UFRGS - Instituto de Letras
Teoria e Prática de Leitura
Turma A – 2015
Parque Farroupilha: cercar ou não?
Convivência e ocupação de espaços urbanos
Proponente: Priscila Martini Pedó
Público-alvo: alunos do Ensino Médio da rede pública de ensino de Porto Alegre
Objetivos:
• Ler textos jornalísticos e relacionar seus sentidos a elementos da vida cotidiana;
• Produzir textos argumentativos utilizando os conhecimentos construídos ao longo
da oficina;
•Revisar e reescrever o próprio texto, com atenção ao emprego de recursos
linguísticos importantes para o gênero.
Justificativa:
Nos últimos meses, formou-se em nosso cidade uma discussão em torno do projeto
de autoria do vereador Nereu D'Ávila (PDT) que propõe o cercamento do Parque da
Redenção, como forma de coibir os danos aos frequentadores e ao patrimônio
público do parque. Uma rápida olhada nos comentários das páginas de internet que
apresentam notícias relacionadas ao tema ou uma conversa entre amigos nos
permite concluir que há divergências entre a população sobre qual é o melhor
caminho a seguir.
Reconhecendo a escola como instituição que se relaciona com a sociedade na qual
se insere e como espaço privilegiado de reflexão e debate, propomos que esse
assunto de interesse público seja pauta da aula de Língua Portuguesa.
Números de horas-aula: 4 aulas de 5 minutos cada
Recursos necessários: cópias dos dois textos explorados durante a oficina; aparelhos
com acesso à internet pra pesquisa; dicionários.
Resultados esperados:
• Desenvolvimento de reflexão crítica;
• Desenvolvimento da capacidade argumentativa.
• Desenvolvimento de expressão oral e escrita.
Formas de avaliação:
Serão avaliados:
• A participação no estudo dos textos e nas discussões propostas durante a oficina.
• O produto final da oficina: uma carta-aberta escrita pelos alunos, na qual deverão
apresentar o projeto de lei para seus interlocutores (a população porto-alegrense) e
posicionar-se argumentando.
TEXTO 1
Fortunati sanciona lei sobre plebiscito para cercamento da Redenção
Votação popular poderá ocorrer simultaneamente com as eleições de 2016
O prefeito José Fortunati sancionou a lei que convoca plebiscito sobre o cercamento do Parque Farroupilha, a Redenção.
Publicada no Diário Oficial de Porto Alegre nesta segunda-feira, a consulta popular ainda não tem data definida. A intenção é
que a votação ocorra durante as eleições municipais de 2016, no dia 2 de outubro, mas quem dará a palavra final sobre o
assunto será o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Até o início da tarde, o TRE ainda não havia recebido a proposta.
O autor do projeto do cercamento do Parque da Redenção, vereador Nereu D'Ávila (PDT), afirma que, antes das eleições
estaduais do ano passado, quando o texto tramitava na Câmara, fez uma consulta à presidência do TRE. A resposta obtida na
época, sobre a votação coincidir com as eleições, foi negativa, por se tratar de um tema de interesse municipal.
— A partir dessa negativa, não dei pressa para o projeto, e retirei dele o artigo que especificava a data. Agora, não consta
nenhuma data no texto, mas entregarei pessoalmente a lei sancionada hoje ao TRE — explicou D'Ávila.
Conforme o vereador, existe uma resolução federal do Tribunal Superior Eleitoral que prioriza que consultas populares sejam
realizadas junto com as eleições. O TRE não terá prazo fixo para responder à solicitação do vereador.
D'Ávila falou ainda sobre a emenda que estendia o projeto a outros parques da Capital:
— Felizmente consegui derrubá-la, pois a prefeitura não teria condições de arcar com esse investimento em todos os parques
de Porto Alegre. Só a Redenção possui 37 hectares para cercar.
Em maio, Fortunati se posicionou pessoalmente contra o projeto do cercamento, mas confirmou que aprovaria a proposta de
plebiscito. Para a Câmara de Vereadores, o isolamento do parque é uma forma de enfrentar os episódios como danos às
pessoas e ao patrimônio público na grande área verde.
Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/noticia/2015/04/cercamento-do-parque-da-redencao-sera-decidido-em-plebiscito4750575.html
Tarefas de pré-leitura
• O que você costuma fazer para se divertir nos finais de semana? Que lugares você gosta
de frequentar?
• Você sabe o que é um plebiscito?
• Lendo somente o título do teto, sobre o que você acha que ele trata?
• Logo abaixo do título há uma frase escrita em itálico Para que ela serve?
• Você sabe o que significa TRE? E Diário Oficial da União? Para que eles servem?
Tarefas de compreensão global e estudo do texto
• Onde esse texto foi publicado? Que elementos levam você a chagar a essa conclusão?
• Qual é o assunto desse texto?
• Do que trata o projeto ao qual o texto se refere?
• Qual é a justificativa do vereador para o seu projeto?
Tarefas de reflexão linguística - vocabulário jurídico
• Busque o significado das palavras plebiscito, tramitar e sancionar.
