habitantes Cluster Cluster Cluster Cluster 4 3 2 1 Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 Diferentemente dos estabelecimentos e equipamentos, a configuração regional dos municípios em termos do número de médicos (Figura 8) tem uma relação mais estreita com o tamanho da população, mesmo considerando o valor per capita. Neste caso, a escolha da localização da oferta parece não depender, exclusivamente, de uma decisão política ou da disponibilidade de recursos de contratação dos profissionais, por parte dos governos locais. O número de médicos por município pode depender da decisão individual dos profissionais, que podem ter preferência por se estabelecerem em centros urbanos mais desenvolvidos e com maior oferta de outros tipos de serviços (lazer, educação, transporte, entre outros). 1088 FIGURA 8 - Cluster de médicos na RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Total de médicos Médicos per capita Sete Lagoas Sete Lagoas Vespasiano Vespasiano Caeté Contagem Belo Horizonte Pará de Minas Contagem Pará de Minas Betim Caeté Belo Horizonte Betim Nova Lima Nova Lim a Itaúna Itaúna Itabirito LEGENDA Itabirito Município pólo da micro-região Cluster total médicos Cluster 3 Cluster 4 Cluster 1 Cluster 2 LEGENDA Município pólo da micro-região Médicos por 1000 habitantes Cluster Cluster Cluster Cluster 3 2 1 4 Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde – 2007 O cluster de leitos (Figura 9) apresenta uma característica semelhante aos aglomerados de equipamentos. Em geral, os aglomerados de números absolutos estão concentrados na vizinhança de Belo Horizonte, enquanto o cluster do número per capita apresenta uma distribuição espacialmente mais diversificada. 1089 FIGURA 9 - Cluster de leitos na RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Total de leitos Leitos per capita Sete Lagoas Sete Lagoas Lagoa Santa Vespasiano Pará de Minas Caeté Contagem Belo Horizonte Caeté Contagem Belo Horizonte Pará de Minas Betim Betim Itaúna Itaúna Nova Lim a Nova Lim a LEGENDA LEGENDA Itabirito Itabirito Município pólo da micro-região Cluster total de leitos Cluster Cluster Cluster Cluster 3 1 2 4 Município pólo da micro-região Cluster leitos por 1000 habitantes Cluster 4 Cluster 3 Cluster 2 Cluster 1 Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde - 2007 11.5 Rede urbana de serviços de saúde no contexto do Plano Diretor de Regionalização – PDR 11.5.1 Metodologia O fluxo de pacientes entre municípios, relacionado às demandas de serviços de maior complexidade, possibilita a compreensão da relação de trocas entre os centros e a rede de serviços. Para buscar essa compreensão, utilizou-se a metodologia do modelo gravitacional, adaptado ao modelo migratório. O modelo gravitacional, proposto por Isard (1975), permite a delimitação da área de influência de um pólo, a partir do grau de interação entre dois centros. Essa interação depende diretamente do tamanho das populações desses municípios, uma vez que maiores aglomerações implicam maiores trocas de informações e interdependências entre as atividades. Além disso, a interação depende indiretamente da distância entre os centros, pois o custo do deslocamento diminui as possíveis trocas. Nas análises migratórias, a variável de 1090 tamanho de populações, representativa da intensidade das trocas entre centros, é substituída pela variável de trocas migratórias (GARCIA et al., 2004 e DINIZ, 2006). O grau de interação entre dois centros é dado pela equação 2. IIij I ij E ij d ij ij VTM ij d ij ij (2) Na qual, IIij: índice de interação gravitacional entre os municípios i e j; dij: distância entre os municípios i e j; β: coeficiente de atrito de dij. Iij: número total de imigrantes na região i, oriundos do município j, no final do período de referência; Eij: número