REVISTA ISSN 2179-7285 Publicada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva Edição no 26 Julho-Setembro 2014 IN LOCO Ética DIAGNÓSTICO XIII SBAD: Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE Lei garante reajuste para médicos de planos de saúde Câncer colorretal: Necessidade de políticas públicas índice Revista SOBED Edição 26 julho-setembro 2014 8 20 Radar SOBED Acompanhe os principais eventos, programas e ações da Sociedade e suas unidades estaduais 20 IN LOCO 24 DNA 28 Em ação 34 DIAGNÓSTICO 38 AMB 40 ética 42 por dentro 50 AGENDA Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE acontece na SBAD Shinichi Ishioka, um dos precursores da endoscopia brasileira 24 28 Relações profissionais entre médicos e pacientes, hospitais e convênios Câncer colorretal e a importância do diagnóstico precoce Mudanças necessárias nas relações profissionais Lei que garante reajuste para médicos de planos de saúde Notícias relacionadas à especialidade e áreas correlatas julho/setembro 2014 34 REVISTA SOBED 3 editorial Palavra do Presidente Informação e responsabilidade Você que é endoscopista e associado SOBED, saberia me dizer qual o seu tipo de vínculo, contrato ou, pelo menos, as principais características que regulamentam as relações ISSN 2179-7285 Revista SOBED é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva distribuída gratuitamente para médicos. O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião da SOBED. com os seus empregadores ou convênios? Essa é uma das principais dificuldades para que – individualmente ou de forma coletiva – seja possível reivindicar melhores condições de trabalho e, como consequência, remunerações mais justas para as nossas atividades. A reportagem Em Ação tem por objetivo apresentar os tipos de contrato existentes, como são feitos os repasses entre médicos, convênios e hospitais, as relações do profissional com as instituições que o empregam. Além disso, tem como pano de fundo alertar para Jornalista Responsável Roberto Souza (Mtb 11.408) que todos tragam para si a responsabilidade sobre suas carreiras profissionais. Editor Rodrigo Moraes Outra reportagem de destaque, Diagnóstico, repercute um dos principais problemas Subeditora Samantha Cerquetani brasileiros quando o assunto é saúde e prevenção: a necessidade de políticas públicas Reportagem Vinícius Morais Vinicius Peixoto Tatiana Piva eficazes para que possamos fazer com que os índices de sobrevida e cura de doenças Colaboração Anderson Dias tumor mais comum em homens e mulheres e a quarta causa mais frequente de morte Revisão Paulo Furstenau Projeto Editorial Fábio Berklian Projeto Gráfico RS Press Luiz Fernando Almeida Designers Felipe Santiago Leonardo Fial Luiz Fernando Almeida Willian Fernandes Tiragem 2.800 exemplares Impressão Gráfica Mundo como o câncer possam aumentar. Especificamente no caso do câncer colorretal, terceiro por câncer, quanto mais demorado for o diagnóstico, os resultados positivos tendem a cair substancialmente. De acordo com estimativas apresentadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2014 aproximadamente 27 mil novos casos serão identificados em todo o território nacional. Confira a opinião de grandes especialistas no assunto. Por fim, lembramos que a XIII Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD) está chegando. Confira em reportagem quais são as principais atividades e cursos preparados pela SOBED especialmente para você. Entre elas, o Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE, iniciativa inédita de trazer ao Brasil um curso de curto prazo nos moldes do que é feito pela American Society for Gastrointestinal Endoscopy (ASGE) na Digestive Disease Week (DDW). Tenham todos uma boa leitura! Rua Cayowaá, 228, Perdizes São Paulo - SP CEP: 05018-000 11 3875-6296 [email protected] www.rspress.com.br João Carlos Andreoli Presidente da SOBED Nacional 6 revista SOBED julho/setembro 2014 RADAR sobed Notas Ferramenta com destaques da programação da SOBED na SBAD E-book pode ser acessado no site da SOBED ou via newsletter da SOBED 8 revista SOBED Oficina de Balão Intragástrico reúne participantes de todo o País Realizada em São Paulo, em 25 e 26 de julho, a Oficina de Balão Intragástrico da SOBED reuniu aproximadamente 20 participantes de várias partes do País. A parte teórica aconteceu no Hospital Alemão Oswaldo Cruz e as palestras foram ministradas por Manoel dos Passos Galvão Neto, Ricardo Anuar Dib e pela equipe multidisciplinar da Allergan. A parte prática da Oficina, que tem como objetivo oferecer uma experiência completa aos inscritos, foi realizada no Hospital Mário Covas e teve o acompanhamento de Ricardo Dib, Manoel Galvão e Thiago Ferreira de Souza. Para Dib, que coordenou a Oficina, essa foi uma oportunidade de imersão na atividade de colocação e retirada de balão intragástrico: “O programa contempla o que é a obesidade, como funciona o balão, a abordagem do paciente, preparação e orientação pré e pós-colocação, retirada, treinamento Hands On e o procedimento de passagem do balão realizado em pacientes”. Já Galvão considerou a resposta dos alunos muito positiva: “Quem vem fazer o curso de colocação volta para fazer o de retirada. A proposta é fazer com que os profissionais conheçam os procedimentos e saibam executá-los”. A Oficina teve o patrocínio da Allergan. julho/setembro 2014 © SOBED / Divulgação A SOBED lançou oficialmente no início de agosto mais uma ferramenta de divulgação de seus cursos na SBAD: trata-se de um e-book interativo com informações sobre os cursos pré-congresso da SOBED, os destaques da programação científica, convidados nacionais e internacionais presentes, a agenda institucional da Sociedade no evento e os valores dos respectivos serviços. O e-book também poderá ser acessado diretamente pelo site da SOBED ou pelas newsletters enviadas periodicamente. Entre os destaques, estão o Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE, Curso Teste seus Conhecimentos, Hands On, a Oficina de Balão Intragástrico e o SAVE®. Confira também as novidades sobre a Prova de Título de Especialista, sobre a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que acontece em 25 de novembro, e as eleições da Diretoria Nacional para o biênio 2017/2018. Acesse o e-book pelo banner rotativo disponível no site da SOBED: www.sobed.org.br. SOBED é destaque na mídia segmentada A SOBED foi destaque de capa na edição de junho da revista Viva Saúde. O endoscopista e membro da Comissão de Comunicação da SOBED Gustavo Andrade de Paulo foi um dos entrevistados em reportagem sobre câncer no intestino e a importância da colonoscopia para o diag- WEBCAST SOBED Especial XII SBAD nóstico da doença. A íntegra da reportagem pode ser acessada no site da SOBED, na aba ‘Comunicação/SOBED na Imprensa’. SOBED-RJ realiza reunião mensal no Colégio Brasileiro de Cirurgiões A SOBED-RJ realizou em 4 de agosto mais uma reunião científica entre os endoscopistas do estado do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e teve como palestra principal Hemorragia Digestiva Varicosa: Abordagem na Emergência, ministrada pelo ex-presidente da SOBED e sócio fundador da SO- BED-RJ, Luiz Leite Luna, e pelo médico do Serviço de Radiologia do Instituto Nacional de Câncer (Inca) Henrique Salas Martin. A moderação do encontro foi feita pela médica do Hospital Universitário Pedro Ernesto e professora substituta de gastroenterologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Maria Helena Louzada. Reuniões científicas em Minas Gerais Em 8 de agosto, a Associação Médica de Minas Gerais (AMMG) recebeu mais uma reunião científica da SOBED-MG. O tema foi Novas Legislações em Endoscopia Digestiva, apresentado pelo presidente da Comissão de Título de Especialista e sua Atualização da julho/setembro 2014 Assista ao Módulo V do WEBCAST SOBED Especial XII SBAD e atualize-se! Os associados quites da Sociedade podem acessar, gratuitamente, as mesas-redondas sobre Lesão Subepitelial Gástrica e Neoplasia Cística de Pâncreas. Confira abaixo os temas e os palestrantes: Lesão Subeptelial Gástrica Tratamento Endoscópico ou Cirúrgico? Geoffroy Vanbiervilet (França) Neoplasia Cística de Pâncreas Quando realizar PAAF Fauze Maluf Filho (SP) Tratamento Endoscópico ou Cirúrgico? Glen A. Lehman (EUA) ATENÇÃO! Os inscritos que assistirem a 70% da carga horária de cada módulo poderão imprimir seu certificado de participação online. A atividade também está cadastrada na CNA e vale pontos para obter o Certificado de Atualização Profissional. Assista pelo site da SOBED, tablets e celulares até 6/12/2014 SOBED, Flávio H. Ejima. O moderador da reunião foi o 1º secretário da SOBED Nacional e membro da SOBED-MG, Jairo Silva Alves. Após a apresentação e as discussões sobre o assunto principal, alguns casos clínicos foram apresentados aos participantes. REVISTA SOBED 9 RADAR sobed Notas Nova edição da revista Endoscopy Já está disponível a nova edição da revista Endoscopy. Aproveite a publicação do mês de junho para assinar ou renovar a assinatura. Os interessados podem efetuar a solicitação pelo site da SOBED. Para associados, o valor é de R$ 505,00 e, para não associados, R$ 705,00. A edição traz entre os destaques a publicação de um novo guidelide da ESGE: Diagnosis and management of iatrogenic endoscopic perforations: European Society of Gastrointestinal Endoscopy (ESGE) Position Statement. Todos os assinantes da Endoscopy têm direito a acesso online e a 12 exemplares referentes ao ano da assinatura ou da renovação. Para celebrar o Dia Nacional do Endoscopista, 25 de julho, A SOBED Nacional lançou uma campanha pelo site, newsletter e redes sociais com o objetivo de trazer para a discussão as diferentes realidades encontradas no País. As três pessoas que melhor completassem a frase “Ser endoscopista no Brasil é...” ganhariam uma inscrição para a XIII SBAD. A escolha foi feita pelo júri da SOBED e o resultado anunciado exatamente no Dia do Endoscopista. Confira abaixo os vencedores e, claro, a melhor frase escolhida pela SOBED. 1° lugar - Thaysa F. L. Oliveira “...exercer a profissão por paixão, pois apesar do repasse de baixos valores pelas operadoras de saúde, os encantos e desafios da especialidade não nos deixam desistir.” 2º lugar - Gustavo Mello 3º lugar – Edigar Targino 10 revista SOBED Núcleo Brasileiro para o estudo do Helicobacter pylori lança seu novo site O Núcleo Brasileiro para Estudo do Helicobacter pylori apresentou recentemente um site totalmente reformulado, de fácil navegação e com conteúdo exclusivo para os profissionais gastroenterologistas de todo o País. O projeto foi idealizado com o objetivo de fornecer atualizações científicas por meio de consensos recentes sobre o H. pylori, teses e dissertações e resumos mensais dos principais estudos publicados em todo o mundo, além de um canal para discussão de casos difíceis da prática clínica com médicos especialistas. A ideia do projeto é oferecer aos profissionais brasileiros a possibilidade de contribuir para esclarecer questões atuais e fornecer base de evidências para o aprimoramento técnico. O endereço do site é www.nucleohpylori. org.br – faça seu cadastro gratuitamente. julho/setembro 2014 Reprodução Ser endoscopista é... julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 11 RADAR sobed Notas Aprovada ampliação do Supersimples a todo o setor de serviços Facilidades Ao dar o parecer de Plenário sobre a proposta, o relator destacou o papel das micro e pequenas empresas, responsáveis por mais de 80% dos empregos formais do País. O Brasil necessita de instrumentos que contribuam para a desburocratização, a simplificação de tributos e a facilidade de abrir e encerrar um negócio. Para todas as empresas que se enquadrem como micro (receita bruta até R$ 360 mil ao ano) ou pequena empresa (acima de R$ 360 mil e até R$ 3,6 milhões) e não optem ou não possam optar por esse regime especial de tributação, o projeto estende várias facilidades existentes na lei. A estimativa é de beneficiar dois milhões de empresas. Entre as facilidades, estão prioridade em licitações públicas, acesso a linhas de crédito, simplificação das relações de trabalho, regras diferenciadas de acesso à Justiça e participação em programas de estímulo à inovação. Substituição tributária Com o fim da chamada substituição tributária para alguns setores, prevista no