UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA RAFAELA ALBUQUERQUE MELO ANÁLISE DA IMUNOEXPRESSÃO DA IL-17 E DO ROR-γT NO LÍQUEN PLANO ORAL NATAL/RN 2015 RAFAELA ALBUQUERQUE MELO ANÁLISE DA IMUNOEXPRESSÃO DA IL-17 E DO ROR-γT NO LÍQUEN PLANO ORAL Artigo científico apresentado ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte na disciplina de TCC II como parte dos requisitos para conclusão da graduação em Odontologia. Orientadora: Prof. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel NATAL/RN 2015 Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia Biblioteca Setorial de Odontologia “Profº Alberto Moreira Campos”. Melo, Rafaela Albuquerque. Análise da imunoexpressão da il-17 e do ror-γt no líquen plano oral / Rafaela Albuquerque Melo. – Natal, RN, 2015. 31 f.: il. Orientadora: Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Odontologia. 1. Líquen plano bucal - Monografia. 2. Patogênese - Monografia. 3. Células th17 Monografia. I. Miguel, Márcia Cristina da Costa. II. Título. RN/UF/BSO Black D61 RAFAELA ALBUQUERQUE MELO ANÁLISE DA IMUNOEXPRESSÃO DA IL-17 E DO ROR-γT NO LÍQUEN PLANO ORAL Artigo científico apresentado ao Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para aprovação na disciplina de TCC II. Aprovado em ____/____/____ BANCA EXAMINADORA Prof. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel Orientadora UFRN Prof. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira Membro UFRN Prof. Dr. Lélia Maria Guedes Queiroz Membro UFRN DEDICATÓRIA A Deus, para quem eu devo tudo o que sou e o que tenho. “Confia teus negócios ao senhor e teus planos terão bom êxito.” (Provérbios 16, 3); À minha mãe, Irianne de Albuquerque Marques, pelo seu amor e carinho incondicionais, por sempre acreditar no meu potencial e por me mostrar a importância dos estudos. Sem você eu não teria ultrapassado os obstáculos do caminho; AO meu pai, Rafael Pontes Melo, por ter me ensinado o valor dos estudos, pelo seu amor que ultrapassa barreiras e que apesar de estar distante fisicamente, encontra-se presente espiritualmente. Sei que estaria muito feliz por me ver chegar até aqui; À minha irmã, Mariana Albuquerque Melo, por ser a minha fiel companheira de estudos, pelo seu amor sem limites, por não me deixar desistir dos meus sonhos e me estimular a seguir adiante quando eu precisei, Dedico. AGRADECIMENTOS À professora Doutora Márcia Cristina da Costa Miguel, minha orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso, por sua paciência e sabedoria na condução deste trabalho de fundamental importância para mim. Obrigada por ter me dado a oportunidade de fazer parte da base de pesquisa em Patologia Oral da UFRN, sendo a grande responsável por meu crescente interesse pela imunologia e patologia Oral. A sua responsabilidade e competência com o que faz, bem como o seu amor ao trabalho motivam qualquer aluno a querer sempre aprender. Muito obrigada por me inspirar a sempre dar o melhor de mim. À professora Doutora Éricka Janine Dantas da Silveira, por quem tenho enorme admiração. A sua dedicação ao trabalho e o carinho com que trata os alunos a engrandece enormemente. Sua sabedoria e amor com o que faz só refletem ainda mais a excelente profissional que é. À minha mãe Irianne de Albuquerque Marques e à minha irmã Mariana Albuquerque Melo por toda a compreensão nos momentos de realização deste trabalho e por sempre torcerem por mim. À Bárbara Vanessa de Brito Monteiro por nunca ter medido esforços para me ajudar, por todas as dúvidas esclarecidas e por todo o material disponibilizado para o andamento deste estudo. À Anderson Fernandes pela sua grandiosa ajuda na análise estatística deste trabalho e por quem admiro bastante e À Cecília e A todos da biblioteca por toda a ajuda na construção desse projeto. À Maria Alice Ramalho de Sá Leite pela convivência na patologia e por ter me auxiliado nos momentos de dúvida. À Thâmara Manoela Marinho que sempre se prontificou a me ajudar quando eu precisei. À Luiz Arthur Barbosa da Silva pelas dúvidas esclarecidas. À Sandrinha, Ricardo e Hévio por sempre se disponibilizarem em me ajudar. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de IL-17 no infiltrado inflamatório de LPO (400x)...............................................................................................................................27 Figura 2- Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de IL-17 no infiltrado inflamatório de HFI (400x).................................................................................................................................27 Figura 3- Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de ROR-γt no infiltrado inflamatório de LPO (400x)...........................................................................................................................28 Figura 4- Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de ROR-γt no infiltrado inflamatório de HFI (400x)............................................................................................................................28 