total de emigrantes na região j, oriundos do município i, no final do período de referência; VTMij: volume das trocas migratórias entre as regiões, observados no final do período. No entanto, a utilização de dados de fluxos permite relativizar a variável de distância (e o coeficiente de atrito), pois a própria variável de trocas migratórias capta o efeito de fatores ponderadores dessa comutação7 (GARCIA et al., 2004). Assim, a interação entre dois municípios é dada somente pelo volume total de trocas migratórias (equação 3). IIij = VTMij (3) No caso dos dados de fluxos de pacientes para atendimentos de maiores complexidades, os pacientes de um dado município buscam atendimento mais especializado em outro município. A relação contrária é improvável de ocorrer, uma vez que os primeiros municípios têm serviços de menores níveis hierárquicos de atendimento. Assim, a interação entre dois municípios será dada pelo fluxo simples de um município a outro. Na seleção dos municípios-pólo, primeiramente são assumidos os pólos definidos pelo PDR, os quais são identificados a partir de sua capacidade em oferecer uma série de serviços. Em uma segunda abordagem, os municípios-pólo foram eleitos segundo seu real atendimento de demanda externa, originária de municípios da RMBH e do Colar Metropolitano. A partir de uma ordenação de municípios, formada segundo o total de atendimentos realizados em pacientes de outros municípios da RMBH e do Colar Metropolitano, foram selecionados 7 A distância e o coeficiente de atrito são fatores relevantes quando a variável representativa das trocas entre centros refere-se a dados de estoque. 1091 aqueles com os maiores valores e que representavam 95% do total de atendimentos recebidos desses outros municípios (maiores recebedores em termos totais)8. A delimitação das áreas de influência ocorreu pela distribuição dos demais municípios entre os municípios-pólo eleitos. A área de influência de um pólo foi definida como os municípios que com ele apresentavam os maiores fluxos diretos de pacientes, comparativamente aos existentes com os demais pólos. Esse modelo de identificação das áreas de influência, a partir de dados de fluxos, é estático, descritivo e seus resultados limitam-se ao período analisado (FERREIRA, 1989). Além disso, essa metodologia não atende à contigüidade geográfica, uma das premissas do conceito de região, inclusive daquele adotado pelo PDR. No entanto, a proposta aqui é mostrar um diagnóstico das reais relações de polarização e fluxos intermunicipais, sendo que a condição de contigüidade não é relevante. As incompatibilidades que venham a ser encontradas entre o desenho espacial corrente e o plano da SES-MG indicam a necessidade de ação pública em busca da satisfação de seu planejamento. 11.5.2 Base de dados Nessa análise, foram utilizadas as informações referentes à Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e à Autorização de Procedimentos de Alto Custo (APAC), pagas no ano de 2007 para os municípios de Minas Gerais. As informações foram obtidas a partir do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA), disponibilizadas pelo DATASUS. Essas autorizações têm informações sobre o procedimento principal realizado e o município de residência e de atendimento do paciente. Os registros de atendimentos foram classificados segundo sua complexidade/custo e conforme estabelecido pelo PDR, a partir da classificação de procedimentos definida pelo Ministério da Saúde9. A amostra analisada contém 846.614 registros de atendimentos, dos quais 31,42% são internações de média complexidade. Com relação aos registros de alta complexidade, 97,35% destes são referentes a atendimentos ambulatoriais. A partir disto, foi 8 A relação desses municípios e os respectivos volumes de atendimentos recebidos estão listados na TAB. A1 do Anexo. 