projeto, as Secretarias de Fazenda estaduais não poderão mais aplicar o mecanismo de recolhimento antecipado da alíquota cheia do ICMS pelas empresas, cujo repasse ocorre para os compradores do produto. A substituição tributária dificulta a competição das micro e pequenas empresas porque elas, muitas vezes, compram produtos que vêm com o ICMS embutido no preço, pagando pelo imposto antes mesmo de vender ou usar o produto, diminuindo sua competitividade em relação a outras empresas não optantes pelo Simples Nacional. © José Cruz / Agência Brasil O Plenário do Senado aprovou projeto de lei que universaliza o acesso do setor de serviços ao Simples Nacional (Supersimples), regime de tributação simplificado para micro e pequenas empresas (PLC 60/14). A proposta vai à sanção presidencial. De autoria do deputado Vaz de Lima (PSDB-SP), a proposta cria uma nova tabela para serviços, com alíquotas que variam de 16,93% a 22,45%. Com o acesso geral, entram no regime de tributação simplificada mais de 140 segmentos que antes não eram contemplados, beneficiando, sobretudo, profissionais liberais, serviços relacionados a advocacia, corretagem, medicina, odontologia e psicologia. A nova tabela criada pelo projeto entrará em vigor em 1º de janeiro do ano seguinte ao da publicação da futura lei. O texto atribui ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) a função de disciplinar o acesso do microempreendedor individual (MEI) e das micro e pequenas empresas a documento fiscal eletrônico por meio do portal do Simples Nacional e também estende a outras empresas facilidades já previstas no Estatuto da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/2006). Fonte: Agência Senado A presidente Dilma Rousseff sancionou, no dia 7 de agosto, a proposta (PLP 221/12) que beneficia cerca de 450 mil micros e pequenas empresas de 142 atividades. Elas passarão a ter acesso ao Simples Nacional ou Supersimples, o sistema simplificado de tributos que unifica em um boleto único oito impostos federais, estaduais e municipais. 12 revista SOBED julho/setembro 2014 RADAR sobed Notas Oficina de Cápsula Endoscópica em São Paulo Mais uma edição da oficina de Cápsula Endoscópica aconteceu em São Paulo (SP) no dia 24 de maio. Coordenada pelos endoscopistas Paula Bechara Poletti e Thiago Festa Secchi, diretor de Sede da SOBED, a oficina teve a participação de 26 participantes de diversas regiões do Brasil, incluindo os estados: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer as características da cápsula, as indicações e contra-indicações do uso da técnica e o preparo do paciente. Por fim, os coordenadores da aula demonstraram como é feita a leitura do exame a deram exemplos de imagens Aproximadamente 30 profissionais participaram da oficina em São Paulo (SP) e patologias identificadas pelo uso da cápsula. No dia 30 de agosto foi a vez da cidade de Florianópolis (SC) receber a oficina. Confira a agenda completa de eventos no site da SOBED. Entre 30 de julho e 1º de agosto, São Paulo (SP) recebeu mais de mil e quatrocentos participantes para a 41ª edição do Curso de Atualização em Cirurgia do Aparelho Digestivo, Coloproctologia, Transplantes de Órgãos do Aparelho Digestivo (Gastrão), realizada pelo Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP. Sob a coordenação dos pesquisadores e professores titulares do HC-FMUSP Ivan Cecconello e Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque, o 41º 14 revista SOBED Gastrão proveu atividades de ensino, atualização profissional e intercâmbio de experiências tanto no âmbito clínico-cirúrgico quanto científico. As mesas-redondas, conferências e painéis abordaram estudos recentes, aspectos referentes às cirurgias do esôfago, estômago e intestino delgado, vias biliares e pâncreas, cólon e reto, fígado e transplante. Paralelamente ao programa principal, ocorreu o V Simpósio Internacional de Oncologia Clínica e Cirurgia do Aparelho Digestivo, no dia 29 de julho. julho/setembro 2014 © SOBED / Arquivo Balanço do 41º Gastrão julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 15 RADAR sobed Notas Projeto Ambassador ganha prêmio nos EUA A American Society for Gastrointestinal Endoscopy (ASGE) recebeu o 2014 ASAE Power of a Summit Award, concedido pela The American Society of Association Executives (ASAE). A premiação se deu em função do trabalho realizado com Programa Ambassador. Em 2012, em parceira com a SOBED, o programa esteve em Manaus (AM) onde mais de 120 procedimentos endoscópicos foram realizados e pôde oferecer a vivência para 30 endoscopistas da região norte do Brasil. “A ASGE se sente muito honrada por receber tal prêmio da ASAE e por poder ajudar a fazer um mundo melhor, proporcionando acesso imediato a cuidados de saúde para essas comunidades”, ressaltou Colleen M. Schmitt, presidente da ASGE. Ela ressaltou o trabalho realizado pelos especialistas que viajaram o mundo, além dos médicos locais, empresas e entidades parceiras que apoiaram e proporcionaram a realização das atividades. Em dezembro de 2012, Projeto Ambassador aconteceu na cidade de Manaus (AM) “O programa trouxe atendimento especializado a pacientes com doenças digestivas em regiões reconhecidamente com dificuldades em oferecer o tratamento necessário.” Além do Brasil, o projeto já passou desde 2010 por países como Egito, Equador, Ilhas Salomão, Sérvia, Taiwan e Vietnam. O ASAE Power of Summit Award é uma das maiores honrarias do setor industrial norte-americano que tem por objetivo reconhecer as valiosas contribuições das Associações em níveis local, nacional e global. Os países do leste europeu, como é o caso da Áustria, são uma ótima pedida para passar férias. Mas também podem oferecer uma boa oportunidade para ficar por dentro dos principais assuntos e novidades relacionados ao campo da gastroenterologia e endoscopia digestiva. 16 revista SOBED Enquanto planeja as suas férias, veja se é possível conciliar as datas com a realização da 22ª edição da United European Gastroenterology (UEG) Week, que acontece entre os dias 18 e 22 de outubro em Viena, capital da Áustria. Saiba mais sobre o evento em www.ueg.eu/week julho/setembro 2014 © SOBED / Arquivo UEG week 2014 na Áustria Os endoscopistas da SOBED-BA, subestadual Feira de Santana, realizaram no dia 30 de julho a primeira edição da Sessão Vinho e Endoscopia. Com o apoio das empresas Abbott, Biolab e Daiichi-Sankyo, os participantes puderam apresentar seus casos clínicos para discussão enquanto apreciavam a carta selecionada de vinhos. © Shutterstock SOBED-BA realiza 1ª Sessão Vinho e Endoscopia Título não registrado no CRM não tem valor legal A Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº. 1845, de 2008, é a norma regulamentadora para o registro de especialidades e áreas de atuação. O CFM reconhece, ao todo, 53 especialidades médicas, entre elas a especialidade em Endoscopia e entre as áreas de atuação a Endoscopia Digestiva. Ambas as titulações fornecidas pelo convênio AMB/SOBED. O Código de Ética Médica (CEM), em seu capítulo XIII, veda ao médico “anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação para a qual não esteja qualificado e registrado no Conselho Regional de Medicina” (Art. 115). Como consequência, o ato de anunciar uma especialização médica sem registro no Conselho Regional de Medicina é considerado uma infração ética, e o médico poderá responder a um processo ético-profissional perante o Conselho. Nos casos em que houver dano ao paciente, penalidade também poderá ocorrer por via judicial. Por outro lado, a Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1974, de 2011, sobre publicidade médica (Art.1º, Art. 2º, Art. 6º e no Anexo I da mesma resolução), detalha e deixa claro que julho/setembro 2014 é vedado ao médico que não tem titulação devidamente registrada no CRM, citá-la mesmo em cartões de visita, receituários médicos, formulários, guias, placas internas ou externas ou qualquer outro veiculo que caracterize anúncio, publicidade ou propaganda, o que, de acordo com o Art. 1º da Resolução acima, seria a comunicação ao público por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional, de iniciativa, participação e/ou anuência do médico. Portanto, a restrição abrange os contratantes. “A especialidade faz parte da identidade profissional, tanto que é uma informação repassada pelos médicos aos pacientes, aos empregadores públicos, aos planos de saúde e à sociedade em geral. Pelo fato de ser informação tão relevante, o título precisa ser registrado no CRM”, diz o ex-presidente do Cremesp, Luiz Alberto Bacheschi. Para obter as informações necessárias para o registro, entre em contato com o CRM do Estado onde você trabalha. Informou a Comissão de Ética e Defesa Profissional da SOBED Nacional / Câmara Técnica de Endoscopia Digestiva do CREMESP REVISTA SOBED 17 RADAR sobed Notas SOBED na SBAD: Informações de apoio Viaje tranquilamente Para saber mais informações sobre hospedagem e transporte para o Congresso, entre em contato com a SevagTur, agência oficial do congresso. Não conhece o Rio? Aproveite também esse intervalo de dias para apreciar as tão famosas belezas da Cidade Maravilhosa! Confira a lista de Hotéis disponíveis no site da SBAD: www.sbad.org.br Agência Oficial da XIII SBAD www.sevagtur.com.br (81) 3461.6000 | Fax: (81) 3461.6017 E-mail: [email protected] É longe? O Riocentro está localizado na Barra da Tijuca, considerado o novo centro de negócios do Rio de Janeiro. Se você quer planejar melhor os intervalos de chegada e saída do congresso ou aproveitar os dias – antes e depois – do evento? Veja a seguir algumas das distâncias partindo do Riocentro: Aeroporto Santos Dumont – Riocentro: 38 km (via Av. Gov. Carlos Lacerda) Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) – Riocentro: 37 km (via Av. Gov. Carlos Lacerda) Copacabana – Riocentro: 28 km Ipanema – Riocentro: 25 km Centro – Riocentro: 37 km Cristo Redentor – Riocentro: 32 km (via Túnel Rebouças) Museu de Arte Contemporânea (Niterói) – Riocentro: 46 km Com que roupa? 18 revista SOBED © Shutterstock Além do vestuário tradicional de congressos: calça social, camisa e blazer ou tailleur – dê uma olhada na previsão meteorológica para a cidade do Rio de Janeiro (RJ) entre os dias do evento. Lembrando que, apesar de calor em praticamente o ano todo, no mês de novembro no Rio tem como característica um índice alto de precipitação. Em média, chove em 11 dias do mês. Acesse www.cptec.inpe.br julho/setembro 2014 julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 19 RADAR sobed In loco SOBED / ASGE Colaboração com a sociedade de especialidade americana trará para a XIII SBAD os mais importantes palestrantes e curso de qualidade internacional Por Vinicius Morais 20 revista SOBED E m parceria inédita com a American Society for Gastrointestinal Endoscopy (ASGE), a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) realizará um curso de pós-graduação durante a XIII Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD). O curso, que ocorrerá em 23 de novembro deste ano, na cidade do Rio de Janeiro, vem com uma proposta dinâmica e o objetivo de oferecer alto nível científico, que impactará a atividade diária dos endoscopistas brasileiros. O Curso de Pós-Graduação SOBED/ ASGE é uma iniciativa em que ambas as partes se beneficiam: a Sociedade americana pretende aumentar o quadro de sócios internacionais, enquanto os brasileiros terão a oportunidade de uma capacitação técnica de nível internacional. “Esse curso ocorre normalmente durante a Digestive Disease Week (DDW), e neste ano a ASGE o realizará em conjunto conosco. Os endoscopistas que não podem ir à DDW poderão participar pela primeira vez de algo do gênero no Brasil. Outro ponto importante é que o curso é só no domingo, um dia especial sem nenhuma atividade paralela da SOBED”, destaca o presidente da Comissão Científica e Editorial da SOBED, Igelmar Barreto Paes. julho/setembro 2014 © SOBED / Divulgação “Serão debatidos todos os tópicos de endoscopia, consolidando temas básicos, e também todas as novidades e técnicas endoscópicas que estão sendo implantadas, bem como seus resultados”, complementa Paes, ressaltando o caráter de alta reciclagem e atualização do curso. Segundo ele, há sempre uma novidade apresentada anualmente na DDW. As negociações para a pós-graduação duraram aproximadamente um ano, conduzidas