Dezembro de 2011 Carta do Gestor Em dezembro observamos performances mistas dos principais mercados acionários internacionais. O destaque negativo continuou a vir da zona do euro, com as bolsas alemã (-3,1%) e italiana (-1,2%). Na região, as valorizações vieram das bolsas espanhola (+1,4%), inglesa (+1,2%) e francesa (+0,2%). Nas Américas, tivemos em destaque o IBX (+1,5%), seguido pela bolsa americana (+0,8%). O Ibovespa teve uma leve desvalorização, de 0,2%. Olhando o ano de 2011 fechado, tivemos desvalorizações, exceto pela bolsa americana, que terminou estável. Os destaques ficaram para a bolsa italiana (-25,2%), seguido pelas bolsas francesa (-17%), alemã (-14,7%), espanhola (-13,1%) e inglesa (-5,6%). Localmente o Ibovespa apresentou desvalorização de 18,1% e o IBX de 11,4%. Terminamos o ano com uma perspectiva bem diferente da que começamos. Saímos de um ambiente de recuperação nos países desenvolvidos e um forte crescimento nos emergentes, com pressões inflacionárias (fruto de certa leniência dos BCs ao redor do mundo pela busca de um crescimento maior) para uma desaceleração sincronizada aliada a uma deterioração das finanças dos países periféricos da zona do euro. Porém, os dados divulgados em dezembro, reforçam a nossa expectativa de transição para uma melhora em 2012 em algumas das principais economias mundiais. Os investidores ainda demonstram certo desconforto ao analisarem dados econômicos e, também, as ações dos principais agentes tomadores de decisão da zona do euro. Dentro desta temática, dois pontos chamaram a nossa atenção no leilão de títulos realizado pelo ECB este mês: (i) o tamanho: quase EUR 500 Bi, um pouco maior que o 2º afrouxamento monetário feito pelo FED em 2010; e (ii) as características: foi uma operação de refinanciamento por 3 anos, a taxas mais baratas, onde os bancos deram, em garantia, ativos que normalmente não eram aceitos, demonstrando um claro relaxamento quanto às antigas exigências. Apenas não foi chamado de afrouxamento monetário. Diferente do que foi feito nos EUA em 2008 (onde o FED comprou ativos podres do sistema bancário americano e, passados três anos, começa a sondar a possibilidade de desinvestimento), o ECB devolverá esses ativos aos mesmos bancos tomadores em três anos, na expectativa de que haja melhores condições de absorvê-los. Com esse movimento, o ECB auxiliou o sistema, agindo dentro do seu mandato de não aumentar a alavancagem, ou seja, o ECB, que era questionado por não agir, o fez dentro de seus limites e em valor considerável. Além disso, o leilão veio como uma continuidade à ação coordenada de redução do custo do swap em USD, feita pelos cinco maiores bancos centrais na virada do mês, mostrando que os BCs estão atentos à liquidez do sistema. Os pessimistas apontam que os recursos captados não se tornaram crédito, mas o importante é que os bancos estão sendo atendidos em suas demandas por funding, o que é positivo. Alemanha e França ainda trabalham no processo de mudança quanto aos tratados da união europeia a fim de trazer rigor fiscal aos países-membro da região. Observamos, ainda, mais uma redução da taxa básica de juros esse mês, em 0,25%. Sobre os dados econômicos, os indicadores antecedentes da região mostraram certa estabilização, reduzindo o grau de deterioração e, em alguns casos, até apontando alguma melhora na margem. Em suma, percebemos pelas ações até então tomadas, o comprometimento com a integridade do sistema e com a busca de uma solução definitiva. Em 2012 deveremos ver a continuidade desse processo de união fiscal, a fim de que, finalmente, a Alemanha auxilie na reestruturação da região de forma efetiva. Nos EUA, tivemos 2 dados importantes: (i) uma leve, mas importante redução de patamar dos pedidos de auxílio desemprego, rodando abaixo de 400 mil, algo que não víamos desde o início do 2º semestre de 2008; e (ii) o processo de desalavancagem dos bancos, dando sinais de estabilização após três anos, com a volta do crescimento de crédito para comércio e indústrias. Além disso, os indicadores antecedentes, mais uma vez mostraram a economia em nível de expansão. Dessa forma, 2012 caminha para uma efetiva redução da taxa de desemprego. Na China, os indicadores antecedentes apontaram para uma leve desaceleração do crescimento. O interessante, este mês, foi a melhora da liquidez, pois foi a 1ª vez desde junho de 2011 que vemos uma reaceleração desse indicador. Esperamos que esse movimento seja confirmado nos próximos meses, dado que o governo começou a afrouxar as condições de crédito com a queda do compulsório, por exemplo. Tal movimento, unido ao processo de desaceleração da inflação, deve reacelerar a economia chinesa ao longo de 2012 e, para auxiliar o movimento, algum afrouxamento monetário/ fiscal parece ser questão de tempo. No Brasil, as condições para a volta do crescimento realmente tomam forma, como consequência de uma inflação mais calma e de indicadores antecedentes melhores. O ano deve ter expectativa de crescimento e inflação cumpridas, visto que, com a redução da aceleração da liquidez de forma mais clara, temos todas as condições para que haja crescimento com inflação controlada, embora em um nível um pouco mais alto. O ano tem um bom prognóstico, apesar de toda a incerteza trazida pelos problemas europeus. Atenciosamente, Duna Asset Management