9 A classificação por complexidade/custo utilizada foi a vigente em 2006 e 2007 (disponível em http://200.198.43.6/ppi_assistencial/ListaProcedimentos.asp e MINAS GERAIS, 2005). 1092 possível obter o volume de atendimentos realizados por município de residência e de atendimento, segundo cada categoria de complexidade/custo. As áreas de influência dos pólos microrregionais foram delimitadas somente a partir do volume de internações hospitalares de média complexidade, uma vez que as informações de atendimentos ambulatoriais de média complexidade não têm registro do município de origem do paciente. Já as áreas de influência dos pólos macrorregionais foram delineadas a partir do volume de internações e de atendimentos ambulatoriais de alta complexidade/custo e dos atendimentos de média complexidade ambulatorial de nível 3, registrados nas APACs. Tanto nos serviços de média, quanto nos de alta complexidade, existe uma grande concentração da oferta em Belo Horizonte. Este município é responsável por 62% das internações de média complexidade e 85% dos atendimentos de alta complexidade de pacientes da RMBH e do Colar Metropolitano. Os demais municípios de atendimento apresentaram proporções muito menores10. 11.5.3. Pólos de Atendimento e Áreas de Influência dos Serviços de Média Complexidade Hospitalar e Ambulatorial A regionalização da assistência à saúde nos serviços de média complexidade, elaborada pela SES-MG, propõe a distribuição dos municípios que compõem a RMBH e o Colar Metropolitano em 9 microrregiões e 11 pólos microrregionais, conforme mostrado na Figura 10 e Quadro 1. A interpretação das figuras apresentadas nesta seção e na seguinte deve considerar que as linhas pretas delimitam as áreas das microrregiões ou macrorregiões, definidas conforme a regionalização proposta pela SES-MG. As linhas brancas são a delimitação dos municípios que compõem a RMBH e o Colar Metropolitano. As áreas de influência corrente dos pólos microrregionais ou macrorregionais são observadas pelas regiões coloridas. Os pólos referentes são informados na legenda. A numeração refere-se à identificação dos municípios, apresentada no Quadro 1. 10 Nos serviços de média complexidade, por exemplo, Betim, Contagem e Sete Lagoas foram responsáveis por 8%, 6% e 5% das internações de pacientes da RMBH e do Colar Metropolitano, respectivamente. Nos serviços de alta complexidade, Sete Lagoas realizou apenas 3% e Contagem e Betim apenas 2% dos atendimentos oriundos da RMBH e Colar Metropolitano. 1093 QUADRO 1: Identificação dos municípios da RMBH e Colar Metropolitano referente à FIG. 1, 2 e 3 N° Município Região N° Município Região 1 Baldim RMBH 25 Juatuba RMBH 2 Barão de Cocais Colar metropolitano 26 Lagoa Santa RMBH 3 Belo Horizonte RMBH 27 Mário Campos RMBH 4 Belo Vale Colar metropolitano 28 Mateus Leme RMBH 5 Betim RMBH 29 Matozinhos RMBH 6 Bonfim Colar metropolitano 30 Moeda Colar metropolitano 7 Brumadinho RMBH 31 Nova Lima RMBH 8 Caeté RMBH 32 Pará de Minas Colar metropolitano 9 Capim Branco RMBH 33 Pedro Leopoldo RMBH 10 Confins RMBH 34 Prudente de Morais Colar metropolitano 11 Contagem RMBH 35 Raposos RMBH 12 Esmeraldas RMBH 36 Ribeirão das Neves RMBH 13 Florestal RMBH 37 Rio Acima RMBH 14 Fortuna de Minas Colar metropolitano 38 Rio Manso RMBH 15 Funilândia Colar metropolitano 39 Sabará RMBH 16 Ibirité RMBH 40 Santa Bárbara Colar metropolitano 17 Igarapé RMBH 41 Santa Luzia RMBH 18 Inhaúma Colar metropolitano 42 São Joaquim de Bicas RMBH 19 Itabirito Colar metropolitano 43 São José da Lapa RMBH 20 Itaguara RMBH 44 São José da Varginha Colar metropolitano 21 Itatiaiuçu RMBH 45 Sarzedo RMBH 22 Itaúna Colar metropolitano 46 Sete Lagoas Colar metropolitano 1094 23 Jaboticatubas RMBH 47 Taquaraçu de Minas RMBH 24 