pelos endoscopistas e membros da Comissão Científica e Editorial da Sociedade Fauze Maluf Filho e Angelo Ferrari Jr. “Com o apoio irrestrito do presidente da SOBED, João Carlos Andreoli, e do presidente da Comissão Científica e Editorial, Igelmar Barreto Paes, abraçamos a ideia da parceria, pois temos a firme convicção de que o profissional brasileiro terá uma atividade científica com bons frutos para seu dia a dia”, opina Maluf. Diferentemente das Endorsed Activities – atividades locais com apoio da ASGE –, o projeto é considerado uma pós-graduação porque proporciona a atualização do endoscopista em um menor intervalo de tempo. O curso acontece entre 8h30 e 18h, com intervalo de uma hora para almoço, e oferece o mesmo nível dos cursos americanos, com o diferencial de apresentar condições econômicas bem mais favoráveis, não sendo necessário o deslocamento julho/setembro 2014 Módulos do Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE Para Angelo Ferrari, o reconhecimento e entendimento dos procedimentos é que pode melhorar a endoscopia como um todo no País para outro país. Ferrari ressalta que “o curso traz para o Brasil o padrão de pós-graduação da DDW, com aulas resumidas e específicas sobre diversos assuntos”. Os objetivos de aprendizado para o profissional interessado no curso são abrangentes dentro da endoscopia. “Serão abordados tópicos de interesse geral, como hemorragia digestiva, manejo de estenoses complexas e utilização de próteses”, cita Maluf. Confira no box os principais módulos do Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE. Todo o programa da pós-graduação foi elaborado em conjunto com os membros das duas Sociedades. A comissão brasileira enviou uma proposta do que seria abordado no curso para o presidente do Comitê Internacional e chair -Módulo I: Situações não tão frequentes, mas ainda assim importantes na prática diária -Módulo II: Hemorragia digestiva alta -Módulo III: Tópicos importantes em colonoscopia -Módulo IV: Atualização do Comitê do Programa Científico Anual da Seção de Esôfago da ASGE, Prasad G. Iyer, e a partir daí ocorreram vários acertos e sugestões até a formatação final das atividades. Além de uma palestra com o próprio Prasad Iyer, a programação prevê palestras com David L. Carr-Locke, endoscopista e codiretor do Comprehensive Digestive Diseases Center do Mount Sinai Health System de Nova York; Klaus Mönkemüller, chefe da Clínica de Medicina Interna de Gastroenterologia e Infectologia do Marienhospital Bottrop, na Alemanha; e David H. Robbins, Professor Assistente da NYU REVISTA SOBED 21 RADAR sobed In loco Convidados ASGE David H. Robbins Professor Assistente da NYU School of Medicine, diretor Associado do Center for Advanced Therapeutic Endoscopy, Diretor do Programa da Lenox Hill Hospital Fellowship in Gastroenterology e diretor Médico do Manhattan Endoscopy Center, LLC Prasad G. Iyer Gastroenterologista certificado pela American Board of Internal Medicine (ABIM) e especialista em esôfago no Centro de Terapia Endoscópica da Mayo Clinic, em Minnesota (EUA). David Carr-Locke Endoscopista, fellow do Royal College of Physicians of London, professor de medicina no Albert Einstein College of Medicine e codiretor do Comprehensive Digestive Diseases Center do Mount Sinai Health System de Nova York (EUA). Klaus Mönkemüller Membro da ASGE e ACG, chefe da Clínica de Medicina Interna de Gastroenterologia e Infectologia do Marienhospital Bottrop e professor associado de medicina na Otto-von-Guericke University (Alemanha). 22 revista SOBED “O curso traz para o Brasil o padrão de pós-graduação da DDW” Angelo Ferrari Jr., membro da Comissão Científica e Editorial da SOBED School of Medicine, diretor Associado do Center for Advanced Therapeutic Endoscopy, Diretor do Programa da Lenox Hill Hospital Fellowship in Gastroenterology e diretor Médico do Manhattan Endoscopy Center, LLC. Fauze Maluf Filho acrescenta que um assunto extremamente importante para todos os profissionais de medicina estará em foco durante o curso: a qualidade da endoscopia, discussão já iniciada nos Estados Unidos durante a última DDW. Segundo ele, existe uma forte tendência para que os planos de saúde passem a remunerar os serviços médicos levando em consideração critérios de qualidade. “Certamente o tema ainda é pouco comum entre nós. Por isso, o curso é também uma oportunidade para discutir um novo patamar para a endoscopia brasileira”, complementa Angelo Ferrari Jr. Em resumo, o resultado final da colaboração entre as duas Sociedades seria o equivalente a realizar uma pós-graduação internacional em território nacional, com o carimbo da ASGE. “Talvez alguns profissionais não consigam enxergar uma valorização em curto prazo, mas, certamente, apenas o reconhecimento dos procedimentos por eles realizados é que pode melhorar a endoscopia como um todo em nosso País. Esse é um processo contínuo e demorado, e iniciativas como esse curso de pós-graduação são muito importantes,” acredita Ferrari. XIII SBAD Além da pós-graduação, a SOBED vem preparando uma série de atividades educacionais e institucionais que já são tradicionais nos eventos organizados pela Sociedade. No dia 22 de novembro, acontecerão os cursos Hands On, Teste seus Conhecimentos Baseado em Evidências, Oficina de Balão Intragástrico e Suporte Avançado de Vida em Endoscopia (SAVE®). O Hands On está sob a coordenação de Marco Aurélio D´Assunção e do diretor de sede da SOBED, Ricardo Anuar Dib, também responsável pelos SAVE® e Oficina de Balão Intragástrico. Já o presidente da Comissão de Título de Especialista, Flavio Hayato Ejima, está à frente da coordenação do Teste seus Conhecimentos. Como não poderia ser diferente, a expectativa em relação à SBAD deste ano é muito grande. “Até porque será no Rio de Janeiro, onde é esperado um grande público e por ser uma cidade de grande importância nos aspectos científico e turístico”, analisa Igelmar Paes. As atividades institucionais ‘sobedianas’ serão realizadas a partir do dia 24, com a reunião do Conselho Deliberativo da SOBED. No dia 25, deverá acontecer a eleição da gestão 2017-2018 e a Assembleia Geral Ordinária (AGO). A prova de Título de Especialista em Endoscopia Digestiva (TEED) será aplicada no dia 26. As inscrições para o TEED iniciaram em 1º de julho e irão até 1º de outubro. Passo a passo das inscrições 1. Os interessados nos cursos pré-congresso da SOBED deverão primeiro se inscrever na XIII SBAD pelo site www.sbad.org.br. 2. Em seguida, munidos do comprovante de inscrição, é preciso que entrem na área restrita, utilizando seu login e senha, cliquem no menu ‘INSCRIÇÃO EM CURSOS’, selecionem o curso desejado* e preencham as informações adicionais. * Não será aceito troca de curso no local do evento. julho/setembro 2014 julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 23 DNA Shinichi Ishioka Parte ativa de uma história vencedora Especialista em endoscopia digestiva desde os anos 1970, Shinichi Ishioka é um dos fundadores da SOBED Por Anderson Dias S 24 revista SOBED © Thiago Teixeira / RS Press e hoje a endoscopia digestiva é acessível em todas as regiões do Brasil, tal conquista passa por nomes históricos, que lutaram pela especialidade no País. E é impossível citar tais pessoas sem passar pelo nome de Shinichi Ishioka. Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Ishioka atua diretamente com a endoscopia desde 1970 e foi um dos responsáveis pela implementação do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital das Clínicas da FMUSP. Também participou ativamente da fundação e dos primeiros anos de existência da SOBED. Discreto, Ishioka se diz um homem realizado por ser parte da história da especialidade no Brasil e ter auxiliado na formação de médicos que hoje são referência no Brasil e no mundo. Em entrevista exclusiva à Revista SOBED, o especialista falou um pouco sobre sua história na endoscopia e na medicina em geral, contou suas expectativas e analisou a realidade dos serviços brasileiros na área. Confira. julho/setembro 2014 Em que momento sua trajetória profissional encontrou a endoscopia digestiva? Formei-me na Faculdade de Medicina da USP em 1966. Iniciei minha residência em cirurgia geral entre 1967 e 1969. Um ano antes, tive meu primeiro contato com a endoscopia em função de um dos pioneiros da especialidade no Brasil, o professor Akira Nakadaira, que organizou o primeiro curso sobre gastrocâmera no Instituto de Gastroenterologia de São Paulo, ministrado por ele. No último dia desse curso, seria feito o exame de um paciente do Hospital das Clínicas (HC-FMUSP) durante a aula e fui encarregado de levar o paciente. Como era o último dia de aula, me pediram para tirar a fotografia tradicional de encerramento. julho/setembro 2014 Em 1969, Nakadaira, que fora importante na introdução dos endoscópicos mais flexíveis e modernos no País, acabava de voltar do Japão. E eu, coincidentemente, por ter tirado aquela foto, comecei a ter contato com esses profissionais da área. Ele fazia vários cursos e trazia professores do país, o que necessitava de um intérprete. Aprendi japonês ainda criança, pois meus pais haviam vindo de lá, sou nissei, e era fluente na língua. O professor Nakadaira permaneceu em São Paulo por um período para preparar sua tese de doutorado. Depois de certo tempo ele retornou a Marília, sua terra natal, e deixou o serviço para que eu e o doutor Joaquim Gama Rodrigues déssemos continuidade. Shinichi Ishioka foi um dos responsáveis pela implementação do Serviço de Endoscopia Digestiva do HC-FMUSP REVISTA SOBED 25 Shinichi Ishioka Como foi implementar o Serviço de Endoscopia Digestiva do HC da FMUSP? Justamente em função desses vários contatos com professores japoneses que vieram ao Brasil, em 1971 tive oportunidade de realizar um curso no Japão. Frequentei diversos hospitais importantes e me aperfeiçoei bastante. Tive também o privilégio de poder desfrutar o início da endoscopia moderna. Até então, a clássica era muito restrita, pelas dificuldades dos equipamentos e procedimentos. Ainda do Japão, solicitei a doação de alguns equipamentos para difundir o que estava aprendendo. Por meio do Ministério do Exterior japonês, conseguimos a doação e, na volta ao Brasil, já no HC, comecei a realizar os trabalhos e também a ensinar essas novas técnicas a alguns profissionais. Esse foi um dos embriões da endoscopia digestiva no Brasil. Em 1978, fui conduzido ao cargo de diretor do Serviço de Endoscopia do Hospital das Clínicas da FMUSP por concurso interno e continuei no trabalho de ensino, assistência e pesquisa até 2006, quando me aposentei por tempo de serviço. Nesse período, após participar de muitos eventos nacionais e internacionais, optei por me dedicar à organização do Serviço e na preparação do corpo docente. O trabalho se desenvolveu, o hospital conseguiu adquirir equipamentos tecnológicos e, graças a tudo isso, conseguimos formar um serviço de referência nacional e internacional. Posso falar com muito carinho sobre o privilégio de trabalhar e auxiliar na formação de tantos profissionais. Sinto-me na obrigação de agradecer a todos pelo apoio, colaboração e dedicação. Sou honestamente um homem realizado. Hoje estou no Hospital Oswaldo Cruz, onde temos nossa equipe e coordenamos o serviço de endoscopia. Esse início me marcou e o que posso acrescentar é a satisfação em ter constituído um serviço de ótimo padrão, com profissionais presentes em todo o Brasil. 