Como realmente agregar valor à logística através do exercício da LIDERANÇA? Artigo escrito por Leda Moraes, diretora da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda Trabalhar na área de logística não é nada fácil. Afinal, atuar em uma área com tantas interfaces internas e externas, onde quase sempre nos posicionamos como Fornecedores, é natural nos depararmos com diversos desafios diários. Grande parte de nosso tempo é "desperdiçado" apagando incêndios causados por chamas oriundas de nós mesmos, mas também de outras áreas como Vendas, Marketing, Produção, PCP, Compras, Finanças e Recursos Humanos. E quando envolvem os Clientes externos, já não podemos mais classificar de chamas, mas sim de labaredas. Como bombeiros, acabamos "emburrecendo", e deixamos de dedicar parte do nosso precioso tempo na identificação e análise das causas raízes. Exercer uma atividade de gestão e LIDERANÇA seja em um nível intermediário (líderes operacionais de turnos ou setores, encarregados e supervisores) ou avançado (gerentes e diretores) é ainda mais difícil. Na logística, a grande maioria das mudanças se processará de baixo para cima (bottom-up), envolvendo o pessoal operacional em armazéns e nos caminhões, em seus diferentes cargos e funções, abrangendo desde auxiliares operacionais, conferentes, operadores de empilhadeiras, separadores, técnicos de tráfego, ajudantes e motoristas. Também passará pela estrutura de apoio à operação, formada pelos auxiliares e analistas de logística. E não funcionará se não tiver o comprometimento total do nível de gestão intermediário, envolvendo os líderes operacionais, encarregados e coordenadores. A mudança de cima para baixo (top-down) é também bem vinda, mas normalmente, "decretos-lei" em operações logísticas não se mostram muito eficazes. Decisões tomadas sem o envolvimento da base acabam sendo parcialmente implantadas, e impor a mudança pelo temor também não é recomendado. A combinação entre a mudança do tipo bottom-up e top-down é essencial para agregarmos valor à logística. Mas como buscarmos essa perfeita sincronia e equilíbrio? A mudança bottom-up é viabilizada através da disponibilização das ferramentas de trabalho para os operadores, que envolvem infra-estrutura e tecnologia. Ganha força com ações voltadas à capacitação técnica, com a homogeneização de diversos conceitos logísticos e com o conhecimento das ferramentas da qualidade total, dentre as quais destacamos o PDCA, 5W2H, Brainstorming, Diagrama de Causa e Efeito de Ishikawa (Espinha de Peixe), Cinco Porquês, Histogramas, Pareto, etc. É mensurada através das métricas ordinárias e metas definidas. E é impulsionada pelo comportamento e atitude das LIDERANÇAS, principalmente pelos líderes de turno ou setor, encarregados e supervisores. Dentre os cinco aspectos necessários para a mudança, a questão fundamental gira em torno da capacidade de os líderes operacionais exercerem o papel de mudança de forma positiva, equânime e transformadora. Estarão eles capacitados para essa difícil e arriscada missão? A mudança top-down processa-se através da comunicação da estratégia, missão, visão, valores e políticas de gestão, do topo (diretores e gerentes) para o nível operacional. O contato diário entre os níveis mais altos e intermediários é fundamental, mas o principal veículo de comunicação do topo para a base são os indicadores de desempenho (KPI - Key Performance Indicators), que diferentemente das métricas ordinárias monitoradas pelos níveis operacionais, trata de temas mais amplos, estratégicos, de forte impacto para a empresa e para os Clientes. E para fazer com que esse "efeito cascata" seja realizado, mais uma vez precisaremos de um nível intermediário capacitado a desenvolver e implementar mudanças com um foco voltado à melhoria contínua. Fazendo uma analogia com as forças militares, ressaltando a importância de cabos e sargentos no contato com as tropas e na comunicação das táticas e estratégias militares oriundas das patentes superiores, na logística, o nível intermediário exerce papel fundamental na obtenção de resultados realmente extraordinários nas operações de transportes e de movimentação e armazenagem de materiais. Sem líderes de turno ou setor, encarregados e supervisores devidamente capacitados, tornar-se-á difícil agregar valor aos Clientes internos e externos através da logística. Portanto, a adição de valor em logística passa necessariamente pelo LÍDER e pela perfeita interação entre os níveis mais altos e os níveis intermediários de gestão. Apenas tenha a certeza de que seus LÍDERES estejam devidamente preparados, pois um péssimo LÍDER poderá realizar "estragos" verdadeiramente representativos!