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...............................................................................10 2 MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................11 2.1 Análise imuno-histoquímica............................................................11 2.2 Análise estatística.............................................................................12 3 RESULTADOS...............................................................................13 3.1 Características clínicas....................................................................13 3.2 Análise de imunoexpressão de IL-17..............................................14 3.3 Análise de imunoexpressão de ROR-γT........................................14 4 DISCUSSÃO....................................................................................15 5 AGRADECIMENTOS....................................................................21 REFERÊNCIAS..............................................................................21 ANEXO.............................................................................................29 Análise da imunoexpressão da IL-17 e do ROR-γT no Líquen Plano Oral R.A. Melo 1, M.A. Ramalho de Sá1, B.V.B. Monteiro2, E.J.D. Silveira 2, M.C.C. Miguel2 1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil 2 Programa de Pós-graduação em Patologia Oral, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN, Brasil Correspondência: Márcia Cristina da Costa Miguel, Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral, Departamento de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Av. Senador Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, Natal, RN, Brasil, CEP 59056-000. Tel.: +55 84 3215 4138; fax: +55 84 3215 4138. E-mail: [email protected]. RESUMO O Líquen Plano Oral (LPO) é considerado uma doença imunologicamente mediada que possui dois subtipos principais: reticular e erosivo. A linhagem TH17 é um subtipo de células T CD4+ que pode estar associada à patogênese do LPO. O objetivo deste trabalho foi pesquisar a imunoexpressão de IL-17 e de RORγt no LPO dos tipos reticular e erosivo. Selecionou-se 38 casos de LPO, sendo 26 do tipo reticular e 12 de erosivo. Em um aumento de 100x, foi selecionada a área com maior imonumarcação na região subepitelial e, posteriormente, em um aumento de 400x, foram contados os linfócitos imunomarcados em 5 campos, para cada anticorpo avaliado. Foram utilizados casos de Hiperplasia Fibrosa Inflamatória (HFI) para comparação. Testes estatísticos foram usados para avaliar a diferença entre o número de linfócitos marcados para IL-17 e ROR-γT de acordo com o tipo de lesão. Os resultados mostraram que não houve diferença estatisticamente significativa entre o LPO reticular, LPO erosivo e HFI com relação à imunoexpressão de IL-17 (p = 0,122). Porém, observou-se diferença estatisticamente significativa entre o LPO e HFI na análise do ROR-γT (p < 0,001). Não houve diferença entre a imunoexpressão do IL-17 e o RORγT com relação aos tipos reticular e erosivo do LPO. A alta quantidade de IL-17 e principalmente do ROR-γT no LPO indica que a resposta Th17 participa ativamente da patogenia desta doença. Palavras-chave: Líquen plano bucal, Patogênese, TH17. ABSTRACT Oral lichen planus (OLP) is considered an immunologically mediated disease that has two major subtypes: erosive and reticular. The strain TH17 is a CD4 + T cell subtype that may be associated with the pathogenesis of OLP. The aim of this study was to investigate the immunoreactivity of IL-17 and RORγt in the OLP types reticular and erosive. It selected 38 cases of OLP, 26 of the reticular type and 12 erosive. In one 100x magnification, the area was selected with higher immunostaining subepithelial region and thereafter an increase of 400 times, the lymphocytes were counted in 5 fields immunostained for each antibody assessed. Case of Iinflammatory Fibrous Hyperplasia were used for comparison. Statistical tests were used to evaluate the difference between the number of lymphocytes stained for IL-17 and ROR-γT according to the type of lesion. The results showed no statistically significant difference between the reticular OLP, erosive OLP and HFI regarding IL-17 immunoreactivity (p = 0.122). However, there was a statistically significant difference between OLP and HFI in the analysis of ROR-γT (p <0.001). There was no relationship between the immunoreactivity of IL-17 and the RORγT in relation to reticular and erosive type of OLP. The high IL-17 expression and especially ROR-γT in OLP indicates that Th17 response participates actively in pathogenesis of this disease. Keywords: Oral lichen planus, Pathogenesis, TH17 10 INTRODUÇÃO O líquen plano oral (LPO) é uma doença imunologicamente mediada de caráter inflamatório crônico e que tem maior prevalência em indivíduos de meia idade e sexo feminino (Carrozzo & Thorp 2009; Boorghani et al. 2010; Fraga et al. 2011; Dudhia et al. 2011; Colonia & Vélez 2011). Essa