MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE VEÍCULO ELÉTRICO COM MOTOR DE INDUÇÃO CONTROLADO POR SISTEMA FUZZY PD INCREMENTAL Paulo Guazzelli∗, Marcelo Suetake†, Sergio Evangelista†, Carlos De Francisco†, Osmar Ogashawara† ∗ † Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo Av. Trabalhador São-carlense, 400 - CEP 13566-590 São Carlos, São Paulo, Brasil Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia, Universidade Federal de São Carlos Rod. Washington Luis, km 235, SP 310 - CEP 13565-905 São Carlos, São Paulo, Brasil Emails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] R . A squirrel Abstract— An electric drift buggy is modelled and simulated in Simulink, from MathWorks cage induction motor is used to drive the car, with a scalar control and incremental PD fuzzy system for slip correction. The system is analised during acceleration and regenerative braking, showing advantage in vehicle performance and energy efficiency. Keywords— Electric vehicles, Fuzzy system, Induction motor, Simulation. R Resumo— Um drift buggy elétrico é modelado para simulação computacional no Simulink, da MathWorks . Um motor de indução com rotor em gaiola de esquilo é usado para sua tração, com controle escalar de velocidade por meio de sistema fuzzy PD incremental para correção do escorregamento. O sistema é analisado em situações de aceleração e de frenagem regenerativa, mostrando-se vantajoso quanto à performance do veı́culo e à eficiência de energia. Palavras-chave— 1 Motor de indução, Simulação, Sistema fuzzy, Veı́culos elétricos. Introdução Com base no aumento da preocupação com questões ambientais e com a qualidade de vida da população, o estudo e projeto de veı́culos puramente elétricos (PEV - Purely Electric Vehicles) tornouse um campo de particular interesse (Larminie and Lowry, 2003). Os processos de modelagem e simulação são partes importantes de um projeto de engenharia (Bazzo and Pereira, 2003), especialmente de um de grandes proporções como o PEV, contribuindo para redução de custos e de tempo de projeto. Os veı́culos puramente elétricos Tesla R R já foram simulados no e Nissan Leaf Roadster R software EXCEL (Hayes et al., 2011). A plataR forma Simulink, do MATLAB , já foi utilizada na simulação de veı́culos puramente elétricos movidos a bateria (Guazzelli et al., 2013) e à célula de combustı́vel (Njoya et al., 2009). Os motores elétricos usados em PEV diferem quanto à densidade de potência, eficiência, confiabilidade, custo e maturidade da tecnologia (Hashemnia and Asaei, 2008). Cada motor apresenta vantagens e desvantagens na sua utilização. Este trabalho foca-se em estudar a utilização do Motor de Indução (MI) no processo de conversão de um veı́culo para propulsão elétrica, uma vez que ele equilibra boa confiabilidade com baixo custo (Casadei et al., 2010). Adicionalmente, este motor, por não apresentar ı́mãs permanentes em sua estrutura, é livre de metais de terras raras, como o neodı́mio. Uma vez que suas reservas encontram-se concentradas em poucos paı́ses (tornando-se uma mercadoria passı́vel de monopólio), seu uso torna-se pouco interessante em produções de larga escala, como a de um veı́culo. Dentre as possı́veis técnicas de controle do MI, três se destacam: O controle escalar, o controle vetorial de campo orientado (Field Oriented Control - FOC) e o controle de torque direto (Direct Torque Control - DTC). As três alternativas foram comparadas em Martins et al. (1998), mostrando que FOC e DTC apresentam melhor resposta dinâmica, porém o DTC, por usar comparadores de histerese (com frequência de chaveamento variável), interfere na dissipação de potência das chaves eletrônicas, bem