Nova União RMBH 48 Vespasiano RMBH Fonte: Elaboração própria. FIGURA 10 - Áreas de influência dos pólos microrregionais definidos pelo PDR – Minas Gerais, 2007 Fonte: Plano Diretor de Regionalização – SES/MG As incompatibilidades entre o PDR e a estrutura geográfica corrente dos fluxos intermunicipais de pacientes podem ser mais bem compreendidas a partir da Figura 11, a qual apresenta as áreas de influência dos pólos definidos pelo PDR, derivadas do maior fluxo direto dos municípios aos pólos selecionados. Vale destacar que essa análise restringe-se somente à RMBH e ao Colar Metropolitano, não havendo inferências quanto à capacidade de polarização do município-pólo, em relação aos demais municípios de sua influência que não compõem a RMBH e o Colar Metropolitano. Pode-se verificar, a partir da Figura 11, que Itaúna não foi capaz de polarizar um dos municípios da RMBH e Colar Metropolitano (Itaguara) que está sob sua área de influência, 1095 conforme planejamento. Os pólos Betim, Itabira e Contagem também deixaram de polarizar dois de seus municípios de referência no PDR. Contudo, a situação de Contagem diferenciase dos demais. Enquanto Itaúna, Itabira e Betim atendem à parcela de municípios que estão em sua área de planejamento, Contagem apresenta-se como um pólo não funcional, pois não tem influência sobre outros municípios, ficando restrito à sua área municipal. Condição semelhante à de Contagem ocorre com o pólo de planejamento Vespasiano, o qual apresenta completa incapacidade de polarização dos municípios de sua microrregião. A maior parte dos atendimentos de média complexidade a seus próprios pacientes é realizada por outro município. Nesses casos, esses pólos parecem ter um papel apenas formal, não se inserindo de forma efetiva na rede de serviços como polarizadores. Todos os casos de disparidades com o PDR, citados acima, estão sob efetiva influência de Belo Horizonte. A capital, além de atender à sua área definida em planejamento, polariza áreas extensas, assumindo, parcial ou totalmente, o papel funcional de outros pólos. Esse resultado pode ser preocupante devido ao excesso de demanda que recai sobre o pólo efetivo, podendo gerar um comprometimento da qualidade da assistência provida e da capacidade de atendimento da própria população de referência do município. Além disso, essa situação mostra que, para uma parcela da população, existe a necessidade de deslocamentos maiores que os previstos para o acesso à assistência à saúde de média complexidade. Essa desigualdade na acessibilidade fere o princípio da universalização do acesso. Já os municípios da RMBH e do Colar Metropolitano, designados pelo PDR aos pólos Sete Lagoas, Pará de Minas, Caeté e Nova Lima, além do município Itabirito, estão efetivamente sob influência do pólo planejado. Vale destacar os casos de Nova Lima e Caeté, que apesar de estarem inseridos na microrregião conjuntamente com Belo Horizonte, cumprem seu papel de polarizadores da área planejada. A estrutura corrente da rede urbana dos serviços de saúde de média complexidade também pode ser analisada a partir da estratégia de seleção de municípios-pólo com maior atendimento de demanda externa, mostrada na Figura 12. De acordo com esse critério, foram selecionados 9 municípios pólos, descritos na Tabela A2 do Anexo. Essa abordagem traz resultados muito semelhantes aos que foram apresentados, diferenciando-se em dois pontos principais. Primeiramente, as áreas que eram, na abordagem anterior, designadas aos pólos Caeté, Pará de Minas e Itabirito passaram a ser atendidas por Belo Horizonte, uma vez que esses municípios não se encontram entre os maiores recebedores de demanda externa e, portanto, não se configuram como pólos nessa abordagem. Esse 1096 resultado, por um lado, reflete a importância