desordem acomete aproximadamente 2% da população (Carrozzo & Thorp 2009; Boorghani et al. 2010) e não aparenta exibir predileção racial (Carrozzo & Thorp 2009). Clinicamente o LPO pode se caracterizar de várias maneiras (Colonia & Vélez 2011), dentre as quais os tipos reticular e erosivo apresentam-se com maior frequência. A forma reticular é a mais encontrada, apresentando-se de modo assintomático na grande maioria das vezes (Boorghani et al. 2010). Diferentemente, a forma erosiva do líquen plano normalmente é sintomática (Nico et al. 2011) e os pacientes relatam sensação de dor e queimação (Dudhia et al. 2011). O diagnóstico do LPO é dado pela análise conjunta das características clínicas e histopatológicas (Nico et al. 2011). Não há tratamentos direcionados e específicos, sendo o uso de corticoides tópicos os mais utilizados (Carrozzo & Thorp 2009; Boorghani et al. 2010; Colonia & Vélez 2011). Apesar de não ter uma etiologia totalmente elucidada (Boorghani et al. 2010), é reconhecido que a patogênese do LPO decorre de uma resposta imunologicamente mediada e muitos autores têm acreditado tratar-se de um processo de natureza auto-imune (Lukac et al., 2006; Charazinska-carewick et al., 2008; Fahri & Dupin, 2010; Mattila et al., 2011 ) e esta doença tem sido associada a mecanismos específicos e não-específicos. Os mecanismos específicos incluem a apresentação de antígenos pelos ceratinócitos da camada basal e posterior morte desses ceratinócitos pelos linfócitos T citotóxicos. Enquanto os mecanismos não-específicos englobam a degranulação de mastócitos e a ativação de metaloproteinases da matriz (Fraga et al. 2011). A linhagem Th17, que foi recentemente descoberta, produz citocinas, como a IL-17 e tem sido considerada como uma importante linhagem presente na inflamação tecidual e autoimunidade (Oukka, 2008; Fujisawa et al. 2011). Esta linhagem diferencia-se a partir da interação das citocinas inflamatórias, tais como a IL-1, IL-6 e IL-23, que juntamente com o 11 TGF-β estimulam a produção do RORγt que é o fator de transcrição responsável pela diferenciação dessas células (Yasuhiro, 2011; Abbas et al. 2012). Poucos estudos têm pesquisado a associação da linhagem TH17 com a patogênese do LPO (Xie et al, 2014; Wang et al, 2013; Piccinni et al, 2014; Wang et al, 2015). Sendo assim, o presente estudo foi realizado com o objetivo de pesquisar a imunoexpressão de IL-17 e do RORγt no LPO, dos tipos reticular e erosivo, com o intuito de contribuir com maiores esclarecimentos sobre a possível participação da linhagem TH17 na patogenia do LPO. MATERIAIS E MÉTODOS Dentre os casos arquivados no laboratório de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) foram selecionados 38 casos com diagnóstico histopatológico para LPO e 9 para HFI. A HFI foi selecionada como lesão comparativa pelo fato de algumas vezes exibir infiltrado inflamatório intenso na região subepitelial, mas possuir patogenia distinta, sendo associada ao trauma mecânico. Foram escolhidos casos com qualidade e quantidade suficiente de material nos blocos de parafina considerados adequados para o estudo imuno-histoquímico e dados suficientes no prontuário para caracterizar o LPO quanto à sua forma clínica. Dos casos de LPO selecionados, 26 foram do tipo reticular e 12 do tipo erosivo. A classificação quanto aos tipos de LPO foi feita de acordo com as informações da ficha clínica. Quando havia presença de lesões assintomáticas e linhas brancas entrelaçadas o caso foi classificado como reticular. Por outro lado, quando caracterizados como lesões sintomáticas, ulceradas e eritematosas o caso foi classificado como erosivo. O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, tendo parecer aprovado com o número 362/2011. Análise imuno-histoquímica A amostra selecionada, fixada em formol a 10% e incluída em parafina foi submetida a cortes de 3 micra de espessura, os quais foram estendidos em lâminas de vidro devidamente preparadas com adesivo à base de organosilano (3-aminopropiltrietoxisilano, Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, USA). Posteriormente, o material foi submetido ao método da imunoperoxidase pela técnica da estreptoavidina-biotina (LSAB + System HRP, Dako North America Inc., Carpinteria, CA, USA) utilizando os anticorpos primários anti-IL-17 e anti- 12 ROR-γt (QUADRO 1). Como controle positivo para os anticorpos anti IL-17 e e anti-ROR-γt foram utilizados cortes de tecido tonsilar. Enquanto o controle negativo consistiu na substituição do anticorpo primário por albumina de soro bovino (BSA) a 1% em solução tampão. A expressão imuno-histoquímica do IL-17 e ROR-γt foi analisada sob microscopia de luz (Olympus CX41, Olympus Japan Co., Tokyo, JPN) considerando-se a quantidade de células marcadas para os anticorpos utilizados. A quantidade de células imunomarcadas foi avaliada escolhendo-se em um aumento de 100x a região subepitelial com maior marcação. Dentro desta área, sob aumento de 400x, os 5 campos selecionados aleatoriamente foram fotomicrografados por meio