como na temperatura da junção destas. Apesar da melhor resposta dinâmica do FOC, escolheu-se usar neste trabalho o controle escalar pelo seu menor esforço computacional. Diferentes estratégias de controle podem ser usadas junto a essas técnicas. Uma vez que o MI é um sistema não-linear (Barbi, 1985), a investigação de técnicas de controle baseadas em sistemas fuzzy torna-se relevante, em virtude da sua capacidade de mapeamento de sistemas não-lineares e incertezas paramétricas. Em Suetake et al. (2011), é usado um controle fuzzy PD incremental baseado em sistema de Mamdani, desenvolvido de modo a reduzir a memória requerida do sistema embarcado. Khanna et al. (2009) aplicou um sistema fuzzy baseado em lógica de Sugeno no cha- veamento do DTC. Esse trabalho aplica o método de Mamdani de Suetake et al. (2011), verificando seu desempenho no veı́culo elétrico. 2 Propósitos Este trabalho visa atuar no projeto de conversão de um drift buggy, veı́culo de pequeno porte para uma pessoa, substituindo a propulsão à combustão por uma inteiramente elétrica. Têm-se os seguintes objetivos neste trabalho: α, a fim de prover ao motor um barramento com tensão adequada. Na prática, usam-se conversores do tipo boost, com dispositivos semicondutores. Na simulação, desenvolveu-se um modelo simplificado para redução do esforço computacional durante a simulação, que provê a tensão desejada na saı́da (VOU T ) em função da tensão das baterias (VBAT ), de acordo com (1), ao mesmo tempo em que calcula a corrente drenada do banco de baterias (IBAT ) em função da corrente drenada pelo motor (IOU T ), por meio de (2), que considera o rendimento ηC do conversor. • Modelar e simular os subsistemas do drift buggy eletrificado, tracionado por um MI, no Simulink; • Controlar o MI com acionamento escalar V/f constante, utilizando controlador PD incremental fuzzy na malha de controle escalar de velocidade, para correção do escorregamento mecânico. 3 Modelagem do PEV Um veı́culo puramente elétrico pode ser dividido em três sistemas principais: • Elétrico, que fornece energia ao veı́culo; • Mecânico, que utiliza a energia para produção de movimento; • Controle, que atua nos componentes elétricos para modificar o comportamento do veı́culo, conforme a ação do condutor. Esses sistemas são compostos de subsistemas, cujos princı́pios e modelos utilizados são apresentados a seguir. 3.1 Sistema Elétrico Primeiramente, destaca-se a fonte de energia. Podem-se usar baterias, supercapacitores e células de combustı́vel, de forma isolada ou operando em conjunto. O veı́culo elétrico escolhido para simulação é movido a bateria, usando-se na simulação duas baterias de chumbo-ácido em série, constituindo um banco com 24 V, carga nominal de 90 Ah, e massa de 38 kg. O banco foi simulado usando o modelo de Tremblay and Dessaint (2009), disponı́vel na biblioteca SimPowerSystems, que considera a bateria como uma fonte de tensão variável com modelo diferente na carga e na descarga. Para acionamento do MI, duas transformações são necessárias: a tensão contı́nua do banco de baterias deve ser elevada, e posteriormente convertida em alternada. Assim, dois conversores foram modelados. O primeiro conversor multiplica o valor da tensão contı́nua do banco de baterias por um fator IBAT = VOU T = α · VBAT (1) α · IOU T VOU T · IOU T = VBAT · ηC ηC (2) O segundo conversor (inversor) transforma a tensão contı́nua já elevada em alternada. Foi modelado uma ponte trifásica de IGBTs e diodos com componentes da biblioteca SimPowerSystems. No inversor de frequência, os transistores são ligados e desligados por meio da modulação por largura de pulso (Pulse Width Modulation - PWM), de modo a produzir uma tensão eficaz senoidal nos terminais do motor. Dentre as estratégias utilizadas para chaveamento dos transistores, citam-se o PWM senoidal e o Space Vector PWM. Escolheuse a modulação Space Vector por conseguir acionar o motor sem perda de tensão eficaz e também diminuir o número de comutações das chaves e a distorção harmônica (Pinheiro et al., 2005). Seu funcionamento consiste em mapear as possı́veis sequências de chaveamento do inversor em um plano vetorial, acionando o MI com um vetor de tensão. O maior valor eficaz para tensões de linha senoidais sobre o MI é calculado em função da tensão de saı́da do conversor elevador, como segue: VOU T VRM S = √ (3) 2 Na simulação, o inversor deverá prover até 460 VRM S . Assim, por meio de (1) e (3), chega-se a um ganho elevador de 27,01. Assumiu-se uma eficiência de 90% do conversor elevador, e definiuse a frequência da modulação igual a 2 kHz. O motor, por sua vez, é o elemento de ligação entre as partes elétricas e mecânicas do veı́culo. Em relação aos subsistemas elétricos, ele se comporta como uma carga, requisitando corrente do circuito elétrico. Em caso de frenagem regenerativa, ocorre o processo contrário. O motor passa a fornecer corrente para o sistema, aumentando o estado de carga da bateria. Utilizou-se o modelo do MI com referencial dq estacionário (Barbi, 1985), com auxı́lio da biblioteca SimPowerSystems. O modelo fornece o torque eletromagnético gerado pelo motor, usado para calcular o torque aplicado no eixo mecânico de entrada da transmissão, após cálculo das perdas mecânicas do motor. Para simulação do MI com rotor em gaiola de esR quilo, utilizou-se um preset model do MATLAB de 5 hp/460 V/60 Hz, com parâmetros elétricos e mecânicos conforme mostrado na Tabela 1. Tabela 1: Parâmetros do Motor de Indução Parâmetro 3.2 Valor Velocidade angular nominal (rpm) 1750 Resistência do estator (Ω) 1,115 Indutância do estator (H) 0,005974 Resistência do rotor (Ω) 1,083 Indutância do rotor (H) 0,005974 Indutância Mútua (H) 0,2037 Coef. de atrito viscoso (N m · s/rad) 0,005752 Momento de inércia (kg · m2 ) 0,02 FR = M gfr · cos(β) Sistema Mecânico O motor também faz parte do sistema mecânico, porém como uma fonte de torque para o sistema. Acoplado a ele, tem-se a transmissão, que otimiza a entrega de torque do eixo do motor (Tin ) para as rodas (Tout ), conforme (4), que também considera um rendimento ηT do sistema, Tout = ηT · i · Tin (4) na qual o fator i é constante no caso de uma transmissão fixa, como a utilizada no drift buggy. A Equação (5) relaciona as velocidades angulares dos eixos de entrada e saı́da. Ambas as Equações foram usadas no modelo da transmissão por corrente do drift buggy, cujo fator i é determinado como a razão entre o número de dentes das suas engrenagens (48/10). Assim, simulou-se uma redução com fator 4,8 e eficiência assumida de 90%. ωin = i · ωout A força aerodinâmica decorre do escoamento externo do ar em contato com o veı́culo em movimento, variando quadraticamente com a velocidade linear do carro e sendo calculada por (8), onde AF é área frontal, CD é o coeficiente aerodinâmico adimensional do veı́culo, e ρ é a densidade do ar. 1 (8) FA = ρCD AF · V 2 2 A força de rolamento advém da deformação dos pneus em contato com a pista, dependendo do peso do veı́culo, que é função da massa e da aceleração da gravidade g e do chamado coeficiente de rolamento (fr ), conforme (9). Ainda, o ângulo β de inclinação da pista influi no cálculo. A força gravitacional surge apenas quando o veı́culo percorre um trecho com variações de nı́vel, sendo a projeção de seu peso sobre o eixo longitudinal, como se vê em (10). Em