Nutrição em situações especiais hepatopatia oncologia nefropatia cardiologia cirurgia Elza Daniel de Mello HCPA-UFRGS 01 Hepatopatia 02 Nutrição na hepatopatia Funções do fígado: # Metabolismo, armazenamento e distribuição dos nutrientes # Filtro, pela ação das células de Kupffer que fagocitam toxinas e microorganismos Hepatopatia: # Alteração do metabolismo # Predisposição a quadros infecciosos 03 Nutrição na hepatopatia # Deficiência nutricional é uma constante no paciente com hepatopatia # Melhora do estado nutricional é uma meta nos estágios iniciais e moderados # Nos estágios avançados, a maior preocupação é a correção metabólica do paciente 04 Nutrição na hepatopatia Desnutrição # Sinal precoce e característico da insuficiência hepática # Não é paralela ao grau de disfunção hepática # Pode aumentar a freqüência das complicações: ascite, encefalopatia hepática, suscetibilidade a infecções 05 Nutrição na hepatopatia Desnutrição – fisiopatogenia # Baixa ingesta de nutrientes # Má absorção de alimentos # Aumento das necessidades calóricas # Anormalidade metabolismo dos aminoácidos e dos carboidratos, infecções recorrentes, perdas protéicas em paracenteses 06 Nutrição na hepatopatia Desnutrição – fisiopatogenia # Inadequação dos metabolismos de adaptação à desnutrição: aumento da lipólise, menor mobilização de proteínas e de glicogênio em reposta ao jejum # Isso determina maior catabolismo e agravamento da desnutrição 07 Nutrição na hepatopatia Avaliação nutricional # Difícil # Anamnese alimentar # Avaliação nutricional subjetiva # Peso? # Estatura? # Proteínas séricas? # CMB, pregas cutâneas 08 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição: # Maior catabolismo: aumentar RDA em até 150% # Maior suscetibilidade à infecções oriendas dos alimentos; cuidado com preparo e armazenamento dos alimentos 09 Nutrição na hepatopatia Proteínas # Balanço nitrogenado negativo (mínimo 1g/kg/dia) # Fígado não libera glicose para necessidades metabólicas e há menor conversão de ácidos graxos livres para corpos cetônicos # Assim, a outra fonte de energia é o consumo periférico de aminoácidos de cadeia ramificada (isoleucina, leucina e valina) 10 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição: # Balanço nitrogenado negativo: predisposição à desnutrição com perda de massa magra # Risco de encefalopatia: controle no aporte de proteínas - 0,5g/kg/dia aumento cuidadoso proteína de origem vegetal (fibras, maior volume) 11 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição: # Ideal seria o máximo de proteínas que não determinasse encefalopatia e deixasse a dieta mais palatável # Dieta aprotéica: 0,15g/kg/dia #Leites soja: Nansoy 13,3% Soymilke 10% g prot./100ml: 1,9 3,0 12 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição: # Aminoácidos de cadeia ramificada: - evidências iniciais indicando algum benefício no paciente com encefalopatia hepática crônica - devido ao custo e pouca demonstração clínica, uso restrito aos pacientes que não toleram as proteínas iniciais 13 Nutrição na hepatopatia Carboidratos # Insuficiência hepática aguda: hipoglicemia devido ao esgotamento dos depósitos de glicogênio e diminição da gliconeogênese # Doença hepática crônica: intolerância à glicose com hiperglicemia devido à resistência periférica à insulina, aumento dos ácidos graxos não esterificados e aumento da relação glucagon:insulina 14 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição: # Aumentar aporte de carboidrato complexo, até 60%, na doença aguda #Cuidar com aporte de carboidrato na doença crônica, até 50%? 