26 revista SOBED Me sinto realizado com o trabalho que tivemos a oportunidade de fazer à frente do HC-FMUSP, além de tantos profissionais que tive o prazer de formar O senhor pôde também participar da criação da SOBED? Sim, durante esses primeiros anos de atuação no HC eu participava de vários congressos, com o objetivo de apresentar os trabalhos que fazíamos no HC. Em um desses congressos, realizado em Curitiba (PR), no ano de 1975, havia um bom número de brasileiros trabalhando com endoscopia digestiva. Foi quando surgiu a ideia da SOBED. Posteriormente, em 1976, em Salvador (BA), se concretizou a formação da Sociedade e tive a oportunidade de acompanhar todo o processo. O nível da endoscopia brasileira pode ser comparado ao de países desenvolvidos? Graças aos avanços tecnológicos e à capacitação técnica dos profissionais, acredito que a endoscopia digestiva no País teve um avanço fantástico, muito rápido e amplo, abrangendo várias áreas. No geral, acredito que ainda há muito a ser explorado – vejo nossa especialidade como um campo totalmente aberto. Mas procedimentos até então inimagináveis hoje são realizados rotineiramente. Nosso nível pode sim ser comparado ao de países desenvolvidos. O especialista brasileiro é muito habilidoso, criativo e interessado. Sabemos lidar e superar possíveis limitações. Já disse em algumas situações do passado que eu via os nossos endoscopistas sendo melhores que os de países desenvolvidos em função dessa habilidade e criatividade. A tecnologia estrangeira era superior, mas nossa força de vontade de melhorar é muito importante. Hoje, a situação é um pouco mais difícil porque todos os equipamentos modernos são muito caros e o acesso não é fácil. No entanto, nos cursos internacionais como o julho/setembro 2014 © Thiago Teixeira / RS Press DNA do Hospital das Clínicas da FMUSP são convidados especialistas estrangeiros renomados para trazer novidades e ensinamentos para atualização dos nossos endoscopistas. Felizmente a endoscopia tem bastante campo, é uma área da medicina muito requisitada, uma das especialidades com mais força e pujança. Apesar de sermos uma especialidade limitada, disputamos com outras em igualdade de condições no que se refere a congressos, produção científica e presença no País. Sobre a legislação e padronização da especialidade no País, quais são suas considerações? Esta questão evoluiu muito. Colaborei, juntamente com a SOBED, nos primeiros trabalhos que buscaram padronizar o serviço. Nos últimos anos, posso dizer que estamos no caminho certo. É necessário haver uma regulamentação. É preciso ter total atenção com doenças infecciosas, garantir segurança total aos pacientes, médicos e todos os julho/setembro 2014 Em 1975, Ishioka também participou da fundação da SOBED profissionais. Existem alguns pontos rígidos, mas é necessário seguir. Vale ressaltar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem se mostrado disposta a trocar informações, e a SOBED tem um canal direto de comunicação com ela. Claro que podem existir dificuldades para os endoscopistas que atuam em localidades afastadas, mas com o tempo essas questões evoluem e a regulamentação se transforma em algo normal. Além de sua história como médico, sabe-se que o senhor é apaixonado pela prática de esportes. Conte mais sobre isso. Sempre pratiquei tênis, desde muito jovem. No entanto, há pouco mais de um ano sofri uma contusão no ombro e tive de ser submetido a cirurgia, razão pela qual não tenho mais praticado, e aderi ao golfe. Também sou integrante do grupo de atiradores de elite da Federação Paulista de Tiro Esportivo. Esses são alguns dos meus principais interesses esportivos. REVISTA SOBED 27 em ação Remuneração e relações trabalhistas RELAÇÕES NECESSÁ Tipos de contrato existentes, como são feitos os repasses entre médicos, convênios e hospitais e quais as relações do profissional com as instituições que o empregam 28 revista SOBED julho/setembro 2014 N Por Tatiana Piva Edição Vera Mello, presidente da Comissão de Ética e Defesa Profissional da SOBED o século 19, a Revolução Industrial marcara profundamente as relações sociais e econômicas em diversos países. No Brasil, a abolição da escravidão, em 1888, e a consequente chegada de imigrantes ao País abriram espaço para os acordos de trabalho livre e assalariado. Foi também nesse período que as primeiras normas trabalhistas foram criadas no Brasil. Desde então, vários outros acontecimentos transformaram a política trabalhista brasileira e, em qualquer que seja a profissão, o assunto relação empregado-empregador está sempre em pauta. Por isso, a Revista SOBED discute a relação entre endoscopistas, hospitais e convênios, visando saber quais os tipos de contrato existentes, como são feitos os repasses e como é a relação do médico com as instituições que o empregam. A relação de trabalho entre endoscopistas e contratantes pode ser estabelecida de diversas formas. As eventuais alternativas dependem de vários fatores, que incluem a região do Brasil que o médico escolheu para exercer sua profissão e especialidade. Médico contratado como assalariado © Shutterstock ÁRIAS julho/setembro 2014 O médico assalariado é o profissional com registro em carteira de trabalho de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que regulamenta essa relação para quase a totalidade dos assalariados, independente de suas profissões. Ela também atribui aos sindicatos o direito de negociar anualmente, em nome de seus afiliados, com sindicatos patronais ou mesmo diretamente com os empregadores através das denominadas convenções e/ou acordos coletivos de trabalho. Porém, tal dispositivo legal não impede que o empregado negocie diretamente com o empregador para quem trabalha ou pretende trabalhar, tendo como referencial mínimo a convenção coletiva do sindicato a que pertence, abaixo do qual a negociação é ilegal. Nesse segundo caso, o médico, na condição de empregado, precisa ter conhecimento sobre os direitos que a CLT estabelece e tomar ciência da negociação coletiva do sindicato ao qual pertence, para posteriormente negociar com o serviço de saúde a remuneração pelo seu trabalho. O detalhamento dos direitos e obrigações, que inclui horário de trabalho, tem importância para prevenir eventuais abusos do empregador. Como exemplos de abusos, citamos: plantões de sobreaviso e/ou cargos de responsabilidade não previstos em contrato de trabalho e como consequência sem as respectivas remunerações; questões que podem ser resolvidas por um termo aditivo ao respectivo contrato de trabalho. REVISTA SOBED 29 Remuneração e relações trabalhistas © SOBED / Arquivo em ação Os sindicatos dos médicos são regionais e as convenções coletivas são independentes, decorrendo daí pisos salariais e outros direitos e deveres, como regra, não coincidentes. Quanto menor a participação dos médicos em seu sindicato, menor a força do sindicato, e quanto menor essa força, pior será o acordo firmado que beneficie os médicos. A título de exemplo real, e sem entrar nos demais tópicos do documento, citamos a parte da convenção coletiva dos médicos que trata sobre remuneração, firmada entre o Sindicato dos Médicos de uma região do estado de São Paulo com seu respectivo Sindicato Patronal, portanto com validade restrita àquela região e para médicos assalariados, ou seja, com registro em carteira de trabalho. Essa última convenção (2013) estabeleceu o piso salarial de R$ 3.160,78 mensais para jornada de 20 horas semanais e R$ 3.792,93 por 24 horas semanais. Tal convenção permite a contratação de jornada inferior ou superior, ou em regime de plantão, com pagamento de salário proporcional ao número de horas contratadas, através de contrato de trabalho escrito, firmado entre o médico e a empresa. Portanto, para o médico com carteira assinada na região de referência, independentemente de especialidade, o mínimo que ele deverá receber será o estabelecido na convenção. Nada impede que seja maior, e é necessário que seja maior, pois além de baixos valores de referência são valores brutos. Também é conveniente lembrar que o recolhimento da contribuição sindical é obrigatório, sendo a filiação ao sindicato voluntária, mas sem associação e participação poucos sindicatos estarão empenhados na defesa dos interesses dos médicos. 30 revista SOBED Médico contratado como pessoa jurídica Atualmente a contratação de médico autônomo, sem carteira assinada, praticamente desapareceu. Houve uma substituição progressiva ao longo dos anos por contratação como pessoa jurídica. Para ambos os casos, a prestação de serviços fica estabelecida por contrato regido pelo Código Civil. Contratos de prestação de serviços antigos e a imensa maioria dos contratos recentes ou aditivos contratuais têm como referência para remuneração as listas de honorários da Associação Médica Brasileira (AMB) de 1990, 1992 e no máximo 1996, totalmente defasadas sob o ponto de vista científico e completamente corroídas pela estagnação ou mesmo retrocesso dos valores provocados pelos contratantes, após a proibição, pelo Conselho de julho/setembro 2014 1 2 1. Independentemente do formato, todos os endoscopistas são regidos por algum tipo de contrato 2. Vera Mello, presidente da Comissão de Ética e Defesa Profissional da SOBED 3. Artur Parada é chefe do Serviço de Endoscopia do Hospital 9 de julho e ex-presidente da SOBED 3 Administração Econômica (CADE), da atualização do Coeficiente de Honorários (CH), índice criado e publicado pela AMB até junho de 1996, quando foi extinto, assim como todas as tabelas publicadas pela AMB até essa data. Contratos sem reajuste ou com a célebre frase “os reajustes serão negociados entre as partes” são válidos para grandes e poderosas instituições, que fixam datas para negociação e têm o privilégio do poder. Os demais contratados arcam com a elevação dos preços, pelos avanços da medicina e pelas exigências de segurança e qualidade, pois “o lucro das operadoras é sagrado” e não importa o custo para pacientes e médicos sem influência ou poder. “Espero que a Lei 13.003/2014, que entra em vigor em 24 de dezembro deste ano, já publicada em todos os meios disponíveis da SOBED, corrija muitas distorções da relação jurídica entre contratantes e contratados no sistema de saúde suplementar e altere essa relação incoerente e absurda com os profissionais de saúde, o que não ocorrerá se esses profissionais não se mobilizarem. Demorou tanto para termos essa lei que não podemos permitir que ela não seja cumprida”, afirma a presidente da Comissão de Ética e Defesa Profissional da SOBED, Vera Mello. Cooperativas de médicos As sociedades cooperativas estão reguladas pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, com as devidas modificações estabelecidas pela Lei 12.690/2012. A cooperativa é uma associação de pessoas com interesses comuns, econo- julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 31 2º Fórum Nacional de Honorários Médicos e Corporativismo, realizado pela SOBED em 2012, em Belo Horizonte 32 revista SOBED Remuneração e relações trabalhistas micamente organizada de forma democrática, isto é, com a participação livre de todos e respeitando direitos e deveres de cada um de seus cooperados, aos quais presta serviços sem fins lucrativos. As características de uma cooperativa incluem ser uma sociedade de pessoas, com número ilimitado de cooperados, sendo seu objetivo principal a prestação de serviços. É inegável o poder de negociação da cooperativa em oposição às perspectivas de um médico ao tentar individualmente negociar com grupos empresariais da saúde. Também é importante salientar que, na cooperativa, o médico é ‘dono’, mas precisa participar preparado das assembleias, para que seus direitos não sejam maculados e angarie melhores condições. É fato, contudo, que muitas vezes os princípios e finalidades da cooperativa têm sido deturpados por pessoas que se aproveitam desse modelo em benefício próprio ou de um grupo, explorando o trabalho dos associados, burlando a legislação e gerindo cooperativas que servem apenas de fachada e não atendem, em sua organização e funcionamento, ao fim que esse tipo societário visa. Repasse de valores aos profissionais Quanto à questão do repasse de valores pagos pelos procedimentos aos especialistas, tudo depende do contrato de prestação de serviços entre as partes, isto é, entre o médico ou grupo de médicos, ou sócios da mesma empresa, com uma instituição de saúde, que pode ser um hospital. A título de exemplo, caso a empresa contratada pelo hospital tenha negociado que deverá receber na íntegra duas vezes o valor do honorário previsto na última edição da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) e se ainda constar desse contrato que o custo operacional dos equipamentos, de propriedade da empresa contratada, deverá ser a íntegra do que consta na última edição da CBHPM, o combinado e contratado deverá ser cumprido. Nada impede que a mesma empresa supracitada faça contrato tendo como base remuneração muito melhor ou muito pior que o relatado. O grande problema até a presente data é que a imensa maioria dos contratos não está baseada na CBHPM atualizada; quando não estão expressos em reais (R$), estão ainda atrelados a um índice julho/setembro 2014 © SOBED / Arquivo em