de uma câmera acoplada ao microscópio (Olympus EVOLT E330, Olympus Japan CO., Tokyo, JPN) para serem contados os linfócitos imunomarcados. Em seguida, as imagens foram enviadas ao computador por meio do sistema Olympus MasterTM2. Foram considerados imunomarcados os linfócitos que exibiam coloração marrom de qualquer intensidade no seu citoplasma, sendo registradas as contagens. Em seguida foi calculada a média e mediana das imunomarcações positivas entre os campos de cada lâmina estudada. A avaliação foi realizada por uma observadora, previamente treinada, que não teve acesso a qual tipo de lesão estava sendo analisada. Análise estatística Os dados foram analisados através do Statistical Program Software - SPSS® 17.0 (SPSS Inc., Chicago, USA) mediante os testes estatísticos de Mann Whitney para analisar até duas variáveis e de Kruskal-Wallis para análise de mais de duas variáveis. Foi estabelecido o nível de significância em 5% (p < 0,05) para os testes estatísticos utlizados neste estudo. Quadro 1. Especificidade e clone, número do catálogo, fabricante, diluição, recuperação antigênica e tempo de incubação dos anticorpos primários utilizados no estudo. Especificidade e Nodo clone Catálago Fabricante Diluição sc-7927 Incubação antigênica Santa Cruz - IL-17 (H-132) Recuperação Biotechnology Citrato pH 1:500 6,0, Pascal 121oC, 3 minutos Citrato pH Overnight 13 ROR-γT (6F3-1) 6F3-1 Millipore 1:300 6,0, Pascal 120 minutos o 121 C, 3 minutos RESULTADOS Características clínicas Neste estudo, observou-se que 55,3% (n = 26) da amostra estudada corresponderam ao LPO reticular, 25,5% (n = 12) ao LPO erosivo e 19,2% (n = 9) à HFI (TABELA 1). Comparando-se as duas formas clínicas do LPO observou-se que o tipo reticular representou 68,4% (n=26) da amostra encontrada, enquanto que o tipo erosivo 31,6% (n=12). Dos 38 pacientes com LPO analisados, 78,9% (n=30) correspondiam ao sexo feminino, enquanto 21,1% (n=8) ao sexo masculino. Nas lesões de LPO reticular, 69,2% (n=18) dos casos foram encontrados no sexo feminino, enquanto 30,8% (n=8) no sexo masculino. Todos os casos de LPO do tipo erosivo neste estudo acometeram o sexo feminino. A análise da amostra dos indivíduos diagnosticados com LPO com relação à faixa etária revelou uma predominância de indivíduos entre 30 e 70 anos de idade, o que correspondeu a 84,3% (n=32) casos do total observado. Foram observados apenas 10,5% (n=4) de indivíduos com menos de 30 anos de idade com diagnóstico para essa lesão. Além disso, não foram encontrados idosos com mais de 70 anos de idade diagnosticados com LPO no presente estudo. Houve subnotificação no prontuário clínico de alguns pacientes com relação à faixa etária, o que representou 5,2% (n=2) dos casos. O presente estudo também demonstrou uma predominância de LPO na mucosa jugal com relação às demais localizações, correspondendo a 52,6% (n=20) dos casos. A gengiva foi a segunda região mais acometida pelo LPO, englobando 10,5% (n=4) dos indivíduos estudados. Também foram encontradas lesões em outras regiões orais como lábio inferior e o dorso da língua, porém com menor frequência. O sexo feminino foi diagnosticado em 60% (n=18) dos casos com LPO reticular e em 40% (n=12) com o tipo erosivo. Todos os homens do estudo apresentaram a forma clínica reticular. Com relação à faixa etária, 62,5% (n=20) dos pacientes entre 30 e 70 anos possuíam 14 o LPO reticular, enquanto que 37,5% (n=12) o tipo erosivo. Todos os pacientes com menos de 30 anos nessa amostra foram diagnosticados com a forma clínica reticular (TABELA 2). Análise da imunoexpressão de IL-17 O estudo imuno-histoquímico para a expressão de IL-17 mostrou que, na maioria dos campos, observou-se nas lesões de LPO marcação de linfócitos de forma difusa na região subepitelial (FIGURA 1). Além disso, houve imunomarcação positiva para outras células, como os macrófagos. Com relação à HFI foi observada imunomarcação para a IL-17 de maneira predominantemente difusa e com menor quantidade do que o observado para o LPO (FIGURA 2). A análise quantitativa da imunoexpressão de IL-17 no LPO demonstrou uma contagem de linfócitos imunomarcados com valores médios de 14,2 a 219,6, com uma média de 67,8 (±41,51) e mediana de 56,7. A análise das HFIs revelou uma contagem de linfócitos com valores médios entre 5,2 e 74, com uma média de 41 (±26,65) e mediana de 42,2 (TABELA 3). Quando se comparou os tipos reticular e erosivo, verificou-se para o LPO reticular uma contagem de linfócitos imunomarcados com valores médios entre 14,2 e 219,6 com uma média de 70,8 (±43,0) e uma mediana de 59,7. Com relação ao LPO erosivo a contagem mostrou valores médios que variaram entre 27,4 e 147,2 com uma média de 61,5 (±39,1) e uma mediana de 42,4 (TABELA 4). De acordo com os testes estatísticos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa entre as lesões de LPO reticular, LPO erosivo e hiperplasia com relação à imunoexpressão de IL-17 (p = 0,122) (TABELA 5). Análise da imunoexpressão de ROR-γT A análise da expressão imuno-histoquímica de ROR-γT