• Qual é o caminho por que passa um projeto de lei até ele ser sancionado?
TEXTO 2
Em longa sessão, Câmara aprova plebiscito sobre cercamento da Redenção - Jaqueline Silveira
Depois de dois adiamentos e cinco horas de debate, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou, em sessão extraordinária na noite
desta quarta-feira (29), a realização do plebiscito com o fim de consultar a população sobre o cercamento do Parque Farroupilha, a Redenção.
Foram 22 votos a favor, um contrário e três abstenções. Caberá, então, aos porto-alegrenses decidirem ou não pelo cercamento no plebiscito
que deverá ocorrer em outubro de 2016, junto com as eleições municipais. A consulta será organizado pelo Tribunal Regional Eleitoral
(TRE). Autor da proposta, o pedetista Nereu D’Ávila defende o cercamento do parque como medida para reduzir os índices de violência na
Redenção, que foi cenário neste ano de, pelo menos, dois assassinatos e um estupro.
Ao longo da tarde e de parte da noite, inúmeros vereadores se revezaram na tribuna para falar sobre o tema polêmico. Líder do
Solidariedade, Claudio Janta se disse favorável ao cercamento de todos os parques públicos de Porto Alegre. Ele justificou sua posição,
afirmando que nos espaços da Capital cercados – Jardim Botânico, Saint-hilaire e Germânia -, “o índice de criminalidade é zero’.
Contrário à iniciativa, Professor Garcia (PMDB) lembrou que o assunto não é novo no Legislativo, já que em 2004 foi aprovada uma lei de
sua autoria prevendo que os cercamentos dos espaços públicos da Capital têm de ser submetidos a plebiscito. “Não é matéria nova, é matéria
requentada nesta Casa”, criticou o peemedebista. Na oportunidade, ele apresentou uma série de notícias, por exemplo, sobre assassinato e
assaltos, ocorridas na parte cercada do Parque Ibirapuera, em São Paulo. Também reforçou seu pronunciamento com notícias de episódios
registrados na área cercada no Central Park, em Nova York, para justificar que a medida não vai solucionar a criminalidade na Redenção.
“Estão todos enganados”, observou o vereador, sobre aqueles que consideram o cercamento solução para a violência.
Professor Garcia defendeu que é preciso discutir por que há “motos estragadas” – veículos usados para monitorar o local – ou poucos
guardas-parque para fazer a segurança nos 37 hectares do Parque Farroupilha, além de reivindicar melhorias na iluminação. Segundo ele, são
três guardas para fazer esse trabalho e um deles, inclusive, estaria doente. O peemedebista ainda pregou que a Câmara deveria promover
audiências públicas para consultar a população sobre quais “as grandes demandas da cidade”.
Na sequência, o petista Marcelo Sgarbossa ocupou a tribuna e aproveitou a ilustração feita pelo professor Garcia em relação aos episódios
ocorridos nas áreas cercadas do Ibirapuera para sustentar que “é uma falácia soluções mágicas para problemas complexos”. “Somos contrários
ao cercamento, são 37 hectares, não é um pátio, uma minipraça”, argumentou o parlamentar. “Em um primeiro momento, não gostaria de ver
a Redenção cercada. Acho que existem outras maneiras para garantir mais segurança”, opinou o vereador Cássio Trogildo (PTB), ao se
manifestar favorável ao plebiscito, porém, contrário ao cercamento do local. “A consulta à população não traz nenhum prejuízo, pelo
contrário”, completou seu colega de partido, Elizando Sabino.
Em aparte, o autor do projeto ressaltou que o plebiscito oportunizará que toda a população da Capital opine sobre o cercamento e não
apenas os frequentadores do local. “Nada mais democrático que isso”, observou D’Ávila. A comunista Jussara Cony disse que um plebiscito
“sempre é algo importante”, entretanto defendeu a consulta em outra data e não junto com as eleições. Ela achegou a apresentar uma emenda
com esse propósito, mas acabou derrubada. Já o vereador Idenir Cecchim (PMDB) enfatizou que “o cercamento não é só para dar segurança, é
também para evitar vandalismo.
Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/em-longa-sessao-camara-aprova-plebiscito-sobre-cercamento-da-redencao/
Tarefas de pré-leitura
• Qual a sua opinião sobre a Redenção?
• Como você imagina que seria ter o parque cercado?
Tarefas de compreensão global e estudo do texto
• Identifique no texto quem é a favor do cercamento do parque e quem é contra.
• Quais são os argumentos utilizados por cada um para defender seus pontos de vista?
• Pesquise na internet ou com conhecidos mais pontos de vista sobre o assunto. Anote no
caderno.
Tarefas de produção textual
• O texto que você leu apresenta pontos de vista contrários e favoráveis ao projeto de
cercamento do parque E você, como cidadão e frequentador da Redenção, qual é a sua
opinião?
Escreva uma carta-aberta apresentando o projeto aos cidadãos de Porto Alegre que não o
conhecem. Apresente e defenda seu ponto de vista com base na leitura dos textos, pesquisas
e discussões realizadas.
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Parque Farroupilha: cercar ou não?