de Belo Horizonte como centro de atendimento complementar a esses municípios, definidos como pólos no PDR. Por outro lado, fomenta a questão do excesso de demanda em Belo Horizonte e da desigualdade na acessibilidade para a população que precisa realizar deslocamentos maiores para obter atenção de média complexidade. A segunda diferença em relação ao critério anterior de análise é o surgimento de nova área de influência, definida pelo novo pólo Mateus Leme, que passou a polarizar também o município Juatuba, além dele próprio. Esses dois municípios, na análise anterior, estavam sob influência do pólo Betim. Esse resultado mostra que Mateus Leme tem importante capacidade de atendimento de demanda externa na microrregião de planejamento, mostrando-se capaz de compartilhar, em alguma medida, com o pólo microrregional definido, o atendimento à demanda de outros municípios da área. Vale ainda ressaltar que Vespasiano e Barbacena, apesar de estarem entre os maiores recebedores de demanda externa oriunda da RMBH e do Colar Metropolitano e serem classificados como pólos nessa abordagem, não apresentaram efetiva capacidade de polarização desses municípios. 1097 FIGURA 11 - Áreas de influência dos pólos microrregionais definidos pelo PDR 2003/2006 segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 1 15 46 23 34 29 18 9 14 33 44 26 10 47 24 43 12 48 41 36 2 32 13 11 3 39 8 5 25 35 28 16 17 22 27 45 42 31 37 40 7 21 38 19 6 30 20 4 Área de influência dos pólos micro-regionais Belo Horizonte Conformidade com o PDR Não pertence à RMBH ou Colar Metropolitano Fonte: SIA/SUS e SIH/SUS – 2007. *Nota: A Figura A no Anexo apresenta a área de influência dos pólos microrregionais por microrregião. 1098 FIGURA 12 - Áreas de influência dos pólos microrregionais (maiores recebedores totais) segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 1 15 23 46 34 29 18 9 14 33 44 10 47 26 24 43 48 12 41 36 32 13 11 5 25 2 8 35 28 16 17 22 39 3 27 45 42 40 31 37 7 21 38 19 6 30 20 4 Áreas de influência dos pólos micro-regionais Mateus Leme Belo Horizonte Conf ormidade com o PDR Não pertence à RMBH ou Colar Metropolitano Fonte: SIA/SUS e SIH/SUS – 2007. *Nota: A Figura B no Anexo apresenta a área de influência dos pólos microrregionais por microrregião. 11.5.4 Pólos de Atendimento e Áreas de Influência dos Serviços de Alta Complexidade Hospitalar e Ambulatorial Os municípios que compõem a RMBH e o Colar Metropolitano são distribuídos, segundo a regionalização da assistência à saúde nos serviços de alta complexidade, nas microrregiões Centro e Oeste. A maioria desses municípios tem “Belo Horizonte” como pólo de referência, enquanto os municípios “Itaguara, Itatiaiuçu, Itaúna, Pará de Minas e São José da Varginha” são áreas de referência do pólo “Divinópolis”, conforme mostrado na Figura 13. A rede de serviços efetiva em 2007 pode ser observada a partir dos maiores fluxos diretos aos pólos definidos em PDR, como mostrado na Figura 14. Para esse nível de 1099 atendimento, a abordagem de definição de municípios-pólo, segundo critério de maior atendimento de demanda externa, não será apresentada, pois os municípios assim selecionados foram os mesmos que definidos pelo PDR. Pode-se observar, a partir da Figura 14, que todos os municípios da RMBH e do Colar Metropolitano que compõem a macrorregião Centro, como definido no PDR, estão sob a efetiva influência do pólo “Belo Horizonte”. Isto está em plena conformidade com o planejamento da SES-MG. Já os municípios “Itatiaiuçu” e “Pará de Minas” que, segundo o PDR, deveriam estar sob referência de Divinópolis, têm a maioria dos atendimentos de alta complexidade a seus pacientes realizados por Belo Horizonte. Os demais municípios que formariam a macrorregião Oeste são realmente polarizados por Divinópolis, atendendo