no LPO revelou a presença de uma intensa marcação nos linfócitos na região subepitelial que se apresentou de maneira difusa (FIGURA 3). Também foi observada marcação positiva para ROR-γT nos macrófagos. A imuno-marcação nas HFIs se mostrou de maneira difusa e com uma menor quantidade do que o observado para o LPO (FIGURA 4). A análise quantitativa da imunoexpressão de ROR-γT no LPO demonstrou uma contagem de linfócitos imunomarcados com valores médios de 2,4 a 251,23 com uma média 15 de 50,0 (±53,02) e mediana de 34,3. A análise das HFIs revelou uma contagem de linfócitos com valores médios entre 0,4 e 1,2 com uma média de 0,9 (±0,29) e mediana de 1,0 (TABELA 6). A análise quantitativa da imunoexpressão de ROR-γT quando comparando-se os tipos reticular e erosivo revelou para o LPO reticular valores médios que variaram entre 2,4 e 251,2 com uma média de 56,6 (±60,5) e mediana de 34,3. Com relação ao LPO erosivo a contagem de linfócitos imunomarcados mostrou valores médios entre 3 e 93,2 com uma média de 35,9 (±28,5) e mediana de 33,3 (TABELA 7). De acordo com os testes estatísticos de Kruskal-Wallis e de Mann-Whitney, observouse que não houve diferença estatisticamente significativa entre o LPO reticular e o LPO erosivo com relação à imunomarcação de ROR-γT. Todavia, observou-se diferença estatisticamente significativa entre o LPO das duas formas clínicas em relação à HFI (p < 0,001) (TABELA 5). DISCUSSÃO O Líquen plano é uma doença mucocutânea que possui caráter inflamatório crônico, sendo frequentemente encontrado na mucosa oral. Apesar de não ter uma etiologia bem definida, diversos autores têm afirmado que a sua patogênese baseia-se em uma resposta imunologicamente mediada (Colonia et al. 2011; Dudhia et al. 2011; Fraga et al. 2011; Nico et al. 2011). O presente estudo mostrou uma predominância de LPO do tipo reticular (68,4%) em comparação ao LPO erosivo (31,6%), corroborando os achados de Bagán et al (1994) que analisaram 187 pacientes e encontraram uma prevalência da forma clínica reticular em 178 casos em detrimento da erosiva, presente em 80 pacientes. Resultado diferente foi encontrado por Einsen (2002) que analisando as amostras de LPO encontrou em 40% dos pacientes a presença predominantemente da forma erosiva e em 23% do tipo reticular. De acordo com a literatura, na forma erosiva do LPO há a presença de lesões que na maior parte das vezes são acompanhadas de alguma sintomatologia, sendo mais significativa para o paciente. Apresenta-se geralmente por meio de sensação de dor e queimação que são presentes também nas lesões atróficas e bolhosas (Boorghani et al. 2010; Dudhia et al. 2011; Fraga et al. 2011). Os estudos mostram que a remissão espontânea raramente ocorre nas lesões desse tipo (Carrozzo & Thorp 2009) e essa forma de LPO pode se exacerbar em 16 algumas situações, como em decorrência do estresse emocional, por exemplo (Colonia & Vélez, 2011; Fraga et al. 2011). O presente estudo mostrou que uma maior frequência das lesões foi encontrada no sexo feminino (78,9%) com relação ao sexo masculino (21,1%). O trabalho de Einsen (1999) também exibiu uma predominância de mulheres, correspondendo a 70% dos pacientes, em detrimento dos homens que representaram apenas 30% dos indivíduos. Esses achados concordam com a literatura, segundo a qual as mulheres são mais frequentemente acometidas pelo Líquen Plano do que os homens (Carrozzo & Thorpe 2009; Boorghani et al. 2010; Dudhia et al. 2011; Fraga et al. 2011; Nico et al. 2011). Os estudos mostram que o LP atinge aproximadamente 0,5% a 2% da população, acometendo mais frequentemente o sexo feminino e indivíduos entre 30 e 60 anos de idade (Boorghani et al. 2010). De acordo com Nico et al. (2011) pode ainda ser prevalente em até 4% da população e, apesar de raro em crianças, sua ocorrência nesse grupo tem sido cada vez mais presente. Com relação à faixa etária presente neste trabalho, houve uma prevalência de LPO em indivíduos de 30 a 70 anos de idade (84,3%), seguido daqueles com menos de 30 anos (10,5%), porém nenhum paciente diagnosticado com LPO nesse estudo possuía idade superior a 70 anos. Isso condiz com a literatura, já que o LPO acomete preferencialmente indivíduos de meia idade (Carrozzo & Thorpe 2009; Boorghani et al. 2010; Colonia & Vélez 2011; Nico et al. 2011). Fraga et al. (2011) relatam ainda que o LPO é mais frequente em indivíduos de 50 a 60 anos, enquanto que para Dudhia et al. (2011) é mais comum naqueles entre 40 e 50 anos. A cavidade oral é geralmente acometida e pode ser o único local de envolvimento do LP (Roopashree et al. 2010). Segundo Nico et al. (2011) cerca de 50% a 70% dos indivíduos que apresentam LP são acometidos pelo LPO. No presente estudo, o LPO acometeu os indivíduos predominantemente na mucosa jugal (52,6%), em seguida na região gengival (10,5%), em menor frequência no lábio inferior (5,2%) e menos comumente no dorso da língua (2,6%). Isso ratifica os achados da literatura no que concerne à região de localização do LPO, frequentemente relatado com