ação da AMB que não existe desde 1996 (o CH) e cuja correção, quando há, depende da livre, boa e espontânea vontade do contratante. Por outro lado, o hospital tem um contrato de prestação de serviços com cada um dos convênios. Um dos itens que faz parte da negociação é o honorário médico, já que a empresa médica, ressalvadas raras exceções, não participa das negociações. “As instituições hospitalares têm enorme interesse na atualização dos valores das incontáveis taxas que seguramente têm suas razões de ser. Negociar implica também ceder. Mesmo que o hospital ou outra instituição de saúde cometa contratualmente a injustificada retenção de honorário médico, a qualquer título, proponho uma reflexão de onde é mais vantajoso ceder”, diz a presidente da Comissão de Ética e Defesa Profissional da SOBED. Ainda aventando outra possibilidade, se a instituição recebe o honorário do médico e/ou custo operacional devido à empresa contratada médica por contrato e não repassa na íntegra, ela está se apropriando indevidamente de um valor que não lhe pertence. “A meu ver, é direito da empresa médica contratada ter acesso ao que lhe diz respeito na negociação. A transparência é fundamental para um bom relacionamento e significa respeito pelo seu parceiro. Alguns já encontraram o caminho constituindo associações fortes ou se associaram em cooperativas dentro das instituições. Poucos, por vontade própria, determinação, autoconfiança e/ou poder.” Relação médico/paciente, operadoras e instituição De acordo com o chefe do Serviço de Endoscopia do Hospital 9 de Julho, Artur Parada, que também é ex-presidente da SOBED, apesar de todos os percalços existentes quando o assunto é ‘dinheiro’, o endoscopista jamais deve esquecer que tem uma prioridade, um foco: pessoas, mais conhecidas como pacientes neste universo. “Precisamos procurar ter uma boa relação médico-paciente. Problemas teremos sempre, o que não podemos é ter problema com o doente. Os endoscopistas devem buscar um caminho para não perder esse foco”, afirma. julho/setembro 2014 “Precisamos procurar ter uma boa relação médico-paciente. Problemas teremos sempre, o que não podemos é ter problema com o doente. Os endoscopistas devem buscar um caminho para não perder esse foco” Artur Parada, chefe do Serviço de Endoscopia do Hospital 9 de Julho e ex-presidente da SOBED No caso do Hospital 9 de Julho, o Serviço de Endoscopia é totalmente terceirizado e repassa porcentagem dos seus ganhos à instituição onde está instalado. Parada conta que são anos atuando na especialidade e considera o relacionamento dos profissionais com os hospitais e convênios de extrema importância. “No meu caso, tenho uma ótima relação com a instituição onde trabalho e sei quanto o convênio paga ao hospital pelos procedimentos do meu serviço. Considero essa transparência bem importante.” De forma geral, ele afirma que existe o lado do convênio que pressiona por preços mais baratos, mas tem o lado do médico que quer receber valores maiores também. O problema é o quanto o profissional vale: “Devemos nos valorizar e mostrar qualidade para poder cobrar também. Se não há qualidade, não tem como”. Para Vera Mello, é necessário ressaltar que, com foco no paciente, os serviços de endoscopia precisam ter o máximo empenho para garantir segurança e qualidade nos serviços prestados. Para tanto, as bases encontram-se nas normas publicadas, especialmente, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Federal de Medicina (CFM). REVISTA SOBED 33 a Câncer colorretal incidência de patologias diversas na sociedade, em uma análise abrangente, respeita alguns critérios. Há doenças que não dependem de fatores ligados a raça, cor ou região onde ocorrem. Porém, existem outras, endêmicas, que estão presentes em maior ou menor proporção em determinado país devido a vários fatores, como a existência – ou falta – de políticas de saúde pública, saneamento básico e hábitos nutricionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma quantidade de novos casos de câncer colorretal superior a países desenvolvidos. As regiões mais populosas desses países, por sua vez, concentram a maior parte dos novos casos. Conforme estimativas apresentadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer colorretal (CCR) é o terceiro tumor mais comum em homens e mulheres e a quarta causa mais frequente de morte por câncer. Ainda segundo o Inca, aproximadamente 27 mil novos casos serão identificados em todo o território nacional, 11.500 só em São Paulo, até o final de 2014. O professor associado de cirurgia do aparelho digestivo da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e coordenador cirúrgico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), Ulysses Ribeiro Júnior, relata que mais de 50% dos pacientes com câncer colorretal do ICESP são diagnosticados já em estado avançado, estádio IV, com metástases a distância. Sabe-se, porém, que a taxa de sobrevida cresce proporcionalmente ao momento de identificação da patologia. Ela é de 90% quando a doença é diagnosticada ainda localizada na parede intestinal, 68% quando acomete linfonodos e apenas 10% quando é metastática. Políticas públicas de prevenção são, portanto, a melhor maneira de 34 revista SOBED Câncer colorretal e a importância do diagnóstico precoce identificar a doença em seu estado inicial, reduzindo, assim, a taxa de mortalidade. “Apesar de estudos randomizados e observacionais terem demonstrado redução de mortalidade por câncer colorretal com a detecção da doença precoce e com a polipectomia, o Sistema Único de Saúde (SUS) carece de políticas para rastreamento da doença”, afirma Ribeiro Júnior. “No Brasil, a política de atenção oncológica indicada pelo Ministério da Saúde (MS) preconiza o rastreamento do câncer apenas para os tumores de colo uterino e mama feminina, estando a detecção precoce destes contemplada nos diversos instrumentos de gestão pactuados entre as três esferas de gestão do SUS”, completa. O diretor do Serviço de Cirurgia do Cólon e Reto do Hospital das Clínicas da FMUSP, Prof. Dr. Sérgio Nahas, também diretor do Hospital Sírio-Libanês (HSL), explica que algumas medidas podem ser tomadas para detectar a doença em seus estágios precoces. Uma delas é a pesquisa de sangue oculto nas fezes para os indivíduos a partir dos 50 anos de idade ou para aqueles a partir dos 40 anos com casos de câncer na família. Para os casos positivos, a indicação é de colonoscopia de caráter diagnóstico e terapêutico de acordo com o estado e a quantidade de pólipos encontrados durante o exame. Políticas públicas para prevenção e identificação do câncer colorretal podem aumentar a sobrevida em até 90% Por Vinicius Peixoto © Shutterstock diagnóstico julho/setembro 2014 julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 35 Câncer colorretal O desafio, no entanto, é grande. As barreiras são, em sua maior parte, estruturais. “Leva-se tempo para treinar um colega para fazer uma colonoscopia de qualidade. Principalmente porque não se pode fazer o procedimento várias vezes no mesmo paciente. Sem contar a questão do custo dos equipamentos e o fato de nem todas as unidades de saúde os terem disponíveis”, afirma Nahas. Já o diretor do ICESP e do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Paulo Hoff, comenta que essa limitação não está somente ligada ao sistema público de saúde. “Na medicina suplementar também é difícil encontrar a população com indicação para investigação da doença presente. Muitas vezes por falta de informação, o paciente só vem fazer os exames quando seu médico particular, muitas vezes em uma consulta de rotina, lhe pede que os faça.” Para Ribeiro Júnior, algumas medidas poderiam ajudar a identificação precoce e a redução da taxa de mortalidade para casos de câncer colorretal: “O treinamento de pessoal para o diagnóstico precoce das lesões, a difusão e disseminação dos métodos diagnósticos - principalmente a colonoscopia entre a população mais carente -, a aplicação dos métodos de rastreamento populacional e campanhas de orientação e esclarecimento populacional sobre o tema são algumas opções”. O boletim Rastreamento de Câncer Colorretal: Um Desafio a Ser Enfrentado, publicado em novembro de 2012 pela Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, alerta que implementar um programa de detecção precoce para o CCR é uma ação complexa, que envolve uma série de aspectos críticos. Entre eles, o documento destaca: • Necessidade de treinamento adequado de diferentes profissionais de saúde, como epidemiologistas, endoscopistas e patologistas. • Rejeição ainda alta a alguns dos métodos utilizados, particularmente a colonoscopia. • Recursos diagnósticos e terapêuticos ágeis são exigidos para complementação diagnóstica e tratamento dos casos confirmados. • Baixa conscientização dos profissionais de saúde sobre a seriedade do CCR, principalmente os que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS). 36 revista SOBED Prof. Dr. Sérgio Nahas é diretor do Serviço de Cirurgia do Cólon e Reto do HC-FMUSP Panorama internacional A União Europeia (UE) recomenda, desde 2003, que seus estados-membros adotem a prática do rastreamento populacional para o câncer colorretal. A orientação atualmente é para realização de sangue oculto nas fezes na população assintomática entre 50 e 74 anos, seguida de colonoscopia nos casos positivos, com opção preferencial pelo rastreamento organizado ou de base populacional. Até o final de 2007, 10 dos 27 estados-membros da UE estavam em processo de implantação de programas de rastreamento de base populacional, sete haviam optado por programas oportunísticos e outros 10 avaliavam a melhor forma de implantação do rastreamento. De acordo com o boletim Rastreamento de Câncer Colorretal: Um Desafio a Ser Enfrentado, publicado em novembro de 2012 pela julho/setembro 2014 © SOBED/ Arquivo Aspectos críticos © Departamento de Gastro HC-FMUSP / Divulgação diagnóstico Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, após a realização de projeto-piloto bem-sucedido na Austrália, foi implantado um programa de abrangência nacional, tendo sido escolhido como método de pesquisa de sangue oculto – método imunoquímico -, sendo a população-alvo entre 55 e 65 anos. Nos Estados Unidos, por meio de diferentes exames disponibilizados para o rastreamento e apesar da não existência de um programa de abrangência nacional, pouco mais de 50% da população com 50 anos ou mais estava com os exames realizados conforme os intervalos preconizados, observando-se variações de cobertura entre os diferentes estados. O sucesso alcançado pelo programa de rastreamento norte-americano é apontado como um dos principais fatores para a queda das taxas de incidência e mortalidade referentes ao CCR naquele país. No Canadá, o programa é recomendado desde 2002, também com o rastreamento de base populacional implantado em várias províncias do país e adotando-se como método para rastreamento o teste de sangue oculto nas fezes. Algumas províncias optam por oferecer diferentes opções de exame, conseguindo com isso elevada taxa de cobertura populacional para o rastreamento. Existe um consenso para várias entidades em todo o mundo de que homens e mulheres acima de 50 anos devem ser rastreados, explica o coordenador cirúrgico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. “O câncer colorretal é particularmente adequado para o rastreamento. A doença desenvolve-se na grande maioria dos casos a partir de lesões não malignas precursoras chamadas adenomas, de acordo com a sequência adenoma-carcinoma”, afirma Ribeiro Júnior. “Nos países desenvolvidos, aproximadamente 40% a 50% da população desenvolve um ou mais adenomas durante a vida, mas a maioria não evolui para câncer. Apenas 5% a 6% da população realmente desenvolve a doença.” O rastreamento oportunístico ocorre quando o profissional de saúde aproveita o momento em que a pessoa procura o serviço de saúde por algum outro motivo para rastrear alguma doença ou fator de risco. O rastreamento organizado é julho/setembro 2014 Acima, Dr. Paulo Hoff, diretor do ICESP. Abaixo, Dra. Adriana Safatle-Ribeiro ao lado do Dr. Ulysses Ribeiro Jr. sistematizado, de abrangência populacional, para a detecção precoce de uma determinada doença. No Brasil, avalia Ribeiro Júnior, de maneira geral é realizado o rastreamento oportunístico. Algumas