às definições do plano. FIGURA 13 - Áreas de influência dos pólos macrorregionais definidos pelo PDR – Minas Gerais, 2007 Fonte: Plano Diretor de Regionalização – SES/MG 1100 FIGURA 14 - Áreas de influência dos pólos macrorregionais definidos pelo PDR 2003/2006 segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 1 15 23 46 34 29 18 9 14 33 44 10 12 48 41 8 13 11 3 2 39 5 25 35 28 16 17 22 24 43 36 32 47 26 27 42 45 31 37 40 7 21 38 19 Área de influência dos pólo macro-regionais 6 30 20 4 Belo Horizonte Conf ormidade com o PDR Não pertence à RMBH ou ao Colar Metropolitano Fonte: SIA/SUS e SIH/SUS – 2007. *Nota: A Figura C no Anexo apresenta a área de influência dos pólos microrregionais por microrregião. 11.6 Considerações finais A finalidade de qualquer sistema de saúde é melhorar a saúde da população a que ele serve. Para isto, devem ser consideradas várias dimensões do setor, como a questão do financiamento, oferta, gestão dos serviços, qualidade no atendimento, entre outros. Neste texto, procurou-se entender duas dimensões: oferta e utilização. Os resultados mostraram que a oferta de serviços ambulatoriais está distribuída de maneira mais homogênea no espaço. Os serviços hospitalares estão concentrados em municípios de maior porte populacional. Isso ocorre em função das economias de escala presentes na oferta de serviços de maior densidade tecnológica, que apresentam custos maiores. Por isso, tais serviços devem ser ofertados em 1101 lugares estratégicos, desde que não comprometam o acesso e integralidade da atenção e que estejam dentro de padrões de sustentabilidade econômica e financeira (SOLLA & CHIORO, 2008). A análise da cobertura de serviços, como o número de médicos e leitos por 1000 habitantes, mostrou que o nível ideal estabelecido pelo Ministério da Saúde está longe de ser alcançado em muitos municípios. Embora o número absoluto de estabelecimentos tenha estreita relação com o número de habitantes, o mesmo não pode ser dito para os estabelecimentos per capita. Isso significa que a distribuição de recursos, em relação à população, é respaldada por fatores de ordem diferente entre os municípios. Em relação ao agrupamento dos municípios em termos das similaridades existentes na oferta de serviços, percebe-se que eles são concentrados em grupos mais diversificados em termos de recursos físicos (estabelecimentos, equipamentos e leitos). Para os recursos humanos, dado pelo número de médicos, o que se observa é uma concentração em municípios da Região Metropolitana que possuem características similares em termos da diversidade de outros tipos de serviços, normalmente aqueles de maior porte populacional. Evidências apontam que a oferta de serviços de saúde é um dos principais responsáveis pelo acesso das pessoas aos serviços de saúde (BOS, 2007). Isto se confirma pela análise dos fluxos intermunicipais de pacientes para a realização de atendimentos de média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, definindo municípios como centros de atendimento e a área atendida, segundo as ligações funcionais correntes11. Belo Horizonte é o maior ofertante de serviços em geral, atende a área de planejamento definida pelo PDR e tem grande influência sobre áreas fora de sua fronteira de polarização. A influência de determinados municípios sobre o atendimento não está, necessariamente, vinculada à maior distância geográfica de Belo Horizonte, nem à maior oferta de serviços de saúde em valores absolutos, como é o caso de Nova Lima. Neste caso, parece haver outro fator que permite que municípios de referência exerçam uma influência efetiva sobre os municípios vizinhos, como o nível de desenvolvimento. Os resultados dessa análise possibilitam uma compreensão da situação real de provisão dos serviços de atenção à saúde de níveis mais elevados, em termos regionais, associando-se à discussão da conformidade do PDR em organizar as redes funcionais de serviços de saúde. 