acometimento na mucosa jugal, gengiva, dorso da língua e vermelhão do lábio (Nico et al. 2011). A prevalência, no presente trabalho, de LPO na mucosa jugal é semelhante aos achados de Eisen (2002) que observaram uma predominância de lesões na região de mucosa jugal. Xue et al. 17 (2005) ainda relatam que as alterações no palato, assoalho da boca e lábio superior foram incomuns nos seus achados. Em alguns casos, o diagnóstico diferencial do LPO reticular pode ser feito com a leucoplasia (Fraga et al, 2011). De acordo com Colonia e Vélez (2011) o tipo erosivo da lesão deve ser diferenciado de alterações como o Pênfigo Vulgar e Penfigoide das membranas mucosas. Nico et al. (2011) ainda acrescentam que o diagnóstico diferencial do tipo erosivo também deve ser feito com aftas, reações medicamentosas, eritema multiforme e lesões agudas de lúpus eritematoso. E para Fraga et al (2011) também deve ser feito com candidíase crônica, Morsicatio buccarum, reação liquenoide ao amálgama ou a drogas e doença do enxerto versus hospedeiro. No presente estudo, toda a amostra de LPO exibiu microscopicamente intenso infiltrado inflamatório que se encontrava disposto em faixa na região justaepitelial, corroborando os critérios para diagnóstico histopatológico preconizado pela OMS em 1978 e modificados por van der Meij e van der Waal (2003) de que o LPO deve exibir um infiltrado inflamatório bem definido, confinado à parte superficial do tecido conjuntivo, disposto em faixa e constituído na maioria das vezes por linfócitos. Esses achados foram semelhantes aos resultados encontrados por Brant et al. (2008), Sousa et al. (2009), Anuradha et al. (2011); Fernández-González et al. (2011). Apesar da etiologia do LPO não ter sido completamente elucidada, segundo Lodi et al. (2005), existem muitas evidências que sugerem existir uma desregulação imunológica na patogenia dessa desordem que envolvem, mais precisamente, a resposta imune celular. Estudos têm mostrado que o desencadeamento da resposta imune inflamatória no LPO provavelmente está relacionado com um antígeno, ainda desconhecido, que pode ser um autoantígeno ou antígeno exógeno (Lodi et al., 2005; Fahri & Dupin, 2010). Para Roopashree et al. (2010) o antígeno envolvido na patogenia dessa desordem pode ser um auto-antígeno. Estudos têm mostrado que a patogênese do LPO decorre de uma resposta imunologicamente mediada, a qual tem-se acreditado ser desencadeada por um processo autoimune (Lukac et al., 2006; Charazinska-carewick et al., 2008; Fahri & Dupin, 2010; Mattila et al., 2011 ). Sendo assim, Charazinska-carewick et al. (2008), analisando o sangue periférico de indivíduos com LPO, observaram diferença na quantidade de células do sistema imunológico com relação aos níveis normais, condizendo com a possibilidade de haver autoimunidade no LPO. Mattila et al. (2011) observaram a presença de linfócitos CD27+ no 18 LPO erosivo e perceberam que a forma como essas células se organizavam na lâmina própria era semelhante ao observado em doenças autoimunes, como a síndrome de Sjögren. De acordo com Fahri & Dupin (2010) e Roopashree et al. (2010) a maior prevalência do LPO nas mulheres, o seu início na idade adulta, a sua cronicidade e a associação com outras doenças autoimunes também favorecem a possibilidade de haver uma resposta autoimune nessa desordem. A literatura mostra que os linfócitos T CD4+ podem ser subdivididos em células T CD4+ regulatórias (Treg) e em células T CD4+ efetoras (Kurts, 2008). As células T CD4+ helper efetoras são diferenciadas a partir das células T CD4+ naives (Korn et al, 2009). Essas células T CD4+ efetoras são compostas por três subtipos celulares importantes na defesa do hospedeiro contra agentes infecciosos: as linhagens TH1, TH2 e TH17. De acordo com Oukka (2008) e Korn et al. (2009) as células Th17 possuem funções efetoras diferentes dos outros dois subtipos como a eliminação dos patógenos que não foram combatidos pelas células Th1 ou Th2. Estudos têm mostrado que as células TH1 e TH17 têm sido consideradas efetoras em várias doenças auto-imunes (Ivanov et al, 2006; Oukka, 2008; Kurts, 2008; Fujisawa et al., 2011). Fujisawa et al. (2011) concordam que as células Th17 têm um papel importante na inflamação tecidual e autoimunidade. Nograles et al. (2008) dizem ainda que o papel dessa nova linhagem celular tem sido investigado também na infecção. Segundo Oukka (2008) as células Th17 têm sido implicadas na patogênese de muitas doenças experimentais autoimunes. Pacientes com doenças autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico, esclerose múltipla, colite inflamatória e artrite reumatoide têm apresentado aumento nos níveis de IL-17 (Kurts, 2008). São envolvidas também na patogenia de algumas doenças como psoríase e doença inflamatória intestinal (Abbas et al., 2012). A literatura tem mostrado que o desenvolvimento das células TH17 a partir células T CD4+ naive decorre da interação das citocinas inflamatórias, tais como a IL-1, IL-6 e IL23, que juntamente com o fator de crescimento transformador (TGF-β) estimulam a produção do RORγt que é o fator de transcrição responsável pela diferenciação das células TH17 (Oukka 2008; Fujisawa et al. 2011; Abbas et al. 2012). De acordo com Oukka (2008) o acréscimo de IL-6 ao TGF-β não apenas induz a diferenciação das células Th17, mas também inibe a geração de células Treg, possuindo um importante balanço entre a geração desses dois tipos celulares. Segundo Korn et al. (2009) as células Th17 secretam IL-17, IL-21 e IL-22 que auxiliam na indução da inflamação tecidual. 