instituições ou associações de saúde, como a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (ABRAPRECI) e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), tentaram realizar campanhas de esclarecimento e rastreamento, porém ainda sente-se a falta de uma política nacional sobre o tema. “É importante salientar que quem faz o rastreamento também tem a responsabilidade de prover a todas as pessoas incluídas no programa a continuidade do processo diagnóstico até o tratamento do problema quando detectado. Não faz sentido a implantação de um serviço de rastreamento se este não oferecer as condições de diagnóstico definitivo e de tratamento para a condição rastreada”, conclui. REVISTA SOBED 37 amb Associação Médica Brasileira O Brasil viveu um momento diferente, com destaque para a Copa do Mundo em nossas terras (12 sedes, claro, um exagero!) e o crescente envolvimento das pessoas, inclusive a classe médica, nas eleições que se avizinham. Nossa torcida foi para que nossa seleção fosse vitoriosa. O futebol, claro, encanta nosso povo e às vezes é um ópio. Nosso povo merece alegrias, mas é fundamental que saibamos diferençar valores e possamos seguir nosso rumo fazendo as melhores escolhas. Que vença o melhor! Assim, importa-nos demasiadamente as eleições para presidente, senadores e deputados. Precisamos escolher os melhores candidatos, que pensam no que favorece a população e com bons projetos. Faz-se necessária uma profunda análise: passado, presente, atitudes, 38 revista SOBED compromissos assumidos e cumpridos etc. O mundo político eleitoral, o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas exercem forte influência em nossas vidas e no destino do nosso Brasil amado. Os médicos, pelo respeito e credibilidade que possuem, precisam conversar cada vez mais com as pessoas, com nossos estimados pacientes, e mostrar com clareza opiniões e percepções, mais dedicadamente mostrando a atual situação da saúde de nosso País, do descaso que tem ocorrido com as pessoas, notadamente aquelas que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Não podemos deixar de reconhecer avanços nesses 25 anos, mas estamos muito aquém do mínimo que muitos precisam – a propaganda governamental é bastante diferente da realidade. Ainda convivemos com longas filas para consultas, julho/setembro 2014 © Shuttertstock Mudanças importantes exames e cirurgias, e pacientes se avolumam em grandes emergências, com mortes evitáveis ocorrendo. A Associação Médica Brasileira (AMB) estará sempre aberta às sugestões e contribuições que visem a melhorias para a saúde, para juntarmos forças e conseguirmos vitórias. Jamais nos desviaremos dos princípios éticos, da qualidade e da transparência. Queremos, sim, mais acesso, porém com qualidade. Queremos, sim, mais médicos, mais profissionais de saúde, trabalhando em condições adequadas, com equipamentos, materiais, medicamentos. Continuaremos na busca por melhorias no financiamento, qualificação da gestão e rigoroso combate à corrupção. Buscaremos a excelência na assistência, ensino e pesquisa. A formação médica, na graduação e pós-graduação, como a residência médica, não pode desviar-se da qualidade, pois lidamos com vidas e isso para julho/setembro 2014 nós é sagrado. O título de especialista da AMB e nossas sociedades de especialidades serão sempre valorizados e com qualidade. A pesquisa no Brasil precisa dar o salto que merecemos e não ficarmos mais a reboque da burocracia, lentidão e retrabalho, que tanto nos atrasa e prejudica nosso País e nossos pacientes, que perdem, às vezes, oportunidades para tratamento. Vamos adiante, juntos, humildemente, pensar o Brasil do futuro, com mais saúde, mais educação, mais inteligência. Estaremos sempre prontos a contribuir na busca de soluções melhores para nossa saúde. Florentino Cardoso é presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). Graduado em medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC), fez residência médica em cirurgia geral e cirurgia oncológica e especialização em capacitação gerencial de dirigentes hospitalares. É mestre em cirurgia pela Faculdade de Medicina da UFC e atua como superintendente dos Hospitais Universitários da UFC. REVISTA SOBED 39 ética Conquista importante A lei que obriga os planos de saúde a substituir imediatamente médicos, laboratórios e hospitais que se descredenciarem e que também garante reajustes anuais aos profissionais que prestam serviços às operadoras foi publicada sem vetos no Diário Oficial da União de 25 de junho. A Lei 13.003/2014 garante a conquista de uma das reivindicações mais antigas da categoria e, a partir de dezembro, trará mudanças profundas no setor. Uma das exigências da nova lei é a existência de contratos escritos entre as operadoras de planos de saúde e os profissionais de saúde, com previsão de índice e periodicidade anuais para reajuste dos valores dos serviços prestados. 40 revista SOBED O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto Luiz d’Avila, celebra a sanção da lei, que, segundo ele, beneficiará os mais de 50 milhões de pacientes atendidos por planos de saúde em todo o País. “Trata-se de uma das grandes vitórias da atual gestão do CFM, que contou com o empenho de todos os conselheiros federais e regionais, além do esforço das demais entidades da categoria e seus representantes. Agora, além dos médicos, milhares de profissionais de outras categorias – como psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e dentistas – que prestam serviços às operadoras serão beneficiados com os avanços dessa lei, cuja finalidade maior é melhorar a assistência aos usuários de planos”, afirma. Além de prever a fixação de índices de reajuste e a periodicidade de sua aplicação para os honorários médicos, a Lei obriga os planos de saúde a substituírem o profissional descredenciado por outro equivalente e determina que o consumidor seja avisado da mudança com 30 dias de antecedência. “As mudanças previstas trarão maior conforto ao paciente, mais segurança jurídica aos profissionais e um sentimento de satisfação para toda a sociedade”, comemorou o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima. Até o momento, não existia no arcabouço geral da legislação nenhum instrumento que garantisse aos profissionais que prestam serviço às operadoras o índice anual de seus honorários. “Isso tornava o médico fragilizado dentro do poder econômico. julho/setembro 2014 © Shutterstock Sancionada lei que garante reajuste para médicos de planos de saúde Nossas conquistas até agora só têm sido alcançadas com mobilização da categoria”, explica o coordenador da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), Aloísio Tibiriçá. Para ele, a lei resgata condições mínimas para o início de um processo civilizatório nas relações de trabalho entre médicos e operadoras. Luta histórica A aprovação no Congresso Nacional e sanção presidencial só foram possíveis graças à mobilização de médicos e lideranças de todo o País e com a articulação política das entidades nacionais. Apresentado originalmente em 2004 (PLS 276/04) pela senadora Lúcia Vânia (PSDB/GO), o texto passou por diversos debates e modificações até receber um de seus pontos principais: o estabelecimento de critérios para a adequada contratualização na relação entre operadoras e profissionais da saúde que atuam na área da saúde suplementar. Após quase seis anos em tramitação no Senado, foi aprovado em fevereiro de 2010 pela Comissão de Assuntos Sociais. No mesmo ano, foi enviado à Câmara dos Deputados (PL 6.964), onde foi aprovado nas Comissões de Defesa do Consumidor, de Seguridade Social e Família e, em caráter terminativo, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). “Esse projeto é um divisor de águas na relação com as operadoras de planos de saúde, e por isso foi preciso uma forte articulação política sobre ele”, lembra o coordenador da Comissão de Assuntos Políticos (CAP) das entidades médicas, Alceu Pimentel. Embate político A aprovação da proposta veio na esteira do protesto nacional que teve início em 7 de abril deste ano e que tinha o PL 6.469/10 como prioridade. “Após a aprovação do texto do projeto da Câmara, 72 deputados assinaram um requerimento que pretendia emperrar o projeto e impediu o envio imediato à sanção julho/setembro 2014 presidencial, submetendo-o à aprovação prévia do Plenário da Casa. Médicos de todo o País atenderam ao chamado das lideranças nacionais e reagiram prontamente à manobra que tentou barrar o projeto – supostamente influenciada pelas operadoras de planos com o apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, esclarece o diretor de Comunicação do CFM, Desiré Callegari. Além da articulação das entidades médicas nacionais e regionais, um grupo orientado pela CAP e pela Comsu percorreu os corredores do Congresso Nacional e conseguiu sensibilizar parte desses parlamentares para que assinassem um novo documento pedindo a derrubada do recurso. O que muda na relação com as operadoras • A periodicidade do reajuste deverá ser anual e realizada no prazo improrrogável de 90 dias, contados do início de cada ano. Caso não haja negociação entre as partes, o índice de reajuste será definido pela ANS. • O contrato deve estabelecer claramente as condições de execução, expressas em cláusulas que definam direitos, obrigações e responsabilidades. Deverão incluir também, obrigatoriamente, seu objeto e natureza, com descrição de todos os serviços contratados. • Os planos serão obrigados a preencher as vagas abertas pelos médicos que se descredenciarem, o que será um ganho para os pacientes. • As condições de prestação de serviços serão reguladas por contrato escrito, estipulado entre a operadora do plano e o prestador de serviço. A regra vale para médicos e demais prestadores de serviço em prática liberal privada, além de estabelecimentos de saúde. Conselho Federal de Medicina (CFM) REVISTA SOBED 41 Por dentro Aparelho digestivo e saúde em destaque Governo gasta R$ 3,05 ao dia na saúde de cada habitante O Hospital das Clínicas de São Paulo inaugurou em 1° de julho a nova ala do Centro de Referência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica, para pré e pós-operatório de pacientes com obesidade mórbida ou síndrome metabólica. Agora há 16 novos leitos capazes de suportar até 400 kg, e os banheiros e quartos foram adaptados com reforços na estrutura e medidas adequadas. Para a nova ala foram investidos R$ 2,5 milhões e a meta do HC é, considerando o pré-operatório ideal de dois anos, que todos os pacientes sejam operados no período de até três anos. O HC tem uma fila de espera de 1,8 mil pacientes, e, com a mudança, o serviço espera realizar até 400 cirurgias por ano. “É um dos hospitais públicos que mais realizam esse tipo de cirurgia no País”, enfatiza o coordenador da Unidade de Cirurgia Bariátrica, Marco Aurélio Santo. EUA estudam aprovar estimulação elétrica contra obesidade 42 revista SOBED O órgão regulatório dos Estados Unidos Food and Drug Administration (FDA) discute a possibilidade de aprovar implante que emite estímulos elétricos para tratamento de obesidade. O dispositivo, que recebeu o nome de Maestro Rechargeable System, fabricado pelo laboratório Entero Medics, emite impulsos elétricos diretamente no estômago do paciente. A indicação é para casos em que a redução de peso por métodos tradicionais, como dieta e medicamentos, não tiveram sucesso e para pessoas que não querem, ou não podem, ser submetidas à cirurgia bariátrica. O produto tem aprovação apenas na Austrália. julho/setembro 2014 © Senador Cidinho Santos / Divulgação Hospital das Clínicas de SP inaugura ala para cirurgia bariátrica © HC / Divulgação Centro de Referência foi inaugurado em junho de 2014 De acordo com levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), o gasto médio por pessoa em saúde pública não passou de R$ 3,05 ao dia, em 2013. O valor, abaixo dos parâmetros internacionais, corresponde à metade do que gastaram os beneficiários de planos de saúde do País no mesmo período. O montante de R$ 220,9 bilhões reuniu as despesas destinadas à cobertura das ações de aperfeiçoamento do sistema público de saúde em que parte desse dinheiro é usada também para o pagamento de funcionários. A pesquisa comparou os dados dos maiores municípios de cada um dos 10 estados mais populosos e mostrou que em geral os