uma descida, essa força age a favor do movimento. FG = M g · sen(β) (10) As forças de tração podem ser resumidas em uma força FT que é obtida a partir do torque de saı́da da transmissão, em função do raio das rodas do veı́culo (m), como se vê em (11). Ainda, de acordo com Ehsani et al. (2010), essa força é limitada a um valor máximo na aceleração (FM AX ) e na frenagem (FM IN ), em função também das dimensões da altura do Centro de Gravidade (CG) do veı́culo (hG ), da distância do CG ao eixo dianteiro (LA ) e do coeficiente de atrito da pista (µ), por meio de (12 e (13). X Ft = FT = (5) A dinâmica veicular representa as forças opositoras ao movimento (Larminie and Lowry, 2003), podendo ser obtida a partir da 2a lei de Newton, de acordo com Ehsani et al. (2010), como segue: P P dV Ft − Fr = (6) dt δM em que a aceleração do veı́culo, em m/s2 , depende do somatório de forças que tracionam o veı́culo (Ft ) e do somatório de forças resistentes ao movimento do veı́culo (Fr ). Ainda, tem-se a massa M do veı́culo, e o fator adimensional δ, que aumenta a massa do veı́culo a fim de considerar as inércias rotativas da transmissão. Primeiramente, devem-se explicitar as forças resistentes ao movimento, a saber, três: força aerodinâmica (FA ), de rolamento (FR ) e gravitacional (FG ), como se vê em (7). X Fr = FA + FR + FG (7) (9) FM AX = TOU T |FT [FM IN , FM AX ] RD (11) µM g cos(β)[LA − fr (hG − RD )] (12) L − µhG µM g cos(β)[LA − fr (hG − RD )] L + µhG (13) A partir do torque de saı́da do eixo de transmissão, este modelo obtém a velocidade linear desenvolvida pelo veı́culo e a correspondente velocidade angular do eixo de saı́da da transmissão. Ainda, pode-se calcular a máxima velocidade desenvolvida pelo carro, em km/h, por meio de (14), em função da velocidade angular nominal do motor (Wn ), em rpm, assumindo que as forças resistentes não limitem o desempenho do motor. FM IN = − VM AX = 3, 6 · π · RD · Wn 30 · i (14) O drift buggy possui os parâmetros da Tabela 2. O coeficiente aerodinâmico e o de rolamento foram estimados conforme Ehsani et al. (2010), enquanto que o coeficiente de atrito conforme Canale (1989). Pode-se ver que a massa total foi estimada como a soma de diversas parcelas. medida, ambas em rpm. As duas variáveis calculadas são então normalizadas e limitadas para o universo de discurso [-1;1], para que possam compartilhar as mesmas funções de pertinência (dividiuse ek e ∆ek por 150 e 0,07, respectivamente). [-150;150] REF Normalização e Limitação [-0,07;0,07] [-1;1] Win Tabela 2: Parâmetros do Drift-Buggy Valor Massa do condutor (kg) 80,0 Massa do banco de baterias (kg) 38,0 Massa do MI (kg) 5,0 Massa da estrutura do veı́culo (kg) 75,0 Massa dos componentes eletrônicos (kg) 1,0 Massa total (kg) 199,0 Fator de inércia δ 1,1 Raio das rodas (m) 0,15 Coeficiente de rolamento dos pneus 0,013 Coeficiente de atrito dos pneus com a pista 0,80 Área frontal (m2 ) 0,65 Coeficiente aerodinâmico 0,70 Altura do CG (m) 0,20 Entre-eixos (m) 1,10 Distância do eixo dianteiro ao CG (m) 0,77 Ffuzzy [-3;3] A estratégia de controle varia a amplitude e a frequência da tensão sobre o motor elétrico por meio do inversor, para controle da velocidade, de forma proporcional (controle escalar V/f constante). A saı́da do controle escalar é a frequência do inversor (FREQ, em Hz), que é transformada em tensão (VRM S , em V) por um fator de conversão, como se vê em (15), derivado da relação entre tensão de linha e frequência nominais do motor (460 V e 60 Hz, respectivamente). Ainda, a frequência de acionamento é a soma entre a frequência correspondente à referência de velocidade em rpm (que depende do número de pares de polos Zp do motor) e a correção do escorregamento, calculada a partir de um sistema fuzzy, conforme (16). Ainda, a frequência e a tensão de acionamento são limitadas entre 10 e 100% de seus valores nominais. 