19 O presente estudo demonstrou uma alta contagem de linfócitos imunomarcados com IL-17 (média = 67,8; ±41,51; Md= 56,7) nas lesões de LPO e de HFI (média = 41; ±26,65; Md =42,2) sem diferença estatisticamente significativa entre elas (p= 0,122). A forte presença de IL-17 no LPO encontrada neste estudo sugere uma possível participação do IL-17 na patogênese dessa desordem. Esses achados se assemelham ao estudo de Sharker & Hassan (2011) que analisaram o sangue periférico de pacientes com LP cutâneo e encontraram uma maior quantidade de IL-17 em comparação a um grupo saudável o que sugeriu uma possível participação da IL-17 na patogênese do LP cutâneo. A forte presença de IL-17 na HFI observada neste trabalho pode ser justificada pelo fato dessa desordem representar uma inflamação crônica e apresentar uma grande quantidade de células inflamatórias, além dos linfócitos. A IL-17 não é uma citocina presente apenas na resposta Th17, além disto, não está associada apenas aos linfócitos, mas pode ser secretada também por outras células inflamatórias em inflamações crônicas de diferentes origens. Nos casos de LPO deste estudo, a maioria das células observadas com imunoexpressão de IL-17 foram os linfócitos, sugerindo que a marcação nessa desordem está relacionada provavelmente à linhagem TH17. Corroborando este fato, Wang et al. (2013) observaram que a IL-17 pode estar associada à patogênese do LPO em pacientes com periodontite crônica e de acordo com Cătană et al. (2015) a IL-17 é relacionada à patogênese da doença inflamatória intestinal. A análise quantitativa da imunoexpressão de IL-17 no presente trabalho, quando comparando-se os tipos reticular (média=70,8 ±43,0; Md=59,7) ao erosivo (média=61,5 ±39,1; Md=42,4) não mostrou diferença significativa entre eles, o que sugere não haver uma predileção da expressão de IL-17 com relação aos tipos reticular e erosivo. Diferentemente, o estudo de Wang et al. (2015) encontrou no grupo com LPO erosivo uma concentração salivar de IL-17 significativamente maior do que no grupo reticular e no grupo controle. Os autores observaram que a diversidade microbiana salivar foi correlacionada negativamente com as concentrações salivares de IL-17, demonstrando que a composição da comunidade microbiana está intimamente relacionada com a IL-17. Os autores concluem que isso pode justificar a alta quantidade de IL-17 encontrada no tipo erosivo, já que esta forma clínica possui maior severidade clínica e a sua possível associação à baixa diversidade microbiana pode ser em decorrência de uma maior atividade imunológica que leve a uma maior destruição microbiana. Alguns estudos têm mostrado que a IL-17 pode estar associada a fases iniciais de determinadas doenças. Seguindo-se esse raciocínio, a liberação de IL-17 pode levar a uma 20 maior expressão de moléculas de adesão vascular, o que levaria a uma maior quantidade de linfócitos para os sítios de inflamação. Dessa forma, a linhagem Th17 conseguiria ter acesso aos tecidos danificados e secretaria citocinas que exacerbariam a doença. Nguyen et al. (2008) encontraram nos camundongos estudados altas quantidades de IL-17 precocemente à manifestação clínica da síndrome de Sjögren, evidenciando a participação da IL-17 no estágios iniciais da doença. De acordo com Steinman (2007) em um estágio inicial das doenças pode haver uma resposta Th17, havendo a posterior liberação de IL-17. Já o ROR-γT é um fator de transcrição específico para Th17, sendo considerado um marcador fidedigno da linhagem Th17. De acordo com Fujisawa et al. (2011) o RORγt é um membro do receptor hormonal órfão relacionado com retinóide. Considera-se que ele seja um importante fator de transcrição para a linhagem Th17. Isso justifica a escolha do ROR-γT neste estudo para avaliar a presença da resposta Th17 na patogênese do LPO. O presente estudo observou uma maior imunoexpressão de ROR-γT no LPO (média= 50,0 ±53,02 Md= 34,3) do que na HFI (média = 0,9 ±0,29; Md= 1,0) com diferença estatisticamente significativa entre eles (p< 0,001). Pelo fato do ROR-γT ser um fator de transcrição mais confiável da resposta Th17 a sua forte imunoexpressão nessa lesão sugere a presença da linhagem Th17 na patogênese do LPO. Os resultados deste trabalho corroboram com os achados de Xie et al. (2014) que encontraram uma expressão de RORγT nas lesões de LPO significativamente mais elevada quando comparada com a mucosa oral normal o que demonstrou que as células Th17 participam da resposta imunológica em lesões de LPO. O