valores não são suficientes para melhorar os indicadores de saúde localmente. O estudo também cruzou as despesas em saúde com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), oferta de leitos para cada grupo de 800 habitantes e taxas de incidência de tuberculose e dengue, além da cobertura populacional de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Equipes de Saúde da Família. Retirada a PLS que criava multas para atrasos em consultas Senador Cidinho Santos (PR-MT), criador do projeto que multaria médicos por atrasos em consultas O Projeto de Lei do Senado n° 179/2014, que alteraria o Código de Defesa do Consumidor, multando médicos por atrasos em consultas, foi retirado de votação. Durante reunião com membros do Conselho Federal de Medicina (CFM), foi explicado ao criador da proposta, o senador Cidinho Santos (PR-MT), que o projeto, se aprovado, traria forte impacto negativo para a relação médico/paciente. Na avaliação dos conselheiros, esse contato não pode estar submetido a uma regra para regular a compra de mercadorias e atrelada às leis de oferta e de procura. “O CFM considera de extrema relevância esse diálogo com os deputados e senadores para o devido esclarecimento de aspectos relacionados às propostas em tramitação”, afirmou o 1° vice-presidente do CFM, Carlos Vital. Por dentro Aparelho digestivo e saúde em destaque Proteína pode impedir desenvolvimento do câncer de pâncreas Pesquisadores do Instituto Hospital do Mar de Pesquisas Médicas (IMIM), de Barcelona (Espanha), identificaram uma proteína que poderá impedir o crescimento do câncer de pâncreas, aumentando assim a sobrevida dos pacientes em 20%. Em parceria com o Serviço de Anatomia Patológica do Hospital do Mar, foram realizados estudos em duas fases: análise dos tumores pancreáticos de ratos com altos níveis de galectina-1 e após a eliminação da proteína. Os pesquisadores notaram que os tumores sem a pro- Hormônio pode agir contra a obesidade teína mostravam menos proliferação e imunológicos. A proteína galectina-1 deverá ser adotada como uma possibilidade de tratamento desse tipo de tumor, sem efeitos adversos aos pacientes. Terapia com leptina é aposta no combate a obesidade e diabetes Nova descoberta da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, sobre o hormônio leptina, pode ser a solução contra desordens metabólicas como diabetes e obesidade. A equipe da Escola de Medicina da Universidade desvendou, após 20 anos, que a leptina também atua sobre outros tipos de células, além dos neurônios. Estudos feitos com ratos mostraram que esse hormônio pode controlar o comportamento de outras células, como as gliais (ou astrócitos). “Essas células também proporcionam uma barreira-chave entre o corpo e o cérebro. Atingir os sinais de leptina nessas células pode causar alteração no controle central do metabolismo, sem que seja necessário administrar a ingestão de um produto químico destinado ao cérebro”, afirma o coordenador e autor do estudo, Tamas Horvath, professor de medicina comparativa da Escola de Medicina de Yale. 44 revista SOBED julho/setembro 2014 © SIAC / Reprodução inflamação e aumento de componentes © Shutterstock vasos sanguíneos, além da redução da Acidentes de consumo podem ser notificados por profissionais da saúde O profissional de saúde que atender um paciente com lesões decorrentes de falhas em produtos ou serviços pode informar o acidente no Sistema de Informações de Acidente de Consumo (SIAC), mantido pelos Ministérios da Justiça e da Saúde. Para fazer a notificação, o profissional da saúde deve acessar o site siac.justica.gov.br, onde encontrará o modelo da ficha de notificação e as instruções para seu preenchimento. Um produto ou serviço é considerado defeituoso quando não fornece a segurança esperada – verifica-se, nesses casos, a presença de um risco, que não é previsível. Qualquer tipo de produto pode causar um acidente de consumo, desde brinquedos e alimentos até automóveis. Podem ser notificados no SIAC as seguintes lesões decorrentes de produtos ou serviços: fratura, esmagamento, intoxicação, afogamento, sufocamento, lesão de órgãos internos, queimadura de média e grande gravidade, lesão de vasos, tendões e nervos. julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 45 Por dentro Aparelho digestivo e saúde em destaque CFM e CRMs pedem fortalecimento de fiscalização do SUS Cirurgia bariátrica para combater o diabetes O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) cobraram do Ministério da Saúde o fortalecimento das estruturas de fiscalização, controle e avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como medidas urgentes que garantam e evitem a incompetência administrativa, os abusos e a corrupção na saúde pública. O pedido foi feito publicamente em 30 de maio, quando o CFM avaliou as recentes denúncias no setor, exibidas pela mídia. Em nota, a entidade criticou a omissão do Estado em oferecer à população acesso à assistência médica com qualidade e informou que, com o apoio dos CRMs, serão realizadas novas fiscalizações em caráter de urgência nas unidades citadas nas reportagens. Para o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) e os demais CRMs, este e outros esforços estão alinhados com o engajamento das entidades médicas na identificação de gargalos que afetam o atendimento oferecido pelo SUS à população e na cobrança de respostas efetivas dos gestores. Recente estudo publicado pela revista científica do Reino Unido The Lancet aponta que cerca de 2,1 bilhões de pessoas em todo o mundo estão acima do peso. Por isso, o país quer que a cirurgia bariátrica seja autorizada em pacientes Pâncreas biônico demonstra eficiência contra o diabetes (IMC) maior que 30 e diabetes tipo 2. A medida considerou o crescimento de casos de diabetes nos últimos 10 anos no país. “A cirurgia bariátrica é uma excelente opção não só para o diabetes, mas para as outras doenças associadas e para a síndrome metabólica. Já avançamos muito em pesquisas e estudos que comprovam essa eficácia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) está empenhada em regulamentar essa possibilidade aqui no Brasil”, declara o presidente da SBCBM, Almino Ramos. 46 revista SOBED Um iPhone® adaptado com sensor e conectado a uma agulha inserida no paciente mostrou-se eficaz em controlar os níveis de açúcar em pessoas com diabetes tipo 1, de acordo com estudo publicado na revista norte-americana The New England Journal of Medicine. O aparelho injeta insulina e glucagon com pouca intervenção do paciente. Os pesquisadores constataram uma redução de 37% das intervenções para corrigir taxas baixas de açúcar em comparação às realizadas com a prática tradicional. No grupo de adolescentes que usou o pâncreas biônico, a redução da hipoglicemia foi mais que o dobro. “O pâncreas biônico reduz o nível médio de glicose no sangue a ponto de reduzir fortemente o risco de complicações diabéticas”, afirma um dos coautores do estudo, Steven Russell, professor adjunto de medicina no Hospital Geral de Massachusetts. julho/setembro 2014 © Shutterstock que tenham Índice de Massa Corporal Por dentro Diretorias nacionais • diretoria nacional (2012-2014) Presidente: João Carlos Andreoli (SP) Vice-presidente: Ramiro Robson F. Mascarenhas (BA) 1º Secretário: Jairo Silva Alves (MG) 2º Secretário: Silvana Dagostin (SC) 1º Tesoureiro: Dalton Marques Chaves (SP) 2º Tesoureiro: Luis Fernando Tullio (PR) Sede SOBED Ricardo Anuar Dib (SP) Thiago Festa Secchi (SP) Conselho Fiscal Alice Mendes de Souza Cairo (BA) Rodrigo José Felipe (BA) Carlos Alberto da Silva Barros (MG) Cleber Vargas (RJ) Artur Adolfo Parada (SP) Carlos Alberto Cappellanes (SP) • diretoria eleita (2015-2016) Presidente: Ramiro Robson Fernandes Mascarenhas (BA) Vice-presidente: Admar Borges da Costa Junior (PE) 1º Secretário: Paulo Fernando Souto Bittencourt (MG) 2º Secretário: Julio Cesar Souza Lobo (PR) 1º Tesoureiro: José Celso Ardengh (SP) 2º Tesoureiro: Maria Elizabeth Cardoso de Castro (RJ) • comissões estatutárias Eleitoral, de Estatutos, Regimentos e Regulamentos Presidente: Carlos Marcelo Dotti (MS) Carlos Eugenio Gantois (PE) Eli Kahan Foigel (SP) Geraldo Ferreira Lima Junior (MG) Laercio Tenório Ribeiro (AL) Admissão e Sindicância Presidente: Antonio Gentil Neto José Olympio Meirelles dos Santos (SP) Juarez Alves Sampaio (CE) Científica e Editorial Presidente: Igelmar Barreto Paes (BA) Adriana Vaz Safatle-Ribeiro (SP) Angelo Paulo Ferrari Junior (SP) Claudio Rolim Teixeira (RS) Dalton Marques Chaves (SP) Edivaldo Fraga Moreira (MG) Fauze Maluf Filho (SP) Gilberto Reynaldo Mansur (RJ) José Celso Ardengh (SP) Lucio Giovanni Battista Rossini (SP) Marcelo Averbach (SP) Marcos Clarencio Batista Silva (BA) Vitor Nunes Arantes (MG) Walton Albuquerque (MG) Simpósio Internacional Presidente: Adriana Vaz Safatle Ribeiro (SP) Angelo Paulo Ferrari Junior (SP) Claudio Rolim Teixeira (RS) Dalton Marques Chaves (SP) Fauze Maluf Filho (SP) Vitor Nunes Arantes (MG) Consultor internacional: René Lambert (França) Curso ao Vivo Presidente: Marcos Bastos da Silva (ES) Coordenador-geral: Gustavo Andrade de Paulo (SP) Esteban Sadovsky (ES) Herbeth José Toledo Silva (AL) Luiz Fernando Ferreira Campos (ES) Viriato João Leal da Cunha (SC) Ética e Defesa Profissional Presidente: Vera Helena A. F. de Mello (SP) Tomazo Antonio Prince Franzini (SP) Lincoln Eduardo V. V.de C. Ferreira (MG) Adriane Graicer Pelosof (SP) Claudia Zitron (SP) Oswaldo Luiz Pavan Junior (ES) Avaliação e Credenciamentos de Centros de Ensino e Treinamento Presidente: Admar Borges da Costa Junior (PE) Afonso Celso da Silva Paredes (RJ) Daniel Moribe (SP) Eduardo G. Houneaux de Moura (SP) julho/setembro 2014 Eloá Marussi Morsoletto Machado (PR) Fabio Marioni (SP) Giovani Antonio Bemvenuti (RS) José Eduardo Brunaldi (SP) José Flávio Ernesto Coelho (RJ) Ismael Maguilnik (RS) José Flávio Ernesto Coelho Julio Carlos Pereira Lima (RS) Luciana Rodrigues Leal da Silva (BA) Luis Masuo Maruta (SP) Luiz Cláudio Miranda da Rocha (MG) Luiz Sérgio Emery Ferreira (ES) TÍTULO DE ESPECIALISTA E SUA ATUALIZAÇÃO Presidente: Flavio Hayato Ejima (DF) Afonso Celso da Silva Paredes (RJ) Antonio Carlos Coelho Conrado (PE) Beatriz Monica Sugai (SP) Daniela Medeiros Milhomem Cardoso (GO) Fabio Marioni (SP) Guilherme Becker Sander (RS) Jimi Izaques Bifi Scarparo (SP) José Luiz Sebba de Souza (SP) Marco Aurélio D’Assunção (SP) Luis Fernando Túlio (PR) Paulo Fernando Souto Bittencourt (MG) Ricardo Anuar Dib (SP) Ricardo Rangel de Paula Pessoa (CE) Rodrigo José Felipe (BA) Sérgio Eiji Matuguma (SP) Fabio Segal (RS) Júlio César Souza Lobo (PR) Gerônimo Franco de Almeida (PB) Thiago Festa Secchi (SP) Thiago Andrade Tatagiba (RJ) • comissões não estatutárias formação e Treinamento em Técnicas Endoscópicas – Centro de Treinamento Coordenador: Carlos Alberto Cappellanes (SP) Ricardo Anuar Dib (SP) Rodrigo Roda Rodrigues da Silva (MG) Ciro Garcia Montes (SP) Relações Internacionais Coordenador-geral: Glaciomar Machado (RJ) Coord. América do Sul: Everson Luiz de A. Artifon (SP) José Celso Ardengh (SP) Julio Carlos Pereira Lima (RS) Paulo Sakai (SP) Coord. Europa: Adriana Vaz Safatle (SP) René Lambert (FRANÇA) Sérgio Luiz Bizinelli (PR) Walton Albuquerque (MG) Coord. EUA: Angelo Paulo Ferrari Junior (SP) Dalton Marques Chaves (MG) Eduardo G. Houneaux de Moura (SP) Luiz Leite Luna (RJ) Ricardo Anuar Dib (SP) Coord. Japão: Cláudio Rolim Teixeira (RS) Paulo Sakai (SP) Vitor Nunes Arantes (MG) ASSESSORIA À PRESIDÊNCIA Artur Adolfo Parada (SP) Igelmar Barreto Paes (BA) Luiz Felipe Paula Soares (PR) COMUNICAÇãO (Revista SOBED + site + rede SOBED + SOBED em Casa) Coordenador: Gustavo Andrade de Paulo (SP) Alexandre de Souza Carlos (SP) Atanagildo Cortes Junior (MG) Flávio Braguim (SP) José Luiz Paccos (SP) Marcelo Simas de Lima (SP) Ricardo Leite Ganc (SP) DIRETRIZES E PROTOCOLOS Coordenador: Claudio Lyioiti Hashimoto (SP) Adorisio Bonadiman (PR) Alexandre de Sousa Carlos (SP) Caio Cesar Furtado Freire (SP) Cristina Flores (RS) Cyrla Zaltman (RJ) Fernando Pavinato Marson (SP) Gustavo Andrade de Paulo (SP) Huang Ling Fang (RJ) Juliana Dantas Ramos Brito (PB) Lix Alfredo Reis de Oliveira (SP) Luana Vilarinho Borges (SP) Luiza Maria Filomena Romanello (SP) Maria das Graças Pimenta Sanna (MG) Marcelo Soares Neves (RJ) Marcela Paes Rosado Terra (SP) Paulo Roberto