460 · F REQ = 7, 67 · F REQ 60 REF F REQ = Zp · + Ff uzzy 60 Inferência Fuzzy [-1;1] Figura 1: Sistema Fuzzy PD incremental. Sistema de Controle VRM S = Incremento Desnormalização de ΔFfuzzy e Limitação [-0,01;0,01] As variáveis normalizadas constituem as entradas do sistema fuzzy, que então calcula a saı́da, também limitada a [-1;1]. Esse valor é multiplicado por um fator range adequado ao passo de simulação usado (incremento de 1 · 10−2 para passo de 2 · 10−5 ). Assim, tem-se o incremento ∆F f uzzy. O processo de incremento é efetuado em seguida, garantindo a eliminação do erro de estado estacionário. Finalmente, a frequência Ffuzzy é limitada para que a correção da frequência de acionamento do inversor não exceda ±3 Hz. O sistema baseia-se no método de implicação de Mamdani, com funções de pertinência das entradas e da saı́da (o incremento na frequência do inversor) iguais e simétricas, conforme mostrado na Figura 2, o que reduz esforço computacional (Suetake et al., 2011). Têm-se os seguintes termos:{(Negativo Grande), (Negativo Médio), (Negativo Pequeno), (Zero), (Positivo Pequeno), (Positivo Médio), (Positivo Grande)}. O conjunto de 49 regras pode ser visualizado na Tabela 3. 1.2 NG ZZ PP PM PG 0.8 0.6 0.4 0.2 0 −1 −0.5 0 UNIVERSO DE DISCURSO 0.5 1 Figura 2: Termos Linguı́sticos. Tabela 3: Base de Regras. ek (15) (16) O sistema fuzzy de controle PD incremental é esquematizado na Figura 1. Primeiramente, calcula-se o erro de velocidade (ek = REF −Wink ) e a diferença entre dois erros consecutivos (∆ek = ek − ek−1 ), a partir da referência e da velocidade NP NM 1 PERTINÊNCIA 3.3 Parâmetro [-1;1] ∆ek NG NM NP ZZ PP PM NG NG NG NG NM NM NP PG ZZ NM NG NM NM NP NP ZZ PP NP NM NM NP NP ZZ PP PP ZZ NM NP NP ZZ PP PP PM PP NP NP ZZ PP PP PM PM PM NP ZZ PP PP PM PM PG PG ZZ PP PM PM PG PG PG 4 Simulação 25 Após modelagens dos subsistemas do drift buggy, chegou-se ao modelo de veı́culo puramente elétrico da Figura 3. Nela, vê-se que as baterias são conecFuzzy VELOCIDADE (km/h) Referência (rpm) 20 Vx V/f Constante Win (rpm) Tout Controle de Velocidade 15 10 Wout Baterias = 5 = Conversor Elevador Tin Win Inversor MIT Transmissão Fixa Fuzzy PID1 PID2 Referência Veículo com Tração Traseira 0 0 0.5 1 1.5 TEMPO (s) 2 2.5 3 Figura 3: Diagrama de Simulação do PEV. Figura 4: Velocidade Linear do Veı́culo. • Referências de 10, 20 e 15 km/h durante um segundo cada, em pista plana (β = 0 rad); • Passo fixo de simulação igual 2 · 10−5 s e méR todo de integração ode3, do MATLAB . Para referência de desempenho, efetuaram-se simulações do PEV com dois controles PID escalares V/f constante de velocidade O controlador PID1 foi ajustado para obtenção do mesmo desempenho que o sistema fuzzy a 10 km/h, chegando a ganhos proporcional, integral e derivativo ajustados respectivamente para 0,04, 0,11 e 0,0011. O segundo controlador (PID2) foi ajustado para o mesmo desempenho que o sistema fuzzy em 20 km/h, com ganhos proporcional, integral e derivativo iguais a 0,04, 0,13 e 0,001. Como a referência dos controles é a velocidade angular do motor (REF), converteu-se a velocidade linear desejada por meio de (17). Nela, a velocidade linear está em km/h e a velocidade angular em rpm. O cálculo depende do raio das rodas e do fator i da transmissão. Usando os dados da Tabela 2, chegou-se às referências de velocidade angular para o motor de 849, 1698 e 1273 rpm. REF = 5 i 30 Refkm/h · · π 3, 6 RD (17) Resultados e Discussões Primeiramente, tem-se a