Introdução O principal objetivo deste livro é ajudar a momentos únicos no contato do dia a dia Alzheimer – na realidade, um caminho sem isolados, com muitas dúvidas sobre qual convivência. todos os que estão passando por com pacientes com a Doença de volta – e que se sentem perdidos, rumo certo a seguir nessa difícil Durante a leitura deste livro, você, cuidador, sentirá que tenho uma preocupação especial, também, com seu bem-estar, pois sei – por experiência própria – que, depois do paciente, você é o primeiro a sofrer com o diagnóstico. Mas tenha fé e lembre-se que é preciso ficar atento a tudo que puder ajudá-lo a manter-se em pé, com vitalidade e brilho nos olhos, a tudo que puder transmitir-lhe, com amor e carinho, a esperança de que essa é uma fase transitória. Espero que você, leitor, encontre, nestas páginas, meios e informações que possam ajudá-lo a conhecer e identificar, ainda no início da doença, seu jeito próprio de aproximar-se do paciente. Espero que minhas palavras possam estimular familiares e cuidadores a associarem--se a entidades e grupos de pessoas que convivem com a Doença de Alzheimer e que muito podem colaborar na troca de experiências para a melhoria da qualidade de vida não somente dos pacientes, mas também daqueles que convivem e se preocupam com eles. A aceitação Confesso que tive vários momentos de raiva, desespero, angústia, vontade até mesmo de desaparecer, para não deparar com o que minha vida tinha se transformado. Outras vezes, pensava em dar umas palmadas nela. Mas saía de perto e entrava em contato com um grupo de apoio a familiares e cuidadores de pacientes com a Doença de Alzheimer. Era meu alívio! Acostumados com nossas dificuldades, eles nos tranquilizavam, dizendo ser perfeitamente normal sentir raiva do paciente e da própria situação, perder a calma. Nesses casos, era melhor afastar-se do paciente até relaxar novamente, pedindo para alguém – nesse intervalo –observá-la. Passei a falar mais baixo, pois a audição da dona Norina continuava perfeita, e percebi que, quando falava mais alto, ela se desequilibrava ainda mais. Também, de que adiantava lançar sobre ela meu esgotamento, cansaço, irritação e medo, se tudo o que ela mais precisava era exatamente o contrário – amor, paz e carinho? Foram muitas e muitas minhas crises de choro, que mais parecia um grito da minha alma, que extravasava em forma de lágrimas. Às vezes, chegava mesmo a gritar no corredor de casa, principalmente depois dos banhos que lhe dava, por deparar com um ser humano naquele estado e pensar que, infelizmente, os sintomas da doença avançariam a cada dia. Aprender a conviver com a morte, lenta e gradualmente, talvez tenha sido a parte mais difícil de toda minha tarefa. É exatamente nesse ponto que manter contato com grupos de apoio especializados no convívio de pacientes com a Doença de Alzheimer faz uma enorme diferença para nós, cuidadores. Eu, no auge da minha dor, ao telefonar para eles, sentia-me consolada pelo grupo, mais calma; podia retomar minha missão, com amor e resignação, recuperando forças, esperanças e minha paciência. Devo muito a esses anjos sem rostos.