Alves de Pinho (RJ) Rafael Gonzaga Nahoum (SP) Ricardo Teles Schulz (SC) Rodrigo de Rezende Zago (SP) Simone Guaraldi da Silva (RJ) Tadayoshi Akiba (SP) Wladimir Campos de Araújo (BA) REPRESENTANTE NAS REVISTAS: GED e Arquivos Brasileiros de Gastroenterologia Alexandre de Souza Carlos (SP) Marcelo Simas de Lima (SP) Paulo Roberto Arruda Alves (SP) REPRESENTANTES EM INSTITUIÇÕES CFM E CNRM Coordernador: Flavio Hayato Ejima (DF) Zuleica Barrio Bortoli (DF) anvisa Coordenador: Vera Helena A. F. de Mello (SP) Carlos Alberto da Silva Barros (MG) Flávio Hayato Ejima (DF) Francisco José Medina Pereira Caldas (RJ) Tadayoshi Akiba (SP) AMB Coordenador: Maria das Graças Pimenta Sanna (MG) Carlos Alberto Cappellanes (SP) Rodrigo José Felipe (BA) Órteses e Próteses: Wagner Colaiacovo (SP) COMISSÃO NACIONAL DE ACREDITAÇÃO (CNA) Coordenador: Renato Baracat (SP) Carlos Alberto da Silva Barros (MG) • núcleos Ecoendoscopia Coordenador: Simone Guaraldi da Silva (RJ) Fauze Maluf Filho (SP) José Celso Ardengh (SP) Lucio Giovanni Batista Rossini (SP) Marco Aurélio D’Assunção (SP) Vitor Nunes Arantes (MG) Walton Albuquerque (MG) Pediatria Coordenador: Paulo Fernando Souto Bittencourt (MG) Cristina Helena Targa Ferreira (RS) Paula Bechara Poletti (SP) Silvia Regina Cardoso (SP) NOTES Ângelo Paulo Ferrari Junior (SP) Marco Aurélio D’Assunção (SP) Pablo Rodrigo de Siqueira (SP) Paulo Sakai (SP) Núcleo de Tabagismo Everton Ricardo de Abreu Netto (AM) patologia endoscópica Coordenador: Filadelfio Euclides Venco (SP) Elisa Ryoka Baba (SP) COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO DE HONORÁRIOS MÉDICOS E COOPERATIVAS NAS UNIDADES ESTADUAIS Coordenador-geral: Lincoln Eduardo V. V. de Castro Ferreira (MG) Artur Adolfo Parada (SP) Edson Luiz Doncatto (RS) Francisco das Chagas Gonçalves de Oliveira (CE) Francisco Paulo Ponte Prado Júnior (CE) José Edmilson Ferreira da Silva (RJ) Julio César Souza Lobo (PR) Julio Pereira Lima (RS) Luiz Fernando Tullio (PR) Luiz Paulo Reis Galvão (PE) Marcus Valerius Saboia Rattacaso (CE) Paulo Fernando Souto Bittencourt (MG) Sandra Teixeira (PR) Sérgio Luiz Bizinelli (PR) Vera Helena de Aguiar Freire de Mello (SP) Viriato João Leal da Cunha (SC) CONSELHO EDITORIAL (LIVROS) Artur Adolfo Parada (SP) João Carlos Andreoli (SP) Luiz Leite Luna (RJ) Marcelo Averbach (SP) REVISTA SOBED 47 Por dentro Diretorias estaduais • ALAGOAS * Rua Carlos Povina Cavalcanti, 49 - Apto 302 – Maceió CEP: 57036-411 | (82)9631-2000 | [email protected] Presidente: José Wenceslau da Costa Neto Vice-presidente: Herberth José Toledo Silva 1ª Secretária: Maria Marta Braga de Albuquerque 2º Secretário: Gilson de França dos Santos 1º Tesoureiro: José Nobre Pires 2º Tesoureiro: Francisco Milton Lucio Melo • AMAZONAS Rua do Congresso, 90 – Manaus CEP: 69010-970 | (92) 9152-9119 | [email protected] Presidente: Jeanne Monique Guimarães Pimentel Vice-presidente: Déborah Nadir Cruz Ferreira 1º Secretário: Ricardo Paes Barreto Ferreira 2º Secretário: Alinne Lais Bessa Maia 1º Tesoureiro: Jorge Luis Bastos Arana 2º Tesoureiro: Lourenço Candido Neves • BAHIA R. Baependi, 162, sala 3 - Ondina – Salvador CEP: 40170-070 | (71) 9338-0220 | [email protected] Presidente: Sylon Ribeiro de Britto Junior Vice-presidente: Luciano Magalhães Oliveira 1º Secretário: Durval Gonçalves Rosa Neto 2º Secretário: Wladimir Campos de Araújo 1º Tesoureiro: Alcione Prates Leite 2º Tesoureiro: Luciana Rodrigues Leal da Silva • CEARÁ Avenida Santos Dumont, 1168 – Sala 301 – Centro – Fortaleza CEP: 60150-160 | (85) 9996-0281 Presidente: José Rúver Lima Herculano Junior Vice-presidente: Luiz Helder de Alencar Moreno 1° Secretário: Ricardo Rangel de Paula Pessoa 2° Secretário: Marcellus Henrique Loiola P. de Souza 1º Tesoureiro: Raphael Felipe Bezerra de Aragão 2º Tesoureiro: João Paulo Aguiar Ribeiro • goiás Avenida Portugal, 1052 – Setor Marista – Goiânia CEP: 74150-030 | (62) 3251-7208 | [email protected] Presidente: Marcelo Barbosa Silva Vice-presidente: Fernando Henrique Porto Barbosa Ramos 1º Secretário: Daniela Medeiros Milhomem Cardoso 2º Secretário: Marcus Vinicius da Silva Ney 1º Tesoureiro: Américo de Oliveira Silvério 2º Tesoureiro: Eduardo Aguiar Silva Neto • maranhão* R. Carutapera 2, Quadra 37 B - Jd. Renascença – São Luís CEP: 65075-690 | (98) 8141-1116 | [email protected] Presidente: Djalma dos Santos Vice-presidente: Nailton J.F. Lyra 1ª Secretária: Keila Regina M. Cantanhede 2º Secretário: George Hermes R. de Oliveira 1º Tesoureiro: Milko Abrantes de Oliveira 2ª Tesoureira: Jerusa Santos dos Reis • mato grosso* Rua 25 de Agosto, 33 - Apto 1801 - Edificio Maison Du Park – Cuiabá CEP: 78043-382 | (65) 9983-1701 | [email protected] Presidente: Roberto Carlos Fraife Barreto Vice-presidente: Carlos Eduardo Miranda de Barros 1º Secretário: Benedito Borges Almeida Filho 2º Secretário: José Geraldo Favalesso 1º Tesoureiro: Elton Hugo Maia Teixeira 2º Tesoureiro: Ubirajarbas Miranda Vinagre • mato grosso do sul Rua Goiás, 405 - sala 01 - Jd. dos Estados – Campo Grande CEP: 79020-101 | (67) 3325-6040 | [email protected] Presidente: Rogerio Nascimento Martins Vice-presidente: Marcelo de Souza Cury 1º Secretário: Geraldo Vinicius Ferreira Hemerly Elias 2º Secretário: Adriano Fernandes da Silva 1º Tesoureiro: Eduarda Nassar Tebet Ajeje 2º Tesoureiro: Thiago Alonso • DISTRITO FEDERAL SGAS, 910, Bloco A, sala 224, Asa Sul – Brasília CEP: 70390-100 | (61) 3242-9203 | [email protected] Presidente: Eduardo Aires Coelho Marques Vice-presidente: Francisco Machado da Silva 1º Secretário: Luciana Machado Nonino 2º Secretário: Carmem Alves Pereira 1º Tesoureiro: Fabio Santana Bolinja Rodrigues 2º Tesoureiro: Hermes Gonçalves Aguiar Junior • espírito santo R. Francisco Rubim, 395 - Bento Ferreira – Vitória CEP: 29050-680 | (27) 3324-1333 | [email protected] Presidente: Flavia Emília Lima de Oliveirao Vice-presidente: Roseane Valeria Bicalho Ferreira Assis 1º Secretário: Giovana Pereira Nogueira da Gama 2º Secretário: Edorio de Souza Ribeiro 1º Tesoureiro: Márcio Demoner Brandão 2º Tesoureiro: Luiz Fernando Ferreira Campos 48 revista SOBED • minas gerais * Av. João Pinheiro, 161 - Centro – Belo Horizonte CEP: 30130-180 | (31) 3247-1647 | [email protected] Presidente: Christiane Soares Poncinelli Vice-presidente: Elmar José Moreira Lima 1ª Secretária: Patrícia Fraga Moreira 2ª Secretária: Karen Orsini de Magalhães Brescia 1º Tesoureiro: Rodrigo Roda Rodrigues da Silva 2º Tesoureiro: Geraldo Henrique Gouvêa de Miranda • pará Cidade Nova -VI Travessa WE 69, nº302 – Belém CEP: 67140-120 | (91) 3263-7693 | maué[email protected] Presidente: Erivaldo de Araujo Maues Vice-presidente: Zacarias Pereira de Almeida Neto 1º Secretário: Monica Barauna Assunção 2º Secretário: Lilian Costa de Almeida 1º Tesoureiro: Marcos Moreno Domingues 2º Tesoureiro: Aida Lopes Sirotheau Correa julho/setembro 2014 • PARAÍBA Rua Sílvio Almeida, 620 - Expedicionários – João Pessoa CEP: 58041-020 | (83) 3244-8080 | [email protected] Presidente: Pedro Duques de Amorim Vice-presidente: Francisco de Sales Moreira Pinto 1º Secretário: Paulo Duques de Amorim 2º Secretário: Tarcisio Carneiro da Costa 1º Tesoureiro: Fábio da Silva Delgado 2º Tesoureiro: Daniel Chaves Mendes • PARANÁ * R. Candido Xavier, 575 - São Rafael – Curitiba CEP: 80240-280 | (41) 3342-3282 | [email protected] Presidente: Flávio Heuta Ivano Vice-presidente: Marco Aurelio D’Assunção 1ª Secretária: Camila Leticia Leiner 2º Secretário: Eduardo Aimoré Bonin 1º Tesoureiro: Ricardo Taqueiyoshi Sugisawa 2º Tesoureiro: Luciano Okawa • PERNAMBUCO R. Sen. José Henrique, 141, 1º andar, Ilha do Leite – Recife CEP: 52050-020 | (81) 3221-6959 | [email protected] Presidente: Júlia Corrêa de Araújo Vice-presidente: Admar Borges da Costa Junior 1º Secretário: Carlos Eugênio Gantois 2º Secretário: Eduardo Carvalho Gonçalves de Azevedo 1º Tesoureiro: Antônio Carlos Coelho Conrado 2º Tesoureiro: José Julio Viana • PIAUÍ Rua Aviador Irapuan Rocha, 1430, Ed. Medical Leste (3º andar) Jóquei – Teresina CEP: 64049-518 | (86) 3221-5968 | [email protected] Presidente: Antonio Moreira Mendes Filho Vice-presidente: Carlos Dimas Carvalho Souza 1º Secretário: Valdeci Ribeiro de Carvalho 2º Secretário: Adelmar Neiva de Sousa Sobrinho 1º Tesoureiro: Wilson Ferreira Almino de Lima 2º Tesoureiro: Artur Pereira e Silva • RIO DE JANEIRO* R. da Lapa, 120, sl. 309 - Centro – Rio de Janeiro CEP: 20021-180 | (21) 2507-1243 | [email protected] Presidente: Ronaldo Taam Vice-presidente: Luiz Armando Rodrigues Velloso 1º Tesoureiro: Flávio Abby 2º Tesoureiro: João Carlos de Almeida Soares 1ª Secretária: Lílian Machado Silva 2ª Secretária: Paula Perruzi Elia • RIO GRANDE DO NORTE * R. Maria Auxiliadora, 804 - Tirol – Natal CEP: 59014-500 | (84) 3198-1900 | [email protected] Presidente: Verônica de Souza Vale Vice-presidente: Conceição Lins da Costa Marinho Tesoureira: Licia Villas Boas Moura • RIO GRANDE DO SUL* Av. Ipiranga, 5.311, sl. 207 - Azenha – Porto Alegre CEP: 90610-001 | (51) 3014-2072 | [email protected] Presidente: Carlos Eduardo Oliveira dos Santos Vice-Presidente: Alexandro Vaesken Alves 1º Secretário: Ari Ben-Hur Stefani Leão 1º Tesoureiro: Cesar Vivian Lopes • RONDÔNIA Rua Campos Salles, 2245 - Nova União 03 – Porto Velho CEP: 76801-081 | (69) 9981-5375 | [email protected] Presidente: Adriana Silva Assis Vice-presidente: Marcelo Pereira da Silva 1° Secretário: Edson Aleotti 2° Secretário: Márcia Coelho de Mello Bach 1° Tesoureiro: Victor Hugo Pereira Marques 2° Tesoureiro: Domingos Montaldi Lopes • SANTA CATARINA* Rodovia SC 401, nº 3854, Km 04 - Saco Grande – Florianópolis CEP: 88032-005 | (48) 3231-0324 | [email protected] Presidente: Odemari Miranda Ferrari Vice-presidente: Amilton Carniel Guimarães 1º Tesoureiro: Jolnei Antonio Hawerroth 2º Tesoureiro: Juliano Coelho Ludvig 1º Secretário: Francisco José Salfer do Amaral 2º Secretário: Luiz Carlos Bianchi • SÃO PAULO* R. Itapeva, 202, sl. 98 - Bela Vista – São Paulo CEP: 01332-000 | (11) 3288-6883 | [email protected] Presidente: Dalton Marques Chaves Vice Presidente: Gustavo Andrade de Paulo 1º Tesoureiro: Marcel Langer 2º Tesoureiro: Ricardo Anuar Dib 1ª Secretária: Renato Luz Carvalho 2º Secretária: Regina Rie Imada • SERGIPE R. Guilhermino Rezende, 462, São José – Aracaju CEP: 49020-270 | (79) 3246-2763 | [email protected] Presidente: Simone Déda Lima Barreto Vice-presidente: Kelly Menezio Oliveira Giardina 1º Secretário: Jilvan Pinto Monteiro 2º Secretário: Raul Andrade Mendonça Filho 1º Tesoureiro: Miraldo Nascimento da Silva Filho 2º Tesoureiro: Patricia Santos Rodrigues Costa • TOCANTINS Rua Engenheiro Bernardo Sayão, 770, Gurupi CEP: 77402-060 | (63) 3312-0013 ou (63)8446-0113 | [email protected] Presidente: Zoroastro Henrique de Santana Vice-presidente: Mery Tossa Nakamura 1º Secretário: Jorge Luiz de Matos Zeve 2º Secretário: Sebastião Geraldo de Melo 1º Tesoureiro: Eduardo Komka Filho 2º Tesoureiro: Haley Pandolfi Junior * Diretorias estaduais atualizadas até o dia 15 de agosto de 2014. julho/setembro 2014 REVISTA SOBED 49 Por dentro Agenda Confira na relação abaixo os principais eventos ligados à gastroenterologia e à endoscopia digestiva dos próximos meses. Saiba mais no site da SOBED setembro 6 de setembro Curso Teste seus Conhecimentos Baseado em Evidências – SOBED Local: Grand Mercure Ibirapuera São Paulo (SP) Inscrições: www.sobed.org.br 7 de setembro Prova de Título de Especialista em Endoscopia – Categoria Especial 2014 (Formandos até 2000) Local: Grand Mercure Ibirapuera São Paulo (SP) Inscrições: www.sobed.org.br outubro 6 de outubro Sushi & Endoscopia SOBED-PE 18h30 - 21h Local: Restaurante Nirai Recife (PE) 18 a 22 de outubro UEG Week Vienna 2014 United European Gastroenterology (UEG) Viena, Áustria novembro 22 a 26 de novembro XIII Semana Brasileira do Aparelho Digestivo (SBAD) Local: Riocentro Rio de Janeiro (RJ) Informações: www.sobed.org.br Inscrições: www.sbad.org.br 22 de novembro Curso Teste seus Conhecimentos Baseado em Evidências – SOBED Curso Hands On Curso Suporte Avançado de Vida em Endoscopia (SAVE®) Oficina de Balão Intragástrico da SOBED Inscrições: www.oficinabalao.com.br 23 de novembro Curso de Pós-Graduação SOBED/ASGE 26 de novembro Prova de Título de Especialista em Endoscopia e/ou Certificado de Área de Atuação em Endoscopia Digestiva 50 revista SOBED julho/setembro 2014