velocidade linear do veı́culo ao longo do tempo, que pode ser vista na Figura 4, para os três controles simulados. Em baixa velocidade (10 km/h) o controle fuzzy e o PID1 obtiveram desempenhos semelhantes, porém o controle PID2 apresentou sobressinal. Na aproximação da máxima velocidade do motor/veı́culo, PID2 apresentou resposta semelhante ao sistema fuzzy, porém o PID1 não atingiu a velocidade de regime dentro do tempo disponı́vel. No último trecho da simulação, pode-ser perceber que o sistema fuzzy também obteve melhor resposta, com uma desaceleração mais brusca, enquanto que os controles PID não reduziram a velocidade do veı́culo até 15 km/h dentro do tempo de simulação. Assim, o controle fuzzy, devido ao seu caráter nãolinear, adaptou-se melhor às diferentes referências. As acelerações desenvolvidas foram semelhantes em todos os casos devido à limitação de força imposta pelo modelo da dinâmica veicular. Na Figura 5, têm-se os gráficos do estado de carga das baterias ao longo do tempo. Vê-se o 100 Fuzzy PID1 PID2 99.95 ESTADO DE CARGA (%) tadas ao conversor elevador, cuja saı́da alimenta o inversor trifásico, que aplica a tensão trifásica desejada no motor de acordo com a frequência e tensão eficaz determinadas pelo controlador fuzzy. O MI é acoplado à transmissão, que por sua vez é ligada à dinâmica veicular. Pela Equação (14), o veı́culo pode desenvolver até 21 km/h. Assim, ele foi simulado por três segundos com as seguintes condições: 99.9 99.85 99.8 99.75 99.7 0 0.5 1 1.5 TEMPO (s) 2 2.5 3 Figura 5: Estado de Carga do Banco de Baterias. veı́culo com controle fuzzy mostrou-se mais econômico, com um maior estado de carga das baterias durante toda a simulação. Na última parte da simulação todos os sistemas regeneraram energia para o banco de baterias, aumentando seu estado de carga, mostrando que o motor passou a ser fonte de energia para o circuito elétrico. Como esse processo deu-se mediante a redução da velocidade do motor/veı́culo, tem-se a chamada frenagem regenerativa. De forma geral, o sistema com controle fuzzy mostrou-se energeticamente mais eficiente. 6 Conclusões Em ambiente computacional, simulou-se um veı́culo elétrico movido por MI, de modo que o motor foi controlado por sistema baseado em lógica de inferência fuzzy, conforme pretendido. Pôde-se prever o comportamento do veı́culo antes de sua montagem. Verificou-se por meio dos gráficos a eficácia do controlador utilizado frente ao controle PID, tanto em relação ao desempenho mecânico do veı́culo quanto ao consumo de energia do banco de baterias, pois conseguiu manter o desempenho desejado para diferentes velocidades, em oposição ao controle linear. Com isso, tem-se o desempenho do veı́culo elétrico antes da execução do processo, possibilitando a ocorrência de alterações de projeto conforme necessário. Nas próximas etapas, destaca-se a caracterização de um MI real, para inserção dos dados na simulação, aproximando-a da prática, além de considerar o efeito de ruı́dos na medição. Para trabalhos futuros, cita-se implementar o controle de velocidade, por meio de processador digital ou microcontrolador, simulando-se o perfil de torque de carga do veı́culo via computador, em simulação Hardware-in-Loop. Desse modo, obtém-se uma bancada de simulação e projeto de veı́culos elétricos, para teste prático do controlador proposto. Agradecimentos Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro por meio de chamada pública MCTI/CNPq/SPM-PR/Petrobras no 18/2013. Referências Barbi, I. (1985). Teoria Fundamental do Motor de Indução, Editora da UFSC. Bazzo, W. A. and Pereira, L. T. d. V. (2003). 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