11 Vale lembrar que a regionalização efetuada baseia-se no conceito de região polarizada, conforme adotado pela proposta de regionalização da SES-MG, discutido em seção anterior. 1102 11.7 Referências ANDRADE, M.V. Políticas estaduais na área da saúde. In: Minas Gerais do Século XXI: investindo em políticas sociais, v.III, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Belo Horizonte: BDMG, 2002. BOS, A.M. Health care provider choice and utilization among the elderly in a state in Brazil: a structural model. Rev. Panam Salud Publica, vol. 22(1): 41-50, 2007. BOUDEVILLE, J. R. Problems of regional economic planning. Edinburgh: Edinburgh University, 1966. 192 p. CHRISTALLER, W. Central places in southern Germany. Englewood Cliffs: PrenticeHall, 1966. 230 p. DINIZ, C. C. (Coord.) Regiões de referência em escala nacional. In.: BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos e Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Estudo da dimensão territorial do PPA. Brasília: SPI/MP, 2006. Disponível em: http://www.cgee.org.br/prospeccao/doc_arq/prod/registro/pdf/regdoc2919.pdf> FERREIRA, C. M. C. Métodos de regionalização. In.: HADDAD, P. R. (Org.) 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Tabela A2: Variáveis de oferta de serviços (por 1000 habitantes) - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Município Estabelecimentos Equipamentos Médicos Leitos Baldim 0,38 1,13 0,83 0,00 Barão de Cocais 0,81 2,03 1,24 1,15 Belo Horizonte 1,23 7,54 3,68 4,44 Belo Vale 1,68 1,77 1,83 5,03 1105 Betim 0,58 2,75 1,17 1,77 Bonfim 2,28 2,58 0,67 0,30 Brumadinho 1,64 3,72 0,91 1,40 Caeté 1,98 3,14 0,57 1,86 Capim Branco 0,87 2,91 0,28 2,49 Confins 2,02 13,79 1,62 7,74 Contagem 0,92 2,06 0,68 0,91 Esmeraldas 0,54 0,92 0,61 0,98 Florestal 1,63 3,08 0,88 1,46 Fortuna de Minas 1,95 1,56 1,40 0,00 Funilândia 2,08 1,30 0,78 0,00 Ibirité 0,36 1,56 0,58 0,27 Igarapé 0,80 0,84 0,47 0,11 Inhaúma 1,62 2,56 1,37 2,16 Itabirito 2,19 6,32 1,26 1,30 Itaguara 1,27 6,00 0,64 3,46 Itatiaiuçu 1,16 3,31 0,93 0,21 Itaúna 3,91 7,24 1,08 1,49 Jaboticatubas 2,18 2,30 0,83 2,11 Juatuba 1,35 1,59 0,81 0,22 Lagoa Santa 1,74 3,62 1,06 1,56 Mário Campos 0,40 1,07 0,20 0,00 Mateus Leme 1,82 1,63 0,70 2,15 1106 Matozinhos 1,54 2,45 0,80 2,26 Moeda 1,21 2,62 0,52 0,00 Nova Lima 1,73 5,46 1,46 2,00 Nova União 1,02 0,44 0,78 0,00 Pará de Minas 1,28 2,96 0,82 1,79 Pedro Leopoldo 2,90 3,76 1,44 1,27 Prudente de Morais 1,06 1,09 0,89 0,32 Raposos 0,77 2,18 0,89 0,30 Ribeirão das Neves 0,83 0,52 0,37 0,37 Rio Acima 1,47 0,86 2,28 0,00 Rio Manso 1,25 0,83 0,21 0,00 Sabará 0,54 0,74 0,28 1,09 Santa Bárbara 0,85 3,05 0,62 2,24 Santa Luzia 0,67 0,58 0,37 0,69 São Joaquim de Bicas 0,63 0,55 0,19 0,00 São José da Lapa 1,10 1,37 0,89 0,18 São José da Varginha 1,09 5,43 0,16 0,00 Sarzedo 0,41 0,30 0,25 0,48 Sete Lagoas 1,71 2,95 1,03 1,45 Taquaraçu de Minas 1,11 1,92 1,00 0,56 Vespasiano 1,13 1,09 0,46 0,80 Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. 1107 Quadro 1 - Municípios segundo cluster de equipamentos - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 2 Belo Horizonte Ibirité Itabirito Cluster 3 Lagoa Santa Betim Nova Lima Contagem Pará de Minas Itaúna Pedro Leopoldo Sete Lagoas Ribeirão das Neves Cluster 4 Demais municípios Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. 