15 Nutrição na hepatopatia Gorduras # Menor síntese de apoproteínas de VLDL, com maior depósito de gordura no fígado # Menor síntese de carnitina, que seria essencial no transporte de ácidos graxos de cadeia longa # Menor síntese de ácidos biliares, com esteatorréia 16 Nutrição na hepatopatia Gorduras # Pacientes com cirrose têm menor capacidade de captar TCM da circulação e metabolizar, podendo o mesmo passar a barreira hematocefálica e determinar ou piorar encefalopatia 17 Nutrição na hepatopatia Repercussão na nutrição # Colestase - TCM:TCL # Esteatorréia - 25% VCT, TCM/TCL # Má absorção # Perda de vitaminas lipossolúveis - maior reposição # Perda de cálcio - reposição 18 Nutrição na hepatopatia Vitaminas e minerais # Hidrossolúveis: - repor 2x RDA - cuidar com tiamina (B1), piridoxona (B6) e ácido fólico (glossite, miocardia, neuropatia periférica e anemia microcítica) 19 Nutrição na hepatopatia Vitaminas e minerais # Lipossolúveis - reposição parenteral Vit K - 3 a 5mg semanal/quinzenal Vit E - 50 a 400 UI/dia IM Vit A - 50000 UI menor 1 ano ou 100000 no maior 1 ano dependendo do nível sérico Vit D - 800 UI IM por mês 20 Nutrição na hepatopatia Vitaminas e minerais # Lipossolúveis - reposição via oral Vit E - 25 a 50 UI/dia Vit A - 5000 a 8000 UI/dia Vit D - 1200 a 8000 UI/dia 21 Nutrição na hepatopatia Minerais # Cálcio - 25 a 100mg/kg/dia ou 800 a 1200mg/dia Fósforo - 25 a 50mg/kg/dia Zinco - 1mg/kg/dia Selênio? Cobre? Magnésio - 6 a 12mg/kg/dia 22 Nutrição na hepatopatia Minerais # Sódio dieta pouco palatável menor oferta protéica mais gordura? Mais carboidrato? 23 Nutrição na hepatopatia # Esteatorréia # Colestase # Desnutrição # Ascite # Encefalopatia hepática # Anorexia: doença crônica, maior saciedade, uso de medicamentos, deficiência de zinco, infecções # RGE #Dieta pouco palatável 24 Nutrição na hepatopatia Considerações finais # Os recursos para terapia nutricional no paciente com doença hepática são limitados # A terapia nutricional para o paciente com doença hepática compensada não difere da dieta saudável # A principal consequência da descompensação hepática é a desnutrição - prevenção? 25 Oncologia 26 Nutrição no câncer Caquexia associada à desnutrição: ingestão + consumo energético + tratamento 27 Nutrição no câncer Prevalência da desnutrição depende: # Tipo de tumor # Estágio da doença # Resposta da terapia 28 Nutrição no câncer Principais fatores etiológicos: # Ingestão # Hipermatabolismo pelo crescimento tumoral # Efeitos metabólicos do tumor no hospedeiro 29 Nutrição no câncer Recuperação nutricional # Identificação do estado nutricional # Introdução precoce da terapia nutricional 30 Nutrição no câncer Manutenção do estado nutricional durante o tratamento antineoplásico pode influenciar favoravelmente a qualidade de vida 31 Nutrição no câncer Fatores que induzem a desnutrição: # Anorexia pela doença, tratamento e/ou depressão # Alterações do paladar # Aversão alimentar adquirida # Estresse # Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos, diarréia, má-absorção, constipação, obstrução # Lesões na cavidade oral e tubo GI: mucosite severa 32 Nutrição no câncer Medidas iniciais para aliviar os efeitos da terapia # Mucosite: • dieta