Emissões de NH3 e N2O associadas às descargas de esgotos não tratados e processos de tratamento de esgoto William Zamboni de Mello Programa de Pós-Graduação em Geoquímica Universidade Federal Fluminense Emissões globais de Nr Natural Antrópico 60 Tg N ano-1 50 40 79% 80% 54% 21% 20% N2O NOx NH3 30 20 10 46% 0 Fontes: N2O Mosier et al. (1998)/Kroeze et al. (1999)/IPCC (2001) NOx IPCC (2001) NH3 Olivier et al. (1998) N2O Características e importância ambiental Estável na troposfera. Contribui para o consumo do O3 estratosférico N2O única fonte estratosférica de NO. Contribui para o efeito estufa A força radiativa do N2O é 300 vezes superior a do CO2. Atual contribuição para o efeito estufa é de 6% relativa aos demais GEE. Fonte: Spahni et al. (2005). Science, 310, 1317-1321. Fonte: IPCC (2001) Fonte: AGAGE (http://agage.eas.gatech.edu) N2O Contribuição para o consumo do O3 na estratosfera Decomposição de N2O na estratosfera N2O + hn N2 + O (l < 300 nm) N2O + O(1D) N2 + O2 N2O + O(1D) 2NO 90% 6% 4% Contribuição no consumo do O3 estratosférico O3 + hn O(1D) + O2 (l < 320 nm) CFCl3 + hn Cl + CFCl2 NO + O3 NO2 + O NO2 + hn NO + O O3 O2 + O Cl + O3 ClO + O2 .............................. Evolução dos CFCs nas últimas 3 décadas CFC-11 CFC-12 CFC-113 Tetracloreto de carbono Fonte: AGAGE (http://agage.eas.gatech.edu/data.htm) NH3 Características e importância ambiental Substância básica mais abundante da atmosfera. Leva a formação de partículas finas de NH4NO3 e (NH4)2SO4 que prejudicam qualidade do ar e a visibilidade aérea. Contribui indiretamente para a acidificação de ecossistemas naturais: NH3 + 1,5O2 NO2- + H2O + H+ NH4+ + 1,5O2 NO2- + H2O + 2H+ Contribui para a eutrofização de ecossistemas costeiros (estuários e plataforma continental) e saturação de N em solos tropicais. N2O Sistemas aquáticos Nitrificação: NH4+ + 1,5O2 NO2- + H2O + 2H+ (+ N2O) Desnitrificação: CH2O + 2NO2- + 2H+ CO2 + N2O + 2H2O Seitzinger et al. (2000) Deposições atmosféricas de N e S na RMRJ 1988-89 1998-99 7 5 4 -1 kg ha ano -1 6 3 2 1 0 N-NH4 de Mello (2001) e de Mello (2005) N-NO3 exc-S-SO4 l Concentrações de NHx nas águas da baía de Guanabara 100 90 NH3/NHx (%) 80 70 60 50 40 30 20 10 0 6,0 7,0 8,0 9,0 pH Fonte: Guimarães e de Mello (2006) 10,0 11,0 12,0 Fluxo de NH3 na interface ar-água Modelo da micro-camada dupla (two-film model) Fluxo (F ) de NH3 na interface ar-água: F = ka(ca,eq – ca) ka = u/[770 + 45(M )1/3]**(Duce et al., 1991) ka = velocidade de transferência (m s-1) u = velocidade do vento (m s-1) M = massa molecular da NH3 ca,eq = concentração de NH3 no ar (µg m-3) em equilíbrio com a concentração de NH3 medida na superfície da água ca = concentração de NH3 medida no ar (µg m-3) Emissões de NH3 da baía de Guanabara Emissão média: 480 mg N m-2 h-1 (42 kg N ha-1 ano-1) Aporte atmosférico de NH4+ ~ 5 kg N ha-1 ano-1 Guimarães e de Mello (2006) de Mello (2005) Taxa de emissão da B. de Guanabara ~ 3,8 t N dia-1 Emissões de NH3 do complexo industrial de Cubatão 1984 1998 8,7 t N dia-1 0,3 t N dia-1 CETESB (1998) Fluxo de N2O na interface ar-mar Modelo da micro-camada dupla (two-film model) Fluxo (F ) de N2O na interface ar-água: F = kw(cw - cw,eq) kw = 1,91exp(0,35u)(Sc/600)-1/2* kw = velocidade de transferência cw = concentração de N2O medida na água (nmol L-1) cw,eq = concentração de N2O na água (nmol L-1) em equilíbrio com a concentração de N2O medida no ar * Raymond e Cole (2001) Concentrações de N2O nas águas da baía de Guanabara Concentração de N2O 8,2 ± 2,2 nmol L-1 DN2O Média = 33% Fonte: Guimarães e de Mello (2008) Quanto do total de N lançado na baía de Guanabara é transferido para a atmosfera? Descarga diária de N na Baía de Guanabara 130-140 t N dia-1 * ~ 2,8% atm como NH3 ~ 0,02% atm como N2O * JICA (1994) (Japan International Cooperation Agency) Emissões de N2O no rio Faria-Timbó, Rio de Janeiro, RJ n=4 N2O medido (nmol L-1) N2O eq. ar (nmol L-1) DN2O (%) Fluxo (mg N m-2 h-1) Fluxo (kg N ha-1 ano-1) Média ± DP 322 ± 43 6,7 ± 0,1 4.830 ± 620 199 ± 26 17 ± 2 F = kw ([N2O]água – [N2O]eq,ar) kw = 1,91exp(0,35u10)(Sc/600)-1/2 u10 = 0 l Fonte: Dados não publicados Comparação de emissões de N2O de estuários e oceanos Baía de Guanabara Guimarães e de Mello (2006) Rio Faria Timbó 200 mg N m-2 h-1 Dados não publicados Oceanos (média) 3,1 mg N m-2 h-1 1,3 mg N m-2 h-1 Nevison et al. (1995) Emissões de N2O de uma ETE de lodo ativado com aeração prolongada Tanque de aeração e digestor de lodo Decantador secundário TE = QAR {[N2O]BOLHAS – [N2O]AR} Fluxo = h x DC/Dt|t=0 Fonte: Coelho et al. (2010) Emissão de N2O de uma ETE de lodos ativados Unidade da ETE Taxa de emissão Contribuição g N2O dia-1 % Tanque de aeração 80 90 Recirculação de lodo 4,7 5 Digestor de lodo 2,4 3 Entrada de esgoto bruto-desarenador 1,2 1 Efuente 0,9 1 Decantador secundário <0,1 <<1% Total 89 100 Fonte: Coelho et al. (2010) Comparação de FE de N2O com outras ETEs do mundo Rio de Janeiro FE = 13 g N2O usuário-1 ano-1 Coelho et al. (2010) Durham (EUA) FE = 3,2 g N2O usuário-1 ano-1 Czepiel et al. (1995)/IPCC (2006) Tóquio (Japão) FE = 0,6 g N2O usuário-1 ano-1 Hashimoto et al. (1999) Caminhos a seguir para se atenuar as emissões de NH3 e N2O associados às descargas e tratamento de esgotos O tratamento de esgotos reduz as emissões de NH3 Promover processos de redução de N nos efluentes de ETEs Promover processos de tratamento de esgotos que maximizem a transformação do N em N2 CH2O + 2N2O CO2 + 2N2 + H2O