1108 Quadro 2 - Municípios segundo cluster e equipamentos per capita - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Belo Horizonte Baldim Confins Esmeraldas Itabirito Igarapé Itaguara Mário Campos Itaúna Nova União Nova Lima Prudente de Morais São José da Varginha Ribeirão das Neves Rio Acima Cluster 2 Rio Manso Betim Sabará Bonfim Santa Luzia Brumadinho Sarzedo Caeté São Joaquim de Bicas Capim Branco Vespasiano Florestal Inhaúma Cluster 4 Itatiaiuçu Demais municípios Lagoa Santa Matozinhos 1109 Moeda Pará de Minas Pedro Leopoldo Santa Bárbara Sete Lagoas Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. Quadro 3 - Municípios segundo clusters de estabelecimentos - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 2 Belo Horizonte Caeté Itabirito Cluster 3 Lagoa Santa Betim Nova Lima Contagem Pará de Minas Itaúna Pedro Leopoldo Ribeirão das Neves Ribeirão das Neves Sete Lagoas Cluster 4 Demais municípios Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. 1110 Quadro 4 - Municípios segundo clusters de estabelecimentos per capita - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Itaúna Belo Horizonte Pedro Leopoldo Contagem Itaguara Cluster 2 Itatiaiuçu Belo Vale Juatuba Bonfim Moeda Brumadinho Nova União Caeté Pará de Minas Confins Prudente de Morais Florestal Rio Acima Fortuna de Minas Rio Manso Funilândia São José da Lapa Inhaúma São José da Varginha Itabirito Taquaraçu de Minas Jaboticatubas Vespasiano Lagoa Santa Mateus Leme Cluster 4 Matozinhos Demais municípios Nova Lima Sete Lagoas Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. 1111 Quadro 5 - Municípios segundo clusters de médicos RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Belo Horizonte Ibirité Itaúna Cluster 2 Nova Lima Contagem Pará de Minas Betim Pedro Leopoldo Ribeirão das Neves Cluster 4 Santa Luzia Demais municípios Sete Lagoas Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. Quadro 6 - Municípios segundo clusters de médicos per capita - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Belo Horizonte Capim Branco Rio Acima Igarapé Moeda Cluster 2 Mário Campos Barão de Cocais Ribeirão das Neves Belo Vale Rio Manso Betim Sabará Confins Santa Luzia 1112 Fortuna de Minas Sarzedo Inhaúma São Joaquim de Bicas Itabirito São José da Varginha Nova Lima Vespasiano Pedro Leopoldo Cluster 4 Demais municípios Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. Quadro 7 - Municípios segundo clusters de leitos RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Belo Horizonte Itaúna Nova Lima Cluster 2 Pará de Minas Contagem Ribeirão das Neves Betim Sabará Santa Luzia Cluster 4 Sete Lagoas Demais municípios Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. 1113 Quadro 8 - Municípios segundo clusters de leitos per capita - RMBH e Colar Metropolitano, 2007 Cluster 1 Cluster 3 Belo Horizonte Betim Belo Vale Caeté Confins Capim Branco Inhaúma Cluster 2 Itaguara Betim Jaboticatubas Contagem Mateus Leme Matozinhos Cluster 4 Nova Lima Demais municípios Pará de Minas Santa Bárbara Fonte dos dados básicos: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde, 2007. Tabela A2 - Pólos microrregionais selecionados segundo o volume de atendimentos de pacientes oriundos de outros municípios da RMBH e do Colar Metropolitano (maiores recebedores em termos totais) – Minas Gerais, 2007 Município Atendimentos Belo Horizonte 55.541 Betim 5.611 Contagem 2.748 Sete Lagoas 1.434 Nova Lima 758 1114 Mateus Leme 746 Itaúna 617 Vespasiano 523 Barbacena 464 Fonte: Elaboração própria a partir do SIH e SIA (2007). FIGURA A - Áreas de influência dos pólos microrregionais definidos pelo PDR 2003/2006 segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 1115 FIGURA B - Áreas de influência dos pólos microrregionais (maiores recebedores totais) segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 FIGURA C - Áreas de influência dos pólos macrorregionais definidos pelo PDR 2003/2006 segundo o critério do maior fluxo direto aos pólos selecionados – Minas Gerais, 2007 1116 Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional e Política Urbana - SEDRU