com alimentos à temperatura ambiente ou frios • modificar consistência para líquido ou pastoso • evitar alimentos ácidos, condimentos e doces concentrados • fazer bochechos com chá de malva ou camomila (?) • uso de TCM tôpico 33 Nutrição no câncer Medidas iniciais para aliviar os efeitos da terapia # Náuseas e vômitos: • dieta fracionada em pequenos volumes • sem concentrações de lipídios • preferência para pastosos e brandos • alimentos frios e secos • líquidos nos intervalos das refeições 34 Nutrição no câncer Medidas iniciais para aliviar os efeitos da terapia # Diarréia: • sem lactose se houver intolerância • cuidar hidratação • sem alimentos com alta osmolaridade 35 Nutrição no câncer Medidas iniciais para aliviar os efeitos da terapia # Enterite pós-radioterapia: • dieta sem resíduos 36 Nutrição no câncer Medidas iniciais para aliviar os efeitos da terapia # Anorexia: • utilizar alimentos habituais e agradáveis ao paladar (?) 37 Nefropatia 38 Nutrição na nefropatia Metabolismo do rim e nutrição # Filtração glomerular # Função tubular # Função endócrina 39 Nutrição na nefropatia Função endócrina # Sistema renina-angiotensina-aldesterona # Regulação da excreção Na/H2O # Hormônio anti-diurético # Corticosteróides # Vitamina D # Eritropoetina # Hormônio de crescimento 40 Nutrição na nefropatia Dieta e Rim Normal Alimentação adequada para idade qualitativos Aspectos quantitativos NÃO EXISTEM RESTRIÇÕES 41 Nutrição na nefropatia Crescimento Lactente Pré-escolar Escolar Adolescente NUTRIÇÃO SOMATOMEDINA HORMÔNIO CRESCIMENTO 42 Nutrição na nefropatia Dieta Crianças Sadias Calorias: RDA para idade* Proteínas: 4,0-4,5 g/kg dia (70%AVB) Glicídios: 50-60% Lipídios: 30-35% *Ração Diária aceitável = mínimo 43 Nutrição na nefropatia Dieta Crianças Sadias Vitaminas: RDA Minerais: RDA Colesterol: até 300mg% Fibras: adequadas para idade 44 Conceito Consagrado Doença Renal = RESTRIÇÃO Proteínas Sal Água Potássio Crianças e adolescentes MANTER CRESCIMENTO!!! 45 Nutrição na nefropatia Crianças e Adolescentes Doença Renal PROTEÍNAS nunca restringir! 46 Nutrição na nefropatia Crianças e Adolescentes Doença Renal Situações clínicas: Restrição Agudas Liberadas Tubulopatias Mistas Crônicos 47 Nutrição na nefropatia Terapia Nutricional Evitar catabolismo protéico Minimizar os efeitos causados pela doença Avaliar longitudinalmente as repercussões sobre crescimento Preservar a imagem corporal 48 Nutrição na nefropatia Avaliação Nutricional Peso Comprimento/Estatura (envergadura) Z-score Velocidade de crescimento (TUNNER) Acima 2 anos (PCT e PCS) IMC Anamnese alimentar Recordatório e inquérito alimentar 49 Síndrome Nefrótica Alteração da permeabilidade glomerular Proteinúria (albuminúria) Hipoalbuminemia - Hiperlipidemia pressão oncótica no plasma Hipovolemia Retenção de Na+ Edema Intersticial 50 Síndrome Nefrótica Avaliação nutricional ( sem edema ) Análise ingestão alimentar Avaliação bioquímica balanço nitrogenado retenção H2O e Na+ Corticoterapia glicemia obesidade crescimento Diuréticos 51 Síndrome Nefrótica RECORRÊNCIA PROT: hiperproteica HC: sem sacarose LIP: normolipídica (hipocolesterolêmica) Na: hipossódica se albumina < 2,5mg/dl Líquidos: individualizado REMISSÃO Dieta individualizada 52 Síndrome Nefrótica Orientação Nutricional RECORRÊNCIA REMISSÃO Hiperproteica (AVB) Individualizada sal Restrição colesterol e TG hídrica Remissão com corticóide