presente trabalho também comparou a imunoexpressão de RORγT nas formas clínicas reticular (média = 56,6 ±60,5; Md = 34,3) e erosiva (média = 35,9 ±28,5; Md = 33,3) e apesar de haver uma maior expressão de RORγT na forma reticular, não foi observada diferença significativa entre elas. Diferentemente, Xie et al. (2014), ao analisar 24 pacientes com LPO reticular e 19 com LPO atrófico-erosivo, observaram uma expressão significativamente maior de RORγT no grupo acometido pelo LPO atrófico-erosivo do que no grupo diagnosticado com a forma clínica reticular e uma maior expressão de RORγT nos indivíduos com LPO reticular quando comparado ao grupo controle. De acordo com eles, a linhagem Th17 participa da resposta imune nas lesões de LPO e a predominância de TH17 no desequilíbrio TH17/Treg pode ser responsável pela resposta imune no LPO atrófico-erosivo. O fator de transcrição ROR-γT tem sido relacionado com a patogênese de algumas doenças inflamatórias, como demonstrado por Leppkes et al. (2009) que identificaram um papel crucial da expressão de RORγT na inflamação intestinal crônica, de forma que 21 reagentes que atinjam RORγT possam atuar como uma forma terapêutica da Colite crônica. Estudos têm mostrado a participação da linhagem Th17 na patogênese de doenças inflamatórias como psoríase, doença inflamatória intestinal, esclerose múltipla e artrite reumatoide (Abbas et al, 2012). A possível participação do ROR-γT por meio da indução da resposta Th17 nas lesões de LPO sugere a possibilidade do LPO ser categorizado como uma doença autoimune. Cada vez mais estudos têm tentado mostrar que sua patogênese decorre de fenômenos associadaos à auto-imunidade (Lukac et al., 2006; Charazinska-carewick et al., 2008; Fahri & Dupin, 2010; Mattila et al., 2011). Como conclusão, a partir dos resultados deste estudo, no qual observou-se no LPO uma forte expressão de IL-17 e principalmente do ROR-γT, fator de transcrição considerado um marcador confiável do fenótipo Th17, sugere-se que a resposta Th17 está associada à patogênese do LPO dos tipos reticular e erosivo. AGRADECIMENTOS Este estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) através de bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). REFERÊNCIAS Abbas AK, Lichtman AH & Pillai S. (2012). Imunologia celular e molecular, (7. ed.). Rio de Janeiro: Elsevier. Anuradha Ch, Malathi N, Anandan S. et al. (2011). Current concepts of immunofluorescence in oral mucocutaneous diseases. J. Oral Maxillofac. 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LPO erosivo LPO reticular n (%) n (%) Masculino - 8 (100%) Feminino 12 (40%) 18 (60%) 0(0%) 4 (100%) 12(37,5%) 20(62,5%) 0(0%) 0 (0%) Gengiva 2 (50%) 2 (50%) Mucosa jugal 5 (25%) 15 (75%) Lábio inferior 1 (50%) 1 (50%) - 1 (100%) 4 (57,1%) 3(42,9%) Sexo Faixa etária <30 anos 30-70 anos >70 anos Localização Dorso de língua Outras Fonte: Autora, 2015. Tabela 3 – Descrição para IL-17 comparando-se o LPO com a HFI. Natal/RN. 2015. Média DP Md Mín-Máx Q25-Q75 LPO 67,8 ±41,51 56,7 14,2-219,6 38,2-88,5 HFI 41,0 ±26,65 42,2 5,2-74,0 13,8-67,8 Fonte: Autora, 2015. Legenda: LPO - Líquen Plano Oral; HFI – Hiperplasia fibrosa inflamatória 26 Tabela 4 – Descrição para IL-17 comparando-se o LPO erosivo com o reticular. Natal/RN. 2015. Média DP Md Mín-Máx Q25-Q75 LPO erosivo 61,5 ±39,1 42,4 27,4-147,2 35,6-91,1 LPO reticular 70,8 ±43,0 59,7 14,2-219,6 38,8-88,5 Fonte: Autora, 2015. Legenda: LPO - Líquen Plano Oral Tabela 5 - Comparação da imunomarcação de IL-17 e ROR-γT entre LPO erosivo, LPO reticular e HFI. Natal/RN. 2015. Lesão p LPO erosivo LPO reticular HFI Md Md Md IL-17 42,4 59,7 42,2 0,122 ROR-γT 33,3a 34,3a 1,0b <0,001 Imunomarcador Fonte: Autora, 2015. Legenda: LPO - Líquen Plano Oral; HFI – Hiperplasia fibrosa inflamatória; a- as lesões não apresentam diferença estatisticamente significativa entre si; b- a lesão apresenta diferença estatisticamente significativa com relação à “a”. Tabela 6 – Descrição para ROR-γt comparando-se o LPO com a HFI. Natal/RN. 2015. Média DP Md Mín-Máx Q25-Q75 LPO 50,0 ±53,02 34,3 2,4-251,2 9,5-80,5 HFI 0,9 ±0,29 1,0 0,4-1,2 0,7-1,2 Fonte: Autora, 2015. Legenda: LPO - Líquen Plano Oral; HFI – Hiperplasia Fibrosa Inflamatória Tabela 7 – Descrição para ROR-γt comparando-se o LPO erosivo com o reticular. Natal/RN. 2015. Média DP Md Mín-Máx Q25-Q75 LPO erosivo 35,9 ±28,5 33,3 3,0-93,2 7,5-59,2 LPO reticular 56,6 ±60,5 34,3 2,4-251,2 9,5-93,9 Fonte: Autora, 2015. Legenda: LPO - Líquen Plano Oral 27 FIGURAS Figura 1. Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de IL-17 no infiltrado inflamatório de LPO (400x). Figura 2. Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de IL-17 no infiltrado inflamatório de HFI (400x). 28 Figura 3. Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de ROR-γt no infiltrado inflamatório de LPO (400x). Figura 4. Fotomicrografia exibindo a imunomarcação de ROR-γt no infiltrado inflamatório de HFI (400x). 29 ANEXO Anexo A. Parecer emitido pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 30