Remissão sem corticóide 53 Glomerulonefrites Processo inflamatório agudo Filtração glomerular Na e H2O (intravascular) 54 Glomerulonefrite Aguda Calorias Proteínas Glicídios RDA para idade Lipídios Vitaminas Minerais: sem sal K (diuréticos) Líquidos: restrição hídrica 55 Insuficiência Renal CRÔNICA AGUDA Perda progressiva da função renal, com evolução de pelo menos 3 meses Perda súbita da função renal Fases: - oligoanúrica - poliúrica Evolução: - cura - progressão para IRC Classificação: LEVE: 50-75% TFG MODERADA: < 50% TFG SEVERA: < 25% TFG TERMINAL: < 5%TFG 56 Insuficiência Renal Aguda Controlar o catabolismo Manter volemia normal (balanço hídrico, peso corporal e controle ingestão de Na) Corrigir e evitar distúrbios eletrolíticos (Na e K) Avaliar repercussões da síndrome urêmica 57 Insuficiência Renal Aguda Calorias: 150 RDA PROT: 80-100% AVB HC: 60-70% LIP: 35-40% Vitaminas: RDA 58 Insuficiência Renal Aguda SÓDIO Oligúrica: 1-2mEq/Kg Poliúrica: normo/hiper POTÄSSIO Oligoanúrica: 1-2mEq/Kg Poliúrica: progressivamente Líquidos: restrição se edema ou congestão vascular e na fase poliúrica é liberado 59 Insuficiência Renal Crônica Avaliação nutricional Análise da ingestão alimentar Estágio e duração da doença renal: Conservador Método dialítico ( CAPD,DPI, HD ) Transplantado Complicações: HAS, osteodistrofia renal, ICC 60 Insuficiência Renal Crônica Calorias: 150-200% RDA ( idade estatura ) PROT: normoproteica (preferência AVB) HC: 45-55% (sem concetração) LIP: 35-40% Vitaminas: ácido fólico, complexo B, vitamina D 61 Insuficiência Renal Crônica Na (se edema, oligúria e HAS?) Reposição: Rins Policísticos Hipoplasia ou Displasia Renal Nefropatia Túbulo Intersticial Tubulopatias K: individualizado Ca: manter calcemia P: carbonato cálcio é excelente quelante Fe: RDA (anemia déficit de eritropoietina) Líquidos: individualizado, RH se congestão vascular 62 Nutrição Enteral LACTENTES e DESNUTRIDOS Métodos Indicação formal Sonda Nasogástrica Sonda Nasoentérica Gastrostomia 63 Orientação Nutricional LACTENTES LM e/ou Fórmulas+cereais +polímero glicose+óleo vegetal PRÉ-ESCOLARES e ESCOLARES Produtos Lácteos enriquecidos Alimentos hipercalóricos ADOLESCENTES Suplementos nutricionais Alimentos hipercalóricos 64 Terapia Renal Substitutiva - CAPD Calorias: hipercalórica Proteínas: hiperproteica Diálise (prot/AA) – 240mg/Kg dia Crescimento - 70mg/Kg dia Fezes - 195mg/Kg dia 500mg/Kg dia Glicídios: normais (s/ concentração) Lipídios: normais 65 Terapia Renal Substitutiva Hemodiálise Calorias: 150% RDA Proteínas: hiperproteica Na, se edema, HAS? e congestão vascular Líquidos: (diurese) controlar, evitando grandes oscilações de peso (+5%) entre as sessões 66 Transplante Calorias: RDA idade Proteínas: hiperproteica Glicídios: 50% (s/ concentração) Lipídios: 30% Na: se edema ou HAS Colesterol: hipocolesterolêmica Líquidos: individualizar 67 Cardiologia 68 Nutrição em cardiologia Estado nutricional fundamental! Prepara para a cirurgia - dando condições! 69 Nutrição em cardiologia Densidade calórica Controle hídrico Controle de sódio Cuidar com osmolaridade 70 Nutrição em cardiologia Uso de sonda enteral? Uso de Nutrição Parenteral Enteral? 71 Cirurgia 72 Nutrição em cirurgia Estado nutricional prévio? 73 Nutrição em cirurgia NPO? dieta enteral mínima 74 Nutrição em cirurgia Prevenção do desenvolvimento de Kwarshiorkor iatrogênico 75 Obrigada [email protected] 76